Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 3
2 MÚSICA ...................................................................................................... 4
3 TERAPIA..................................................................................................... 5
5 MUSICOTERAPIA ...................................................................................... 8
Prezado aluno!
Bons estudos!
3
2 MÚSICA
Fonte:pixabay.com
3 TERAPIA
Fonte:pixabay.com
Fonte:pixabay.com
7
5 MUSICOTERAPIA
Fonte:pixabay.com
8
musicoterapia proporciona ao desenvolvimento de certos estímulos, como, auditivo,
linguístico e motor, onde a criança desenvolve a atenção, melhoria na fala e
coordenação motora do corpo, devido ao ato de movimentar-se com a música.
Loureiro (2006) compreende que a Musicoterapia é essencialmente uma
ciência voltada para o comportamento e o desenvolvimento do ser humano. Sua
atuação dá-se não somente em aspectos reabilitativos, mas também no
desenvolvimento de habilidades do indivíduo portador de deficiência. (LOUREIRO,
2006, p. 7).
Segundo Bruscia (2016), a musicoterapia está atualmente sendo usada em
escolas, clínicas, hospitais, centros residenciais, creches, asilos para idosos, casas
de repouso, hospitais psiquiátricos, prisões, centros comunitários, workshops e
práticas privadas. O público alvo inclui crianças autistas e com distúrbios emocionais,
adultos com transtornos psiquiátricos; retardo mental; indivíduos com necessidades
especiais; crianças com dificuldades de aprendizagem, vítimas de abuso, ou com
transtornos de comportamento; população carcerária; dependentes de álcool ou
drogas; pacientes de especialidades médicas; terceira idade; pacientes terminais;
neuróticos; grupos pós-trauma; e comunidades. A musicoterapia é também utilizada
na assistência a pacientes em tratamento antistresse, em maternidades, em técnicas
de biofeedback, controle da dor, auto- realização e desenvolvimento espiritual.
(BRUSCIA, 2016, p.36).
A musicoterapia ainda é raramente usada como ferramenta de ensino. Esta é
uma ferramenta com muitas funções que podem ser utilizadas nas mais diferentes
faixas etárias no ambiente educacional. A música e seus elementos e as
possibilidades podem promover o desenvolvimento da habilidade de raciocínio,
criatividade e outros potenciais dos alunos. Portanto, daí a importância de utilizar-se
da musicoterapia em salas de aula e escolas para ajudar, fortalecer e melhorar as
habilidades de aprendizagem e pessoais dos alunos. A música torna isso possível,
encorajando o aluno a alcançar espaços interiores que não pode ser alcançado por
outras terapias alcançar.
9
5.1 Descobrindo a musicoterapia
Fonte:pixabay.com
A musicoterapia faz parte da chamada terapia integrativa, sendo que seu uso
da expressão artística auxilia no tratamento dos pacientes. Ao utilizar elementos
sonoros para estimular aspectos sensoriais e integrar pessoas que enfrentam uma
realidade semelhante, a musicoterapia tem se inserido cada vez mais no tratamento
dos pacientes, sendo utilizada em casa ou no ambiente médico com o intuito de
reabilitação de idosos e deficientes.
Conforme LEINIG (1977), BANOL (1993) e STRALIOTTO (2001), a música é
um dos estímulos mais potentes para ativar os circuitos do cérebro, ajuda a afinar a
sensibilidade das pessoas, aumenta a sua capacidade de concentração, desenvolve
o raciocínio lógico-matemático e a memória, além de desencadear emoções. Por isso,
os benefícios da música na escola se estendem para todas as áreas da aprendizagem
(LEINIG, BANOl e STRALIOTTO apud BECKER, BARRETO,2005).
Nesse sentido, os desiquilíbrios emocionais e biológicos do nosso corpo,
demonstraram que a abordagem do ser humano possui aspectos complexos que vão
além do tratamento da medicina tradicional. Além de proporcionar uma boa
comunicação, aprendizagem e expressão, a musicoterapia ainda traz como
benefícios, o relaxamento do corpo, expressão sentimental e corporal,
desenvolvimento de crianças, melhoria do raciocínio lógico e qualidade de vida.
10
5.2 Musicoterapia e o resgate da identidade
Fonte:pixabay.com
11
ritmo interno e a dificuldade da autoescuta dá origem aos distúrbios, desequilíbrios e
patologias diversas, refletindo também no seu mundo externo (FREGMANN, 1986 e
1987 apud BECKER, BARRETO,2005).
Devido a musicoterapia, a restauração da personalidade e da identidade,
promovendo saúde e equilíbrio físico e mental. Sendo necessário abrir um caminho
para que os indivíduos expressem suas opiniões e articulem seus conteúdos, para
então dar continuidade ao trabalho de autopercepção e autoconhecimento. Utilizando-
se de linguagens importantes a terapia da música baseia em dois pontos essenciais,
que são: a música e a terapia, a primeira aparece interna e externamente nos
indivíduos e em suas manifestações culturais e sociais, e a segunda como forma de
tratamento, um de seus principais objetivos é buscar a consciência e se compreender.
Através dos citados acima, observa-se que a musicoterapia influência de forma
positiva na busca pela identidade, expõe um contato mais íntimo com si próprio que
vai de contrapartida com a negação de si mesma. Portanto a música utilizada como
ferramenta de combate a solidão e abandono auxilia no resgate do equilíbrio, saúde
a sua identidade perante a sociedade.
Fonte:pixabay.com
12
de aprendizagem que afetam diretamente a saúde ou o bem-estar dos pacientes,
tendo como requisito uma forma pessoal ou especifica.
De contrapartida a educação musical, tem como objeto principal a aquisição
de conhecimentos musicais, devendo ser considerada a estética ou a música, seguida
da função. Na educação, o objetivo da aprendizagem é universal, não específico do
aluno, pois desenvolve habilidades às quais todos precisam se adaptar. O foco está
no mundo universal compartilhado da música.
Para Bruscia e Gainza, Louro (2006) o que difere a musicoterapia da educação
musical é o “procedimento”, sendo que os objetivos finais o que se almeja em ambas
as práticas é o que as diferencia (p. 65). Contudo, Almeida e Campos afirma que [...]
os meios utilizados pelas duas áreas para atingir seu objetivo demonstram que há
uma cooperação recíproca entre as áreas. O educador se utiliza de elementos da
musicoterapia para auxiliar no processo de aprendizagem e o musicoterapeuta se
utiliza de elementos da educação musical como coadjuvante no processo terapêutico.
(ALMEIDA e CAMPOS, 2013, p. 51).
Ravagnani (2009) complementa que, na Musicoterapia, o mais importante “é a
relação entre a música e o paciente”, sendo assim, na Educação Musical “o foco recai
sobre a aquisição de algum conhecimento musical pelo aluno” (p. 34). Já para Suzano
(2016) a diferença entre a Educação Musical e a Musicoterapia, está na, necessidade
previa ou posterior de adquirir habilidades e conhecimentos musicais, visto que, em
terapia, este aspecto não se faz necessário; contudo, no aprendizado musical esta é
a centralidade. Assim, entre as áreas abordadas e os resultados finais de suas
práticas, a fundamentação da proposta de cada uma delas é o que faz a diferença (p.
86).
Com relação a educação musical e a musicoterapia pode-se dizer que a música
tem a possibilidade de sensibilização, educação, terapia, lazer e desenvolvimento
humano. Ao conduzir o ensino de música e ao mesmo tempo promover a saúde, o
desenvolvimento social, linguístico, desportivo e cognitivo de pessoas com
necessidades especiais, pode-se considerar que a prática musical criteriosamente
trabalhada de forma qualificada tem comprovado a sua capacidade de ensinar,
educar, promover a saúde, o bem-estar e o desenvolvimento geral.
13
7 MUSICOTERAPIA NO AMBIENTE EDUCACIONAL
Fonte:pixabay.com
14
Seguindo as recomendações da PCN e entendendo a importância das
atividades artísticas para formar um indivíduo completo:
15
Na prática escolar, estratégias de intervenção devem ser adotadas, aliadas a
métodos de ensino para solucionar as dificuldades de aprendizagem. A musicoterapia
estimula o desenvolvimento do comportamento, autoconsciência e significado
comportamental. Zorzi (2003, p. 52) recomenda a musicoterapia como meio de
amenizar as dificuldades de aprendizagem na leitura e na escrita, tendo em vista o
desenvolvimento das potencialidades da criança.
Portanto, a prática da música potencializa a aprendizagem cognitiva,
principalmente nas áreas de raciocínio lógico, memória e raciocínio abstrato. Portanto,
é interessante que os educadores levem as rotinas musicais dos alunos para a sala
de aula, pois trazem pacotes culturais que devem ser estimulados, trabalhados com
afinco e fortalecer a amizade, respeito, afirmação e confiança entre os estudantes.
Fonte:pixabay.com
16
criatividade, envolvimento na aprendizagem e realização de tarefas em áreas
de seu interesse. (BRASIL, 2007, p. 9).
[....] ajudar os clientes a realizarem uma grade variedade de tarefas que foram
retardadas ou impedidas nos vários períodos do desenvolvimento. Portanto,
a Musicoterapia do Desenvolvimento, é utilizada com clientes deficientes de
todas as idades (de crianças a idosos), que encontram obstáculos para o
desenvolvimento em qualquer área (sensório-motora, cognitiva, afetiva,
interpessoal). (BRUSCIA, 2000, p. 197-198)
17
As atividades musicais favorecem na inclusão de crianças com necessidades
especiais, devido ao ludicidade e facilidade de expressão que a música causa no
ambiente educacional. Portanto, ao participar das atividades envolvendo a música, o
aluno relaxa, perde a timidez, promove a participação social, despertar o conceito de
respeito ao próximo, além de colaborar com o aprendizado estudantil. A música
desempenha um papel efetivo no crescimento das crianças, pois no desenvolvimento
cognitivo, quanto maior a estimulação que recebem, melhor seu desenvolvimento
intelectual, pois a experiência musical rítmica permite que participem ativamente,
sendo favorável ao desenvolvimento dos sentidos.
Através das atividades musicais, são inúmeras as oportunidades de melhorar
desenvolvimento do movimento mental, de forma a aprender a controlar os músculos
e exercitar-se com facilidade, pois o ritmo desempenha um papel importante na
formação e equilíbrio do sistema nervoso, e isso porque todas as expressões musicais
atuam ativamente no cérebro, conduz à agitação emocional, resposta ao exercício e
alivia a tensão. Esses aspectos da preferência da musicoterapia promovem a
integração, o desenvolvimento social e estimulam a compreensão, a participação e a
cooperação.
fonte:vitoriadown.com.br
18
deficiência mental. A Síndrome de Down (SD) é caracterizada como uma condição
genética, que leva a pessoa a apresentar uma série de características físicas e
mentais específicas. Esta síndrome é considerada uma das mais frequentes
anomalias dos cromossomos autossômicos e representa a mais antiga causa de
retardo mental (GONÇALVES, 2003: 01).
A síndrome de Down é causada pela presença de três cromossomos 21 em
todas ou na maioria das células de um indivíduo. Isso acontece quando a criança está
em formação no período da gravidez. Pessoas com síndrome de Down ou trissomia
do cromossomo 21 têm 47 cromossomos em suas células, ao contrário dos 46 na
maioria das pessoas. Crianças com síndrome de Down, jovens e adultos podem ter
algumas características semelhantes e são mais propensos a desenvolver algumas
doenças, mas têm personalidades e características diferentes e únicas. Além disso, a
síndrome de Down não é uma doença, mas uma condição de uma pessoa relacionada
a algumas questões que os pais devem prestar atenção após o nascimento da criança.
Devido a maturação do sistema nervoso central ser constante Lefèvre (1981,
p. 17) define que:
19
acontece em seu entorno, e é neste momento que a musicoterapia se faz necessária,
pois esta, estimula a audição, linguística e coordenação motora.
Através desse conhecimento o educador poderá estimular a criança em sala
de aula, utilizando de recursos musicais, a fim de atingir seu objetivo. Segundo Lefèvre
(1981, p.96).
“Devemos lembrar que o nosso corpo, nas suas relações com o espaço e
com os objetos vai proporcionar as condições para o aprendizado da leitura
e da escrita”. (Lefèvre, 1981, p.96).
20
pode, portanto, intervir para favorecer o desenvolvimento e a aprendizagem
dos alunos com algumas características “deficitárias” (COLL, 1995, p.10).
Crianças com síndrome de down possuem uma maior dificuldade para guardar
imagens vistas, ao contrário das palavras e sons que escutam. Nesse sentido afim de
estimular o sentido auditivo, os jogos são um auxilio no trabalho do educador, no
momento em que a criança joga, esta estimula sua concentração através das
repetições dos sons, e estes devem ser leves, com variações de batidas fortes e fracas,
rápidas e lentas. Em suma, a musicoterapia desempenhou um papel muito eficaz no
crescimento desses alunos. Porém, a ferramenta precisa ser difundida de forma mais
ampla no ambiente educacional para que os profissionais da educação especial
possam utilizar-se desta, de forma eficaz em sua prática docente.
Fonte:pixabay.com
22
Tuchman e Rapin, (2009), expõe-nos os critérios de diagnóstico
comportamental para este transtorno do desenvolvimento, dividido em três áreas:
Ao longo dos anos, as habilidades sociais e o escopo das crianças com autismo
continuarão a se desenvolver. Eles se comportam como se os outros não existissem,
parecem não existir e não reagirão a ninguém que lhes fale ou os chame pelo nome.
Normalmente, seus rostos raramente mostram emoções, a menos que estejam muito
zangados ou agitados. Quando utilizadas em pacientes com autismo, a musicoterapia
alcança resultados positivos, porque a música é uma ponte eficaz para uma
comunicação significativa com pessoas com esse distúrbio neurológico.
A Comissão de Prática Clínica da Federação Mundial de Musicoterapia, a
define como:
23
reabilitação ou tratamento (REVISTA BRASILEIRA DE MUSICOTERAPIA n.
2, 1996, p. 4).
24
8 MÚSICA NAS ESCOLAS E O DESENVOLVIMENTO INFANTIL
Fonte:pixabay.com
26
desenvolvimento, sempre com o apoio de pesquisas e estudos teóricos que
fundamentem o trabalho”. (BRITO, 2003, p. 35).
Loureiro (2008) vê a música como uma possibilidade de reintegração social e
de construção do conhecimento. Muitas vezes, em casa, a criança não tem acesso à
música, e, quando lhe é colocada a diversidade de ritmos e gêneros, ela se interessa.
Além disso, a música pode atraí-la e passar a servir de motivação para outras
atividades. (Apud REIS, REZENDE, RIBEIRO, 2012, p. 9).
Loureiro (2008) relata sobre a educação musical que, “alunos desinteressados,
com pouca concentração e baixo comprometimento, que apresentam superficialidade
em suas relações com o ensino-aprendizagem, precisam ser incitados a experimentar
formas de apreensão da linguagem musical, mesclando estilos e procedimentos,
proporcionando maior abertura para o diálogo e fazer musical, aliando a experiências
e vivências com as possibilidades do encontro com o novo”. (LOUREIRO, 2008, p.
14).
De acordo com as PCNs, “as oportunidades de aprendizagem de arte, dentro
e fora da escola, mobilizam a expressão e a comunicação pessoal e ampliam a
formação do estudante como cidadão, principalmente por intensificar as relações dos
indivíduos tanto com seu mundo interior como com o exterior”. (BRASIL, 1998, p.19).
Entende-se que o papel das instituições de ensino, além de formar cidadãos, possuem
a função de ensinar aos alunos os conhecimentos necessários ao desenvolvimento e
à vida. Nesse sentido as escolas devem buscar alternativas que atraiam a atenção
dos alunos, como a prática musical, que oportuniza e amplia essa conexão na forma
lúdica e de aprendizagem.
27
9 DEFICIÊNCIA VISUAL E A MÚSICA
Fonte:pixabay.com
28
representa limitações para satisfazer suas necessidades e responder
significativamente aos estímulos que a rodeiam. As crianças cegas ou com sérios
problemas visuais utilizam os recursos ao seu alcance para a estimulação de formas
alternativas, às vezes produzem surpreendentes respostas quando comparadas às
de outras crianças que não possuem nenhuma lesão em sua capacidade visual
(COBO; RODRÍGUES; BUENO, 2003, p. 128).
Santos (2002) ressalta-se que as atividades artísticas, em especial as que
envolvem músicas, além de serem vistas como um meio de socialização dos
indivíduos, também beneficiam as crianças com deficiência visual nas seguintes
áreas:
O mundo dos deficientes visuais irá, é claro, parar de construir sua própria
estrutura em torno da percepção visual e começar a construí-la por meio de outros
sentidos. Portanto, para alunos cegos, “as informações tátil, auditiva, sinestésica e
olfativa são mais desenvolvidas pelas pessoas cegas porque elas recorrem a estes
sentidos com mais frequência para decodificar e guardar as informações na memória”
(SÁ; CAMPOS; SILVA, 2007, p. 15). Se, por um lado, devido à natureza da deficiência
auditiva, o processo auditivo torna-se importante na vida do deficiente visual; por outro
lado, a música, apesar de sua natureza sonora, relaciona-se unicamente com o
deficiente auditivo em certo grau, produzindo assim uma questão importante desta
relação.
Kirk; Gallangher, 1996, afirmam, frequentemente que a música é uma área em
que o cego tem capacidade e interesse excepcionais. Embora a educação musical
para os indivíduos cegos seja muitas vezes enfatizada e a história ofereça exemplos
de cegos que se tornaram músicos célebres, não há dados que confirmem que o
indivíduo cego, de um modo geral, tenha uma capacidade musical superior [...] “essas
crianças são introduzidas à música e a experiências correlatas desde o pré-primário
... Se as crianças com visão normal fossem igualmente saturadas de música, também
demonstrariam capacidade musical”. (KIRK; GALLANGHER, 1996, p. 196).
29
Portanto, é necessário superar a compreensão da relação mecanizada entre a
deficiência visual e a música, que pressupõe que esse tipo de arte seja uma habilidade
especial dos cegos, o que leva a pensar que esse tipo de defeito é produzido no
campo da educação musical. A particularidade é considerada como um campo de
possibilidade que deve existir sendo utilizadas e valorizadas. Portanto, é necessário
quebrar o conceito linear e a prática do processo de educação musical e desenvolver
a educação musical em um fenômeno multidimensional complexo.
Segundo BERTEVELLI, 2010, o trabalho musical com deficientes visuais,
especialmente com os cegos, parece simples e óbvio, pois supõe-se que eles
possuem uma faculdade auditiva excepcional, o que é verdade somente em parte. Ele
não nasce com um aparato auditivo perfeito ou melhor, porém, a deficiência o obriga
a desenvolver uma capacidade muito grande para escutar e todos os meios capazes
de contribuir para o desenvolvimento dessa capacidade são valiosos, já que a maioria
dos contatos com o mundo depende da sua percepção e interpretação do som. É
necessário educar essa sensibilidade e percepção auditiva. Assim, a educação
musical dos cegos, não é diferente das pessoas que enxergam; envolve percepção
auditiva e o fazer musical contextualizado dentro de um processo de musicalização,
ou seja, de uma prática em que os alunos participam de uma vivência musical ampla
e enriquecedora (BERTEVELLI, 2010, p.02).
De acordo com, Isidro Vallés (2001) ao refletir sobre qual seria o planejamento
adequado aos alunos e alunas cegas ou alunos e alunas com baixa visão, observamos
que, essencialmente, que ele deveria ser o mesmo; contemplaria os mesmos
aspectos que os englobados na maioria dos métodos atuais, ativos e vivenciais;
derivados da pedagogia moderna, que utiliza o conceito de educação musical
diferentemente de um simples adestramento musical, que, em última análise, vê a
música como uma atividade alheia ao ser humano (VALLÉS, 2001, p. 30-31 apud
TUDISSAKI, 2014).
Tomé, 2003, afirma que “o atendimento e a possibilidade de acesso do
deficiente visual a uma educação global e plena passa diretamente pelo ensino e pela
prática de música” (TOMÉ, 2003, p. 18). Os cegos devem ouvir música tanto quanto
possível. Desde a primeira infância a criança cega mostra-se sensível à melodia e
sente um certo bem-estar ao ouvi-la. Isto dará um certo calor à sua vida e despertará
nela, quem sabe um talento musical cuja evolução poderá desempenhar um fator
30
importante na sua vida futura [...] nos institutos para cegos cultiva-se muito o canto
coral (HEIMERS, 1970, p. 31).
Heck, 1960, afirma que “se insiste no ensino da música, piano, violino,
trombone e outros instrumentos da mesma espécie, assim como no melhoramento da
voz. A afinação de pianos é considerada uma profissão” (HECK, 1960, p. 196). Nesse
sentido o mesmo autor afirma que, “deve-se estimular o desenvolvimento da
capacidade musical, já que esta é uma arte que atrai tanto o vidente como o cego”.
“Há que ensinar-lhe a cantar. A aprendizagem de novas canções é sempre um motivo
de prazer para ele”. Deve ouvir boa música instrumental. (HECK, 1960, p. 116). Nesse
sentido, as organizações educacionais para deficientes e a natureza da educação do
Brasil seguem o caminho da educação europeia.
Portanto, o campo musical se configura como um campo de formação e
atuação profissional para deficientes visuais, incluindo uma série de variantes. A
escolha da atuação interna e profissional na área da música significa a natureza da
consciência do país sobre as pessoas com deficiência e o processo de educação
formal. A inclusão só é possível lá onde houver respeito à diferença e,
consequentemente, a adoção de práticas pedagógicas que permitam às pessoas com
deficiência aprender e ter reconhecidos e valorizados os conhecimentos que são
capazes de produzir, segundo seu ritmo e na medida de suas possibilidades. Qualquer
procedimento, pedagógico ou legal, que não tenha como pressuposto a diferença e a
valorização de todas as possibilidades da pessoa deficiente não é inclusão
(SARTORETTO, 2007, p. 82).
Nassif (2007) aponta as atitudes necessárias para que o educador seja o
elemento fundamental no estabelecimento da ligação entre o aluno, a escola e a
relação interpessoal.
Ser a ponte entre o aluno com deficiência visual e seus companheiros;
Criar uma boa dinâmica na sala, informando das peculiaridades desse
companheiro;
Propiciar situações lúdicas para que os colegas compartilhem das
atividades, favorecendo a adaptação escolar desse aluno;
Valorizar os trabalhos e as técnicas específicas (uso do sistema braille,
de materiais como reglete, soroban) do aluno com deficiência visual;
31
Propiciar situações facilitadoras para que o aluno com deficiência visual
faça um reconhecimento prévio do meio escolar para poder se
movimentar com mais segurança;
Não assumir total responsabilidade pela criança com deficiência visual,
fazendo tudo por ela, sendo esta, responsável por suas ações (NASSIF,
2007, p. 243).
Swanwick, 2010, após a exemplificação, é óbvio que os alunos com deficiência
visual podem construir o mesmo desenvolvimento musical que os visionários com
base no seu conhecimento do mundo que os rodeia, pois podem estabelecer ligações.
A ação complexa de se tocar um instrumento não pode ser abordada seguindo-se um
único método ou apenas utilizando-se sistematicamente um mesmo livro, página após
página. A aprendizagem musical acontece através de um engajamento multifacetado:
solfejando, praticando, escutando os outros, apresentando-se, integrando ensaios e
apresentações em público com um programa que também integre a improvisação.
Precisamos também encontrar espaço para o engajamento intuitivo pessoal do aluno,
um lugar onde todo o conhecimento comece e termine (SWANWICK, 2010 apud
TUDISSAKI, 2014).
32
10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, Daniela Torres de; CAMPOS, Ana Maria Caramujo Pires de. Educador-
terapeuta – os benefícios do olhar do especialista em musicoterapia na educação
musical. Revista Brasileira de Musicoterapia. Ano XV, n° 15, p. 43 - 56, 2013.
33
AUGUSTO, Maria Ines Couto. As possibilidades de estimulação de portadores da
sídrome de down em musicoterapia. Monografia do curso de graduação em
musicoterapia. Conservatório Brasileiro de Música. Centro Universitário. Rio de
Janeiro: 2003.
BRITO, Teca Alencar. Criança, sons e música. 2.ed. São Paulo: Ed. Petrópolis, 2003.
COBO, Ana Delgado; RODRÍGUES, Manuel Gutiérrez; BUENO, Salvador Toro (Org.).
Aprendizagem e Deficiência visual. In: Deficiência Visual: Aspectos Psicoevolutivos e
Educativos, São Paulo: Livraria Editora Santos, 2003.
CUNHA, Sieglinde Kindl da; TODERO, Pedro. Clusters: novas trajetórias para o
desenvolvimento do sudoeste do Paraná. In: BALAS – Business Association of Latin
American Studies, 2003, São Paulo. Anais… São Paulo: FGV, 2003. p. 1-12.
ENSINO DE MÚSICA PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA VISUAL. [S. l.], 2014.
Disponível em:
http://intervox.nce.ufrj.br/musibraille/textos/Dissertacao_Shirlei_Escobar_Tudissaki.p
df. Acesso em: 11 jan. 2021.
HECK, Arch O. La educación de los niños excepcionales: sus exigências para los
maestros, padres, y legisladores. Tradução: Nelly S. Fortuny. Editora Nova – Buenos
Aires. 1960.
35
HEIMERS, Wilhelm. Como devo educar meu filho cego? – Um guia para educação
de crianças cegas e de visão prejudicada. Tradução: Humberto Schoenfeldt (tradução
e edição patrocinada pela Campanha Nacional de Educação dos Cegos do Ministério
da Educação e Cultura). São Paulo – Brasil – 1970.
JEANDOT, Nicole. Explorando o Universo da Música. São Paulo: Ed. Scipione, 2001.
2ª Edição.
LEFÈVRE, Beatriz Helena. Mongolismo: orientação para famílias. São Paulo: Almed,
1981.
LOURO, Viviane dos Santos. Educação musical e musicoterapia frente a pessoa com
deficiência. São Paulo, 2000. Disponível em:
https://musicaeinclusao.wordpress.com/2013/06/07/louro-viviane-educacao-musical-
emusicoterapia-frente-a-pessoa-com-deficiencia-2/. Acesso em: 04/01/2021.
36
MEDEIROS, Maria L. L. O processo criativo em Educação Musical e em
Musicoterapia. IX Encontro Regional da ABEM Nordeste, Natal, 2010.
MELLO, Ana Maria S. Ros de. Autismo: guia prático. 5 ed. São Paulo: AMA. Brasília:
CORDE, 2007.
37
SÁ, Elizabet; CAMPOS, Izilda; SILVA, Myriam. Deficiência visual – São Paulo: MEC
SEESP, 2007. 54 P. (Atendimento Educacional Especializado).
SUPLINO, Marise. Currículo funcional natural: guia prático para educação na área do
autismo e deficiência mental. Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos.
Maceió: ASSISTA, 2005.
39