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JÉSSICA SANEFUJI
Campinas – SP
2022
Jéssica Sanefuji
ENRIQUECIMENTO DE FARINÁCEOS COM INGREDIENTES DE CULTURAS
ASIÁTICAS
Campinas – SP
2022
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DEDICATÓRIA
À minha família que sempre esteve ao meu lado como alicerce para me apoiar em momentos
de dificuldade. Meu pai, minha mãe e minha irmã estiveram presentes ao longo de toda
jornada acadêmica, nos momentos de alegria e principalmente nos momentos de dificuldades.
Aos meus amigos, colegas e fortalezas que encontrei durante todo esse percurso e que tiveram
papel fundamental em sempre fomentar meus estudos com reuniões para estudos e lazer.
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AGRADECIMENTOS
Sou extremamente grata a todos que estiveram comigo durante esses anos de esforço,
dedicação e batalha diária desde o momento que decidi ingressar no curso de Engenharia de
Alimentos da Universidade Estadual de Campinas.
Agradeço a oportunidade que minha família me concedeu de focar nos meus estudos, sonho e
objetivos de ingressar e finalizar o curso de engenharia da UNICAMP. A minha gratidão a
todos os momentos em que meus pais e irmã cuidaram para garantia de um ambiente tranquilo
e harmonioso para meu foco nos estudos é incomensurável.
Meus sinceros agradecimentos à minha orientadora, Professora doutora Maria Teresa Pedrosa
Silva Clerici por seu apoio e aceite em ser minha orientadora no desenvolvimento deste
trabalho que marca o encerramento do ciclo da graduação.
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RESUMO
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ABSTRACT
In the technological era in which we live, there is a constant and uninterrupted development
of optimization of production processes with lower environmental impacts, with recycling of
natural resources and reverse logistics. However, the world still faces social problems such as
hunger and food insecurity, in which 9.8% of the world's population is affected by this
disease. This percentage is due to inequality in income distribution, which is measured by the
Gini index, which has values between 0 and 1. Brazil has a Gini index equivalent to 0.553,
which means that there is poor distribution of income, a fact that exacerbates problems such
as hunger and food insecurity of the population. Hunger is not caused only by income
concentration, it is also the result of bad public administration and public disorganization
providing tax incentives to large agricultural producers and also to industrialized foods, the
so-called 'ultra-processed' instead of benefiting family production crops and small businesses.
In order to minimize food insecurity and nutritional deficiency of thousands of Brazilians,
there is a need for actions by the private sector in partnership with public policy for the
preparation of flour fortified with superfoods to be used in industrialized foods with more
nutrients and more affordable.
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO……………………………………………………………………….8
2. OBJETIVOS…………………………………………………………………………..9
2.1. Geral…………………………………………………………………………..10
2.2. Específicos……………………………………………………………………10
3. METODOLOGIA…………………………………………………………………...10
4. ALIMENTOS E SOCIEDADE……………………………………………………..10
4.1. Diferentes aspectos entre alimentação ocidental e oriental…………………...11
4.1.1. Hábitos alimentares de populações asiáticas…………………………11
4.1.1.1. Cultura alimentar nipônica……………………………………12
4.1.2. Hábitos alimentares de populações ocidentais………………………..13
4.1.2.1. Cultura alimentar brasileira…………………………………...14
5. ASPECTOS NUTRICIONAIS DE ALIMENTOS………………………………...15
5.1. Superalimentos………………………………………………………………..16
5.1.1. Natto…………………………………………………………………..17
5.1.2. Broto de bambu………………………………………………………18
5.1.3. Kombucha…………………………………………………………….19
5.1.4. Yacon…………………………………………………………………20
5.1.5. Melão de São Caetano………………………………………………...20
5.1.6. Bardana……………………………………………………………….20
6. FARINÁCEOS E PRODUTOS OBTIDOS ATRAVÉS DE SUAS APLICAÇÕES
NA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS………………………………………………..21
7. ENRIQUECIMENTO DE FARINÁCEOS A PARTIR DE
SUPERALIMENTOS……………………………………………………………….22
7.1. Lei de adição de ferro e ácido fólico em farinhas de trigo e milho…………...22
7.2. Enriquecimento de farináceos para o desenvolvimento de produtos
industrializados……………………………………………………………….22
8. DESMISTIFICAÇÃO DE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS……………….24
8.1. Incentivos fiscais a alimentos ultraprocessados………………………………24
9. GESTÃO PÚBLICA E INICIATIVA PRIVADA NO COMBATE À FOME E
INSEGURANÇA ALIMENTAR…………………………………………………...25
10. CONCLUSÃO……………………………………………………………………….26
11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS……………………………………………..27
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1. INTRODUÇÃO
Hoje vivemos em uma era repleta de tecnologia e avanços científicos que possibilitam
otimizar métodos com o consequente aumento da produtividade, entranto apesar da existência
de novos procedimentos e recursos tecnológicos ainda enfrentamos diversos problemas
sociais como pobreza, falta de saneamento básico, violência e fome.
Essas mazelas enfrentadas por grande parte da população mundial deve-se à
desigualdade causada pela concentração de renda e que é expressa pelo índice de Gini
(OLIVEIRA, 2022)(OXFRAM BRASIL, 2021). Sendo essa taxa representada por um valor
numérico que pode variar entre 0 e 1, sendo que valores mais próximos de zero retratam
países com mais igualdade na distribuição de renda, já as nações que apresentam classificação
mais aproximada de 1, são populações que indicam maior concentração de renda e portanto,
mais desigualdade e problemas sociais.
A fome é um infortúnio que aflige diversas pessoas, de acordo com relatório ‘Estado
da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo’ publicado pela Organização das Nações
Unidas (ONU) em 2022, houve aumento em 46 milhões de pessoas acometidas pela fome no
mundo entre 2020 e 2021, sendo ao todo 9,8% da população mundial.
Além da escassez de alimentos, a ONU aponta que aproximadamente 2,3 milhões de
pessoas enfrentam algum tipo de insegurança alimentar (IA). Há três diferentes níveis de IA –
leve, moderado e grave – e a segurança alimentar (SA) que são definidos conforme a Escala
Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA).
A categorização da EBIA considera o acesso de indivíduos a alimentos em quantidade
e qualidade. O estágio inicial de IA, considerado leve, é definido pela sua imprevisibilidade
em refeições futuras levando essas pessoas a priorizarem a quantidade de alimentos em
detrimento de sua qualidade. Agravando esse cenário, tem-se o nível moderado de IA,
caracterizado por alterações nos hábitos alimentares devido à escassez de comida. O último e
mais severo de estado de IA, definido como grave ou severa, refere-se a pessoas que sofrem
privação alimentar por ausência de dinheiro, levando-as a enfrentar um ou mais dias sem
qualquer refeição. (II VIGISAN - Inquérito Nacional sobre insegurança alimentar no contexto
de pandemia de covid-19 no brasil)
Essas adversidades alimentares encontram-se na Agenda da ONU para 2030 um dos
principais Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), no entanto, com dados obtidos
pelo relatório de 2022 trazidos pela ONU, o combate e a potencial erradicação da fome e da
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IA até 2030 representa colossal desafio para todos os países, devido a atual conjuntura
econômica e de crise que vivemos com a guerra na Ucrânia e o período de pós pandemia de
Covid-19.
De acordo com o relatório Estado da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo de
2022, a economia global com cenário de guerra e recuperação de epidemia contribuiu para
alavancar a inflação de alimentos culminando em aproximadamente 37% da população
mundial sem acesso a alimentação completa em termos nutricionais.
No Brasil o cenário de fome e insegurança alimentar traz dados alarmantes, com base
no Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia de Covid-19,
58,7% da população é acometida por algum nível de IA.
Dowbor, em artigo publicado na revista eletrônica de jornalismo científico – Com
Ciência da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) – apresenta que o
contexto de fome em solo brasileiro é motivado por má gestão política e social, pois o país
possui 225 milhões de hectares de solo agricultável e que apenas 28% é empregado para
agricultura, sendo os 72% restantes subaproveitados com a pecuária.
Além da desvalorização do potencial agrícola brasileiro há também benefícios e
incentivos fiscais (INESC, [s.d]) à exportação de commodities, a produção de alimentos
ultraprocessados – produtos que apresentam diversas etapas em sua fabricação, além de ser
constituído por muitos ingredientes artificiais – o que resulta em prejuízos a produções
agrícolas familiares, comerciais e industriais de pequeno e médio porte.
Com o intuito de usufruir dessas condições fiscais e gestão pública desfavoráveis para
melhoria da alimentação dos brasileiros, é necessário utilizar a indústria alimentícia para
desenvolvimento de produtos ultraprocessados utilizando ingredientes da base alimentar
populacional, com enriquecimento de macro e micronutrientes obtidos por meio de
superalimentos – matrizes alimentícias com elevados teores de vitaminas, minerais,
antioxidantes naturais e compostos bioativos.
A cultura asiática é aquela que mais utiliza superalimentos em suas refeições, como
miso, natto, broto de bambu, kombucha, algas marinhas (HOBART, 2021)(PEREIRA, D. M.;
SILVA, S. X.; LIMA, L. C.; ARAÚJO, L. F. S.; BRITO, I. L., 2021). Por apresentarem alta
concentração de nutrientes e vitaminas essenciais ao organismo humano, a fortificação de
ingredientes que constituem a base alimentar brasileira como os farináceos é passo inicial para
facilitar o acesso de indivíduos a nutrientes e alimentos mais seguros, mesmo que em
produtos industrializados.
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2. OBJETIVOS
2.1. Geral
2.2. Específicos
3. METODOLOGIA
Estudo de revisão bibliográfica com base em estudos científicos realizados nas áreas de
Engenharia de Alimentos, Nutrição e Bioquímica, acerca da fortificação de farináceos com
alimentos de origem asiática. Estabelecer o entendimento da ausência da adoção de tais
alimentos como fontes nutricionais básicas e de fácil acesso à sociedade.
4. ALIMENTOS E SOCIEDADE
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cidades. A forma como os indivíduos se relacionavam com o alimento acabou incorporando
aspectos culturais, psicológicos, sociais e religiosos.
De acordo com Felício (2005), professor associado da Faculdade de Engenharia de
Alimentos da Unicamp, em artigo publicado na Revista ABCZ, apesar de transformações
fenotípicas, a genética do corpo humano segue ao longo da história com mudanças irrisórias e
imperceptíveis, diferente de seus padrões alimentares que além de necessidades físicas,
envolve aspectos sociais, culturais, religiosos, crenças, gênero, questões financeiras entre
outros. (CUNHA, C.)
O estudo da alimentação de diferentes comunidades é um método que possibilita o
entendimento de diversos acontecimentos da história desses indivíduos, suas características ao
longo do tempo e que atualmente constitui forte representação de sua identidade.
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alimentos envolve uma série de fatores e aspectos sociais que não se resumem apenas ao
alimento em si, mas tem forte relação cultural, tradicional, psicológica e social.
Dentre os países citados anteriormente, o Japão é um dos países mais estudado por
pesquisadores da área de alimentos e nutrição, pois trata-se de uma nação com maior índice
de longevidade e também por particularidades em sua cultura. Okinawa, por exemplo,
apresenta a expectativa de vida de 87,64 anos para as mulheres e 81,64 anos para os homens
com base em dados de 2020 fornecidos pelo governo nipônico (MIRANDA, 2022).
Além da longevidade dos japoneses, segundo o Centro Nacional de Pesquisas
Oncológicas (CNIO na sigla em espanhol), há o estudo de que a longevidade de um indivíduo
apresenta maior dependência de sua rotina do que de sua genética (BBC BRASIL, 2015)
De acordo com o artigo publicado no site do El País (2015), a tradição, cultura e os
hábitos dos japoneses são fundamentais para a elevada expectativa de vida dos seus
residentes, sendo o Japão um país que já abriga em torno de 40.000 indivíduos centenários.
A nação tem essa quantidade de pessoas longevas devido ao seu modo de vida e
principalmente a sua cultura alimentar que consiste em dietas ricas em verduras, legumes e
vegetais, consumo de alimentos fermentados, como natto – matriz alimentícia obtida por meio
de grãos de soja fermentados pelo microrganismo Bacillus subtilis (HOBART, 2021), broto de
bambu, broto de feijão, azuki – espécie de feijão (Vigna angularis) originária da ásia e que
apresenta elevado teor nutricional (ORSI, D. C.; NISHI, A. C. F.; CARVALHO, V. S. C.;
ASQUIERI, E. R, 2017) –, melão de são caetano, gengibre, bardana (SILVA, 2018), entre
outros superalimentos, em outras palavras, matrizes alimentícias com alta concentração de
nutrientes essenciais ao organismo humano e também conta com a presença de importantes
bioativos em sua composição.
A população nipônica é adepta da prática de atividade física regular, aliada à
alimentação balanceada, o que traz resultados positivos sobre as taxas de obesidade e de
doenças coronarianas que mostram-se mínimas em comparação com demais países do
ocidente. De acordo com a Tabela 1, há as taxas de indivíduos com sobrepeso ou obesidade
em 2016 (ROSER, RITCHIE, [n.d.]),
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Tabela 1. Comparação de países sobre a taxa de sobrepeso ou obesidade e mortalidade
causada pelo sobrepeso
A vida atribulada das pessoas faz com que as decisões alimentares não sejam
adequadas, pois acabam dedicando mais tempo para suas atividades profissionais e
acadêmicas, logo não dispõe de tempo para o preparo de refeições saudáveis e acabam
optando por comidas pré-preparadas ou lanches que são nutricionalmente insuficientes para as
funcionalidades do organismo além de serem ricas em açúcares e gorduras (BBC BRASIL,
2022).
Além do desequilíbrio alimentar, também há o sedentarismo, que foi intensificado
durante a epidemia de Covid-19. Essa ausência da prática regular de exercícios físicos aliada à
escolha de uma dieta desbalanceada é intensamente alertada por cientistas, pesquisadores e
médicos sobre o possível desenvolvimento de doenças crônicas (BBC BRASIL, 2022).
Essas enfermidades crônicas causadas por um estilo de vida não saudável podem
aparecer após alguns anos, contudo, de acordo com um estudo elaborado por pesquisadores da
Royal Society Open Science, a dieta ociental pautada em consumo de alimentos com altos
teores de carboidratos simples e gordura trans, é inflamatória para o organismo, afetando
principalmente o cérebro (FILHO, 2020) (BBC BRASIL, 2022).
O estudo foi realizado com dois grupos de estudantes que apresentavam hábitos
saudáveis, na alimentação e na prática de exercícios físicos. O estudo consistiu no teste de
memória de ambos os grupos após serem alimentados, sendo o primeiro grupo de controle,
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recebendo alimentação balanceada e o grupo de teste, recebendo alimentação ocidental
hipercalórica. O resultado foi que o grupo controle não apresentou diferença em suas
habilidades de memorização, no entanto o grupo de teste apresentou problemas na
memorização e afetou os hábitos alimentares desses indivíduos que após efetuarem refeições
e já saciados, ainda desejavam consumir alimentos oleosos e açucarados.
Após o término do estudo, o grupo de teste retornou ao seu padrão de vida habitual
recobrando suas habilidades de memorização. Diante desses resultados, os pesquisadores
puderam reafirmar que a dieta rica em gordura trans, sódio e açúcar é extremamente nociva
ao cérebro humano, mais especificamente na região do hipocampo que é responsável pela
memorização, aprendizado e controle da fome. Dessa forma, os pesquisadores concluíram que
dietas e rotina desequilibrada podem prejudicar o desenvolvimento cognitivo de pessoas, mas
que pode ser revertido pela adoção de melhores hábitos alimentares e exercícios físicos.
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5. ASPECTOS NUTRICIONAIS DE ALIMENTOS
5.1. Superalimentos
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pois se trata de um conhecimento que deveria ser de domínio público (Redação G1,
2019)(BENDINO, N. I.; POPOLIM, W. D.; OLIVEIRA, C. R. A, 2012).
Sem fácil acesso a informações essenciais sobre questões nutricionais, a população
tende a ter hábitos alimentares de acordo com o que estão habituados e não com fundamentos
em sua necessidade fisiológica para boa funcionalidade do seu organismo. A dieta saudável é
imprescindível para o desenvolvimento físico e mental, além da garantia de um processo de
envelhecimento sadio, no entanto os indivíduos sem acesso a conhecimento sobre a ingestão
diária recomendada de nutrientes e sem acesso tempo para realizar atividades físicas, acaba
permanecendo com alimentação inadequada elevando seus níveis séricos de glicose e
colesterol.
Ainda que haja rotinas com má gestão de tempo em relação a refeições apropriadas, o
fomento ao consumo de matrizes alimentares com alta densidade nutricional deveria ser mais
amplo e difundido. Esse elevado teor de vitaminas e minerais em certos alimentos acaba por
classificá-los como superalimentos por serem insumos com grande porcentagem de
carboidratos complexos, fibras, proteínas, minerais e compostos bioativos. Encontra-se esses
alimentos de modo fácil na culinária nipônica, são os alimentos de fermentação natural como
o natto.
5.1.1. Natto
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mesmo após 18h do início do teste, por outro lado o grupo de teste teve resultados
satisfatórios com os cães apresentando normalidade na sua circulação sanguínea após 5h de
administração da enzima nattoquinase em quatro doses de 250mg, totalizando 1g (DERAM,
2020).
Além dos benefícios de prevenção à saúde do fluxo sanguíneo, a nattoquinase também
pode ser utilizada em tratamentos para regular os níveis de pressão arterial e também prevenir
doenças como varizes e aterosclerose (DERAM, 2020).
.
17
bambu como fonte alimentar, resultando na receita anual de US$6,5 bilhões. (FARHAT, 2010
apud MAURÍCIO, 2016).
5.1.3. Kombucha
O Kombucha é uma bebida obtida pelo processo de fermentação do chá verde ou preto
por uma simbiose de leveduras e bactérias conhecida por ‘Scoby’ (Symbiotic culture of
bacteria and yeast). Através da fermentação ocorre a produção de gás carbônico na bebida,
tornando-a atrativa para pessoas que estão optando por dietas mais saudáveis ou por
substitutos de refrigerantes. (KIM; ADHIKARI, 2020, apud, PEREIRA, D. M.; SILVA, S. X.;
LIMA, L. C.; ARAÚJO, L. F. S.; BRITO, I. L., 2021).
Em pouco tempo a bebida ganhou popularidade devido aos benefícios de ação
antioxidante, prevenção de enfermidades não transmissíveis, auxiliando o processo de
digestão, reduzindo reações inflamatórias, podendo auxiliar em tratamentos oncológicos. Por
esse motivo o kombucha está sendo cada vez mais aceito pelos consumidores com
consequente surgimento de novas indústrias produzindo tais bebidas funcionais (SANTOS et
al., 2018, apud, PEREIRA, D. M.; SILVA, S. X.; LIMA, L. C.; ARAÚJO, L. F. S.; BRITO, I.
L., 2021).
É válido ressaltar que os estudos in vitro realizados acerca dos benefícios causados
pelo consumo de kombucha ao organismo humano apresentam confiabilidade, porém ainda
não há significativa quantidade de pesquisas in vivo que garantem a eficácia de todos os
benefícios do kombucha ao metabolismo humano (JAYABALAN et al., 2014; WATAWANA
et al., 2015 apud., PEREIRA, D. M.; SILVA, S. X.; LIMA, L. C.; ARAÚJO, L. F. S.; BRITO,
I. L, 2021).
Com base na Instrução Normativa de nº 41, de 17 de setembro de 2019 do Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), o kombucha é definido como: ‘bebida
fermentada obtida através da respiração aeróbia e fermentação anaeróbia do mosto obtido pela
infusão ou extrato de Camellia sinensis e açúcares por cultura simbiótica de bactérias e
leveduras microbiologicamente ativas (SCOBY)”
Essa definição sobre o produto pelo MAPA atua como referência para a indústria
brasileira uma vez que permite a formulação da bebida funcional com o emprego de
ingredientes adicionais como especiarias, aromas e frutas (KIM; ADHIKARI, 2020 apud.,
PEREIRA, D. M.; SILVA, S. X.; LIMA, L. C.; ARAÚJO, L. F. S.; BRITO, I. L., 2021).
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O kombucha apresenta inúmeras vitaminas e minerais, como aminoácidos, pigmentos,
enzimas, vitaminas do complexo B, vitamina C, ácido cítrico, ácido glucurônico, açúcares
entre outros metabólitos produzidos pelo mosto.(JAYABALAN et al., 2014)(PEREIRA, D.
M.; SILVA, S. X.; LIMA, L. C.; ARAÚJO, L. F. S.; BRITO, I. L., 2021).
A versatilidade de formulação que a Instrução Normativa e o Padrão e Identidade e
Qualidade possibilitam, apresenta diversos caminhos para a bebida, como o emprego de
outras ervas, adição de diferentes tipos de açúcares no processo de fermentação. Essa
variedade de formulações eleva de maneira exponencial as combinações possíveis que
profissionais responsáveis pela elaboração de ingredientes para bebida podem ter. Essa vasta
gama de possibilidades traz benefícios aos consumidores por existirem mais opções de uma
mesma bebida e amplia o portfólio de produtos desse tipo de bebida probiótica.
5.1.4. Yacon
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5.1.5. Melão de São Caetano
5.1.6. Bardana
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componente prebiótico para a manutenção da saúde gastrointestinal com auxílio da digestão e
alívio de eventuais processos inflamatórios.(SAAD, 2006 apud., SILVA, 2018).
Ligninas são compostos orgânicos que auxiliam no combate de enfermidades
relacionadas a níveis séricos de glicose, como a diabetes, colaborando por consequência no
tratamento ao sobrepeso. (SAÇO, 2015; CARLOTTO,2013)
Os flavonóides, por sua vez, contribuem para a extensão da longevidade e prevenção a
doenças cardiovasculares.STUKER, 2012). Com base em Tamayo, os compostos bioativos:
polifenóis encontrados na raiz da bardana apresentam elevado potencial de atuarem como
inibidores de quadros clínicos de metástases.
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A farinha de linhaça é indicada para elevar a ingestão de fibras e redução nos níveis de
colesterol da mesma forma que se apresenta a farinha de aveia em seu consumo e benefícios
ao organismo humano (ALVES, 2020).
É importante mencionar a farinha de arroz que é extremamente importante para
indivíduos que apresentam restrição alimentar ao glúten. Esse ingrediente apresenta baixo
índice glicêmico, constituindo ótimo substituto para a farinha de trigo (ALVES, 2020).
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Uma forma de tornar alimentos nutritivos mais acessíveis é através da formulação de
alimentos industrializados com fortificação em micronutrientes (ISMAEL, 2011) . Em um
projeto administrado pela professora Maria Teresa Pedrosa Silva Clerici , da Universidade
Estadual de Campinas, Faculdade de Engenharia de Alimentos, um grupo de alunos
pesquisadores trabalharam no desenvolvimento de uma farinha a base de bambu, com maior
qualidade nutricional em comparação com farinhas brancas convencionais (ANVISA,
2018)(UNICAMP, 2018).
Esse produto obtido pela pesquisa e desenvolvimento desse grupo estudantil foi
aplicado em formulações de preparo de massa alimentícia – fettuccine e de biscoito do tipo
cookie. Os resultados obtidos foram positivos (ANVISA, 2018).
A formulação dos biscoitos cookies apresentaram resultados positivos na redução em
50% de níveis de gordura e açúcar em comparação com os padrões. Houve melhoria da vida
de prateleira (“shelf life”) do produto com essas melhorias na composição e condições de
armazenamento menos específicas (ANVISA, 2018).
Os aspectos físico-químicos indicaram melhoria geral os e sensoriais não
apresentaram mudanças significativas, sendo um ponto positivo para melhor aceitação da
população e mais incentivos para que o setor da indústria de alimentos se engajem para o
desenvolvimento de produtos com maior benefícios ao organismo e sem diferenças
significativas com os produtos convencionais encontrados em gôndolas de mercados
(UNICAMP, 2018).
O Brasil encontra-se em segundo lugar no ranking de produção de biscoitos e de
massas alimentícias. Tanto a formulação de fettuccine quanto a de cookies mostraram
resultados positivos no teste de avaliação sensorial, representando potencial aceitabilidade
pelos consumidores, além disso houve significativa redução da quantidade de açúcares na
formulação do fettuccine (UNICAMP, 2018).
Anteriormente foram citados diversos impactos positivos nos produtos finais obtidos
pelo emprego das farinhas nutricionais na composição de outros alimentos. Porém um
impacto benéfico e indireto ao produto final causado pela transformação dos cultivares de
brotos de bambu em farinhas é o melhor aproveitamento desse vegetal resultando em menores
perdas no processo de pós colheita (UNICAMP, 2018).
Por conta de crescente aumento de consumidores por dietas mais saudáveis e
nutricionalmente completas, há o aumento na quantidade de pesquisas e testes para
formulação de farinhas funcionais, com ação prebiótica e/ou probiótica através da adição de
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ingredientes como bardana, maracujá, laranja, yacon, batata doce, grão-de-bico e berinjela
devido ao aproveitamento completo dessas matérias primas (UNICAMP, 2018)(CRUZ, 2021).
Há outros estudos que apontam vantagens nutricionais pelo emprego de farinhas
enriquecidas e com elevado teor de fibras e nutrientes em produtos derivados do leite, como a
adição da farinha de maracujá em lácteos (CRUZ, 2021)(SANTOS, 2022). Essa adição é
benéfica, pois a pectina contida em grande quantidade, colabora para manutenção de aspectos
reológicos do produto além de conferir maior saciedade devido ao seu retardo no processo de
esvaziamento do sistema gastrointestinal.
O requeijão cremoso também ostentou efeitos adequados em seus aspectos de textura,
viscosidade, além de manterem suas características sensoriais e nutricionais sem apresentar
riscos microbiológicos à saúde do consumidor, pelo emprego de farinha de maracujá como
um de seus ingredientes (CRUZ, 2021)(SANTOS, 2022).
A batata Yacon, transformada em farinha e adicionada ao iogurte pode se tornar um
importante produto para o mercado de alimentos uma vez que a presença de
frutooligossacarídeos em sua composição nutricional é responsável pela redução de teores de
gordura, em sua parcial ou completa totalidade, resultando na redução das calorias do
alimento. A formulação do iogurte probiótico apresentou avaliação média negativa acerca de
seus parâmetros de aceitabilidade sensorial, isso significa que são necessários novos testes
para elaboração de diferentes concentrações de farinha de yacon em iogurtes (CRUZ, 2021).
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pequeno grupo de indivíduos tenha mais relevância em detrimento do interesse de uma
população.
Essas alegações são motivadas pelo subaproveitamento de terras férteis que deveriam
ser empregadas para a geração de alimentos destinados ao mercado consumidor interno,
nutrindo a nação brasileira, mas são destinadas à produção de pecuária no seu modo de
produção extensivo. Além disso, as terras utilizadas para a produção de insumos rurais, são
destinadas à produção de commodities agrícolas, que recebem incentivos fiscais para o
processo de exportação (INESC, [s.d]).
As informações supracitadas mostram que a gestão pública é prejudicial aos
brasileiros, pois além de onerar a população pelo subaproveitamento de terras férteis,
corrobora com políticas públicas de incentivo fiscal à produção e comercialização de
commodities, com ampliação aos alimentos ultra processados e elevando as taxas
inflacionárias de alimentos destinados ao mercado interno, que são produzidos por pequenos
agricultores e disponibilizados por comércios de pequeno porte (INESC, [s.d]).
Apesar de criação e aprovação de projetos de lei que fomentam a fortificação de
alimentos por meio da adição de micronutrientes, empresas conseguem driblar as regras
impostas pela legislação a partir do momento que realizam o enriquecimento de seus produtos
com variedades de nutrientes de menor custo, porém que apresentam menor
biodisponibilidade para o organismo humano.
Logo, pode-se dizer que políticas públicas sozinhas mostram-se insuficientes como
medida eficaz de combate à fome, insegurança alimentar e à pobreza, uma vez que os
cidadãos não apresentam visão coletiva pelos seus iguais.
É necessário incutir a potencialidade de lucros exorbitantes no desenvolvimento de
produtos alimentícios funcionais, prebióticos e probióticos, em grandes empresários de
indústrias para aumento da oferta de alimentos mais nutritivos e consequentemente redução
no seu preço de aquisição.
10. CONCLUSÃO
ALVES, M. Tipos de farinha mais comuns no Brasil vão muito além do trigo. Disponível
em: < https://agro20.com.br/tipos-farinha/>. Acesso em: 30 set. 2022
27
BENDINO, N. I.; POPOLIM, W. D.; OLIVEIRA, C. R. A. Avaliação do conhecimento e
dificuldades de consumidores frequentadores de supermercado convencional em relação
à rotulagem de alimentos e informação nutricional. J Health Sci Inst. 2012;30(3):261-5
DERAM, S. O que a alimentação ocidental pode fazer com a sua memória e o seu apetite
Disponível em:
<https://nutricaosemneura.blogosfera.uol.com.br/2020/03/11/o-que-a-alimentacao-ocidental-p
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INESC. Subsídios bilionários que matam: como o lobby do agronegócio dobra o governo
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<https://www.inesc.org.br/en/subsidios-bilionarios-que-matam-como-o-lobby-do-agronegocio
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29
ISMAEL, L. A. S. Consumo do trigo na alimentação brasileira e sua projeção na
estratégia de fortificação de farinhas de trigo. Dissertação para obtenção do título de
mestre na área de nutrição. Universidade de São Paulo. São Paulo - SP, 2011.
OLIVEIRA, M. Brasil é o país mais desigual; 1% mais rico fica com quase metade da
riqueza. Disponível em:
<https://monitormercantil.com.br/brasil-e-o-pais-mais-desigual-1-mais-rico-fica-com-quase-
metade-da-riqueza/>. Acesso em: 8 de nov. 2022
30
BBC BRASIL. COMO A DIETA OCIDENTAL TIROU A NOSSA EVOLUÇÃO DOS
TRILHOS. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/brasil-62187414>. Acesso em:
30 out. 2022.
31