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TAG - Transtorno de Ansiedade Generalizada

Marisa Graziela Garcia Marques Morais

TAG é um transtorno de ansiedade que se caracteriza por preocupação excessiva, desproporcional ou sem motivo.
Freud deu um nome interessante para TAG: “neurose da angustia” - se refere a ansiedade generalizada e
persistente.

Esta ansiedade é acompanhada por sintomas físicos que causam prejuízos sociais, abrangendo até mesmo as
relações de trabalho e familiares além de acentuado sofrimento psíquico devido à intensa auto observação.

Como o estado de ansiedade perturba a visão que a pessoa tem a respeito de si mesma, e a respeito do que
acontece no ambiente, é necessário que esse diagnóstico seja sempre feito por um psicólogo. Pois este psicólogo
poderá ajudar a identificar, dentro do que é descrito pelo paciente, o que é percepção distorcida pela ansiedade e
o que é realidade.

O transtorno de ansiedade generalizada costuma ser crônico e duradouro com pequenos períodos de remissão dos
sintomas. Geralmente leva o paciente a sofrer em estado de ansiedade elevada durante anos.

A TAG, transtorno de ansiedade generalizada é diferente da ansiedade comum. As pessoas com TAG costumam
ter dificuldade em buscar ajuda de um psicólogo de imediato pois é comum sentirem uma série de sintomas
somáticos, como fadiga e insônia, e acabam por procurar um médico acreditando tratar-se de doença orgânica e
não psicológica. Com sorte este médico identifica a origem dos problemas e orienta a procurar um psicologo. Mas
caso você já tenha procurado um médico e foi simplesmente dispensado com a informação de que "você não tem
nada" entenda esta informação como uma dica para procurar psicoterapia pois ele está dizendo que você não tem
nada na área de atuação da medicina mas tem algo na área de atuação da psicologia.

Além disso, as pessoas com TAG – Transtorno de Ansiedade Generalizada - costumam se sentir deprimidas,
desmoralizadas, socialmente ansiosas, assim o quadro depressivo acaba sendo considerado o problema principal
mantendo o TAG sem tratamento.

O que é Ansiedade Generalizada


Transtorno de Ansiedade Generalizada trata-se de uma ansiedade bastante severa onde sofre-se de expectativa
apreensiva e excessiva.

Para ser considerado TAG – Transtorno de Ansiedade Generalizada – os sintomas devem estar presentes na maioria
dos dias, por mais de seis meses e prejudicar áreas importantes da vida como trabalho, estudo, vida familiar, etc.

O portador de TAG – Transtorno de Ansiedade Generalizada - se preocupa tanto que acaba não conseguindo
controlar preocupações básicas do dia a dia, nem resolver pequenos problemas, pois sua visão é que não existem
pequenos problemas, qualquer problema é sentido como uma grande questão.

Na TAG aparecem sintomas de ansiedade, preocupação crônicas e falta de controle sobre estas preocupações.
Algumas pessoas apresentam medos difusos outros tem preocupações bem específicas que podem ser medo de
fracassar, preocupação com suas finanças, com saúde, etc. A pessoa passa a sofrer intensamente, não é capaz de
chegar a uma solução, não é capaz de tomar uma decisão ou de atuar de forma decidida e viver com tranqüilidade,
ao contrário, fica dando voltas e voltas, só pensando em tudo o que pode estar errado, foca os pensamentos nas
dificuldades reais e imaginárias. Ao invés de chegar a uma solução eficiente tortura-se com todos os erros que
possa ter cometido no passado ou que pode cometer agora.

Ou seja o ansioso não consegue se concentrar no que de fato é relevante. Dormir não costuma ser um bom descanso
pois muitas vezes tem dificuldade em pegar no sono pois sua mente permanece trabalhando em grande velocidade
lembrando tudo o que de ruim já aconteceu ou no que pode acontecer amanhã, depois de amanhã, e para o resto
da vida. Quando adormece costuma ter o sono perturbado, acorda cansado com sensação de apreensão.

Preocupação desproporcional
O preocupado crônico está em eterno estado de alerta, sempre preparado para fugir, mas à toa, porque não há
nada real que mereça o comportamento de fuga. A preocupação prepara o corpo para ação, sentindo tremores,
tensão, dor muscular, principalmente no pescoço, costas e ombros.

É uma espécie de inquietude com tendência a ficar casado o dia todo.

Pode também aparecer os sinais de ativação do sistema nervoso simpático, o coração trabalha mais, dá
palpitações, a pessoa chega a sentir o coração batendo no peito. Outros sentem uma pressão com dificuldade para
respirar, falta de ar, sensação de que está se afogando, dificuldade pra engolir, rajadas de calor ou de frio. A
pressão sobe. Pode aparecer náuseas, gastrite, diarréia, etc. etc.

As pessoas que sofrem com TAG mantém preocupações crônicas e excessivas com prejuízos emocionais e
fisiológicos, ou seja tanto a mente como o corpo padecem. Outros problemas podem surgir em decorrência da
TAG, os mais comuns são depressão, ataque de pânico, abuso de drogas ansiolíticas e até de álcool. Ou seja, a
qualidade de vida será deteriorada pela ansiedade e pelos problemas comórbidos, como por exemplo a depressão o
pânico,etc.

Ansiedade é o mesmo que preocupação?


Muitos definem a preocupação como ocupar-se de coisas antes delas acontecerem, mas é mais do que isso.
Preocupar-se é fazer previsões negativas que nem sempre são tão prováveis assim. Por exemplo, preocupação com
uma viagem constitui-se de fazer previsões quanto á algo dar errado com o hotel, achar que o carro pode furar o
pneu, que pode acontecer um acidente. Vejam que em tudo isso pode haver uma base verdadeira pois nada disso é
impossível de acontecer, mas desistir da viagem, ou sofrer com a viagem por causa dessas possibilidades, tão pouco
prováveis, é sofrer inutilmente.

Há dois aspectos interessantes com a preocupação:


a- Considerar que coisas muito ruins vão acontecer;
b- Crer que não terá condições para enfrentar essas coisas horríveis que imaginou.

Ansiedade patológica é imaginar que, por exemplo, você não conseguirá falar com aquela pessoa porque ela não lhe
dará a mínima atenção, será tão horrível que você não suportará.

Ou seja, as pessoas que se preocupam de forma desproporcional são especialistas em descobrir tudo quanto é
problema, que muitas vezes não existem, e se sentem incapazes de encontrar solução pra esse monte de
problemas ou de enfrentá-los de uma forma equilibrada.

O Transtorno de Ansiedade Generalizada é identificado quando há no


mínimo três destes sintomas:
1- Inquietude - sensação eterna de ter algo para fazer e não sabe o que.
2- Fatigar-se facilmente - mal começou um trabalho e já está cansadíssimo.
3- Dificuldade para se concentrar - não conseguir ler um livro pois os olhos passam pela página mas não absorve
o conteúdo, ou mantém a mente em branco, a cabeça longe, no mundo da lua.
4- Irritabilidade - alguém diz algo e mesmo que levemente desagradável e você já reage impulsivamente e de
forma muito mais agressiva do que seria necessário.
5- Tensão muscular - dor nas costas, nos ombros, nas pernas.
6- Perturbação do sono - dormir demais ou de menos, acordar no meio da noite ou não conseguir iniciar o sono.

É comum a pessoa que passa por esse quadro dizer que está estressada. Não deixa de estar certa, mas estresse não
é um diagnóstico muito preciso, pois estresse pode ser aliviado diminuindo o ritmo de trabalho, mas a TAG –
Transtorno de Ansiedade Generalizada - não. Não adianta tirar férias porque você leva o problema para a praia,
para o campo, para onde for.

Preocupação típicas do Transtorno de Ansiedade Generalizada


As preocupações mais comuns referem-se à família, questões econômicas, trabalho, doenças, e relacionamentos
com outras pessoas.
Não digo que não devamos nos preocupar com essas coisas, mas uma coisa é a preocupação que te ajuda a
enfrentar e resolver os problemas e outra é a preocupação que paralisa e não só não resolve o problema como o
aumenta. Por exemplo, na preocupação normal com a saúde, a pessoa se agasalha antes de sair de casa, mas na
preocupação patológica, a pessoa deixa não sai de casa.

A preocupação normal quanto a apresentação de um projeto no trabalho faz a pessoa caprichar e se dedicar para
ter uma boa apresentação, mas a preocupação patológica faz a pessoa gaguejar, suar e realizar uma péssima
apresentação onde ninguém aprova sua ideia de tão mal apresentada. Preocupação normal com a família consiste
em ligar de vez em quando para saber se está tudo bem, mas preocupação patológica seria acordar no meio da
noite pensando que pode ter acontecido algo ruim com seus pais.

O interessante com o portador de TAG – Transtorno de Ansiedade Generalizada - é que ele não tem dificuldade em
encontrar solução para seus problemas, ele até sabe tudo o que deveria fazer, mas sente uma dificuldade enorme
em aplicar esses conhecimentos. O portador de ansiedade generalizada é até capaz de dar ótimos conselhos para
outras pessoas, só não consegue aplicar nele mesmo. Por exemplo, um rapaz que está paquerando uma garota pode
estar muito preocupado em conseguir sair com ela. Ele sabe que tudo tem o momento certo, mas acaba ligando
para moça às três da madrugada dizendo que está apaixonado - é claro que ela vai se assustar e não o considerará
boa opção.

Quando se está ansioso demais as possibilidades de tudo dar errado aumentam. Isso acontece devido a uma
característica muito interessante desse quadro chamada intolerância à incerteza - ou seja, a pessoa não admite
esperar por algo, não admite que nem tudo depende dele, não admite não ter certeza de tudo. Simplesmente não
suporta a incerteza.

Porquê as pessoas se fixam tanto em preocupações sofridas e inúteis?


Por causa das famosas crenças internas disfuncionais - aqueles pensamentos disfuncionais que algumas pessoas
põem na cabeça, atrapalham tanto e são tão difíceis de se livrar. Como por exemplo, a crença de que a
preocupação o ajuda melhorar na vida - ele acha que quanto mais se preocupar mais fácil encontrará soluções para
os problemas. Ele acha que quanto mais preocupado mais controle terá da situação. Doce engano. Quanto mais
preocupados ficarem mais conseguirão evitar que coisas ruins aconteçam. Doce engano.

Vigilância e Evitação
São dois comportamentos típicos do portador de Transtorno de Ansiedade Generalizada. O intolerante às incertezas
se torna vigilante, sempre alerta e preocupado com o que de ruim pode acontecer. O intolerante á excitação
emocional, ou seja não suporta passar por emoções mais fortes as evita, foge, cai fora de toda situação que pode
mexer uma pouco mais consigo. Alguns flutuam de um comportamento extremamente vigilante para outro de
extrema evitação. Ou seja, ou fica assustado, em estado de alerta, ou foge da situação como se fosse uma
catástrofe.

O interessante é que a vigilância diminui a incerteza, mas aumenta a excitação emocional, e a evitação diminui a
excitação emocional mas, aumenta a incerteza. Ou seja, nem a vigilância nem a evitação te ajudam no controle da
ansiedade.

Esses dois comportamentos só aumentam a ansiedade e a preocupação apesar de darem a sensação de controle.
Quanto mais você se torna um vigilante, alerta a tudo quanto é perigo, mais verá perigo onde não tem. Ex: seu
filho vai para uma festa e você fica em casa feito louco sofrendo e ligando de meia em meia hora até sua volta. Ou
seja, quanto mais atento você estiver às ameaças, mais você verá ameaça onde não tem.

Por outro lado, aquele que evita as situações, de tão preocupado e ansioso, só aumentam cada vez mais essas
preocupações porque não se dará chance de ver que a gravidade não é tão grande assim. Quanto menos você
enfrentar pior fica. Ás vezes uma coisa que pode ser resolvida facilmente acaba se tornando um grande problema
por não ter sido enfrentado antes. Por exemplo, aquele que não vai ao médico com medo de ouvir que tem algo
muito ruim aumentará a probabilidade de se deparar com quadro complicado pois a falta de tratamento agravou o
quadro.

É interessante como a cabeça das pessoas ansiosas são criativas para arrumar lógica onde não existe. Por exemplo,
o caso de uma senhora que se preocupava demais com a saúde do neto, foi viajar e quase nem desfrutou direito da
viagem achando que poderia acontecer algo ruim com ele, mesmo que este neto estivesse com os pais que são
pessoas competentes. Quando voltou da viagem viu que o neto estava bem e finalmente ficou aliviada. Mas por
coincidência logo depois este neto ficou doente. Pronto! Na cabeça dela o neto só ficou doente porque ela parou de
se preocupar, e isso “provou” que ela não deve parar de se preocupar com ele. Você imagina o sofrimento que
deve ser levar uma vida assim?

Dois tipos de preocupação


- 1 Preocupação com o que pode acontecer
- 2 Preocupação com a própria preocupação - isto é, a pessoa acha que pode perder o controle por se preocupar
tanto. Esta é a sensação de quem sofre de pânico, a pessoa acha que vai enlouquecer de tanta ansiedade, sente
que a própria preocupação o deixará doente.

Algumas vezes o ansioso parece que gosta de se preocupar, acha que se preocupar é bom pois assim pode evitar o
pior.
As pessoas com ansiedade generalizada estão em menor contato com suas próprias experiências afetivas. Evitam,
até sem perceber, as emoções do dia a dia. Talvez estejam evitando algo mais profundo, medos, traumas passados,
relacionamentos, etc. Por exemplo, uma senhora que se preocupava exageradamente como casamento do filho,
descobriu-se que na realidade, ela tinha medo que seu filho não estivesse firme em seu emprego e acabaria tendo
que morar com ela e a nora em sua casa e assim teria que sustentar a todos, o filho se tornaria um alcoólatra a
acabaria se tornando um miserável. Sendo assim a preocupação com o casamento torna-se uma proteção pois fica
até mais leve se preocupar só com o casamento, mesmo que seja uma preocupação desenfreada, do que permitir
que seus pensamentos que seu filho poderia se tornar um miserável.

A ansiedade generalizada também acaba servindo para distrair de eventos do passado muito tristes, assim
substitui-se uma preocupação que seria muito mais difícil de lidar com outra mais superficial e até banal, mas que
acaba sendo de uma intensidade tal que ofusca o evento inicial.
A terapia ensina a pessoa a se focar no presente, não no passado nem no futuro.
As preocupações do TAG - Transtorno de Ansiedade Generalizada -
podem ser divididas em três categorias, e cada uma delas exige um
tratamento diferente
1-Problemas que estão ancorados na realidade e são modificáveis. Temos como exemplo preocupações referente a
alguma discussão que a pessoa teve, algum desentendimento ou preocupação em se vestir de forma apropriada
para uma determinada situação, chegar a tempo num compromisso, consertar o carro, fazer uma reforma em casa,
enfim tudo são preocupações baseadas em coisas que de fato estão acontecendo, podem ser modificadas, mas
ainda assim quem sofre de TAG passa por essas coisas como se fossem verdadeiras catástrofes em suas vidas,
percebemos isso quando a pessoa conta que está passando por esses problemas e no rosto dela você já sente o
sofrimento, e vê como ela se comporta de forma totalmente ineficiente com relação à essas questões que seriam
relativamente simples.

2-Problemas ancorados na realidade e não são modificáveis. Por exemplo a morte de uma pessoa querida, a
pobreza no mundo, guerras, aumento da violência, injustiças. Existe uma quantidade de pessoas muito grande que
sofre intensamente, e sinceramente, com as mortes que ele assiste na TV, tudo bem, todos temos uma
sensibilidade que pode até ser bonita, mas quando essas sensibilidade te deixa de luto e talvez a pessoa não vá
trabalhar depois da queda de um avião, mesmo que não haja ninguém conhecido neste avião, aí podemos pensar
sim num quadro clínico onde deve-se trabalhar essa ansiedade desproporcional.

3-Acontecimentos muito improváveis que não se baseiam na realidade e por isso não podem ser modificáveis. Se
refere às pessoas que se preocupam com coisas que além de serem altamente improváveis, não se baseiam na
realidade e portanto não pode ser modificável. Como por exemplo, o medo de virar um mendigo, ou medo de ficar
gravemente doente quando não se tem nenhum indicio de problema de saúde.

Crenças que fazem as pessoas manterem suas preocupações como se


fossem suas melhores amigas
Muito ansioso não se livra da preocupação porque acha que ter preocupação é bom. Existem várias crenças que a
pessoa vai aprendendo desde a infância, como por exemplo:
- Crença sobre as pessoas despreocupadas serem “cabeça de vento”, ou seja, para ser digno e respeitável tem que
ser uma pessoa que se preocupa, e quanto mais se preocupar mais digna será a pessoa. Esse é o tipo de crença que
faz as preocupações grudarem em você.

- Crença sobre ser bom preocupar-se porque quanto mais a gente se preocupa mais “evita que algo ruim aconteça”,
quanto mais eu me preocupar com a prova melhor eu vou na prova. Quanto mais eu me preocupar com a saúde da
minha mãe mais eu estou garantindo que ela não vai ficar doente nunca. Sabemos que é pura bobagem pois quanto
mais você se preocupa com a prova mais ansioso e tenso fica, e mais difícil de responder a tal da prova e quanto
mais você se preocupa com a saúde da sua mãe mais você está debilitando a sua própria saúde.

- Crença sobre a preocupação aliviar a culpa. Algo do tipo “Eu não sou responsável pelo casamento ter dado errado
porque eu me preocupava com o casamento”. Sabemos que não é bem assim, não é só porque você se preocupou
com uma coisa é que você fez o que era realmente o melhor para a coisa.

- Crença onde preocupação pode te distrair de preocupações maiores. Por exemplo, enquanto você está
loucamente preocupado com as vitimas do avião da TAM você não precisa se preocupar com aquele trabalho que já
está com o prazo estourado pra entregar.

- Crença de que quanto mais você se preocupar com uma coisa mais facilmente encontrará a solução dessa coisa.
Quanto mais eu passar as noites em claro procurando uma saída para meu problema mais perto estarei da solução.
Outra bobagem, porque quanto mais noites em claro mais fraco você fica para resolver qualquer coisa.
Por exemplo, um paciente que tinha duas preocupações muito fortes, a primeira o medo de ficar gravemente
doente e a segunda que alguém da sua família pudesse ficar gravemente doente. A preocupação com a própria
saúde era justificada dizendo que ele precisava saber de qualquer doença o quanto antes, e se ele não se
preocupasse poderia passar desapercebido pelos primeiros sintomas de algo muito grave. Quanto a preocupação da
doença de alguém da família ele acha que era útil porque se realmente alguém ficasse doente ele não se sentiria
culpado porque tinha se preocupado antes, então estaria tudo bem, para ele pelo menos.

Enfim a cabeça do ser humano consegue dar muitas voltas a procura de sofrimento. É claro que sempre há uma
saída, a psicoterapia é o processo no qual você aprende a controlar a ansiedade.

Como uma pessoa adquire o Transtorno de Ansiedade Generalizada?


Muitas vezes é uma caraterística de personalidade ou seja, desde que nasce a mãe já percebe que a criança é
difícil, chora muito, tem dificuldade para dormir, tem medo de tudo, dificuldade de ir para escola, dificuldade
para ficar sob os cuidados de outras pessoas, etc.

Há também os fatores ambientais como o reforço da evitação, ou seja a criança tem medo de alguma coisa e a
família querendo proteger não o incentiva a enfrentar e superar os medos. Pais super protetores ou controladores
limitam a interação da criança com o ambiente, mães que querem fazer tudo pela criança, ou mães intrusivas que
não a deixam aprender por si mesma.

Existe também a possibilidade de transmissão de medos, a criança aprende a ser medrosa, ansiosa, preocupada
vendo os adultos se comportando assim. Por exemplo, pais muitos preocupados com a segurança quando sai à
rua, mantém os vidros sempre fechados, fazem muitos comentários sobre os perigos da vida, estão ensinando seus
filhos a serem ansiosos sem saberem, e a criança acaba aprendendo que o mundo é um lugar muito mais perigoso
do que é de verdade.

Eventos estressantes na infância também podem colaborar pra formar uma pessoa ansiosa, morte de pessoas
queridas, entrada na escola de forma traumática, etc.

O Transtorno de Ansiedade Generalizada tem cura?


A psicologia desenvolveu uma série de técnicas que podem ser aplicadas pelo psicólogo, tais como a exposição
interoceptiva, reestruturação cognitiva, o controle da preocupação, relaxamento progressivo, prevenção de
resposta, técnicas de resolução de problemas, enfim existem muitos caminhos.
Tanto a Terapia Cognitiva Comportamental, que é uma terapia objetiva, voltada pra resultados como a psicanálise
trabalham muito bem este quadro. Logo no inicio da psicoterapia o psicólogo faz uma lista de metas terapêuticas,
você sabe que a terapia surtiu efeito ao comparar a lista que fez no inicio e os ganhos que teve no decorrer da
terapia. Não é só uma sensação subjetiva de bem estar. É possível obter uma constatação concreta de mudanças no
seu modo de levar a vida.

O que é a psicologia propõe para resolver esse problema?


Há boas opções para tratamento do transtorno da ansiedade generalizada em várias linhas terapêuticas. Tanto a
TCC - Terapia Cognitiva Comportamental – como a psicanálise, junguiana, terapia corporal trabalham muito bem
tantos os aspectos cognitivos, ou seja os pensamentos, as idéias os conteúdos mentas, como o comportamento e as
atitudes. Durante o tratamento o psicólogo aplica a reestruturação cognitiva, ou seja trabalha o que cada uma
dessas preocupações significam, quando começaram, qual a causa - a origem desse sofrimento, e trabalha
também a carga emocional com os exercícios psicológicos.

Existe uma técnica chamada “Treino no Manejo da Ansiedade” - são exercícios que o psicólogo ensina na clínica e
você leva como lição de casa e aplica na sua vida cotidiana. Dentro deste treino de manejo de ansiedade o
psicólogo ensina as quatro habilidades de enfrentamento por meio de vários tipos de relaxamentos: relaxamento
progressivo, o relaxamento sem tensão, a respiração correta, imagens de relaxamento, e o relaxamento por sinais.
É importante tratar a TAG pois é muito comum que apareçam conjuntamente depressão ou pânico tornando o
quadro incapacitante para este paciente.
Existe tratamento. Não deixe a ansiedade tomar conta de sua vida. Controle-a antes de ser controlado por ela.

(por Artur Scarpato)

A pessoa ansiosa vive tomada de preocupações, expectativas sobre algum perigo que ronda, algo que possa dar
errado, que ela possa passar mal… Sua mente é produtora de pensamentos e imagens em série que antecipam
perigos e criam cenários catastróficos.

A pessoa vive voltada para o futuro, interpretando os dados atuais como indicadores potenciais de que algo possa
dar errado, sair do controle, iniciar algum processo caótico…

Em sua mente começa a se projetar um filme com cenários catastróficos. Longe do momento presente e atenta a
este filminho, a pessoa “sofre por antecipação”. Ela ainda não entrou no avião mas já sofre com a idéia de que
pode passar mal lá dentro e não tenha como sair. Estando ainda em casa a pessoa sofre ao se imaginar passando
mal na frente dos colegas na reunião do escritório. Temendo ter uma crise de pânico a pessoa evita sair e expor-se.

A projeção de cenários de perigo leva a um sofrimento antecipado e comportamentos de evitação.

Muitas destas expectativas derivam do receio de repetir algum episódio de ansiedade vivido, um medo de repetir
um trauma. Porém é comum que a pessoa exagere muito nesta expectativa imaginando que o resultado pode
ser muito pior do que foi na última vez…

É importante se diferenciar deste cineasta do terror que cria tantos filmes mentais com enredos e cenários
assustadores, deixando o sujeito em estado de sobressalto e ansiedade frequentes.

Neste estado de alerta há pouca abertura para experiências novas. A pessoa vive em predisposição para o
perigo, onde as experiências facilmente disparam ansiedade, pensamentos negativos e reações fisiológicas de
estresse.

Estes padrões cristalizados de alerta e ansiedade tornam a vida da pessoa uma sucessão de experiências repetitivas
e carregadas de sofrimento, acompanhadas de uma tendência a comportamentos de recuo e evitação.

É importante sair deste estado reativo e aprisionante e caminhar para um estado receptivo. Enquanto o estado
reativo é de repetição automática de padrões (de alerta, de ameaça, de luta e de fuga), o estado receptivo é um
estado de abertura ao novo, onde o encontro com o que se apresenta pode despertar respostas inéditas,
diferentes do padrão habitual. No estado recetivo há disponibilidade para os encontros e maior clareza na
percepção da realidade.

Mas como caminhar de um estado reativo para um estado receptivo?

Precisamos de práticas diárias, o método que realmente funciona para mudanças desta natureza, técnicas
praticadas com constância. Precisamos criar presença, trabalhando a mudança do eu centrado no pensamento (eu
que pensa) para o eu centrado na experiência (eu que observa).

Como a pessoa ansiosa é escrava dos cenários futuros negativos que sua mente cria, criar presença afeta duas
questões centrais:

1 – ajuda a pessoa a parar de sofrer por antecipação


2 – a coloca em contato com aquilo que ela realmente precisa começar a tolerar, sejam suas reações corporais ou
os sentimentos de abandono e desamparo.

Criar presença é um passo fundamental para desativar o estado de alerta e entrar no estado receptivo, estar
presente na vida.

A desconstrução da reação de ansiedade para torná-la uma experiência assimilável é parte de um tratamento
psicológico especializado.

Um bom caminho terapêutico passa por:

- Cultivar e fortalecer o “eu que observa” através de práticas de atencão plena, aprendendo a contemplar e
discriminar a paisagem interna de reações corporais, sentimentos, pensamentos etc.

- Identificar e se diferenciar das fantasias e pensamentos negativos que assustam e criam cenários temíveis.

- Expor-se gradativamente a situações e estímulos que produzem ansiedade, para criar uma habituação ao
desconforto sem brigar com o que sente.

Assim a pessoa aprende a criar um espaço de continência para a ansiedade, aprendendo a conviver com este
estado sem ter a vida paralisada e o pensamento escravizado com preocupações de passar mal.

Neste processo, o “monstro” da ansiedade vai sendo gradativamente redimensionado e os transtornos de ansiedade
vão cedendo caminho para a continuidade do crescimento psicológico.

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