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UFABC – Ciência tecnologia e sociedade

Aluno: Marcos Mendonça Sodré


RA: 11201722438

Resenha: Era dos extremos – Eric Hobsbawm

Nesse texto, Eric Hobsbawm analisa como as relações entre sociedade,


ciência(considerando também os seus agentes, os cientistas) e tecnologia
se deram no contexto globalizado do século XX, uma era onde os
extremos e opostos se atraíram com brutalidade extrema e, no meio
desses conflitos e atritos, a sociedade se viu dividida entre desejos
contraditórios. Se por um lado a ciência permitiu um avanço tecnológico
sem precedentes na história humana, gerando conforto, integração de
pessoas e conhecimentos, por outro também criou aberrações
assustadoras e, gerou medo em diferentes níveis, mas quase que
onipresente por todos os grupos humanos. Perante estes dois sentidos
opostos, aceitar a ciência de bom grado recebendo também as suas
problemáticas, ou recusá-la e sofrer com a sua ausência, a sociedade do
século passado escolheu o conflito hipócrita em alguns casos e tão real
quanto a maior das guerras já travadas em outros.
O avanço científico e tecnológico no século XX é marcado por uma
sequência de fatos onde este gera alguma alteração e reação na
sociedade, que por sua vez geram reações no meio científico. É sem
dúvidas um sistema complexo interligado que num contexto de
globalização cada vez maior, tem repercussões cada vez mais fortes, e
neste momento, o fator político/militar ganha não apenas grande
relevância, mas se torna o centro das atenções, ofuscando tudo mais. Isso
é possível ser observado na medida em que o avanço científico e
tecnológico criou ferramentas de comunicação em massa,
desenvolvimento de armas e tecnologias de informação, além do
acirramento da disputa no meio industrial que criou toda a circunstância
para o desenvolvimento de uma guerra, que culminou em uma migração
de cientistas da Europa para os EUA. A criação da bomba atômica é o
reflexo dessa concentração de cientistas, é a faísca do atrito entre uma
ciência que pode ser grandiosa e perigosa, com interesses político
conflitantes.
É fácil entender as reações de desconfiança de boa parte da sociedade
com relação a ciência se levar em conta que ela evolui de tal maneira que
não estava mais presente na experiência diária, e que esta agora era
direcionada pela matemática, ou seja, complexas teorias agora
dominavam o campo científico, e aquelas especulações com o passar do
tempo possibilitavam a criação de tecnologias utilizadas e massa, surgindo
quase como por mágica. Estava sendo introduzido na sociedade
elementos totalmente desconhecidos que, hora geravam reações de
repulsa e medo histérico, e hora eram completamente ignorados, sendo
observados com total tédio. Isso dá as reações sociais um caráter de total
aleatoriedade e misticismo, afinal não podendo avaliar moralmente se
essas reações estão certas ou erradas, é perceptível por outro lado que
elas não passam por qualquer tipo de análise na maioria dos casos.
Apesar disso, nesse século a ciência se espalha para mais regiões do
globo; mantendo-se concentrado agora nos EUA, a Europa e a Rússia se
mantém logo atrás tendo agora como companhia países da região Asiática
que tem um especial destaque, graças ao seu grande desenvolvimento.
Outros países como Canadá, Austrália e a Argentina também acumulam
méritos, se tornando pontos de pesquisa e desenvolvimento
independentes. Porém o panorama geral continua constante, as pesquisas
são em sua maioria feitas em países capitalistas desenvolvidos,
normalmente com parcerias (com exceção dos EUA) e grandes
investimentos dos estados. Esse efeito aglutinador da ciência em torno
dos recursos e estruturas também é observável no âmbito dos próprios
estados, onde as melhores universidades eram responsáveis por grande
parte de todo o conteúdo científico produzido.
É claro e evidente que o fator financeiro é em grande medida
determinante quando se fala em desenvolvimento científico a partir do
século XX, é notável que grandes quantias investidas de maneira eficiente
nos maiores cientistas e pesquisadores, geram descobertas tanto
propositais quanto acidentais que possibilitam o desenvolvimento
tecnológico acelerado. Isto leva a discussões éticas das mais variáveis com
relação aos limites das pesquisas, que não se encerraram no século
passado; elas se prolongarão por tempo ainda indeterminado, podendo
chegar a muitos resultados diferentes e contraditórios, mas não há como
negar que essas se iniciaram de maneira relevante no século XX, que com
certeza ainda vem direcionando os rumos da ciência, tecnologia e
sociedade.

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