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TERAPIA COGNITIVO-
COMPORTAMENTAL -
ANSIEDADE SOCIAL, ANSIEDADE
GENERALIZADA E FOBIAS
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forma correta, pois, para o diagnóstico do TAG, “os pacientes devem apresentar
a síndrome completa, e seus sintomas também não podem ser explicados pela
presença de outro transtorno de ansiedade comórbido” (Sadock, 2017, p. 410).
Vamos aos critérios:
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Outra característica comum é que os pacientes com TAG têm uma
tendência a se preocupar com coisas que terão um desfecho improvável,
imaginando os piores cenários, envolvendo acontecimentos futuros que ainda não
aconteceram, ou que provavelmente nunca acontecerão. A maioria dos pacientes
com TAG se preocupa “mais”, ainda que com as mesmas coisas que todo mundo
(Dugas; Robichaud, 2009, p. 21; Barlow, 2016, p. 207). Outros aspectos, como
intolerância a incertezas, serão abordados no tema sobre o modelo cognitivo da
TAG.
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manutenção do TAG, o viés principal é o modelo cognitivo de crenças sobre
incertezas. “As crenças básicas conduzem a maneira pela qual pessoas
processam a informação do seu ambiente” (Dugas; Robichaud, 2009, p. 33). Na
parte final das intervenções, no Tema 5, reveremos o uso de outras estratégias
de tratamento, como por exemplo mindfulness, na aceitação da ansiedade.
Vejamos mais detalhadamente os processos cognitivos envolvidos no
modelo de intolerância à incerteza do TAG. O primeiro fator é a intolerância à
incerteza. Aqui, as crenças negativas sobre não conseguir tolerar desfechos
incertos levam os indivíduos a interpretarem as situações ambíguas ou incertas
como negativas, estressantes ou perigosas. O principal efeito da intolerância à
incerteza é tentar prever o máximo possível de desfechos percebendo
pensamentos do tipo “e se...”, que geram altos níveis de preocupação (Rangé,
2011). Por exemplo: imagine um indivíduo com medo de perder o trabalho. Ele
pode superestimar a probabilidade da perda: “Se eu não fizer cada tarefa
perfeitamente, vou perder o meu emprego. E se eu não encontrar outro emprego?
E se os outros empresários souberem que fui demitido deste trabalho e não
quiserem me empregar mais?”. Aqui, a estimativa da probabilidade não é nada
realista (Dugas; Robichaud, 2009, p. 37).
Nos indivíduos com TAG, as preocupações podem estar voltadas a eventos
externos (saúde de um familiar, segurança própria, certos sintomas físicos),
quando são tipicamente usadas como forma de enfrentamento. Com a
preocupação negativa sobre o próprio ato de preocupar-se (ou seja, preocupação
da preocupação), uma pessoa acredita que precisa parar de se preocupar, pois
poderia sofrer consequências ruins, desenvolver doenças físicas, ou problemas
psicológicos – “Vou ter insônia”. (Rangé, 2011).
O segundo fator são as crenças positivas sobre a preocupação, que levam
a um estado de ansiedade:
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e um último objetivo é, pela exposição imaginária, que os pacientes encarem seus
piores medos. (Dugas; Robichaud, 2009, p. 101-102).
Agora vamos à visão geral do tratamento em 16 sessões separadas em
módulos e suas principais técnicas.
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comprometer com certas coisas, como por exemplo com uma amizade ou
relacionamento amoroso, porque o resultado é incerto, e não há garantias
de que vai dar certo; procrastinar, ou seja, deixar para depois o que poderia
estar sendo feito agora; protelar uma ligação porque você não está seguro
de como a pessoa irá reagir. Usar monitoramento do comportamento na
incerteza, para “experimentos de tolerância a incerteza”. Aqui, são eleitos
comportamentos de escolha, sentimento de desconforto ao desempenhá-
los, pensamentos, e depois efetivamente fazê-lo ver quais são os
pensamentos envolvidos.
Módulo 3: Reavaliação das vantagens da preocupação. Objetivos: tratar
crenças positivas sobre as vantagens de se preocupar. Indivíduos com
TAG tendem a superestimar as vantagens de suas preocupações.
Exemplos de crenças: crença de que se preocupar ajuda a encontrar
soluções para problemas; crença de que a preocupação tem uma função
motivacional, garantindo que as coisas sejam feitas; a crença de que a
preocupação pode proteger uma pessoa de emoções negativa, etc. São
identificadas quais crenças o paciente apresenta, depois são formuladas
afirmações questionadoras sobre as vantagens da preocupação específica
dentro da crença nas situações.
Módulo 4: Treinamento de resolução de problemas. Objetivos:
aprimoramento da orientação do problema. Metas: ajudamos o paciente a
reconhecer os problemas e a resolvê-los; reconhecer que os problemas são
parte normal da vida; perceber os problemas como possibilidade e não
ameaça. Utilização de capacidades de resolução de problemas . Metas:
ajudamos o paciente na definição do problema e na formulação objetiva;
com a geração de soluções alternativas; tomada de decisão;
implementação e verificação da solução.
Módulo 5: Exposição imaginária. Objetivos: aprender estratégias
específicas para lidar com preocupações referentes a situações hipotéticas
(que ainda não aconteceram), explicando aos pacientes como a tentativa
de evitar certos pensamentos pode ser contraprodutiva (efeito crescimento
e efeito rebote). Metas: os pacientes aprendem a se expor a uma imagem
mental de seus medos para que se possa tratar a tendência de evitação
cognitiva, por meio de um “miniexperimento” antes de realmente fazerem
alguma coisa. Após a exposição imaginária em sessão, os pacientes são
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orientados a começar a exposição em casa, diariamente, durante 30 a 60
minutos, permanecendo atentos ao cenário pelo tempo necessário até
produzirem uma curva de exposição. Ou seja, ocorre uma elevação do nível
de ansiedade, que permanece alto por alguns minutos, e logo após
retorna-se naturalmente ao nível normal (anterior à exposição). Pode ser
usada também quando há preocupações hipotéticas.
Módulo 6: Prevenção de recaídas. Objetivos: ajudar os pacientes a usar
as habilidades adquiridas com a expectativa de melhora após a última
sessão. Metas: manutenção diária (saber quais estratégias ajudam a se
sentir melhor); identificação de situações de risco (adotar expectativas
realistas de que a ansiedade e a preocupação flutuarão após o fim do
tratamento); preparação para situações de risco (diferenciar um lapso, que
é uma flutuação normal do nível de preocupação e ansiedade, de uma
recaída, que é o retorno ao estágio inicial antes do tratamento). (Dugas;
Robichaud, 2009, p. 123-197).
Uma primeira opção que pode ser usada para complementar aspectos do
tratamento é o treinamento de relaxamento. Seu objetivo é intervir na ansiedade
somática quando o paciente tem dificuldades para colaborar nas intervenções
cognitivas, por ter um nível de ansiedade somática muito alto. (Marques, 2016).
Uma segunda opção é o uso das Terapias Baseadas em Aceitação, entre elas a
Mindfulness, desenvolvido por Jon Kabat-Zinn. No geral, a prática de Mindfulness
na ansiedade traduz um treinamento mental de atenção voltado para o aqui e
agora, e novas habilidades de lidar com os pensamentos ruminadores e as
interpretações catastróficas, permitindo uma melhora gradual dos sintomas nos
quadros de ansiedade.
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Outros modelos baseados em Aceitação são MBCT (Terapia Cognitiva
baseada em Consciência Plena, de Segal, Teasdadela e Williamns); ACT (Terapia
de Aceitação e Compromisso, de Hayes, Strosahl e Houts); e TCD (Terapia
Comportamental Dialética).
SUGESTÕES DE LEITURA
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REFERÊNCIAS
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