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Pesquisadores colaboradores:
Anna- Katharina Fiedler
Marcela Velon
Marcella Costa
Glória Goulart
RIO DE JANEIRO
*Mestre em Educação Musical, Docente do Curso de Graduação e Pós-Graduação em Musicoterapia (Conservatório Brasileiro de
Música), Coordenadora da Clínica Social “Ronaldo Millecco” (CBM), Musicoterapeuta Clínica do Instituto de Psicologia Clínica
Educacional e Profissional.
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1. Introdução
1.1 Objetivo Geral
1.2 Objetivos Específicos
2. Justificativa
3. Discussão Teórica
3.1 Aspectos Cognitivos
3.2 Teoria Espiral de Desenvolvimento Musical
3.3 A Modificabilidade Cognitiva Estrutural
3.4 A Importância da Música na Deficiência Intelectual
4. Perfil de Avaliação Musicoterápica (PAM)
5. Metodologia
5.1 Avaliação Inicial
5.2 Reorganização dos Grupos
5.3 Planejamento de Trabalho
5.4 Desenvolvimento do Trabalho
5.5 Avaliação Final
6. Discussão dos resultados da Pesquisa
7. Produtos da Pesquisa
Referências Bibliográficas
Anexos
____________________________________
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RESUMO : Este estudo investigativo apresenta uma abordagem de varias questões relacionadas às
dificuldades cognitivo-musicais de pessoas adultas deficientes intelectuais atendidas no Instituto de
Psicologia Clínica Educacional e Profissional (IPCEP),no Rio de Janeiro. É uma pesquisa qualitativa
realizada na instituição citada , numa parceria com o Curso de Graduação e Pós-Graduação,em
Musicoterapia (Conservatorio Brasileiro de Musica-Centro Universitário),iniciada em março de
2010,com duração de dois anos,sob a Coordenação da musicoterapeuta do IPCEP e cinco estagiários
de Musicoterapia.Através de um instrumento de avaliação (PAM – Perfil de Avaliação
Musicoterápica ),buscamos,identificar um perfil de necessidades e potencialidades de nossos
clientes,baseados no ideário de Reuven Feuerstein (1989),buscando novas estratégias de intervenção
em Musicoterapia,co enfoque cognitivo.
Palavras-chave: Deficiência Mental- Musicoterapia - Cognição.
1 - Introdução
Este trabalho é uma pesquisa acadêmica em Musicoterapia Clínica, realizada no Instituto de
Psicologia Clínica Educacional e Profissional (IPCEP – Rio de Janeiro) em parceria com o Curso de
Graduação em Musicoterapia (Conservatório Brasileiro de Música – Centro Universitário), com a
duração de dois anos (2010 a 2012).
Participaram da Pesquisa alunos de Graduação, Pós-Graduação e, posteriormente uma aluna
do Curso de Design (PUC-RIO), que desenvolveu um projeto independente (durante um ano) em
nossas sessões de Musicoterapia.
Foi realizada uma pesquisa qualitativa, cujo objetivo foi a elaboração e aplicação de um
instrumento de avaliação em Musicoterapia a 25 alunos-clientes adultos com Deficiência Intelectual.
Todos apresentavam quadros de alterações genéticas (ex.: Síndrome de Down, Síndrome de
Rubinstein-Taybi, Síndrome do X-Frágil, Síndrome de West, Cri-de-chat, entre outras), também
exibiam enxertos psiquiátricos (ex.: Esquizofrenia, Psicose, Espectro-Autista, e Transtornos
Emocionais).
Além desses aspectos, um fator era bem característico dessa população: sua maioria era
composta entre 22 e 57 anos, (sendo que a maioria acima de 40 anos) num estado considerado
crônico e inalterado, tendendo a deterioração.
Esses indivíduos vinham sendo atendidos em Sessões de Musicoterapia há vários anos, onde
alcançaram um certo nível de Competência Social e Musical mas que permaneciam estacionados ou
estagnados.
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Ao tomarmos conhecimentos das ideias de Feuerstein, R. (1989) que propõe um novo modo
de pensar com uma proposta otimista porém prática e aplicativa sobre o potencial de seres humanos,
tentamos aprofundar nossos estudos a fim de buscarmos novas estratégias de intervenção em
Musicoterapia Clínica com essa população para propiciar uma otimização de seu potencial cognitivo,
isso na tentativa de comprovarmos as ideias de Feuerstein (1989) e Fonseca (1997) que acreditam
que devemos buscar desenvolver o capital humano de adaptabilidade que pode ir em várias direções,
desde que busquemos os meios adequados não importando o nível em que se encontrem.
Isso se tornou um desafio entre nós e as barreiras por vezes intransponíveis dos
determinismos da genética, da hereditariedade, além das limitações endógenas ou exógenas que
parecem inexoráveis. Concordamos com Assmann (op.cit.) quando afirma que educar significa
defender vidas.
Em nossa prática há mais de trinta anos nesse campo, nos sentimos às vezes impotentes,
desanimados ou mesmo vencidos pelo desânimo em nossa tarefa como Musicoterapeutas.
Entretanto, faz-se necessário um “sacudir” nossas posturas, nossas verdades, e buscar novos
caminhos em direção a novas descobertas.
Não sei dizer ou afirmar que alcançamos completamente nossos propósitos. Entretanto, afirmo que
foram dois anos de uma vivência intensa e ressignificadora em nossa vida profissional e sem dúvida,
na de nossos alunos-clientes.
2. JUSTIFICATIVA
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Atualmente vivemos numa sociedade cognitiva. Os avanços das ciências mudam nossa
cosmologia, vale dizer, nossa imagem do universo e da missão do ser humano dentro dele.
Segundo Boff (1998), como socializar tais avanços? Como fazer para que os seres humanos se
sintam inseridos e não vítimas da insensibilidade social e ética que comportam as lógicas de exclusão
que ainda predominam no cenário histórico?
Estamos vivendo a era das redes e da sensibilidade solidária (Assmann, 1998). No momento
em que a lógica da exclusão se enraizou nas instituições do mundo de hoje, é preciso agir
psicopedagogicamente sobre a incoerência e a espécie de “descompasso” dos seres humanos em
relação às oportunidades contidas nas obras de suas mãos. O atraso passou a ser, sobretudo, das
mentes e dos corações .As biociências descobriram que a vida é uma persistência dos processos de
aprendizagem.
Nessa área de Deficiência Intelectual, há muita gente estagnada no mero negativismo. No
momento em que não nos preocuparmos em “reencantar a educação”, podemos estar coniventes no
crime de um “apartheid” neuronal que, ao não propiciar ecologias cognitivas, de fato está destruindo
vidas. (Assmann ,op.cit.).
A palavra de ordem é a otimização da normalização dos deficientes intelectuais. Eles são
cidadãos, e nosso objetivo é a educabilidade máxima de seu potencial cognitivo (Fonseca,V.,1995).
Acreditamos que os indivíduos com fracas prestações cognitivas podem alargar seu repertório de
habilidades, não duvidando nesse propósito.
Como Musicoterapeuta, partimos do princípio que as atividades musicais num “setting” de
Musicoterapia, tem que ser um lugar de fascinação e inventividade, numa mixagem de todos os
sentidos, acompanhada de sensação de prazer. Segundo Moura Costa (2012) embora a importância
do prazer seja enfatizada como essencial para o desenvolvimento humano, poucas referências são
feitas ao seu papel nas terapias.
Para a autora, o prazer é inerente ao processo musicoterápico, e um elemento da maior
importância para a modificação dos pacientes.
Buscamos com esta pesquisa e seus desdobramentos, “reencantar”, como diz Assmann
(op.cit), a musicoterapia no campo da Deficiência Intelectual e buscar novas estratégias de ação a
fim de compartilhar com outros musicoterapeutas, nossas experiências.
3. DISCUSSÃO TEÓRICA
3.1 Aspectos Cognitivos:
Segundo um consenso entre especialistas, a cognição é o conjunto de habilidades mentais que
estão sendo a base do desempenho intelectual para realizar tarefas, sejam de aprendizagem ou outras
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(Dockrell, Mc Shanne 2000). Há poucas dúvidas de que os avanços nas abordagens teóricas da
psicologia do desenvolvimento tem integrado o que se chama “Abordagens Cognitivas”. Gardner
(1987) fala de uma “revolução cognitiva”, uma proliferação de teorias “cognitivo-
desenvolvimentistas”, que devem ser examinadas com cuidado.
Concordamos com os autores quando afirmam que os diagnósticos de QI ou Idade Mental
apenas nos informam que “há um problema”, mas descrevem pouco sobre “qual é o problema”.
Além disso, apontam três itens na avaliação dos Deficientes Intelectuais, ou sejam: a identificação do
problema, avaliação da natureza do problema e diagnóstico do problema.
A partir daí, intervenções apropriadas podem ser planejadas e postas em prática.
No caso da população investigada no IPCEP, alguns problemas prévios do desenvolvimento
puderam servir como dados relevantes, mas o que nos interessou no momento foi seu desempenho
atual, não importando suas idades ou deficiências.
Segundo Gardner (1962), avaliação não é sinônimo de testagem (que seria uma via de
acesso). Esta, isoladamente, não teria muito valor. Para o autor, a condição para que um resultado
tenha significado e função social ou científica, é necessário que haja alguma grade de referências
paralelas. Esse pensamento nos levou à elaboração de nossa Ficha de Avaliação Musicoterápica
(PAM), que contempla vários fatores, aspectos e áreas musicais e comportamentais, entre outros,
baseados nos teóricos objeto de nosso estudo.
Levamos em consideração a Teoria da Integração Sensorial, que se mostra enraizada com
conceitos neurológicos. Desenvolvida por Ayres, AS. (1972), é dirigida a pessoas com Transtornos
Invasivos de Desenvolvimento (entre elas várias Síndromes Genéticas ou Hereditárias), assim como
os afetados por Espectros Autistas e Paralisia Cerebral.
Ayres define a Integração Sensorial (SI) como:
“o processo neurológico que organiza a sensação do próprio corpo e
do meio, possibilitando seu uso eficaz (....), é o processamento de
informações (...). O cérebro deve selecionar, potencializar, inibir,
comparar e associar toda a informação sensorial em padrão flexível.
Em outras palavras: o cérebro deve integrar” (in Goldson, E., 2004).
Essa teoria não pretende explicar o déficit neuromotor das Síndromes citadas anteriormente, mas
busca a identificação dos déficits sensoriais que contribuem às disfunções e condutas inadaptativas.
Fisher et alli (1991) apresentam um modelo conceitual que chama de “Processo Espiral de
Autoatualização”. Este modelo inclui componentes cognitivos, neurológicos e comportamentais.
Para os autores, o processo espiral é contínuo e se inicia precocemente através do impulso
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Entretanto, afirmam que qualquer abordagem terapêutica com indivíduos com DSI, devem
aplicar-se dentro de um marco teórico de Integração Sensorial, execução de estratégias clínicas,
avaliações e reavaliações.
Na bibliografia examinada, todas apontam para a necessidade de verificação das premissas
teóricas e se as terapias derivadas das mesmas são realmente efetivas no tratamento de pessoas com
essas necessidades específicas. Esse aspecto nos mobilizou bastante em nosso estudo.
A Teoria da Espiral foi fruto de pesquisas feitas por Swanwick e Tillman (1996), com bases
nos trabalhos de Bunting, R. (1977), Piaget J. (1951), Moog (1976) e Ross, M. (1984). Os autores
utilizaram o modelo de desenvolvimento estético em artes de Ross (1984), esboçando quatro
períodos de desenvolvimento em música, a partir de 0 anos até após os 14 anos.
Segundo os autores, a ideia de “jogo” é uma característica humana fundamental e está unida
a toda obra artística. Baseados em Piaget (1951) dizem que o jogo se caracteriza nos primeiros anos
de vida, pelo simples prazer de explorar e dominar o meio, o que chama de “poder ou sentimento de
virtuosismo”. Esta busca de domínio está presente nas atividades musicais, sendo que o manejo do
instrumento, da voz e o desenvolvimento de destrezas, produz prazer. Existe uma evolução contínua
de domínio desde tenra idade até a fase adulta.
Segundo essa teoria, o controle dos materiais musicais pressupõe em desfrutar dos sons em
si, ou seja, “saborear” os sons. A linguagem musical, o jogo imaginativo, implicam transformações
estruturais e uma nova reconstituição das possibilidades musicais.
Finalizando, acreditamos que o Modelo Espiral é o mais especificamente desenvolvimentista
e o que mais atende a nossa especificidade, por suas características de flexibilidade e, por isso
mesmo adequada ao campo da Deficiência Intelectual.
Parece-nos crucial e fundamental o Musicoterapeuta identificar em qual etapa/fase da Espiral
em que cada cliente se encontra em qualquer tempo ou idade, introduzindo atividades específicas ou
uma nova ideia, na medida em que entenda o movimento da Espiral.
Feuerstein (1980) estabeleceu uma lista de critérios de Experiência Mediada, onde destacamos
os três primeiros, que o autor considera universais:
Intencionalidade e Reciprocidade
Transcendência
Mediação do Significado
Na Intencionalidade, o mediador está consciente de seus propósitos, tem um canal próprio para
transmitir ao mediado o seu projeto ou propósito.
Segundo Waldow (1999) o processo de mediar modifica tanto o Mediador (musicoterapeuta,
em nosso caso), como seu paciente, dando-se aí a reciprocidade.
A Transcendência, segundo Gomes (2002) se dá quando o mediador e mediado caminham
para além da situação dada, buscando relações entre o conhecimento adquirido e as possibilidades
para o futuro em termo de generalizações.
Na Mediação do Significado, o Mediador (ou MT.) atribui um significado que vai além do
objeto, carregando-o de valores adicionais, sociais, emocionais, tornando-o uma peça motivadora. O
significado emerge da relação com o outro e o significado é cultural.
Para Feuerstein, o deficiente intelectual é uma pessoa com direitos, que existe, pensa e cria.
Por suas limitações, possui um perfil intra-individual peculiar. Apesar da discrepância no seu
desenvolvimento global, aspira uma relação verdadeira e autêntica e não de coexistência conformista
e irresponsável.
Para o autor, todo ser humano é modificável e essa premissa se constitui um verdadeiro
sistema de crenças (“a believe system”).
Feuerstein avança com quatro proposições:
1. O ser humano é modificável (intencionalidade positiva)
2. Eu sou capaz de produzir modificações no indivíduo (sentir-se competente e ativo).
3. Eu tenho que e devo modificar-me (investimento pessoal prolongado e permanente de auto-
modificação).
4. Toda a sociedade e opinião pública são modificáveis e podem ser modificas (processo
longo e demorado).
Seus postulados sofreram influência de Vygotsky, Piaget e Bruner (op.cit.) e afirmam que o
mediatizador deverá ser afetivo, diligente, conhecedor e competente. Nessa concepção, os estímulos
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não existem por si só. Precisam ser filtrados, modulados, intercedidos, repetidos, reforçados entre
outros aspectos. Não basta um envolvimento rico de estímulos. É importante um mediatizador
capacitado.
Segundo Feuerstein, faz-se necessário ajudar os indivíduos a “aprenderem a aprender”. Para
o autor, o sujeito é harmônico, é uma entidade aberta ao desenvolvimento de processos complexos de
pensamento e não uma soma de funções. Para o autor a mediação é a linha que mantem ligadas as
funções cognitivas. Suas ideias nos trouxeram uma nova forma de pensar e atuar como
musicoterapeutas.
A Música com seus recursos, atende a diferenças cognitivas, dinamizando o psiquismo. Além
disso, pode-se estimular o desenvolvimento de estágios cognitivos até limites não imaginados,
originando a criatividade que se alimenta, entre outros aspectos, da memória e bioquímica.
A Música auxilia a maturação intelectual. Mesmo experiências musicais elementares
solicitam do deficiente intelectual um estado de prontidão, de alerta, de atenção que sustente a escuta
da arquitetura sonora. Seu poder se estende à faculdade da memória, onde a aprendizagem se
conserva disponível, podendo ser recordada e utilizada. (Reuchlin, 1979).
O poder da música diz respeito à biologia, à psicologia das relações sonoras sobre o
deficiente intelectual, afetando seu sistema sensorial, motor, afetivo, mental, provocando mudanças
em seu metabolismo, além de que também motiva, emociona, move a química cerebral e influencia a
conduta.
Concluimos dizendo que por todo seu alcance, a música tem um poder de beneficiar a todos;
por isso, um trabalho musical bem planejado, sustentado por um repertório pertinente, beneficia o
deficiente intelectual, através de seu desenvolvimento cognitivo, educação do pensamento. Os sons
organizados impõem ordem e forma à sua escuta, estabilizando e canalizando suas emoções.
Além disso, observamos que o fazer música é uma espécie de nivelador entre as pessoas,
sejam quais forem suas possibilidades.(Uricoechea,1995). Acreditamos na mesma como força
terapêutica junto aos deficientes intelectuais que, por suas variadas limitações, ficam impedidos de se
expressarem plenamente. Nossa experiência tem nos mostrado que as atividades desenvolvidas nas
sessões de Musicoterapia atuam como agentes integradores e altamente socializadores, conforme
explicitaremos ao longo deste trabalho.
O paciente pode tocar um instrumento, emitir sons pré-verbais fazer percussões corporais,
mesmo de forma aparentemente incoerente. Sua produção sonora é aceita incondicionalmente pelo
musicoterapeuta. Como afirma Barcellos (2009), o musicoterapeuta apoia o paciente para colocar-se
na música e explorar as possibilidades de mudança na músicacom características, já que as mesmas,
constituem-se como objetivo de qualquer terapia.
5 - Metodologia
Seguimos os seguintes passos em nosso cronograma:
5.1. Avaliação Inicial
5.2 Reorganização dos grupos avaliados
5.3 Objetivos para a 2ª fase da Pesquisa
5.4 Implementação de Técnicas Musicoterápicas direcionadas as suas necessidades.
5.5 Reavaliação Final
5.1 Avaliação inicial
Com a avaliação inicial (2010), foi possível acessarmos um arquivo de conteúdo musical
e cognitivo com um material rico e passível de interpretações em vários níveis e, posteriormente,
reinterpretações mais amplas e detalhadas. Com isso chegamos à conclusão de que as áreas mais
afetadas em praticamente todos os pacientes atendidos foram: a cognitiva , a motora , de
comunicação e sócio-educacionais, refletidas em seu desempenho musical.
Através desse conhecimento, foi possível planejar atividades, intervir ,direcionar as práticas
em diferentes contextos, assim como desenvolver a capacidade de adequar estratégias musicais a
variadas situações.
A população estudada variava entre os níveis leves (5%), moderados (70%) e severos (15%).
Segundo Piaget (op.cit), se encontravam cognitivamente entre os Estágios de Operações Concretas,
Pré-Operacional e Sensorio-Motor.
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Toda nossa atuação foi um esforço de resolução de tarefas propostas. Nesse item, a
motivação tende a expandir-se quando se “mediatiza” o sentimento de competência do indivíduo, seu
acesso ao “ser capaz de fazer”.
Buscamos sempre transformar os estímulos, as tarefas de acordo com o nível de competência,
ou seja: selecionar o material adequado, reestruturar os meios, analisar as tarefas e subdividi-las em
estádios mais simples.
Procuramos desacelerar as sequencias de atividades musicais, assim como repetir e
automatizar tarefas simples, antes de apresentar as complexas. Com isso “podemos evitar os
mecanismos de defesa inerentes aos sentimentos de incompetência”. ( Fonseca, 1995).
Em toda nossa atuação como musicoterapeutas nessa área há tanto tempo, tentamos nos
desembaraçar de antigas concepções, procurando estar abertos e disponíveis para nossa tarefa,
sabendo que não se deveria abandonar essas pessoas em atividades inúteis e de ocupação
inconsequente do tempo e sim procurar desenvolver o capital humano de adaptabilidade que pode ir
em várias direções desde que ofereçamos os meios adequados.
5.2-Reorganização dos Grupos:
Conforme já relatado anteriormente, os grupos atendidos
apresentavam uma certa estrutura quanto aos aspectos do desenvolvimento mental e outros itens,
apesar de serem heterogêneos devido à variedade de comportamentos, heterocronias e também
vínculos afetivos entre os indivíduos.
Entretanto achamos adequado reformularmos os grupos originais, o que trouxe um nível novo
de relacionamentos e trocas entre seus membros, que se adequou à nossa proposta que foi
proporcionar a instituição de novo, novas experiências e possibilidades.
Assim, tivemos os seguintes agrupamentos e suas características:
Grupo 1 – 7 integrantes
- Comunicação: a maioria com bom rendimento, exceto 3 integrantes devido a problemas motores.
- Área Motora : comprometimentos variados
- Área Comportamental e Sócio-Afetiva: todos com boa avaliação
- Manifestação rítmica instrumental: todos com dificuldade
- Improvisação livre: grande dificuldade
- Performance musical: limitada
- Desenvolvimento musical: todos no modo sensorial e manipulativo
- Funções cognitivas: percepção confusa, dificuldade com múltiplas funções de informação. Alguma
concentração.
Grupo 2 – 6 integrantes
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O fato da música ser ordenada no tempo, foi um fator importante e que possibilitou que os
pacientes percebessem e respondessem à mesma da maneira organizada e lógica. A natureza
matemática do ritmo, a sequencia temporal dos eventos e da lógica musical foram usados no auxílio
à sua reintegração de pensamentos antes tão desorganizados.
Apesar de todas as problemáticas enfrentadas, percebemos um ganho visível em suas
habilidades, concentração, aprendizagem, resolução de problemas e iniciativa. Temos que lembrar
que nossa clientela tem uma idade avançada e com dificuldades instaladas há muito tempo e sendo às
vezes inflexíveis. Apesar disso, percebemos uma evolução visível quanto aos seguintes aspectos:
Pragmatismo e Iniciativa
Conscientização de seu Potencial Musical
Senso crítico de situações vividas nas sessões
Consciência do próprio Corpo e suas possibilidades
Ressignificação de suas Identidades
Além dos itens expostos, constatamos que o desenvolvimento nos aspectos musicais são
indicadores de uma Competência Social Paralela em várias áreas.
Apontamos para a necessidade de iniciar um atendimento musicoterápico o mais
precocemente, quando as possibilidades de desenvolvimento podem ser efetivas e quase ilimitadas.
Vale a pena investir no potencial terapêutico da musica na Deficiência Intelectual.
Esperamos que nosso trabalho possa incentivar outros musicoterapeutas que atuam nessa área
a buscar sempre possibilidades que valorizem o potencial cognitivo dessa população que tem direitos
à uma cidadania plena e sua integração na sociedade
7 - Produtos da Pesquisa :
Foram elaborados os seguintes produtos:
- 1 Relatório Final da Pesquisa apresentada neste trabalho.
- 1 Projeto de conclusão de Graduação em Design ( PUC – Rio) , 2012.
- 2 Monografias de Graduação em Musicoterapia (em elaboração) , 2012.
BIBLIOGRAFIA:
ALVIN, J. – Musica para El Niño Disminuido. Buenos Aires, Ricordi, 1996.
__________ Free Improvisation in Individual Therapy .British Journal of Music Therapy, 1982.
ASSMANN,H. – Reencantar a Educação: Rumo a Sociedade Aprendente , Petropolis , Editora
Vozes,1998.
22
AYRES, AJ. – Sensory Integration and praxis texts. Los Angeles: Western Psychological
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BARCELLOS, L.R.M. – A Música como Metáfora em Musicoterapia. Tese de Doutorado –
Programa de Pós Graduação em Música, Centro de Letras e Artes, Universidade Federal do Estado
do Rio de Janeiro, RJ, 2009.
BOFF, L. – A águia e a galinha: uma metáfora da condição humana. Petropolis, Vozes,1998.
BRUSCIA,K. – Modelos de Improvisacion em Musicoterapia – Agruparte, Vitoria-Gasteiz ,1999.
DOCKRELL & MC SHANE – Crianças com dificuldade de Aprendizagem: uma abordagem
cognitiva. Artes Médicas Sul, Porto Alegre, 2000.
FEUERSTEIN, R. – Mediated Learning Experience – an outline of proximal etiology for
diferencial development of cognitive functions. New York: ICP, 1975.
FEUERSTEIN, R. and cols. – Don’t accept me as I am- helping “retarded” people to excel. New
York: Plenum Press,1989.
FONSECA, V. – Educação Especial – Uma introdução às idéias de Feuerstein. Editora Brasil,
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____________. – Aprendendo a Aprender – A Educabilidade Cognitiva. Ed. Brasil, Porto Alegre,
1998.
GARDNER, H. - The mind’s new science: A History of cognitive revolution. New York: Basic
Books, 1987.
_________ Arte, Mente e Cérebro. Porto Alegre, Artmed, 1992.
GOLDSON, E. – Integration Sensorial y Síndrome X Frágil – Revista de Neurologia, Buenos
Ayres, 2001.
HARGREAVES, D.J. – (org.) Children and the Arts. Milton Keynes, Open University Press,
1989.
ILARI, B.S. – (org.) Em busca da Mente Musical , Curitiba Ed. UFPR, 2006.
KIRK & MILLER – Reability and Validity in qualitative research – Beverly Hills: Sage, 1986.
KIERNAM, C. – Analysis of Programmes for Teaching – Basingstoke: Globe Education, 1981.
MOURA COSTA, C. – Prazer, Música, Psicose, Musicoterapia, trabalho não publicado, 2012.
NIGRI, M. – Enriquecimento Cognitivo na atuação do Enfermeiro –Dissertação de Mestrado,
Dep.de Enfermagem,Setor de Ciencias da Saude .UFPR .2004.
NETTELBECK T. e BREWER – Studies of midle - Mental Retardation and Timed
Performance. In N.R. Ellis (Ed.) New York, Academic Press,1985. SEKEFF, M.L. – Da Musica:
seus usos e recursos – Editora Unesp, S.P. 2002.
PIAGET, J. – Play, Dreams and Imitation in childhood, Londres: Routeledge, 1951
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ANEXOS
2 – ÁREA MOTORA
Postura Moviment. Corporal I Moviment. Corporal II
1. Comprometida 1. Desajeitado 1. Motora fina comprometida
2. Rígida 2. Equil. não controlado 2. Imita movimentos
3. Instável 3. Equil. Controlado 3. Bate palmas, pés
4. Dependente 4. Equil. Estático 4. Corre, pula
5. Regular 5. Apropriada 5. Coord. Regular
6. Flexível 6. Habilid. Locomotora 6. Boa coordenação
3 – ASPECTOS COMPORTAMENTAIS
Expressão Corporal Comunicação Corporal Auto-Conhecimento
1. Não entra na sala 1. Parado em silêncio 1. Alheio a si
2. Não aceita contato 2. Resistente 2. Impreciso
3. Postura desinteressada 3. Estereotipias 3. Consciência difusa
4. Mostra-se atento 4. Ritualismos 4. Consc. de partes do corpo
5. Engajado na atividade 5. Perseveração 5. Adequado
6. Totalmente adequado 6. Adequada ao grupo 6. Consci. de si e dos outros
4 – ASPECTOS SOCIO-AFETIVOS
Aspectos da Relação Participação Resposta aos estímulos
musicais
1. Nenhuma 1. Inexpressiva 1. sem resposta visível
2. Pouca relação 2. Depressiva 2. Indiferença
3. Razoável 3. Embotado 3. Alheamento Cognitivo
4. Sociável 4. Cooperativo 4. Sem relação à música
5. Alguma Integração 5. Adequada 5. Relacionado à música
6. Totalmente integrado 6. Excelente 6. Comportamento musical
adequado
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4- MANIFESTAÇÃO VOCAL
8- CRIATIVIDADE MUSICAL
Ausência
Sons aleatórios eventuais Nenhuma manifestação
Sons pré-vocais Cria células ritmico-
Sons pré-verbais melodicas
Alguma vocalização Criação mais elaborada
Intencionalidade variada
Bom nível criativo
3- RELACIONAMENTO SONORO
Isolado
Isolado mas atento
Interação discreta 1- COMUNICABILIDADE
Relacionamento sonoro e 2- REATIVIDADE SONORA SONORA
intencional
Plenamente adequado e intenso Não responde à estímulos Discreta manifestação
Responde esporadicamente Características
Responde usualmente perseverativas
Sempre alerta, interagindo Se comunica com o mais
Respostas sempre adequadas próximo
aos estímulos Se comunica com o grupo
Intensa comunicação
OUTROS ASPECTOS
3 – COMPORTAMENTOS MUSICAIS ESPECÍFICOS
EXEMPLO DE UM CASO:
2 – ÁREA MOTORA
Postura Moviment. Corporal I Moviment. Corporal II
1. Comprometida 1. Desajeitado 1. Motora fina comprometida
2. Rígida 2. Equil. não controlado 2. Imita movimentos
3. Instável 3. Equil. Controlado 3. Bate palmas, pés
4. Dependente 4. Equil. Estático 4. Corre, pula
5. Regular 5. Apropriada 5. Coord. Regular
6. Flexível 6. Habilid. Locomotora 6. Boa coordenação
3 – ASPECTOS COMPORTAMENTAIS
Expressão Corporal Comunicação Corporal Auto-Conhecimento
1. Não entra na sala 1. Parado em silêncio 1. Alheio a si
2. Não aceita contato 2. Resistente 2. Impreciso
3. Postura desinteressada 3. Estereotipias 3. Consciência difusa
4. Mostra-se atento 4. Ritualismos 4. Consc. de partes do corpo
5. Engajado na atividade 5. Perseveração 5. Adequado
6. Totalmente adequado 6. Adequada ao grupo 6. Consci. de si e dos outros
4 – ASPECTOS SOCIO-AFETIVOS
Aspectos da Relação Participação Resposta aos estímulos
musicais
1. Nenhuma 1. Inexpressiva 1. sem resposta visível
2. Pouca relação 2. Depressiva 2. Indiferença
3. Razoável 3. Embotado 3. Alheamento Cognitivo
4. Sociável 4. Cooperativo 4. Sem relação à música
5. Alguma Integração 5. Adequada 5. Relacionado à música
6. Totalmente integrado 6. Excelente 6. Comportamento musical
adequado
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4- MANIFESTAÇÃO VOCAL
8- CRIATIVIDADE MUSICAL
Ausência
Sons aleatórios eventuais Nenhuma manifestação
Sons pré-vocais Cria células ritmico-
Sons pré-verbais melodicas
Alguma vocalização Criação mais elaborada
Intencionalidade variada
Bom nível criativo
3- RELACIONAMENTO SONORO
Isolado
Isolado mas atento
Interação discreta 1- COMUNICABILIDADE
Relacionamento sonoro e 2- REATIVIDADE SONORA SONORA
intencional
Plenamente adequado e intenso Não responde à estímulos Discreta manifestação
Responde esporadicamente Características
Responde usualmente perseverativas
Sempre alerta, interagindo Se comunica com o mais
Respostas sempre adequadas próximo
aos estímulos Se comunica com o grupo
Intensa comunicação