Você está na página 1de 3

Resenha 1 – Hobsbawn

Julia Rodrigues Silva

11202230751

I.
Iniciando o capítulo, Hobsbawn apresenta um paradoxo interessante do século XX,
em que apesar de ser um período altamente dependente das ciências naturais,
houve problemáticas crescente em relação a elas. Ele destaca o crescimento
impressionante do número de cientistas durante 1910 e 1980, que dobrou nos vinte
anos após 1970, nas economias avançadas.
Embora os cientistas ainda fossem uma pequena parte da população, o número
deles continuou a crescer de forma impressionante, especialmente após a revolução
educacional da segunda metade do século. O texto destaca que os cientistas de
fato eram cada vez mais selecionados por meio de artigos científicos, que se tornou
o bilhete de entrada para a profissão. Além disso, os países gastavam muito
dinheiro em atividades científicas, especialmente nos países mais capitalistas.
Após a “Era das catástrofes” e o crescimento do Fascismo, ocorre uma mudança do
centro de gravidade da ciência eurocêntrica para os EUA. Também surgem centros
de pesquisa independentes em outros países colonizados pela Europa, como
Canadá, Austrália e Argentina, além da ascensão de cientistas não europeus do
Leste Asiático e do subcontinente indiano.
Hobsbawn também apresenta a importância da ciência no século XX, enfatizando
que ela foi fundamental para o desenvolvimento tecnológico da época. O autor
destaca que a ciência avançada, que demanda anos de formação especializada,
tinha uma gama limitada de aplicações práticas até o final do século XIX. Porém, a
partir desse momento, as descobertas científicas começaram a ter um impacto cada
vez maior na vida cotidiana das pessoas, como por exemplo, nas áreas da indústria,
comunicações e medicina. O autor sugere que a ciência foi um dos principais
motores para o desenvolvimento da sociedade moderna, e que sem ela, muitos dos
avanços tecnológicos do século XX não seriam possíveis.
Contudo, por um tempo no século XX, muitas áreas da vida continuaram sendo
governadas pela experimentação, habilidade e difusão de conhecimento. Hobsbawn
diz que foi somente no último terço do século XX que a ciência se tornou uma parte
fundamental da vida cotidiana e onipresente, impulsionando o boom econômico e
permitindo avanços significativos na agricultura, medicina e outras áreas.
A transformação da ciência de laboratório em tecnologia acelerou, especialmente
com a explosão de teoria e prática da informação. Isso resultou em uma tecnologia
que não exigia compreensão dos usuários finais, e o autor dá como exemplo os
caixas automáticos nos supermercados, essa tecnologia exigia pouco dos
operadores humanos.
O autor destaca que a religião, que nos séculos passados tinha grande aversão à
ciência, se tornou tão dependente dela quanto qualquer outra atividade humana no
mundo desenvolvido.
Porém com a ciência e tecnologia dominando a vida cotidiana e até a região,
surgem riscos associados a ela, e Hobsbawn cita o stalinismo e o nacional-
socialismo alemão, que rejeitaram a ciência mesmo quando a usaram para fins
tecnológicos. E mesmo que a tentativa de colocar a ciência em “uma camisa-de-
força” ideológico não funcionou, ainda existe um desconforto em relação a própria
ciência.
Hobsbawn também analisa as consequências potenciais da ciência e como a
evolução das ciências naturais levou a um rompimento com a experiência dos
sentidos e o senso comum com a criação de bombas atômicas, e o autor também
destaca a importância da física, que continuou sendo a disciplina que teve mais
influência no século XX.
II.
Na segunda parte, o autor utiliza exemplos para argumentar que a física não é algo
linear, e a ciência sempre está aberta à nova descobertas e a rever conceitos que
um dia já foram considerados verdade.
Mesmo essa característica da ciência garantir novas descobertas, essa “não-
linearidade” gera uma “crise das fundações”, que abalou a imagem geral que os
cientistas tinham no mundo. A crise e a incerteza da época, com episódios como a
Grande Depressão e a ascensão do nazismo, foram fatores que abalaram a
confiança em valores fundamentais da vida pessoal e social, além de gerarem
questionamentos sobre as próprias teorias científicas. No entanto, os avanços
científicos foram vistos como motivo de otimismo pelos cientistas, que enxergavam
um futuro promissor e acreditavam na continuidade de grandes descobertas.
III.
No terceiro segmento, Hobsbawn discorre sobre a relação dialética entre ciência e
política após os eventos da Segunda Guerra Mundial, com ênfase na Guerra Fria. O
historiador argumenta que no Ocidente as ciências naturais não tinham inclinações
políticas, somente tinham ênfase nas descobertas intelectuais e serviam de
patrocínio governamental, empresarial e militar.
Por outro lado, lado, na região soviética do globo, a ciência se tornou cada vez mais
política à medida que avançava a segunda metade do século. Os cientistas
soviéticos constituíam a “nova classe média” profissional tecnicamente formada que
reconheciam as fraquezas e limitações do sistema soviético. Concentrados em
institutos de pesquisa ou "cidades da ciência" especiais, articulados e com certo
grau de liberdade concedido pelo regime pós-Stalin, os cientistas soviéticos
aprimoraram seu ambiente de pesquisa.
IV.
Na quarta parte, Hobsbawn aborda a relação entre as flutuações políticas e
ideológicas e o progresso das ciências naturais. Enquanto as ciências sociais e
humanas são mais suscetíveis a influências ideológicas, as ciências naturais têm
limites impostos pela metodologia empirista, o que as impede de serem
ideologizadas. No entanto, a ciência reflete sua época e algumas mudanças
importantes, e o autor usa de exemplo a teoria do quark. Essa parte também
menciona a influência dos avanços tecnológicos, especialmente dos computadores,
na pesquisa científica e na compreensão do cérebro humano, além do surgimento
da economia, diretamente influenciada por ideologias e filosofias, ganha forma como
uma “teologia secular”.
V.
Na parte final do capítulo, o historiador discute sobre o início do ambientalismo com
a crescente preocupação com as implicações da tecnologia baseada na ciência no
planeta Terra a partir da década de 1970. A descoberta de que os fluoro carbonos
(CFCs) estavam consumindo a camada de ozônio da Terra gerou preocupação
sobre as mudanças fundamentais e talvez irreversíveis que a tecnologia poderia
causar no planeta. Além disso, o efeito estufa tornou-se uma preocupação
importante dos especialistas e políticos na década de 1980. Tais preocupações
levaram a questões políticas e ideológicas que cercaram as ciências naturais e
penetraram até mesmo em ramos das próprias ciências. As implicações da
tecnologia na ecologia e na vida humana levaram a debates sobre a necessidade de
limitações práticas e morais à investigação científica.
Hobsbawn também destaca como as descobertas do DNA e genética tornaram-se
ideológicas, abordando no livro questões relacionadas a raça, igualdade e
determinismo genético, destacando que “a revolução do DNA” teve um impacto
gigante na ciência e na sociedade, porém, em sua opinião, é importante abordar
essas questões sem ideologias, sendo essa a maneira responsável.

Você também pode gostar