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CENTRO UNIVERSITÁRIO – UNINTA

SEMINÁRIO INTERDISCIPLINAR VII: SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA

Temática: A SOCIEDADE DE RISCO: Uma reflexão sobre a modernidade e a


tecnologia

Ernestina Oliveira Brito Neta

Francisca Maria da Silva Neta

Francisca Liege de Morais Oliveira Cardoso

George Alisson da Silva Morais

Felipe Guerra-RN
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2020

SEMINÁRIO INTERDISCIPLINAR VII: SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA

Temática: A SOCIEDADE DE RISCO: Uma reflexão sobre a modernidade e a


tecnologia

No decorrer do século XX, foi inegável que a evolução tecno-científica trouxe


o bem-estar à sociedade. Mas, por outro lado, para consegui-la fez-se necessário
explorar os recursos naturais existentes no planeta de forma incompatível, uma vez que
estes são insumos na fabricação dos produtos e, em conseqüência, houve a degradação
ambiental, o esgotamento dos recursos naturais. Além disso, colocou em risco à vida
humana e de outras espécies (animais e vegetais). Há também a globalização que tem
imposto aos países a serem menos atentos com as questões ambientais diante da
competitividade econômica. E no mundo globalizante, os riscos ecológicos ameaçam o
homem de variadas formas, sendo uma das principais preocupações o aquecimento
global e o aumento da camada de ozônio.

E enfrentar ou não situações, observando nelas a perspectiva do risco,


dependerá do contexto que posiciona o indivíduo em um determinado lugar, ou seja, sua
inserção em um dado evento, cotidiano ou esporádico, da função que ocupa o indivíduo
em determinado espaço social, dos aspectos culturais, da personalidade, da história de
vida, das características pessoais e das pressões e demandas do ambiente. Constata-se
que segundo Beck (apud Giddens, 2005, p. 679) o risco torna-se central por várias
razões, visto que por meio do avanço da ciência e da tecnologia surgiram novas
situações de risco diferentes das existentes em décadas anteriores. A ciência e a
tecnologia proporcionam à sociedade muitos benefícios. Entretanto, criam riscos que
são imensuráveis. Justamente, em virtude disso, não se sabe os riscos que se corre com
os alimentos modificados geneticamente ou com as tecnologias nano, por exemplo.

Layrargues (1999) ressalta que é relevante lembrar que na essência da crise


ecológica está a relação sociedade e natureza:

Sem considerar as dinâmicas históricas reais que a produziram e que a


produzem, toda discussão fica descontextualizada e sem nenhuma relação de
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causalidade. A crise ambiental não pode ser tematizada apenas enquanto


fenômeno físico natural externo à evolução das sociedades. A bem verdade, não
é a natureza que se encontra em desarmonia; é a própria sociedade. A atual
desordem da biosfera decorre de uma longa, complexa e conflituosa cadeia de
relações entre o mundo humano e o mundo natural; ela materializa um conflito
profundo entre a sociedade de consumo e a biosfera (LAYRARGUES, 1999, p.
64).

Depreende-se que a crise ambiental é deflagrada pelo sistema econômico


vigente, cujo intuito é a acumulação de riquezas e do lucro. Também, neste modelo, há
a necessidade de lançar constantemente produtos no mercado, fazendo com que as
pessoas dependam cada vez mais deste sistema, tornando-se sempre mais exigentes e
consumistas, descartando o velho. Os seres humanos, na ânsia de fabricar esses
produtos, acostumaram-se a explorar os recursos naturais sem nenhum critério. Desse
modo, acumulam mais e mais capital, isto é, lucram sobre a natureza, uma vez que
extraem dela tudo que podem, sem a preocupação de ocasionarem a escassez desses
recursos naturais. Além disto, acarretam riscos à sociedade.

Ocorre que a sociedade está pautada na concepção de que quanto “mais é


melhor”. Com isso, propagou-se a ideia de que a base para conquistar a riqueza era
aumentar a eficiência, geralmente, com ganho de escala. Pois o consumo está
desencadeando cada vez mais desigualdades sociais do que prosperidade, mais
insegurança do que progresso. Sem contar na crise ecológica oriunda desta sociedade de
risco e de consumo.

Deste modo, Beck (p. 680) corrobora com Habermas que a nova sociedade não
anuncia o fim das tentativas da reforma social e política, surgindo uma nova forma de
ativismo. Ele aduz que se verifica a emergência de um novo campo denominado de
subpolítica, cujo termo designa as atividades de grupos e agências que operam fora dos
mecanismos formais da democracia política – tais como os grupos ecológicos, de
direitos dos consumidores ou de direitos humanos. Ressalta também que a
responsabilidade da gestão do risco não pode ser deixada ao arbítrio de políticos e
cientistas, fazendo-se necessário a participação de outros grupos.
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A complexidade que hoje está situada na problemática do risco envolve,


sobretudo, a distribuição dos riscos o que exige o posicionamento constante da
sociedade no sentido da elaboração freqüente de escolhas, o que vem tornando as ações
cotidianas, antes voluntárias e mais motivadas pelo desejo e pela afetividade, por
processos cognitivos, que devem abalizar tais escolhas. Como exemplo da
complexidade das dúvidas cotidianas podemos citar: os riscos do consumo de alimentos
geneticamente modificados ou dos alimentos contaminados por agrotóxicos; a confiança
no elo de fidelidade com o parceiro ou não diante das doenças sexualmente
transmissíveis, em especial, a AIDS; a insegurança pública. Estas incertezas geram
sofisticados processos cognitivos, envolvendo objetividades e subjetividades, motivados
pela perspectiva do risco, com os quais lidamos todos os dias.

Beck, ao considerar a consolidação da sociedade de risco, afirma que os riscos


sociais, políticos, econômicos e individuais estão escapando do controle dos
mecanismos criados pelas instituições organizadas para manter a proteção da sociedade.
Dentro do conceito de sociedade de risco de Beck, Giddens e Lash (1995), o indivíduo
torna-se um ser reflexivo, que confrontado com suas próprias ações, começa a refletir e
estabelecer críticas racionais sobre si, das conseqüências de fatos passados, as condições
atuais e a probabilidade de possíveis riscos futuros, torna-se um tema e um problema
para si mesmo. Com isto "o risco se constitui em uma forma presente de descrever o
futuro sob o pressuposto de que se pode decidir qual o futuro desejável" como afirma
Castiel (2003:83).

Para Beck (2001) é fundamental o estabelecimento da distinção entre o risco e a


percepção do risco. Tal procedimento analítico presta-se a compreensão do risco
enquanto orientação de certa objetividade, enquanto a percepção de risco admite
plenamente a subjetividade, colocando em termos relativos os sentimentos expressados,
pois estes certamente são compostos com as fantasias individuais sobre os perigos do
mundo.

Por fim, tanto a relação do indivíduo com a tecnologia como a configuração de


controle que a gestão social do risco articula encontram-se fortemente enraizados em
uma polarização que não apenas separa como, sobretudo, determina uma “oposição
entre tecnologia e sociedade” – o que pode ser tomado como o terceiro aspecto da
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Sociedade do Risco. É esta polarização que possibilita apreender uma certa unidade nas
concepções de Giddens e Beck, a despeito de sua discordância em relação à confiança
nos chamados sistemas abstratos. Uma perspectiva que não problematiza justamente
“(...) a imbricação entre sociedade e tecnologia, optando por tomar ambos os termos
como já-dados, como tecidos densos cujos contornos sabemos identificar e dos quais
devemos partir como base para nossas pesquisas” (PEDRO, 2003, p.162). O fenômeno
mundial que caracteriza a sociedade de risco nos impõe novos parâmetros para
concebermos aquilo que atribuímos aos nossos atos cognitivos.

Conclusão

Diante dos estudos vemos a importância de uma ampla reflexão sobre como a
tecnologia influencia na modernidade da sociedade de modo que agrega e divide a
mesma. A problemática focalizada são os constantes equívocos que essa temática
possuem, assim como na compreensão do tratamento do risco encerrado em si mesmo,
pois é imperativo que se diga, que os riscos adquirem reposicionamentos e
recomposições a partir do o desenvolvimento das dinâmicas tecnológica na sociedade.

Referências Bibliográficas:

BECK, Ulrich; GIDDENS, Anthony; LASCH, Scott. Modernização reflexiva:


Política, tradição e estética na ordem social moderna. São Paulo: UNESP, 1995.

IDDENS, Anthony. Sociologia. 4º ed. rev. atual. Trad.: Figueiredo, Alexandra;


Baltazar, Ana Patrícia Duarte Baltazar; Silva, Catarina Lorga da; Matos, Patrícia; Gil,
Vasco. Coordenação e revisão científica. Sobral, José Manuel. Lisboa: Fundação
Calouste Gulbenkian, 2004.

______________. As consequências da modernidade. Tradução de Raul Fiker. São


Paulo: UNESP, 1991.

______________. A constituição da sociedade. Tradução Álvaro Cabral. 2º ed. São


Paulo: Martins Fontes, 2003.

GUIVANT, Julia. A trajetória das Análises de Risco: Da periferia ao cento da


teoria social. BIB nº 46, 1998.

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