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UFABC – Ciência tecnologia e sociedade

Aluno: Marcos Mendonça Sodré


RA: 11201722438

Resenha: Documentário - A História Secreta da Obsolescência Planejada

O documentário parte da análise de um caso atualmente comum de


problema com um produto eletrônico (nesse caso, uma impressora) para
abordar um fator de grande relevância na história, tanto do
desenvolvimento econômico, como do social e tecnológico. A
obsolescência planejada é então apresentada primeiramente a partir do
seu surgimento histórico num contexto de cartelização da produção de
lâmpadas, tendo por finalidade estabelecer um limite a vida útil do
produto visando uma crescente produção e venda, decorrente de uma
demanda que não mais teria outras opções a não ser consumir o produto
do cartel, ou se ver desabastecida.
É apresentado como esse fator de produção se expandiu para o resto do
mercado se tornando em alguns momentos, planos explícitos para
fomentar o crescimento econômico, e como de certa forma esse era
fomentado não apenas pelos empresários, mas também pelos
trabalhadores das fábricas, preocupados com seus empregos, e também
pelos consumidores finais, ávidos por produtos novos e modernos.
Obviamente esse processo ocorre de certa forma inconsciente, sem que
as pessoas percebam ou tenham ideias claras de seus resultados, sejam
eles positivos ou negativos
Se por um lado a obsolescência planejada gerou um grande crescimento,
por outro levantou dúvidas quanto a sua possível sustentabilidade, tanto
do ponto de vista ambiental, quanto do econômico. Essas questões são
levantadas por pensadores que não veem sentido em um crescimento
econômico por crescimento econômico, cujo objetivo seria atender a
necessidades artificialmente criadas por propaganda, sem atender de
maneira eficiente necessidades humanas subjetivas, como a felicidade.
Por outro lado, as consequências são reais e objetivas, como a crescente
destruição dos recursos naturais e a poluição apresentada em decorrência
da crescente produção, explicitamente visível em países chamados de
“terceiro mundo” onde os “benefícios” desse contexto econômico não
chegam, mas os seus subprodutos são enviados de maneira literal; É a
imagem real que faz frente aos vídeos de propaganda da sociedade do
consumo, que invadiu os recantos mais resistentes, como o caso dos
países que pertenciam a URSS.
É claro o dilema ético apresentado aos talvez principais envolvidos nesses
processos, os engenheiros, que são de certa forma individualmente
dispensáveis, mas coletivamente uma engrenagem essencial pela qual são
definidas as partes técnicas de todo o processo. Desde o surgimento da
obsolescência programada até os dias atuais, é uma questão de grande
relevância pensar que posição tomar nesse jogo social, econômico, moral,
intelectual, tecnológico e científico; No final das contas, isso revela uma
questão de complexidade histórico-social de nível global, tanto no sentido
geográfico, quanto no de aspectos humanos envolvidos.
Nos últimos tempos esse panorama vem sofrendo alterações; Se por uma
lado, ainda existem reações clássicas, como recorrer ao sistema judiciário
para a resolução dos conflitos gerados por esse sistema de produção, por
outro os frutos dessa gigantesca produção também criou ferramentas que
facilitaram a troca rápida de informações, como é o caso da internet, que
hoje permite um contra corrente ecoando críticas e conteúdos para a
população em geral, que as permite se posicionar perante esse processo.
O documentário chega ao fim com o problema da impressora sendo
resolvido após um longo processo de busca por respostas acerca do
problema, o que revela de modo translucido a situação atual dos povos
que vivem em meio ao fator obsolescência planejada; É possível resistir a
essa corrente, procurando alternativas e se associando com pessoas que
veem nesse modelo problemas, mas de modo geral, é mais fácil comprar
outra “impressora”, não ter que se arriscar com a responsabilização das
consequências de mudar todo esse modelo.

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