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1º Encontro sobre Promoção da

Alimentação Saudável nas Escolas

TEMA:

Partilhando ideias, semeando atitudes

ISBN: 978-85-5741-001-5
1ª edição

Natal
2015
I ENCONTRO SOBRE PROMOÇÃO
DA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL NAS ESCOLAS

Organizadores
DIOGO VALE
GINETTA KELLY DANTAS AMORIM
JANAÍNA PAULA COSTA DA SILVA
NATALIA LOUISE DE ARAUJO CABRAL
REBEKKA FERNANDES DANTAS
VANILLE PESSOA CARDOSO
VERA LUCIA XAVIER PINTO

Catalogação da Publicação na Fonte


Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI

Encontro Sobre Promoção da Alimentação Saudável


nas Escolas 1. : 2015 : Natal, RN .
Anais do I Encontro Sobre Promoção da Alimentação Saudável
nas Escolas - EPASE / Organizadores : Diogo Vale... et al. -
Natal: Aliá, 2016.
139f: il.

Tema : Partilhando idéias, semeando atitudes.

1. Alimentação - Escolas. 2. Educação Alimentar. 3.


Educação nutricional. 4. Pesquisas - Escolas. I. Vale, Diogo.
II. Título.
Sumário
PESQUISA QUALITATIVA

AS DUAS FACES DA COMENSALIDADE: COMER JUNTO DENTRO E FORA DE


CASA .......................................................................................................................... 6
ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL: UMA PERCEPÇÃO DOS ALUNOS DE UMA ESCOLA
ESTADUAL DE NATAL/RN ......................................................................................... 11
ESTUDANTES DA UFRN: FATORES QUE FACILITAM OU DIFICULTAM A
ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL ...................................................................................... 16
AS EMOÇÕES NO CONSUMO DA ALIMENTAÇÃO ESCOLAR ............................... 21
MÃES UNIVERSITÁRIAS: COMO SEUS FILHOS COMEM? .................................... 25
PERCEPÇÕES DO CARDÁPIO VEGETARIANO DO RESTAURANTE
UNIVERSITÁRIO – UFRN .......................................................................................... 30

ABORDAGEM QUANTITATIVA

NÍVEIS DE EXPOSIÇÃO À CONTAMINAÇÃO POR ADITIVOS SULFITANTES


CONSUMIDOS POR CRIANÇAS DE UMA ESCOLA DA CIDADE DO NATAL-RN ... 35
AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DE ESCOLARES BENEFICIÁRIOS DO PROGRAMA
BOLSA FAMÍLIA ......................................................................................................... 40

RELATOS DE EXPERIÊNCIA DE EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL NO


ENSINO INFANTIL

CONTAÇÃO DE HISTÓRIA COMO INSTRUMENTO DE PROMOÇÃO DE


ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL DESENVOLVIDAEM EDUCAÇÃO INFANTIL .............. 44
DADO DA INTERDISCIPLINARIDADE ...................................................................... 46
APRENDENDO E ENSINANDO NA VIDEOTECA ..................................................... 49
RELATO DE EXPERIÊNCIA - A IMPORTÂNCIA DA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL
COM ENFOQUE NA MERENDA ESCOLAR .............................................................. 52
SEMEANDO EDUCAÇÃO NUTRICIONAL ................................................................. 56
APRENDENDO E CONHECENDO COM OS LEGUMES .......................................... 58
EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
SOBRE PROMOÇÃO DE HÁBITOS SAUDÁVEIS COM ESCOLARES .................... 62
PROMOÇÃO DA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL EM ESPAÇO ESCOLAR:
ALIMENTOS SAUDÁVEIS X ALIMENTOS INDUSTRIALIZADOS – UM RELATO DE
EXPERIÊNCIA ............................................................................................................ 67
DIVERTIDA AVENTURA À CAÇA AO TESOURO ...................................................... 70
PROJETO EDUCACIONAL COMO ESTRATÉGIA DE PROMOÇÃO DE
ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL COM ALUNOS DE UMA ESCOLA PÚBLICA DO
MUNICÍPIO DE CUITÉ/PB ......................................................................................... 73

TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO APLICADAS À EAN

“QUE SEJA DOCE ENQUANTO DURE”: ESTÓRIAS COM SABOR PARA


CRIANÇAS ................................................................................................................. 77
“O CALDEIRÃO MÁGICO”- ESTÓRIAS COM SABOR PARA CRIANÇAS ................ 81

RELATOS DE EXPERIÊNCIA DE EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL NO


ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO

PROMOÇÃO DA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL NAS ESCOLAS E A LÍNGUA


INGLESA: O PODER DA INTERDISCIPLINARIDADE .............................................. 85
PRÁTICA DE EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL ASSOCIADA À
EQUAÇÃO DE 1° GRAU EM SALA DE AULA ............................................................ 89
RELAÇÃO DA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL E ASSUNTOS SOBRE A REGIÃO SUL
E NORDESTE ............................................................................................................ 93
CONTOS E POESIAS: PROVENDO A ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL POR MEIO DO
ESTÍMULO A CRIATIVIDADE ..................................................................................... 97
CONHECENDO O PROGRAMA NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR
(PNAE) ........................................................................................................................ 101
EDUCAR COM GINCANA É MAIS BACANA ............................................................. 104
GUERRA DO PELOPONESO: DIALOGANDO SOBRE ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL,
COMENSALIDADE E ASPECTOS HISTÓRICOS DA GRÉCIA ANTIGA .................. 108
PROMOÇÃO DA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL NAS ESCOLAS USANDO HISTÓRIA
EM QUADRINHOS – ATIVIDADE EM ESCOLAS ...................................................... 111
ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL NAS ESCOLAS ............................................................ 113
PAPEL DO NUTRICIONISTA NA ESCOLA ................................................................ 116
NUTRIÇÃO E O SISTEMA CIRCULATÓRIO ............................................................. 119

PRÁTICAS DE EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL COM A COMUNIDADE


ESCOLAR

ESTRATÉGIA DE INTERVENÇÃO NA PRÁTICA DE EDUCAÇÃO NUTRICIONAL


COM PROFESSORES DO ENSINO FUNDAMENTAL DE UMA ESCOLA ESTADUAL
DE SANTA CRUZ/RN – UM RELATO DE EXPERIÊNCIA ......................................... 122
EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL NO ESTÁGIO DE ALIMENTAÇÃO
ESCOLAR: USO DA PIRÂMIDE ALIMENTAR COMO PROMOTORA DE SAÚDE .... 127
EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL NO ESTÁGIO SUPERVISIONADO
DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR: PROMOÇÃO DE ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL E
QUALIDADE DE VIDA PARA AS MERENDEIRAS E ASGs ....................................... 130
FORMAÇÃO DE MERENDEIRAS(OS): EMPODERANDO O SABER DOS QUE
MUITO SABEM. .......................................................................................................... 134
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NATAL 2016

PESQUISA QUALITATIVA
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AS DUAS FACES DA COMENSALIDADE: COMER JUNTO DENTRO E FORA DE


CASA

Amanda Freire (UFRN)


Ediani Dantas (UFRN)
Eduardo Silva (UFRN)
Jainara Soares (UFRN)
Laryssa Epifânio (UFRN)

INTRODUÇÃO

Ao passar de necessidade biológica a um ato de sociabilidade e interação entre


pessoas, a alimentação passa a ser chamada comensalidade, traduzindo um momento
em que pessoas socializam e interagem através da alimentação. Não se limitando ao
aspecto fisiológico da ingestão alimentar, abrange, sobretudo, o modo como o alimento
é ingerido.
O comensal, segundo seu significado etimológico, é aquele que come à mesa
com outro ou com outros. Historicamente, a comensalidade apresenta-se como momento
real e simbólico de integração entre as pessoas e está ligada à própria existência e
constituição da sociedade. (RODRIGUES, 2012)
A comensalidade contemporânea apresenta, entre outras características, a
necessidade de adaptação dos indivíduos ao meio urbano, encaminhando o ajuste das
suas práticas alimentares a questões temporais, espaciais e financeiras. (JOMORI et
al., 2008). O sabor e a praticidade dos alimentos considerados pouco saudáveis são
frequentemente citados entre as principais barreiras levantadas pelos jovens. O fato de
fast-foods e outros alimentos de baixa qualidade nutricional não exigirem habilidades
culinárias ou simplesmente já estarem prontos para o consumo está relacionado também
à outra barreira citada: a falta de tempo. (TORAL et al., 2009)
Como o comportamento coletivo é um fator importante na influência das escolhas
alimentares e na convivência entre as pessoas, este contexto dentro das universidades
não se difere. A falta de tempo entre as atividades acadêmicas, tanto para o preparo das
refeições quanto para o deslocamento até o restaurante, é um desafio para estudantes
que se alimentam durante as principais refeições na universidade, principalmente para
quem estuda em período integral.
O objetivo deste estudo é identificar a maneira em que a comensalidade, ou sua
ausência, influenciam nas escolhas alimentares de estudantes com curso superior integral
da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Para tanto, foi necessário(1)
observar as diferenças nas escolhas alimentares quando há comensalidade e nos
momentos de sua ausência e (2) compreender se a comensalidade funciona como uma
motivação para as escolhas alimentares.

METODOLOGIA

O pensamento complexo segue um caminho voltado a mover, conjugar e


articular os diversos saberes presentes nos mais diversos campos do conhecimento,
não deixando se perder a essência e as singularidades de cada fenômeno, unindo a
diversidade presente entre natureza e cultura, sujeito e objeto, arte, ciência e filosofia,
destacando ainda que todo o conhecimento pode ser utilizado para discutir qualquer
tema. Esse foi o marco teórico deste trabalho, uma pesquisa qualitativa, que visa explanar
representações, opiniões e significados referentes à alimentação e à comensalidade.
Os pesquisadores realizaram suas entrevistas no Departamento de Nutrição,

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nos Centros de Biociências, de Tecnologia e de Ciências Humanas, todos localizados


na UFRN, durante o mês de outubro de 2015.De acordo com Bauer (2003), que pré-
estabelece que sejam realizadas entre 15 e 25 entrevistas, realizou-se 15 delas, por
cinco pesquisadores. Os entrevistados estavam desacompanhados durante a realização
das entrevistas. Foram entrevistados universitários que cursam período integral.
As técnicas de coleta foram entrevistas semi-dirigidas e associação de palavras
na forma livre e dirigida, em que foi proposto dois grupos de palavras: Comer só e
comer junto. Em ambas as associações os entrevistados foram questionados quanto às
motivações relacionadas à escolha dos agrupamentos de palavras. As entrevistas foram
registradas com gravador e a associação de palavras por maquinas fotográficas digitais.
Todos os dados foram arquivados, para serem transcritos e analisados pela análise
temática (BAUER, 2003), sendo realizada uma redução do texto, seguida de uma
paráfrase e da escolha do tema a ser discutido, que emergiu dos sujeitos entrevistados.
Após a realização das entrevistas foram feitos agradecimentos e ressaltado o
anonimato dos entrevistados, que estão aqui apresentados com codinomes.
O tempo médio para responder os questionamentos foi de oito minutos. Do
total das quinze entrevistas, 80% foram realizadas com indivíduos do gênero feminino
e 20% do masculino. A média da idade dos entrevistados é 19 anos. Foram obtidas um
total de 32 páginas, transcritas a partir de gravações que somaram 87 (oitenta e sete)
minutos. Dessa forma, para cada 15 minutos de entrevista foram geradas 5 (cinco)
páginas e meia de transcrição, considerando apenas as entrevistas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

ESTILO DE VIDA DOS UNIVERSITÁRIOS

O Brasil passa por um período de transição nutricional, identificado pela


diminuição dos índices de desnutrição concomitante ao aumento nas taxas de obesidade.
Essa condição evidencia a influência da industrialização e a disseminação de hábitos
alimentares ocidentais, marcado pelo consumo de alimentos processados em detrimento
do grupo classificado como in natura, que corresponde a frutas, verduras, legumes e
cereais integrais (LÓPEZ, 2006).
Os estudantes universitários compõem um dos grupos que protagonizam
esse momento de mudanças nos hábitos alimentares, uma vez que a maioria deixa a
casa dos pais e, sendo assim, passam a buscar alternativas rápidas e práticas para se
alimentarem (FEITOSA et al, 2010). Essa tentativa de se moldar ao ritmo universitário
é evidenciada por Carliandra, ao dizer: “minhas escolhas alimentares são influenciadas
pela praticidade de fazer, o tempo que eu vou gastar fazendo, porque eu não preparo
comidas que vão demorar ou vão me dar trabalho”. Em virtude da pesquisa ter sido
realizada com estudantes de cursos de período integral, torna-se explícita a falta de
tempo para preparar refeições elaboradas, que combinada a alta carga de atividades
acadêmicas, obriga os alunos a optarem por alimentos que podem trazer algum risco à
saúde.
Estudos recentes sobre comportamento alimentar apontam que a má
alimentação dos estudantes que moram sozinhos está associada à falta de companhia
no momento das refeições (FEITOSA et al, 2010).Esta teoria é afirmada por Marcelo ao
dizer “a questão do comer junto [...] é mais saudável, eu acabo escolhendo com mais
paciência, mais variedade”. Os participantes alegaram que a ingestão de alimentos,
quando acompanhada, favorece a opção de alimentos ditos saudáveis, haja vista a
preservação dos bons costumes passados pelas famílias e a falta de necessidade de se
alimentar meramente para satisfazer a fome fisiológica.

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O estudante universitário elenca como seus principais interesses o bom


desempenho acadêmico, associado a sua contínua participação nas relações culturais
e a manutenção das suas relações sociais, o que, preponderantemente, implica no
abandono de escolhas saudáveis (FEITOSA et al, 2010). Em seus dizeres, Larissa
exemplifica: “quando você sai para comer junto, normalmente é em lugar de fastfood
ou algumas coisas bem famosas, que são influenciadas pela mídia”. É notória a
importância das relações afetivas para conservação do indivíduo no meio social, todavia
sua influência sobre as escolhas alimentares atua de maneira negativa, ao passo que
por se tratar de momentos de comemoração, aproveitam-se para desviar do equilíbrio
nutricional.

A DUALIDADE DA COMENSALIDADE

A alimentação está em contato com nossas relações sociais desde o nascimento,


a começar pela amamentação mediada pelo afeto da mãe para o bebê. Essa relação
afetiva da alimentação com o outro se estende por meio das refeições familiares,
momentos de encontro e conversações (ROMANELLI, 2006).
Em família o ato de comer se torna mais regular e recebe maior importância,
tendo a mesa o ponto central da permanência, entretanto, o quotidiano alimentar
recebeu transformações, a urbanização demarcou uma nova realidade, ampliando a
alimentação fora dos lares (CÂNDIDO, 2015).
A influência familiar estabelecida pelo parentesco de sangue, amor e afeto
determina conexões duradouras no perfil alimentar de jovens e adultos, conseguindo
promover uma alimentação saudável, quando estimulada desde a infância (ROSSI et
al., 2008). Dessa forma, a comensalidade em família encaixa-se como um elemento
integrador de uma alimentação saudável, voltada para tradições, estando presentes
comidas caseiras, que refletem conforto, amor e o sentimento de aconchego, como
relatado por Daiane: “[...] Na minha casa, pelo menos, se incentiva ou se come muito
mais salada do que eu vejo as outras pessoas comendo [...]”.
Ainda assim, a alimentação do século XXI segue pautada em uma composição
voltada aos alimentos gordurosos, açucarados e com elevado teor de sódio, sem a
presença dos nutrientes importantes à manutenção do organismo, como vitaminas e
minerais, associando os hábitos alimentares mais tradicionais aos fast-foods, tendo o
tempo e a alimentação como variáveis complementares, no qual prevalece a praticidade
e a comodidade (BEZERRA, 2010).
A conexão dessa alimentação voltada aos fast-foods e ao convívio dos jovens e
adolescentes demonstra uma nova face da comensalidade, um comer junto direcionado
a práticas alimentares não saudáveis, em que o espírito de festividade, comemoração
e companheirismo é associado ao padrão gorduroso desses alimentos, como vistos no
relato de Amanda: “[...] Às vezes em grupo você acaba muito condicionado a comer o
que os seus amigos comem! Todo mundo está tomando açaí e você quer tomar açaí,
está comendo docinho, você sente aquela vontade de comer docinho, ou então você
está em uma festa, está todo mundo bebendo cerveja, aí você tem que ser muito forte
para resistir à tentação de uma cervejinha[...]”. Com isso, vemos que a comensalidade
é sentida de acordo com as relações sociais estabelecidas ao curso das vivências
alimentares.

FESTIVIDADE E COMENSALIDADE

A maneira de compartilhar e preparar os alimentos, assim como o seu significado


continua ultrapassando a simples necessidade fisiológica, possuindo um sentido mais

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amplo, que remete às relações entre as pessoas envolvidas: “[...] Comer junto é aquele
aspecto não só cultural, mas também social pra mim. Quando você está com os amigos,
ali é um momento não só de comer, de convivência, o alimento ali é uma representação,
é um elemento simbólico do momento[...]”. Logo, o alimento recebe um significado mais
abrangente quando é compartilhado por um grupo de indivíduos.
Cascudo (2004) discorre sobre fatores negativos para a “deseducação” do
povo frente à refeição, como a decadência da refeição realizada em casa. Segundo ele,
há o abandono de pratos tradicionais da cultura por comidas facilmente encontradas em
qualquer estabelecimento e cada vez mais os jovens trocam o “banquete” pela comida
rápida. No discurso de Amanda, esta realidade foi percebida, tanto em relação à sua
família, quando afirma que: “[...] Ninguém lá em casa para pra sentar e comer, porque
nunca tem tempo. Acho que o único momento que você senta mesmo para comer é
quando está com seus amigos. [...]”, quanto em sua relação com seus amigos: “[...] Com
os amigos é normal lanches, fast-foods, então não é muito saudável [...]”. A tradição de
sentar-se à mesa e comer em família é algo que vem perdendo espaço ao longo dos
anos, levando consigo hábitos mais saudáveis. Por outro lado, torna-se evidente que o
ato de comer acompanhado de amigos reflete em opções que ofertam menos nutrientes
essenciais ao organismo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Desde a antiguidade, a comensalidade é uma prática integradora de relações


sociais, o comer junto facilita o contato interpessoal através da troca de sentimentos,
como afeto, felicidade e aconchego. Este estudo proporcionou mostrar os benefícios
do comer junto com a família, estando associado ao consumo de preparações caseiras
consideradas saudáveis. No entanto, as refeições compartilhadas por amigos em
comemorações acarreta o consumo de fastfoods, que possuem alto valor calórico e não
ofertam nutrientes essenciais ao funcionamento do organismo.
Com este estudo, notou-se a importância da preservação das tradições familiares,
a fim de usar a alimentação como uma ferramenta para manutenção da saúde e para o
melhor desempenho das atividades cotidianas dos jovens.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, A. B. P. et al. Avaliação do comportamento alimentar de estudantes


universitários. Nutrire Rev. Soc. Bras. Aliment. Nutr. São Paulo, v. 38, p. 411, 2013.

BAUER, Martin W.; GASKELL, George.Pesquisa Qualitativa com texto, imagem e


som. 2 ed. Rio de Janeiro: Vozes. 2003.

BEZERRA, Ilana Nogueira; SICHIERI, Rosely. Características e gastos com alimentação


fora do domicílio no Brasil. Rev Saúde Pública, v. 44, n. 2, p. 221-9, 2010.

CÂNDIDO, Guida Silva. O segredo de um cuscuz: alimentação e identidade.DEMETRA:


Alimentação, Nutrição & Saúde, v. 10, n. 3, p. 607-621, 2015.

CASCUDO, Luís da Câmara. História da Alimentação no Brasil.3a.ed. São Paulo:


Global, 2004.

FEITOSA, E. P. S. et al. Hábitos alimentares de estudantes de uma Universidade pública


no Nordeste, Brasil. Alim. Nutr. Araraquara, v. 21, n. 2, p. 225-230, 2010.

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JOMORI, M. M.; PROENÇA, R. P. C.; CALVO, M. C. M. Escolha alimentar: a questão


de gênero no contexto da alimentação fora de casa.  Caderno Espaço Feminino,
Uberlândia, v.19, n.01, jan/jul 2008, p. 370.

LÓPEZ, M. J. O. et al. Evaluación nutricional de uma poblaciónuniversitaria. Rev. Nutr.


Hosp., v. 21, n. 2, p. 179-183, 2006.

RODRIGUES, Heloisa de Almeida Fernandes. “Alimentação como fonte de sociabilidade


e de hospitalidade”. In: SINAIS - Revista Eletrônica. Ciências Sociais. Vitória: CCHN,
UFES, Edição n.12, v.1, Dezembro 2012. pp. 85 – 100.

ROSSI, A.; MOREIRA, E. A. M.; RAUEN, M. S. Determinantes do comportamento


alimentar: uma revisão com enfoque na família. Rev. Nutr. 2008, vol.21, n.6, pp. 739-
748.

ROMANELLI, Geraldo. O significado da alimentação na família: uma visão


antropológica. Medicina (Ribeirao Preto. Online), v. 39, n. 3, p. 333-339, 2006

TORAL, N.; CONTI, M. A.; SLATER, B. A alimentação saudável na ótica dos adolescentes:
Percepções e barreiras à sua implementação e características esperadas em matérias
educativos. Cad. Saúde pública, Rio de Janeiro, v. 25, n. 11, nov 2009, pp. 2386-2394.

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ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL: UMA PERCEPÇÃO DOS ALUNOS DE UMA ESCOLA


ESTADUAL DE NATAL/RN.

Erikarla Avelino (UFRN)


Amal Salha (UFRN)
Caio Cavalcante (UFRN)
Caroline Bezerra (UFRN)
Lorena Câmara (UFRN)

INTRODUÇÃO

Conhecer as diferentes percepções, significados e valores que um indivíduo


carrega, é a melhor maneira de compreendê-lo, tratá-lo de forma mais íntima e mais
próxima. Entender como a alimentação saudável é percebida entre estudantes de uma
escola estadual é um excelente meio de aprimorar o trabalho do nutricionista. Para
fundamentar a pesquisa foi utilizado como marco teórico a Teoria da Complexidade, do
filósofo Edgar Morin, a qual busca a transdisciplinaridade visando articular o saber nas
relações dinâmicas, ligando os sujeitos e os objetos de aprendizagem, “a experiência
vivida, a emoção, o desejo, o projeto, abrindo-se à possibilidade e ao questionamento,
que vêm substituir a evidência e a certeza” (COSTA, 2003, p. 267).
Essa teoria guiou o trabalho, principalmente pelos “Os sete saberes: o
conhecimento; o conhecimento pertinente; a identidade humana; a compreensão
humana; a incerteza; a condição planetária e a antropo-ética”, propostos por Edgar Morin.
Eles foram utilizados para englobar todos os aspectos observados na pesquisa, como
as condições sociais, ambientais e culturais, além de considerar a idade (adolescentes),
bem como suas compreensões e o meio que eles estão inseridos (MORIN, 2002).
Pelo fato de existirem poucos estudos sobre o tema em questão, é de grande
importância, para a ciência da nutrição, compreender a percepção, principalmente
dos jovens, sobre alimentação saudável, já que essa geração vem tendo problemas
em relação a hábitos saudáveis. Pesquisar em escolas públicas nos permite uma
reflexão, de como isso é percebido por eles e passado para eles, tendo, também, como
embasamento a alimentação escolar. Essa pesquisa, portanto, se torna de relevante
importância, principalmente para entender a transição nutricional que ocorreu nos
últimos 20 anos.
Assim, o estudo teve como objetivo conhecer a percepção dos alunos, de uma
escola pública de Natal/RN, a respeito da alimentação saudável e como eles a vivenciam
na alimentação escolar. Trata-se de um público de grande importância, pois a formação
dos hábitos alimentares já está sustentada pela autonomia que é construída nessa fase
de vida.

METODOLOGIA

MATERIAIS

Para realizar a entrevista os materiais necessários foram celulares dos próprios


pesquisadores, tanto para gravar o entrevistado, quanto para fazer os registros
fotográficos da atividade. Para a associação livre de palavras foram impressas 20
palavras, as quais foram cortadas e coladas em cartolinas vermelhas e azuis.

MÉTODOS

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A pesquisa é de natureza qualitativa, a qual foi construída a partir da percepção


de alunos da Escola Estadual Floriano Cavalcante, localizada no bairro de Mirassol,
Natal, próxima ao Campus Universitário, em outubro de 2014.
Ao chegar à Escola Estadual Floriano Cavalcanti, pedimos a permissão para
realizar a coleta de dados, através de uma Carta de Apresentação, na qual foi entregue
ao diretor, a fim de saber se a entrevista poderia ser realizada. Para a escolha do corpus
da amostra foram selecionados adolescentes, com faixa etária entre 12 a 16, de forma
aleatória, do 6º ao 8º ano. Na coleta de dados dessa pesquisa, utilizou-se um gravador,
onde perguntamos a cada aluno se a entrevista poderia ser gravada, mantendo o
anonimato dos mesmos. Foi falado com o responsável (diretor) pelos alunos na escola,
a fim de saber se a entrevista poderia ser realizada, entregando-lhe a carta.
Foi escolhida a entrevista semi-dirigida, por ser mais compreensiva, e sem
padronização de fatores, onde permite que os entrevistados se sintam a vontade para
relatar tudo o que pensa, sem interrupções e sem uma pergunta em que já se tenha
uma resposta subentendida. Foi composta de duas perguntas principais: “Pra você, o
que é alimentação saudável?” e “Como você relaciona alimentação saudável com a
alimentação escolar?”.
A entrevista desencadeou perguntas subsequentes, visto que as respostas
requeriam mais explicações. Os alunos foram escolhidos de acordo com a sua série de
ensino e entrevistados individualmente, no pátio da instituição, onde foram esclarecidos
sobre o estudo e os seus direitos de aceitar ou não serem entrevistados, de forma que
isso não acarretaria prejuízo sobre o trabalho ou influências sobre as notas escolares e
outros fatores relacionados com a instituição de ensino. Foram realizadas 16 entrevistas,
com média de 5 minutos para cada entrevistado; essas foram divididas em dois dias,
com revezamento dos pesquisadores, os quais iniciaram as entrevistas falando sobre o
objetivo do estudo, com cuidado na explicação para não haver influências nas respostas.
Para a análise de dados, seguiu-se o modelo de análise temática explicado por
Jovchelocicth e Bauer (2002), o qual explicita que para um texto qualitativo, é preciso
fazer uma redução gradual do texto. Essa redução é realizada por meio da transcrição da
entrevista completa por paráfrases de sentenças sintéticas; assim, essas sentenças são
transformadas em algumas palavras-chave. Isso faz com que ocorra a generalização e
condensação do sentido e objetivo. O texto é então colocado em três colunas contendo
a transcrição, paráfrase e palavra-chave. A partir disso, tem-se então um sistema de
categorias, as quais podem ser posteriormente, codificadas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O Quadro 1 apresenta as entrevistas codificadas, com seus respectivos


subtemas e temas. Assim, pode-se ter, então, uma visão e compreensão ampla do que
os entrevistados sentem/percebem em relação à alimentação.

Quadro 1: Construção dos temas extraídos a partir dos códigos encontrados nas
entrevistas realizadas com os alunos da Escola Estadual Floriano Cavalcante.
CÓDIGO SUBTEMA TEMA
Alimentação natural, com Problemas com a ali- Garantia da
valorização de alimentos mentação escolar. qualidade da
Entrevistado feitos em casa. Falta de ali- alimentação
1 mentos saudáveis na escola. escolar.

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

Reconhece a importância de Conhecimento so- Educação ali-


uma alimentação equilibrada bre alimentação mentar e nutri-
Entrevistado
e com moderação, bem como saudável. cional.
2e3
dos prejuízos que trazem os
produtos industrializados.
Alimentação cotidiana recon- Opinião pré-formada Conhecimento
Entrevistado
hecida como saudável. do que é saudável ou sobre se ali-
4
não. mentar bem.
Importância da família e pod- Fatores sociais e sua Autonomia na
Entrevistado
er aquisitivo na formação de interferência na ali- alimentação.
5e6
bons hábitos alimentares. mentação
Alimentação saudável de- Alimentação saudável Vida saudável.
Entrevistado
pende do estado físico de associada ao b em
7
cada pessoa. estar físico e mental.
Alimentação escolar é ruim, Falta de recursos e Falta de inves-
sendo a de casa superior à conhecimento para timento do Es-
Entrevistado
alimentação escolar. promover prepa- tado nas esco-
8 e 10
rações saborosas e las públicas.
saudáveis.
Não prática hábitos alimenta- Escassez de incen- Melhores hábi-
Entrevistado
res saudáveis. tivos à alimentação tos.
9
saudável.

De modo geral, os adolescentes mostraram um conhecimento sobre alimentação


saudável, em que é reproduzido o discurso mostrado em programas de televisão,
revistas, jornais e internet, então, de certa forma, há um conhecimento pré-formado
sobre o tema em questão.
Os comentários abordaram diversos pensamentos, sendo assim, classificamos
as entrevistas com um discurso homogêneo, onde grande parte dos alunos generalizou
a alimentação saudável numa explicação “médico-nutricional”, como a importância de
se consumir frutas, legumes e verduras, assim como o prato tipicamente brasileiro: arroz
com feijão; além de ressaltar o efeito negativo de se consumir alimentos industrializados,
principalmente o sódio e os conservantes, e o consumo de alimentos menos gordurosos,
percebidos alguns trechos abaixo.

“É alimento sem agrotóxico, é... Conservante, coisas que são industriais”. E.10

“Comer coisas saudáveis como fruta, verdura, essas coisas. Não comer coisas
industrializadas, essas coisas”. E.1

“São frutas, legumes, feijão, arroz”. E.5

Vale ressaltar que foi verificada certa insegurança dos alunos em expressarem
sua percepção de alimentação saudável, isso pode ser atribuído, principalmente, por
estar diante de um graduando do curso de nutrição, o que pode ter intimidá-los pelo
fato de sermos de um ensino superior. A associação livre de palavras foi registrada em
apenas 10 fotos, apesar de termos realizado 16 entrevistas, todavia não foi possível
registrar as 6 restantes, por motivos de inviabilidade no dia.
Ela também expressou a homogeneidade da visão “médico-nutricional”, que

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NATAL 2016

prevalece na percepção dos alunos quanto à alimentação saudável. Nas associações,


as palavras mais relacionadas com alimentação saudável foram “frutas”, “legumes” e
“casa”, de forma que frutas e legumes podem ser compreendidos pelo conhecimento
pré-formado, que eles obtiveram ao longo da vida.
Quase que a totalidade dos entrevistados relatou ter aversão em relação à
alimentação escolar, justificando-a como sendo ruim e não saudável, dessa forma não
a consumindo, preferindo comprar lanches (também não saudáveis), oferecidos pela
lanchonete da escola ou comer apenas em casa. Poucos relataram gostar da merenda,
sendo um número bem pequeno de estudantes que a consome.
Portanto, analisando e compreendendo as percepções dos alunos, foram
observados fatores, muitas vezes distintos, que caracterizaram a alimentação da Escola
Estadual Floriano Cavalcante, como não agradável, além de não saudável, onde grande
parte dos alunos apresentaram aversões. No mais, deve se levar em consideração cada
entrevista, bem como a associação de palavras, pois o público estudado é bastante
influenciado por vários meios, de certo modo, apresentando algumas inconstâncias
e contradições, como no trecho: “Sim (acha que a alimentação escolar é saudável),
normalmente eu compro lanche, porque eu acho que trazer lanche natural nesse calor
fica pior do que comprar um lanche. Eu gosto da merenda, ela não é saudável, mas
mesmo assim eu como. Nada que é bom é saudável né?!”.
Segundo Azevedo (2008) apud Beck; Giddens; Lash (1997), de acordo com
alguns sociólogos, as sociedades atuais sofrem mudanças com a diferença da sociedade
industrial, mudança de classes, riscos ambientais e tecnológicos, que são elementos
centrais e construtivos dentro da mesma. Esses fatores afetam a vida no planeta e, por
isto, geram incertezas que caracterizam uma multiplicidade de opiniões, reflexivas e
autocríticas, dentro de uma sociedade contemporânea. Esse processo é chamado de
modernização reflexiva, e refere-se a aspectos sociais e das relações com a natureza,
que influenciam diretamente no conceito da saúde.
A ciência da nutrição, vinculada com a promoção de saúde, apresenta um fator de
risco, sob essa ótica sociológica, vinculada diretamente aos riscos alimentares, pois os
conceitos de alimentação saudável mudam em diferentes contextos históricos, a partir
de diferentes construções sociais, apresentando riscos diretos a saúde humana (SILVA;
TEIXEIRA; FERREIRA, 2012). Essa atenção é ressaltada, uma vez que, crianças e
adolescentes são influenciados diretamente em seus conceitos de alimentação saudável,
através de seu meio social, cultural, econômico e psicológico (AZEVEDO, 2008 apud
RESSEL et al, 2009).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo demonstrou que a percepção da alimentação saudável para


os escolares teve como base o consumo de frutas, legumes e verduras, considerando
que, segundo eles, os produtos industrializados, alimentos com agrotóxicos e ultra
processados são os grandes “vilões”, que conflitam com esse princípio. A partir desses
atributos, eles reconheceram que essas práticas não são vivenciadas na alimentação
escolar, como também não são praticadas em seu dia-a-dia.
Diante disso, é importante ter o conhecimento de como a alimentação saudável é
percebida entre os escolares, uma vez que, essa percepção é um dos principais focos de
atuação do profissional nutricionista. Vale salientar, que esse público alvo é de extrema
importância, pois nessa fase da vida, os adolescentes adquirem autonomia em suas
escolhas alimentares, influenciando diretamente na qualidade de vida, apresentando
possíveis riscos à saúde humana, caso essas escolhas sejam equivocadas.

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

REFERÊNCIAS

AZEVEDO, E. Reflexões sobre riscos e o papel da ciência na construção do conceito de


alimentação saudável. Rev. Nutr. Campinas, v.21 n.6, Nov./Dec. 2008. Disponível em
<http://dx.doi.org/10.1590/S1415-52732008000600010> Acesso em: 31 de out de 2014.

BAUER, M. W.; GASKELL, G. Pesquisa Qualitativa com texto, imagem e som.2 ed.
Rio de Janeiro: Vozes. 2002.

COSTA, W. M. M. Pedagogia e complexidade: uma articulação necessária. In:


CARVALHO, E. de A.; MENDONÇA, T. (Org.). Ensaios de complexidade 2. Porto Alegre:
Sulina, 2003. p. 266-275.

MORIN, E. Os sete saberes necessários a Educação do Futuro. 6. ed. São Paulo:


Cortez; BRASILIA, DF: Unesco, 2002.

SILVA, J. G., TEIXEIRA M. L. O., FERREIRA, M. A. Alimentação e saúde: Sentidos


atribuídos por adolescentes. Escola Anna Nery. P. 88-95. jan-mar;. 2012.

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NATAL 2016

ESTUDANTES DA UFRN: FATORES QUE FACILITAM OU DIFICULTAM A


ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL

Giovanna Barbosa (UFRN)


Letícia Rodrigues (UFRN)
Elisandra Correia (UFRN)
Aline Benghi (UFRN)

INTRODUÇÃO

A alimentação da população universitária é ampla e variável, sendo influenciada
por diferentes fatores, tais como o tempo disponível para as refeições, comensalidade,
comodidade, disponibilidade econômica e praticidade. A pergunta que motivou esta
pesquisa foi: que fatores influenciam os universitários à adoção (ou não) de uma
alimentação saudável. Sabemos que:

As concepções de alimentação saudável relacionaram-se às noções


de: variedade; equilíbrio; quantidade de refeições; segurança
alimentar; fonte de prazer e respeito ao hábito alimentar, restringindo-
se ou moderando-se o consumo de gorduras e açúcares; direito ao
acesso a alimentos em qualidade e quantidade suficientes (RANGEL
et al., 2012, p. 931).

Em sendo assim, a identificação dos principais fatores que modulam o


comportamento alimentar é essencial para realizar uma intervenção nutricional. Porém,
muitas vezes, essa prática não leva em consideração os aspectos subjetivos que
permeiam os hábitos alimentares instituídos por cada pessoa e acaba desconsiderando
a sua história, valores, preferências, enfim, suas raízes. Isso a desestimula a adotar
uma alimentação saudável por ir de encontro ao seu modus vivendi.
Além disso, como defendido por Vieira et al. (2002), os hábitos alimentares
adotados pelos universitários podem ter relação com o ambiente que frequentam e,
consequentemente, com as pessoas com as quais convivem. Ademais, sabemos que
a alimentação muitas vezes é utilizada como estratégia para superar determinadas
situações, tais como o estresse decorrente da rotina exaustiva ou até mesmo como
uma justificativa para a falta de tempo.
Destarte, o objetivo deste trabalho consiste em identificar os motivos pelos quais
os estudantes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) adotam ou não
uma alimentação saudável. Foi iluminado pelas ideias da Complexidade, utilizando uma
abordagem qualitativa visando uma melhor compreensão da temática. Ter conhecimento
dessas diferenças possibilita que diversas frentes de mudança sejam pensadas, seja
por parte da UFRN ou pelos Centros Acadêmicos, visando o estímulo à alimentação
saudável.

METODOLOGIA

Para aproximarmo-nos da complexidade que envolve a ação de determinada


prática alimentar, utilizamos como referencial teórico o “Pensamento Complexo”,
desenvolvido e difundido por Edgar Morin, a qual corresponde “à multiplicidade, ao
entrelaçamento e à interação contínua da infinidade de sistemas e de fenômenos que

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
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compõem o mundo, as sociedades humanas, a pessoa humana e todos os seres vivos.”


(MARIOTTI, 2007).
A pesquisa, de cunho qualitativo, utilizou a técnica de associações de palavras,
livre e dirigida,e entrevista semiestruturada, em que existem perguntas já definidas e
outras foram estabelecidas ao decorrer da própria entrevista. As duas técnicas de coleta
foram fotografadas e gravadas, respectivamente, com auxílio de um celular.
As coletas ocorreram nos dias 23 e 30 de setembro de 2015, no período da
tarde em setores diferentes do campus. Foram entrevistados doze graduandos de
classe média, sendo seis do gênero masculino e seis do feminino, com idade média
de vinte anos e maioria residente na cidade de Natal-RN com seus familiares. Objetivo
do trabalho não foi apresentado a eles antecipadamente para não influenciar suas
respostas e seus nomes foram substituídos por codinomes, inspirados em personagens
de Machado de Assis.
Foram utilizadas algumas perguntas de referência para realizar as entrevistas,
como por exemplo: “Por quais alimentos você tem preferência?” e “Você consome
com frequência as comidas do restaurante universitário?”, Além dos seguintes
termos disponíveis para que os entrevistados realizassem as associações de
palavras: “alimentação saudável”, “sanduíche natural”, “feijão com arroz”, “restaurante
universitário”, “amigos”, “facilidade”, “estudos”, “cansaço”, “propaganda”, “fast-food”,
“suco da fruta”, “suco industrializado”, “comida gostosa”, “falta de tempo” e “família”.
As entrevistas duraram em média 8 minutos e suas transcrições em média 45
minutos cada. Vale ressaltar ainda que no momento da entrevista alguns entrevistados
estavam acompanhados e outros sozinhos.
A partir das transcrições utilizou-secomo técnica a análise temática de Mayring
(BAUER, 2003)para definir os temas a serem discutidos à luz do Pensamento Complexo,
de Edgar Morin, que serviu de base para a realização da pesquisa, uma vez que são
múltiplos os fatores que atuam na adoção da alimentação saudável, ou não, pelos
indivíduos.
Os temas que emergiram para análise foram: “o tempo como elemento significativo
para a alimentação”, “o prazer da comida de panela”, “o natural e o processado”, e
“monotonia alimentar”.

COMER BEM? DÁ UM TEMPO...

A sociedade, desde eras remotas, utiliza-se do tempo como um instrumento


norteador da sua rotina, seja ele em sua esfera cronológica ou no seu sentido subjetivo.
Sendo assim, a era das informações foi responsável por introduzir uma nova noção de
tempo, que passou a possuir uma versão quantitativa, revelada pela subjetividade do
“ter”. Como descrito por Ortigoza (2008), o ritmo urbano, intrinsecamente relacionado
aos processos de produção, acaba influenciando certos comportamentos da população,
uma vez que exposta à frequente pressão exercida pela “ausência do tempo”, acaba
estabelecendo novos padrões de consumo.
Desta forma, pode-se afirmar que a alimentação é um dos comportamentos que
vem sendo alterados em decorrência dessa nova perspectiva dada ao tempo. As pessoas
encontram-se cada vez mais ocupadas com as diversas atividades que exercem durante
o dia, e acabam alterando ou até mesmo abdicando do ato de realizar suas refeições,
o que muitas vezes confronta com a concepção de alimentação saudável. Isto pode
ser melhor elucidado por meio da fala de um dos entrevistados: “Eu procuro uma maior
praticidade, porque a gente não tem muito tempo aqui” (Guiomar). O trecho supracitado
destaca que a “carência do tempo” vivenciada pelo estudante o leva a buscar formas
alternativas para se alimentar, dentre elas a escolha por alimentos industrializados,

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por exemplo. Aprender a gerenciar o tempo é algo necessário ao sujeito que quer se
alimentar de forma saudável e ensinar isso à população universitária pode ser essencial
à Saúde deste grupo.

COMIDA DE PANELA, SEU CALOR CHEGA AO CORAÇÃO

Símbolo da cultura nacional, a comida de panela é o resultado de uma grande


mistura de tradições, alimentos e ingredientes, adaptados ao clima e à geografia de
cada região e comumente é considerada responsável por trazer boas sensações, o que
nos tempos de hoje é algo mais raro. Há muito tempo os antropólogos afirmam que o
comer envolve seleção, escolhas, ocasiões e rituais, imbricando-se com a sociabilidade,
com ideias e significados, com as interpretações de experiências e situações (GARCIA;
CANESQUI,2005).
Geralmente os ingredientes utilizados nesta culinária são os mais simples, como
cita Brás Cubas: “[...] eu prefiro comer em casa, geralmente feijão e arroz durante o dia
e a noite eu como cuscuz ou batata doce com ovos[...]”. Assim, cada pessoa tem sua
preferência alimentar, que tem a ver com a história e a trajetória de cada um, mais do
que um alimento para o estômago, é um alimento para o espírito.
Em nossas entrevistas, pudemos observar que “comida de panela” remete à
sensação de uma cozinha calorosa e não extremamente técnica. Uma comida caseira
boa e saudável vai contra o fast-food, contra a correria do dia-a-dia, contra o excesso
de conservantes. A alimentação preparada com o conceito de comida de panela traz o
retorno à simplicidade gastronômica e ainda é a preferida de muitos universitários.

NATURAIS X PROCESSADOS: EM QUE TIME OS UNIVERSITÁRIOS JOGAM?

O guia alimentar da população brasileira (2014) define alimentos in natura como


aqueles advindos de animais e vegetais sem sofrer qualquer alteração posterior à
sua saída do meio. Alimentos processados, por sua vez, são definidos como aqueles
manipulados em uma indústria com adição de outras substâncias.
Há, mundialmente, uma enorme procura por alimentos processados. Esta
mudança tende a gerar o aumento da obesidade. “O Brasil, assim como outros países
em desenvolvimento, convive atualmente com a transição nutricional, determinada
frequentemente pela má-alimentação.” (COUTINHO, et. al, 2008).
“O consumo de frutas e verduras, alimentos protetores para doenças como o
câncer e as cardiopatias, se reduz muito nas faixas de menor renda e também entre
os mais jovens” (SICHIERI, 2013, p.1). Essa realidade destacou-se com a realização
das entrevistas. “Tenho preferência por alimentos menos saudáveis. São os que mais
atraem, os que mais sinto prazer em comer. Sanduíche, pizza etc.”. Também se mostrou
mais presente quando estes se encontram com os amigos: “eu saio mais com meus
amigos e sempre rola esses tipos de alimentos” (Bentinho).
Muitos jovens pulam refeições importantes ficando vulneráveis a problemas de
saúde: “[...] saia pra estudar e não tomava café da manhã, chegando à escola ia pra
cantina e comia aquelas besteiras, com isso acabei tendo problemas de saúde [...]”
(Capitu).
Os alimentos in natura deterioram-se mais rapidamente e a opção por aqueles
livres de agrotóxicos e transgenia geralmente custam um pouco mais, assim, podem
ser esses alguns dos motivos que levam as pessoas a preferirem os mais práticos, ou
seja, alimentos industrializados. As refeições são compradas prontas e não precisam
dos processos de preparação como nos alimentos naturais.

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Ao ingerirmos alimentos naturais estamos contribuindo para nossa longevidade e


qualidade de vida, por mais que seja de fácil deterioração, esses alimentos proporcionam
benefícios à nossa saúde e deve ser estimulado seu consumo no ambiente universitário.

“TODO DIA ELA FAZ TUDO SEMPRE IGUAL”

A monotonia, de acordo com o dicionário Michaelis (2015), tem como uma de


suas definições: “Modo de vida que não apresenta variação nos hábitos”. Definição essa
que muitas vezes caracteriza o hábito alimentar de várias pessoas, especialmente dos
estudantes universitários.
De acordo com Luján (1990, apud. CANESQUI; GARCIA, 2005), alguns dos
fatores responsáveis pela invariabilidade entre as cozinhas atuais, caracterizada pelos
indiferenciáveis sabores, sempre repetidos, são a pressa e dificuldade de se encontrar
matérias-primas de qualidade.
Isso pode ser correlacionado com o universo estudado, uma vez que os
estudantes, que estão por algum motivo impossibilitados de fazer as refeições em
suas casas, utilizam o serviço do restaurante universitário. A frase do estudante Dom
Casmurro retrata bem esse cotidiano, ela mostra que aceitação não é muito boa, sendo a
monotonia um dos principais motivos: “É um cardápio bom, porém acho que as comidas
deveriam ser feitas com mais seleção, a comida fica repetitiva e sem tempero”.
Porém, é possível perceber que não é apenas uma realidade dos frequentadores
do restaurante universitário, mas também daqueles que tem a oportunidade de se
alimentar em casa, como mostra a fala do Simão Bacamarte: “Ah, comendo em casa
todo dia, um prato de feijão com arroz, frango.”
Vale ressaltar que a diversificação alimentar não se trata apenas de uma melhora
na qualidade de vida em termos de satisfação, mas envolve a saúde das pessoas em
longo prazo, visto que repetir uma pequena variedade de alimentos frequentemente
pode gerar déficits de vitaminas e minerais, podendo causar deficiências nutricionais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base no que foi desenvolvido, pudemos constatar que os principais fatores
que influenciam a adoção de uma alimentação saudável pelos jovens universitários da
UFRN, são sua disponibilidade de tempo, com quem residem e sua história, fortemente
marcada por determinados alimentos.
Portanto, fazer uma crítica à má alimentação adotada pelos mesmos, significa
criticar o próprio cotidiano dos universitários. Este trabalho revelou que não é a falta de
informação que leva os estudantes se alimentarem mal, mas as condições nas quais se
encontram, pois eles preferem optar pelo prático e, às vezes monótono, adequando sua
alimentação à rotina a qual estão inseridos.

REFERÊNCIAS

BAUER, Martin W; GASKELL, G. Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um


manual prático. Petrópolis: Vozes, 2003.

BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE. Guia alimentar para a população brasileira.


Brasília/DF, 2014.

CANESQUI, A.M.; GARCIA, R.W.D., orgs. Antropologia e nutrição: um diálogo


possível [online]. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2005. 306 p. Antropologia e Saúde

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

collection. ISBN 85-7541-055-5.

COUTINHO, J. G.; et al. A desnutrição e a obesidade no Brasil: o enfrentamento com


base na agenda única da nutrição. Cad. saúde pública, Rio de Janeiro, 2008, p. 8.

MARIOTTI, H.Complexidade e pensamento complexo:breve introdução e desafios


actuais,RevPortClin Geral, n.23, 2007.

MICHAELIS. Moderno Dicionário da Língua Portuguesa. Disponível em: <http://


michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php>. Acesso em: 01 nov. 2015.

ORTIGOZA, S. A. G. Alimentação e saúde: as novas relações espaço-tempo e suas


implicações nos hábitos de consumo de alimentos. Curitiba, n. 15, p. 83-93, 2008.

RANGEL-S, M.L;LAMENGO, G.; GOMES,A.L.C. Alimentação saudável: acesso à


informação via mapas de navegação na internet. Revista de Saúde Coletiva, Rio de
Janeiro, v.22, n.3. 919-939. 2012.

SICHIERI, R.; Consumo alimentar no Brasil e o desafio da alimentação saudável. Com


ciência, Campinas, fev., 2013.

VIEIRA, V. C. R., et al. Perfil socioeconômico, nutricional e de saúde de adolescentes


recém-ingressos em uma universidade pública brasileira. Rev Nutr. v.15, n.3. 2002.

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
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AS EMOÇÕES NO CONSUMO DA ALIMENTAÇÃO ESCOLAR

Pedro Costa (UFRN)


Raissi Silva (UFRN).

INTRODUÇÃO

As emoções são responsáveis por integrar grupos e, quando relacionadas com


a alimentação, podem alterar o gosto, a perda ou aumento do apetite. A comensalidade
e convivialidade são dois fatores importantes no ato de se alimentar, estando,
geralmente, envolvidas no momento de prazer e compartilhamento de culturas, saberes
e experiências, formando dentro do grupo um conjunto de valores sociais. Assim,
Madalena Freire (1922) nos lembra que “um grupo se constitui na constância de sua
rotina e de suas atividades”.
A alimentação escolar, segundo a lei no 11.947, é todo alimento oferecido na
escola, independente de sua origem, durante o período letivo (BRASIL, 2009). É direito
de todos o acesso à alimentação escolar, independentemente de cultura, religião
ou necessidade de dieta específica. Segundo Ceccim (1995, p. 63), “a alimentação
escolar é um espaço coletivo de prazer, nutrição e aproximação de construção cultural
e convivencial”.
Logo, a escola deve ser um espaço que favoreça uma relação saudável com
o alimento, respeitando e promovendo a saúde, a cultura e as tradições alimentares
locais, contribuindo assim para a realização do direito humano à alimentação adequada
e à segurança alimentar e nutricional. Num círculo virtuoso, tais práticas contribuem
para o controle e diminuição das altas prevalências de obesidade e sobrepeso que se
encontram atualmente na população escolar (LOBSTEIN, BAUR, UAUY,2004).
O objetivo deste trabalho é conhecer a importância dada à relação do bem
estar com o consumo da alimentação escolar e como os alunos e merendeiras se
sentem diante da alimentação oferecida pela Escola Estadual Desembargador Floriano
Cavalcante, no município de Natal/RN.

METODOLOGIA

Esta pesquisa, de cunho qualitativo, foi realizada junto aos alunos e merendeiras
da Escola Estadual Desembargador Floriano Cavalcante, totalizando 12 sujeitos de
pesquisa, sendo seis do sexo masculino e seis do gênero feminino, incluindo as duas
merendeiras presentes na escola. Os estudantes que aceitaram participar da pesquisa
eram de diferentes séries do ensino médio, ou seja, do 1º ao 3º ano, sendo a maioria
do 1º ano.
A faixa etária dos alunos entrevistados foi de 15 a 18 anos e as duas merendeiras
tinha uma com idade de 32 anos e outra com 36 anos. A coleta de materiais foi feita
através de associação de palavras e por meio de entrevistas individuais semidirigidas,
previamente validadas, que foram gravadas e posteriormente transcritas.
As palavras utilizadas para que os sujeitos pudessem expressar seus sentimentos
foram: “Alegria”, “vergonha”, “culpa”, “ansiedade”, “medo”, “raiva”, “tristeza” e “orgulhoso
de mim”, nas quais os alunos poderiam associar com as seguintes ações: “Como muito”,
“como rápido”, “não como”, “como na rua”, “como com amigos”, “como pouco”, “como
sozinho”, “a comida perde o gosto” e “a comida fica mais gostosa”.
Após a associação de palavras foram feitas as seguintes perguntas: “Com que
frequência você consome a merenda escolar?”, “Como você se sente quando consome
o lanche da escola?” e “Quais seus sentimentos em relação à merenda escolar?”. As

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
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perguntas feitas às merendeiras, após a associação de palavras, foram: “Você consome


a merenda escolar preparada por você?”, “Quais seus sentimentos em relação ao
sabor da merenda escolar que você prepara?”, “Como você se sente quando prepara a
merenda escolar?” e “Quais seus sentimentos em relação à merenda escolar?”.
A análise do material foi feita por meio de análise temática de Mayring, que
consiste em dispor as entrevistas em três colunas: Na primeira consta­se a frase transcrita
do entrevistado, na segunda uma paráfrase do pesquisador e na terceira, uma palavra/
frase chave que vem a tornar­se o tópico do tema em discussão.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para Wallon (1994), emoção e sentimentos são conceitos que não se


confundem. A emoção é a manifestação de um estado subjetivo com componentes
fortemente orgânicos, mais precisamente tônicos; é a expressão própria da afetividade.
O sentimento é psicológico, portanto revela um estado mais permanente, enquanto a
emoção, por ser mais orgânica, é efêmera. Diríamos, então, que, enquanto a cólera é
uma emoção, o ódio é um sentimento.
O contágio da emoção não apenas aproxima as pessoas, mas as integra ao
grupo, despertando o espírito de cooperação. Observa Wallon (1971) que o efeito da
emoção é provocar identidade de reações e comunhão de sensibilidade entre todos.
A raiva inata é uma reação a uma ameaça real e concreta contra a integridade do
organismo. Ela é transitória e dura enquanto durar o estímulo que a produz e gera uma
reação proporcional ao estímulo, originando­se sempre no presente (SANTOS, 2000).
Os estudantes associaram a raiva com a alimentação da seguinte maneira:
Mário diz que “com raiva a comida não fica igual”. Com isso, percebe-se a influência da
raiva no sabor dos alimentos; já para outros essa emoção tem o poder de interferir no
apetite, como Ricardo afirma: “Quando eu estou com raiva eu não costumo ter vontade
de comer, aí perde a vontade”.
O medo condicionado é adquirido ao longo da vida da pessoa, sendo resultante
de circunstâncias específicas por ela vividas. A compreensão do processo do medo
condicionado, também chamado de adquirido ou programado, passa necessariamente
pela compreensão do significado da aprendizagem no ser humano. Segundo Wallon, o
medo sobrevém toda vez que ocorre uma ameaça no equilíbrio (SANTOS, 2000).
Na escola nos deparamos com alunos inseguros quando se fala de alimentação,
mostrando-se com medo de consumir algo tanto dentro como fora da escola, de acordo
com a aluna Naiara: “Eu não gosto de comer na rua, porque não sei de onde vem aí
passa mal, tenho medo”.
A ansiedade é uma reação natural do organismo diante de certas situações da
vida: antes de um exame médico ou de uma prova, diante de uma mudança importante
em nossa vida, diante de um futuro incerto. A ansiedade interfere negativamente em
todas as atividades intelectuais, inclusive na aprendizagem e na avaliação do rendimento
escolar.
Túlio diz: “Quando como rápido é porque estou ansioso querendo fazer alguma
coisa, aí eu tenho que comer mais rápido para fazer o que eu tenho vontade”. Fernanda
relata: “E quando eu estou ansiosa é como se eu descontasse, sei lá, é como se comer
me deixasse melhor”. André explica porque relacionou esses sentimentos da seguinte
maneira: “Ansiedade é porque às vezes dá vontade de comer, mas eu perco o gosto”.
A tristeza é uma reação do organismo a uma perda ou a uma decepção, que leva
a pessoa à paralisação ou ao isolamento, diferentemente de outras emoções que levam
ao movimento (SANTOS, 2000). Segundo a aluna Cinthia: “Eu comia muito, sentia
tristeza”. Gabriel relata: “Quando eu tô triste eu não consigo comer muito”.

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
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A alimentação quando relacionada à tristeza inclui uma contradição aos


aspectos quantitativos dos alimentos. Algumas pessoas quando estão tristes comem
compulsivamente para tentar “aliviar” a dor, isso ocorre devido à liberação de hormônios
que aumentam a autoestima do indivíduo. De forma antagônica, há aqueles que a
tristeza inibe a vontade de se alimentar, a perda de apetite é vista como uma solução ou
manutenção dessa dor.
A culpa envolve uma avaliação negativa de um comportamento específico,
não sendo uma experiência tão dolorosa e devastadora como a vergonha, pois não
afeta a identidade central do indivíduo, existindo em vez disso uma tensão, remorso
e arrependimento que impulsionam a pessoa a tentar reparar o sucedido, através da
confissão, pedido de desculpa ou comportamentos ativos reparadores. Naiara comenta:
“A culpa é porque eu como pouco mesmo. Difícil é eu comer uma coisa, aí mãe fica
reclamando muito”.
Muitos pensadores relacionaram a alegria como a posse de alguma coisa, um
bem material ou sua representação; outros como um êxtase, um relaxamento, um
estado ético, o nirvana. Dessa forma, há de se deduzir que a alegria é um sentimento
que varia a partir dos resultados vividos das experiências de cada ser.
Com os estudantes da escola FLOCA foi possível observar esse sentimento de
alegria em algumas falas, como na fala de Suzana: “Quando tô com alegria é mais fácil
controlar tudo, a comida fica mais gostosa, o dia fica mais bonito”. A fala da estudante
nos mostra como a alegria influi de forma positiva na percepção do sabor do alimento.
A mesma percepção foi observada na fala do estudante Tiago, quando ele fala “Quando
eu estou alegre, parece que a comida fica melhor”.
Analisando o orgulho pelo lado positivo, é possível perceber que esse sentimento
serve como estímulo para que o indivíduo evolua ou continue fazendo aquilo que é
motivo desse orgulho, sendo assim uma confirmação natural dos seus sentimentos,
conquistas e alegrias. Esse sentimento foi mais relatado nas falas das merendeiras,
cujo orgulho é resultado do trabalho realizado. Na fala dos estudantes, o sentimento foi
relatado uma única vez, quando a estudante Fernanda diz: “Gosto de comer sozinha,
porém eu como bem pouquinho e tenho orgulho de mim, porque gosto de ficar sozinha
e de comer pouco” , o que sugere uma satisfação relacionada ao ato de comer pouco.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Observamos que a escola FLOCA precisa enfrentar muitos obstáculos,


principalmente, a alimentação escolar, que ainda é vista negativamente pela maioria
dos estudantes. É necessária a mobilização dos educadores no incentivo do consumo,
melhoria dessa alimentação, e ter atenção especial para aqueles portadores de alergias,
intolerâncias, diabetes e doenças inatas do metabolismo, pois esses adolescentes tem
o direito, assim como todos, à alimentação adequada, um direito que deve ser universal.
Este trabalho pode servir para desenvolver outras pesquisas quantitativas e/ou
qualitativas aprofundando mais no tema ou em outros que podem surgir através desta
pesquisa. Profissionais de saúde, como nutricionistas, podem pesquisar sobre como se
posicionar e atender indivíduos com problemas emocionais no ponto de vista dietético.

REFERÊNCIAS

BRASIL; BRASIL. Lei nº 11.947 de 16 de junho de 2009. Dispõe sobre o atendimento da


alimentação escolar e do Programa Dinheiro Direto na Escola aos alunos da educação
básica. 2009.

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

CECCIM, Ricardo B. A merenda escolar na virada do século: agenciamento pedagógico


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Desporto, p. 54-62, 1995.

LOBSTEIN, Tim; BAUR, Louise; UAUY, Ricardo. Obesity in children and young people:
a crisis in public health. Obesity reviews, v. 5, n. s1, p. 4-85, 2004.

SANTOS. J.O. Educação Emocional na Escola: A Emoção na Sala de Aula. Salvador:


Editado pela Faculdade Castro Alves., 2000. 316p.

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

MÃES UNIVERSITÁRIAS: COMO SEUS FILHOS COMEM?

Juliana Silva (UFRN)


Isabelli Silva (UFRN)
Kellen Lima (UFRN)
Rayssa Rodrigues (UFRN)

INTRODUÇÃO

A maternidade é um momento único na vida de uma mulher, acarretando


mudanças biológicas e psíquicas para sua vida (MENEZES et al., 2012). Apesar de
apresentar-se como experiência plena, a mulher moderna não se limita às antigas
funções e abraça cada vez mais outras áreas. Nesse contexto está a mãe universitária,
que enfrenta o árduo trabalho de conciliar a vida acadêmica com a criação de um filho
(LIMA, 2007).
De acordo com Aquino e Phillipi (2002), nos últimos anos a abertura da economia
e a transformação social do trabalho com a mulher fora do lar vêm contribuindo para a
introdução e manutenção de alimentos industrializados nos hábitos das famílias, e das
crianças, por sua maior praticidade, rapidez, durabilidade e boa aceitação.
O Guia Alimentar para a População Brasileira (2014) aconselha utilizar
alimentos in natura ou minimamente processados como a base para uma alimentação
nutricionalmente balanceada, enquanto os alimentos ultraprocessados devem ser
evitados, como prevenção às doenças crônicas não transmissíveis.
Sabemos, porém, que as escolhas alimentares realizadas pelas mães para
seus filhos sofrem influência de inúmeros fatores que não devem ser vistos de maneira
isolada, mas sim como um conjunto de influências.
Segundo Morin (2004), o conhecimento científico é visto de forma simplificada,
reduzindo a complexidade dos fenômenos que nos cercam. Esse pensamento
desconstruído, por mais que se imagine o contrário, acaba mascarando a realidade ao
invés de expô-la claramente.
Assim, esse trabalho tem como objetivo principal identificar as motivações das
mães universitárias para escolher produtos industrializados ou naturais ao alimentar
seus filhos. Para tanto, foi necessário compreender a influência da rotina materna na
alimentação dos filhos; analisar possíveis predominâncias nas escolhas alimentares
maternas; e identificar quais são as influências externas que afetam as mães.

METODOLOGIA

Foram utilizadas como técnicas de coleta a entrevista e a associação de palavras


com dez mães, com média de idade de 25 anos, e que atuam exclusivamente como
estudantes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
A pesquisa foi realizada em diversos setores e âmbitos dessa Universidade, tanto
em salas privadas quanto em ambientes de convivência. As entrevistas e associações
duraram em média onze minutos. A variação de renda foi de R$450,00 a R$10.000,00
reais, refletindo que o nível social das entrevistadas foi variável.
As palavras utilizadas para a associação foram “alimentação”, “saudável”,
“natural”, “trabalhoso”, “saboroso”, “praticidade”, “distração”, “industrializado”, “rotina”,
“exceção”, “atrativo”, “monótono”, “agrado”, “caro” e “acessível”. Na primeira associação,
cada entrevistada associou as palavras livremente, e na segunda, foi solicitado que
agrupassem as palavras em dois grupos, um relacionado com a palavra “natural” e outro
com a palavra “industrializado”.

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NATAL 2016

As entrevistas foram gravadas em gravador digital, assim como as explicações


acerca das associações. As associações foram fotografadas em máquina digital.
Os áudios foram transcritos e posteriormente analisados por análise temática, o que
resultou nos seguintes temas para discussão: querer não é poder, a rotina materna; e,
as influências externas.

NATURAIS X INDUSTRIALIZADOS: QUERER NÃO É PODER

De acordo com o Guia Alimentar para a População Brasileira (2014), pode-se


classificar os alimentos em quatro categorias: in natura, minimamente processados,
processados e ultraprocessados.
Segundo ele, alimentos in natura são aqueles obtidos diretamente de plantas
ou de animais e adquiridos para consumo sem que tenham sofrido qualquer alteração
após deixarem a natureza. Os industrializados são classificados em processados e
ultraprocessados. Alimentos processados são aqueles fabricados pela indústria com
a adição de sal, açúcar ou outros aditivos. Os ultraprocessados são produtos feitos
inteiramente ou majoritariamente de substâncias extraídas de alimentos. (BRASIL,
2014).
Para Aquino e Phillipi (2002), o Brasil viveu e vive um processo de transição
nutricional influenciado por fatores como a estabilidade econômica e o trabalho da
mulher fora do lar. Tais fatores contribuem para a introdução e manutenção de alimentos
industrializados nos hábitos da família e das crianças.
Levy-Costa e colaboradores (2005) evidenciam que no período entre os anos
de 2002 e 2003 houve aumento de até 400% no consumo de produtos industrializados,
persistência do consumo excessivo de açúcar e insuficiente de frutas e hortaliças e
aumento sistemático no teor da dieta em gorduras em geral e em gorduras saturadas.
Essa tendência vai de encontro às orientações do Guia Alimentar (2014), que
orienta o consumo de alimentos in natura como base da alimentação.
As mães entrevistadas afirmaram que na alimentação dos seus filhos prevalecem
os alimentos naturais, embora também consumam os industrializados.
A mãe Katarina relatou que seu filho não aceita bem alimentos naturais, e
apenas toma um suco com couve, porque a mãe associou sua cor a um personagem
de um filme infantil.“Ele não gosta de verdura, o que salva ele é um suco com couve [...]
quando ele tinha uns dois anos [...] eu disse que era o suco do Shrek aí eu acho que ele
se agradou do paladar, aí sempre no suco a gente coloca couve [...]”
Na associação de palavras feita em relação às palavras “natural” e “industrializado”,
pode-se compreender as percepções das mães acerca desses tipos de alimentos. A
maioria associou a palavra “natural” à palavra “caro”. Todas as mães associaram a
palavra “natural” à palavra “saudável” e à palavra “trabalhoso”. Todas as entrevistadas
associaram a palavra “industrializado” às palavras “praticidade” e “acessível”. Metade
delas associou a palavra “rotina” à palavra “industrializado”, e a outra metade, à palavra
“natural”.
Dessa forma, percebe-se que para as mães é clara a ideia de que os alimentos
naturais são mais saudáveis, mas também são trabalhosos e demandam maior
tempo e esforço. O fato de considerarem os alimentos naturais mais trabalhosos e
os industrializados práticos e acessíveiscontribui para que alimentos naturais não
estejam tão presentes na alimentação dos filhos, pois sabe-se que a rotina de uma mãe
universitária é cansativa e com pouco tempo livre; além disso, muitas têm um orçamento
limitado para a alimentação.

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MINHA ROTINA, NOSSA ALIMENTAÇÃO

O comportamento alimentar infantil é influenciado diretamente pelos


hábitos alimentares de seus cuidadores, principalmente o da mãe. (RAMOS, 2000).
Lamentavelmente, o modo de vida urbano vem restringindo o tempo disponível para o
preparo dos alimentos in natura. (GARCIA, 2003). Isso pode ser reforçado pelo relato de
Maria: “Porque acaba que você não dispõe de tanto tempo para produzir a alimentação
que você desejaria. Então você [...] introduz no seu cardápio produtos industrializados,
tipo uma salsicha, um frango empanado.”
Nessa mesma linha, foi observado que os “hábitos adquiridos com o aumento
do consumo de alimentos industrializados podem reduzir o consumo de alimentos in
natura.” (AQUINO, 2002, p. 656) como nos conta Clara: “O industrializado, a questão
da praticidade, no dia a dia corrido, você chega em casa ao invés de lavar um legume,
preparar um legume, preparar uma hortaliça, você vai demorar muito mais tempo do que
se você pegar um prato pronto, colocar no micro-ondas e comer.”
No entanto, notou-se uma preocupação por parte das mães em manter uma
disciplina para o preparo dos alimentos que são ofertados aos seus filhos a fim de
proporcionar uma alimentação baseada em alimentos in natura: “É preciso uma rotina
bem estruturada para conseguir inserir uma comida natural. Eu associaria até a palavra
‘disciplina’ porque sem disciplina a gente não consegue ter uma alimentação natural.”
(Ana)

COMER PARA ALÉM DO ÚTERO

A alimentação humana não é algo limitado e geralmente sofre influência de dois


condicionantes bases e flexíveis. Um desses condicionantes envolve o lado fisiológico
e bioquímico do organismo, enquanto que o outro se relaciona com o ambiente do
indivíduo (Poulain; Proença, 2003).
Segundo Berger e Luckmann (1973), um bebê humano completa seu
desenvolvimento orgânico através de outros elementos significativos, pois permanece
em seu período fetal até um ano após o desenvolvimento intrauterino. “Importantes
desenvolvimento orgânicos que no animal se completam no corpo da mãe efetuam-se
no lactente humano depois que se separa do útero. Nessa ocasião, porém, a criança
humana não somente está no mundo exterior, mas se inter-relaciona com este por
muitos modos complexos” (BERGER,1973, p. 69).
A partir do momento que a criança tem um contato mais apurado com o mundo
exterior ela desenvolve seus próprios hábitos alimentares, sendo influenciada por
diversos fatores, dentre eles o ambiente escolar. Algumas das entrevistadas declaram
que a escola insere novos hábitos para o filho, fazendo com que ele compare sua
alimentação com os dos outros colegas de sala, assim como descrito por Maria: “A
partir do momento que eles começaram a ir para a escola e começaram a ver colegas
lanchando, por exemplo, refrigerante, aquele lanche saudável que você manda vai e
volta”.
Além disso, uma das mães alegou que os outros pais também julgam o tipo de
alimentação que se oferece ao filho: “[...] já tiveram mães de colegas deles que me
ridicularizaram por eu oferecer uma banana.”
Apesar do olhar negativo que algumas mães possuem sob o universo escolar,
uma delas declarou que a escola estimula o seu filho a se alimentar de uma maneira
mais saudável: “Ela come bem, até porque ela já estuda, vai para a escola e lá eles
tem um programa de educação alimentar; então ela sempre tem que levar lanchinhos
saudáveis”. Eveline

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As mães também são influenciadas pelas próprias experiências alimentares da


infância, gerando assim uma situação de superproteção: “Eu acho que sempre tive um
cuidado muito grande com a alimentação dela, porque sempre tive medo dela ser uma
criança gordinha, porque eu fui na minha infância uma criança gordinha, sofria muito
bullying com isso. Então, sempre tive esse medo”. Roberta
É tradicionalmente aceito que a mãe exerça função de orientar a filha, mesmo
após esta tornar-se mãe. Essa tradição apoia-se na concepção que a avó tem uma
experiência materna, autorizando-a a exercer influência na criação de seus netos
(GROSS, 2011). Porém, nem sempre essa direção é bem aceita pela mãe, o que é
reforçado pelo relato de Júlia: “Porque sendo avó ela meio que dá o que ele quer comer
[...] porque às vezes ele faz: “ah, vó, não quero comer isso”, [...] Aí dá um biscoito, dá
uma banana frita cheia de açúcar e achocolatado.”
Não somente a avó exerce essa influência sobre o cuidado e alimentação da
criança, outros membros do núcleo familiar podem reforçar a atitude, deixando a mãe
com a função de algoz, em sua própria concepção. “Pela minha mãe, todos os dias ela
pode comer doce [...]. Ela [a avó] e todo mundo da família é assim, eu sou sempre a
mais rígida, por isso digo que sou a chata, porque ela compra todo mundo e eu sempre
veto tudo, meu trabalho é esse.” Clara

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pode-se observar que não basta a mãe ter intenção de alimentar bem a seu filho,
são necessárias condições externas que as apoiem ao objetivo de criar seus filhos de
uma maneira mais saudável, como o custo dos alimentos in natura e de boa qualidade,
uma rotina adequada à condição materna e o apoio familiar.
Apesar da reflexão realizada, muito ainda precisa ser estudado a fim de revelar
a real relação entre mãe universitária, filho e alimentação. Também é necessário
se aprofundar na questão das predominâncias dos grupos alimentares natural e
industrializado, que não ficou muito visível na atual pesquisa.
Este estudo, contudo, revelou um grande trabalho a ser feito pela Nutrição,
em especial pela Educação Alimentar e Nutricional: apoiar mães universitárias e
seus familiares na oferta do mais precioso bem que uma criança pode receber – uma
alimentação saudável.

REFERÊNCIAS

AQUINO, R.C; PHILIPPI, S.T. Consumo infantil de alimentos industrializados e renda


familiar na cidade de São Paulo. Rev Saúde Pública, São Paulo, v. 6, n. 36, p.655-660,
2002.

BERGER, Peter L.; LUCKMANN, Thomas.A construção Social da Realidade. Petrópolis:


Editora Vozes, 1973.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção


Básica.  Guia alimentar para a População Brasileira / Ministério da Saúde, Secretaria
de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – 2. ed. – Brasília : Ministério
da Saúde, 2014. 156 p.

GARCIA, Rosa Wanda Diez; Reflexos da globalização na cultura alimentar: considerações


sobre as mudanças na alimentação urbana. Revista Nutrição, Campinas, out./dez.,
2003, pp. 483-492.

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

GROSS, F.M et al. Influência das avós na alimentação de lactentes: o que dizem suas
filhas e noras. Acta Paul Enferm, vol.24, n.2, 2011.

LEVY-COSTA, R.B et al .Disponibilidade domiciliar de alimentos no Brasil: distribuição e


evolução (1974-2003). Rev. Saúde Pública,  São Paulo ,  v. 39, n. 4, p. 530-540, ago. 
2005 .  

LIMA, L. Como é ter um filho durante o período acadêmico? É possível continuar os


estudos?  Jornal laboratório do curso de Comunicação Social da Universidade
Federal do Espírito Santo, 07 nov 2007. Disponível em: <http://universoufes.wordpress.
com/2007/11/07/maes-universitarias/>. Acesso em: 18nov. 2015.

MENEZES, R.S et al .Maternidade, trabalho e formação: lidando com a necessidade de


deixar os filhos. Constr. psicopedag.,  São Paulo,  v. 20, n. 21,   2012.

MORIN, E. A cabeça bem feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. 9. ed. Rio
de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004.

POULAIN, J. P.;  PROENCA, R. P. C. O espaço social alimentar: um instrumento para o


estudo dos modelos alimentares. Rev. Nutr. vol.16, n.3,2003.

RAMOS, Maurem; STEIN, Lilian M.; Desenvolvimento do comportamento alimentar


infantil. Jornal de Pediatria, 2000, pp. 229-237.

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PERCEPÇÕES DO CARDÁPIO VEGETARIANO DO RESTAURANTE UNIVERSITÁRIO


– UFRN

Joana Neta (UFRN)


Lívia Souza (UFRN)
Luciana Medeiros (UFRN)
Sara Nascimento (UFRN)

INTRODUÇÃO

É de conhecimento geral que vem crescendo uma nova forma de visão sobre
as escolhas alimentares, que proporcionem qualidade de vida e preservação ambiental.
Diante dessa nova realidade, se faz importante que essas escolhas sejam respeitadas
e haja uma adaptação do mercado para atender esse novo público.
O ambiente universitário, por ser um lugar de diversidade, abriga diversos grupos
de pessoas resistentes ao consumo de certos alimentos, por isso se faz necessário
facilitar e proporcionar que suas escolhas sejam respeitadas com qualidade.
Na universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) existe, hoje, um
crescente número de alunos com alguma necessidade alimentar especial, seja devido
a alguma enfermidade, como a intolerância à lactose, ao glúten etc. ou por opção
filosófica, como os vegetarianos, veganos, crudívoros, etc..
A universidade disponibiliza apenas uma opção para quem procura esse tipo
de serviço, que é o restaurante universitário (RU), que oferece no almoço e jantar,
de segunda a sexta-feira, a opção ovolactovegetariana, que não atende a todos os
consumidores, uma vez que veganos e intolerantes a lactose, por exemplo, não usufruem
deste serviço. Evidencia-se, portanto, a necessidade de uma nova reformulação no
cardápio vegetariano, do restaurante universitário, para que possa atender a todo o
público.
Esta pesquisa tem como objetivo conhecer a concepção dos usuários
vegetarianos acerca do cardápio oferecido. Para tanto, foi necessário traçar o perfil dos
estudantes; elencar suas percepções do cardápio; e entender as motivações para optar
por este local para realização de suas refeições.

METODOLOGIA

A presente pesquisa pode ser descrita como um estudo exploratório, de


natureza qualitativa. Mayring (2002), descreve quatro maneiras de levantar dados no
contexto da pesquisa qualitativa: a) dados verbais por meio da entrevista centrada num
problema, b) entrevista narrativa, c) grupo de discursão e d) dados visuais por meio da
observação participante. O método utilizado foi a coleta dos dados verbais por meio da
entrevista centrada num problema, com entrevistas semidirigidas. Na coleta dos dados
as entrevistas foram gravadas e logo após transcritas e analisadas de acordo com a
análise temática de Mayring (2002).
As entrevistas foram realizadas no campus da UFRN, especificamente no
Departamento de Nutrição, Centro de Ciências biológicas e Restaurante Universitário e
duraram, em média cinco minutos. Foram feitas, em sua maioria, por dois pesquisadores,
e em outras ocasiões, por apenas um. Os entrevistados, no momento da entrevista,
estavam a sós com os pesquisadores.
A maioria dos entrevistados foi do gênero feminino, totalizando doze entrevistas,
sendo nove do gênero feminino e três do masculino, com média de idade de vinte e três
anos. Todos cursam graduação na UFRN e a maioria estuda em período integral; os

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que não o fazem são bolsistas ou estagiários e permanecem o mesmo tempo na UFR e
fazem suas refeições no RU. Os entrevistados eram de classe média e baixa.
Cada transcrição durou em média trinta minutos. Cada três minutos de entrevista
resultou em média, em uma pagina. Depois de transcritas, as entrevistas analisadas
resultaram em três temas: “A liberdade da vida”, “É muita soja pra pouco tempero!”,
“Praticidade e economia”.
A pesquisa foi fundamentada na Teoria da Complexidade, que visa entender o
que leva as pessoas a seguir determinada prática. Segundo (MARIOTTI, 2007, p. 727)
“A complexidade corresponde à multiplicidade, ao entrelaçamento e à interação contínua
da infinidade de sistemas e de fenómenos que compõem o mundo, as sociedades
humanas, a pessoa humana e todos os seres vivos”.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A liberdade da vida

A liberdade da vida no âmbito da filosofia contemporânea vem sendo há tempos


um tema de discussões, debates e que em alguns momentos suscitou até mesmo
confrontos armados. Obter uma definição para a questão da liberdade deve envolver
valores, vivencias pessoais e históricas, e todos esses fatores são, essencialmente,
particulares, de um determinado povo, grupo de pensadores e pessoa.
Em um contexto atual, os desejos de qualquer individuo, vem ganhando cada
vez mais um sentido individualizado e pessoal, significando que o poder de agir com
liberdade é o mesmo de ser independente para escolher. A liberdade como um valor
da democracia moderna vem principalmente da ideia de igualdade, que torna cada
individuo, por direito igual aos demais. Para Voltaire, tal é o sentido de liberdade: “No
essencial, em sua acepção mais apropriada, a ideia de liberdade coincide com a dos
direitos do homem. O que quer dizer, finalmente, ser livre senão conhecer os direitos do
homem? Pois conhecê-los é defendê-los.” (VOLTAIRE apud CASSIRER, 1997, p. 336)
Assim como os humanos, os animais são dotados de inteligência e experiências,
embora de modo irracional, e como criaturas vivas merecem respeito e liberdade
devidas. Não é necessário ganhar o direito à liberdade, é uma dádiva incondicional. O
animal não é livre apenas por necessidade: ele é livre por definição. E isso faz com que
a liberdade não seja apenas “mais” um direito, mas um direito importante na mesma
medida que o direito à vida e à integridade.
É assim que identificamos neste trabalho, o ponto de vista dos entrevistados, o
pensamento de liberdade, tanto própria, como dos demais seres. É assim que eles se
sentem diante dessa nova forma de vida, esse sentimento de liberdade. [...] “Eu comecei
a ler alguns artigos e estudar sobre o assunto, via como os bichos eram tratados e
em alguns casos era horrível, aí resolvi parar de comer tudo aquilo que me lembrasse
morte, decidi que eu podia sobreviver só com o que a natureza fornecia sem precisar
maltratar e matar ninguém, e me sinto muito bem assim.”[...] (Fernanda).

É muita soja para pouco tempero!

A mais antiga referência do cultivo da soja no Brasil data de 1882. A cultura


estabeleceu-se no noroeste do Rio Grande do Sul, na década de 30 e os trabalhos
experimentais tiveram incremento na década de 40. O melhoramento genético iniciou-
se no Rio Grande do Sul e em São Paulo. Não havia aplicação de nitrogênio mineral nos
trabalhos experimentais, mas sim inoculação das sementes. (FREIRE, 1997).

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A soja transgênica do Brasil foi desenvolvida pela Monsanto (KLEBA, 1998);


embora sua produção e consumo sejam de grande escala, a soja transgênica apresenta
algumas desvantagens, pois ainda não há muitos estudos sobre o que pode causar seu
consumo continuo.
A soja é considerada um alimento funcional, que fornece nutrientes ao organismo
e benefícios para a saúde. Um desses benefícios vem das isoflavonas que podem
funcionar como repositores hormonais naturais. (PENHA, 2007).
Nesse trabalho identificou-se o valor do sabor. Para os usuários vegetarianos
sua ausência é um transtorno. Segundo eles, o sabor das comidas servidas nas cubas
vegetarianas, em especial a soja, deixam muito a desejar: “às vezes é até desanimador
quando você vai comer uma soja daqui do RU, ela é muito mal preparada, a soja com
gosto de doce[...]” (Pedro).
A falta de tempero e a falta de diversidade dos pratos servidos de mostra uma
inabilidade do RU em atender às necessidades dos vegetarianos, como afirma Eduarda
“[...]a maioria acha que vegetariano só come soja[...]”.

Praticidade e economia

A praticidade e a economia são os grandes aliados dos estudantes universitários


à correria dos estudos. A busca por uma alimentação mais pratica e barata leva à opção
pelos restaurantes universitários.
Os entrevistados trouxeram a importância da praticidade em conjunto com o
tempo, o fato de ter aulas em turno integral, morar longe da faculdade e ter que gastar
mais para almoçar em casa ou ter que ir até um restaurante que atenda o publico
vegetariano conduz os estudantes a optarem pelo RU, que além de ser perto, tem
uma alimentação com opção ovolactovegetariana a um preço acessível. A correria do
dia-a-dia e as condições de transporte dos alimentos fazem com que dificilmente os
estudantes preparem suas próprias refeições, sendo mais pratico optar pelo RU: “[...]
Pela praticidade, que a gente tem aula aqui no DNUT, geralmente manhã e tarde, então
não dá tempo de ir em casa, e pelo preço também, tem restaurante vegetariano aqui
perto, mas é tipo, 18 reais o prato então não dá pra comer lá todos os dias [...]” (Felipe).
Segundo KUWAE et al (2015 p. 627), “os valores de praticidade e rapidez também
entremeiam as concepções de alimentação saudável”. Com isso, o acompanhamento
nutricional também é de extrema importância, e para os usuários é muito relevante,
além do preço acessível, ter o acompanhamento de nutricionistas em conjunto com as
condições de higiene do local: “[...] também tem esse acompanhamento nutricional. Eu
sei que atende, ou é pra atender, os padrões de higiene, padrões nutricionais também
[...]” (Paulo).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A realização desta pesquisa proporcionou um conhecimento mais aprofundado


da percepção dos vegetarianos sobre o cardápio oferecido ao publico vegetariano do
Restaurante Universitário.
Foi possível compreender as necessidades de melhorias no cardápio vegetariano,
principalmente na sua abrangência ao publico vegano, que muitas vezes deixa de se
alimentar pelo fato do cardápio ser destinado aos ovolactovegetarianos.
Outro fator relevante foi a necessidade de diversidade de opções servidas no
cardápio, tendo não só alimentos a base de soja, juntamente com a sua forma de
preparo visando uma comida mais saborosa e com uma melhor aceitação.

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Uma das limitações do trabalho foi o publico entrevistado; a pesquisa poderia ser
estendida aos alunos que não são vegetarianos, mas optam pelo cardápio vegetariano
e também buscar os entrevistados de um modo geral, incluindo os funcionários que são
usuários do RU.
Sendo assim, é necessária uma maior atenção à alimentação servida ao publico
vegetariano no geral, buscando opções que atendam a todos eles e se faz necessária
uma ampliação dos conhecimentos dos nutricionistas sobre este tipo de alimentação.

REFERENCIAS

FREIRE, J R J; VERNETTI, F. J. A pesquisa com soja, a seleção de rizóbio e a


produção de inoculantes no brasil. http://www.fepagro.rs.gov.br/upload/1398909703_
art_14.pdf. Acessado em: 11 de novembro de 2015.

KLEBA, J. B. Riscos e benefícios de plantas transgênicas resistentes a herbicidas:


o caso da soja RR da Monsanto. http://seer.sct.embrapa.br/index.php/cct/article/
view/8944. Acessado em: 11 de novembro de 2015.

KUWAE C. A; et al. Concepções de alimentação saudável entre idosos na


Universidade Aberta da Terceira Idade da UERJ: normas nutricionais, normas do
corpo e normas do cotidiano. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol.; Rio deJaneiro. http://www.
scielo.br/scielo.php?pid=S180998232015000300621&script=sci_arttext. Acessado em:
17 de novembro de 2015.

MARIOTTI, Humberto. Complexidade e pensamento complexo: breve introdução e


desafios actuais. Revista Portuguesa de Clínica Geral. v. 23.p. 727-731, 2007.

MATTOS, Amana. LIBERDADE E INDIVIDUALIDADE NAS GRANDES CIDADES:


contribuições de Georg Simmel para o debate contemporâneo. http://ulapsi.org/portal/
wp-content/uploads/2012/08/Revista-No.-23-completa.pdf#page=115. Acessado em: 25
de novembro de 2015.

PENHA, L. A. O; et al. A soja como alimento: valor nutricional, benefícios para


a saúde e cultivo orgânico. http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs/index.php/alimentos/article/
viewArticle/8397. Acessado em: 11 de novembro de 2015.

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NATAL 2016

ABORDAGEM QUANTITATIVA
Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

NÍVEIS DE EXPOSIÇÃO À CONTAMINAÇÃO POR ADITIVOS SULFITANTES


CONSUMIDOS POR CRIANÇAS DE UMA ESCOLA DA CIDADE DO NATAL-RN

Everlane Moura (UNIRN)


Auxiliadora Silveira (UNIRN)

INTRODUÇÃO

Alimentação brasileira vem passando por transições nas últimas décadas. A


substituição dos alimentos in natura por alimentos processados e ultraprocessados,
está cada vez mais presente no dia a dia dos brasileiros. De acordo com Polônio e
Peres (2009), essa mudança, tem gerado questionamentos quanto à segurança do uso
de alguns aditivos alimentares, como por exemplo, os sulfitos, o qual é aplicado pela
indústria de alimentos com o intuito de aumentar o tempo de vida de prateleira desses
produtos.
No Brasil, a aplicação de aditivos alimentares está regularizada, desde 1965,
por intermédio do Decreto nº. 55.871. A Resolução do Conselho Nacional de Saúde,
CNS/MS nº.04/88 revisa as tabelas anexas a esse Decreto. Com isso, foram realizadas
várias remodelações na legislação brasileira, como permissão para ampliação de uso e
introdução de aditivos.’
Os agentes sulfitantes são classificados como aditivos alimentares e atuam na
inibição da deterioração provocada por bactérias, fungos e leveduras em alimentos
ácidos, e na inibição de reações de escurecimento enzimático e não enzimático durante
processamento e estocagem. Adicionalmente, os sulfitos são utilizados como agentes
antioxidantes e redutores em várias aplicações tecnológicas (TAYLOR et al., 1986;
LECLERCQ et al., 2000; RIBERA et al., 2001). Por apresentar diversas aplicabilidades os
sulfitos são largamente empregados na tecnologia de alimentos. No entanto, apesar de
ter grande eficácia como conservante, esses aditivos têm trazido algumas perturbações
à saúde humana relacionada a seu consumo.
A quantidade de sulfito necessária para desencadear as reações adversas em
humanos é variável. Em excesso, os sulfitos aumentam o teor de SO2, gás incolor e
irritante, considerado de insalubridade máxima pelas Normas da Legislação Brasileira,
causando intoxicação aguda, logo após a sua absorção, atingindo tecidos e o cérebro,
podendo causar a morte por edema pulmonar (ATKINSON et al., 1993;
MORAIS, 1995). A ingestão desses agentes químicos tem sido motivo de
preocupação em âmbito internacional, visto que são inúmeros os alimentos contendo
os sulfitos como aditivos químicos.
O presente projeto propõe a investigação de agentes sulfitantes, comparando
os níveis experimentais à valores de limites máximos (LM) permitidos pela legislação,
aos índices diários de ingestão aceitável (IDA) e à frequência alimentar, obtidos de
órgãos específicos como IBGE (2011), ANVISA (2011, 2013, 2014), e Instituto Adolfo
Lutz (1985, 2008), a fim de avaliar da real exposição da população dessa forma tendo
como objetivo verificar o nível de exposição de crianças da cidade do Natal/RN à
contaminação química por agentes sulfitantes de acordo com seu padrão de consumo
diário de sucos industrializados e refrigerantes.

REFERENCIAL TeóRICO

Aplicações tecnológicas dos agentes sulfitantes

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

Além da preocupação com as características sensoriais do alimento produzido, a


indústria alimentícia visa à produção de alimentos estáveis e seguros para o consumidor,
que tenham uma longa vida de prateleira. Uma das técnicas utilizadas, como já citado, é
a adição de aditivos em seu processo de beneficiamento, como por exemplo, os sulfitos.
(Mcfeeters, 2003).
Estes são agentes multifuncionais, com capacidade de prevenir em alimentos o
escurecimento enzimático e não enzimático, controlar o desenvolvimento microbiológico,
atuar como agente branqueador, antioxidante ou redutor (Edmond, 2003). Devido
a essas múltiplas funções, os sulfitos são usados em vários produtos como frutas
desidratadas, vinhos, sucos industrializados (Pereira, et al.;2008) bebidas carbonatadas,
que contenham suco de fruta (Galvão, 1991), biscoitos, geleias e mostarda, hortaliças
desidratadas (com exceção da cebola e do alho), frutas e legumes frescos, licores,
produtos cárneos como salsichas, peixes e linguiças.
Os agentes sulfitantes que incluem o dióxido de enxofre (SO2) e seus sais de
sódio, potássio e cálcio. (POPOLIN 2005). Devido ao intenso odor que pode ser aparente
em alimentos, os sulfitos são em geral empregados, como conservadores temporários,
sendo adicionados primariamente aos produtos crus ou semi-prontos e removidos
durante o processamento pela ação do calor ou vácuo (LÜCK & JAGER, 1997).
A ação redutora ou antioxidante dos sulfitos é responsável pela inibição do
escurecimento enzimático em alimentos, e baseia-se na sua capacidade em reagir
com agentes oxidantes formados durante reação enzimática. (MAIA et al., 2001). A
polifenoloxidase (PFO) é encontrada em frutas e vegetais e a inibição de sua atividade
é amplamente utilizada no controle da deterioração enzimática. A atividade da PFO é
alta em alimentos que são particularmente sensíveis ao escurecimento oxidativo, como
batatas, maçãs, cogumelos, bananas, pêssegos, sucos de frutas e vinhos. Sulfitos
podem inibir diretamente a enzima ou também interagir com os intermediários da reação
de escurecimento, impedindo sua participação nas reações que levam à formação
depigmentos escuros (TAYLOR et al., 1986; IYENGAR &McEVILY, 1992; WARNER et
al., 2000).

Agentes sulfitantes e seus efeitos adverso

Os agentes sulfitantes, ou sulfitos, pertencem ao grupo dos aditivos químicos.


Eles são adicionados a alimentos, bebidas e fármacos, com o objetivo de conservar
o alimento, inibindo ou retardando a deterioração do produto. As expressões sulfitos
ou agentes sulfitantes competem ao dióxido de enxofre e seus sais de sódio, potássio
e cálcio. Estes são muito aplicados na tecnologia de alimentos, principalmente em
produtos como sucos industrializados, frutas secas, frutos do mar, alimentos em
conserva, bebidas gaseificadas e alcoólicas. (POLÔNIO, 2010 MONTES, 2013;).
Apesar da sua eficácia, têm-se identificado inúmeros efeitos adversos à saúde
humana relacionada à sua ingestão desses grupos de aditivos químicos (MACHADO
e TOLEDO, 2006). De acordo com a Food and Drugs Administration (FDA), esses
agentes não podem ser lançados em vegetais e frutas que serão consumidas cruas.
Problemas como anafilaxia, urticária, broncoespasmos em indivíduos asmáticos, têm-
se encontrado na literatura. Além disso, problemas como angioedema, hipotensão,
náuseas, irritação gástrica local, pela formação de ácido sulforoso, dores de cabeça,
distúrbio do comportamento e hiperatividade em crianças, erupções cutâneas, diarreia
e crise asmática, também têm sido relatados. Sendo que, a maioria das reações de
intolerância ocorre na forma de ataques asmáticos e urticária (MACHADO; TOLEDO;
VICENTE, 2006; COELHO, 2008; FAVERO; RIBEIRO; AQUINO, 2011;).

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

Reações alérgicas devido ao uso de sulfitos em alimentos são comprovadas e


vêm sendo reportados por vários autores (TAYLOR et al., 1986; SITUMORANG et al.,
1999; HARDISSON et al., 2002). Além disso, atuam diminuindo a biodisponibilidade de
algumas vitaminas como a tiamina (B1), ácido fólico (B9), piridoxina, e nicotinamida,
reduzindo assim a qualidade nutricional dos alimentos tratados. (MACHADO et al. 2006,
GÓES, 2005, PIZZOFERRATO et al. 1998).
Há uma grande variedade de alimentos no mercado contendo agentes sulfitantes.
A aplicação desses aditivos e conservantes alimentares em vários países é circunscrita
com base de utilização e necessidade tecnológica. O Brasil, segue as recomendações
do JECFA (Joint FAO/WHO Expert (Committee on Food Additives) na utilização segura
dos aditivos em alimentos (BRASIL, 1997) e o Ministério da Saúde (MS), por meio da
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), é responsável pela regulamentação
dos aditivos alimentares (ANVISA, 2005).

Tolerância de contaminantes químicos em alimentos

Para o controle de contaminação por agentes químicos em alimentos, são


estabelecidos limites máximos de tolerância, fundamentados em princípios científicos
e na avaliação de impacto à saúde do consumidor, para a prevenção de doenças
toxicológicas. Modificações nos limites toleráveis de contaminantes em alimentos
podem ser realizadas com base na frequência de consumo de determinados alimentos,
prevenindo a não ultrapassagem da Ingestão Diária Aceitável (IDA). A fiscalização dos
níveis de contaminantes em alimentos é de crucial importância para um maior controle
e identificação de possíveis irregularidades, como níveis de contaminantes acima do
limite máximo tolerado, ou até mesmo, de resíduos dos quais não é tolerável sequer à
presença.
Os princípios gerais para o estabelecimento destes níveis máximos de
contaminantes químicos em alimentos, descritos pela legislação (BRASIL, 1998),
tem por base: Regulamentos técnicos no âmbito regional e/ou internacional; Dados
representativos da região sobre incidência do contaminante; antecedentes do problema
detectado; dados analíticos e indicações sobre os possíveis problemas para a
saúde; Relação dos alimentos de maior importância comercial; Dados e informações
toxicológicas; Normas, diretrizes ou recomendações de órgãos de reconhecimento
internacional; Dados existentes na literatura científica.

METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa analítica do tipo qualitativa e quantitativa. Realizada


por uma pesquisa literária, exploratória e explicativa sobre dados de limites máximos
de sulfitos e comparada a valores experimentais. Foi elaborado um Questionário de
Frequência Alimentar (QFA), adaptado de um já validado do Sistema de Vigilância
Alimentar Nutricional (SISVAN), para investigar a frequência de consumo de sucos
e refrigerantes por 104 escolares, entre 7 e 13 anos, do sexo feminino e masculino,
em uma escola particular do Natal -RN. Após a coleta de dados, os resultados foram
tabulados em planilhas eletrônicas do software Excel, e os dados foram analisados
e comparados aos valores de LM para sulfito em sucos (LM = 20 mg/100 mL) e em
refrigerante (LM =4 mg/mL), e aos respectivos IDAs para crianças na faixa de 24 Kg
a 50 Kg, visto que o IDA é índice de ingestão diária/Kg corpóreo/dia. Os resultados
percentuais forma estimados com base em dados experimentais de Sousa, B. J. de
2012, sobre os índices de sulfitos encontrados em refrigerantes (igual a 0,34 mg/mL) e

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

sucos (igual a 4,1 mg/mL) no Natal – RN.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados obtidos mostraram que dos 104 escolares entrevistados, 66,3%


consomem sucos industrializados, dos quais, 30% são diariamente, enquanto, 67% dos
escolares tomam refrigerantes, e cerca de 23% o fazem diariamente. Apenas 6,7% do
total não consomem nenhum. A média de consumo diário de sucos foi de 954 mL/
dia/aluno e de refrigerantes, 550 mL/dia/aluno. A faixa percentual estimada de Sulfito
ingerido/consumo diário, em mL, de sucos, usando-se como referência o %IDA, para
crianças entre 24 Kg a 50 Kg, foi de 111,8% a 232,8% acima do valor de referência
aceitável pelo organismo. Para os refrigerantes, a faixa foi de 4,5% a 11%, abaixo do
valor de referência. Todos os dados levaram em conta o padrão de consumo, peso e
idade dos escolares entrevistados.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

É crucial a existência de estudos para monitorar dos níveis de contaminantes


químicos em alimentos, pois adequação dos limites legais deve levar em conta o padrão
alimentar e hábitos de determinados lugares e faixa etária de consumidores, visto que, a
frequência de consumo pode atingir ou até superar os seus limites máximos tolerados,
causando sérios riscos à saúde.

AGRADECIMENTO

Registra-se aqui os melhores agradecimentos ao Conselho Nacional de Pesquisa-


CNPq pela concessão da Bolsa de Pesquisa que muito tem auxiliado a realizar nossas
pesquisas.

REFERÊNCIAS

ATKINSON, D. A.; SIM, C. T.; GRANT, J. A. Sodium metabisulfite and SO2 release:
an underrecognized hazard among shrimp fishermen. Annals of Allergy, Palatine:
American College of Allergy and Immunology, v. 71, n. 6 p. 563-566, nov, 1993.

BRASIL. Portaria nº 685, de 27 de agosto de 1998. SVS/MS - Ministério da Saúde.


Secretaria de Vigilância Sanitária. Aprova o Regulamento Técnico: “Princípios Gerais
para o Estabelecimento de Níveis Máximos de Contaminantes Químicos em Alimentos”
e seu Anexo: “Limites máximos de tolerância para contaminantes inorgânicos”. Diário
Oficial [da República Federativa do Brasil]. Brasília, 28 de agosto de 1998.

FAVERO, D. M; RIBEIRO, C.D.G; AQUINO, A.D. Sulfitos: importância na indústria


alimentícia e seus possíveis malefícios à população. Segurança Alimentar e
Nutricional, Campinas, v.1, n°.18, p.11-20. 2011.

Mcfeeters RF, Barish AO. Sulfite Analysis of Fruits and Vegetables by High-Performance
Liquid Chromatography (HPLC) with Ultraviolet Spectrophotometric Detection. J
AgricFoodChem. v.51, n.6, p. 513-517, 2003.

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 2008-2009 - Pesquisa de

38
Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

Orçamentos Familiares – Análise do Consumo Alimentar Pessoal no Brasil.

LÜCK, E.; JAGER, M. Sulfur Dioxide, Antimicrobial Food Additives: characteristics,


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MACHADO, R. M. D.; TOLEDO, M. C. F. B. J. Sulfitos em Alimentos. Brazilian Journal


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MAIA, G. A.; MONTEIRO, J. C. S.; GUIMARÃES, A. C. L. Estudo da estabilidade


físicoquímica e química do suco de caju com alto teor de polpa. Ciências e Tecnologia
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MORAIS, C. Efeito do ácido cítrico e metabissulfito de sódio na qualidade do camarão


mantido em gelo de refrigeração. Colet. Inst. Tecnol. Alimentos; 25(1):34-45, jan.-
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MOURA, E. F; DANTAS T.N,C; SANTOS M. J, C, Contaminação de camarão no comércio


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OGAWA, N. B. P. et al. Teor residual de SO2 em camarões congelados Exportados pelo


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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DE ESCOLARES BENEFICIÁRIOS DO PROGRAMA


BOLSA FAMÍLIA

Weskley Ribeiro (ETNAE-Parnamirim/RN)


Cibelle Pereira (ETNAE-Parnamirim/RN)
Natalia Amorim (ETNAE-Parnamirim/RN)
Thayana Bezerra (ETNAE-Parnamirim/RN)
Tatiane Silva (ETNAE-Parnamirim/RN)

Introdução

O crescimento e desenvolvimento infantil, assim como risco de morbimortalidade,


são influenciados diretamente pelo estado nutricional, evidenciando a importância da
realização de avaliações que possibilitem precisar os agravos nutricionais para que
sejam planejadas intervenções adequadas (RIBAS et al., 1999).
Os distúrbios nutricionais variam entre regiões, entre populações urbanas e
rurais, entre famílias de uma mesma comunidade e até entre indivíduos de uma mesma
família. O interesse em conhecer a magnitude dos problemas nutricionais, tendo como
unidade de diferenciação o espaço/instituição que as crianças frequentam, reside
na possibilidade de identificar a distribuição dos distúrbios nutricionais, de monitorar
desigualdades sociais em saúde e, especialmente, de possibilitar a identificação de
necessidades da implementação de ações específicas e diferenciadas de nutrição e
saúde (GUIMARÃES; BARROS, 2001).
Dentro das ações das atribuições do nutricionista na alimentação escolar e
particularmente no Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) está a realização
da avaliação nutricional dos escolares (Res. CFN nº 465, 2010). Tal avaliação constitui-
se ferramenta fundamental para diagnosticar e subsidiar o planejamento de intervenções
de educação alimentar e nutricional, focando na prevenção e/ou controle de distúrbios
nutricionais em escolas (BRASIL, 2006).
Um dos programas nacionais de maior repercussão na história do país, o
Programa Bolsa Família (PBF), é caracterizado por transferência condicionada de renda
e tem por objetivo reduzir a desigualdade de renda e melhorar o estado nutricional e
saúde das crianças (LAVINAS; BARBOSA, 2000). Além disso, as crianças precisam
também possuir frequência adequada nas escolas.
O incentivo a expansão das ações de Vigilância Alimentar e Nutricional, orienta a
realização acompanhamento do estado nutricional dos escolares de forma intersetorial.
A necessidade de avaliação dos escolares por parte dos nutricionistas do PNAE e o
acompanhamento dos beneficiários do PBF motivaram o desenvolvimento dessa
pesquisa.
Assim, o objetivo do presente estudo foi avaliar o estado nutricional antropométrico
de escolares da rede municipal de Parnamirim, Rio Grande do Norte, que estão incluídos
no PBF.

Metodologia

O estudo caracterizou-se como transversal. A coleta dos dados ocorreu durante


avaliações para atualização dos dados de acompanhamento do programa Bolsa Família
entre os dias 16 a 21 de novembro de 2015 nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) do
município de Parnamirim/RN.
A amostra por conveniência foi composta por 216 escolares da rede municipal de
ensino, sendo 104 do sexo masculino e 112 do feminino, com faixa etária entre 3 e 18

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

anos. O estado nutricional dos escolares foi determinado pela classificação do Índice de
Massa Corporal/ Idade, de acordo com os pontos de corte (escore z) preconizados pela
WHO (2006 E 2007). Para tanto, foram aferidas a massa corporal e estatura utilizando-
se balanças digitais e estadiômetros, respectivamente. As medidas antropométricas
foram realizadas pelas equipes dos nutricionistas do PNAE e das UBS do município.
O índice antropométrico foi calculado com auxílio do software Antrho Plus®. Os
dados foram analisados através de estatística descritiva, por distribuição de frequência
de três categorias constituídas para fins de comparação: magreza, eutrofia e excesso
de peso. Esses descritos para cada grupo etário: Pré-escolar (menor de cinco anos),
escolares (de cinco anos completos a 10 anos incompletos) e adolescentes (10 anos
completos a 20 anos incompletos).

Resultados e discussão

Dos 216 indivíduos avaliados, 23 eram menores de cinco anos de idade (Pré-
escolares), 93 possuíam entre cinco anos completos e 10 anos incompletos (Escolares)
e 105 eram adolescentes, tinham entre 10 e 20 anos incompletos.
Verifica-se que dos estudantes avaliados 69,5% dos pré-escolares, 29,0% dos
escolares e 21,0% dos adolescentes apresentavam excesso de peso. A prevalência de
magreza é maior no grupo de adolescentes (9,5%). Nos grupos etários de Escolares
e Adolescentes o estado nutricional antropométrico de Eutrofia é mais prevalente, em
comparação aos distúrbios nutricionais avaliados (Magreza e Excesso de peso) (Gráfico
1).
Gráfico 1. Distribuição dos estudantes de escolas municipais, por estado
nutricional, segundo o IMC/idade, Parnamirim/RN, 2015.

No grupo etário de Escolares, os resultados encontrados nesse estudo


corroboram com os valores as prevalências de excesso de peso da mesma faixa etária
da população brasileira que oscilou de 25% a 30% nas Regiões Norte e Nordeste e de
32% a 40% nas Regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste (IBGE, 2010).
A prevalência de magreza em adolescentes (9,5%) atendidos pelo PNAE e pelo
PBF nesse inquérito é quase três vezes maior que o déficit de peso em adolescentes
brasileiros (3,4%) (IBGE, 2010). Esse fato pode ser explicado, pois a população desse
estudo possui maior vulnerabilidade social, ou o indicador utilizado não consegue captar

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

bem as modificações decorrentes da maturação sexual.


A prevalência de excesso de peso no grupo de adolescentes (21,0%) foi similar
ao encontrado em adolescentes brasileiros, que oscilou, nos dois sexos, de 16% a 19%
nas Regiões Norte e Nordeste e de 20% a 27% nas Regiões Sudeste, Sul e Centro-
Oeste (IBGE, 2010).
O estudo apresenta limitações, por ter considerado uma amostra por conveniência,
porém as informações aqui apresentadas representam apenas uma parte da coleta que
ainda continua em andamento.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

São muitas as atribuições do nutricionista do PNAE. A avaliação nutricional,


talvez seja uma das mais complicadas de serem realizadas, principalmente devido a
problemas como falta de equipamentos adequados. A avaliação antropométrica nas
escolas é a estratégia ideal, mas as dificuldades do serviço motivaram a criaram de
novas estratégias. No caso descrito nesse trabalho, a avaliação nutricional intersetorial
foi fundamental para a realização da avaliação nutricional dos escolares no ano de 2015.
A opção pela parceria com as equipes de acompanhamento das condicionalidades do
PBF, permitiu a avaliação de crianças e adolescentes que possivelmente estão em maior
situação de insegurança alimentar e risco nutricional. Essa estratégia pode ser utilizada
por outros profissionais da área que vivenciam dificuldades semelhantes.

Referências

_______. Ministério da Saúde e Ministério da Educação. Gabinete do Ministério. Portaria


Interministerial Nº - 1.010. Institui as diretrizes para a Promoção da Alimentação
Saudável nas Escolas de educação infantil, fundamental e nível médio das redes
públicas e privadas, em âmbito nacional. Brasília, 2006.

CFN – Conselho Federal de Nutricionistas. Resolução nº 465. Dispõe sobre as


atribuições do Nutricionista, estabelece parâmetros numéricos de referência no âmbito
do Programa de Alimentação Escolar (PAE) e dá outras providências. Brasília, 2010.

IBGE, Coordenação de Trabalho e Rendimento. Pesquisa de Orçamentos Familiares


2008-2009: antropometria e estado nutricional de crianças, adolescentes e adultos no
Brasil. Rio de Janeiro: IBGE, 2010. 127p.

GUIMARAES, Lenir V.; BARROS, Marilisa B. A. As diferenças de estado nutricional em


pré-escolares de rede pública e a transição nutricional. J. Pediatr. Rio Janeiro. vol. 77,
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pdf>

RIBAS, D.L.B.; et al. Saúde e estado nutricional infantil de uma população da região
centro-oeste do Brasil. Rev. Saúde Pública. 1999; 33(4): 358-65.

LAVINAS,  Lena; BARBOSA, Maria Ligia de Oliveira. Combater a Pobreza Estimulando


a Frequência Escolar: O Estudo de Caso do Programa Bolsa-Escola do Recife. Dados
– Revista de Ciências Sociais. Rio de Janeiro. Vol. 43. Nº 3. 2000. Disponível em:
<http://www.plataformademocratica.org/Publicacoes/1676.pdf>

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
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RELATOS DE EXPERIÊNCIA DE EDUCAÇÃO


ALIMENTAR E NUTRICIONAL
NO ENSINO INFANTIL
Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
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CONTAÇÃO DE HISTÓRIA COMO INSTRUMENTO DE PROMOÇÃO DE


ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL DESENVOLVIDAEM EDUCAÇÃO INFANTIL

Cathysia Praxedes (UFCG)


Diego Pereira (SENAI/PB)
Tamyres Andrade (UFCG)
Thalyta Maciel (UFCG)
Anne Oliveira (UFCG)

A iniciativa refere-se ao desenvolvimento de atividade de Educação Alimentar e


Nutricional na educação infantil, em creche localizada no município de Cuité-PB, com
aproximadamente 40 crianças de faixa etária entre quatro a cinco anos. A atividade
ocorreu através da contação de história, utilizando o livro intitulado “Trolls, os fura-
dentes”(BLYCHERT, 2008).Atualmente as crianças são consideradas consumidores
com poder de decisão, as quais tornam-se alvos prioritários de práticas de marketing
que influenciam suas escolhas alimentares ao longo do tempo. Diante disso, percebe-se
a necessidade de desenvolver ações voltadas à prevenção e ao controle das doenças
associadas a má alimentação, com destaque para o aumento precoce da obesidade e
das Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNT)(GENTIL, 2006). Nesse contexto, a
escola configura-se como espaço privilegiado para ações de promoção da alimentação
saudável, em virtude de seu potencial para produzir impacto sobre a saúde, auto-
estima, comportamentos e desenvolvimento de habilidades. E em função de sua ampla
abrangência, podem fazer mais do que outras instituições para a formação de atitudes
mais saudáveis do viver hoje e no futuro (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2008). Dentre
essas ações de promoção, a contação de histórias se apresenta como coadjuvante
na incorporação de hábitos alimentares saudáveis. “Ouvir um texto já é uma forma
de leitura” (RCNEI, 1998). Dessa forma, objetivou-se estimular o consumo de frutas
em detrimento aos doces industrializados, assim como, a capacidade de atenção e
imaginação das crianças, através do contato com o universo da literatura infantil.
Adotou-se a metodologia da contação de histórias, utilizando recursos como livro
de pano, e baú contendo frutas artificiais. A história em questão foi contada com o auxílio
de um livro de pano, onde a mesma apresentava como enredo a história de monstros
peludos, com dentes afiados, que migraram para a boca das pessoas, se alimentando
de açúcar (doces), sua fonte primária de energia. Os Trolls possuem inimigos (escova
de dente, creme e fio dental), que tentam proteger a boca das pessoas contra a ação
destes monstros. Houve uma adaptação da história original para introdução das frutas,
consideradas heróis superpoderosos com poderes para destruir os monstros que
furavam os dentes dos indivíduos. Nessa parte da história, utilizou-se de um “Baú dos
Alimentos”, no qual as frutas artificiais eram apresentadas uma de cada vez, e de uma
maneira bem simplificada, explanava-se sobre os benefícios destas. A todo o momento
a atividade foi interativa, buscando-se sempre a participação das crianças.
As crianças foram organizadas em círculo para a contação. Após o termino,
realizou-se uma pequena reflexão com os alunos acerca da atividade, para que a
equipe pudesse verificar se o objetivo tinha sido alcançado, assim como analisar o grau
de assimilação do conteúdo pelas crianças. Para encerrar a ação, desenvolveu-se uma
atividade de pintura, contendo imagens de frutas.
Em relação aos conteúdos conceituais apresentados na atividade destacam-se:
as propriedades nutricionais das frutas ao natural; promoção de alimentação saudável e
obra de Nina Bliychert: Trolls: Os fura-dentes. Quanto aos procedimentais, realizou-se a

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

contação de história, e atividade de pintura. No que concerne aos conteúdos atitudinais,


pretendeu-se estimular a capacidade de valorizar a importância da redução do consumo
de doces industrializados e encorajar o consumo de frutas; desenvolver uma imaginação
mais ampla ao ouvir histórias/contos; produzir uma postura de escuta ativa e colaborativa
no trabalho em grupo; assim como, instigar a capacidade de expressar-se em publico,
e aprimorar a troca de saberes.
Apesar de a atividade realizada ter sido pontual, não havendo continuidade em
longo prazo, foi possível observar no momento de reflexão ao final da contação, uma
assimilação do conteúdo pelas crianças, onde as mesmas demonstraram modificações
positivas em relação as suas opiniões iniciais quanto ao consumo de guloseimas, sendo
notória as suas capacidades de atenção, imaginação e percepção em relação ao tema
apresentado no conto infantil em questão. Tal fato é corroborado por Marin et al. (2009),
onde afirmam que a educação alimentar pode ter resultados extremamente positivos,
principalmente quando desenvolvida com grupos etários como crianças, no sentido
da modelação e da capacitação para escolhas alimentares saudáveis. Contudo, os
mesmos destacam a importância desses programas e esforços de educação alimentar,
serem contínuos e multifacetados para resultados mais significativos.
Dessa forma, a contação de histórias se estabelece como ferramenta relevante
e eficaz para promoção de hábitos alimentares saudáveis, haja vista, ser a mesma
uma atividade lúdica que desperta interesse e atenção do público infantil, facilitando o
entendimento e a incorporação do que se está sendo abordado. Assim, esta atividade
pode ser adotada como prática frequente nas instituições escolares, abrangendo
diferentes temáticas, à medida que se constitui como uma maneira diferenciada,
inovadora e dinâmica de se trabalhar alimentação na educação infantil.

REFERÊNCIAS

BLYCHERT, N. Trolls: os fura-dentes.COSAC & NAIFY: 2008.

BRASIL. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Ministério da


Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. Vol. 3. Brasília,
1998. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/volume3.pdf>. Acesso
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BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. SECRETARIA DE ATENÇÃO À SAÚDE.


DEPARTAMENTO DE ATENÇÃO BÁSICA. Manual operacional para profissionais
de saúde e educação: promoção da alimentação saudável nas escolas. Brasília:
Ministério da Saúde, 2008. 152 p. Disponível em: <http://189.28.128.100/nutricao/docs/
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GENTIL, P.C. Escolhas alimentares saudáveis e não saudáveis: uma realidade do


Distrito Federal. Dissertação de Mestrado. Universidade de Brasília, 2006.

MARIN, T.; BERTON, P.; SANTO, L. K. R. E. Educação nutricional e alimentar: por uma
correta formação dos hábitos alimentares. Revista F@pciência, v.3, n. 7, p. 72 – 78,
2009.

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

DADO DA INTERDISCIPLINARIDADE

Bruna Filgueira (UFRN)


Heloisa Gurgel (UFRN)
Isabel Das Virgens (UFRN)

Apresentação

A ação Dado da Interdisciplinaridade foi realizada no dia 30 de Novembro de


2015 no Centro Municipal de Educação Infantil Mônica Alves (CMEI), localizado no
município de Parnamirim, com o intuito de trabalhar uma atividade que relacionasse
os temas: animais, letras do alfabeto e alimentação saudável vinculados ao tema de
pesquisa do nível IV deste CMEI.
A ação foi motivada pela disciplina de Educação Alimentar e Nutricional da
graduação do curso de Nutrição da Universidade Federal do Rio Grande do Norte(UFRN),
a partir do projeto PASE (Promoção de Alimentação Saudável nas Escolas). A atividade
proposta foi embasada nos quatro pilares da educação propostos pelo relatório da
UNESCO (aprender a aprender, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a
ser), pelo Art. 5º da PORTARIA INTERMINISTERIAL Nº 1.010, DE 8 DE MAIO DE 2006
que define os dez passos para promover a alimentação saudável no ambiente escolar, e
pelo Marco de referência de Educação Alimentar e Nutricional para as políticas públicas,
buscando uma forma lúdica de trabalhar a Educação Alimentar e Nutricional com as
crianças.
A finalidade da atividade em relação aos escolares era trabalhar os conteúdos
vistos pelos alunos do nível IV (animais e as letras do alfabeto) com o tema alimentação
saudável. Para atingir os conceitos trabalhados (animais, alfabeto e alimentos produzidos
e/ou consumidos pelos animais) foi utilizada a interdisciplinaridade na dinâmica, através
do lúdico, que se deu a partir de um jogo com figuras, letras e um dado construído
próprio para a atividade.

Metodologia

Tínhamos como objetivo trabalhar os conteúdos conceituais a respeito dos


animais, letras do alfabeto e alimentos correlacionados aos animais evidenciados.
O material foi elaborado pelas discentes visando o reaproveitamento de materiais.
O dado foi feito com uma caixa de papelão reutilizado, e nele estavam contidas imagens
dos seguintes animais: vaca, macaco, abelha, coelho, formiga e galinha. Além do dado,
as cartas que seriam utilizadas para relacionar o alimento com os animais apresentavam
imagens correspondentes com a ordem dos bichos acima citados: leite, banana, mel,
cenoura, folhas e ovos, respectivamente. As letras também foram feitas de papelão
reutilizado.
Para a realização da atividade formamos um círculo no chão com as crianças e
nos apresentamos ao grupo. Em seguida, apresentamos o material que seria utilizado
no jogo e também como a dinâmica seria concretizada. Pedimos que alguma das
crianças se voluntariasse para iniciar o jogo, arremessando o dado e identificando o
animal sorteado. Depois disso, os alunos deveriam procurar entre as letras dispersas no
chão àquela correspondente à inicial do nome do animal escolhido. A partir disso seria
feita uma relação com as cartas que continham imagens com alimentos consumidos ou
produzidos pelos animais, fazendo uma ligação entre eles.
Com os alimentos apresentados nas cartas, foi possível dialogar sobre alimentação
saudável, mostrando a importância do consumo dos alimentos. Perguntamos aos alunos

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

se eles costumavam consumir os gêneros alimentícios apresentados no jogo, se sim,


a forma que comiam e, se não, o motivo e se tinham conhecimento da importância de
ingerir tais mantimentos. Demos ênfase ao leite e relacionamos com o mingau servido
na alimentação da escola, pouco consumido pelos alunos da turma.
Resultados e discussão
Em nossa prática, conseguimos alcançar os nossos objetivos de uma forma
satisfatória, pois os alunos se envolveram muito no jogo e compreenderam com êxito
a proposta do projeto. Percebemos que a interdisciplinaridade – com os conteúdos já
vistos em sala – facilitou o sucesso da prática, devido ao conhecimento prévio dos
alunos em relação ao tema trabalhado, de forma que os conceitos propostos foram bem
absorvidos.
Através da experiência, pudemos contemplar alguns pontos propostos pelo
Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil, tais como os jogos e brincadeiras,
mesclando-os com o tema dos seres vivos estabelecendo uma relação entre diferentes
espécies de seres vivos, suas características e suas necessidades vitais. Na atividade
também foi valorizada atitudes relacionadas à saúde e ao bem-estar individual e coletivo,
além de situações de vida que impliquem cuidados prestados a animais e plantas.
Também foi contemplada de forma lúdica a leitura ao propor uma situação em que as
crianças estabeleceram uma relação entre o que é falado e o que está escrito (embora
ainda não saibam ler convencionalmente).
Ao fim do projeto a professora permaneceu com o material trabalhado para
poder realizar a dinâmica novamente, visando à fixação do conteúdo e incremento
das atividades realizadas por ela, que também se sentiu envolvida pela forma em que
os alunos estavam interagindo entre si e com os responsáveis pela prática, além da
divertida forma de aprendizado.
Para nós, foi uma experiência única e gratificante, pois nos ajudou a desenvolver
a capacidade de interagir com crianças, colocando as atividades em prática, além de
aprender a relacionar assuntos diversos (como animais e letras) com a alimentação
saudável. Desse modo, pudemos desenvolver técnicas e métodos de ensino em nossa
área de atuação, adquirimos uma maior capacidade de mediar encontros com grupos,
bem como um melhoramento quanto à interação e o diálogo com crianças.

Considerações finais

A prática de atividade de Educação Alimentar e Nutricional nas escolas desde


a educação infantil ajuda no processo do reconhecimento do que é uma alimentação
adequada, para que posteriormente todos possam compreendê-la como um direito
humano básico, e a necessidade de que sua garantia seja socialmente justa.
Só assim, as escolas poderão formar cidadãos críticos, capazes de compreender
a alimentação saudável como um complexo de relações do que somos, e de como nos
relacionamos com o meio ambiente.
É possível inserir a Educação Alimentar e Nutricional nos mais diversos assuntos
trabalhados em escolas, independentemente da disciplina em questão, como em nosso
projeto o qual relacionamos animais, alimentos e algumas letras do alfabeto. Com
isso, tem-se a finalidade de que as futuras gerações possam refletir e contextualizar a
alimentação saudável como parte de suas vidas, e possa atribuir maior valor no processo
de adquirir, preparar e consumir os alimentos.
É válido salientar que o projeto mencionou alimentos importantes para o
crescimento infantil, como, por exemplo, o leite que é um alimento vendido muitas vezes
de forma ultraprocessada e nesses casos as crianças não sabem ao menos a sua origem.
Essa intervenção é necessária para disponibilizar informações adequadas na formação

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

nas escolas, já que atualmente existe um grande fluxo de informação, que através
de campanhas publicitárias apelativas incentivam o consumo de ultraprocessados
principalmente para esse público. Essa forma de consumo que possui um elevado teor
de açúcares, gorduras e sódio, cresce cada vez mais e representa um risco a saúde
das pessoas.
Reforçamos o quanto é importante que tais pontos sejam discutidos nas escolas
desde cedo envolvendo mais ou alunos através do uso do lúdico para que tenhamos
novas experiências pedagógicas, como, por exemplo, na ação vivenciada; e, além disso,
a propagação e reafirmação do nutricionista como educador no PASE.

Referências

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção


Básica. Guia alimentar para a população brasileira / Ministério da Saúde, Secretaria de
Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – 2. ed. – Brasília : Ministério da
Saúde, 2014.156 p.

Ministério da Educação e Ministério da Saúde, PORTARIA INTERMINISTERIAL Nº


1.010, DE 8 DE MAIO DE 2006, Brasil

Brasil. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Marco de referência


de educação alimentar e nutricional para as políticas públicas. – Brasília, DF: MDS;
Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, 2012. 68 p. 

Brasil. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental.


Referencial curricular nacional para a educação infantil / Ministério da Educação e do
Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. — Brasília: MEC/SEF, 1998.

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

APRENDENDO E ENSINANDO NA VIDEOTECA

Amanda Amancio (UFRN)


Wendjilla Medeiros (UFRN)

APRESENTAÇÃO

Considerando que os Parâmetros Curriculares Nacionais orientam sobre a


necessidade de que as concepções sobre saúde ou sobre o que é saudável, valorização
de hábitos e estilos de vida, atitudes perante as diferentes questões relativas à saúde
perpassem todas as áreas de estudo, possam processar-se regularmente e de modo
contextualizado no cotidiano da experiência escolar e o grande desafio de incorporar
o tema da alimentação e nutrição no contexto escolar, com ênfase na alimentação
saudável e na promoção da saúde, reconhecendo a escola como um espaço propício à
formação de hábitos saudáveis e à construção da cidadania (BRASIL, 2006), o projeto
consistiu em uma atividade prática realizada com crianças do ensino infantil devido
a necessidade de trabalhar a temática da educação alimentar e nutricional dentro do
ambiente escolar.
Objetivou-se com relação aos escolares familiarizá-los no que diz respeito
a importância da alimentação saudável, incentivar o consumo da merenda escolar,
ressaltando sua importância, apresentar os riscos de uma alimentação industrializada
e incentivar o consumo de alimentos in natura e regionais. Com relação aos discentes,
objetivou-se familiarizar-se com o público-alvo (infantil), trabalhar com o público infantil
de forma lúdica e interativa e dar aplicabilidade prática aos conceitos de alimentação
saudável do PASE aprendidos.

REFERENCIAIS PEDAGÓGICOS

A experiência foi realizada com base no Marco de referência de educação


alimentar e nutricional para as políticas públicas, sendo eles a valorização da cultura
alimentar local e respeito à diversidade de opiniões e perspectivas, considerando a
legitimidade dos saberes de diferentes naturezas e a promoção do autocuidado e
autonomia (BRASIL, 2012).

METODOLOGIA

Métodos

A atividade foi realizada no Centro Municipal de Educação Infantil Mônica Alves,


no dia 26 de outubro de 2015, no período da manhã. O encontro teve duração de 25
minutos e foi direcionado a 25 participantes, que eram alunos do ensino infantil com
faixa etária de 2 e 4 anos de idade. O tema a ser trabalhado foi a Alimentação Saudável
nas Escolas.
Para tanto, utilizou-se do espaço da videoteca da escola, e a execução da
atividade foi possível graças a utilização de recursos como pen drive com os vídeos,
aparelho de DVD, televisão e caixa de som.

Materiais

Inicialmente, foi realizada apresentação individual dos alunos e dos mediadores.


Solicitou-se que os alunos sentassem dispostos em roda no chão e a apresentação

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

foi feita com todos os presentes falando o nome. Depois disso, juntamente com as
professoras, foi cantada uma música de “Bom dia”. Em seguida, foi feita a apresentação
do vídeo ilustrativo “Sid e a Alimentação saudável”. Após a apresentação do vídeo,
que teve duração de 5 minutos, num segundo momento os alunos foram questionados
a respeito das suas preferências alimentares, consumo e aceitação da alimentação
escolar e então os conceitos do vídeo foram retomados, enfatizando a importância do
consumo de alimentos in natura, regionais e da alimentação escolar. Para finalizar a
atividade, foi apresentado o vídeo “É hora de dar tchau”.
Para os escolares, os conteúdos conceituais trabalhados foram alimentos
industrializados, alimentos in natura e regionais e a alimentação escolar. Os conteúdos
procedimentais foram a apresentação individual dos alunos, assistir a um vídeo
ilustrativo sobre a importância da alimentação saudável, elencar seus alimentos
preferidos e assistir ao vídeo “É hora de dar tchau”. Os conteúdos atitudinais foram o
desenvolvimento da capacidade de interagir em grupo, a ampliação dos conhecimentos
a respeito da alimentação saudável, o desenvolvimento do reconhecimento e reflexão
das próprias inadequações alimentares.
Para os discentes de nutrição, os conteúdos conceituais trabalhados foram a
ludicidade na educação infantil e os princípios para as ações de educação alimentar e
nutricional. Os conteúdos procedimentais foram a apresentação individual dos discentes,
a apresentação de um vídeo ilustrativo sobre a importância da alimentação saudável,
o questionamento a respeito dos alimentos preferidos dos alunos e a apresentação
do vídeo “É hora de dar tchau”. Os conteúdos atitudinais foram o desenvolvimento da
capacidade de interagir em grupo, a ampliação dos conhecimentos a respeito das ações
de educação alimentar e nutricional e o desenvolvimento de habilidades para trabalhar
com o público infantil a importância do lúdico na educação infantil.

Resultados e discussão

No início da atividade, os alunos encontraram-se tímidos e pouco participativos.


Com o auxílio da professora da turma, foi feita uma dinâmica inicial cantando uma música
de “bom dia”, que permitiu a criação de um vínculo de confiança entre os discentes
de nutrição e os alunos do nível infantil. Ao final da atividade notou-se, ao retomar
os conceitos abordados, que os alunos conseguiram compreender a importância de
uma alimentação saudável, do consumo da alimentação escolar e os benefícios para
a saúde da escolha da alimentos in natura, bem como dos malefícios dos alimentos
industrializados.
A maioria das crianças quando questionadas relataram não gostar da alimentação
escolar oferecida, muitas vezes preferindo os lanches trazidos de casa, que são
caracterizados por alimentos industrializados em sua maioria: biscoitos, achocolatado,
salgadinho de pacote, bolo e afins. Acredita-se que a alimentação escolar não tenha
aceitabilidade boa devido a ingredientes e preparações que as crianças não são
habituadas a comer dentro do ambiente familiar, tais alguns tipos de papa, como a
de aveia, e alguns tipos de legumes e frutas. Além disso, acredita-se que a utilização
por parte dos familiares de temperos e condimentos industrializados como tempero
completo e molho shoyo, tornam a alimentação escolar pouco palatável para algumas
crianças devido ao fato de esta apresentar ausência dos ingredientes citados, uma
vez que eles não contemplam os alimentos que compõem uma alimentação saudável,
por serem, sobretudo, ricos em sódio e gordura. Após a discussão e a temática dos
alimentos industrializados que foi trabalhada, as crianças puderam compreender melhor
a importância de comer os alimentos oferecidos pela escola.

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

As principais dificuldades encontradas foram desenvolver uma forma de lidar


com o público infantil, uma vez que pela faixa etária é necessária a utilização de
recursos lúdicos, que são um elemento imprescindível para fazer a criança se apropriar
dos conhecimentos, possibilitando que a criatividade de todos os presentes na atividade
(mediadores e crianças) aflore. Esse desafio de trabalhar com o lúdico decorre do fato
de que a estrutura curricular do curso de Nutrição da UFRN não contempla outros
componentes que desenvolvem nos discentes habilidades e competências dessa
natureza, envolvendo criatividade e ludicidade.
As lições aprendidas consistem no fato de que não é necessário unicamente ser
nutricionista com formação superior e tecnicista para se realizar educação alimentar e
nutricional. Dentro desse contexto, o professor é elemento fundamental, a coordenação
pedagógica, merendeiras, até mesmo o porteiro pode vir a ser elemento chave no
processo. Ao “trazer a vida” para dentro do ambiente da sala de aula, as crianças da
educação infantil compreendem o assunto a ser ensinado na aplicação da realidade. E
para se educar não é necessário recursos extraordinários, basta dar asas a criatividade.
Transformar frutas e legumes em bonecos, brinquedos, fantoches, vídeos, desenhos
e os mais diversos elementos, transformando-os de acordo com o que a criatividade
permitir.

Considerações finais

Com o planejamento das atividades as discentes observaram a importância da


elaboração do mesmo para a organização e execução das atividades, sendo a partir
disso possível de identificar juntamente com os alunos se os objetivos foram alcançados
ou não com êxito. Foi observado que a aceitação da alimentação escolar por parte das
crianças é baixa e que a equipe da escola desconhece seu papel como agentes ativos
no processo de educação alimentar e nutricional no âmbito escolar.

Referências

BRASIL. Ministério da Educação. Portaria nº 1.010, de 8 de maio de 2006. Brasília,


DF: 2006.

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Marco de referência


de educação alimentar e nutricional para as políticas públicas. p. 24-30. Brasília,
DF: 2012.

DAVENPORT, A.; WOOD, A. Teletubbies – É hora de dar tchau. Disponível em:


<https://www.youtube.com/watch?v=1TRdVv1CWTM>. Acesso em 20 out 2015.

HENSON’S, J. Sid the Science Kid.Disponível em: <https://www.youtube.com/


watch?v=Q-K0KyBBkpI>. Acesso em: 20 out 2015.

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

RELATO DE EXPERIÊNCIA - A IMPORTÂNCIA DA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL COM


ENFOQUE NA MERENDA ESCOLAR

Jaísia Medeiros (FACISA/UFRN)


Thaís Cruz (FACISA/UFRN)
Fábio Araújo (FACISA/UFRN)

Apresentação

O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) considera importante


ações educativas e nutricionais que abordem o tema alimentação e nutrição. Um dos
enfoques da resolução deste programa diz respeito à inclusão da educação alimentar e
nutricional no processo de ensino e aprendizagem, que perpassa pelo currículo escolar,
abordando o tema alimentação e nutrição e o desenvolvimento de práticas saudáveis de
vida na perspectiva da segurança alimentar e nutricional (BRASIL, 2013). Com base em
tais premissas foi realizada uma atividade de educação alimentar e nutricional (EAN),
durante o Estágio Supervisionado em Alimentação Escolar (FACISA/UFRN), com os
alunos de ambos os sexos com uma faixa etária de 6 a 9 anos de idade da Escola
Estadual Quintino Bocaiúva, localizada no município de Santa Cruz-RN, com a finalidade
de incentivar a prática alimentar saudável nas escolas, o que motivou o desenvolvimento
desta atividade foi a observação in loco do consumo de alimentos industrializados em
substituição a alimentação escolar, por parte destes alunos. Neste contexto, o presente
trabalho apresenta como objetivo geral realizar atividades educativas que destaquem a
importância da alimentação saudável, trazendo abordagens sobre a merenda escolar
na perspectiva da escolha adequada no ato de alimentar-se durante o período escolar.
Além disso, os objetivos específicos pretendidos alcançar com está atividade foram
incentivar a alimentação saudável; destacar a importância da merenda escolar através
de explicações (em linguagem acessível) sobre o seu planejamento; incentivar o
consumo de refeições ofertadas pela escola e desestimular o consumo de alimentos
industrializados.

Metodologia

A atividade de educação alimentar e nutricional foi realizada no dia 11 de


novembro 2015 na Escola Estadual Quintino Bocaiúva com todos os alunos do 1o e do
2o ano, que estavam presentes em sala de aula no dia do desenvolvimento da atividade.
Inicialmente foi realizado a apresentação do grupo, da atividade e uma breve
abordagem sobre o tema. Em seguida, foi repassado um vídeo educativo que abordava
a importância da alimentação adequada e saudável na escola, e logo após foi realizado
a explanação sobre alimentação saudável, malefícios dos alimentos industrializados e a
importância da merenda escolar, elucidando sua escolha como opção saudável no ato
de se alimentar.
Após a explanação, o grupo de alunos foi dividido em três partes e as instruções
para a atividade educativa foram repassadas. A atividade ocorreu da seguinte maneira:
Foi solicitado aos alunos a escolha de alimentos (dentre as figuras ilustrativas que
estavam à disposição de forma igual para ambos os grupos) que são opções saudáveis
e que poderiam compor a merenda escolar. Ao término da escolha em grupo, houve a
solicitação de um membro da equipe que apresente os alimentos escolhidos. Conforme
os alimentos foram escolhidos ocorreu a elucidação se escolha foi considerada saudável
ou não (momento aberto para discussão em grupo). Ao fim da atividade aconteceu uma

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

reflexão sobre a importância das escolhas saudáveis e da merenda escolar como sendo
uma boa opção.
Os recursos e/ou materiais para o desenvolvimento da atividade foram um vídeo
educativo sobre a alimentação saudável, para a escolha dos alimentos que comporão
o cardápio escolar foram impressas imagens com diversos alimentos (frutas, hortaliças,
tubérculos, alimentos industrializados). Além disso, as imagens foram colocadas em
E.V.A. para proporcionar uma maior firmeza.
Os conteúdos conceituais abordados no momento da realização da atividade
foram a alimentação saudável; a merenda escolar e os alimentos industrializados.
Quando aos conteúdos procedimentais adotou-se como ponto de partida o estimulo
visual à alimentação saudável através de vídeo educativo; participar de atividade
educativa que engloba a escolha de alimentos saudáveis para a composição do cardápio
escolar; integrar-se ao grupo que participou da escolha dos alimentos e expressar os
conhecimentos adquiridos sobre a alimentação saudável na escola. Com relação aos
conteúdos atitudinais priorizou-se despertar a reflexão e o interesse entre os alunos
para que os mesmos possam adquirir e/ou adotar hábitos alimentares saudáveis.

Resultados e Discussão

A atividade de educação alimentar e nutricional realizada na Escola Estadual


Quintino Bocaiúva, teve como justificativa de desenvolvimento a observação do consumo
de alimentos industrializados em substituição a merenda escolar, entre os alunos de 6
a 9 anos de idade.
Reis; Vasconcelos; Oliveira(2011) destacam a importância da merenda escolar,
sendo esta responsável por atender os requisitos nutricionais das crianças em fase
escolar. Porém, de acordo com os mesmos autores, muitas crianças não consomem
a merenda oferecida pela escola, mas sim lanches levados de casa ou vendidos em
cantinas escolares, desperdiçando, dessa forma, recursos públicos, além de contribuir
para uma alimentação não saudável e consequentes complicações de saúde.
Com base em tal observação foi planejado uma atividade que expusesse a
importância da merenda escolar como sendo uma opção ideal de alimentação no período
escolar. Para isso, foi aberta uma roda de conversa onde os alunos se apresentaram e
eram solicitados a escolher um lanche de sua preferência que poderia ser utilizado como
alimentação no período escolar. Posteriormente as opções expostas foram avaliadas e
comentadas sobre seus malefícios e benefícios.
Utilizou-se também do recurso audiovisual onde de forma lúdica foi possível
repassar as informações inerentes à atividade e ao mesmo tempo detê-los atentos através
do desenho animado. Estratégias lúdicas como essas contribuem para o aprendizado
infantil no momento em que agregam prazer à atividade pedagógica (MACEDO, 2005).
Ao termino da exibição audiovisual foi solicitado aos alunos à exposição do que
foi entendido com o vídeo, e frisado por nós a importância da merenda escolar, assim
como trouxe a animação.
Desta forma, foi possível verificar que o recurso audiovisual se configura como
uma excelente ferramenta para auxiliar no processo de ensino-aprendizagem, sendo
uma forma de contribuir de maneira significativa para a assimilação e fixação dos
conteúdos abordados, possibilitando a construção de novos conhecimentos.
Para fixar melhor o conteúdo realizou-se a divisão da turma em 3 grupos,
onde foi solicitado a cada grupo a escolha de alimentos que poderiam fazer parte da
alimentação escolar e os que não eram adequados a essa finalidade. Após as escolhas,
realizou-se a “correção” da atividade com a discussão sobre os alimentos taxados como
adequados e não adequados a alimentação escolar. Foi possível observar a gama de

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

opções saudáveis escolhidas, sendo atingido o objetivo em curto prazo da atividade,


que é despertar a importância de uma alimentação saudável.
Sabe-se que atividades de educação alimentar e nutricional são um dos objetivos
do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) onde é destacado a importância
da formação de práticas alimentares saudáveis dos alunos, por meio de tais atividades.
Porém, para que estas sejam eficazes são necessárias intervenções constantes, e
sabe-se que na rede estadual de ensino tais atividades não são possíveis de ocorrer
com tal frequência, já que existe apenas uma nutricionista para cobrir as demandas de
toda região Trairi.
Reafirmando tal informação acima exposta, Reis; Vasconcelos; Oliveira
(2011)destacam que orientações nutricionais e número suficiente de nutricionistas
são atitudes que precisam ser reconsideradas pela rede escolar pública. E que os
resultados, levantados por eles, apontam a necessidade de atividades de educação
e monitoramento nutricional, além da atuação efetiva da escola, junto à secretaria de
educação, na implementação de intervenções eficazes.
Luliano; Mancuso; Gambardella (2009)afirma que a alimentação escolar é pouco
reconhecida como atividade pedagógica pelos gestores e nem sempre encontra-se
integrada ao currículo escolar. Assim nota-se que o apoio e incentivo do governo e
universidades são essenciais para facilitar a promoção de saúde e nutrição escolar, mas
não configuram fatores limitantes para iniciativas locais.
Porém, de acordo com o mesmo autor é importante preparar adequadamente os
gestores em relação aos conhecimentos de nutrição e saúde, uma vez que conceitos
norteadores para educação alimentar e nutricional, como o Direito Humano à Alimentação
Adequada e Segurança Alimentar e Nutricional, não são bem-compreendidos pelos
gestores escolares (LULIANO; MANCUSO; GAMBARDELLA, 2009).
O estreitamento da relação entre os gestores locais, nutricionistas responsáveis
pelo PNAE e os gestores das escolas pode reforçar as ações do PNAE e dos Parâmetros
Curriculares Nacionais, atribuindo maior envolvimento entre o trabalho pedagógico da
escola e a Alimentação Escolar, bem como conferindo maior efetividade e abrangência
às atividades de educação alimentar e nutricional na escola (LULIANO; MANCUSO;
GAMBARDELLA, 2009).
Neste contexto, observa-se que o ambiente escolar desempenha um importante
papel na formação de hábitos alimentares, tendo em vista que é nesse local que uma
grande proporção de crianças permanecem por longo período de tempo diariamente.
Assim, verifica-se que o desenvolvimento de ações referente à educação alimentar
e nutricional torna-se indispensável neste ambiente, visto que a mesma se configura
como uma estratégia para a formação e/ou promoção de hábitos alimentares saudáveis.
Além disso, o desenvolvimento destas ações se torna ainda mais relevante
quando se verifica que a população brasileira, em especial as crianças, vem passando
por intensas transformações em seu estilo de vida e comportamento alimentar, onde
pode-se notar que tais modificações no comportamento alimentar podem contribuir de
forma significativa para o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis,
tendo em vista que pesquisas demonstram que as crianças e os adolescentes têm
adotado um estilo de vida sedentário e um consumo alimentar a base de alimentos
industrializados que apresentam em sua composição alto teor de lipídeos, açúcares e
sódio (SILVA, 2009).

Considerações Finais

Nesta perspectiva, observa-se que a alimentação adequada e saudável se


configura como uma ferramenta indispensável para a promoção de um adequado

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

crescimento, desenvolvimento e funcionamento do organismo humano, sendo que


o desenvolvimento de ações voltadas para a educação alimentar e nutricional pode
ser um excelente instrumento para a formação de hábitos alimentares saudáveis no
ambiente escolar.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Educação. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação.


Resolução/CD/FNDE nº 26, de 17 de junho de 2013. Dispõe sobre o atendimento da
alimentação escolar aos alunos da educação básica no âmbito do Programa Nacional
de Alimentação Escolar – PNAE. Brasília, 2013.

REIS, C.E.; VASCONCELOS, I.A.; OLIVEIRA, O.M. Políticas Públicas de Nutrição para
o Controle da Obesidade Infantil. Revista Paulista de Pediatria,São Paulo, v. 29, n.4,
p.625-33, 2011.

MACEDO, L. O ancestral do humano e o futuro da humanidade. Viver Mente &


Cérebro,São Paulo, v.1, p.5-15, 2005.

LULIANO, B.A.; MANCUSO, A.M.C.; GAMBARDELLA, A.M.D. Educação nutricional em


escolas de ensino fundamental do município de Guarulhos-SP. O Mundo da Saúde,São
Paulo, v.33, n.3, p.264-272, 2009.

SILVA, A.R.V. Hábitos Alimentares de Adolescentes de Escolas Públicas de Fortaleza,


CE, Brasil. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, v.62, n.1, p.18-24, 2009.

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

SEMEANDO EDUCAÇÃO NUTRICIONAL

Bruna Filgueira (UFRN)


Heloisa Gurgel (UFRN)
Isabel Das Virgens (UFRN)

Apresentação

O projeto Semeando a Educação Nutricional foi realizado no dia 26 de outubro de


2015 no Centro Municipal de Educação Infantil Mônica Alves localizado no município de
Parnamirim, com o intuito de trabalhar uma atividade que relacionasse os temas: plantio
de alimentos, contação de estórias para educação infantil e alimentação saudável.
O projeto foi motivado pela disciplina de Educação Alimentar e Nutricional da
graduação do curso de Nutrição da Universidade Federal do Rio Grande do Norte(UFRN),
a partir do projeto PASE (Promoção de Alimentação Saudável nas Escolas). A atividade
proposta foi embasada nos quatro pilares da educação propostos pelo relatório da
UNESCO (aprender a aprender, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a
ser), pelo Art. 5º da PORTARIA INTERMINISTERIAL Nº 1.010, DE 8 DE MAIO DE 2006
que define os dez passos para promover a alimentação saudável no ambiente escolar, e
pelo Marco de referência de Educação Alimentar e Nutricional para as políticas públicas,
buscando uma forma lúdica de trabalhar a Educação Alimentar e Nutricional com as
crianças.
A finalidade da atividade em relação aos escolares era a compreensão da
origem dos alimentos, bem como a importância do cultivo e consumo de uma forma
mais natural. Para que a tarefa envolvesse as crianças foi contada a estória de João e
o Pé de feijão, que mais tarde foi colocada em prática através do plantio dos grãos de
feijão. Além disso, o incentivo ao reaproveitamento de materiais esteve presente com
a reutilização de garrafas PET e embalagens de iogurtes para serem utilizados como
vasos.  

Metodologia

Tínhamos como objetivo trabalhar os conteúdos conceituais a respeito do cultivo


e consumo de alimentos orgânicos, bem como a sustentabilidade.
Para a realização da atividade formamos uma roda com as crianças e nos
apresentamos ao grupo.  Em seguida, foi iniciada a contação da estória de João e o
Pé de feijão para que os alunos pudessem relacionar ao plantio de feijão.  Para que o
plantio fosse realizado os alunos foram levados à caixa de areia da escola, e em seguida
distribuímos os recipientes (vasos) junto com o algodão umedecido. Explicamos que
para o feijão germinar, assim como na estória de João e o Pé de feijão, seria necessário
colocar o grão dentro do algodão, e ter alguns cuidados posteriores aquele momento.
Explicamos que a planta precisa de água para crescer, e abrimos o diálogo sobre
a importância de um solo saudável e do sol no crescimento. Essa socialização final
desenvolveu a capacidade dos discentes de conviver e interagir de forma saudável com
o meio-ambiente. 
Ao fim, as crianças puderam levar suas futuras plantas para casa com a finalidade
de acompanhar o processo da germinação.

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

Resultados e discussão

Tendo em vista que foi a nossa primeira experiência com uma turma de ensino
infantil, tivemos a dificuldade em fazer com que prestassem atenção do começo ao
fim da prática. Além disso, como os discentes tinham entre quatro anos, apenas, e
a proposta era que fizéssemos uma atividade curta e informal de vinte minutos, não
tivemos tempo o suficiente para que explorássemos melhor até que ponto os conteúdos
planejados haviam sido realmente absorvidos pelos escolares.
Apesar desses pontos, houve bons resultados. O projeto semeando educação
nutricional foi a nossa primeira atividade relacionada ao PASE e demonstrou que o
lúdico utilizado na promoção da alimentação saudável envolve mais as crianças e facilita
o entendimento dos conteúdos conceituais e atitudinais. Dessa forma, adquirimos uma
maior capacidade de mediar encontros com grupos, bem como um melhoramento
quanto à interação e o diálogo com crianças.

Considerações finais

A prática de atividade de Educação Alimentar e Nutricional nas escolas desde


a educação infantil ajuda no processo do reconhecimento do que é uma alimentação
adequada, para que posteriormente todos possam compreendê-la como um direito
humano básico, e a necessidade de que sua garantia seja socialmente justa.
Só assim, as escolas poderão formar cidadãos críticos, capazes de compreender
a alimentação saudável como um complexo de relações do que somos, e de como nos
relacionamos com o meio ambiente.
É preciso lembrar as novas gerações de que a nossa saúde depende do consumo
adequado dos alimentos, e de que esses são mais saudáveis da forma mais natural o
possível. E, portanto, precisamos da garantia de um plantio adequado, desde um solo
fértil até a disponibilidade de uma água de boa qualidade; para que despertem um
posicionamento mais crítico sobre o consumo de alimentos ultraprocessados, o mal uso
de agrotóxicos e dos recursos naturais.
Para que esses pontos sejam discutidos nas escolas desde cedo é importante
obter novas experiências pedagógicas que envolvam mais os alunos, como, por
exemplo, o uso do lúdico no projeto Semeando alimentação nutricional; e, além disso, a
propagação e reafirmação do nutricionista como educador no PASE.

Referências

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção


Básica. Guia alimentar para a população brasileira– 2. ed. – Brasília : Ministério da
Saúde, 2014.156 p.

Ministério da Educação e Ministério da Saúde, PORTARIA INTERMINISTERIAL Nº


1.010, DE 8 DE MAIO DE 2006, Brasil.

Brasil. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Marco de referência


de educação alimentar e nutricional para as políticas públicas. – Brasília, DF: MDS;
Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, 2012. 68 p. 

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

APRENDENDO E CONHECENDO COM OS LEGUMES

Oliva Sousa (UFRN/FACISA)


Ana Assunção (UFRN/FACISA)
Joana Azevedo (SEME de Santa Cruz/RN)
Fabio Araujo (UFRN/FACISA)
Janaina Silva (UFRN/FACISA)

A presente intervenção “Aprendendo e conhecendo com os legumes”, foi uma


atividade de educação alimentar e nutricional proposta e realizada durante a atividade
de estágio curricular obrigatório de graduandos em nutrição da Faculdade de Ciências
da Saúde do Trairi/Universidade Federal do Rio Grande do Norte (FACISA/UFRN).
O tema relacionado com os legumes foi escolhido, em virtude do baixo consumo e
aceitação destes alimentos por parte dos escolares da creche (unidade de estágio).
Nesse sentido, objetivou-se realizar a ação, durante parte do horário de aula das
crianças, inserindo um momento de interação, com os principais protagonistas sendo
os alimentos em sua forma integra, e posterior atividade de fixação. Considerando as
intercorrências presentes no ambiente escolar, a proposta atingiu seu objetivo inicial,
de estimular e se mostrar como propulsor para a realização de atividades contínuas,
principalmente voltadas a este público alvo, que são as crianças.
De acordo com o Marco de Referência de Educação Alimentar e Nutricional
para as políticas públicas (BRASIL, 2012) “Educação Alimentar e Nutricional (EAN)
é um campo de conhecimento e de prática contínua e permanente, transdisciplinar,
intersetorial e multiprofissional que visa promover a prática autônoma e voluntária
de hábitos alimentares saudáveis”. Devendo, portanto, a prática da EAN, fazer uso
de abordagens e recursos educacionais problematizadores e ativos, de modo que
favoreçam a conversa com indivíduos e grupos populacionais, atendendo as fases do
curso da vida, etapas do sistema alimentar e as interações e significados que compõem
o comportamento alimentar (BRASIL, 2012).
Neste mesmo sentido, a educação nutricional é conceituada como um processo
educativo, no qual, através da união de conhecimentos e experiências do educador e
do educando, objetiva tornar os sujeitos autônomos e seguros para realizarem suas
escolhas alimentares de forma que garantam uma alimentação saudável e prazerosa,
propiciando, o atendimento de suas necessidades fisiológicas, psicológicas e sociais
(CAMOSSA et al., 2005).
Para Salvi e Ceni (2009), as atividades desenvolvidas com crianças na idade
pré-escolar, de 2 a 6 anos, devem possibilitar a sua compreensão, levando em conta as
capacidades cognitiva, motora, afetiva e respeitando as características individuais de
cada grupo. Onde, a escola se destaca como ambiente favorável para o desenvolvimento
de programas e ações em educação nutricional. E, por ter sua estrutura muito próxima
da família dos alunos pode envolver também estes, atingindo assim um maior número
de pessoas da vida social do aluno. Além do mais, a relação custo benefício das
intervenções escolares apresentam normalmente um ótimo índice.
A necessidade de maior cuidado em relação à alimentação do pré-escolar
decorre principalmente do fato de nessa faixa etária ocorrer a incorporação de novos
hábitos alimentares, implicando o conhecimento de novos sabores, texturas e cores,
experiências sensoriais que influenciarão diretamente o padrão alimentar a ser
adotado pela criança (MATTA, 2008). Nesta fase inicia-se o vínculo entre as crianças
e os alimentos, sendo ele o responsável pelo início dos hábitos alimentares (FAGIOLI;
NASSER, 2006).

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

Segundo Bernart e Zanardo (2011), as dinâmicas lúdico pedagógicas são


essenciais na promoção de bons hábitos alimentares. As crianças aprendem mais
facilmente por meio de brincadeiras, sobretudo quando o assunto de alimentação
saudável, inclui o aumento do consumo de frutas, legumes e verduras, e a diminuição do
consumo de doces, frituras etc. Sendo assim, os escolares passam a ter maior contato
com os alimentos mais rejeitados (verduras, frutas e legumes) e aprendem sobre a
importância do consumo de cada grupo alimentar.
A atividade de Educação Alimentar e Nutricional foi desenvolvida em uma
crechede Santa Cruz – RN, no mês de novembro de 2015, com 10 alunos em idade entre
3 e 4 anos, pertencentes a turma do jardim, com duração aproximada de 30 minutos.
Após nossa apresentação à turma de escolares, foram mostrados os seguintes
legumes: Alface, Batata inglesa, Beterraba, Cenoura e Tomate, falando as suas cores
e brevemente a importância de seu consumo para o desenvolvimento e crescimento.
Posteriormente, passou-se tais vegetais entre as crianças, em sua forma integra,
visando que tivessem contato visual e através do tato.
A partir disso, foi colocado um cartaz com figuras animadas dos vegetais
apresentados para a atividade de fixação. Pintando-se as mãos das crianças com
tinta guache, nas cores referentes aos vegetais apresentados (verde, amarelo, roxo,
laranja e vermelho), para posterior questionamento (lembram qual é esta cor? qual
alimento apresentado tem essa cor? quem vai comer este alimento quando estiver na
merenda ou em casa?). Em seguida eles colocaram as mãos pintadas ao redor da figura
correspondente a cor que estava em suas mãos.
Depois de preenchido o cartaz com as mãos das crianças (Apêndice3), o mesmo
foi colocado no refeitório da creche, como forma de material educativo, acreditando-se
que as crianças no momento do consumo, lembrem, tenham um pertencimento da ação
realizada e de alguma forma sejam estimulados a ao consumo de tais alimentos.
A atividade teve como objetivo, apresentar algumas variedades de legumes,
demonstrando suas diferenças de cores e a importância de seu consumo.
O conteúdo conceituais utilizados foram: os legumes, as cores e a importância
da ingestão de legumes.
Os conteúdos procedimentais foram: questionar acerca do conhecimento ou não
dos legumes apresentados; apresentar os legumes um a um, falando nome e cor, de
forma que tenham contato visual e pelo tato; fazer perguntas de fixação quanto ao nome
e cor; confecção do cartaz educativo; pintar as mãos com tinta guache e questionar qual
alimento tem aquela cor, para colocar as mãos no cartaz, ao redor do alimento referente
a cor das mãos pintadas; colocar o cartaz no refeitório para que as crianças no momento
do consumo lembrem que elas foram as responsáveis por aquele cartaz e de alguma
forma sejam estimulados ao consumo de tais alimentos.
Já os conteúdos atitudinais são: compreensão da importância dos legumes
em sua alimentação; desenvolvimento de um espírito de participação, cooperação
mútua e integração dos alunos; participar atentamente e desenvolver uma aproximação
com o objeto trabalhado (legumes).
Para fins do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), é considerada
Educação Alimentar e Nutricional (EAN) o conjunto de ações formativas, de prática
contínua e permanente, transdisciplinar, intersetorial e multiprofissional, que objetiva
estimular a adoção voluntária de práticas e escolhas alimentares saudáveis que
colaborem para a aprendizagem, o estado de saúde do escolar e a qualidade de vida do
indivíduo (BRASIL, 2013).
Para Oliveira (2010), o aprendizado ou aprendizagem é o processo pelo qual o
individuo adquire informações, habilidades, atitudes e valores, a partir de seu contato
com a realidade, com o meio ambiente e com as outras pessoas. O contato com os

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

alimentos ainda sem nenhuma preparação é fundamental para a aprendizagem da


criança acerca dos alimentos (AZEREDO; SÁ; LAVOYER, 2014).
Na atividade utilizando-se o lúdico existe um mediador que se interpõe entre o
aprendiz e o mundo dos estímulos, facilitando a interpretação e a significação destes
por meio da participação, do envolvimento e da motivação do sujeito (CONSCRATO;
PINA; MELLO, 2010).
Percebeu-se que poucos conheciam os legumes apresentados e não o
consumiam frequentemente, tendo maior resistência para a beterraba, por não ser um
hábito de consumo domiciliar, e ser ofertado apenas na escola. Mas, pelo modo como
foi apresentado os alimentos, e considerando o tempo disponível para a intervenção,
pois a creche estava funcionando com tempo reduzido para as atividades, devido a uma
greve, a proposta atendeu os objetivos, aproximando-se os escolares dos legumes e
dando um significado ao cartaz construído pelas crianças.
Apesar da simplicidade da proposta, conseguiu-se atingir o objetivo de promover
a educação alimentar e nutricional de forma lúdica e interativa, deixando clara a
relevância de serem desenvolvidas atividades direcionadas a esse grupo etário, já que
essa fase é essencial para a formação de bons hábitos alimentares.

REFERÊNCIAS

AZEREDO, E.A.; SÁ, S.P.C.; LAVOYER, C. E. Ações em educação nutricional com


crianças em creche universitária–percepção dos responsáveis e dos professores sobre
o lúdico. Rev. pesq. cuid. fundam.,v.6, n.4, p.1419-1436, 2014

BERNART, A.; ZANARDO, V.P. S. Educação nutricional para crianças em escolas


públicas de Erechim/RS. Rev. Vivências,v.7, n.13, p.71-79,2011

BRASIL. Ministério da Educação. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação.


Ministério da Educação. Resolução/CD/FNDE nº 26, de 17 de junho de 2013. Dispõe
sobre o atendimento da alimentação escolar aos alunos da educação básica no âmbito
do Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE.

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Marco de referência


de educação alimentar e nutricional para as políticas públicas. – Brasília, DF: MDS;
Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, 2012. 68p.

CAMOSSA, A.C.C.; COSTA, F.N.A.; OLIVEIRA, P. F.; FIGUEIREDO, T. P. Educação


nutricional: uma área em desenvolvimento. RevAlim e Nutr. Araraquara. out-dez; v. 6,
n.4, p.349-354, 2005

COSCRATO, G.; PINA, J.C.; MELLO, D. F. Utilização de atividades lúdicas na educação


em saúde: uma revisão integrativa da literatura. Acta Paul Enferm, São Paulo,v. 23,
n.2, p.257-263, 2010

FAGIOLI, D.; NASSER, L.A.Educação Nutricional na infância e na


adolescência:planejamento, intervenção, avaliação e dinâmicas. – São Paulo: RCN
Editora, 2006. 244p.

MATTA, J.S.Manual de atividades de educação nutricional para pré-escolares em


creches. Rio de Janeiro: UERJ, Instituto de Nutrição, 2008. Disponível em:<http://www.
nutricao.uerj.br/monografia/2007/matta.pdf>. Acesso em: 13 nov. de 2015.

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

OLIVEIRA, M.K.;Vygotsky: aprendizado e desenvolvimento: um processo sócio-


histórico. 5. ed. São Paulo: Scipione, 2010. (Coleção Pensamento e ação na sala de
aula).

SALVI, C.; CENI, G.C. Educação nutricional para pré-escolares da associação creche
Madre Alix. Rev Vivências. 2009 out; v. 5, n.8, p.71-76

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE


PROMOÇÃO DE HÁBITOS SAUDÁVEIS COM ESCOLARES

Jéssica Gomes (UFRN)


Maria Pessoa (UFRN)
Anielly Werlayni (3ª DIRETORIA REGIONAL
DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR – DRAE)
Janaína Silva (UFRN)
Fábio Araújo (UFRN)

A Educação Alimentar e Nutricional (EAN) é uma estratégia fundamental para


encarar novos desafios nos campos da saúde, alimentação e nutrição. Devendo possuir
uma abordagem multifocal de modo que a indicação direcionada a todas as pessoas
deve ser utilizada em diferentes contextos informativos e educacionais (SANTOS, 2012).
Nesse sentido, para que uma pessoa tenha uma alimentação de qualidade,
é essencial, ter habilidades e conhecimentos que permitam escolher e consumir os
alimentos de forma segura e adequada, sendo essencial atividades de EAN, com o
intuito de garantir o direito de cada cidadão a uma alimentação de qualidade (RAMOS,
SANTOS, REIS, 2012).
Tendo em vista que a escola é o ambiente que os alunos permanecem a maior
parte do dia e nela fazem uma ou mais refeições, torna-se um lugar fortemente propício
à promoção da saúde e um potencial elemento transformador na prática familiar e
social conforme Zaniratiet al (2011). Dessa maneira, a fase escolar é decisiva para a
formação dos hábitos alimentares da criança, tornando-se importante o estimulo de uma
alimentação variada e equilibrada (LAZARI, 2012).
Assim, o presente trabalho representa um relato de experiência realizado durante
o Estágio Supervisionado em Alimentação Escolar do Curso de Graduação em Nutrição
da FACISA/UFRN campus Santa Cruz, no período entre agosto e setembro de 2015.
Tendo como objetivo realizar ações educativas com crianças explorando a alimentação
saudável na infância, bem como destacar o consumo da alimentação disponibilizada
na escola para o crescimento e desenvolvimento, evidenciando o consumo de frutas e
verduras.

Metodologia

Primeiramente, as estagiárias responsáveis, de forma amistosa, se apresentar


a turma do 3º ano de uma escola estadual de Santa Cruz (RN) explicando o motivo da
visita e os objetivos da prática a serem realizada. Em seguida, houve o inicio da atividade,
que consistiu inicialmente, com a entrega de uma folha contento vários alimentos tanto
saudáveis como não saudáveis para cada aluno, de forma que estes circularam aqueles
que jugarem como saudáveis.
Após isto, foi apresentado um vídeo intitulado “Se alimentar bem, é bom” como
introdução para a explicação da importância da alimentação saudável na infância,
bem como o consumo da alimentação disponibilizada na escola para o crescimento e
desenvolvimento, evidenciando o consumo de frutas e verduras com cores diversificadas
para que se tenha saúde, além de ser apresentado quais os alimentos corretos que
deveriam ter sido circulados no inicio da atividade, sendo uma maneira de proporcionar
interação entre as mediadoras da atividade e os alunos participantes.
Logo depois, iniciou-se o “Jogo do Tato” onde de forma voluntária algumas
crianças foram vendadas com objetivo que estas identificassem por meio dos sentidos
(tato e olfato) as frutas e verduras exibidas (maracujá, banana, maçã, melão, kiwi,

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

coentro, cenoura, alho, tomate, beterraba).


Em seguida aconteceu o “Jogo do Prato Saudável” onde cada criança recebeu
uma folha com a imagem de um prato e um kit com várias opções de figuras de alimentos,
de modo que cada um dos participantes montaram um prato saudável dentro da sua
percepção, ao termino desta tarefa foi apresentado um exemplo de prato saudável com
as melhores opções dos grupos alimentares.
Posteriormente, ocorreu uma explanação ressaltando a importância de cada
refeição exposta em cartaz, de forma a orientar quais os alimentos mais indicados para
o desjejum, colação, almoço, lanche da tarde, jantar e ceia de forma interativa com as
crianças. Sendo a intervenção finalizada com a entrega de um cartão educativo aos
alunos proporcionando a estes um apoio para quando necessário tirar dúvidas sobre as
porções e opções mais saudáveis.
Como conteúdos conceituais teve-se autoconhecimento, atividades lúdicas,
alimentação saudável na infância e importância da merenda escolar, orientações
nutricionais voltadas para a alimentação saudável. Enquanto para os conteúdos
procedimentais foram: circular alimentos que juguem saudáveis, assistir o vídeo
infantil “Se alimentar bem é bom”, participar do Jogo do Tato, adivinhar quais são as
frutas e verduras que estão palpando, participar do Jogo do Prato, selecionar imagens
de alimentos e montar no prato de acordo com o que juguem saudáveis, avaliar as
escolhas feitas comparando com o exemplo correto do prato saudável, receber um
cartão educativo para quando necessário tirar dúvidas sobre as porções e opções mais
saudáveis. Já os conteúdos atitudinais foram: auto reflexão sobre os hábitos alimentares
praticados, desenvolvimento da capacidade de se expressar em público, do espírito
participativo e interativo entre os alunos, adesão a uma forma de pensar critica sobre as
práticas alimentares cotidianas, reflexão sobre a importância da aderência a merenda
escolar, bem como seus benefícios.

Descrição da Experiência

A intervenção teve início com a distribuição da primeira atividade, onde os


participantes circularam os alimentos mostrados na folha que eles jugaram como
saudáveis, sendo observado que poucos alimentos saudáveis dentro dos disponibilizados
foram circulados, resultado este que aponta pouco conhecimento do alunado sobre o
tema.
Logo depois do recolhimento da primeira atividade foi mostrado o vídeo
“Se alimentar bem, é bom” produzido pelo programa Nutriamigos, o qual ressalta a
importância de um consumo balanceado entre os grupos alimentares. O equilíbrio entre
as porções dos grupos alimentares para uma alimentação saudável é recomendado,
devendo ter aumento no consumo de determinados alimentos e redução de outros.
Entretanto, a ausência de hábitos de consumir grupos alimentares essenciais à saúde
representa uma barreira importante a ser superada (SILVA, 2011).
Ao assistirem o vídeo, os estudantes conseguiram ter uma maior facilidade
para entender como ter uma alimentação equilibrada e puderam observar seus erros
e acertos da atividade anterior, já que foi realizada pelas estagiárias uma associação
com os alimentos saudáveis (que deveriam ser circulados) e os grupos alimentares
representados pelos Nutriamigos. Além disso, foi explanada de forma interativa a
importância da alimentação na infância e do consumo da merenda escolar, fazendo
sempre a relação com o vídeo objetivando uma maior fixação do conteúdo por parte
dos alunos.
A alimentação e nutrição adequadas constituem condições fundamentais para que
o público infantil consiga atingir o completo potencial de crescimento e desenvolvimento

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

com qualidade de vida, como também a prevenção de doenças carências, a obesidade


e outras enfermidades relacionadas. Nesse sentido, a EAN é essencial para a promoção
da saúde, práticas alimentares e estilo de vida saudáveis (TASSIANO, CABRAL, SILVA,
2014).
Dentro dessa perspectiva, cabe frisar que a infância representa a melhor etapa
da vida para a aprendizagem dos princípios que direcionam uma alimentação adequada,
fazendo-se necessário que a promoção de hábitos alimentares saudáveis comece
essencialmente nos primeiros anos de vida, para que os mesmo permaneçam ao longo
da vida (AZEVEDO, SÁ, LAVOYER, 2014).
Assim, uma das formas de proporcionar melhores práticas para as crianças
que estão inseridas no ambiente escolar é o fornecimento da merenda escolar. A
alimentação escolar é definida como todo o alimento oferecido no ambiente escolar,
durante o período letivo, independentemente de sua origem. E é através do aporte
energético e nutricional fornecida pela merenda escolar que auxilia o crescimento e
desenvolvimento biopsicossocial das crianças. Além disso, a alimentação escolar
exerce grande relevância social, pois em muitos casos esta pode ser a única refeição
diária garantida para a criança (ISSA et al, 2014).
Posteriormente, foi realizada a segunda atividade “Jogo do Tato” onde de forma
voluntária dez crianças foram vendadas uma por vez para testar seus conhecimentos
a respeito das frutas e verduras, de modo que cada uma delas ficou responsável
para identificar por meio do tato e olfato uma fruta ou verdura entregue, podendo ser:
maracujá, banana, maçã, melão, kiwi, coentro, cenoura, alho, tomate, beterraba. Onde
foi observado que os participantes tiveram mais acertos com relação as verduras e
mais erros com as frutas, resultado este inesperado pelas condutoras da intervenção,
pois pressupõe que as crianças tem mais contato com frutas. No entanto, uma das
frutas selecionada para identificação, o kiwi, por não ser da cultura local era esperado o
desconhecimento. Justamente por este motivo, foi despertada a curiosidade dos alunos
em saber qual era a fruta, bem como seu sabor. Dessa maneira, a fruta foi distribuída de
forma improvisada para os alunos experimentarem, tendo uma boa aceitação.
Depois, foi explanado aos estudantes a importância das frutas e verdura,
como também os nutrientes essenciais encontrados nelas, ressaltando que cada cor
representa um nutriente, mostrando com isso a necessidade de se ter uma alimentação
bem colorida para a promoção da saúde, o que proporcionou interação entre as
mediadoras da atividade e os alunos participantes.
As frutas e verduras são conhecidas no contexto científico por possuir um alto
conteúdo antioxidante, o qual exerce papel protetor das células contra danos oxidativos
gerados pelos radicais livres, desse modo, são responsáveis pela proteção contra
diversas doenças. Além disso, esses alimentos são ricos em fibras e possuem baixa
densidade energética proporcionando o aumento da saciedade (SILVA, 2011).
Nessa perspectiva, as atividades desenvolvidas no ambiente escolar são
fundamentalmente essenciais para a prática do consumo de frutas e verduras, tendo
esta atividade o intuito de direcionar os escolares a se alimentarem com a merenda
escolar, procurando desse modo o aumento dos hábitos alimentares saudáveis com a
ingestão de frutas e verduras na escola e em casa (SANTOS, 2011).
Posterior a isso, foi dada a continuidade com a terceira atividade “Jogo do prato
saudável”, onde cada criança recebeu uma folha com a imagem de um prato e um kit
com várias opções de figuras de alimentos, de modo que cada um dos participantes
montou um prato saudável dentro da sua percepção e conhecimentos já adquiridos
no decorrer da intervenção. Ao final desta tarefa foi apresentado um exemplo de prato
saudável com as melhores opções dos grupos alimentares, bem como foi reforçado o

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

conteúdo, uma vez que as estagiárias mostraram o porquê da escolha ou não de cada
figura.
Em seguida, foi ressaltada a importância de cada refeição, assim como quais os
alimentos mais indicados para cada uma destas, nesse momento as crianças interagiram
bastante, pois já conseguiram consolidar os assuntos ministrados, fazendo associação
do alimento com o grupo dos Nutriamigos (Carboidrato, Proteína, Gordura e Fruta).
A intervenção foi finalizada com a entrega do cartão educativo aos alunos, com
intuito de proporcionar a estes um apoio para quando necessário tirar dúvidas sobre as
porções e opções mais saudáveis.

Considerações finais

A intervenção realizada alcançou os resultados propostos de forma satisfatória,


uma vez que as crianças conseguiram a partir das atividades desenvolvidas e
conhecimento adquirido diferenciaremos alimentos saudáveis e não saudáveis e os
associarem com a saúde, a qualidade de vida, a aprendizagem, a merendar escolar,
entre outros.
Além disso, a proposta de fixar os temas por meio da auto reflexão depois de
cada atividade realizada favoreceu a maior adesão dos participantes, bem como a
fixação dos assuntos abordados, tendo em vista que houve uma constante interação
com abordagens didáticas e o uso de atividades lúdicas, estratégia essa que caracterizou
como estímulo para as crianças a se expressarem de forma espontânea e interativa.

REFERÊNCIAS

AZEVEDO, E.A.; SÁ, S.P.C.; LAVOYER, C.E. Ações de educação nutricional com
crianças em creches universitárias – percepção dos responsáveis e dos professores
sobre o lúdico. Fundam. Care.v. 6, n.4, p. 1419-1436, 2014.

ISSA, R.C. Alimentação escolar: planejamento, produção, distribuição e adequação.


Rev. Panam Salud Publica.v. 35, n. 2, p. 96-103, 2014.

LAZARI, T.A.; et al. Importância da Educação Nutricional na infância.p. 1-6, 2012.

RAMOS, F.P.; SANTOS, L.A.S.; REIS, A.B.C. Educação Alimentar e Nutricional em


escolares: uma revisão de literatura. Cad. Saúde Pública. Rio de Janeiro. v. 29, n. 11,
p. 2147-2161, nov. 2012.

SANTOS, L.A.S. O fazer Educação Alimentar e Nutricional: Algumas contribuições para


reflexão. Ciência Saúde Coletiva.v.17, n.2, p. 453-462, 2012.

SANTOS, M.M.H.P. Percepção do envolvimento face à atividade física e consumo de


frutas e hortaliças, aptidão aeróbia e sua relação com a obesidade. Universidade de
madeira, 2011.

SILVA, C.L. Consumo de frutas e hortaliças e conceito de alimentação saudável em


adultos de Brasília. Universidade de Brasília, 2011.

TASSIANO, R.M.; CABRAL, P.C.; SILVA, G.A.P. Validação em escalas psicossociais


para mudança do consumo de frutas, legumes e verduras. Cad. Saúde Pública. Rio de
Janeiro. v. 30, n. 2, p. 272-282, 2014.

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

ZANIRATI, V.F. et al. Impacto de oficinas de educação alimentar no perfil nutricional de


crianças inseridas no programa Escola Integrada.Rev APS.v. 14, n. 4, p.408-416, out.
2011.

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PROMOÇÃO DA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL EM ESPAÇO ESCOLAR: ALIMENTOS


SAUDÁVEIS X ALIMENTOS INDUSTRIALIZADOS – UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Pamella Fonseca (UFRN)


Maria Santos (UFRN)
Anielly Batista (DRAE)
Fábio Araújo (UFRN)
Janaína Silva (UFRN)

Apresentação

Em se tratando do conhecimento sobre os alimentos, diz-se que este,


inicialmente, é influenciado pelos pais, relacionando-se, posteriormente, com o ambiente
no qual a criança está inserida. Segundo Schmitz (2008), é na escola que as bases do
comportamento alimentar também são formadas. Assim, é função desta capacitar os
sujeitos para tomar decisões a partir do que é aprendido (SOARES et al., 2009).
Logo, reconhece-se que as dinâmicas pedagógicas através da educação
nutricional são essenciais na promoção de bons hábitos alimentares, sobretudo quando
o assunto inclui o aumento do consumo de frutas, legumes e verduras, e a diminuição
do consumo de doces, frituras etc. (BERNART; ZANARDO, 2011).
Nesse sentido, as estagiárias do Curso de Nutrição da Faculdade de Ciências
da Saúde do Trairi - FACISA realizaram intervenção educativa numa escola estadual
de Santa Cruz, em cuja instituição desenvolviamo Estágio Curricular Supervisionado
em Alimentação Escolar. Tal açãoobjetivou a sensibilização para o autocuidado, com
ênfase na adoção de práticas saudáveis de alimentação, de alunos do 1º ao 5º ano do
ensino fundamental, sendo o tema sugerido pela nutricionista preceptora do estágio,
em virtude da constatação do consumo de alimentos industrializados por parte deste
alunado.
Destaca-se que a intervenção foi realizada em consonância com os princípios
do Marco de Referência de Educação Alimentar e Nutricional para Políticas Públicas
(BRASIL, 2012) e da Resolução nº 26/2013, a qual dispõe sobre o atendimento da
alimentação escolar aos alunos da educação básica no âmbito do Programa Nacional
de Alimentação Escolar(BRASIL, 2013).

Metodologia

Em um primeiro momento, as estagiárias escolheram 33 alunos, sendo 3 de


cada turma do turno matutino para participar da intervenção. Em seguida, os alunos
selecionados foram levados ao pátio da escola, recebendo neste local os esclarecimentos
sobre os problemas causados no organismo humano pelo consumo excessivo de
alimentos industrializados, focando os alimentos que os alunos mais consomem na
hora do intervalo (biscoitos recheados, refrigerantes, balas, pipocas etc.) através de
aula expositiva e ilustrativa em Power point, empregando-se uma abordagem lúdica e
interativa, a qual também incluiu exibição do vídeo intitulado “Nutriamigos”.
Na sequência, foi realizada uma dinâmica a partir da elaboração de dois bonecos
utilizando-se papel cartolina e canetas esferográficas: um boneco com a imagem de
um menino triste, e outro, com sua imagem feliz, com o nome de Salgadão e Ervilho,
respectivamente. Os dois bonecos foram fixados na parede no pátio da escola, onde
estava sendo realizada a intervenção. Figuras de alimentos saudáveis e industrializados,
já impressas e recortadas pelas estagiárias, foram dispostas sobre uma mesa, e assim
cada aluno, um de cada vez, foi convidado a escolher uma imagem e responder a

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

qual boneco tal alimento pertencia e o porquê, após colá-lo no respectivo boneco,
identificando-o. Essa etapa da intervenção teve como objetivo possibilitar aos escolares
diferenciar o saudável do não saudável.
Após a dinâmica, os alunos receberam um livro de educação nutricional,
elaborado pelas estagiárias, contendo atividades diversas acerca do tema central:
alimentação saudável (pirâmide alimentar, frutas, caça palavras, palavras cruzadas,
desenhos de alimentos que mais gostam, jogo dos sete erros) dentre outras atividades,
as quais levaram em consideração no planejamento a faixa etária dos estudantes
participantes da intervenção, ou seja, houve a execução de dois tipos de livros para que
se pudesse atingir as faixas etárias. O material construído teve como objetivo o treino
de leitura, raciocínio, além do aprendizado, através de exercício, sobre como deve ser
uma alimentação saudável. O livro também foi distribuído aos professores para que os
mesmos trabalhem de forma mais dinâmica o tema de educação nutricional.
Os materiais utilizados na dinâmica foram os seguintes: cartolina cor amarela
para desenhos dos bonecos; fita adesiva; caneta esferográfica; tesoura; livros impressos
para exercícios.

Descrição das atividades

Conteúdos conceituais: autoconhecimento; alimentação saudável; orientações


nutricionais voltadas para hábitos alimentares saudáveis; doenças causadas pelo
consumo excessivo de alimentos industrializados.
Conteúdos procedimentais: participação de uma atividade educativa na forma
de dinâmica; relato de quais são os alimentos mais consumidos e os que são menos
consumidos; relato de quais são as doenças que o excesso e/ou carência de determinado
nutriente pode acarretar e quais as fontes alimentares; preenchimento dos bonecos com
figuras de alimentos saudáveis e não saudáveis; entendimento da relação dos alimentos
industrializados e saudáveis com a saúde; expressãodos conhecimentos dos escolares
sobre a relação entre os alimentos saudáveis e a saúde.
Conteúdos atitudinais: compreensão de cada escolar sobre as consequências do
consumo em excesso dealimentos industrializados e incentivo ao consumo da merenda
escolar.

Resultados e discussão

Os escolares participaram de forma ativa, nas atividades efetuadas. Ficou


evidente o envolvimento e o sentimento de felicidade, já que em certos momentos
demonstraram muito carinho. As atividades lúdicas despertaram emoções reais nas
mesmas, o que possibilitou resultados muito proeminentes em relação às atividades.
Percebeu-se uma boa aceitação pelo trabalho realizado, apontando para a possibilidade
de realização de mais estratégias nutricionais para esta faixa etária.
No decorrer da intervenção, os procedimentos foram realizados conforme o
planejado, sendo, portanto, considerados de boa aplicabilidade, uma vez que se atingiu
satisfatoriamente com os mesmos a curiosidade dos discentes quanto o tema abordado
e de forma divertida. Isto demonstra que os alunos quando saem da sala de aula para
vivenciar outras metodologias de ensino, realmente se interessam em aprender.
No entanto, sabe-se que os alunos dessa faixa etária se dispersam com
facilidade e podem apresentar pouca concentração, mesmo em momentos como os
citados acima, em razão de se encontrarem numa fase da vida bastante ativa. Então,
percebeu-se alguns momentos de desatenção, provavelmente pelo fato de a intervenção
ter sido realizada no pátio da escola, onde há movimento por parte dos profissionais que

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
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trabalham na mesma, ficando assim a sugestão de em outras ocasiões se trabalhar com


os escolares em locais fechados, para que haja uma maior centralização na atividade,
embora a desatenção observada em alguns não tenha afetado o desenvolvimento da
intervenção.
Destaca-se, por fim, a percepção, a partir da intervenção, sobre a importância
da família na construção do estilo de vida saudável dos escolares, já que os pais são os
primeiros educadores, exercendo influência sobre o costume alimentar de seus filhos,
uma vez que são responsáveis pela compra e o preparo dos alimentos, e por transmitir
seus hábitos alimentares, já que os “filhos são reflexos dos pais”.
Isto posto, reconhece-se a necessidade de articulação entre escola e família
para o bom desempenho do aluno, uma apoiando a outra na construção da educação e
formação do ser humano.

Considerações finais

Após a realização da intervenção, notou-se a extrema importância que a


educação tem no processo de transformação social, sendo sua associação com a área
da saúde essencial, onde o conhecimento de ambas as áreas se integram, podendo
promover mudanças de atitudes e comportamentos, refletindo e alertando os alunos
sobre hábitos alimentares.
Partindo deste ponto, o nutricionista, enquanto profissional competente para
realizar educação nutricional e responsável técnico pela execução do PNAE deve
planejar atividades educativas considerando as vertentes que influenciam a alimentação,
os aspectos do desenvolvimento humano da população-alvo, a realidade na qual está
inserida e os estímulos adequados, a fim de obter sucesso nos objetivos educativos e
promover alimentação saudável.

REFERÊNCIAS

BERNART, A.; ZANARDO, V.P.S. Educação nutricional para crianças em escolas


públicas de Erechim/RS. Revista Eletrônica de Extensão da URI. v.7, n.13, p.71-79,
2011.

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Marco


de referência de educação alimentar e nutricional para as políticas públicas. – Brasília,
DF: MDS; Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, 2012. 68 p.

BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. FUNDO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO


DA EDUCAÇÃO. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Resolução/CD/FNDE nº 26, de 17
de junho de 2013. Dispõe sobre o atendimento da alimentação escolar aos alunos da
educação básica no âmbito do Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE.

SCHMITZ, B. A.S. et al. A escola promovendo hábitos alimentares saudáveis: uma


proposta metodológica de capacitação para educadores e donos de cantina. Caderno
de Saúde Pública. Rio de Janeiro, v.24, n. Sup2, p. s312-s322, 2008.

SOARES, A. C. F.; LAZARRI, A. C. M.; FERDINANDI, M. N. Análise da importância


dos conteúdos da disciplina de educação nutricional no ensino fundamental segundo
professores de escolas públicas e privadas da cidade de Maringá-Paraná. Revista
Saúde e Pesquisa, v. 2, n. 2, p. 179-184, mai./ago. 2009.

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
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DIVERTIDA AVENTURA À CAÇA AO TESOURO

Pedro Costa (UFRN)


Raymila Costa (UFRN)

No Centro Municipal de Educação Infantil Mônica Alves, localizado no município


de Parnamirim (RN), desenvolveu-se a atividade de Caça ao Tesouro, tendo como
objetivo principal a promoção da alimentação saudável para o público infantil a partir de
uma referência lúdica do pirata e da sua caça ao tesouro. A atividade foi desenvolvida
a partir da disciplina de Educação Alimentar e Nutricional da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte como uma prática curricular, sendo motivada pela necessidade de
promover o consumo de frutas, legumes e verduras, através de uma alternativa pratica e
dinâmica, considerando que a alimentação no ambiente escolar pode e deve ter função
pedagógica, devendo estar inserida no contexto curricular, conforme instituído pela
Portaria Interministerial nº 1.010 de 8 de maio de 2006, que institui as diretrizes para
a Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas de educação infantil, fundamental
e nível médio nas redes públicas e privadas, em âmbito nacional. Para sua realização,
buscou-se compreender a importância do cuidado e da dialogia no trabalho com
crianças e elencar dinâmicas e atividades pertinentes voltadas para os infantis, onde
estes pudessem ter o estímulo para o consumo de frutas e de alimentos regionais, e o
incentivo para a valorização da cultura alimentar regional.

REFERENCIAIS PEDAGÓGICOS

A sustentabilidade social, ambiental e econômica vai além da dimensão


ambiental, ela envolve as relações humanas, sociais e econômicas estabelecidas em
todas as fases do preceito alimentar, sendo assim, a Educação Alimentar e Nutricional
(EAN) quando agencia a alimentação saudável refere-se à satisfação das necessidades
alimentares dos indivíduos e populações, seja em curto ou longo prazo, de modo a
não implicar o sacrifício dos recursos naturais renováveis ou não, envolvendo relações
econômicas e sociais. Visto isso buscou-se trabalhar as frutas regionais enfatizando sua
abundancia, beleza e riquezas nutricionais, além da acessibilidade econômica.
A abordagem do sistema alimentar na sua integralidade depreende-se como o
processo que abrange desde o acesso à terra, à água e aos meios de produção, as
formas de processamento, de abastecimento, de comercialização e de distribuição;
a escolha e consumo dos alimentos, incluindo as práticas alimentares individuais e
coletivas, até a geração e a destinação de resíduos, e as ações de EAN envolve temas
e estratégias relacionadas a todas estas dimensões, possibilitando assim indagações
com os alunos como: o que é?, de onde vem?, quem consome?, e por que consumir?;
através das frutas regionais, desenvolvendo assim escolhas e práticas conscientes.
Segundo o Marco de Referência da Educação Alimentar e Nutricional para as
Políticas Públicas (2012), a alimentação brasileira, com suas particularidades regionais,
é uma das expressões do nosso processo histórico e de intercâmbio cultural entre
os diferentes povos que formaram nossa nação. Assim, a EAN deve considerar a
legitimidade dos saberes oriundos da cultura, religião e ciência. Sendo assim tornou-
se viável o desenvolvimento da valorização e do respeito as diferentes expressões da
identidade e da cultura alimentar de nossa população, apresentando e difundindo a
riqueza colossal dos alimentos, das preparações e combinações possíveis.

METODOLOGIA

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
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A atividade de corredor foi mediada por dois alunos do 6° período do curso de


Nutrição da UFRN, sendo desenvolvida com alunos do 6° nível do infantil, trabalhando as
frutas regionais através da brincadeira de caça ao tesouro. A fruta trabalhada foi o cajá,
que representava o tesouro;foram colocados 30 uni. da fruta dentro de um pequeno baú
de madeira, e escondido na brinquedoteca do Centro Municipal de Educação Infantil
Mônica Alves (CMEI); para garantir a característica e ludicidade da brincadeira foram
confeccionados 20 uni. de chapeis de piratas, utilizando tesouras, colas, jornais, para
a base, cartolina preta, para sustentação frontal, folhas de ofício branca, para detalhes
característicos e TNT branco para posicionar e sustentar o chapéu na cabeça, além
disso também foram confeccionadas 5 pistas através de desenhos, feitas em papel
madeira com lápis de cor, que indicavam onde se encontraria o tesouro.
A mediação inicialmente aconteceu com o acolhimento dos alunos, onde os
intermediários se apresentaram, falando quem eram, o que faziam e a importância do
trabalho que podem realizar para a população, de maneira sucinta e de fácil compreensão;
em seguida explicou-se a brincadeira, partindo da seguinte pergunta: “vocês sabem o
que o pirata faz?”, daí em diante ocorreu o desenrolar da atividade sendo guiada pelos
intermediários, auxiliando as crianças ao encontro do tesouro através das pistas, que
foram escondidas na brinquedoteca e na sala de aula deles. Ao encontrarem o baú para
que todos pudessem ver o que estava escondido, organizou-se uma roda no chão e o
baú foi posicionado no centro, paralelo a isso os alunos foram incitados a adivinhar o
que era o tesouro, com todos posicionados o baú foi aberto e as crianças de maneira
curiosa pegaram a fruta e degustaram, simultaneamente a degustação foi apresentada
a fruta, falando o que era; De onde vinha; Para que servia; O que poderia fazer; Quem
consome; e por que consumir; toda a atividade foi realizada em 1 hora, ao final a turma
foi liberada levando de brinde as frutas e os chapeis.

DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES

A  caça ao tesouro é uma brincadeira muito completa, a escolha dela se


deu em virtude da grande aceitação das crianças de todas as idades, pois têm que
procurar pistas que indicam o esconderijo do tesouro e além disso podem brincar
com as outras crianças, proporcionando a vivencia e a ludicidade de ser um pirata,
aguçando a curiosidade, desenvolvendo a agilidade, o raciocínio, o trabalho em equipe,
a participação, promovendo a socialização, a concentração e a cooperação; ela foi
realizada de maneira mais curta em função das pistas que foram feitas, do tempo e da
idade das crianças com que foram trabalhadas. As crianças participantes tiveram que
correr, procurar as pistas e identifica-las, aprenderam sobre a regionalidade da fruta
trabalhada, o que poderiam fazer com elas, para que elas serviam e ainda degustaram-
na.
Os intermediários aprenderam sobre como trabalhar a ludicidade na educação,
ampliaram os conhecimentos acerca das frutas regionais e de como promover o maior
incentivo ao consumo de frutas por crianças; para o desenvolvimento da atividade foram
realizadas pesquisas sobre a regionalidade local, confecções de chapeis de piratas,
elaboração de pistas para a caçada, a organização do espaço, a apresentação e o
realização da brincadeira e a explicação da regionalidade cultural e alimentar; toda essa
preparação auxiliou no desenvolvimento de uma postura de diálogo com crianças além
da capacidade de interagir com os infantis.

RESULTADOSE DISCURSSOES

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
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Desenvolver atividades com crianças quando não se tem muito contato ou


experiências vividas antes não é fácil, pois elas são curiosas e agitadas, além disso a
infância é, também, a idade do possível, onde pode-se projetar sobre ela a esperança
de mudança, de transformação social e renovação moral, sendo portadora de uma
imagem de inocência, e para o adulto a imagem da infância é reconstituída por um duplo
processo: de um lado, ela está associada a todo um contexto de valores e aspirações da
sociedade, e, de outro, dependente de percepções próprias do adulto, que incorporam
memórias de seu tempo de criança, diz Kishimoto (1994), e isso para os intermediários
projetou um sentimento de insegurança no modo de como tratar o infantil e de como
fazer com que eles compreendesse a mensagem a ser transmitida, mas tudo isso foi
superado rapidamente quando compreende-se que elas lhe escutam melhor e tem
mais atenção quando se olha olho no olho e quando há uma igualdade em tamanhos,
ademais aprendemos também que apesar da pequenez eles tem muito a ensinar.
Trabalhar de maneira lúdica e dinâmica tornou a atividade extremamente
prazerosa, além de mostrar na pratica como o objetivo é alcançado rapidamente, as
crianças quando encontraram o tesouro ficaram tão maravilhadas que experimentaram
a fruta sem nenhuma contestação, mesmo a fruta trabalhada sendo um cajá que é cítrico
e possui características sensoriais acidas e azedas (carvalho, 2011), elas relatavam que
a fruta era azeda, mas não paravam de comer; Para Aristóteles, o jogo, que chama
de atividade de entretenimento, relaxamento, lazer, aparece como contraponto do
trabalho. Sua utilidade está no descanso da mente para uma nova jornada de trabalho.
Sem discutir o conceito de jogo, Aristóteles considera-o parte da educação por sua
importância para o descanso da mente (KISHIMOTO, 1994).Com isso, percebemos que
não importa o assunto que será tratado, ou qual público você queira atingir, mas sim
a maneira como ele será apresentado e trabalhado para que o objetivo desejado seja
alcançado.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Desenvolver a atividade de corredor com as crianças, trabalhando as frutas


regionais no incentivo a promoção da alimentação saudável possibilitou a vivência e
compreensão do quão é importante planejar-se, procurando sempre entender o mundo
lúdico e educacional que existe em uma simples atividade, que viabiliza experiências
enriquecedoras, além de mostrar paradoxalmente o quão complexa torna-se essa
atividade na diversidade existente.

REFERENCIAS

Brasil. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Marco de referência


de educação alimentar e nutricional para as políticas públicas. – Brasília, DF: MDS;
Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, 2012.

CARVALHO, Ana Vania et al. Avaliação do efeito da combinação de pectina, gelatina e


alginato de sódio sobre as características de gel de fruta estruturada a partir de “mix”
de polpa de cajá e mamão, por meio da metodologia de superfície de resposta. Acta
Amazonica, v. 41, n. 2, p. 267-274, 2011.

KISHIMOTO, Tizuko Morchida. O jogo e a educação infantil. Perspectiva, v. 12, n. 22,


p. 105-128, 1994.

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PROJETO EDUCACIONAL COMO ESTRATÉGIA DE PROMOÇÃO DE ALIMENTAÇÃO


SAUDÁVEL COM ALUNOS DE UMA ESCOLA PÚBLICA DO MUNICÍPIO DE CUITÉ/
PB

Anne Oliveira (UFCG)


Cathysia Praxedes (UFCG)
Élison Almeida (UFCG)
Josenias Araújo (UFCG)
Tainá Silva (UFCG)
Thalyta Maciel (UFCG)

O projeto refere-se à elaboração de atividades de Educação Alimentar e


Nutricional com escolares, realizadas em uma escola localizada no município de Cuité/
PB, com cerca de 30 crianças de faixa etária entre 5 e 6 anos. As práticas ocorreram
através do desenvolvimento de um projeto sobre a importância da alimentação
saudável. A alimentação equilibrada e balanceada é um dos fatores fundamentais para
o bom desenvolvimento físico, psíquico e social das crianças (SILVA, 1988 apud IRALA;
FERNANDEZ, 2001). A promoção de uma alimentação saudável no espaço escolar
pressupõe a integração de ações em três pontos fundamentais: ações de estímulo
à adoção de hábitos alimentares saudáveis, por meio de atividades educativas que
informem e motivem escolhas individuais; ações de apoio à adoção de práticas saudáveis
por meio de uma alimentação nutricionalmente equilibrada no ambiente escolar e ações
de proteção à alimentação saudável, por meio de medidas que evitem a exposição da
comunidade escolar a práticas alimentares inadequadas (LOPES et al., 2010). O uso de
projetos educacionais com foco em nutrição é importante, pois desperta a curiosidade
por novos alimentos, além de conscientizar os alunos sobre alimentação saudável e
estabelecer uma maior relação entre a teoria e a prática. Sabendo a relevância de
se desenvolver práticas saudáveis desde o ensino infantil, objetivou-se estimular a
consciência das crianças sobre o consumo de alimentos saudáveis, já que é durante o
primeiro ciclo de vida que se formam os hábitos alimentares.
Adotou-se o projeto como estratégia, utilizando recursos como música, colagem,
rodas de conversa, contação de história, palavras-cruzadas e alimentos in natura.
O projeto dividiu-se em 4 encontros mensais, com temáticas diferenciadas em cada
encontro. A temática escolhida para o primeiro encontro referiu-se aos macronutrientes
e sua relação com os alimentos. Neste encontro, fez-se uma breve descrição de quais
são os macronutrientes, suas funções e suas fontes alimentares. Após a explicação, foi
realizada uma roda e colocadas no centro da sala 3 desenhos de cestas. Foi explicado às
crianças que tocaria uma música e, nesse intervalo de tempo, seria passada a imagem
de um alimento referente a algum dos macronutrientes. Quando a música parasse, o
aluno que estivesse segurando a imagem teria que colocá-la na cesta correspondente
ao macronutriente correto (carboidratos, proteínas e lipídeos). Apesar da explicação,
percebeu-se que as crianças tiveram uma dificuldade em associar alguns alimentos
corretamente e tiveram mais curiosidade em relação às frutas que foram levadas. Devido
a isso, os encontros sequentes foram relacionados a essa última temática.
A segunda atividade baseou-se na reflexão das escolhas alimentares das
crianças. Foram trabalhadas variáveis relacionadas aos alimentos como o preço, o sabor
e o valor nutricional, por exemplo. Foi entregue a cada aluno o modelo de um carrinho
de supermercado e, após isso, foram distribuídas numa mesa imagens de alimentos.
Cada aluno deveria dirigir-se à mesa com seu carrinho e escolher os alimentos que

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costumava comer no seu dia-a-dia. Após todos os alunos escolherem seus alimentos, foi
feita uma roda no chão e comentadas as escolhas de uma forma geral. Para discussão,
foram observados não os fatores relacionados, necessariamente ao comportamento
real da escolha alimentar, mas sim, os motivos que levam a essas escolhas, como poder
aquisitivo, aparência do alimento, sabor, tipo de preparação, desejo de socializar-se,
entre outros. Para finalizar, foi explicada a importância de escolhas saudáveis para a
garantia da qualidade de vida.
No terceiro encontro, trabalhou-se a importância do consumo de frutas através
da técnica de contação de história. Foi contada a história “A Menina que não Gostava
de Fruta”, com o auxílio de um baú de alimentos, contendo a maioria das frutas citadas
na narrativa. Após a história, realizou-se um jogo de palavras-cruzadas, onde eram
dadas dicas da história e os alunos tinham que responder a qual fruta se referia. Além
de auxiliar na compreensão do tema, esse jogo foi utilizado com o intuito de estimular
o raciocínio e enriquecer o vocabulário dos educandos, já que é uma ferramenta tão
comum tratando-se de educação infantil.
No último encontro foram trabalhados os aspectos sensoriais das frutas, como
aparência, cheiro e sabor. Levou-se uma salada de frutas para as crianças e estimulou-
se a identificação das frutas presentes na salada, através da capacidade de percepção.
Após todas as frutas terem sido identificadas, procedeu-se uma breve reflexão sobre a
importância de hábitos saudáveis para uma melhor qualidade de vida, onde a promoção
da saúde assumiu um papel de educação para a saúde.
No que se refere aos conteúdos conceituais apresentados nas atividades,
destacam-se: a música, a obra de Cidália Fernandes: A menina que não gostava de
fruta, as palavras-cruzadas e as propriedades nutricionais das frutas in natura. Quanto
aos procedimentais, realizou-se a contação de história, atividades de colagem, rodas de
conversa e dinâmica com vendas nos olhos. Em relação aos conteúdos atitudinais, teve-
se o intuito de estimular a concentração das crianças, incentivar o interesse das crianças
a descobrirem os grupos alimentares, incentivar o desenvolvimento de uma postura que
reconhece a importância de uma alimentação saudável, desenvolver a habilidade de
participar de grupos colaborativos, aguçar os sentidos através da percepção e estimular
a capacidade de concentração.
Ao fim do mês de atividades, apesar do curto período, percebeu-se uma apreensão
positiva por parte das crianças em relação à importância de uma alimentação saudável.
Foi possível notar uma maior maturidade no que concerne às escolhas alimentares, onde
os escolares demonstraram reflexões e posturas de preocupação com os alimentos que
consomem diariamente e no quanto as consequências podem ser maléficas.
Destarte, torna-se nítida a eficácia da elaboração de projetos nutricionais no
âmbito escolar, principalmente quando realizados com o público infantil, já que essa
estratégia rompe com os métodos tradicionais e possibilita uma maior interação entre
educador e educando, além de produzir conhecimento de uma forma coletiva, através
da reflexão crítica sobre o tema.

REFERÊNCIAS

FERNANDES, C. A menina que não gostava de fruta. Portugal: Editora Livro Directo.,
2012. p.22

IRALA, C. H.; FERNANDEZ, P. M. Manual para escolas: a escola promovendo


hábitos alimentares saudáveis - Horta. Brasília, 2001.

LOPES, A. P.; SILVA, C. P.; MATOS, E. S. C.; MATA, G. C. A.; SILVA, J. R. P.; FERREIRA,

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
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J. M.; SOUSA, N. A. P.; MAGALHÃES, R. M. A.; PEREIRA, S. N.; SANTOS, S. Z. G.


Projeto: alimentação saudável. Pará, 2010.

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TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO
E COMUNICAÇÃO APLICADAS À EAN
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“QUE SEJA DOCE ENQUANTO DURE”: ESTÓRIAS COM SABOR PARA CRIANÇAS

Bruna NayaraNogueira Filgueira (UFRN)


Isabel Pinto Amorim das Virgens (UFRN)
Maria Hatjiathanassiadou (UFRN)

Introdução

O projeto Estórias com Sabor tem como objetivo a contação de estórias através de
teatro de objetos para crianças entre 4 e 7 anos, no qual a estratégia é utilizar utensílios
de cozinha e incorporá-los como personagens que envolvam o tema da alimentação
saudável e que sirva de conteúdo para a elaboração e divulgação em forma de vídeo.
A iniciativa surgiu dentro da disciplina de Aspectos Sócio-Antropológicos da
Alimentação Humana do curso de Nutrição da Universidade Federal do Rio Grande
do Norte (UFRN), para a elaboração de um acervo virtual que possa ser utilizado na
Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas (PASE) e compartilhado por outras
formas de comunicação digital (Facebook, You Tube, bloggers e etc). A contação da
estória também ocorreu durante a Semana de Ciência, Tecnologia e Cultura (CIENTEC)
– 2015 da UFRN.
Dentre as muitas estórias trabalhadas no projeto, uma das escolhidas para ser
gravada foi “Que seja doce enquanto dure”, que em forma de conto infantil discorre sobre
os alimentos que podem existir na mesa de café da manhã (presando pela diversidade e
o incentivo ao consumo de frutas), a origem de alguns deles e de como podemos manter
combinações equilibradas entre os mesmos.
O enredo acontece na mesa de café da manhã, no qual o pão, o café e o
chocolate se conhecem e descobrem a existência de outros alimentos, no qual também
há o desenrolar de um enredo romantizado entre o café e o chocolate para representar
o equilíbrio entre o doce e o amargo.
A contação de estórias foi usada por se tratar de uma estratégia pedagógica
bastante utilizada na educação infantil que favorece o envolvimento do aluno. Dessa
forma, os mesmos conseguem ir além, podendo associar os conteúdos conceituais e
atitudinais planejados de uma forma didática e interdisciplinar.

Metodologia

O desenvolvimento do projeto teve início durante as aulas da disciplina de


Aspectos Sócio-Antropológicos da Alimentação Humana do curso de Nutrição. Nesse
período, foi disponibilizado aos alunos estórias do livro “El puchero mágico: la historia
de la comida y de la mesa” do autor Massimo Montanari (2009), como um caminho de
inspiração para a construção de suas próprias estórias, havendo posteriormente um
momento de socialização de novas histórias produzidas.
“Que seja doce enquanto dure” foi uma criação nossa. Surgiu como uma
inspiração através das estórias “Bebidas para vencer el sueño”, “¿El chocolate es
dulce?” e “El pan que viene del cielo”, que são contos curtos que narram a origem e a
história do café, chá, chocolate e do pão.
O resultado da estória na íntegra e que também serviu de roteiro para o vídeo,
pode ser conferido abaixo:

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Que seja doce enquanto dure

Em uma linda mesa de café da manhã, estavam três ingredientes muito especiais:
o café, o chocolate e o pão.

Senhor café: “- Bom dia pessoal!”

O pão francês, todo concentrado, fazia sua oração matinal.

Pão: “- Bom dia, meus novos companheiros, vamos agradecer por mais um dia!
De onde vocês são?”

O senhor Café e a Sra. Chocolate, que haviam chegado juntos, então começaram
a se apresentar.

Senhor café: “- Eu sou árabe, fui descoberto por engano! Há muito anos, em
um convento, os pastores de lá não conseguiram dormir a noite, pois suas cabras não
paravam de brincar. Eu era o culpado, não deixava as cabrinhas dormirem, pois sou
cheio de energia e queria brincar! Nada melhor que um café quentinho para animar, não
é mesmo?”

Senhora chocolate: “- Eu sou a senhora Chocolate, sou filha do senhor cacau e da


senhora açúcar. O cacau tem um gosto bastante amargo, mas minha mãe compensava
com o doce e acabei surgindo. Sou uma combinação tão boa que fiquei muito famosa
em todo o mundo!”

Pão: “- Faço as minhas orações todas as manhãs para agradecer cada dia. Há
muitos anos, Deus me mandava todas as noites, como recompensa para um povo que
procurava a terra santa. E até hoje, continuo ajudando a quem cedo madruga! “

Os nossos amigos ficaram ali na mesa, conversando, e então, descobriram que


existiam muitos outros ingredientes no café da manhã, e que essa hora poderia ser mais
colorida e divertida do que imaginavam. Lá, também havia a banana, o mamão, a uva,
o leite, entre outros.
Esse tempo foi suficiente para que pudessem se conhecer melhor, já que, daquele
dia em diante, dividiriam o mesmo espaço, seja na mesa, na geladeira ou na dispensa.
Nesse tempo, a senhora chocolate começou a se sentir muito confortável com o
senhor café. Ele, diferente dos outros ingredientes não a sentia como enjoada. Ele sabia
que ela era um docinho, mas que era só uma questão de moderar o açúcar.
Um dia, o senhor café ficou muito forte e tomou coragem, e resolveu dizer o
quanto gostava dela. O pão, que via tudo, tomou logo frente, um presente de Deus
estava ali entre os dois apaixonados. Por que não uni-los e oficializá-los da forma mais
comum e romântica? Com um casamento!

Pão: “- Estamos aqui reunidos, em nome do doce e amargo, energizante e


amoroso, para reunirmos essas duas bebidas em nome de Deus! Café, o senhor aceita
a Senhora Chocolate como sua legítima esposa? Para amá-la e respeitá-la, na saúde
e no controle de açúcar?”

Senhor café: “- Sim!”

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Pão: “- Senhora Chocolate, a senhora aceita o Café para amá-lo e respeitá-lo, na


saúde e nos seus problemas de insônia?”

Senhora chocolate:”- Sim!”

Finalmente estava realizado o casório! A senhora chocolate ficou feliz, mas tão
feliz, que derreteu e assim nasceram seus filhos Chocotinos!
Juntos eles foram felizes para sempre, mostrando que as diferenças existem
para serem complementadas, de forma que, o doce pode ser equilibrado com o amargo!
Não existem alimentos bons ou ruins, tudo depende da combinação que fazemos com
eles e das nossas próprias escolhas do quanto comemos! Assim como o Sr. Café e a
Sra. Chocolate, também podemos ter uma relação amorosa com os alimentos e uns
com os outros! E todos viveram felizes para sempre!

Fim.

A forma de apresentar a estória infantil foi feita por meio do teatro de objetos
fazendo o uso de utensílios de cozinha: o senhor café sendo representado por uma xícara
e depois por uma garrafa térmica grande, a senhora chocolate por uma embalagem
de achocolatado, o pão de verdade foi utilizado, xícaras pequenas como chocotinos
e outros alimentos foram apresentados (banana, maçã, leite, mamão). Além disso, a
produção foi organizada através de um fundo preto (roupas e um tecido preto por trás)
para estimular ainda mais a imaginação dos telespectadores.
A gravação da estória foi realizada no Laboratório de Educação Alimentar, mas
com o desenvolver do projeto e buscando a melhoria do material áudio visual produzido,
a gravação para o arquivo final foi elaborada no Laboratório de Comunicação da UFRN
(LabCom).

Aplicabilidade

A estória pode ser trabalhada nas escolas dentro do PASE, não só por
nutricionistas, mas por outros profissionais da área da saúde ou da escola, interessados
em promover a alimentação saudável, podendo ser apresentada pessoalmente na forma
de teatro de objetos ou com a exibição do vídeo para as crianças. Por fim, o material
estará disponível através da internet em bloggers, YouTube, Facebook e outras redes
sociais.
Além disso, a contação abre possibilidades para desenvolver diálogo sobre
temas relacionados à alimentação saudável como, por exemplo, a importância de alguns
alimentos no café da manhã.

Considerações finais

Atualmente, as crianças são cada vez mais cedo inseridas no mundo virtual.
A conectividade, muitas vezes incentivada pelos próprios pais, pode ser uma aliada
importante na promoção da alimentação saudável quando for capaz de associar
conceitos importantes a métodos lúdicos e transmissão de informação.
“Que seja doce enquanto dure” é uma forma lúdica de tratar de assuntos
importantes para o crescimento da criança no sentido biológico e do desenvolvimento
de atitudes e uma postura mais crítica. São notórias as diversas estratégias que a
indústria de alimentos ultraprocessados desenvolve parar atingir esse público, e que na
maioria das vezes, é vendido através de uma forte campanha publicitária que acaba por

79
Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

confundir as escolhas realizadas pelos indivíduos. Por isso, precisamos de iniciativas


que lembrem as novas gerações o caminho de escolhas realmente positivas para a
saúde do homem, e de como é importante conhecer os alimentos na forma mais natural
o possível e mantê-los como parte fundamental dos nossos hábitos alimentares.

Referências

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de


Atenção Básica. Guia alimentar para a população brasileira– 2. ed. – Brasília: Ministério
da Saúde, 2014.156 p.

MONTANARI, M. Fadiga. El puchero mágico: la historia de la comida y de la mesa.


Ediciones Oniro, S.A.Barcelona, 2009./

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

“O CALDEIRÃO MÁGICO”- ESTÓRIAS COM SABOR PARA CRIANÇAS

Isabel das Virgens (UFRN)

Introdução

A contação das estórias com sabor atua como uma forma de apreciação em
artes visuais que está presente no Referencial Curricular Nacional para a Educação
Infantil através da leitura de obras de arte a partir da observação, narração, descrição
e interpretação de imagens e objetos e da correlação com as experiências pessoais.
O vídeo foi idealizado a partir das aulas da disciplina Aspecto Sócio-Antropológicos
da Alimentação Humana que demonstrou a contação de histórias como uma forma de
dialogar educação alimentar e nutricional com crianças.
A ideia de construir um vídeo que falasse sobre alimentação surgiu a partir da
socialização de estórias do livro “O Caldeirão Mágico” (Montanari, XX) na disciplina
de Aspectos Sócio-Antropológicos da Alimentação Humana, que contou também com
algumas referências de vídeos no Youtube, como por exemplo, o vídeo do teatro de
objetos de Helen Helene (TV Castelo Rá-Tim-Bum).
Uma das estórias escolhidas foi “O Caldeirão Mágico”, a primeira apresentada
no livro. Ela conta a vida de uma mãe e uma filha muito pobres que passavam fome em
seu vilarejo. Essa estória trata de conteúdos conceituais importantes: o desperdício de
alimentos, fome, abundância e tradição alimentar além de relacioná-los com conceitos
importantes como o egoísmo, altruísmo, prazer e sofrimento, que devem ser levados à
reflexão na formação do caráter de uma pessoa.
O projeto “Estórias com Sabor” surgiu sob a perspectiva de participar de um projeto
maior chamado “O nutricionista na escola”. Visamos a Cientec: Semana de Ciência,
Tecnologia e Culturapara contação de estórias e ver o que precisava ser melhorado em
termos de interpretação, diálogo e uso de objetos. O produto final do projeto culminou
com a filmagem das estórias selecionadas e a disponibilização dos vídeos no Youtube,
com a finalidade de ampliar o acervo de materiais da educação alimentar e nutricional e
também facilitar o seu acesso aos pais, professores e nutricionistas.

Metodologia

Através de uma dinâmica a qual tínhamos 31 histórias do livro “O Caldeirão


Mágico” impressas e disponibilizadas, escolhemos a que mais nos chamou atenção,
lemos e compartilhamos a experiência com a turma. Em seguida formamos grupos
para debater como essas estórias seriam contadas. Tínhamos a opção de mesclá-las,
recriá-las ou eleger a que mais agradou o grupo. Em seguida, escrevemos as estórias e
decidimos quais objetos seriam utilizados para interpretar as personagens.
Para a realização do projeto, foi inserida a educação alimentar e nutricional
na estória ao utilizar objetos de cozinha como as personagens, despertando assim
a curiosidade acerca dos utensílios, e ao motivar as crianças a conhecerem outros
alimentos e optarem por mais frutas e legumes. Para a contação através de vídeos,
utilizamos equipamentos de cozinha antigos trazidos pelos discentes e finalizamos com
a gravação utilizando um fundo preto para o maior destaque dos objetos.

“Era uma vez uma menina muito pobre que vivia sozinha com sua
mãe em um vilarejo. Tendo em vista que já não havia o que levar à
boca, foi buscar comida no bosque e lá encontrou uma velhinha que
lhe presenteou com um caldeirão. Bastava que dissesse “Faça a papa,

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

caldeirão”, que o caldeirão cozinhava uma papa doce de milho muito


boa. Para terminar a produção, bastava dizer “Para, caldeirão”. A
menina o levou até sua casa e a fome acabou. Agora, ela e a sua mãe
poderiam ter a papa doce de milho toda vez que a desejasse. Um dia
que a menina havia saído, sua mãe ordenou “Faça papa, caldeirão”
e o caldeirão começou a fazer a papa. Ela comeu até se saciar mas
não se recordava mais das palavras mágicas que faziam o caldeirão
parar e assim, a papa começou a transbordar e crescer cada vez mais.
Pouco a pouco, encheu a cozinha e toda a casa e logo depois a rua,
as casas vizinhas como se aquilo fosse saciar todo o mundo. Era um
verdadeiro desastre e ninguém sabia o que fazer. Finalmente, quando
apenas uma casa havia continuado intacta, a menina voltou e disse
“Para, caldeirão” e o caldeirão parou de fazer a papa. E quem quisesse
regressar à cidade, deveria abrir o caminho comendo a papa.”

Segundo Montanari, é uma estória cuja fantasia se confunde com a realidade.


Muitas pessoas têm medo de que a comida falte, e o caldeirão representa uma solução
para isso, pois produz à vontade e infinitamente a papa de milho tão tradicional na Idade
Média na alimentação dos pobres.

Aplicabilidade

Os vídeos podem ser utilizados por profissionais da área da nutrição que


trabalham com a educação alimentar e nutricional em escolas e também em hospitais,
orfanatos, casas de apoio e nas residências familiares por ser um material de fácil
manuseio e que se utiliza do lúdico para despertar interesse entre as crianças e dessa
forma uma ótima proposta de trabalhar a EAN.
Também podem ser usados pelos pais que tiverem o interesse em melhorar a
alimentação dos seus filhos, tendo em vista que é um material atrativo e educativo e
pode ser substituído pela programação da TVque induz o consumo de ultraprocessados
através da publicidade. Outra característica positiva é a utilização das estórias em
qualquer horário ao contrário da televisão que não tem uma programação infantil que
dure o dia inteiro.
Professores da educação infantil também podem utilizar em suas aulas sobre
alimentação saudável de uma forma dinâmica e rápida, por ser um material de fácil
acesso, gratuito e interativo.

Considerações finais

Tendo em vista que os bons hábitos alimentaresdevem estar presentes durante


toda a vida de um indivíduo, é imprescindível que ele tenha seu primeirocontato com uma
alimentação saudável ainda na infância em vez de consumir alimentosultraprocessadosnos
primeiros anos de vida.
Atualmente, as crianças não se alimentam da mesma forma que as do século
passado.Não há muito tempo disponível para o preparo de um lanche saudável para os
filhos e também o interesse por alimentos mais naturais diminuiu. Segundo a Portaria
1010, existe uma predominância de alimentos ultraprocessadosdensamente calóricos
com quantidades elevadas de gordura, açúcar e sódioe reduzida em carboidratos
complexos e fibras.Os maiores responsáveis são os pais que compram esse produtos
para os seus filhos, e também a mídia que conquista a criança através de propagandas
interativas e bem elaboradas atraindo facilmente sua atenção.

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

É interessante, portanto, usar materiais interativos que explorem a imaginação da


criança e incentivem uma alimentação mais saudável. O vídeo «O Caldeirão Mágico»,
juntamente com a discussão sobre alimentação saudável, pode atingir esse objetivo no
dia-a-dia.

Referências

MONTANARI, M. Fadiga. El puchero mágico: la historia de la comida y de la mesa.


EdicionesOniro, S.A. Barcelona, 2009.

Brasil. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental.


Referencial curricular nacional para a educação infantil / Ministério da Educação e do
Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. — Brasília: MEC/SEF, 1998. 3v.: il.

Ministério da Educação e Ministério da Saúde, PORTARIA INTERMINISTERIAL Nº


1.010, DE 8 DE MAIO DE 2006, Brasil

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

RELATOS DE EXPERIÊNCIA DE EDUCAÇÃO


ALIMENTAR E NUTRICIONAL NO ENSINO
FUNDAMENTAL E MÉDIO
Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

PROMOÇÃO DA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL NAS ESCOLAS E A LÍNGUA INGLESA:


O PODER DA INTERDISCIPLINARIDADE

Júlia de Macedo (UFRN)


Amanda da Mata (UFRN)

APRESENTAÇÃO

A atividade se iniciou pela necessidade de promover a Educação Alimentar


e Nutricional para o público escolar que possui pouco ou nenhum contato com tais
conceitos durante a sua formação. De acordo com os Dez Passos para a Promoção da
Alimentação Saudável nas Escolas, o ambiente escolar é ideal para o desenvolvimento de
ações voltadas à promoção da alimentação saudável e os alunos devem ser estimulados
a discutir os benefícios e os riscos à saúde de suas escolhas alimentares. Além disso,
deve ser incentivada a inserção desses temas como componentes transversais aos
currículos do ensino infantil, fundamental e médio, para dar sustentabilidade às iniciativas
de educação em saúde. (Brasil, 2006)
A Escola Municipal Brigadeiro Eduardo Gomes foi cenário da ação sobre
Promoção de Alimentação Saudável na Escola (PASE), desenvolvido para os escolares
através da interdisciplinaridade com a língua inglesa, contudo, a atividade desenvolvida
vai além, o que motiva a sua realização é o propósito de propor um debate à cerca da
saúde, da imagem corporal, da merenda escolar e do direito humano a alimentação
adequada. A prática visava despertar nos alunos a capacidade de reflexão em relação
às influências exercidas por padrões de beleza e as suas consequências, e o interesse
em consumir a merenda escolar e em percebê-la como saudável e como um direito
estudantil.
Outra particularidade da ação é que a discussão sobre alimentação e saúde
proporcionada aos estudantes, ocorre em paralelo com conteúdos referentes à disciplina
de língua inglesa e interpretação textual, com o objetivo de que o tema seja incorporado
de forma interdisciplinar aos conteúdos ministrados na escola, e que, além disso, os
escolares percebam essa pluralidade e conexão da nutrição e saúde com o ambiente
escolar.

REFERENCIAIS PEDAGÓGICOS

Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) de Língua Estrangeira


(1998), o uso da linguagem tem natureza sociointeracional, ou seja, é construído
pelos participantes do discurso, sendo, portanto, dialógico. Deve-se ressaltar também,
entretanto, que os encontros interacionais são marcados pelo meio social no qual
estão envolvidos, que inclui a instituição, a cultura e a história. E, finalmente, deve-se
considerar que o aluno já é um grande conhecedor da sua língua materna. Assim sendo,
como estratégia de aprendizado, o idioma estrangeiro deve estabelecer comparações
com a língua pátria. Como exemplo, tem-se os cognatas (BRASIL, 1998).
Sem embargo, tendo em vista que a atividade possui cunho direcionado
também à Educação Alimentar e Nutricional, esta última é definida como um campo
de conhecimento e de exercício contínuo e permanente, transdisciplinar, autônoma e
voluntária de hábitos alimentares saudáveis. Sobre a sua prática, afirma-se, pois, que esta
necessita usar abordagens e recursos educacionais capazes de gerar problematização,
os quais devem ser ativos, desencadeadores do diálogo em grupo, considerar todas

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

as fases da vida e, sobretudo, reverenciar as interações e significados que compõem o


comportamento alimentar (BRASIL, 2012).

METODOLOGIA

MATERIAIS

Para a realização da atividade, foram utilizadas folhas de ofícios para impressão


dos textos e letra com respectiva tradução da música, ambos trabalhados; caneta
esferográfica de cor azul; pincel do tipo piloto para quadro branco; cartolina simples,
lápis de colorir e hidrocor para produção do cartaz com as cores em inglês; notebook e
caixas de som para transmissão da música.

MÉTODOS

Foi realizada uma atividade de Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas


(PASE), relacionada com o ensino da Língua Inglesa, na Escola Municipal Brigadeiro
Eduardo Gomes, localizada no município de Parnamirim (RN). Para tanto, selecionou-
se, de modo aleatório, uma turma do 8º ano do ensino fundamental II, composta por 28
alunos.
A prática iniciou-se com a dinâmica “Que Cor Sou Eu e Como Me Sinto?”. Nesta,
elegeu-se uma aluna de Nutrição como mediadora, que solicitou fazer um circulo com
os alunos, em pé. Em seguida, convidou cada participante a ir ao centro do círculo, dizer
o seu nome e uma cor em inglês que representasse os seus sentimentos no momento,
sendo esta uma dinâmica que desenvolve a capacidade de interação em grupo. Para
auxílio, fixou-se um cartaz no qual continha as cores e os seus nomes em inglês.
Posteriormente, explicou-se a seguinte atividade a ser realizada e, seguidamente,
solicitou-se aos alunos a formação de quatro grupos e entregou-lhes textos em inglês
referentes à anorexia, uso abusivo de anabolizantes, fast food e alimentação escolar
(Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE).
Ressalta-se, no entanto, que, para a seleção dos temas dos textos, adotou-
se como critério a definição de assuntos que fizessem parte da realidade dos alunos.
Além disso, também deu-se atenção à linguagem utilizada, a qual foi simples e objetiva
e contemplava ainda palavras cognatas, visando a facilitação do entendimento dos
estudantes.
Seguidamente, disponibilizou-se 20 minutos para a leitura e interpretação em
grupo, tendo sido solicitado aos alunos que sublinhassem as palavras/termos/expressões
desconhecidos. Sucessivamente, solicitou-se aos alunos a explanação para o restante
da turma do que havia sido sublinhado. Então as mediadoras traduziram as palavras
para todos e lhes ensinaram a pronúncia correta.
Em seguida, iniciou-se a discussão questionando aos alunos as suas
compreensões e percepções sobre os textos. Além disso, também debateu-se a
existência e a influência dos temas em seus cotidianos.
Ao final do encontro, foi entregue a letra e a tradução da música “Firework” (Katy
Perry), que foi reproduzida enquanto os alunos refletiam sobre a relação da canção com
os temas trabalhados, a música trata sobre autoestima e sobre o quanto é importante
desenvolver uma aceitação própria para que as pessoas apreciem a si mesmas.
Finalmente, o encontro foi encerrado por meio de um abraço coletivo.
Não obstante, ressalta-se que, a partir das atividades já detalhadas, trabalhou-se
os conceitos referentes à alimentação saudável; influências e preconceitos existentes
acerca da merenda escolar; consequências do consumo excessivo de fast food e do

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

uso abusivo de anabolizantes; transtorno de restrição alimentar (anorexia); influência


da mídia e da sociedade sobre a concepção de imagem corporal e auto aceitação da
imagem corporal.
Ainda nesse contexto, buscou-se desenvolver os procedimentos leitura,
interpretação e compreensão de textos em inglês; o vocabulário e a pronúncia correta
de palavras em inglês e tradução de música em inglês.
Por fim, acerca das atitudes, procurou-se despertar interesse pelo vocabulário da
língua inglesa, pela adesão de uma alimentação saudável e pelo consumo da merenda
escolar; desenvolver a capacidade de interagir e formar uma postura de diálogo entre os
membros do grupo; compreensão dos danos que o consumo excessivo de fast foods e
anabolizantes pode causar à saúde; compreensão dos danos que a restrição alimentar
pode gerar; auto-aceitação da imagem corporal e análise crítica dos padrões de beleza
impostos pela mídia.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados obtidos por meio da execução da atividade de PASE na escola


Municipal Brigadeiro Eduardo Gomes foram muito além do esperado, isto por que, se
foi cumprido em prática os objetivos e metas a serem discutidas com os escolares,
além disso, nós como autoras da atividade tivemos o cuidado de selecionar assuntos
que envolvessem nutrição e saúde e que ao mesmo tempo interessasse os estudantes,
de forma que estes assuntos estivessem pressentes em sua realidade. Os alunos
se mostraram entusiasmados com os conteúdos e foram bastante participativos.
Os estudantes mostraram que entendiam os temas abordados nos textos em inglês
trabalhados, como sendo familiares ao seu cotidiano, com ênfase na: compulsão
alimentar, anorexia, resistência ao consumo da merenda escolar e uso indiscriminado
de anabolizantes.
A reflexão e discussão realizada com os escolares demonstrou que estes além
de se interessarem pelos assuntos trabalhados, possuíam uma opinião a respeito da
opressão da mídia sob os padrões de beleza, enxergando estes como abusivos. Os
alunos concordavam com a ideia de que o equilíbrio para com as escolhas alimentares,
a prática regular e assistida de uma atividade física e a autoaceitação corporal, são
aspectos fundamentais para estabelecer a saúde, o bom desenvolvimento do organismo
e a autoestima, respectivamente. Os escolares também expuseram através do diálogo
o seu ponto de vista em relação à merenda oferecida na escola e manifestaram que
não enxergam esta como sendo de qualidade e que esta deixa bastante à desejar nos
aspectos sensoriais, sendo pouco consumida pelos estudantes da classe, estes optam
na hora do intervalo em consumir alimentos industrializados como biscoito e salgadinho,
ou compram salgados de forno numa espécie de cantina que funciona na escola.
As principais noções que nós como mediadoras diagnosticamos que necessitavam
ser repensadas pelos estudantes sobre a alimentação escolar era o despertar de um
olhar crítico à cerca da refeição servida, a primeira convicção que os estudantes devem
ter é que dentro do ambiente escolar, os alimentos oferecidos fazem parte da refeição
mais completa nutricionalmente que eles podem consumir, já que esta foi desenvolvida
por um nutricionista pensando em todas as necessidades orgânicas destes indivíduos.
Outra questão discutida com os estudantes era a de que, se estes não estão satisfeitos
com a alimentação escolar, estes devem exigir que houvesse melhorias nestas, estes
devem expor a direção da escola o que os desagrada no cardápio ofertado e propor
melhorias. Esse posicionamento deve partir dos estudantes, cobrar dos responsáveis
que o seu direito à uma alimentação adequada e de qualidade seja posto em prática.

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

Este como sendo um dos principais objetivos da ação de PASE realizada nesta escola,
foi bastante enfatizado para os alunos repensarem.
A atividade desenvolvida comprova que, é possível de forma prática desenvolver
com escolares uma atividade que envolva saúde, alimentação equilibrada, qualidade de
vida e direito à alimentação de forma que estes conteúdos sejam ministrados em paralelo
com as disciplinas teóricas aprendidas, como foi o caso desde projeto, que associou à
promoção alimentação saudável na escola dentro da sala de aula simultaneamente
com uma aula de língua inglesa. Desta forma é viável que a promoção de saúde nas
escolas seja parte de um conteúdo habitual no programa de planejamento pedagógico
estudantil.
A lição aprendida com o desenvolvimento da atividade de Promoção a
Alimentação Saudável na Escola Brigadeiro Eduardo Alves, é que, o desempenho da
educação alimentar e nutricional em uma escola deve ser um exercício contínuo, e
que para isso acontecer esta deve se inserir como um conteúdo consolidado e que
forme um paralelo com todas as disciplinas teóricas ministradas em uma escola, para
que progressivamente os escolares se apropriem dos conhecimentos gerados pelas
percepções da educação alimentar.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

É possível afirmar, portanto, que a execução da presente atividade é positiva


para a formação dos alunos enquanto cidadãos cientes dos malefícios que a busca
incessante pelo corpo “perfeito” pode ocasionar a si próprio e ainda da merenda escolar
como alimentação saudável, cujo usufruto lhes é dado por direito.
De acordo com os resultados obtidos, pode-se afirmar que a ação de promoção à
alimentação saudável nesta escola foi eficaz, já que os objetivos de despertar um olhar
crítico à cerca dos padrões de beleza e entendimento da alimentação como precursora
da saúde e merenda escolar como uma alimentação que gera tal benefício, foi de fato
executado.
Por fim, enfatiza-se ainda que a interdisciplinaridade entre os conteúdos de
Inglês e Alimentação Saudável foi, de fato, eficaz, visto que tal associação tornou a aula
mais dinâmica e gerou como retorno a participação, envolvimento e aprendizado dos
estudantes.

REFERÊNCIAS

Brasil. Secretaria de Atenção a Saúde. Dez Passos para a Promoção da Alimentação


Saudável nas Escolas / Departamento de Atenção Básica. Brasília: MEC, 2006. 2 p.

Brasil. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais:


terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: língua estrangeira / Secretaria de
Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998.120 p.

Brasil. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Marco de referência


de educação alimentar e nutricional para as políticas públicas. – Brasília, DF: MDS;
Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, 2012. 68 p.

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

PRÁTICA DE EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL ASSOCIADA À EQUAÇÃO


DE 1° GRAU EM SALA DE AULA

Caio Cavalcante (UFRN)


Erikarla Avelino (UFRN)
Marcely Morais (UFRN)

APRESENTAÇÃO

O projeto consistiu em uma prática de educação alimentar e nutricional em sala


de aula na Escola Brigadeiro Eduardo Gomes, planejado de acordo com o conteúdo que
estava sendo trabalhado na disciplina de matemática (equação de 1° grau). O cálculo do
Valor Energético Total (VET) foi apresentado em sala de aula como o meio de associar
cálculos nutricionais com a equação de 1° grau. A interdisciplinaridade foi a principal
ferramenta utilizada para se trabalhar as estratégias de educação alimentar e nutricional
com os alunos da disciplina, sendo uma atividade com intuito de despertar o estímulo
às operações matemáticas, ao mesmo tempo em que foi desenvolvida a percepção de
fazer escolhas alimentares saudáveis, à medida que os indivíduos propuseram opções
de café da manhã, lanche da manhã e jantar para completar o percentual calórico
dessas refeições.
Os objetivos dessa prática foram direcionados tanto aos alunos da escola como
aos discentes do curso de Nutrição da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
O objetivo geral para os alunos da escola foi compreender a aplicação da equação de
1º grau relacionando com os cálculos nutricionais. Já para os discentes de Nutrição foi
esperado que eles desenvolvessem estratégias educacionais adequadas ao público e a
faixa etária trabalhada.

REFERENCIAIS PEDAGÓGICOS

As principais habilidades que devem ser desenvolvidas no ensino da matemática


estão relacionadas à compreensão de: números e operações, espaço e forma, grandezas
e medidas e tratamento da informação. No que se refere aos números e operações, busca-
se que o aluno compreenda as categorias numéricas, ao se deparar com as situações-
problemas apresentadas nas atividades que envolvem casos-problemas, ampliando o
conceito de número, bem como compreenda as operações matemáticas trabalhadas
através do cálculo do Valor Energético Total e do Valor Calórico dos alimentos. Os
conceitos geométricos, que trabalham as noções de espaço e forma, não são possíveis
de serem trabalhados na atividade proposta. As noções de grandezas e medidas são
bem trabalhadas na ideia de proporcionalidade, essa pode ser identificada à medida que
o Valor Energético Total é distribuído proporcionalmente entre as principais refeições
realizadas em um dia. Em relação ao tratamento da informação, o bloco de conteúdo
trabalhado na atividade está relacionado com a estatística, através da interpretação dos
dados e das tabelas que contêm o valor calórico dos alimentos trabalhados (BRASIL,
1997).

METODOLOGIA

MATERIAIS

Para a atividade realizada foram necessários: uma lista com alimentos


habitualmente consumidos e seus respectivos valores calóricos; papel ofício,para

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

a execução dos cálculos; hidrocores; cartolinas; cola e tesouras, para que os alunos
elaborassem o material a ser apresentado ao final da atividade. Foi trabalhado com
25 estudantes do ensino fundamental maior da Escola Municipal Brigadeiro Eduardo
Gomes do município de Parnamirim/RN, na data de 10 de Novembro de 2015, no horário
correspondente entre 14 horas até 15 horas e 30 minutos.

MÉTODOS

Primeiramente, os discentes de Nutrição se apresentaram aos alunos,


abordando o objetivo da presença em sala de aula; em seguida, foi realizada a dinâmica
de acolhimento, a fim de promover o “quebra-gelo”. Dando continuidade, a aula foi
exposta, abrangendo alguns conceitos importantes para se compreender a relação da
nutrição com a matemática, explicando o “Valor Energético Total” (VET), associado à
Equação do 1º grau. Posteriormente, a sala foi dividida em 3 grupos para realização de
uma atividade envolvendo situações problemas, com intuito de trabalhar os conteúdos
teóricos, de forma dinâmica, estimular o trabalho em equipe, bem como promover a
interdisciplinaridade no ensino-aprendizagem. Ao final da resolução dos exercícios, os
grupos apresentaram de forma lúdica em cartolinas, com desenhos e cálculos para
explicação da atividade proposta, com o auxílio de nós, estudantes de Nutrição, para
eventuais dúvidas. Por fim, foi feito o encerramento com agradecimentos e fotos.
Os conteúdos conceituais tiveram como objetivo proporcionar aos escolares
conhecimentos que abordaram a equação do 1º grau, associando com o cálculo do
Valor Energético Total (VET) e suas principais características para cada ciclo de vida
(adolescência, fase adulta e idosa), como também o conteúdo de Nível de Atividade
Física (NAF) que leva em consideração a modalidade de gasto de energia durante o dia,
para cada tipo de esporte. Além disso, foi trabalhado com o valor calórico dos alimentos,
de acordo com uma tabela da UNESP.
O outro conteúdo, procedimental, proporcionou a participação em uma dinâmica
para apresentação; assistir a explicação dos conteúdos ministrados, tanto da aula no
quadro, como na atividade em grupo; também foram realizadas atividades propostas
pelos casos fictícios, dividido a sala em três grupos; os alunos também desenvolveram
a capacidade de planejar uma refeição, proposta de maneira lúdica.
O conteúdo atitudinal foi planejado a fim de desenvolver a capacidade da
interação em grupo; ampliar a percepção dos alunos quanto ao trabalho do nutricionista;
despertar o estímulo às operações matemáticas e desenvolver a capacidade de fazer
escolhas alimentares mais saudáveis.

ATIVIDADES REALIZADAS

As atividades realizadas foi, primeiramente, a dinâmica de acolhimento, na


qual foi formada uma roda com todos os participantes, onde cada aluno, por vez, foi
até o meio falar seu nome e algo que mais gosta de fazer. Quando um indivíduo se
identificasse, tinha que ir até o meio da roda e abraçar o participante.
A segunda atividade realizada foi à explicação no quadro de como se calcula o
Valor Energético Total (VET) de acordo com a (FAO/OMS, 2001) que se dar através da
fórmula: GET = TMR x NAF. Os níveis de atividade foram: estilo de vida sedentário de
ponto médio 1,55; estilo de vida ativo ou moderadamente ativo de ponto médio 1,85;
estilo de vida muito ativo de ponto médio 2,20. Os alunos aprenderam a diferenciar
esses pontos de cortes, de acordo com modo de atividade física e estilo de vida de cada
individuo.

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

A terceira atividade foi o desenvolvimento de casos-problemas, onde cada grupo


aplicou seus conhecimentos nos exercícios para calcularo VET e planejar uma refeição,
a partir da porcentagem da mesma. Um dos exercícios foi: 1) Planejar o café da manhã,
de acordo com 25% do VET, para Valquíria, uma adolescente muito preocupada com
a sua aparência, que deseja consumir alimentos que façam bem para pele, cabelos,
unhas, entre outros. Dados: idade 18 anos, peso: 55 kg, sexo: feminino, NAF: caminhada
leve 3x (1,55).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A prática de sala de aula apresentou um resultado bastante positivo, que, para


nós, além de termos elaborado uma aula para alunos do ensino fundamental, pudemos
vivenciar a prática de uma sala de aula, de expor uma aula e de aplicar o método de
ensino-aprendizagem. Para os alunos o resultado não foi diferente, de forma que os
mesmos se envolveram prontamente com a atividade, compreendendo o raciocínio da
relação da matemática com a nutrição.
Apesar do sucesso da atividade, algumas dificuldades foram observadas,
primeiramente a questão de interatividade, onde alguns alunos se mostraram retraídos
com a nossa presença, isso pode ser percebido no acolhimento e durante a explicação.
Foi possível perceber a dificuldade de alguns quanto ao conteúdo, porém a maioria
mostrou compreensão durante a aula. Em relação à percepção deles sobre alimentação
saudável, notou-se que alguns têm uma breve noção do assunto, porém, a maioria
apresentou-se mais preocupada em completar as quilocalorias da refeição do que
escolher alimentos saudáveis para a mesma, de modo que foi muito comum escutar:
“Professora, coloca o alimento tal, que tem 500 kcal, ele já completa o GET”.
Assim, a prática realizada foi extremamente realizadora e importante, pois a
teoria não consegue mostrar o que vivenciamos e aprendemos na prática, onde lidamos
com vários indivíduos que nos desafiam para que, cada vez mais, possamos dar o
nosso melhor. Além disso, o desafio de motivá-los e perceber a interação deles foram
uma das principais recompensas da atividade.
Portanto, apesar das pequenas dificuldades, a realização da atividade foi
bastante enriquecedora para todos os envolvido e, consequentemente, para os alunos,
a prática cumpriu com os seus objetivos, de modo que, no momento final da atividade,
quase todos interagiram e questionaram sobre a questão de uma alimentação saudável,
de forma que eles davam exemplos da alimentação dos próprios parentes.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A prática de sala de aula foi uma experiência de muita relevância, pois para nós,
alunos de nutrição, incentivou a prática a docência, de modo que planejamos uma aula,
bem como aplicamo-la em uma sala de aula do ensino fundamental de uma escola
pública. A metodologia pedagógica aplicada foi bem lúdica, na tentativa de tornar o
conteúdo mais prazeroso de ser compreendido pelos alunos, como também torna-los
mais participativos.
Assim, conclui-se que essa iniciativa deve ser mantida na prática da Educação
Alimentar e Nutricional, pois, além de beneficiar os graduandos em nutrição, promove
o desenvolvimento de indivíduos sobre alimentação saudável e saúde, ampliando os
conhecimentos deles e a capacidade de se fazer escolhas mais adequadas, dentro e
fora da escola.

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Marco de referência


de educação alimentar e nutricional para as políticas públicas. – Brasília, DF: MDS;
Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, 2012. 68 p.

UNESP. Tabela de Calorias dos alimentos 


mais servidos em nossa mesa. Disponível em: <http://www4.faac.unesp.br/pesquisa/
nos/bom_apetite/tabelas/cal_ali.htm> Acesso em 26/11/2015.

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

RELAÇÃO DA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL E ASSUNTOS SOBRE A REGIÃO SUL E


NORDESTE

Larissa Farias (UFRN)


Aline Souza (UFRN)
Amanda Silva (UFRN)
Isaiane Medeiros (UFRN)
Laíse Oliveira (UFRN)
Letícia Ferreira (UFRN)

APRESENTAÇÃO

A Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas (PASE) visa oferecer


estratégias que estimulem a adoção de um consumo alimentar saudável por crianças e
jovens nas escolas, e para isso conta com a participação de profissionais dos setores da
educação e da saúde na realização de diversas ações de educação alimentar.
Este trabalho foi desenvolvido durante uma atividade da disciplina Educação
Alimentar e Nutricional, do curso de Nutrição, da Universidade Federal do Rio Grande
do Norte. Foi realizado em uma escola municipal de Parnamirim-RN, com alunos do 6º
ano do ensino fundamental, que consistiu em uma ação de promoção à alimentação
saudável nas escolas em envolvendo as disciplinas curriculares, no caso geografia.
Sabendo que uma alimentação saudável é composta por fatores sociais, culturais
e econômicos, para essa atividade buscou-se relacionar as regiões Sul e Nordeste à
alimentação saudável, sendo assim foram abordados a relação entre as características
culturais, produção agrícola, as diferenças climáticas, espaço geográfico e globalização
de cada região na construção de uma alimentação adequada.
Desse modo, este trabalho tem por finalidade discutir, através de um relato de
experiência a atividade de educação alimentar e nutricional em uma aula de geografia
integrando a alimentação saudável e os assuntos sobre regiões Sul e Nordeste do
Brasil, com estudantes do ensino fundamental.

REFERENCIAIS PEDAGÓGICOS

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) foram elaborados visando orientar


professores e coordenadores pedagógicos a ampliar suas abordagens metodológicas no
ensino em sala de aula. Desta forma neste trabalho de educação alimentar e nutricional,
elaborado pelos discentes do curso de nutrição, buscou-se ampliar a visão dos alunos
do ensino básico acerca da alimentação balanceada a partir da sua correlação com
a disciplina de geografia, nas temáticas da região sul e nordeste, mostrando que é
possível atuar de maneira dinâmica na inclusão da temática da alimentação saudável
na estrutura curricular de escolas do ensino fundamental.
O Marco de Referencia da Educação alimentar e Nutricional (EAN) vem apoiar
estas práticas dentro das escolas e da sala de aula como forma de estimular o consumo
alimentar equilibrado assim como a mudança do estilo de vida associado à alimentação.
Para essa atividade foi utilizado o terceiro principio presente no marco “Valorização da
cultura alimentar local e respeito à diversidade de opiniões e perspectivas, considerando
a legitimidade dos saberes de diferentes naturezas”, esse principio discute a importância
de se valorizar cada particularidade presente nas diversas regiões dos Brasil.
Esse trabalho tem como referência ainda os quatro pilares da educação, uma
vez que, estes são as bases da educação ao longo da vida: o aprender a conhecer,,
isto é adquirir os instrumentos da compreensão; aprender a fazer, para tornar-se apto

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

a enfrentar numerosas situações e para poder agir sobre o meio envolvente; aprender
a viver juntos, a fim de participar e cooperar com os outros em todas as atividades
humanas desenvolvendo a compreensão do outro e a percepção das interdependência;
finalmente aprender a ser, para desenvolver a personalidade e estar em condições de agir
com uma capacidade cada vez mais de autonomia, discernimento e responsabilidade
social. (DELORS, et al., 2010).

METODOLOGIA

Foi realizada uma atividade de PASE com uma turma de 30 alunos de ensino
fundamental da Escola Municipal Brigadeiro Eduardo Gomes de Parnamirim-RN durante
uma aula de geografia sobre os temas regiões Sul e Nordeste do Brasil, em novembro
de 2015.
Para a atividade foram impressas várias imagens em papel A4, de alimentos
típicos das regiões Sul e Nordeste, além de figuras de alimentos industrializados.
A atividade teve inicio com a apresentação dos alunos e com uma dinâmica de
descontração. A turma foi dividida em dois grandes grupos, depois foram identificados
como grupo da região Sul e o grupo da região Nordeste. O quadro branco presente na
sala também foi dividido de acordo com as regiões.
A atividade foi realizada em três momentos. No primeiro momento as imagens
foram expostas sobre uma mesa e em seguida um representante de cada grupo, de
modo alternado, deveria pegar uma imagem e fixar no quadro da sua região, de modo
que fossem identificados os alimentos típicos de cada região, formando assim dois
quadros bastante característicos.
No segundo momento cada grupo foi orientado a se reunirem e enumerarem
três argumentos em defesa da alimentação da sua região, de forma livre e com os
conhecimentos já adquiridos, eles deveriam pensar em três fatores que levavam sua
região ser “melhor” que a região do grupo oposto. Posteriormente foram expostos os
argumentos e discutidos, desmistificando-os.
Na terceira parte da atividade foram retomadas as figuras dos alimentos
industrializados fixados nos quadros e discutido os riscos de se consumir alimentos
ultraprocessados e a importância da alimentação saudável e natural, presentes em
ambas as regiões.
A atividade foi encerrada com um breve diálogo esclarecendo as dúvidas e com
comentários sobre as percepções dos alunos a respeito da ação.

DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES REALIZADAS

Para os conteúdos conceituais foram abordados temas como a diversidade


cultural e alimentar existentes no Brasil, pois o país com suas dimensões continentais
evidencia uma grande diversidade cultural em suas diferentes regiões. Os tipos de climas
divergentes em cada localidade influenciam a produção agrícola e consequentemente a
cultura alimentar de um povo, logo, estes aspectos foram também abordados. A temática
da alimentação saudável e balanceada foi elucidada incorporando-a a estes conceitos
citados anteriormente. Os conteúdos conceituais foram explorados no decorrer dos
momentos das atividades.
Os conteúdos procedimentais para os alunos foram se apresentar, dividir-se em
dois grupos, selecionar as imagens de alimentos típicos da região representada pelo seu
grupo, elencar argumentos defendendo a cultura alimentar da região, considerando os
hábitos e aspectos geográficos e participar do debate sobre alimentos ultra processados.

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

Com esta atividade buscou-se que os participantes desenvolvessem hábitos


alimentares mais saudáveis a partir do consumo de alimentos oriundos do nordeste
bem como da valorização da sua própria região. Também foi nosso propósito estimular
um pensamento crítico e reflexivo a cerca da alimentação saudável.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Ao final da aula os participantes se apoderaram de um maior conhecimento da


cultura e dos alimentos pertencentes às regiões Sul e Nordeste. Dentro da atividade foi
possível identificar todos os alimentos típicos de cada região e discutir os fatores que
levam a essas diferenças como os aspectos culturais e ambientais, isso demonstra que
os alunos conseguem fazer essa diferenciação.
Além disso, os alunos foram capazes de construir, de acordo com seus saberes,
argumentos que defendam suas regiões, estimulando seu pensamento crítico e formação
de opinião. Ao final dessa discussão foi destacada a importância da valorização de sua
própria cultura.
A discussão sobre alimentos ultraprocessados foi bastante enriquecedora e
contou com a participação de muitos alunos e do professor, que reconheceram seu
alto consumo a nível mundial, além de elencar os possíveis riscos a saúde em longo
prazo. Outros pontos que foram destacados foi o custo de uma alimentação saudável,
onde foi desmitificada a ideia de que uma alimentação balanceada possui alto custo,
principalmente quando se dá preferência pelos alimentos regionais.
Alguns desafios foram encontrados, principalmente para chamar a atenção dos
alunos, pois alguns se distraiam conversando com outros colegas, além disso, alguns
ficaram envergonhados para participar da atividade. Sendo assim, foi necessário
desenvoltura para lidar com esses desafios e propor a participação de todos.
Sabe-se que é grande a necessidade de implementação da educação alimentar
e nutricional no processo ensino-aprendizagem e o imperativo de que estas ações
perpassem transversalmente pelo currículo escolar, e este é o eixo prioritário nas
normatizações do PNAE para a promoção da alimentação saudável nas escolas
(BRASIL, 2006). Estudo realizado em 2004 para avaliar o PNAE apontou que 38,3%
das escolas públicas brasileiras realizaram alguma atividade de educação alimentar e
nutricional (BRASIL, 2007).
Segundo Zancul e Oliveira (2007), a escola, local onde muitas pessoas vivem,
aprendem e trabalham, é um espaço no qual programas de educação e saúde podem
ter grande repercussão, atingindo os estudantes nas etapas influenciáveis de sua vida,
quais sejam, a infância e adolescência.
Tratando-se de educação da criança em idade escolar, deve-se considerar os
recursos de aprendizagem e o período de seu desenvolvimento, bem como valorizar
os aspectos lúdicos de atividades que despertem interesse e promovam um prazer
funcional intenso (IULIANO, MANCUSO, GAMBARDELLA, 2009).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As atividades de educação alimentar e nutricional nas escolas são temas


prioritários estabelecidos pelas normas do PNAE para busca de uma alimentação
saudável, sendo fundamental o envolvimento de alunos da Universidade no apoio e
incentivo a prática de promoção a alimentação saudável nas escolas.
Atividades lúdicas são bastante interessantes em atividades como essa por
chamarem mais atenção dos alunos e por tornarem a ação mais atrativa e prazerosa.

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

Por fim, destaca-se a necessidade de mais trabalhos que integrem a alimentação


saudável e assuntos de disciplinas básicas, de modo a promover o incentivo a alimentação
equilibrada nas escolas e influenciar a mudança do estilo de vida nos alunos.

REFERÊNCIAS

Brasil. Ministério da Educação. Avaliação do Programa Nacional de Alimentação Escolar


(PNAE) – Censo Escolar 2004. Brasília: Ministério da Educação; 2007.

Brasil. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Marco de referência


de educação alimentar e nutricional para as políticas públicas. – Brasília, DF: MDS;
Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, 2012.

Brasil. Resolução FNDE n° 32 de 10 de agosto de 2006. Estabelece as normas


para execução do Programa Nacional de Alimentação. Brasília: Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação; 2006.

Brasil. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais :


geografia / Secretaria de Educação Fundamental. Brasília : MEC/ SEF, 156 p. 1998.

DELORS, Jacques; et al. Educação um tesouro a descobrir. Relatório para UNESCO da


Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI. p.32. 2010.

IULIANO, B. A.; MANCUSO, A. M. C.; GAMBARDELLA, A. M. D. Educação nutricional


em escolas de ensino fundamental do município de Guarulhos-SP. O Mundo da Saúde,
São Paulo, v. 33, n. 3, p.264-272, 2009.

ZANCUL, M. S.; OLIVEIRA, J. E. D. Considerações sobreações atuais de educação


alimentar e nutricional para adolescentes. Alim. Nutr., Araraquara v.18, n.2, p. 223-227,
jan./mar. 2007.

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

CONTOS E POESIAS: PROVENDO A ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL POR MEIO DO


ESTÍMULO A CRIATIVIDADE
Jessica Oliveira (UFRN)
Maressa Barbosa (UFRN)
Marineide Silva (UFRN)
1. APRESENTAÇÃO

Uma alimentação saudável é aquela que reúne todos os nutrientes necessários


para que se tenha uma melhor qualidade de vida e a escola se torna uma local
imprescindível para o incentivo aos hábitos alimentares adequados, envolvendo com as
disciplinas lecionadas, torna-se uma forma fácil e prática para que os alunos aprendam
da melhor forma.
A alimentação está ligada diretamente aos contos e poesias, onde em diversos
trechos das histórias, podemos ver alimentos como a maça da Branca de Neve, os
doces do João e Maria, o chá da Alice no País das Maravilhas, entre outros. Todos
envolvidos num emaranhado de emoções e sentimentos da infância que podem ser
utilizados para propagar a educação alimentar e nutricional nas escolas.
O projeto ocorreu no dia 04/11/2015, na Escola Municipal Brigadeiro Eduardo
Gomes em Parnamirim, na turma do 6º ano B, contendo 22 alunos, no qual dois destes,
não quiseram participar da atividade, sendo a professora Verônica a responsável por
lecionar a disciplina de Língua Portuguesa para a turma.
O projeto teve como objetivo fazer com que os escolares, conhecessem os
alimentos por meio da contação de histórias, utilizando como referência os contos e
poesias já existentes na literatura, envolvendo os principais alimentos contidos em
cada história, além de fazer com que os discentes do curso de Nutrição pudessem ter
a oportunidade de estimular a criatividade dos escolares e desenvolver trabalho em
equipe entre eles.
Considerando que o ambiente escolar é um espaço de extrema importância na
construção do indivíduo, influenciando na formação de valores e princípios éticos e
morais, foi estimulada a criatividade nos escolares, proporcionando a oportunidade de
criação de estórias e trabalho em equipe.

2. REFERENCIAIS PEDAGÓGICOS

Os referenciais pedagógicos foram baseados no Marco de Referência de


Educação Alimentar e Nutricional para as Políticas Públicas. Levando em consideração
as habilidades e competências que foram desenvolvidas, foi possível destacar alguns
tópicos, como a linguagem e participação social, Língua Portuguesa na Escola e a
diversidade de textos.
Segundo BRASIL (1997), a linguagem e participação social são fundamentais
para que a língua portuguesa tenha uma relação direta com a participação dos indivíduos
socialmente, pois é com ela que é possível a comunicação, acesso à informação,
expressão de ideias, construção de conhecimentos. Dessa forma, é necessário que
a escola tenha como responsabilidade garantir aos alunos os direitos de acesso aos
saberes linguísticos, ajudando a ampliar os conhecimentos dos mesmos.
Outro aspecto a ser observado é a Língua Portuguesa na Escola, levando em
consideração os alunos, a língua e o ensino. É de fundamental importância compreender
que o aluno é o sujeito da ação de aprender, que a língua portuguesa é a forma como
se fala e escreve e o ensino éa prática da educação onde se organiza a ligação entre
aluno e língua. Para que ocorra essa união, é necessário planejar, programar e dirigir

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

as práticas educativas, sempre apoiando e orientando os esforços dos escolares


(BRASIL,1997).
A diversidade de textos está de acordo com a importância e o valor da linguagem,
é visível a crescente demanda social existente, na qual tem a escola como principal
instituição de acesso ao conhecimento. A educação comprometida com a cidadania
necessita formar condições para o desenvolvimento eficaz da linguagem, envolvendo as
tarefas do cotidiano, a busca por informação e o exercício da reflexão. Cabe a escola,
ser o acesso dos alunos aos textos e livros, ensinando a produzi-los e interpretá-los.
Incluindo diferentes disciplinas em que o aluno enfrenta no cotidiano escolar, sendo ele,
ao final, capaz de compreender, apresentar informações novas, argumentar e defender
teorias (BRASIL, 1997).

3. METODOLOGIA

Na aula prática em sala, os materiais utilizados foram as plaquinhas com as


imagens dos principais personagens dos contos, como Branca de Neve, João e Maria,
Rapunzel, O Gato de Botas, Pinóquio, A Bela e a Fera, João e o pé de feijão, Cinderela,
O Patinho Feio, A Bela Adormecida, Alice no País das Maravilhas e Aladim, junto com
figuras de alimentos, poesias relacionadas com hábitos alimentares e seis objetos
diversos para a criação das estórias, envolvendo assim, os grupos dos alimentos, contos
e poesias, alimentação saudável, agrotóxicos, sendo esses os conteúdos conceituais
estabelecidos. Teve como incentivo para a participação da atividade, uma cesta com
frutas para a equipe que apresentou a melhor estória.
Seguindo os conteúdos procedimentais de criar histórias e relacionar contos
e poesias com uma alimentação saudável, foi realizada de início, uma dinâmica de
socialização entre os alunos de nutrição e os escolares, denominada Hi - Há, onde
todos ficaram em um círculo e tiveram que imaginar um raio, que seria atirado para
um dos colegas, no qual os dois colegas do lado tinham que defendê-lo, quem não
defendesse sairia da dinâmica.
A dinâmica teve como propósito a união e o companheirismo para com o próximo,
ela ajudou na reflexão do quanto podemos ser amigos e do quanto podemos defender
nossos amigos de algo ruim e que esteja ao nosso alcance. Além de proporcionar um
momento mais descontraído e de socialização entre o grupo. Logo após, a turma foi
dividida em quatro equipes, sendo um para serem os jurados e os outros três para a
criação das estórias. Para definição do que cada grupo faria na atividade, foi realizado
um sorteio com um participante de cada grupo.
Depois, os alunos tiveram dez minutos para criarem as estórias e cinco minutos
para a contação das estórias criadas com base nos personagens e objetos que foram
entregues. Na contação destas estórias, foi solicitado que os alunos usassem a
imaginação para a maneira de como eles iriam apresentar as estórias. Os alunos foram
bastante criativos, o grupo vencedor encenou durante a contação da estória, onde havia
um narrador e os demais componentes do grupo ficaram mostrando as figuras de acordo
com o momento em que elas apareciam na estória.
A seguir, os alunos responsáveis pelo julgamento avaliaram qual a melhor estória
que relacionasse os contos com alimentação saudável. Para finalizar, o grupo eleito pelo
júri, recebeu como premiação uma cesta com frutas, na qual algumas delas, os escolares
não conheciam, como: kiwi, ameixa fresca e pêra. Os grupos que não ganharam, pagaram
uma prenda, onde representantes de cada um, leram e interpretaram duas das poesias
escolhidas. Com isso, foi possível concretizar os conteúdos atitudinais planejados como:
desenvolvimento de habilidades criativas com grupos e de comunicação e ampliação da
capacidade de expressão corporal.

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Alguns resultados possíveis de serem observados no projeto foi uma forma


de adquirir maior experiência em lidar com o público de adolescentes, desenvolver a
habilidade de transmitir conhecimentos de forma diferenciada e lúdica.
Em relação às estórias criadas, foi possível observar o empenho e esforço dos
alunos ao participarem da atividade proposta. Os temas abordados foram os contos e
hábitos alimentares. Aparentemente, os alunos não tiveram nenhuma dificuldade ao
realizar a atividade, sendo bem dedicados e criativos.

“Era uma vez, uma lendária chave que levava no mundo dos contos.
Um garoto chamado Pinóquio reuniu seus amigos para um almoço.
Eles comeram bastante feijão, até que houve uma ventania e caiu uma
cadeira com um livro em cima, neste livro tinha um mapa revelando
uma casa feita com doces e uma chave que levava ao mundo dos
contos, porém seus amigos ficaram com medo e foram embora. Após
dias de viagens ele achou a casa, lá conheceu novas pessoas, eram
João e Maria. Eles ofereceram a Pinóquio uma maçã e banana com
agrotóxicos para testá-lo. Pinóquio resistiu e eles deram a chave,
depois ele descobriu que a chave era uma pena (...)”.

Os resultados obtidos possibilitaram a construção da formação de um profissional


nutricionista generalista, humanista e crítico, capacitado a atuar, visando à segurança
alimentar, em todas as áreas do conhecimento em que alimentação e nutrição se
apresentam fundamentais para promoção, manutenção e recuperação da saúde de
indivíduos ou grupos populacionais(UFRN,2008).
Além da possibilidade de criação das habilidades para ações de prevenção,
promoção, proteção e reabilitação da saúde, tanto em nível individual quanto coletivo;
criar estratégias de trabalho que propiciem uma prática profissional integrada e contínua,
multiprofissionalmente e em todas as instâncias do sistema de saúde, com caracteres
crítico, reflexivo e propositivo e realizar seus serviços dentro dos mais altos padrões de
qualidade e dos princípios da ética-bioética, tendo em conta que a responsabilidade
da atenção à saúde não se encerra com o ato técnico, mas sim, com a resolução do
problema de saúde, tanto em nível individual como coletivo(UFRN,2008).
Os principais desafios encontrados no projeto foram lidar com o público – alvo, os
adolescentes, no qual as discentes do curso de Nutrição, não haviam tido a experiência
de trabalhar diretamente com os mesmos. Além da recusa de alguns alunos, que
não se dispuseram em participar das atividades que estavam sendo propostas para
toda a turma. Porém, o restante da turma mostrou-se bem participativa contribuindo
positivamente em todas as etapas das dinâmicas.
Correlacionar alimentação com contos e poesias, a princípio não pareceu tarefa
fácil, mas aos poucos foi se encontrando o caminho para de forma lúdica e dinâmica
falar sobre alimentação dentro da disciplina proposta.
Por fim, a equipe vencedora mais a equipe de jurados receberam uma cesta
com frutas para ser divididas entre eles e deu para ver que isso agradou bastante os
alunos relacionados ao prêmio, pois foi com bastante alegria que eles dividiram os
itens da cesta e isso nos fez ver o quanto que eles conseguiram absorver do assunto
apresentado a eles.

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho permitiu identificar alguns reflexos da implantação de uma


atividade lúdica de educação alimentar e nutricional, através dos assuntos trabalhados
na disciplina de Português para os alunos do 6º Ano B de uma escola da rede pública
municipal do município de Parnamirim. Sobre o projeto de educação alimentar e
nutricional realizado, foi possível afirmar, tanto pela forma como ocorreu a interação
durante a atividade como pelo interesse demonstrado pelos alunos, que este tipo de
intervenção é viável e bem aceito pelos estudantes. A realização desse trabalho foi
de extrema importância para nossa formação profissional como futuras nutricionistas,
onde pode-se concluir que a educação alimentar é o meio mais concreto de orientação,
adequação e incorporação de hábitos alimentares saudáveis.

6. REFERÊNCIAS

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares


nacionais: língua portuguesa / Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília,1997

UFRN. Projeto Pedagógico do Curso De Graduação Em Nutrição -Natal/Rn.


Natal,2008

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

CONHECENDO O PROGRAMA NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR (PNAE)

Aline Souza (UFRN)


Amanda Silva (UFRN)
Isaiane Medeiros (UFRN)
Laíse Oliveira (UFRN)
Larissa Farias (UFRN)
Letícia Ferreira (UFRN)

APRESENTAÇÃO

O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), regido pela Lei nº


11.947/2009/FNDE, além de proporcionar aos estudantes da rede publica de ensino a
alimentação escolar diária, tem como objetivo também, estimular práticas alimentares
saudáveis na vida dos escolares visando principalmente a segurança alimentar, por isso
inclui em suas ações práticas de educação alimentar e nutricional (BRASIL, 2013).
O projeto foi realizado por alunas da disciplina de Educação Alimentar e Nutricional,
do curso de Nutrição da Universidade Federal do Rio Grande do Norte em uma escola
municipal de Parnamirim-RN em novembro de 2015. No momento do intervalo de aulas,
alguns alunos do ensino fundamental foram recrutados para participar da atividade.
Tendo em vista a grande importância que o PNAE possui na vida dos escolares,
o objetivo do trabalho é relatar a experiência de uma atividade de Promoção da
Alimentação Saudável nas Escolas (PASE) envolvendo as normatizações estabelecidas
pelo PNAE em todos os seus aspectos, trabalhando de uma forma dinâmica, estimulando
o pensamento crítico e incentivando a adesão a alimentação saudável nas escolas.

REFERENCIAIS PEDAGÓGICOS

O projeto em questão foi baseado no marco de referência de educação alimentar


e nutricional para as políticas públicas. Os princípios presentes no marco que foram
incluídos nesta atividade foram: “A abordagem do sistema alimentar, na sua integralidade”
que discute a importância de contribuir para que os indivíduos possam fazer escolhas
mais conscientes nos que diz respeito aos alimentos e todas as etapas de seu acesso e
“O planejamento, avaliação e monitoramento das ações” que destaca a importância de
um maior envolvimento nas ações de EAN tanto pelos profissionais como dos indivíduos
e grupos, o ideal é que todo planejamento seja específico para as necessidades da
população e que seja participativo. (BRASIL, 2012).

METODOLOGIA

A atividade foi realizada no espaço de convivência da Escola Municipal Brigadeiro


Eduardo Gomes, Parnamirim/RN em novembro de 2015. O objetivo da atividade foi
estabelecer um primeiro contato com os alunos da escola e perceber um pouco dos
seus conhecimentos a respeito do Programa Nacional da Alimentação Escolar (PNAE),
bem como compartilhar outras informações a respeito do programa. Contamos com a
participação de alguns alunos do ensino fundamental no momento do intervalo de aulas.
Para essa atividade foi confeccionado um jogo intitulado como “Nada a ver ou
Pode crer”, o jogo utilizou gírias presentes na linguagem dos adolescentes o que facilitou
a participação e o interesse dos mesmos auxiliando esse primeiro contato. O jogo era
composto por um cartaz dividido ao meio contendo em cada lado as frases “Pode crer”
e “Nada a ver”, além do cartaz foi confeccionada algumas frases com informações sobre

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

o PNAE, a ideia era que os alunos julgassem se as informações eram verdadeiras ou


falsas.
Durante o momento da atividade as mediadoras distribuíam as frases sobre o
PNAE para os alunos que se interessaram em participar, e um a um, eles liam suas
afirmações escolhiam e colavam sua frase no lado do cartaz correspondente, ou seja,
se eles acreditavam que a informação era verdadeira, então colavam no lado do cartaz
com a frase “Pode crer”, se achavam que era uma afirmação falsa então colavam do
outro lado do cartaz, contendo a frase “nada a ver”.
Ao final da participação dos alunos, e com todas as frases coladas, conversamos
sobre essas afirmações e ajustamos as afirmações coladas no lado incorreto, além
disso, discutimos a opinião de cada aluno com relação à escolha dos demais, fazendo
trocas com as frases e partilhando informações sobre o programa.

DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES REALIZADAS

A atividade realizada teve como conteúdo conceitual o PNAE. Os conteúdos


procedimentais dessa atividade para os escolares foram: ouvir a prévia apresentação
do tema a ser desenvolvido, participar da dinâmica intitulada Nada a ver ou pode crer, e
expor dúvidas que tenham sobre o PNAE. Com isso, os conteúdos atitudinais esperados
para os alunos foram de ampliar o conhecimento sobre o programa e desenvolver um
pensamento crítico-reflexivo sobre os direitos estabelecidos pelo programa.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O PNAE é um programa que auxilia no rendimento dos escolares através da


oferta de alimentos e promoção de hábitos saudáveis na escola, é o mais antigo e o
maior programa de alimentação escolar do mundo (BRASIL, 2015).
Durante a experiência com os alunos foi perceptível que os escolares não
conheciam sobre o PNAE. As perguntas e afirmações sobre alimentação saudável e as
que expressavam negatividade no enunciado foram as mais acertadas pelos estudantes.
A afirmação que chamou mais atenção e surpreendeu os jovens foi referente ao
valor repassado do governo para a merenda escolar, pois segundo os alunos a quantia
é muito pequena para ofertar uma alimentação saudável e de qualidade.
O valor de repasse do governo federal aos estados e municípios variam de acordo
com a etapa e a modalidade de ensino, sendo, por exemplo, creches, pré-escola, escolas
indígenas, fundamental e médio o repasse no valor de 1 real, 50 centavos, 60 centavos
e 30 centavos por aluno, respectivamente. Diante disto foi discutida a valorização da
alimentação escolar, assim como a conscientização dos alunos acerca da mesma não
ser muito bem elaborada e demasiada apetitosa, pois com o repasse de 30 centavos
por aluno não era possível.
Segundo Danelon, Danelon e Silva (2006), o PNAE necessita ser reavaliado
afim de proporcionar refeições que atendam as preferências dos alunos, além de suas
necessidades nutricionais, porém isso pode ser dificultado com a venda de outros
alimentos ofertados em cantinas próprias dentro da escola o que interfere diretamente
no consumo e adesão da merenda escolar pelos escolares.
A prática nos corredores da escola nos possibilitou um contato rápido com os
alunos. A principal dificuldade encontrada foi no momento da recrutação dos jovens que
estavam em seu horário de intervalo. Os estudantes aparentemente demonstravam-
se receosos de participar da atividade e com muito esforço foi conseguido alguns
participantes.

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

CONSIDERAÇÕES FINAIS

São poucas as universidades que proporcionam aos alunos do curso de Nutrição


experiências que ultrapassam os limites da própria universidade, para que dessa forma
possam vivenciar os conteúdos adquiridos em sala de aula e formar suas próprias
experiências enquanto futuros profissionais de saúde.
Com a realização desse projeto pudemos conhecer um pouco mais sobre o PNAE
e compartilhar de forma mútua um pouco desses conhecimentos com escolares que nos
auxiliaram nessa atividade participando da mesma. Apesar da dificuldade encontrada
no momento do recrutamento, a prática foi de suma importância para completar ainda
mais o nosso processo de ensino aprendizagem.

REFERÊNCIAS

BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. FUNDO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO


DA EDICAÇÃO. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO.Resolução/CD/FNDE nº 26, de 17
de junho de 2013. Dispõe sobre oatendimento da alimentação escolar aos alunos da
educação básica no âmbito do Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE.

BRASIL. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação: PNAE. 2012. Disponível


em: <http://www.fnde.gov.br/programas/alimentacao-escolar/alimentacao-escolar-
apresentacao>. Acesso em: 27 nov. 2015.

DANELON, M. A. S.; DANELON, M. S.; SILVA, M. V. Serviços de alimentação destinados


ao público escolar: análise da convivência do Programa de Alimentação Escolar e das
cantinas. Segurança Alimentar e Nutricional, Campinas, v. 13, n. 1, p.85-94, 2006.

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Marco de referência


de educação alimentar e nutricional para as políticas públicas. – Brasília, DF: MDS;
Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, 2012. 68 p.

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

EDUCAR COM GINCANA É MAIS BACANA


UNINDO CONCEITOS DA PIRÂMIDE DA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL À ATIVIDADE
FÍSICA.

Ully Leite (UFRN)


Jéssica Silva (UFRN)

1. APRESENTAÇÃO
A ação faz parte da disciplina de Educação Alimentar e Nutricional (EAN) do
curso de Graduação em Nutrição da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. A
iniciativa se deu pela necessidade de vivenciarmos na prática a atuação do Nutricionista
dentro das escolas, no que diz respeito às ações de EAN com os alunos do ensino
fundamental dentro da sala de aula, pela disciplina de Educação física, com a turma do
6º ano A.
O objetivo principal de aprendizagem dos alunos da Escola foi sensibilizar acerca
da importância da prática da atividade física associada à alimentação saudável. Já para
nós, discentes de Nutrição, o principal objetivo foi desenvolver habilidades para trabalhar
alimentação saudável e atividade física com essa faixa etária (10-11 anos) de maneira
integrada. Tal integração foi efetivada com a associação dos conceitos de alimentação
saudável com o conteúdo trabalhado em sala de aula pelos alunos na disciplina, durante
aquela semana, denominado “Pirâmide da Atividade Física”.
Essa Pirâmide possui uma escala de esforço percebido, com vários níveis, desde
o menos intenso (Nenhuma atividade física) ao mais intenso (Completamente sem
fôlego, sem conseguir falar). Dessa forma, para cada nível dessa escala foi aplicada
uma atividade/brincadeira, que fosse coerente com o nível de esforço da pirâmide e, a
maioria delas, simultaneamente abordava o tema da alimentação.

2. REFERENCIAS PEDAGÓGICOS

Para realização da atividade foram levados em consideração os conhecimentos


dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), o qual estabelece que para o terceiro e
quarto ciclo do ensino fundamental, para a disciplina de Educação Física, as principais
habilidades e competências a serem desenvolvidas são: conhecimento sobre os
benefícios da atividade física no organismo, prática de esporte e jogos e atividades
rítmicas e expressivas (BRASIL, 1998).
Diante de tais habilidades e competências, pode-se elaborar jogos que envolvam
atividade física, rítmica e expressiva, de forma que essa prática envolva o conhecimento
dos conceitos da alimentação saudável. É essencial levar em consideração os PCNs,
para que não haja o risco de planejar ações incoerentes com a proposta da disciplina e
inapropriadas para a faixa etária a ser trabalhada.

3. METODOLOGIA

3.1 MATERIAIS

Para a prova do tiro ao alvo, foram utilizadas: 1 bola pequena feita de jornal
e fita durex com o desenho de uma fruta colado e 1 cartolina, na qual foi desenhado
nosso alvo, representado por um adolescente com a boca (alvo) aberta. Para a prova do
“Dentro e fora” foi utilizada apenas 1 corda, já para a brincadeira “Boca de forno”, foram
utilizados 10 desenhos de frutas e fita adesiva.

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

Na “corrida de obstáculos” foi utilizado 2 cones, 1 banco, 1 cadeira e 1 bola de


futebol e, por fim, para a prova “corrida dos alimentos” foram usadas várias imagens de
alimentos (de todos os tipos), 2 sacolas e 2 dois símbolos representando “saudável” e
“não saudável”, das cores verde e vermelho, respectivamente.

3.2 MÉTODOS

Primeiramente fomos até a quadra da Escola Municipal Brigadeiro Eduardo


Gomes, Parnamirim-RN, para organizar o espaço de modo que fosse formado um
circuito de provas. Utilizamos as grades de proteção para colar as imagens e, ao mesmo
tempo, delimitando os espaços para cada brincadeira. Em seguida, fomos até a sala de
aula do 6º ano A, os quais possuíam entre 10 e 12 anos, para nos apresentamos como
alunas responsáveis pela atividade, explicando os objetivos do que seria realizado com
eles.
A atividade planejada se consistiu em seis provas, as quais contemplaram
as seis etapas de cansaço da pirâmide da atividade física estudada em sala de aula
anteriormente, para que pudessem vivenciar o esforço percebido de forma prática. Essas
etapas eram: nenhuma atividade física (nível 1), atividade leve (nível 2 e 3), moderada
(nível 4 a 6), vigorosa (nível 7 a 8), muito vigorosa (ní vel 9) e extremamente vigorosa
(nível 10), que iam desde “consigo respirar com facilidade” até “estou completamente
sem fôlego, não consigo falar”.
Para dar início as provas os dividimos em três equipes (1, 2 e 3) a fim de promover
uma disputas entre os alunos e, dessa forma, gerar mais interesse em participar. Cada
equipe continha em média 8 alunos, somando ao todo 24 alunos que participaram
ativamente da atividade proposta. A partir desse momento, as provas foram explicadas
de maneira geral e antes de cada uma começar essa explicação foi reforçada.
A primeira prova, baseada na pirâmide da atividade física, foi à brincadeira
“estátua” (nível 1), na qual os alunos deveriam ficar parados o maior tempo possível até
o mediador dizer que poderiam se mexer novamente. Isso se repetiu até restar à última
pessoa que conseguiu cumprir todas as ordens.
A próxima brincadeira foi a do “Tiro ao alvo” (nível 2 a 3), que se baseou em
acertar um objeto (que estava representando uma fruta) no alvo (que foi a “boca” de uma
pessoa), sendo o objeto e o alvo confeccionados por nós, mediadoras do encontro. Essa
prova visou incentivar o consumo de frutas. Posteriormente, realizou-se a brincadeira
do “Dentro-fora” (nível 4 a 6), a qual consistiu em separar dois espaços com uma corda
representando o dentro e o fora, onde os participantes deveriam seguir as ordens das
mediadoras de ir para dentro ou fora, essa representou a terceira etapa da pirâmide.
Depois, ocorreu o “Boca de forno” (nível 7 a 8) em que os alunos traziam, o
mais rápido possível, os objetos pedidos por nós, objetos esses que eram imagens de
alimentos saudáveis, para testar o nível de conhecimento deles sobre os alimentos.
A penúltima etapa da dinâmica foi a “corrida de obstáculos” (nível 9) que continha os
“obstáculos para a alimentação saudável” (custo, comer mal, tempo, sedentarismo e
preguiça) e que os participantes precisaram ultrapassá-los, esses e outros obstáculos
podem ser encontrados no Guia Alimentar para a População Brasileira (BRASIL, 2014),
que traz além dos obstáculos, as dicas de como solucioná-los. E, por fim, a “corrida dos
alimentos” (nível 10), a qual os participantes deveriam colocar os alimentos saudáveis na
imagem verde e os alimentos não saudáveis na imagem vermelha. Esta prova objetivou
a ampliação da capacidade de escolher alimentos saudáveis.
Terminada a gincana, os alunos sentaram em roda e foram motivados a discutir
sobre o que acharam das atividades e associarem o que foi estudado anteriormente
na disciplina (pirâmide da atividade física) com o que foi realizado na aula e suas

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

experiências pessoais. Além disso, os alunos também falaram o que tomaram como
lição a partir das brincadeiras realizadas.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A atividade proporcionou, além do divertimento, a aquisição de novos


conhecimentos pelos alunos (como a melhor percepção dos alimentos que fazem bem
para o organismo, o que é preciso fazer para ultrapassar os obstáculos que nos impedem
de ter hábitos saudáveis, entre outros), bem como uma dinamização das atividades
realizadas na disciplina, utilisando-se de recursos lúdicos. Percebeu-se também um
feedback positivo dos alunos em todas as etapas da atividade, seja pela motivação em
participar das provas, como pela interpretação individual sobre o que foi abordado com
a realização das brincadeiras de trazer para um momento na escola a experiência de
viver o que eles já tinham aprendido em sala de aula.
Dentre os desafios que encontramos, os que se destacam são: dificuldade de
manter a atenção dos alunos, pelo fato de ser uma disciplina que eles já se encontram
naturalmente agitados, lidar com o curto tempo para realizar todas as atividades, segundo
o cronograma planejado e, por fim, planejar atividades que permitam a participação
de todos os alunos, inclusive os com problemas de saúde, problemas pessoais
e deficiências físicas e intelectuais, pois foi uma das realidades que encontramos e
tivemos que adaptar o que foi planejado para a participação de todos, apesar das suas
limitações.
Apesar dos contra tempos, apenas duas alunas não quiseram participar das
atividades, pois não se sentiram a vontade e nem interessadas pelo o que estava sendo
proposto. Um ponto crítico foi o não conhecimento de que um dos alunos havia passado
por uma cirurgia delicada e não poderia fazer esforço, entretanto, ele não ficou de fora
e pode participar da brincadeira “estátua”, pois não exigia esforço físico.
Como alternativa para solucionar os demais problemas seria a utilização
de meios como um amplificador de voz ou apito, para diminuir o desgaste do professor/
mediador. Já para o curto tempo, a solução mais viável é a chegada com antecedência
ao local, para que o tempo da atividade não seja usado para a organização.
Em meio ao que foi vivido e considerando a reação positiva e até mesmo
eufórica dos alunos a essa atividade, percebemos que esse tipo de atividade (planejada
e integrando conceitos teóricos) era algo atípico na rotina deles, o que nos leva a
questionar se as demais aulas da disciplina não estariam sendo monótonas e sem um
objetivo que vá além do “horário livre para brincar”.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

As atividades de EAN dentro das escolas são um método eficaz do processo de


desenvolvimento de mudanças no estilo de vida, tanto em relação à alimentação quanto
na prática de atividade física, tendo em vista que a escola é um ambiente de formação,
no qual o conhecimento pode ser desenvolvido em conjunto, na teoria e na prática.
Para nós, esse momento foi de extrema importância, pois nos permitiu ampliar
a capacidade de mediar atividades em sala de aula, trabalhar com essa faixa etária de
transição entre a infância e a adolescência, além de relacionar alimentação saudável e
atividade física de uma forma divertida e integrada.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. PARÂMETROS CURRICULARES

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

NACIONAIS (PCN) - TERCEIRO E QUARTO CICLOS DO ENSINO FUNDAMENTAL:


Educação física. Brasília, 1998.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção


Básica. GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA.2 ed. Brasília, 2014.

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

GUERRA DO PELOPONESO: DIALOGANDO SOBRE ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL,


COMENSALIDADE E ASPECTOS HISTÓRICOS DA GRÉCIA ANTIGA.

Lorena Câmara (UFRN)


Amal Salha (UFRN)
Caroline Bezerra (UFRN)

APRESENTAÇÃO

O projeto trabalhado teve como iniciativa principal a promoção à alimentação


saudável nas escolas, visando atingir o seu público alvo (alunos do ensino fundamental).
A escola na qual a prática foi realizada foi a Escola Municipal Brigadeiro Eduardo Gomes,
situada em Nova Parnamirim. A ação foi pensada a partir da disciplina de Educação
Alimentar e Nutricional do curso de nutrição da UFRN (Universidade Federal do Rio
Grande do Norte), que contribuiu com o aporte teórico-prático. Tendo em vista que seria
necessário realizar um trabalho que tivesse como objetivo trazer a alimentação saudável
como tema transversal, junto à disciplina de história, pensou-se em formas distintas de
abordar o tema. Assim o assunto trabalhado foi Grécia Antiga, fornecendo então um
excelente material a se trabalhar, uma vez que foi possível de se obter distintas relações
com a alimentação saudável. Dessa forma, o objetivo da prática foi de apresentar a
Grécia Antiga aos alunos, relacionando com os diversos aspectos da alimentação
humana, de forma lúdica e interdisciplinar, buscando compartilhar os saberes.

REFERENCIAIS PEDAGÓGICOS

O referencial pedagógico utilizado foi os “Parâmetros Curriculares Nacionais”


(PCNs). Segundo Brasil (1997, p. 13):

Os Parâmetros Curriculares Nacionais constituem um referencial de


qualidade para a educação no Ensino Fundamental em todo o País. Sua
função é orientar e garantir a coerência dos investimentos no sistema
educacional, socializando discussões, pesquisas e recomendações,
subsidiando a participação de técnicos e professores brasileiros,
principalmente daqueles que se encontram mais isolados, com menor
contato com a produção pedagógica atual.

Desse modo, de acordo com a definição, é possível perceber que os PCNs para
a disciplina de história, têm objetivos relevantes, uma vez que são essenciais para a
formação do aluno como cidadão. Dentre os objetivos, pode-se destacar a importância
de o aluno buscar a compreensão de cidadania, devendo posicionar-se de forma
crítica e responsável nas diferentes situações sociais. Além disso, destaca-se também
a relevância de se conhecer, compreender e valorizar o patrimônio histórico-cultural
nacional, bem como a compreensão da importância da adesão de hábitos saudável,
sendo um dos aspetos básicos para uma melhor qualidade de vida. Ressalta-se que
o estudante deve entender que é integrante, agente transformador e dependente do
ambiente e sociedade em que vive, devendo usufruir das produções culturais, além
de questionar a realidade, buscando formular problemas e suas respectivas soluções
(BRASIL, 1998).
A partir desses objetivos, é possível de se construir uma “ponte” com a
alimentação e seus aspectos intrínsecos, uma vez que se conhecendo a cultura de
países, regiões, estados ou cidades, tanto nacionais quanto internacionais, se torna

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

mais fácil a apresentação de novos alimentos, bem como o incentivo ao consumo, em


especial os regionais.

METODOLOGIA

A fim de garantir a aprendizagem dos alunos de uma forma diferente do que eles
estavam habituados, foi pensado em conteúdos conceituais referentes à Grécia Antiga; a
alimentação saudável; o conceito de comensalidade, bem como a sua importância, além
de taralhar os aspectos sobre a alimentação humana. Para isso, foi necessário pensar
em como isso seria realizado; assim, dentre os conteúdos procedimentais, destacaram-
se a participação do jogo e interação com os membros participantes; que deveria haver
um maior esclarecimento sobre a alimentação saudável, além de questionamentos sobre
o tema trabalhado. Assim, os conteúdos atitudinais foram pensados baseando-se no
“produto final” da atividade, sendo eles: que os estudantes passassem a desenvolver a
capacidade de interação com os participantes; a aprendizagem sobre a Grécia, buscando
fazer uma relação da antiguidade com a contemporaneidade, além do desenvolvimento
de uma postura de questionamento.
A realização da prática na escola Municipal Brigadeiro Eduardo Gomes, foi
pensada e preparada para os alunos do 6° do ensino fundamental, com faixa etária
variando entre 10 e 12 anos de idade. Tendo como finalidade tornar o ambiente da sala
de aula mais divertido, para que os alunos ficassem mais à vontade, foi utilizada uma
dinâmica de “quebra gelo”, o Hi-há.
Pensando no conteúdo que estaria sendo trabalhado pelo professor, Grécia
antiga, idealizamos “A Guerra do Peloponeso”, que consiste em um jogo de perguntas
e respostas, envolvendo aspectos da Grécia, como a agricultura, colheita, comércio,
consumo/hábito alimentar, comensalidade, dieta do mediterrâneo e a guerra do
Peloponeso. Para a realização do jogo, foi criado um tabuleiro com TNT, o qual foi
dividido em dois territórios: um para Atenas (cor azul) e o outro para Esparta (cor
vermelha). Assim sendo, a turma foi identificada com as respectivas cores e dividida
entre espartanos e atenienses, de forma aleatória, de modo que cada equipe ficasse
com número equivalente de alunos. Foi explicado que cada aluno teria a sua vez de
responder e representar seu território e, caso acertasse, teria o direito de “invadir”
o território adversário. Dessa forma, o vencedor seria aquele território/equipe que
obtivesse uma maior quantidade de soldados no território inimigo. Sempre que uma
pergunta era respondida, independente de estar correta ou não, iniciávamos discussão
em cima do assunto.
Ao fim do jogo, pedimos que os alunos fizessem um círculo e sentassem no
chão para conversarmos. A conversa surgiu a partir de perguntas sobre o consumo e
hábitos alimentares dos estudantes, com principal foco para qual seria a percepção de
alimentação saudável. Após isso, todos ficaram em pé novamente e, para encerrar,
solicitamos que cada um, inclusive o professor, descrevesse em uma palavra como
tinha sido o encontro. A prática teve duração de aproximadamente 1 hora e 15 minutos,
além do tempo que tivemos para organizar e decorar a sala de aula.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A partir da prática realizada, foi possível perceber que houve um pouco de


dificuldade de os alunos participarem de forma efetiva, uma vez que, inicialmente,
eles não se mostraram interessados em participar, nos mostrando que seria um
grande desafio trabalhar com a turma. Além disso, estavam muito dispersos, eufóricos
e indiferentes com o que estava sendo apresentado. Entretanto, com o caminhar do

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

jogo e com o clima de competição aumentando, eles passaram a participar mais,


porém, ainda, com bastante euforia. Foi observado que quando eles perceberam que
não estávamos ali unicamente para falar sobre alimentação, mas sim que estávamos
compartilhando saberes, percebemos que o clima havia melhorado e que eles estavam
muito participativos. Buscamos demonstrar que estávamos interessadas e que tudo o
que eles falassem seria de extrema importância para nossa prática. De fato, deixá-los à
vontade para que falassem de suas experiências, hábitos alimentares e conhecimentos
foi muito enriquecedor.
Foi possível perceber que, tratando-se, principalmente, de uma turma mais
agitada e rebelde - o que é normal para a faixa etária na qual a maioria se encontrava
– não se faria necessário apenas apresentar conteúdos. O modo de ensino que busca
apenas transmitir o conhecimento, como sugere o modelo da Escola Tradicional, não
seria tão efetivo quanto foi a realização da troca de saberes com alunos. Segundo Leão
(1999, p. 201), o professor deve saber que a aprendizagem do aluno se dá através da
interação com o outro e que, ao invés de o professor ser aquela figura de que tudo sabe,
deve-se dar lugar a competência, a fim de criar situações que provoquem o raciocínio
do aluno.
A percepção que tivemos foi que, dentre os conteúdos trabalhados, a participação
dos alunos na atividade e a realização de questionamentos sobre a alimentação foi bem
sucedida, dando oportunidade a aprendizagem e a troca de conhecimento. Dessa forma,
é possível perceber a relevância desses pontos na educação alimentar e nutricional,
visto que buscou fazer com que o aluno conhecesse e também que nos ensinasse
acerca do que seria alimentação saudável.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A prática com adolescentes foi de extrema importância, uma vez que, além de
promover à alimentação saudável nas escolas, proporcionou também a experiência de
poder trabalhar com essa faixa etária. Além disso, vale ressaltar o quanto foi prazeroso
e desafiador realizar uma prática em escolas, com temas distantes da realidade de
estudantes do curso de nutrição.
É certo que houve um feedback, fato que motivou e causa motivação em
trabalhos como esse. Desde o planejamento da atividade, até a execução, o pensamento
foi voltado para qual seria a melhor forma de se trabalhar, de como os alunos iriam
participar e, o mais importante, aprender. Assim, se faz necessário que práticas como
essa sejam sempre realizadas, a fim de promover desafios aos estudantes de nutrição,
bem como de envolvê-los com a comunidade escolar.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais:


Introdução aos parâmetros curriculares nacionais. Brasília-MEC/SEF, p.13,1997.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais:


Terceiro e Quarto ciclos do ensino fundamental. Brasília-MEC/SEF, p.7,1998.

LEÃO, D. M. M. Paradigmas contemporâneos de educação: escola tradicional e escola


construtivista. Cadernos de Pesquisa, n° 107, p. 201, 1999.

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

PROMOÇÃO DA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL NAS ESCOLAS USANDO HISTÓRIA


EM QUADRINHOS – ATIVIDADE EM ESCOLAS

Bruno Cruz (UFRN)


Fernanda Dantas (UFRN)
Jeferson Silva (UFRN)

APRESENTAÇÃO

Sabendo da importância que a Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas


(PASE) exerce, o projeto realizado trouxe uma opção de abordar o conceito de hábitos
alimentares saudáveis de uma forma acessível aos alunos, trabalhando também em
associação com o conteúdo abordado em sala de aula pelo corpo docente. Através da
Disciplina Educação Alimentar e Nutricional, que tem como discentes os professores
Vera Lúcia, Diogo Vale, Ginetta Amorim, fomos inseridos no projeto no decorrer do
semestres letivo como forma de avaliação das atividades realizadas no curso.
O projeto teve como objetivo fazer com que os alunos do ensino fundamental
refletissem sobre alimentação saudável. A abordagem sobre alimentação saudável foi
inserido juntamente com o conteúdo trabalhado em sala de aula pelo professor, no
caso histórias em quadrinhos. Procurou-se despertar o interesse dosalunos sobre
alimentação saudável, desenvolvendo habilidades de produção textual, capacidade de
comunicação e habilidades do trabalho em grupo.

REFERENCIAIS PEDAGÓGICOS

O projeto usou como referência os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN)


do ano de 1997. Esses parâmetros indicam como objetivos do ensino fundamental
que os alunos sejam capazes de conhecer o próprio corpo e dele cuidar, valorizando
e adotando hábitos saudáveis como um dos aspectos básicos da qualidade de vida e
agindo com responsabilidade em relação à sua saúde e à saúde coletiva, bem como
questionar a realidade formulando-se problemas e tratando de resolvê-los, utilizando
para isso o pensamento lógico, a criatividade, a intuição, a capacidade de análise crítica,
selecionando procedimentos e verificando sua adequação.
O domínio da língua, oral e escrita, é fundamental para a participação social
efetiva, pois é por meio dela que o homem se comunica, tem acesso à informação,
expressa e defende pontos de vista, partilha ou constrói visões de mundo, produz
conhecimento. Por isso, ao ensiná-la, a escola tem a responsabilidade de garantir a
todos os seus alunos o acesso aos saberes linguísticos, necessários para o exercício
da cidadania, direito inalienável de todos.

METODOLOGIA

A atividade em sala de aula foi realizada no dia 11 de Novembro de 2015, na


Escola Municipal Brigadeiro Eduardo Gomes, com os alunos do 7° ano do ensino
fundamental. A aula foi ministrada pelos alunos do Curso de Nutrição da UFRN, através
da disciplina de Educação alimentar e nutricional.
A atividade começou com uma dinâmica inicial para conhecer os alunos, em uma
roda, na qual cada um disse seu nome e uma característica sua. Logo após, fizemos a
dinâmica das esquisitices, onde cada aluno ia no meio da roda, fala uma esquisitice sua
e quem tiver a mesma esquisitice vai também até o meio da roda, uma forma de nos
igualarmos aos alunos para se sentirem mais a vontade e não nos vermos com uma

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

postura superior, já que quando se fala sobre alimentação, muitos podem ter vergonha
de se abrir a alguém desconhecido. Houve uma breve conversa sobre alimentação
escolar, educação alimentar e alimentação saudável junto com eles, tirando dúvidas e
esclarecendo mitos, para despertar o interesse sobre o assunto.
Usando o tema da matéria de Língua Portuguesa apresentamos e distribuímos
um modelo de história em quadrinhos, que foi lido junto com os alunos. Então
propusemos que os alunos fizessem sua própria história em quadrinhos, em grupos
de 3 ou 4, com um modelo em branco da Turma da Monica que envolvia alimentação,
desenvolvendo habilidades de produção textual, trabalho em grupo e criatividade. No
final, cada grupo apresentou sua história, desenvolvendo assim também sua capacidade
de comunicação. No final, discutimos as dificuldades de realizar a atividade, dos pontos
positivos, agradecemos a oportunidade e saímos da sala.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após a realização do projeto, pode-se perceber uma nova visão sobre


alimentação saudável naqueles jovens, visto que se esforçaram para criar uma história
que passasse informação para o leitor de que ter uma boa alimentação é fundamental em
vários aspectos, cada qual com um foco diferente, tanto na questão da comensalidade
como na saúde. A criatividade foi estimulada, como vimos em uma das histórias usaram
da personagem Magali para promover o consumo de frutas, dentre outros exemplos.
Pode-se estimular o falar em público, que para muito deles era complicado e na hora
de apresentar se sentiram à vontade por ter sido um tema já abordado e discutido
em sala anteriormente. Houve dificuldade em certos momentos para ter a atenção e
controle dos alunos, podendo ser pelo fato de estar sendo um momento diferente para
os alunos, ministrada por outras pessoas desconhecidas por eles, podendo gerar euforia
e ansiedade, o que dificultou em obtermos atenção total deles.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Foi de grande relevância a experiência para os graduandos de Nutrição, pois


tiveram a oportunidade de vivenciar educação alimentar nas salas de aula com crianças.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais:


língua portuguesa / Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília,1997

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL NAS ESCOLAS

Caroline Bezerra (UFRN)


Amal Salha (UFRN)
Lorena Câmara (UFRN)
Jéssica Silva (UFRN)
Ully Leite (UFRN)

APRESENTAÇÃO

A ação teve como iniciativa trabalhar o tema Alimentação Saudável na Escola


Municipal Brigadeiro Eduardo Gomes situada na cidade de Natal/RN, tendo como
público alvo estudantes do ensino fundamental através de uma atividade de corredor. A
ação foi elaborada por estudantes do curso de Nutrição da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte.
A ação foi motivada pela necessidade de promover a alimentação saudável nas
escolas (BRASIL, 2006) e como atividade prática da disciplina de Educação Alimentar
e Nutricional (EAN), que ao permitir o desenvolvimento de habilidades nesse tipo de
atividade, proporcionou o contato com diversos públicos a fim de dialogar sobre a
alimentação saudável.
A ação teve os seguintes objetivos a serem alcançados: mostrar de forma clara
e atrativa o real significado de uma alimentação saudável através de uma dinâmica;
desmistificar dúvidas frequentes em relação a alguns alimentos e seus benefícios para
a saúde/corpo; mostrar os benefícios da alimentação saudável e desconstruir a ideia de
que se alimentar de forma saudável é complicado.

REFERENCIAIS PEDAGÓGICOS

O marco de Referência de Educação Alimentar e Nutricional (EAN) para as


Políticas Públicas tem o objetivo de promover um campo comum de reflexão e orientação
da prática em ações de EAN contribuindo para a melhor qualidade de vida da população
(BRASIL, 2012).
Segundo o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome a definição
para Educação Alimentar e Nutricional, segundo Brasil (2012, p.23):

“Educação Alimentar e Nutricional, no contexto da realização do Direito


Humano à Alimentação Adequada e da garantia da Segurança Alimentar
e Nutricional, é um campo de conhecimento e de prática contínua e
permanente, transdisciplinar, intersetorial e multiprofissional que visa
promover a prática autônoma e voluntária de hábitos alimentares
saudáveis.”

No entanto, existem princípios para as ações de EAN que contemplam temas


relacionados ao alimento e alimentação, os processos de produção, abastecimento
e transformação aos aspectos nutricionais (BRASIL, 2012). Os princípios que estão
relacionados à nossa ação nutricional é a valorização da cultura alimentar local e respeito
à diversidade de opiniões e perspectivas, considerando a legitimidade dos saberes de
diferentes naturezas e a promoção do autocuidado e da autonomia.
Os princípios que valorizam a cultura alimentar local considera a alimentação
brasileira com suas particularidades regionais, no qual diz respeito à cultura, religião
e ciência, destacando a diversidade de alimentos bem como a prática de escolha

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

de diferentes alimentos que corresponde com a sua comunidade. A promoção do


autocuidado é um dos aspectos do viver saudável, que consiste em ações dirigidas ao
próprio sujeito a fim de regular o próprio funcionamento de acordo com seus interesses
na vida (BRASIL, 2012).

METODOLOGIA

A atividade foi elaborada no pátio da Escola, no qual foi desenvolvido um cenário


que despertasse a atenção dos alunos, através de placas ilustrativas que continham
alimentos saudáveis como, por exemplo, frutas e legumes e em outras placas alimentos
processados e ultraprocessados como hambúrgueres, sorvete, balas e chocolate, que
fazem parte do hábito da alimentar de alguns jovens.
Foram desenvolvidos cartazes atrativos explorando o tema da alimentação
saudável com fotos e imagens de frutas. O cartaz cujo título era “Alimentação Saudável
na Escola”, ficou localizado em uma posição estratégica para chamar atenção dos
alunos no espaço escolhido para a prática. Juntamente com esse cenário foi elaborada
uma “caixa supressa”, desenvolvida por uma caixa de papelão, com imagens de pontos
de interrogação deixando uma caixa mais atrativa.
Dentro da caixa surpresa continha algumas informações sobre alimentação
saudável, relacionadas ao Guia Alimentar para População Brasileira e os benefícios
da alimentação na estética corporal dos adolescentes. Esses temas foram abordados
através de perguntas “Mitos e Verdades”, onde cada aluno retirava da caixa uma
pergunta e refletia sobre a mesma era mito ou verdade. A ideia era proporcionar a
reflexão e diálogo entre os adolescentes e alunos do curso de nutrição.
Os conteúdos relacionados aos escolares foram divididos entre os conceituais,
que determinam os conceitos desenvolvidos na prática, como por exemplo, a alimentação
saudável que tem como base o Guia Alimentar para a população Brasileira; os conteúdos
procedimentais, que estão relacionados à participação dos alunos na dinâmica da “caixa
supressa” e esclarecimento de dúvidas sobre a alimentação saudável e os conteúdos
atitudinais, que proporciona o desenvolvimento da capacidade de interação com os
alunos, bem como despertar interesse pela alimentação saudável e desenvolver uma
postura de diálogo entre os alunos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A partir da prática realizada foi possível perceber que os alunos ficaram bastante
interessados com a caixa supressa, reflexo disso foi o fato que a maioria ficava ao redor
da caixa, ansiosos para puxar as perguntas. Quando cada aluno puxava a pergunta,
percebemos uma grande interação e comunicação, pois eles relacionavam as perguntas
com o seu dia-a-dia e até mesmo citava outras experiências com sua família e amigos,
proporcionando assim um grande diálogo entre todos envolvidos na atividade.
Pode-se perceber que os alunos mantiveram uma comunicação direta com
nós alunos de Nutrição e as plaquinhas ilustrativas foram importantes para manter a
interação do grupo, pois todos os alunos queriam tirar fotos com as imagens, tornando
assim um ambiente animado.
Os desafios encontrados foram à timidez por parte de alguns alunos que não
se sentiam a vontade para responder as perguntas, porém, outros alunos estavam
totalmente eufóricos e participando por bastante tempo. Foi necessário realizar uma fila
para organizar a atividade e dessa forma todos participarem.
Por fim, essa prática demonstrou que os alunos da escola de diversas faixas
etárias estão bastante atentos e interessados sobre assuntos relacionados à alimentação

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

e a estética corporal, visto que voltavam para a fila para pode puxar novas perguntas e
participar novamente da ação.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ações educativas realizadas nas escolas proporcionam um momento importante


de diálogo e compartilhamento de saber, onde aspectos da alimentação saudável
podem ser compartilhados entre todos os que participam da atividade de forma
dinâmica e criativa. A ação educativa na escola teve todos os objetivos alcançados,
sendo um momento de grande experiência, no qual despertou em nós o entendimento
de que a Educação Alimentar e Nutricional pode ser eficaz através de uma dinâmica
que promova o diálogo entre todos os participantes. Obtivemos um excelente resultado
e participação de todos, além de uma troca de diálogos e conhecimento em ambos os
lados. Portando o tema “Alimentação Saudável nas Escolas” foi executado com grande
sucesso e aprendizagem.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.Marco de referência


de educação alimentar e nutricional para as políticas públicas. – Brasília, DF: MDS;
Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, 2012.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Coordenadoria Geral de


Política de Alimentação e Nutrição. Guia Alimentar Para a População Brasileira. 2 ed.
Brasília: Ministério da Saúde, 2014.

BRASIL. PORTARIA INTERMINISTERIAL Nº 1010 DE 8 DE MAIO DE 2006.

APÊNDICES

Perguntas utilizadas na caixa supressa:

-Com qual frequência você consome biscoitos recheados, pizza, fast-foods? Você acha
que faz bem a saúde?
-Chocolate dá muita espinha. Mito ou Verdade?
-Você acha que ficar sem comer irá emagrecer. Mito ou Verdade?
-Beber e comer ao mesmo tempo dá “barriga”?. Mito ou Verdade?
-Remédios ajudam a emagrecer. Mito ou Verdade?
-Qual a importância da prática da atividade física?
-Com que frequência você faz suas refeições com sua família?
-PEGADINHA: Cite 3 alimentos ultra processados. Faça 10 polichinelos.
-Você acha que ao entrar na academia deve comprar suplementos?
-Quantas frutas você consome por dia?
-Você já teve a curiosidade de comer outros alimentos que não conhece?
-Você prefere refrigerante ou suco?
-Salgado assado é melhor do que frito? Mito ou Verdade?
-PEGADINHA: Liste 3 alimentos ricos em vitamina C
-Comer 15 ovos por dia ajuda no ganho de massa muscular. Mito ou Verdade?

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

PAPEL DO NUTRICIONISTA NA ESCOLA

Marcely Morais (UFRN)


Amanda da Mata (UFRN)
Caio Cavalcante (UFRN)
Erikarla Avelino (UFRN)
Júlia Macedo (UFRN)

APRESENTAÇÃO

A ação foi planejada com o intuito de abranger a Educação Alimentar e Nutricional


dentro das escolas, sendo escolhida a Escola Municipal Brigadeiro Eduardo Gomes,
Parnamirim/RN. Essa atividade faz parte das estratégias de Promoção da Alimentação
Saudável nas Escolas (PASE), a qual dispõe de “Dez Passos para a Promoção da
Alimentação Saudável nas Escolas”, cujo objetivo é proporcionar a adesão da
comunidade escolar a hábitos alimentares saudáveis e atitudes de consciência, atenção
e promoção da saúde (BRASIL, 200?).
Essas estratégias foram o norteador das ações planejadas, pois a promoção
de uma alimentação saudável se faz de extrema importância dentro do ambiente
escolar, visto que a alimentação escolar é, para alunos mais carentes da comunidade,
a principal refeição. Portanto, garantir uma alimentação escolar segura e saudável é de
responsabilidade, também, do governo e da escola, permitindo que o indivíduo usufrua
do seu direito, garantido em lei.
Dessa forma, a ação foi desenvolvida com alunos do ensino fundamental, com o
objetivo de que eles refletissem sobre alimentação e nutrição, no sentido de conhecer as
áreas existentes na nutrição; entender a importância e papel do nutricionista na escola;
compreender quem colabora para garantir a alimentação na escola (PNAE, merendeiras,
nutricionista); reconhecera alimentação escolar de qualidade como um direito deles e
perceber que a educação alimentar e nutricional é importante para promoção da saúde.

REFERENCIAIS PEDAGÓGICOS:

Essa prática de EAN integra o princípio da diversidade nos cenários de prática,


em que os conteúdos devem ser desenvolvidos de maneira coordenada e utilizem
abordagens que estejam adequadas aos diferentes grupos populacionais, nos mais
diversos espaços sociais, inclusive a escola, que é o interesse dessa ação. Além dele, o
princípio da intersetorialidade também esta presente, pois envolve a construção coletiva
de saberes. Assim, é importante destacar que a integração da ciência da nutrição com
a rede pública de ensino é uma forma de aliar diversos setores para trazer soluções na
melhoria da qualidade da alimentação humana (BRASIL, 2012).

METODOLOGIA

MATÉRIAIS

Os materiais utilizados para fazer a prática de corredor nas escolas foram:


seis papéis ofício; duas folhas de EVA; duas cartolinas e uma roleta do Laboratório
de Educação Alimentar e Nutricional. Também foram impressas perguntas e figuras
de nutricionistas nas três grandes áreas da nutrição (clínica, produção e social)
e quatro palitos de picolé, para fazer as plaquinhas das questões a serem coladas.
Foram elaboradas questões, plaquinhas para colar as perguntas, cartazes do papel

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

do nutricionista com fotos, frutas e o nome das áreas, pelos discentes de Nutrição da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Foram selecionados, aleatoriamente, 20
estudantes do ensino fundamental maior na data de 13 de Outubro de 2015, no horário
correspondente entre 14 horas até 14 horas e 30 minutos.

MÉTODOS

Foi apresentado, no corredor da escola, o tema a ser trabalhado, denominado


“Papel do Nutricionista na escola”. Após, foram formadas equipes com os alunos, para
iniciar o quiz interativo com quatro perguntas rápidas sobre o papel do nutricionista na
escola, além do seu papel de forma geral. Para chamar atenção dos alunos, foi feito um
cartaz expondo o tema, com várias figuras das áreas de atuação do nutricionista, com a
seguinte frase: “Áreas de atuação de um nutricionista”. O quiz foi norteado pelo jogo da
roleta e, ao final do jogo, mostrou-se aos alunos o cartaz para a explicação do papel do
nutricionista, bem como para realizar o encerramento da atividade de corredor, com as
considerações finais dos alunos participantes.
Os conteúdos conceituais tiveram como objetivo proporcionar aos escolares
conhecimentos, que abordaram o papel do nutricionista e suas áreas de atuação,
principalmente no ambiente escolar. Os conteúdos procedimentais foram contemplados
na apresentação da atividade aos alunos da escola e na mediação da mesma. Os
conteúdos atitudinais foram baseados nos princípios dos 4 pilares da educação, como
o ser e viver junto para despertar nos alunos a valorização do nutricionista no ambiente
escolar, como também o desenvolvimento da capacidade de interagir com o grupo e
melhoria da postura de diálogo entre os membros do grupo.

ATIVIDADES REALIZADAS

A atividade realizada foi uma dinâmica do jogo da roleta onde o mediador e um


auxiliar formaram duas equipes com os alunos para explicar como funcionaria o jogo;
os participantes rodaram a roleta até que encontraram um número de uma pergunta
(elencadas de 1 a 4) com o número sorteado deverá perguntar aos participantes a
questão correspondente ao número, o auxiliar deverá segurar as plaquinhas com as
perguntas e as alternativas para escolha. Se cair na mesma pergunta deve-se passar
para próxima em ordem crescente. Foi explicada a pergunta e o participante respondeu
escolhendo uma assertiva (a, b, c ou d), no final de toda a abordagem do jogo foi
mostrado ao participante o papel do nutricionista no geral e principalmente na escola
através de um cartaz. Após esse momento, foi questionado se os participantes gostaram
ou não do jogo.
As perguntas do jogo foram 1. O profissional nutricionista é capaz de trabalhar
em diversas áreas. Qual das seguintes alternativas, não é papel do nutricionista: a)
Ciências, pois estuda a natureza, corpo e alimentos. b) Educação física, pois treina
atletas. c) Saúde, por promover a saúde através da alimentação. d) Escolar, por auxiliar
nos cardápios da cozinha. 2) Qual o papel do nutricionista na escola? Marque a incorreta.
a) Fiscalizar as merendeiras e professores. b) Adequa o cardápio da alimentação escolar.
c) Promoção de uma alimentação saudável. d) Planeja a alimentação escolar. 3) Qual o
maior aliado do Nutricionista na escola? a) Diretor(a) b) Professor(a) c) Coordenador(a)
d) Merendeira. 4) Você sabe o que é o PNAE? Se sim, marque a alternativa correta. a)
Plano de Negócios da Alimentação na Escola. b) Programa Nacional de Alimentação
Escolar. c) Pacto de Nações em Alimentação Escolar. d) Programa Nutricional de
Alimentação Estudantil. O gabarito das questões são 1. B); 2. A); 3. d) 4. b)

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Durante a atividade, pôde-se observar que boa parte dos alunos já possuíam uma
noção básica sobre o nutricionista ser o profissional responsável pelo planejamento do
cardápio a ser ofertado na merenda escolar, bem como a dar orientações e supervisionar
as merendeiras quanto ao exercício das boas práticas de manipulação.
Com relação ao PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar), ao qual a
alimentação escolar está vinculada, a maioria revelou desconhecimento. Estes, por sua
vez, afirmaram acreditar que a merenda era de responsabilidade da escola, funcionando
da seguinte maneira: a instituição contratava o nutricionista; este planejava o cardápio a
ser servido e a escola, finalmente, se encarregava de disponibilizar o recurso financeiro
e a aquisição dos gêneros.
No entanto, apesar dos equívocos, os alunos participaram e se envolveram
bastante na dinâmica. Além disso, demonstraram entusiasmo e, sobretudo, interesse
em saber mais sobre a alimentação escolar. Posto isto, é possível afirmar que a prática
em questão foi útil na compressão do papel do nutricionista no ambiente escolar para
os alunos.
Portanto, realizar a atividade de corredor foi muito importante, tanto para nós
(discentes de nutrição) quanto para os alunos, pois foi possível perceber a realidade
da alimentação em um ambiente escolar e a noção deles acerca do tema proposto.
Além disso, tratar esse assunto com uma metodologia lúdica tornou a compreensão
deles bem mais fácil, como também mostraram-se mais interativos e participativos. Não
obstante, apesar de pequenas dificuldades encontradas, como a dispersão deles, foi
possível realizar a atividade com sucesso.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A atividade de educação alimentar e nutricional desenvolvida com os escolares foi


bastante proveitosa, para nós, e esclarecedora para os estudantes, no que diz respeito
a alimentação escolar e os conhecimentos sobre as competências do nutricionista na
escola. Nossa percepção, no geral, é que os alunos conhecem muito pouco sobre o PNAE
e sobre o direito à alimentação adequada. Além disso, foi possível notar que poucos
estudantes conhecem o real papel do nutricionista escolar e qual a sua importância para
a qualidade da alimentação oferecida.
Analisando tais situações, conclui-se que, para aprimorar à ação de promoção
de alimentação saudável, deve-se incluir e promover, de forma contínua, durante a
formação educacional dos escolares fundamentos e métodos lúdicos sobre saúde,
alimentação, nutrição apropriada e direitos à alimentação adequada, para que estes
compreendam “o que é” e “como pôr em prática” uma alimentação saudável, dentro e
fora da escola.

REFERÊNCIAS

Brasil. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Marco de referência


de educação alimentar e nutricional para as políticas públicas. – Brasília, DF: MDS;
Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, 2012. 68 p.

BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.PORTARIA


INTERMINISTERIAL Nº 1.010, 8 DE MAIO DE 2006. Disponível em: <http://crn3.org.br/
legislacao/doc/1.010_2006.pdf>, Acesso em: 25/11/2015.

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

NUTRIÇÃO E O SISTEMA CIRCULATÓRIO

Letícia Ferreira (UFRN)


Isaiane Medeiros (UFRN)
Laíse Oliveira (UFRN)
Aline Sousa (UFRN)
Amanda Araújo (UFRN)
Larissa Farias (UFRN)

APRESENTAÇÃO

O projeto foi realizado por meio da disciplina de Educação alimentar e Nutricional


do curso de Nutrição da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, no qual os
alunos de nutrição vivenciaram na prática o desenvolvimento de métodos e técnicas
de ensino para atuar na execução da educação nutricional com escolares, objetivando
contribuir com a promoção da alimentação saudável. A atividade foi realizada na Escola
Municipal Brigadeiro Gomes em Parnamirim, com os alunos do 8° ano A, no qual foi
abordada a relação da nutrição com o sistema circulatório através de um jogo interativo.

REFERENCIAS PEDAGÓGICOS

O referencial pedagógico utilizado foi os Parâmetros curriculares nacionais:


ciências naturais da Secretaria de Educação Fundamental do Ministério da Educação.
Desse modo, a atividade promoveu que os alunos compreendessem o sistema
circulatório como conjunto de estruturas voltadas ao transporte e distribuição de
materiais pelo corpo, identificassem e localizassem os órgãos do corpo e suas funções
estabelecendo relação com outros aparelhos, percebesse o processo de respiração em
sua totalidade, como também incluir estudos sobre as vias respiratórias, os mecanismos
de ventilação dos pulmões e as trocas gasosas. Para tanto todos esses assuntos foram
incluídos visando relacionar com a alimentação saudável com base no conteúdo dado
em sala de aula (BRASIL, 1997).

METODOLOGIA

A execução da atividade se deu na sala de aula dos alunos do 8° ano A da


Escola Municipal Brigadeiro Eduardo Gomes, Parnamirim/RN em novembro de 2015.
No chão da sala de aula foram espalhadas folhas de papel A4 com as imagens e
os nomes dos componentes do sistema circulatório (coração, artérias, veias, capilares e
sangue), em seguida a turma foi dividida em 4 grupos, nos quais um dos componentes
de cada grupo associou uma imagem de um órgão do sistema circulatório, a uma
doença (aterosclerose, anemia, hipertensão, obesidade), a um alimento (fontes dos
micronutrientes que foram abordados como, por exemplo, carnes, vegetais e frutas, etc)
e a um micronutriente (ferro, sódio, cálcio, vitamina C, A e E, selênio, zinco) em conjunto
com os demais componentes do grupo, relacionando as imagens entre si, cada grupo
de imagem formado foi colado por um componente de cada grupo no quadro e debatido
entre os mediadores e os demais alunos.

DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES

Os conceitos abordados foram os componentes estruturais do sistema


circulatório (coração, artérias, veias, capilares), patologias relacionadas ao sistema

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

circulatório (aterosclerose, anemia, hipertensão, obesidade), micronutrientes (ferro,


sódio, antioxidantes – vitamina A, C, E e D, cálcio, zinco), alimentos fontes (carnes
vermelhas, frutos do mar, frutas cítricas, leites e derivados, castanha, sementes,
alimentos integrais). Dentro dos conteúdos procedimentais foram trabalhados em sala
através de uma prévia apresentação do tema, em seguida a turma foi dividida em 4
grupos, em que participaram da dinâmica de associação de imagens. Por fim, houve
um momento para compartilhar as dúvidas acerca do tema e curiosidades, com isso
ocorreu à ampliação do conhecimento acerca do sistema circulatório e sua relação com
a nutrição e o desenvolvimento de habilidades relacionadas ao sistema circulatório e a
nutrição.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A turma mostrou-se pouco participativa dificultando o desenvolvimento da


atividade. Foi notório que alguns alunos ainda não sabiam o conceito de algumas
patologias, como também sobre os micronutrientes, diante disso esses conceitos
foram esclarecidos e os escolares conseguiram realizar o jogo relacionando o sistema
circulatório com a nutrição.
O ensino sobre a nutrição é bastante importante em sala de aula, visto que
a promoção da saúde devia compor no plano de ensino das escolas. A educação
nutricional iria permitir que os escolares conhecessem mais sobre alimentação saudável,
como também trocassem experiências com os seus colegas sobre seus hábitos, sobre
a importância da alimentação para saúde, o que proporcionaria a troca de saberes tanto
no ambiente escolar como no familiar. Desta forma, a utilização de recursos didáticos,
materiais visuais e a capacitação do professor para associação da disciplina com a
nutrição e a atuação mais efetiva do profissional nutricionista na área de educação são
de fundamentação importância para a promoção da saúde no ambiente escolar (BIZZO;
LEDER, 2005).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A experiência adquirida em sala de aula foi de grande relevância, sabendo-se


o grande papel que o profissional nutricionista na sociedade. Poder atuar na forma de
educador proporcionou colocar em prática os conteúdos vistos na graduação, de uma
forma simples e clara, relacionando com as disciplinas vistas pelos alunos em sala.
Desta forma, é importante o contato educacional, ainda no ensino superior, visto o
profissional futuro possuindo um campo de trabalho amplo.

REFERENCIAS

Brasil. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais:


ciências naturais / Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília : MEC/SEF, 1997.
136p.

BIZZO, M. L. G.; LEDER, L. Educação nutricional nos parâmetros curriculares nacionais


para o ensino fundamental. Revista de Nutrição, Campinas, v. 18, n. 5, p.661-667, out.
2005.

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
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PRÁTICAS DE EDUCAÇÃO ALIMENTAR E


NUTRICIONAL COM A COMUNIDADE
ESCOLAR
Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

ESTRATÉGIA DE INTERVENÇÃO NA PRÁTICA DE EDUCAÇÃO NUTRICIONAL


COM PROFESSORES DO ENSINO FUNDAMENTAL DE UMA ESCOLA ESTADUAL
DE SANTA CRUZ/RN – UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Maria Santos (UFRN)


Pamella Fonseca (UFRN)
Anielly Batista (DRAE)
Fábio Araújo (UFRN)
Janaína Silva (UFRN)

Apresentação

É consensual que os programas mais eficazes para a adoção espontânea


de comportamentos alimentares saudáveis derivam de um conjunto de estratégias
combinadas entre os níveis individual, social e ambiental (LOUREIRO, 2004).
Considerando a escola um ambiente favorável ao processo educativo, o professor
é o componente essencial da equipe de saúde escolar, pois, não só cultiva contato
com os alunos, como está envolvido na realidade social e cultural de cada discente
(DAVANÇO; TADEI; GAGLIANONE, 2004).Logo, o educador deve ser um facilitador, que
sabe usar as estratégias de ensino, dando sua contribuição inclusive para a melhora da
alimentação dos escolares (DAVANÇO, TADEI, GAGLIANONE, 2004; BIZZO, LEDER,
2005). Para tanto, é necessário deter conhecimentos sobre alimentação saudável e
incorporá-los ao seu fazer pedagógico (SCHMITZ et al, 2008).
Isto posto, as estagiárias do Curso de Nutrição da Faculdade de Ciências da
Saúde do Trairi – FACISA desenvolveram numa instituição de ensino estadual de Santa
Cruz, estratégia de educação destinada aos professores de Ensino Fundamental, com
o objetivo de identificar a percepção destes sobre o significado de práticas alimentares
saudáveis, e, por conseguinte, instruí-los sobre o assunto, inspirando uma reflexão
crítica, para que possam influenciar positivamente na vida dos seus alunos.
A ação foi realizada em conformidade com o Marco de Referência de Educação
Alimentar e Nutricional para Políticas Públicas (BRASIL, 2012) e em observância
ao estabelecido na Resolução nº 26/2013, a qual dispõe sobre o atendimento da
alimentação escolar aos alunos da educação básica no âmbito do Programa Nacional
de Alimentação Escolar (BRASIL, 2013).

Metodologia

A atividade compreendeu duas etapas:

Oficina 1: A árvore do conhecimento

A princípio, onze professores foram convidados para a oficina. Estes foram


divididos em grupos (3 grupos de 3 e uma dupla), entre os quais foram distribuídas
folhas e figuras de frutos, construídos em papel colorido. Em seguida, foram sorteados
quatro temas (açúcar, sal, gordura, vitaminas/minerais) pelas estagiárias, sobre os quais
os grupos opinaram nos materiais oferecidos.
Os grupos foram instruídos a relatar na folha, quais doenças são ocasionadas
pelo excesso de consumo de cada um daqueles componentes, com exceção do tema
vitaminas/minerais, que ficou restrito a apenas um grupo, cujo descreveu os prejuízos
advindos da carência destes no organismo. Já no fruto, os professores expuseram quais
as fontes alimentares.

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

Ao final da atividade, cada grupo foi conduzido a afixar numa árvore construída
de papel emborrachado, os seus recortes, e explicitar o que haviam escrito nos
mesmos. Nesse momento, foi aberto um espaço para que se desenvolvesse uma roda
de discussão e os grupos expressassem suas opiniões.
Após o encerramento da oficina houve uma explanação sobre os temas
abordados, ocasião na qual as estagiárias, por meio de apresentação em Power
point, reforçaram sobre quais doenças o excesso do açúcar, sal, gordura, e carência
das vitaminas e minerais podem acarretar na saúde dos alunos e quais alimentos se
constituem como fontes alimentares desses componentes.
Além disso, o diálogo teve por finalidade promover a sensibilização dos
professores a respeito da importância de repassar aos seus educandos os conhecimentos
apreendidos durante a ação, de maneira a contribuir com o crescimento saudável dos
escolares.
Os materiais utilizados na dinâmica foram: para construção do tronco da árvore
utilizou-se papel emborrachado cor marrom; cartolina cor verde e amarelo para desenhos
de folhas e frutos; fita adesiva; caneta; tesoura.

Oficina 2: Construa sua pirâmide alimentar infantil

Esta oficina teve início com uma breve explanação, por parte das estagiárias,
sobre o conceito e constituição de uma pirâmide alimentar, apontando para os alimentos
energéticos, reguladores e construtores, sem, no entanto, mencionar quais alimentos
compõe cada nível da pirâmide.
Posteriormente, foram apresentadas figuras de quatro pirâmides alimentares
infantis brasileiras idênticas, uma para cada grupo, cujas não se encontravam
preenchidas com os respectivos alimentos representativos de cada nível. Logo, os
professores foram direcionados a completar os espaços vazios das ilustrações, de
acordo com o conhecimento dos mesmos, não havendo recebido, portanto, intercessão
das estagiárias na prática.
Ao término dessa etapa, as estagiárias analisaram se os níveis haviam sido
preenchidos corretamente, tecendo os devidos esclarecimentos à medida que se
deparavam com posições equivocadas. Por fim, as condutoras da atividade elucidaram,
através de exposição em Power point, a distribuição dos alimentos na composição da
pirâmide.
Os materiais utilizados para esta dinâmica foram: para as pirâmides, foram
necessárias cartolinas de cor branca; imagens coloridas dos constituintes da pirâmide
impressas em folhas de ofício; fita adesiva; caneta esferográfica.

Descrição das atividades realizadas

Conteúdos conceituais: autoconhecimento; alimentação saudável; orientações


nutricionais voltadas para hábitos alimentares saudáveis dos alunos e professores.
Conteúdos procedimentais: participação em atividade educativa na forma de
oficina; interação entre os componentes dos grupos formados; relato das consequências
para a saúde oriundas do consumo excessivo de açúcar, gordura e sal, bem como
a implicação quando verificada a carência de vitaminas/minerais e, ainda, fontes
alimentares dos componentes citados; preenchimento da pirâmide alimentar infantil;
entendimento da relação do alimento com a saúde; expressão de conhecimentos/
opiniões sobre a relação da alimentação saudável com a saúde; participação de forma
interativa sobre os temas abordados na oficina.
Conteúdos atitudinais: compreensão da participação de cada grupo alimentar

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

na alimentação diária, assim como a importância da hidratação e atividade física na


promoção da saúde; desenvolvimento de um espírito de participação, cooperação mútua
e integração; adesão a uma forma de pensar crítica em relação às práticas alimentares
do dia-a-dia.

Resultados e discussão

A intervenção com os professores teve por objetivo contribuir para o


reconhecimento e debate do que é uma alimentação saudável para os alunos, e quais
os malefícios que o excesso e carências de determinados alimentos podem trazer a
saúde dos escolares.
Sabe-se que os professores são respeitáveis integrantes da vida de um aluno
em sua educação na escola, inclusive sobre os hábitos de vida saudáveis. Como a
relação professor/aluno é importante para um bom desenvolvimento cognitivo do
indivíduo, facilitando e mediando a condução ao conhecimento, de modo a atender as
necessidades do educando, necessita-se reforçar a atenção quanto o tema, que pode
resultar em melhoria de aspectos diversos, sendo a mais notável adesão aos bons
costumes alimentares, que, por sua vez, exercerá influência no interesse e aprendizado
do alunado.
Durante a intervenção, observou-se que os professores, enquanto sujeitos da
formação, necessitam ser continuamente capacitados para o exercício da educação em
saúde, com ênfase na alimentação saudável.
Essa habilidade poderia ser mediada pelo trabalho de um profissional
nutricionista, sendo de suma importância para a educação nutricional do alunado,
devendo ser motivada em todas as redes de ensino para que, no futuro, adolescentes
e adultos tenham hábitos alimentares saudáveis, melhorando a saúde de modo geral
(GONÇALVES et al, 2009).
No contexto, remete-se a Resolução nº 26/13, a qual afirma que, compete ao
profissional nutricionista Responsável Técnico pelo PNAE e aos demais nutricionistas
lotados no setor de alimentação escolar, a coordenação e a realização de ações de
Educação Alimentar e Nutricional, em associação com a direção e coordenação
pedagógica da escola (BRASIL, 2013).
Para tanto, necessitam ser proporcionadas as condições suficientes e adequadas
de trabalho, além do cumprimento dos parâmetros numéricos mínimos de referência de
profissionais por escolares, conforme preconiza a Resolução CFN nº 465/2010.
Em consenso, o Marco de Referência de Educação Alimentar e Nutricional para
Políticas Públicas (BRASIL, 2012) avisa que, na formação de profissionais da educação,
os obstáculos residem na ampliação, monitoramento e disseminação das ações de
Educação Alimentar e Nutricional.
No que concerne à instituição escolar, na qual foi desenvolvida a estratégia de
intervenção ora descrita, sabe-se que foram realizadas, em outras oportunidades, ações
de Educação Alimentar e Nutricional com os alunos do ensino médio, pais de alunos e
funcionários, as quais não cabem aqui serem contadas. Apesar disso, identificou-se a
necessidade de realizar uma atividade específica para os educadores.
Essa constatação foi expressa também no comportamento dos participantes
durante a intervenção, a qual exibiu aproveitamento muito satisfatório, ao passo que
as dinâmicas realizadas foram suficientemente aceitas, promovendo, por conseguinte,
aprimoramento dos mesmos sobre os conceitos de alimentação e nutrição, assim como
ampliação da motivação para o trabalho na escola. Foi também observado referências
dos professores a mudanças em suas práticas alimentares cotidianas.

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Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

Tais resultados estão em consenso com a declaração de Boog (2010), cujo


avalia que os professores, de um modo geral, concordam que compete à escola ensinar
ao aluno a ter bons hábitos alimentares. Deste modo, assim como se ensina a lavar as
mãos antes de comer e a escovar os dentes, há uma concordância coletiva que pertence
à escola ensinar quais são os alimentos que fazem parte de uma dieta saudável.
Diante do exposto, através do conjunto dos resultados alcançados nesta
intervenção, permite-se afirmar que os professores são sim, efetivamente, fortes
aliados na promoção de alimentação saudável na escola, pois professores informados
e motivados podem tornar-se agentes transformadores do comportamento alimentar
dos escolares.

Considerações finais

O papel da Educação Alimentar e Nutricional na promoção da saúde dos
escolares é reconhecido entre os estudiosos. E, no contexto escolar, ganha destaque
a importância da formação dos educadores, por estarem presentes diariamente na
vidados alunos. Dessa forma, eles, os professores, bem como os pais dos alunos,
precisam deter os conhecimentos na área a fim de se alcançar os objetivos pretendidos
com as ações de educação.
Isto posto, ressalta-se que a atividade desenvolvida obteve o êxito esperado, à
medida que possibilitou a sensibilização dos profissionais envolvidos com a educação
da instituição que se configurou como campo de aprendizado, despertando a atenção
para a definitiva inclusão do tema alimentação saudável no currículo, beneficiando,
assim, o alunado.

REFERÊNCIAS

BIZZO,Maria Letícia Galluzzi; LEDER, Lídia. Educação nutricional nos parâmetros


curriculares nacionais para o ensino fundamental.  Revista de Nutrição. Campinas,
v.18, n.5, p. 661-667, 2005.

BOOG, Maria Cristina Faber. Programa de educação nutricional em escola de ensino


fundamental de zona rural. Revista de Nutrição. Campinas, v. 6, n. 23 p.1005-1017,
nov/dez.,2010.

BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. FUNDO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO


DA EDUCAÇÃO. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Resolução/CD/FNDE nº 26, de 17
de junho de 2013. Dispõe sobre o atendimento da alimentação escolar aos alunos da
educação básica no âmbito do Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE.

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Marco


de referência de educação alimentar e nutricional para as políticas públicas. – Brasília,
DF: MDS; Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, 2012. 68 p.

CONSELHO FEDERAL DE NUTRICIONISTAS, Resolução CFN nº 465 de 23 de


agosto de 2010. Dispõe sobre as atribuições do Nutricionista, estabelece parâmetros
numéricos de referência no âmbito do Programa de Alimentação Escolar (PAE) e dá
outras providências. Brasília, 2010.

DAVANÇO, Giovana Mochi; TADDEI, José Augusto de Aguiar Carrazedo; GAGLIANONE,


Cristina Pereira. Conhecimentos, atitudes e práticas de professores de ciclo básico,

125
Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

expostos e não expostos a Curso de Educação Nutricional. Revista de Nutrição,


Campinas, v.2, n. 17, p. 177-184, abr/jun. 2004.

GONÇALVES, Vivian Siqueira Santos et al. Estratégia de intervenção na prática de


educação nutricional de professores da educação infantil, Rev. Simbio-Logias, v. 2,
n.1, maio/2009.

Loureiro, Isabel. A importância da Educação Alimentar: o papel das escolas


promotoras de saúde. Revista Portuguesa de Saúde Pública. v.22, n. 02. Julho/
Dezembro, 2004.

SCHMITZ,Bethsáida de Abreu Soareset al. A escola promovendo hábitos alimentares


saudáveis: uma proposta metodológica de capacitação para educadores e donos de
cantina. Caderno de Saúde Pública. Rio de Janeiro, v.24, n. Sup2, p. s312-s22, 2008.

126
Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL NO ESTÁGIO DE ALIMENTAÇÃO


ESCOLAR: USO DA PIRÂMIDE ALIMENTAR COMO PROMOTORA DE SAÚDE

Gerlane Nogueira (UFRN)


Oliva Sousa (UFRN)
Joana Azevedo (SECRETARIA MUNICIPAL
DE EDUCAÇÃO - SANTA CRUZ)
Janaína Silva (UFRN)
Fábio Araújo (UFRN)

No âmbito do Programa Nacional de Alimentação Escolar, considera-se Educação


Alimentar e Nutricional (EAN) o conjunto de ações formativas, de prática contínua e
permanente, transdisciplinar, intersetorial e multiprofissional que objetiva estimular a
adoção voluntária de práticas e escolhas alimentares saudáveis, colaborando assim
para a aprendizagem, o estado de saúde do escolar e a qualidade de vida do indivíduo,
conforme cita Brasil (2015?).
O presente trabalho apresenta um relato de experiência vivenciado durante o
Estágio Supervisionado em Alimentação Escolar oferecido aos discentes do Curso de
Graduação em Nutrição da UFRN do campus de Santa Cruz, no período entre outubro
e novembro de 2015. Objetivou-se realizar uma atividade de Educação Alimentar e
Nutricional com funcionárias de uma escola da rede municipal de ensino de Santa Cruz
(RN) a fim de informá-las sobre alimentação saudável e os grupos de alimentos que
compõem a pirâmide alimentar, de tal forma que pudessem refletir sobre a importância
dos alimentos para a saúde, além de incentivar a formação de bons hábitos alimentares
nos escolares.

Metodologia

A atividade foi desenvolvida da seguinte forma: inicialmente, foi apresentado


o tema da atividade. Em seguida, as instruções para a dinâmica “O conteúdo do
saco!” foram repassadas, onde formaram um grande círculo e distribuí-se entre os
participantes sacos de papel; colocou-se, em cima de uma bancada, objetos pesados
e leves (ex.: caixas de fósforos cheias, algodão, papel amassado e, grãos); pediu-se
que cada participante escolhesse e colocasse dentro do seu saco os objetos escolhidos
– só pesados, só leves, misturados ou deixar o saco vazio; após isto, dividir em grupo
conforme estas categorias. Foram feitas algumas perguntas: Se colocarmos só objetos
leves, o que acontece com o saco? E, se houver uma ventania? Se colocarmos só
objetos pesados? Fica fácil ou difícil de carregá-lo? Esperando um pouco para que os
participantes pudessem responder após cada pergunta realizada. Por conseguinte, com
auxílio de um notebook, mostrou-se alguns slides sobre os grupos básicos de alimentos,
explicando as funções de cada um no corpo. Posteriormente, concluí-se juntamente
com as participantes: saco vazio não fica em pé = deficiências nutricionais para a saúde
humana; o saco muito cheio fica difícil de levantar = obesidade; o misturado é o ideal
para que se tenha a presença dos grupos básicos de alimentos nas refeições principais
(café, almoço e jantar). Depois, foi entregue um folder a cada participante com dicas de
alimentação saudável. Ao fim da atividade, realizou-se uma reflexão sobre as questões
abordadas na dinâmica e as participantes foram instigadas a pensar na importância de
se alimentar bem.
Como conteúdos conceituais, obteve-se grupos de alimentos, saúde, alimentação
saudável, dicas nutricionais. Já, os conteúdos procedimentais foram participar da
dinâmica, entender quais são e para que servem os grupos básicos de alimentos,

127
Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

conhecer dicas de alimentação saudável e, participar de forma reflexiva da discussão


sobre a importância de se alimentar bem. Enquanto que os conteúdos atitudinais obtidos
foram a compreensão da participação de cada grupo alimentar na alimentação diária, o
desenvolvimento da capacidade de pensar criticamente sobre os hábitos alimentares e,
a conscientização a cerca de uma alimentação saudável.

Descrição da Experiência

As merendeiras mostraram-se bastante ativas e participativas durante a ação de


EAN, o que pode ser um sinal positivo para que promovam a alimentação saudável tanto
para beneficio próprio quanto, principalmente, para os escolares. Uma vez que, segundo
Gomes (2014), apresentam um potencial educativo apoiado nas relações de afeto que
desenvolvem com os educandos e nas qualificações que realizam a fim de desenvolver
novas habilidades que as tornam mais seguras em seu exercício profissional.
Para facilitar o acompanhamento dos conteúdos teóricos mostrados durante
a atividade e servir de referência, elaborou-se um módulo de apoio (folder), que foi
entregue às participantes. De acordo com Germano (2002), o uso de material didático
para o acompanhamento de atividades educativas favorece a atenção e a compreensão
da aula expositiva.
Viu-se durante a atividade e todo o estágio que há um diálogo e respeito mútuo
estabelecido entre os atores sociais participantes (gestoras, merendeiras e, ASG).
Logo, o envolvimento e a motivação destes atores no ambiente escolar, bem como a
construção coletiva do conhecimento são fatores imprescindíveis para torná-los aliados
no processo de formação e mudanças do comportamento alimentar dos alunos.
Vale salientar que o intuito de realizar a atividade com essas pessoas foi
pensando na possibilidade de elas atuarem de forma efetiva na educação em saúde no
PNAE. Uma vez que, de acordo com Tavares e Trojan (2008), a educação em saúde tem
seu desenvolvimento dificultado pela invisibilidade atribuída aos outros profissionais da
escola, com exceção dos professores.
Assim, enquanto política pública, segundo Brasil (2012), a EAN pode ocorrer em
diversos setores e deverá observar os princípios organizativos e doutrinários do campo
no qual está inserida. Logo, na esfera da educação, deverá observar os princípios do
PNAE. A esses princípios estruturantes se somam: Sustentabilidade social, ambiental
e econômica; Abordagem do sistema alimentar, na sua integralidade; Valorização da
cultura alimentar local e respeito à diversidade de opiniões e perspectivas, considerando
a legitimidade dos saberes de diferentes naturezas; A comida e o alimento como
referências - Valorização da culinária enquanto prática emancipatória; A Promoção do
autocuidado e da autonomia; A Educação enquanto processo permanente e gerador de
autonomia e participação ativa e informada dos sujeitos; A diversidade nos cenários de
prática; Intersetorialidade; Planejamento, avaliação e monitoramento das ações.

Considerações finais

Dessa forma, a dinâmica e a reflexão proporcionaram um pensamento crítico


nas participantes sobre a sua alimentação, já que as informações passadas puderam
auxiliar nas escolhas alimentares feitas no dia a dia para melhorar a qualidade de vida
de cada um, como também incentivar os alunos a consumirem a alimentação ofertada
na escola. Destacando assim, a importância das ações educativas serem desenvolvidas
no sentido de promover a autonomia dos indivíduos, conforme afirma Oliveira e Oliveira
(2008).

128
Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

Assim, ressalta-se que a lei nº 5.692, além de estabelecer a inserção da educação


em saúde na escola, estabelece a alimentação escolar como um serviço de saúde na
escola e, consequentemente um espaço para educação em saúde, especialmente em
relação às práticas de educação alimentar e nutricional. No entanto, em ambientes
escolares, o reconhecimento da alimentação como um espaço para educação não
ocorre de forma imediata.
De modo geral, verificou-se satisfação com a atividade, com boa compreensão
do conteúdo e adequação entre a metodologia e o referencial teórico. Também foi
possível estimular o diálogo e orientar a construção coletiva do conhecimento, o que
permitiu uma ressignificação para as práticas cotidianas e proporcionou maior chance
de êxito, por ter trabalhado com demandas específicas vistas durante o estágio.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Marco de referência


de educação alimentar e nutricional para as políticas públicas. Brasília: MDS;
Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, 2012.

BRASIL. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Ações Educativas.


Brasília: FNDE, [2015?]. Disponível em: <http://www.fnde.gov.br/programas/alimentacao-
escolar/alimentacao-escolar-acoes-educativas>. Acesso em: 20 nov. 2015.

BRASIL. Lei nº 5.692, de 11 de agosto de 1971. Fixa Diretrizes e Bases para o ensino
de 1° e 2º graus, e dá outras providências. Diário Oficial da União. 12 ago 1971; Seção
1:6377.

GERMANO, M. I. S. Promoção da saúde: desafio para os profissionais envolvidos no


treinamento de manipuladores de alimentos. 2002. 136p. Tese (Doutorado em Saúde
Pública) - Universidade de São Paulo. Faculdade de Saúde Pública, São Paulo, 2002.

GOMES, K. S. Cozinhando e dialogando: merendeiras, suas possibilidades e desafios


para ações de educação alimentar e nutricional em escolas públicas do Rio de Janeiro.
2014. 124p. Dissertação (Mestrado em Educação em Ciências e Saúde) – Universidade
Federal do Rio de Janeiro. Núcleo de Tecnologia Educacional para a Saúde, Rio de
Janeiro, 2014.

OLIVEIRA, S. I.; OLIVEIRA, K. S. N. Perspectivas em educação alimentar e nutricional.


Psicol. v. 19, n. 4, p. 495-504, 2008.

TAVARES, T. M.; TROJAN, R. M. O funcionário escolar como Educador: Formação dos


Trabalhadores em Educação da Rede Estadual de Ensino. Extensio. v. 4, n. 5, 2008.

129
Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL NO ESTÁGIO SUPERVISIONADO


DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR: PROMOÇÃO DE ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL E
QUALIDADE DE VIDA PARA AS MERENDEIRAS E ASGs

Gislani Toscano (UFRN)


Niegia Alves (UFRN)
Anielly Werlayni (3ª DIRETORIA REGIONAL
DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR – DRAE)
Janaína Silva (UFRN)
Fábio Araújo (UFRN)

O Programa Nacional de Alimentação Escolar considera como Educação


Alimentar e Nutricional (EAN) o conjunto de ações formativas, de prática contínua e
permanente, transdisciplinar, intersetorial e multiprofissional, que objetiva estimular a
adoção voluntária de práticas e escolhas alimentares saudáveis que colaborem para
a aprendizagem, o estado de saúde do escolar e a qualidade de vida do indivíduo
conforme Brasil (2013). Mas pensou-se na Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) das
colaboradoras, cuja função tem períodos longos de esforços repetitivos e posturas
inadequadas causando problemas de saúde e nas tarefas diárias de trabalho como
afirmam Vilarta e Gutierrez (2007).
Caruso (2007) diz que as iniciativas de QVT é um conceito ligado ao
desenvolvimento humano, tendo dois objetivos: de um lado, aumentar a produtividade e
o desempenho, de outro, melhorar a QVT e a satisfação com o trabalho. Desse modo,
melhorar a produtividade, condições laborais e satisfação com o trabalho, porém, a
satisfação e a produtividade do trabalhador não seguem, necessariamente, trajetos
paralelos.
Assim, o presente trabalho representa um relato de experiência realizado
durante o Estágio Supervisionado em Alimentação Escolar do Curso de Graduação em
Nutrição da Faculdade de Ciências da Saúde do Trairí (FACISA)UFRN/campus Santa
Cruz, no período entre agosto e setembro de 2015. Tendo como objetivo realizar uma
atividade de Educação Alimentar e Nutricional com as merendeiras e ASGs de uma
escola estadual de Santa Cruz (RN) proporcionando informações sobre alimentação
saudável e qualidade de vida.

Metodologia

As atividades foram divididas em dois dias, devido a demanda de tarefas das


colaboradoras, dificultando que fossem realizados em um único momento, desse modo,
para o primeiro encontro (21/09/2015) foram convidados uma docente fisioterapeuta
e alunos em formação do curso de fisioterapia da FACISA/UFRN para realizar uma
atividade de ginástica laboral e oferecer orientações para a melhora das dores musculares
que as colaboradoras relataram apresentar. Assim, os convidados apresentaram-se e
iniciaram as atividades (massagem, exercícios que podem ser executados diariamente
e a ginástica), destacando-se a importância dos movimentos realizados para a saúde e
melhora das dores musculares.
No segundo momento (23/09/2015), as estagiárias de nutrição explicaram ao
grupo, composto pelas merendeiras e ASGs, o objetivo da atividade e dispôs em uma
mesa um cartaz com o nome “Alimentação saudável!”, onde estava dividido e identificado,
sendo um lado com a palavra “certo” e, o outro com a palavra “errado”, como também
foram dispostas figuras de alimentos que tiveram as marcas camufladas. Dessa forma,
o grupo foi instruído a dialogar e escolher quais alimentos são classificados como

130
Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

“certo” ou “errado” para a merenda escolar e para as patologias que as participantes


do grupo apresentam (hipertensão, doença renal e dislipidemia). Após a escolha, as
participantes foram questionadas a respeito da decisão do grupo sobre a classificação
dos alimentos. Em seguida, fez-se uma roda de conversa para informar e esclarecer
sobre os alimentos restritos, vedados e permitidos de acordo com a Resolução n° 26
do PNAE (BRASIL, 2013); alimentos saudáveis, de acordo com as recomendações dos
“Projetos Diretrizes”6,7,8, para cada patologia e, a entrega de orientações, além disso,
realizou-se discussões sobre o tema. Ressalta-se que foram retiradas eventuais dúvidas
do grupo que fossem surgindo ao longo da atividade.
Como conteúdos conceituais teve-se autoconhecimento, alimentação saudável,
trabalho em grupo, orientações nutricionais voltadas para a alimentação escolar e
patologias, qualidade de vida e saúde das colaboradoras. Enquanto para os conteúdos
procedimentais foram: participar de uma atividade educativa na forma de dinâmica;
integrar-se ao grupo para dialogar sobre a escolha de alimentos; colocar figuras de
alimentos em cartazes, especificando o que é certo e errado; classificar o alimento como
certo ou errado para as patologias supracitadas; explicar o motivo da classificação de
cada alimento escolhido como certo ou errado; participar de forma reflexiva na palestra
sobre a alimentação saudável e, realizar os exercícios de ginástica laboral orientados por
profissional capacitado. Já, os conteúdos atitudinais foram: compreensão da participação
de cada alimento na merenda escolar e para a saúde pessoal; desenvolvimento da
capacidade de trabalhar em equipe; adesão às práticas alimentares para a alimentação
escolar e para a patologia apresentada, proporcionando segurança alimentar e nutricional
e, entendimento da importância dos exercícios para a rotina de trabalho e para a saúde.

Descrição da Experiência

As atividades desenvolvidas com as merendeiras e as ASGs teve como objetivo


informar e esclarecer sobre os alimentos restritos, vedados e permitidos de acordo com
o PNAE, além dos alimentos saudáveis para cada patologia (hipertensão, dislipidemia e
cálculo renal). Ainda, realizar uma ginástica laboral para promover a qualidade de vida
no trabalho.
As merendeiras apresentaram um bom nível de conhecimento, já que
classificaram figuras dos embutidos, industrializados e bebidas (refrigerantes, suco de
caixinha e suco em pó) como “errados” para o consumo na merenda escolar e para
a saúde, já as frutas, hortaliças, leguminosas, cereais como alimentos “certos” para
alimentação escolar e para as patologias.
Foi explicado que conforme a Resolução n° 26 de 2013 (BRASIL, 2013), Resolução
do Programa Nacional da Alimentação Escolar, os alimentos vedados (proibidos) para a
aquisição da merenda escolar são as bebidas com baixo valor nutricional (refrigerantes e
refrescos artificiais, bebidas ou concentrados à base de xarope de guaraná ou groselha,
chás prontos para consumo e outras bebidas similares). Como também, é restrita (até
30%) a aquisição de alimentos enlatados, embutidos, doces, alimentos compostos (dois
ou mais alimentos embalados separadamente para consumo conjunto), preparações
semiprontas ou prontas para o consumo, ou alimentos concentrados (em pó ou
desidratados para reconstituição). Assim, as hortaliças, cereais, leguminosas, frutas,
raízes e tubérculos são permitidos na alimentação escolar.
Em relação ao consumo para portadores de cálculo renal orientou para que tenha
o aumento da ingestão de líquidos, pelo menos, 2,5 L/dia; refrigerantes, os alimentos
industrializados, embutidos e bebidas devem ser evitados; as fibras se ligam ao cálcio
intestinal, aumentando a velocidade de trânsito intestinal e redução da resposta hormonal;
não deve-se reduzir a ingestão de cálcio, já que a redução aumenta a absorção do

131
Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

oxalato e compromete a densidade óssea, então tanto a redução quanto o excesso


são prejudiciais e, a realização de exercícios físicos com auxílio de um profissional
capacitado de acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia (2006).
Enquanto para hipertensão e dislipidemia incentivou o consumo de frutas e
hortaliças, evitar o uso de gorduras aparentes das carnes e peles das aves, reduzir o uso
do sal e preferir as ervas, aumentar o consumo de água (mínimo 2,0 L), evitar produtos
industrializados devido a quantidade de sódio e lipídios e, a realização de exercícios
físicos com auxílio de um profissional capacitado em consonância com Bacellaret al.
(2002); Santos et al. (2001).
Os temas abordados geraram uma participação maior das mesmas por meio de
dúvidas e discussões. Assim, os resultados foram positivos, indicando assim, que as
informações repassadas, provavelmente, irá gerar mudanças nas práticas alimentares
e nas melhores escolhas para a promoção e prevenção da saúde, principalmente, em
decorrência das patologias já presentes.
Na ginástica laboral como os exercícios ensinados foram elaborados para
proporcionar a melhora e prevenção de doenças nas colaboradoras, uma vez que,
Vieira e Japur (2012) citam que os trabalhadores de unidades de alimentação sofrem
exposições constantes de condições inadequadas, dentre elas estão: a temperatura
e o ruído excessivo, iluminação deficiente, pressão temporal, sobrecarga de trabalho,
trabalho repetitivo.
Conforme os mesmos autores supracitados, os riscos ambientais interferem
na qualidade do processo produtivo, pois além de gerar desconfortos, desmotivação,
interferem no controle higiênico-sanitário dos alimentos. Portanto, os administradores
precisam preocupar-se com a saúde dos trabalhadores, de tal modo que, doenças
ocupacionais e acidentes causam consequências na unidade devido ao aumento do
custo de mão-de-obra, o que encarece a produção e compromete a qualidade do produto
final e da rotina de trabalho. Destacando assim, a importância do nutricionista tanto para
o planejamento dos cardápios e controle dos custos quanto na promoção, prevenção e
recuperação da saúde, tendo em vista seu papel como promotor da saúde.
Realizou-se todos os procedimentos conforme foi planejado, mas a demanda
das tarefas diárias das participantes teve-se o tempo reduzido para a realização das
atividades, desse modo, aumentaria o mesmo, caso pudesse, para explicar mais sobre
as orientações e a realização dos exercícios que podem ser executados diariamente.
Assim como, teria outra dinâmica para facilitar ainda mais a participação.
Todos os procedimentos foram realizados de forma bem positiva, alcançando os
resultados esperados. Apenas o tempo que interferiu na melhor execução.

Considerações finais

Logo, a realização dessas intervenções promoveu o alcance de resultados


satisfatórios conforme esperado no planejamento, uma vez que essa troca de informações
sobre a alimentação saudável proporciona melhoria para a saúde das merendeiras e
ASGs, tendo em vista que poderão ser mais críticas em relação as suas escolhas,
respeitando os cuidados necessários nas patologias que apresentam.
Ao serem passadas as informações sobre a Resolução n° 26 de 2013 (BRASIL,
2013), Resolução do Programa Nacional da Alimentação Escolar para as merendeiras,
estas podem realizar suas funções respeitando o estabelecido pelas leis, e assim, ofertar
refeições adequadas para os alunos, uma vez que possuem o conhecimento necessário
para realizar o seu trabalho com êxito.
Em relação a ginástica laboral, pode-se perceber uma melhoria na qualidade
de vida, considerando os relatos das mesmas sobre o progresso da saúde física, e,

132
Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

consequentemente, proporcionando melhores condições de trabalho. Desse modo,


melhorar a produtividade, condições laborais e satisfação com o trabalho conforme
afirma Caruso (2007).
Portanto, a intervenção foi realizada conforme esperado, alcançando os objetivos
de realizar a atividade de forma que todos participassem da dinâmica, instigando uma
reflexão a respeito dos assuntos abordados. Também foi possível estimular o trabalho
em grupo e assim favorecer o convívio no trabalho, dessa forma, é possível proporcionar
melhores condições nesse ambiente e assim aumentar as chances de sucesso e
cumprimento das atividades diárias alcançando uma melhor qualidade no serviço.

REFERÊNCIAS

BACELLAR, A. et al.Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina,


Hipertensão Arterial – Abordagem Geral. São Paulo: 2002.

BRASIL, Ministério da Educação. Resolução/CD/FNDE nº 26, de 17 de junho de 2013


que dispõe sobre o atendimento da alimentação escolar aos alunos da educação básica
no âmbito do Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE. Diário Oficial da
União. Brasília, 2013.

CARUSO, M. E. Intervenção visando uma Nova Cultura em Relação ao Consumo de


Tabaco e Álcool. In: VILARTA, R; GUTIERREZ, G. L. Qualidade de Vida em Propostas
de Intervenção Corporativa. Campinas (SP): IpesEditoral, 1. ed. p. 165-172, 2007

SANTOS, R. D. et al. Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina.


Prevenção da Aterosclerose – Dislipidemia. São Paulo: 2001.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE UROLOGIA. Associação Médica Brasileira e Conselho


Federal de Medicina. Litíase Urinária: Aspectos Metabológicos em Adultos e Crianças.
São Paulo: 2006.

VIEIRA, M. N. C. M; JAPUR, C. C. Gestão da Qualidade na Produção de Refeições.


Série Nutrição e Metabolismo. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012.

VILARTA, R; GUTIERREZ, G. L. Qualidade de Vida em Propostas de Intervenção


Corporativa. Campinas (SP): IpesEditoral, 1. ed. p. 165-172, 2007

133
Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

FORMAÇÃO DE MERENDEIRAS(OS): EMPODERANDO O SABER DOS QUE MUITO


SABEM.

Hemilly Kadydja Mendes de Oliveira (ETNAE-Parnamirim/RN)


Taísa Camara de Lima (ETNAE-Parnamirim/RN)
Nathália Karoline de Medeiros Soares (ETNAE-Parnamirim/RN)
Ana Karolina Tavares Diniz (ETNAE-Parnamirim/RN)
Diôgo Vale (ETNAE-Parnamirim/RN)

Apresentação

A Equipe Técnica de Nutrição e Alimentação do Escolar (ETNAE) do município


de Parnamirim/RN, desde a sua formação, busca intensificar as ações de educação
alimentar e nutricional (EAN) nas escolas. Sendo essa uma das atividades comumente
marginalizadas no processo de trabalho do nutricionista na escola. Talvez, pelo grande
número de atribuições (Res. CFN nº 465, 2010) e carga de trabalho estabelecida pelo
Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).
A Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas (PASE) representa um grande
desafio para prática profissional, não apenas pelo tempo disponível para realização
das atividades, mas também pelas dificuldades em planejar e mediar atividades
transformadoras das práticas alimentares da população.
As atividades educativas frequentemente desenvolvidas envolvem a capacitação
de manipuladores de alimentos, popularmente intitulados merendeiras(os). A Portaria
Interministerial 1.010/06 chama atenção que: para a efetivação da PASE é necessário
sensibilizar e capacitar esses profissionais para produção e oferta de alimentos mais
saudáveis (BRASIL, 2006).
Em programas de capacitação com merendeiras, normalmente são discutidos
conteúdos como: procedimentos que devem ser adotados para garantia da segurança
sanitária dos alimentos; adequação das práticas nos locais de produção e fornecimento
de refeições; abastecimento de água potável; higiene de instalações, equipamentos e
utensílios; manejo de resíduos; controle de pragas e roedores; fluxo de preparo dos
alimentos. Atividades normalmente orientadas por legislação sobre as Boas Práticas de
Fabricação de Alimentos (BRASIL, 2004).
O presente trabalho busca relatar as vivências e experiências construídas a partir
do planejamento, execução e avaliação de um curso de formação para merendeiras no
município de Parnamirim/RN. O qual teve o objetivo de sensibilizar merendeiras (os)
sobre a importância desses para alcance dos objetivos dispostos pelo PNAE.

Referenciais pedagógicos

Alguns princípios foram orientadores para desenvolvimento de nossa prática


com esses manipuladores de alimentos. A atividade foi planejada em uma perspectiva
pedagógica de Formação (JOSSO, 2004). Buscamos desenvolver nossas atividades
baseadas em momentos dialógicos e reflexivos. Optamos por uma prática educativa
problematizadora para construção dos conhecimentos acerca dos diferentes fazeres de
merendeiras (os) nas escolas (FREIRE, 1996).
Como prática de EAN, adotamos os seguintes princípios do Marco de Referência
da Educação Alimentar e Nutricional para Políticas Públicas: a Educação enquanto
processo permanente e gerador de autonomia e participação ativa e informada dos
sujeitos; a comida e o alimento como referências; a valorização da culinária enquanto
prática emancipatória; a diversidade nos cenários de prática; sustentabilidade social,

134
Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

ambiental e econômica; abordagem do sistema alimentar na sua integralidade (BRASIL,


2012).

Metodologia

A formação com merendeiras(os) ocorreu durante a I Semana da Alimentação


Escolar, realizada em Parnamirim/RN no período de 09/02 a 12/02/2015. 
Os objetivos foram: contribuir para a formação de merendeiros da alimentação
escolar; debater sobre o papel dos manipuladores na promoção da alimentação
saudável nas escolas (PASE), na garantia da segurança alimentar e nutricional (SAN)
e na promoção do direito humano à alimentação adequada (DHAA); e capacitar
merendeiros quanto aos conteúdos básicos preconizados pela RDC 216/04, visando o
melhor cumprimento das atividades do PNAE e melhorias na qualidade da alimentação
escolar no município.
Realizamos a divisão dos manipuladores em seis turmas com até 40 pessoas.
Os materiais usados foram folder, cartilha e pastas elaboradas pela equipe, materiais
audiovisuais e fichas de avaliação para feedback da aprendizagem. Os temas
trabalhados buscaram desenvolver diversas competências e habilidades necessárias a
esses profissionais no processo de trabalho dentro da escola. Utilizamos metodologias
ativas com utilização de recursos áudio visuais, rodas de conversa, filmes, construção
de materiais de sistematização do conhecimento, desenhos e expressão corporal
(Quadro 1).

Quadro 1. Resumo dos momentos práticos de capacitação de merendeiras (os)


de Parnamirim/RN.
Temas Materiais Conteúdos Metodologia
Conferências: Slides, caixa - PNAE - Apresentação
- O papel do PNAE na ga- de som, micro- -Alimentação expositiva dia-
rantia do direito humano à fones saudável logada
alimentação adequada - Guia Alimentar
- O diálogo com a comu- para População
1 nidade escolar para pro- Brasileira
moção da alimentação - Direito Humano à
saudável alimentação ade-
quada
- Comunidade es-
colar
O papel dos manipula- Folhas de ofício, - Alimentação e - Roda de con-
dores de Alimentos no giz de cera, subjetividade versa;
PNAE canetas, caixas - Comunidade es- - Discussão de
- Dinâmica Quebra-gelo de som, Data- colar vídeos;
- Diálogo sobre o papel de show, slides, - Valorização profis- - Apresentação
cada um na comunidade Documentário sional expositiva e di-
2
escolar Ilha das Flores. - PNAE alogada
- Importância dos meren- - PASE
deiros - Desigualdade So-
- O PNAE; Alimentação cial
saudável e Portaria 1.010
- Vídeo: Ilhas das Flores

135
Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

O comer e a comida nas Caixas de som, - O cozinhar nas - Exposição de


histórias de quem coz- Datashow, com- histórias de vida filme;
inha putador, filme -Técnica dietética - Roda de con-
- Filme Ratatouille Ratatouille, fol- - Ficha técnica de versa;
- Importância de cozinhar has de ofício, preparação - Apresentação
-Técnica Dietética e Ficha cartilha, cane- - Valor nutricional expositiva e di-
3
técnica tas, cartolinas, de alimentos alogada;
- Construir dicas de Técni- revistas para - Exercício in-
ca Dietética recorte, pincel dividual de fi-
para quadro cha técnica;
branco. - Construção
de cartazes.
Sou um agente de - Tinta guache, - Higiene corporal -Dinâmicas;
saúde: cuidados impor- bacias plásti- - Higiene de es- - Apresentação
tantes no cozinhar para cas, cartolinas, paços, utensílios e de vídeos;
garantia da saúde dos revistas para re- equipamentos - Roda de con-
escolares. corte, cola bran- - Tipos de contami- versa.
- Dinâmica da lavagem de ca, pincel para nação
4 mãos quadro branco, - Boas práticas para
- Boas práticas na manip- slides, com- manipulação de ali-
ulação de alimentos putador, caixas mentos
- Caminho dos alimentos de som, Data- - Microrganismos
- Doenças Transmitidas show, vídeos - Relações pessoas
por alimentos sobre micror- no trabalho
- Vídeo: Vírus da gentileza ganismos.

Resultados e discussão

A formação continuada de merendeiras (os) é fundamental para que as ações


do PNAE aconteçam da melhor forma possível. Inicialmente existiu uma pequena
resistência por parte desses profissionais com relação a participação na atividade. No
município, existia um hábito de realização de treinamentos com momentos festivos e
sorteio de prêmios. O pouco apoio da gestão municipal para desenvolvimento de nossa
atividade não permitiu a realização desses momentos de confraternização. Porém, as
metodologias ativas utilizadas estimularam a participação dessas profissionais, fato
destacado na avaliação final da atividade.
Assim, as metodologias utilizadas permitiram maior integração e formação de
vínculos entre nutricionistas e manipuladores. Esse foi um momento de apresentação
da ETNAE a merendeiras (os), pois os nutricionistas tinham assumido recentemente
o serviço no município. A semana de práticas foi importante para esclarecimentos
sobre os novos cardápios, nova licitação e novo processo de trabalho, além de iniciar o
calendário de atividades de 2015, conforme plano de trabalho da equipe.
Após a atividade, em visitas às escolas foram verificadas modificações nas
práticas de alguns profissionais, relato feito por eles mesmos. Porém, as modificações não
foram identificadas em todas as instituições de ensino. Ou seja, na prática, visualizamos
pouca modificação das práticas desses profissionais, destacando a importância de ser
uma prática continua e que ocorra com maior frequência durante o ano.
E ainda, chamando atenção a relevância do tempo de serviço, desvalorização
profissional, más condições do ambiente de trabalho e hábitos de processo de trabalho
inadequados que afetam as melhorias do serviço de alimentação e nutrição nas

136
Anais do I Encontro sobre Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas - EPASE
NATAL 2016

escolas. Bem como, a grande rotatividade desses profissionais no serviço, dificulta a


implementação dos protocolos de trabalho, além de outros problemas vivenciados, como:
péssimas condições de trabalho, a falta de equipamentos, utensílios e fardamentos,
inadequações na estrutura física das escolas e problemas com entregas de alimentos
decorrentes do sistema centralizado de fornecimento.

Considerações finais

A formação de merendeiras(os) foi importante para formação de vínculos e


apresentação das novas maneiras de trabalhar dentro do setor. A Educação Alimentar e
Nutricional, com esse público, deve estar em constante aperfeiçoamento, pois são eles
os principais apoiadores do nutricionista na escola. As ações devem partir sempre de
um tralho de valorização de suas funções e importância dentro do ambiente escolar. A
maior frequência de ações e momentos planejados a partir de metodologias de escuta e
resolução coletiva de problemas parece ser importante para o fortalecimento de vínculos
e parcerias entre nutricionista-merendeira(o).

Referências

BRASIL. ANVISA. RDC N° 216. Dispõe sobre o Regulamento Técnico de Boas Práticas
para Serviços de Alimentação. Brasília, 2004.

CFN – Conselho Federal de Nutricionistas. Resolução nº 465. Dispõe sobre as


atribuições do Nutricionista, estabelece parâmetros numéricos de referência no âmbito
do Programa de Alimentação Escolar (PAE) e dá outras providências. Brasília, 2010.

______. Ministério da Saúde e Ministério da Educação. Gabinete do Ministério. Portaria


Interministerial Nº - 1.010. Institui as diretrizes para a Promoção da Alimentação
Saudável nas Escolas de educação infantil, fundamental e nível médio das redes
públicas e privadas, em âmbito nacional. Brasília, 2006.

______. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Secretaria Nacional


de Segurança Alimentar e Nutricional. Marco de referência de educação alimentar e
nutricional para as políticas públicas. – Brasília: DF, 2012. 68 p.

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. Rio de


Janeiro: Paz e Terra, 1996.

JOSSO, M-C. Experiências de Vida e Formação: Prefácio: António Nóvoa, apresentação


e notas à edição brasileira-Cecília Warschauer: tradução José Claudino e Júlia Ferreira.
São Paulo: Cortez, 2004.

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ISBN: 978-85-5741-001-5

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