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UI SUPLEMENTQ CULTURAL ANO I N' 12 BrasOia,30 de junho de 1994

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AMPBestá
comabola
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oRenato Vlvacqua gol da vitória no Campeo-
,nato Sul-Americano da-.
,quele ano. Ele foi o primei-
'ro grande ídolo tupini-
Estç artigo é oportuno quim. Mas ele tinha olhos.
por dois motivos: primeiro verdes e nome estrangeiro.
para mostrar que o culto Foi só um alento. pois em
1921 o presidente Epitácio
aos ídolos do futebol. via Pessoa foi contra a convo- .
cancioneiro popular. é cação de ",'cidadãos de
muito antigo. e não se ini, cor" para a Seleção. A Mú-
ciou como pensam as ge- sica Popular estava atenta
rações mais novas, em ao fenômeno que surgia e
1958 com a conquista de Pixinguinha compôs um
nosso primeiro titulo
mundial,atingindo o auge gostosíssimo choro intltu-"
lado 1 a O. louvando o gol
com a chamada (exagera- do "EI Tigre" Friedenrei- .,-; ,
damente) epopéia do tri. ch. O romantismo acabou 'J
Segundo. porque se apro- em 1933 com o surgimen-
xima mais uma Copa do to do profissionalismo. No
Mundo que vai galvanizar mite ascensão social àque-
todo o Pais. O futebol é. les sem nenhuma perspec- seu caudal veio a
tiva no devorador sistema mercantilização tanto do
incontestavelmente. uma craque como do cartola.
paixão nacional. "A pátria capitalista. Nem sempre
foi assim. Quando surgiu Um samba antigo mostra
de chuteiras". como rotu- com propriedade a mu-
lava o "frasista" Nelson em 1894 era elitista. cheio
de Pullens. Murrays e ou- dança:
Rodrigues. Alguns o acu-
sam de alienante~' de uma sem preconceitos. im- tros gringos. mesclados a O Pé de Ouro. Pé de Ou_o
forma de escapismo capi- pregnando indistintamen- poucos brasileiros abona- ro/Grande jogador/Chega
talizada pelos governos te pobres. ricos. ·cultos. in- dos e alvos. A democrati,- em frente ao gol' e pergun-
para desviar o povo do cultos. pretos e brancos. zação. principalmente o ta/Quando é o bicho. seu
ronca-ronca da barriga va- das massas". Sem tomar Até as mulheres desmora- desagravo à melanina. doutor? r
zia. Oswaldo de Andrade partido na análise politica. lizando o antigo chavão de começou a engatilhar a
fustigava: "Quem negará tenho que reconhecer que que o "futebol é pra ma- partir de 1919. no pé de Em 1931 ainda vigorava
ao futebol esse condão da através de seus mitos esse cho" vêm ocupando seu um mulato claro. genial. o amadorismo. Isso não
catarse circense com que esporte é capaz de sensibi- espaço. Não se pode negar descendente de alemães. excluia que os craques da
os velhos sabidos de Roma lizar todas as camadas da também que é um dos de nome pomposo:' Frie- época recebessem agrado
lambuzavam o pão triste população. É realmente poucos veículos que per- denreich. que marcou o dos dirigentes. Noel Rosa

Agnelo 'incentiva cultura


o brasiliense poderá pagar ingre;ssos matéria de competência exc1uf!?iva do isenção de impostos para garan tir o
mais baratos nos espetáculos culturais. Executivo. mas acredita que com a acesso da população âs produções
A iniciativa é do deputado Agnelo mobilização dos artistas. dos técnicos culturais". Os artistas e técnicos
Queifoz (PCdoB). que apresentou este em espetáculos de div:ersões e dos também serão contemplados com a
mês um projeto de lei autorizando o produtores vai garantir a aprovação do isenção de ISS. Atualmente, a categoria
Executivo a conceder isenção do projeto e a aplicação do incentivo. Com no Rio de Janeiro recebe es~e tipo de
ISS(Imposto Sobre Serviço) a artistas. esse projeto; Agnelo pretende baratear incentivo flscal. Agnelo Queiroz é
. técnicos e produtores culturais. "O
Estado tem obrigação de con tribuir com
os custos dos espetáculos culturais
realizaçIos em Brasília, que acabam
também autor da lei da meia entrada
que facilitou o acesso dos estudantes às
Agnelo as atividades culturais. "A cultura é tão sendo repassados para os preços dos -produções e eventos culturais. Através
importante quanto saúde e educação ", ingressos. dessa lei, os estudantes só pagam a
Queiroz justifica o parlamentar. Um dos motivos alegados pelos metade dos preços dos ingressos em
Ele explicou que o projeto que cria empresários culturais é exatamente a cinemas, teatros. shows e qualquer
-PC do B incen tivo flscal sobre o ISS é uma carga tributária. "É importante a outro espetáculo cultural.

" 20 DF "'btras Artigo
retrata isso com proprie- O "Diamante" citado era com muita "verve" balan- A perda das Copas Roca reverenciâ-Io: J

dlide em sua' bem bolada o apelido de Leônidas da çava em 1941 com o sam· e Rio Branco para Argen- Eu, que pego o bonde 12
composição denominada Silva, um dos maiores ba "Doutor em Futebol", tina e \Jruguai, de maneira de lpanema/Pra ver Osca- J

"Quem dá mais" ou "Lei- nomes do- futebol brasilei- de Moacyr Bernardino e bisonhà em 1941, deu ori· rito e Grande Otelo no ci-
lão do Brasil", ro de todos os tempos. O Waldemar PujOI: gem a uma embolada rai- nema,/Domingo no Rian,
Quem dá mais .. JPor chocolate "Diamante Ne- vosa de Zé do Norte, que humm/E deixa eu' querer
uma mulata que é diplo- gro" é uma homenagem a Eu nasci para ser um livra a cara de poucos: mais, mais paz/Quero um
matalEm matéria de sam- ele. Virou marca de cigar- craque da pelota/ Não é pregão de garrafei-
ba e de batucasa/Com as ro. Foi inventor da bicicle- mentira, nem loro- Essa camada que tem pé ro/ZIZINHO no gramado.
qualidades de moça for- ta, a jogada acrobática. ta.!Porém o meu amor mio de batê sola,/Diz que sabe
Nesta, Copa de 1938 foi o nha carreira quer cor- jogar 'bola/Mas não sabe Zizinho na sua fase áu-
mada/Fiteira, vaidosa e rea no Flamengo tinha
,muito mentirosa? /Cinco artilheiro, não tendo joga- tar/Pra Medicina eu estu- fazer gol.! Agora dizem
do a partida contra a Itália dar.!E me formar em dou- que o culpado foi Lagre- comq escudeiro um torce-
mil réis .. , Duzentos mil dor fanático: Ciro Montei-
réis", um conto de quando fomos eliminados. tor ... /Eu hei de me formar ca/Que quase levou a bre-
Houve comentários na um astro verdadeiro.!Um ca/Porque foi treina" ro, capaz de obrigá-lo a
réis/Ninguém dá màis que exercitar um joelho opera-
um conto de réis? / O Vas- época de que simulara perigoso artilheiro/E ser o dor.!, .. /Diamante Negro.!E
contusão para não enfren- sucessor do Pirilo/E su- Zé Procópio éum talen- do, de manhãzinha na
, co paga o lote na batata/ E praia muito a contra-gosto.
u_ em vez de batata/, Oferece tar os italianos, aliciado plantar o seu Nandinho/E to/Dou um viva pro Ro-
que fora por Mussolini, no drible de corpo/Botar no meu/E dou um abraço a Da amizade nasceu o sam-
ao Russinho uma mulata, ba "Mestre Ziza". Como
O Vasco é o time da colonia que transformara a Copa bolso o meia-esquerda tri- Nascimento/O resto todo
num acontecimento políti- colar/Eu vou mostrar o eu não falo/Não comen· puderam observar o fute-
lusa, o que justifica a ofer- bol impregnava os maiores
ta da mulata como incen- co para trombetear as vir- meu valor/O Diamante to/Jogador de meia ca·
tudes do fascismo, O sam- Negro vai perder seu bri- ra/Não se fala no momen- compositores. Evaldo Rui
tivo, Barata ou baratinha e Custódio Mesquita não
era o carro esporte da mo- ba é portanto um desagra- lho/A estrela se apagou/Eu to.
vo às calúnias çon tra o j 0- quero ser "futiboler'-' /E fogem à regra: com "Preti-
da e Russinho jogador vas- nho", de 1944:
caíno muito badalado, gador. Moreira da Silva, nãodoutoL
Na roda de samba tem
Outro atleta dô' Vasco fãs pra chUchu/Nasceu lá
multo famoso foi focaliza- no Largo do Estácio/É fã
do por Wilson Batista, fla- do Perácio/Não perde um [j
menguista doente, e Gar- FlaxFlu.
cez, Gravado para o Car- Perácio foi ídolo do Fla-
naval de 1946 por Linda mengo. Possuía um chute
Batista, foi muito cantado: fantástico. Foi pracinha na
Vamos lá que hoje é de Segunda Guerra e apesar
graça/No boteco do Jo- da fama era muito simpló-
séifEntra homem, entra rio. Conta Mário Filho que
menino/Entra velho, entra numa recepção ele estava
,," mulher/ É só dizer que é sendo paquerado por uma
vascaíno/ Que é amigo do jovem e não se decidia a ir
Lelé, conversar com ela. Até que
O mesmo Wilson Batis- incentivado pelos amigos
ta, em 1955, agora com J, encorajou-se, aproximou-
Castro, faz apologia dos se e largou a cantada: "A
craques rubro-negros no senhorita joga sinuca?
"Samba Rubro-negro": Dou vinte pontos de van-
Em 1949 Leônidas da tagem" ,
Flamengo joga domin- Silva encerrou a carreira, Em 1950 aconteceu o
go/Eu vou prá lá/Vai haver pouco antes da Copa e foi maior trauma coletivo da
mais um baile/No Maraca- lembrado no samba "Dia- Nação: a perda da Copa do 'jj
nã/O mais querido/Tem mante Negro" de Marino Mundo para os uruguaios
Rubens, Dequinha e Pa- Pinto e Mario Rossi, uma em pleno Maracanã. Ary
vão/Eu já pedi a São Jor- dupla competente: Barroso era um dos em-
ge/Pro Mengo ser campe- polgados como mostra
ão.
Leônidas da Silva cres-
ceu/Ganhou partidas, lou- neste horroroso ufanista,
João Nogueira regravou ras e lauréis/Eu só queria "O. Brasil há de ganhar":
colocando o samba na má- fazer com a cabeça/O que o E a raça brasileira/Numa
quina do tempo e trocando Diamante faz com os pés. festa altaneira/Mostrando
o nome dos jogadores para' que é boa e varo-
Zico, Adílio e Adão, Gal fez Em 1942 dois outros nil/Quando o time apare-
o mesmo. Wilson deve ter respeitados compositores cer/Gritamos até mor-
espumado no caixão, lançaram "E;, o juiz api- rer /Brasil. Brasil.
tou", Quem gravou o sam· Mas como Deus é brasi-
Recuando mais um pou- ba de Antônio e, Alberto leiro a alegria em, 1954
co vamos até 1938 quando Ribeiro foi onotâvel sam- com o Corinthians con-
Carmem Miranda gravou bista Vassourinha, faleci- quistando o campeonato
"Deixa Falar" de Nelson do aos 19 anos e injusta- do Quarto Centenário e
Petersen: mente relegado na história homenageado por Adoni-
de nossa música popular: ran Barbosa e Blota JL no
Você pensava que o "Di· Eu torci/cama um lou·
amante" fosse jóia de samba "Gol do Amor".
co/Até ficar rou-
mentira/Para tapear/Você co/Nandinho passa a Zizi-
pensava que o "Cabocli- nho/Zizinho cede a Piri- Gol do Baltazar, Gol do
nho" fosse negro de senza- lo/Que preparou para chu- Baltazar/SaIve o "Cabeci-
la/Para se comprar, tar/Aí o juiz apitou/O tem- nha"/Um a zero no pIa-
Só porque viu que ele po regulamentar (que caLJFico maluco com a
tem um pé que deixou/O azar). miséria do Gilmar/ Os dri-
mundo inteiro em revolu- Zizinho, "O mestre Zi- bles do Luizinho/ E os gols
za", foi outro monstro sa- do BaltazaL
ção/Quando ele bota aque·
le pé ern 111ovimen- grado, Em 1979 o "prous-
to/Chuta tudo pra óéntro e bano" Rio Antigo, de Chi- O\WIefillSlt$ Vhtil'u::quia ê hI5toria~o,
não tenl SOpâ. náo, co Al1yslo.el\fonato, volta a_ ~2MPa ,

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