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Diferentemente da maioria dos transtornos de ansiedade, nos quais há crises agudas com
sintomas físicos intensos, o paciente com TAG sofre com uma ansiedade mais amena, porém
constante — é como se o paciente simplesmente não conseguisse parar de se preocupar.
Esse transtorno pode trazer muitas dificuldades para o dia-a-dia, uma vez que o estresse
constante pelo qual o paciente passa acaba drenando suas energias. O indivíduo pode ter
problemas para se concentrar, sentir irritabilidade e até mesmo ser abatido por uma fadiga
extrema e debilitante.
O portador de TAG pode ser definido como uma pessoa extremamente preocupada e que
sofre em diversas áreas da sua vida por não conseguir deixar essa preocupação de lado. Ele é
afetado não somente na vida profissional, mas também no convívio social e na vida acadêmica.
Em geral, suas preocupações estão voltadas a assuntos corriqueiros com os quais todos se
preocupam, como saúde, dinheiro, problemas sociais, família, amigos, morte, entre outros.
Contudo, diferente do que acontece com a maioria das pessoas, esses indivíduos
simplesmente não conseguem se desligar dessas preocupações, e as sentem mesmo quando
não há qualquer sinal de perigo iminente.
Por falar em perigo, é exatamente isso que o paciente com TAG sente o tempo inteiro: para
ele, algum desastre irá acontecer a qualquer momento e ele terá dificuldades em dar a volta
por cima. Trata-se de uma hipervigilância difusa, relacionada a todas as áreas consideradas
importantes para a vida humana.
De certa forma, a ansiedade é algo natural e que traz certa vantagem para a vida. Contudo,
quando ela é demais, torna-se patológica. Esse assunto será abordado mais profundamente no
tópico “Ansiedade fisiológica versus Ansiedade patológica”.
Na 10ª edição da Classificação Internacional de Doenças (CID-10), o TAG pode ser encontrado
pelo código F41.1.
O TAG é comum?
Pode não parecer ser algo muito comum, mas a ansiedade está presente na vida de cerca de
20 milhões de brasileiros. De fato, o Brasil é o país mais ansioso do mundo.
Existem dois tipos de ansiedade: a fisiológica e a patológica. A diferença entre elas está mais
relacionada à intensidade e às situações nas quais aparecem do que aos seus sintomas.
A ansiedade fisiológica é natural do ser humano e até mesmo de outros animais. Ela serve para
ajudar o indivíduo a planejar melhor suas ações diante de situações de perigo.
Nenhuma dessas situações é perigosa no sentido de poder tirar a vida, mas seria desastroso
para nossa vida se alguma delas desse errado. Não conseguir um emprego em uma empresa
inspiradora, ou ir mal numa apresentação para um público trazem consequências financeiras e
sociais desagradáveis.
Caso não fossemos ansiosos, correríamos o risco de ir para a entrevista de emprego sem
pensar direito sobre o que será dito, ou não iríamos estudar tanto para a nossa apresentação.
Nesse sentido, a ansiedade é um sentimento desagradável, porém vantajoso: um sinal claro de
que o que iremos fazer é importante para nós.
O problema é quando esses sintomas passam a acontecer sem motivo aparente ou quando
eles são extremamente intensos. Pessoas que têm dificuldade para falar em público podem ter
crises de diarreia antes de um seminário, por exemplo. Outras podem sentir falta de ar,
palpitações e sudorese durante o expediente sem qualquer razão.
No caso do TAG, esses sintomas costumam ser menos intensos, porém constantes. A pessoa
está sempre preocupada com alguma coisa, mesmo que não haja motivos para tal. Um
indivíduo com esse transtorno pode se preocupar com seu financeiro mesmo que haja R$
5.000,00 em sua conta bancária e as contas estejam todas pagas.
Há indícios de que as pessoas que sofrem com a ansiedade patológica tenham alguma
defasagem no mecanismo de regulação da ansiedade fisiológica e, por isso, ela é mais intensa
e duradoura.
Causas
Não se sabe, exatamente, quais são as causas diretas do transtorno de ansiedade generalizada.
No entanto, há evidências de que fatores genéticos, neuroquímicos e ambientais estão
envolvidos. Entenda:
1. Genética
Existem diversas pesquisas que apontam para um possível componente genético no TAG. Isso
porque pessoas com histórico familiar têm maiores chances de desenvolver o transtorno. Não
se sabe, contudo, se há algum gene específico causador do problema.
Pesquisas mostram que há uma correlação de 50% entre gêmeos idênticos e 15% entre
gêmeos não-idênticos, o que fortalece essa noção de que há um componente genético entre
as causas desse distúrbio.
2. Fatores neuroquímicos
Como a ansiedade é uma reação fisiológica, o próprio corpo tem os mecanismos necessários
para cessá-la quando necessário. Entretanto, há indícios de que pessoas ansiosas têm um mal
funcionamento nesse mecanismo.
No cérebro, os neurônios se comunicam através de impulsos elétricos e mensageiros químicos,
denominados neurotransmissores. Quando um neurônio envia um impulso elétrico para outro,
ele transforma esse impulso em energia química e o transmite através de neurotransmissores.
Durante a ansiedade, os neurônios estão agitados, enviando mensagens o tempo todo, pois o
corpo está hipervigilante.
Para lidar com isso quando a ansiedade não é mais necessária, existe um neurotransmissor
chamado ácido gama-aminobutírico, mais frequentemente chamado de GABA. Ele é liberado
para aumentar a resistência dos neurônios à transmissão de informações.
Sendo assim, no momento em que o GABA se liga a um neurônio, ele impede que esse
neurônio continue hiperativo, promovendo calma.
Nas pessoas saudáveis, o GABA é liberado em quantidades o suficiente para que atinja um
grande número de neurônios e a pessoa fique mais calma. Já nos casos de ansiedade
patológica, acredita-se que:
Ou o GABA liberado não consegue se ligar aos neurônios por algum motivo.
3. Fatores ambientais
Diversos fatores ambientais podem influenciar não apenas na ansiedade, mas em muitos
outros transtornos mentais. Viver em ambientes estressantes, ter passado por traumas,
conviver com uma família violenta ou que briga demais são todos fatores que podem
contribuir para um declínio da saúde mental.
4. Alcoolismo
Fatores de risco
1. Sexo
Nos dias de hoje, a mulher ainda é vista como um ser que se preocupa e cuida de tudo e todos.
Ela é a dona de casa, a mãe, quem cuida das questões domésticas, entre outros.
Sendo assim, muitas mulheres precisam lidar com a pressão de cuidar dos filhos, de manter a
casa sempre arrumada, de ser uma boa companheira ou anfitriã…
Não raramente, a mulher acaba sendo a central de comando da casa, cuidado da agenda dos
filhos e maridos, marcando consultas para os outros membros da família quando necessário,
dentre outras atividades que acabam sendo atribuídas às mulheres.
Devido a tudo isso, não é de se estranhar que as mulheres vivam preocupadas com muitas
coisas ao mesmo tempo, e a preocupação crônica é um fator de risco para o TAG.
2. Preocupação crônica
Preocupar-se com aquilo que é importante é normal. Contudo, muitas pessoas se preocupam
demasiadamente com coisas que, às vezes, não precisam de preocupação.
Fazer um balanço dos gastos do mês é saudável, mas viver com um escorpião dentro do bolso
para não gastar mais por medo de imprevistos pode ser um sinal de que algo está errado. O
mesmo acontece em todas as esferas da vida.
Esse comportamento preocupado gera um estresse desnecessário que pode contribuir para o
desenvolvimento do transtorno de ansiedade generalizada.
3. Personalidade
Existem pessoas que tem uma certa tendência cognitiva negativa, ou seja, elas enfatizam
aquilo que é desagradável. As coisas boas que acontecem na vida dessas pessoas são
importantes, mas elas ainda tendem a dar mais atenção aos infortúnios do dia a dia.
Sendo assim, essas pessoas acabam entrando num ciclo vicioso do humor, pois elas têm
pensamentos negativos e, quando algo desagradável acontece, esse padrão de pensamento é
reforçado. No entanto, quando algo bom acontece, não há um reforço de pensamentos
positivos, pois a tendência cognitiva da pessoa é negativa.
Comorbidades
Ter algum problema de saúde crônico ou um diagnóstico de algum transtorno mental aumenta
a probabilidade de desenvolver o TAG.
Receber o diagnóstico de um câncer, por exemplo, pode fazer com que a pessoa fique muito
preocupada em fazer planos para o futuro, especialmente quando tem uma família para
cuidar, e então ela passa a se preocupar demasiadamente com questões financeiras, de saúde,
educação, etc.
Além disso, muitas pessoas que desenvolvem o TAG têm, também, algum outro transtorno de
ansiedade, como a síndrome do pânico, fobias, transtorno obsessivo-compulsivo, entre outros.
A depressão também está presente em muitos dos pacientes diagnosticados. A relação entre
depressão e ansiedade ainda não é clara, mas ela existe e é bem frequente.
Pessoas com transtornos de personalidade ou humor também são mais propensas ao
desenvolvimento do TAG.
1. Abuso de substâncias
O uso excessivos de drogas, tanto lícitas quanto ilícitas, pode estar relacionado ao surgimento
do transtorno de ansiedade generalizada.
Pode ser que o indivíduo faça o uso de drogas por conta da ansiedade em si, uma vez que
essas substâncias ajudam o paciente a lidar melhor com as sensações provocadas pelo
transtorno, ou a própria condição pode ser um efeito colateral desse abuso.
No caso do álcool, por exemplo, pacientes que passaram por um longo período em abstinência
tiveram uma melhora significativa nos sintomas do transtorno.
Sintomas
1. Pensamentos
O conteúdo dos pensamentos é o que mais entrega um indivíduo com TAG. Pensamentos
extremistas e negativos como “meu marido está atrasado, deve ter acontecido algo com ele”
ou “se o vôo atrasar, eu vou perder minha entrevista” são constantes e aparecem sem motivo
algum.
Esse primeiro pensamento pode ocorrer por um atraso de 20 minutos no trânsito, e o segundo
pode muito bem aparecer na mente do indivíduo mesmo que o vôo esteja programado para
chegar no seu destino 5 horas antes da entrevista.
Frequentemente, essas pessoas pensam que não conseguem desligar seus pensamentos, que
eles simplesmente correm pela mente e não há nada que se possa fazer.
Não importa o motivo, qualquer coisa é vista como uma ameaça para a pessoa com transtorno
de ansiedade generalizada. Ela pode sair de casa já pensando em todas as precauções que
deve tomar caso aconteça algum desastre na rua, ou pode temer incessantemente pelos seus
entes queridos.
O indivíduo não consegue fazer alguma coisa caso não haja certeza que ele vai ser bem
sucedido ou que ganhará algo com isso. Seu medo de “perder tempo” é tão grande que pode
deixar de realizar diversos projetos por conta disso.
Caso a pessoa tenha uma viagem marcada e, logo em seguida, tem um casamento para ir,
meses antes ela já começa a se preocupar se tudo vai dar certo. Essa pessoa não consegue
lidar com questões como se o vôo atrasar ou se ocorrer qualquer imprevisto. A possibilidade
de algo dar errado e perder o casamento atormenta seus pensamentos dia e noite mesmo
muito tempo antes das datas marcadas.
4. Incapacidade de relaxar
Não adianta nada chegar para um portador de TAG e tentar fazê-lo relaxar, apresentando
algumas opções de entretenimento para que ele se distraia. Relaxar é a uma realidade
extremamente distante para essas pessoas.
O indivíduo simplesmente não consegue desligar seus pensamentos daquilo que o atormenta.
Mesmo se estiver assistindo um filme e gostando, alguma coisa no filme inevitavelmente o
lembrará de alguma situação em sua vida, e ele começará a se preocupar com aquilo de novo.
5. Dificuldade de concentração
Por se preocupar constantemente, o portador de TAG costuma ter muitas dificuldades para se
concentrar nas atividades que está realizando. Assim como acontece no filme, que ao invés de
distrair, o faz lembrar do que incomoda, o indivíduo também não consegue se desconectar dos
seus problemas durante o trabalho ou estudos.
8. Perfeccionismo
Pessoas que sofrem com TAG podem demorar muito tempo revisando seus trabalhos da
faculdade antes de entregá-los ou ter problemas no trabalho por demorar demais para
entregar um projeto por se ater muito aos detalhes.
O simples medo de fracassar ou entregar algo abaixo das suas próprias expectativas já é algo
que atormenta gravemente esse indivíduo.
9. Sintomas físicos
Dores no corpo;
Problemas para adormecer ou manter o sono (insônia) por conta da mente hiperativa;
Inquietação;
Bruxismo;
Náuseas;
Diarreia;
Sudorese excessiva;
Tremores e espasmos.
O TAG é muito limitante por ser um distúrbio crônico e constante. O tratamento envolve um
especialista e psicoterapia, além de melhora do estilo de vida (alimentação, exercícios,
atividades que causam relaxamento, regularização do sono e horas de descanso, modificações
do comportamento no trabalho, como respeitar pausas e manter alimentação correta durante
a jornada de trabalho, dentre outros). É necessário muito empenho do paciente e vontade de
melhorar sua vida em todos os aspectos. A tendência é pensar que a ansiedade faz parte de
você e que você a controla, mas, após uma análise verdadeira de sua vida, pode não ser esta a
verdade (analisando fatos e comportamentos repetidos ao longo do tempo). Seja verdadeiro
com você mesmo e avalie melhor seu comportamento e seus sentimentos.