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FACULDADE ENSINO IDEAL

LICENCIATURA EM MÚSICA

ADEMILSON MENDES DA SILVA


ADRIANO DA SILVA SOUZA
ALEXANDRE NOGUEIRA PINTO
GUSTAVO DANIEL AMBRUSI DOS SANTOS
HERBERT TEIXEIRA DE LIMA
JORGE HUDSON VASCONCELOS DE ANDRADE
MAIQUE DE OLIVEIRA TENÓRIO

MUSICOTERAPIA COMO FERRAMENTA DE INCLUSÃO SOCIAL


Projetos e ações coletivas para pensar e fazer musicoterapia social e comunitária

Rio de Janeiro – RJ
Dezembro de 2022
FACULDADE ENSINO IDEAL
LICENCIATURA EM MÚSICA

ADEMILSON MENDES DA SILVA


ADRIANO DA SILVA SOUZA
ALEXANDRE NOGUEIRA PINTO
GUSTAVO DANIEL AMBRUSI DOS SANTOS
HERBERT TEIXEIRA DE LIMA
JORGE HUDSON VASCONCELOS DE ANDRADE
MAIQUE DE OLIVEIRA TENÓRIO

Trabalho Acadêmico solicitado pelo


professor Jackson Vieitas Pinheiro
para obtenção de grau na
Oficina acadêmica: A importância da inclusão social
do Curso de Licenciatura em Música
da Faculdade Ensino Ideal.

Rio de Janeiro – RJ
Dezembro de 2022

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RESUMO

Este artigo evidencia a importância da musicoterapia em processos de


inclusão, a partir de experiências vividas durante alguns projetos. Os projetos visam
sempre integrar a participação de pacientes em hospitais com necessidades e em
tratamento, em um espaço centrado no desenvolvimento de seus talentos e
habilidades, potencializando suas capacidades e oportunizando vivenciar a inclusão
entre os participantes, suas famílias e comunidade, assim como as pessoas
portadoras de deficiências e pessoas em estado de vulnerabilidade. O artigo inicia
apresentando a musicoterapia, tecendo sua relação com a inclusão, posteriormente
descreve os projetos, seus principais resultados, as conclusões e reflexões sobre o
papel da musicoterapia na inclusão a partir da experiência prática.

Palavras-Chave: Musicoterapia. Inclusão. Comunicação. Música. Bem-estar

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ABSTRACT

This article highlights the importance of music therapy in inclusion processes,


based on experiences lived during some projects. The projects always aim to integrate
the participation of patients in hospitals with needs and undergoing treatment, in a
space centered on the development of their talents and abilities, enhancing their
capabilities and providing opportunities for experiencing inclusion among participants,
their families and community, as well as people people with disabilities and vulnerable
people. The article begins by presenting music therapy, weaving its relationship with
inclusion, then describes the projects, their main results, conclusions and reflections
on the role of music therapy in inclusion based on practical experience.

Keywords: Music therapy. Inclusion. Communication. Song. Welfare

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INTRODUÇÃO

“Um homem é definido pela memória, por sua história, seu nome, suas origens.
Ao mesmo tempo, em nosso mundo, um homem é definido pelo trabalho, pela
profissão. Ele é o que se faz para viver.” (Werneck, 2003)
Acerca dos usuários de serviços de saúde e a todos aqueles que, em nossa
sociedade, são denominados excluídos, ecoa a reflexão: que memórias possuem
aquelas pessoas que se encontram há anos internadas em setores de longa
permanência? Hospitais, asilos, casas de recuperação. Várias, há tantos anos, que
as poucas lembranças que lhes restam se resumem, muitas vezes, a indicações
imprecisas dos lugares onde moravam, alguns nomes e histórias confusas de seus
passados. Esses retalhos de memória são recolhidos como mais uma peça de um
quebra-cabeça, num trabalho incansável para resgatar-lhes o passado e devolver-
lhes, além do nome e o sobrenome, a sua cidadania.
Esta pesquisa pretende discutir a atuação da musicoterapia como instrumento
de inclusão social e a sua contribuição na reabilitação psicossocial. Fornece uma
breve visão e discorre sobre a forma de constituição do sujeito, e ressalta a falsa
dicotomia existente entre trabalho e arte, destacando as oficinas terapêuticas como o
lugar onde podem vir a ter o mesmo significado. Tendo como suporte teórico a leitura
das ideias de Suzana Albornoz, Kenneth Bruscia, Benedetto Saraceno e Maria
Erotildes Leal, e considerando também a entrevista da especialista em musicoterapia
Raquel Siqueira da Silva, busca-se estabelecer uma relação entre musicoterapia,
trabalho e arte, no intuito de possibilitar, através das oficinas terapêuticas, que o
trabalho se torne prazeroso: um instrumento de construção de subjetividade.

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MUSICOTERAPIA: O QUE É, PARA QUE SERVE, COMO FUNCIONA E
COMO É FEITA

A musicoterapia é um método terapêutico que utiliza músicas com vozes ou


somente na forma instrumental, sendo normalmente indicada para auxiliar no
tratamento de condições de saúde, como ansiedade, estresse, transtorno do espectro
autista, dor crônica, Alzheimer ou AVC, por exemplo, pois possui diversos benefícios
como melhorar o humor, concentração, memória, movimentos e o raciocínio lógico.
Esse tipo de terapia pode ser feito, de forma individual ou em grupo, apenas
escutando a música, cantando, dançando ou tocando instrumentos musicais, como
violão, flauta e outros de percussão, onde o objetivo não é aprender a cantar ou tocar
um instrumento, mas saber reconhecer os sons de cada um e ter a possibilidade de
expressar suas emoções através destes sons.
A musicoterapia é uma boa opção para crianças se desenvolverem melhor,
tendo uma maior capacidade de aprendizagem, mas também pode ser usada em
empresas ou como opção de crescimento pessoal, sendo oferecida pelo SUS, como
parte do Programa Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), e
deve ser feita com orientação do psicólogo ou médico especialista em musicoterapia,
de forma individualizada de acordo com a condição a ser tratada.
É indicada para auxiliar no tratamento de algumas condições de saúde, como:
Alzheimer; doença de Parkinson; esclerose múltipla; transtorno do espectro autista;
ansiedade; depressão; estresse pós traumático; estresse antes ou após cirurgias ou
procedimentos médicos; impulsividade; dor crônica; dor pós cirúrgica; dor de cabeça;
dor durante o trabalho de parto; pressão alta; diabetes; doença arterial coronariana;
AVC; insônia; uso abusivo de substâncias; transtorno obsessivo compulsivo (TOC);
esquizofrenia; náuseas, causadas pelo tratamento do câncer. Além disso, a
musicoterapia pode ser indicada para melhorar a dificuldade de fala e comunicação
não verbal, ou problemas de movimento ou coordenação motora, por exemplo.
A música age diretamente na região do cérebro que é responsável pelas
emoções, gerando motivação e afetividade, além de aumentar a produção de
endorfina, que é uma substância naturalmente produzida pelo corpo, que gera
sensação de prazer. Isso acontece porque o cérebro responde de forma natural
quando ouve uma canção, e mais do que lembranças, a música quando usada como

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forma de tratamento pode garantir uma vida mais saudável. Além disso, a música
estimula diferentes áreas do cérebro responsáveis pela memória, movimentos,
linguagem, tomadas de decisão e recompensa, e influencia na transmissão de sinais
químicos e impulsos elétricos no cérebro e no corpo. A musicoterapia também ajuda
a reduzir os níveis de cortisol no corpo, que é o hormônio relacionado ao estresse.
A musicoterapia possui diversos benefícios como melhora do humor; aumento
da disposição; reduz a ansiedade, o stress e a depressão; reduz o isolamento social;
melhora a expressão corporal; melhora a capacidade de comunicação; ajuda a lidar
com o estresse; ajuda a desenvolver e aprender formas de regular as emoções;
aumenta a capacidade respiratória; estimula a coordenação motora; controla a
pressão arterial; aumenta o relaxamento; melhora a memória e o raciocínio; melhora
a percepção auditiva e espacial; estimula os movimentos corporais; ajuda a recuperar
de traumas; ajuda a tolerar o tratamento contra o câncer; ajuda a suportar dores
crônicas; fornece uma maior sensação de controle; melhora a qualidade de vida.
A musicoterapia tem sido cada vez mais praticada em escolas, hospitais, lar de
idosos, e por pessoas com necessidades especiais. No entanto, esta técnica também
pode ser feita durante a gravidez, para acalmar bebês e na terceira idade, mas deve
ser orientada por um musicoterapeuta. Embora tenha muitos benefícios para a saúde,
a musicoterapia não deve substituir o tratamento médico convencional com remédios,
fisioterapia, terapia ocupacional ou psicoterapia.
A musicoterapia pode ser feita de forma individual ou em grupo, com a pessoa
somente escutando música ou tocando algum instrumento, juntamente com o
musicoterapeuta, ou explicando ao terapeuta as sensações, pensamentos, memórias
e sentimentos ao escutar uma música.
Durante a musicoterapia, o terapeuta também pode utilizar sons diferentes em
cada ouvido ou frequências de sons diferentes, que estimulam o cérebro e as
percepções. Outra forma de fazer a musicoterapia é dançando, cantando, realizando
exercícios vocais ou aprendendo técnicas de respiração, que ajudam a expressar e
melhorar as emoções, e a controlar a impulsividade.

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EXEMPLOS DE PROJETOS SOCIAIS QUE TÊM A MÚSICA COMO
PRINCIPAL FERRAMENTA DE TRATAMENTO E INCLUSÃO

O Vocal Aliança é composto por 10 vocalistas lideradas pela cantora Selma


Consuelo. Tem desempenhado um excelente trabalho com a musicoterapia. Com seu
vasto repertório que vai do gospel ao popular, o Vocal Aliança utiliza a música
recheada de harmonia como um meio para levar alegria e principalmente esperança.
Através de letras e melodias que acolhem, levam a musicoterapia a pessoas em
situação vulnerável como o Hospital do câncer, clínicas de hemodiálise, pessoas
acamadas em lares e asilos, sendo um coadjuvante no tratamento e recuperação de
diversas condições e casos clínicos. Conheça mais sobre o projeto em
https://www.youtube.com/watch?v=avpaZeM9CH4
O projeto de inclusão social feito através da APAE com pessoas com
síndrome de Down, proporciona aos participantes através de oficinas de danças e
música, especificamente oficinas de percussão, uma melhor interação, além da
concentração e coordenação motora, fazendo com que permaneçam mais focados.
Também nesta mesma visão, sendo patrocinado pela fundação de ensino
Cesgranrio o projeto Apostando no futuro, trabalha na capacitação de adolescentes
e crianças através de instrumentos percussivos, fornecendo oportunidades de
aprendizagem da música e futuramente uma profissão, um trabalho, além da
interação social. A finalidade desse projeto é oferecer dignidade para os que não
podem pagar um curso de música oferecendo a eles a esperança de um futuro melhor.
Destaca-se também o cantor e músico Darlan que é portador de deficiência
visual, o que não o impediu de desenvolver suas aptidões na música; mesmo com
algumas limitações executa seu instrumento musical, o cavaquinho e se apresenta no
Rio de janeiro exibindo todo o seu otimismo, alegria e entusiasmo em cada
apresentação. Um homem que deixa o exemplo; são as nossas diferenças que nos
completam por inteiro.
O projeto Musicando sonhos, visa levar a música a pessoas em situação de
vulnerabilidade social, moradores de rua que sofrem com o distanciamento social,
desenvolvendo e até mesmo intensificando os transtornos mentais, o consumo de
drogas, a marginalização. A finalidade da música nesse projeto, com essas pessoas
é o resgate ao acesso do convívio social e dar esperança de trazer de volta seus

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familiares, assim como restituir uma vida digna com trabalho, lazer, cultura, educação
e saúde, direitos que são fundamentais e basilares para qualquer cidadão.

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CONCLUSÃO

O presente artigo nos possibilitou fazer um estudo aprimorado sobre as


nuances da musicoterapia, assim como sua importância. Este artigo nos fez entender
a magnitude da música como um suporte e coluna da musicoterapia. Nos fez
vislumbrar que é possível uma mudança de vida com o aporte da musicoterapia.
Através de novas práticas e um aprendizado organizado e constante podemos
sim promover a transformação e a inclusão dos que estão a margem de seus direitos
e por tantas vezes são esquecidos ou aniquilados e deixam de ter o pertencimento
em nossa sociedade. Percebemos a necessidade de uma visão de abordar cidadania
sob a ótica da mudança social e para isso a musicoterapia pode ser usada e
exemplificamos com a vivência de vários projetos sociais.
Nos fez entender que muitas vezes temos uma visão distorcida e ofuscada por
conceitos e pré-conceitos que rotulam, engessam e paralisam um indivíduo, um grupo
e às vezes toda sociedade, levando-nos diretamente ao caos e desordem social,
porém, se nos propusermos a alçar novos olhares e direções diferentes através da
musicoterapia poderemos crescer e inovar, usando de práticas que trazem aos que
se encontram frágeis, esquecidos e doentes, a transformação devida.
Trazendo para esses, além de conhecimento, crescimento intelectual, a
capacidade de entender e expressar suas emoções, criando cidadãos formadores de
opinião que saibam viver harmonicamente em sociedade, refletindo sobre o tema
abordado nesta pesquisa bibliográfica, concluímos esse artigo entendendo que
através da musicoterapia e prática educacional da música é possível mudar a vida e
a realidade social de todo aquele que estiver em vulnerabilidade. O que todos
precisamos ter em mente é que devemos ampliar nossa perspectiva e ver que
podemos aumentar o bem-estar olhando ao redor e além de nós mesmos.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BENENZON, R. Teoria da musicoterapia. 2 ed. São Paulo: Sammus editorial,1988.

CHAGAS, M; PEDRO, R. Musicoterapia: desafios entre a modernidade e a


contemporaneidade. 1 ed. Rio de Janeiro: Ltda, 2008.

CÔRTE, B; LEDOVICI, P. N. A musicoterapia na doença de Parkinson. Ciência


& Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 14, n. 6, p. 2295-2304, dez. 2009.

RUUD, E. Música e Saúde. 1 ed. São Paulo: Summus Editorial, 1991.

SILVA, M. Da exclusão à inclusão: Práticas e concepções. Revista Lusófona de


educação, 2009, p.140.

SOUSA, M. d. Música, Educação Artística e Interculturalidade: A alma da arte na


descoberta do outro. Lugar da palavra editora, 2010.

Vygotsky, L. Psicologia da arte. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

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