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INSTITUTO FEDERAL DA PARAIBA

CAMPUS JOÃO PESSOA

ALYSSON SANTOS DE AQUINO PEREIRA

LÊDSON JYAN DA CRUZ CASTRO

ARTIGO CIENTÍFICO

João pessoa - PB
2023

1
TÍTULO

OS IMPACTOS CAUSADOS PELA COVID-19 NA AGRICULTURA FAMILIAR

Trabalho de Conclusão de Curso Técnico


apresentada a Comissão de avaliação da ECIT
Agenor Clemente dos Santos, como requisito
para obtenção do título de Técnico em
Agropecuária.

Alagoinha – PB

2022

2
AGRADECIMENTOS

O desenvolvimento deste trabalho de conclusão de curso contou com a ajuda de diversas


pessoas, dentre as quais agradeço:
A minha família, que me incentivaram a cada momento e não permitiram que eu
desistisse.
Aos professores orientadores, que me acompanharam pontualmente, dando todo o
auxílio necessário para a elaboração do projeto.
Agradeço a Escola Cidadã Integral Técnica Agenor Clemente dos Santos por ter me
dado à chance e todas as ferramentas que permitiram chegar hoje ao final desse ciclo de maneira
satisfatória.
Aos professores do curso de Técnico em Agropecuária que através dos seus
ensinamentos permitiram que eu pudesse hoje está concluindo este trabalho.
A todos que participaram das pesquisas, pela colaboração e disposição no processo de
obtenção de dados.
Aos meus amigos, pela compreensão das ausências e pelo afastamento temporário.

3
RESUMO
A pandemia do vírus SARS-CoV-2 atingiu duramente vários setores, muitos processos de
produção foram afetados devido as medidas sanitárias necessárias para amenizar a propagação do vírus.
Com a suspensão e redução das atividades econômicas, ocorreu uma diminuição na geração de renda
na oferta de emprego e consequentemente o aumento da pobreza. As atividades voltadas para a
agricultura familiar, foram impactadas pela pandemia do Covid-19, com isso surgiu um aumento da
vulnerabilidade social e redução da renda dos agricultores, sendo esta atividade primordial para a
agricultura local principalmente em termos de fluxos de renda. Em decorrência disso, os agricultores
estão buscando mercados alternativos para superar as dificuldades de comercialização impostas pela
pandemia. Com base nisso, observamos que, durante esse período pandêmico, elevou-se o
individualismo, deterioração do ambiente social e mudanças nos padrões econômicos. Destacando,
entre outras coisas, a necessidade de implementação de políticas públicas para a agricultura familiar no
Brasil pós-pandemia. O objetivo deste trabalho é traçar o impacto da pandemia de Covid-19 na
agricultura familiar no Brasil.

Palavras chave: Covid-19, Agricultura Familiar, Economia.

ABSTRACT

The SARS-CoV-2 virus pandemic has severely affected various sectors, with many production
processes being impacted due to necessary sanitary measures to mitigate the virus spread. The
suspension and reduction of economic activities have resulted in a decrease in income generation, job
opportunities, and consequently an increase in poverty. Activities related to family farming have been
significantly impacted by the COVID-19 pandemic, leading to increased social vulnerability and a
reduction in farmers' income. Family farming plays a crucial role in local agriculture, particularly in
terms of income flows. As a result, farmers are seeking alternative markets to overcome the difficulties
imposed by the pandemic in terms of commercialization. During this pandemic period, we have
observed an increase in individualism, deterioration of the social environment, and changes in economic
patterns. This highlights the need for the implementation of public policies for family farming in Brazil
in the post-pandemic period. The objective of this study is to trace the impact of the COVID-19
pandemic on family farming in Brazil.

Keywords: Covid-19, Family Farming, Economy.


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .............................................................................................................6

AGRICULTURA FAMILIAR ......................................................................................7

Importância da agricultura familiar ...............................................................................9

Impactos causados pela COVID-19 ............................................................................10

METODOLOGIA .......................................................................................................12

DISCUSSÃO ...............................................................................................................13

CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................15

REFERENCIAS ..........................................................................................................16

5
INTRODUÇÃO

No setor agrícola, a agricultura familiar se destaca por um processo de produção mais


baseado na terra, pois depende dela para subtrair alimentos do consumo diário e o excedente
ainda pode gerar uma fonte adicional de renda. Segundo Guanziroli (2001), a agricultura
familiar desempenha o papel de garantir uma transição socialmente equilibrada de uma
economia rural para uma economia urbana e industrial, com o objetivo de produzir produtos
mais baratos na agricultura e, portanto, o excedente que não está mais disponível para os
alimentos utilizados no comércio vai para as indústrias, aquecendo a economia.

O papel desse novo setor da economia agrária familiar, no modelo de industrialização


dependente, é produzir alimentos baratos para alimentar a incipiente classe trabalhadora, que
trabalha em pequenas casas para a produção de matérias-primas para fábricas, seja como
energia ou para o surgimento das primeiras indústrias agrícolas; e fornecer mão de obra barata
para trabalhar nas fábricas. (OLIVEIRA; STÉDILE, 2005).

O processamento de alimentos por famílias rurais, longe de ser uma prática nova, é uma
atividade que, historicamente, compõe a lógica de funcionamento da agricultura familiar
(MIOR, 2005). Nesse sentido, o processamento de alimentos, feito principalmente pelas
mulheres rurais é como uma extensão das atividades da cozinha do seu lar, voltava-se ao
consumo doméstico. (WILKINSON et al. 2017).

A agricultura familiar é primordial para garantir a segurança alimentar e nutricional do


povo brasileiro, pois o país responde por 70% dos alimentos consumidos no mundo com base
no modelo de agricultura familiar, onde esse modelo de agricultura familiar está presente em
abundância nas terras agrícolas globais, a média regional é: 85% na Ásia; 62% na África; 83%
na América do Norte e Central, 68% na Europa e 18% na América do Sul. (FAO, 2014).

Dentro da importância expressa anteriormente, esse trabalho tem o objetivo expor e


analisar os mercados da agricultura familiar brasileira durante o período da pandemia de Covid -
19.

6
AGRICULTURA FAMILIAR

A agricultura é um setor econômico que influencia de forma muito significativa no


desenvolvimento do Brasil. Parte da economia brasileira depende da agricultura, pois este
é um setor que gera empregos para 10% da população ativa*, 20% das exportações são de
produtos agrícolas, 25,5% do PIB (Produto Interno Brasileiro) são representados pela
agricultura. (CEPEA, 2022)

Como forma específica de produção nos espaços rurais temos a agricultura familiar,
podendo ser entendida como um grupo social que compartilha um mesmo espaço e explora
em comum uma unidade de produção em uma área de terra específica. Esse coletivo está
ligado por laços de parentesco e consanguinidade entre si, podendo a ele pertencer,
eventualmente, outros membros não consanguíneos (SCHNEIDER, 2003).

Adicionalmente a estas características, autores como Abramovay (1998) e Ploeg


(2008) reiteram a capacidade da agricultura familiar de se relacionar com os mercados e
sua predisposição em acompanhar os principais avanços técnicos a partir dos
conhecimentos científicos.

Segundo a FAO; (2021), existem mais de 608 milhões de agricultores familiares


em todo o mundo, ocupando entre 70 e 80% das terras agrícolas do mundo e produzindo
cerca de 80% dos alimentos do mundo em termos de valor.

A nova pesquisa traz estimativas sobre o tamanho das fazendas: cerca de 70% de
todas as fazendas, operando em apenas 7% de todas as terras agrícolas, têm menos de um
hectare, ou 10 mil metros quadrados. Outros 14% das fazendas, controlando 4%, estão
entre um e dois hectares, e outros 10% de todas as fazendas, com 6% da terra, têm entre
dois e cinco hectares. FAO; (2021)

Enquanto isso, apenas 1% das fazendas do mundo possuem mais de 50 hectares,


operando mais de 70% das terras agrícolas do mundo. E quase 40% das terras agrícolas
são encontradas em fazendas com mais de 1000 hectares. FAO; (2021)

7
A apresentação da distribuição espacial dos dados referentes aos estabelecimentos
agropecuários e aquícolas de agricultura familiar brasileira é destacado alguns pontos
mais gerais sobre o setor referentes ao ano de 2017.

Do total de estabelecimentos agropecuários nacionais (5 073 324), 76,8%


correspondiam à agricultura familiar (3 897 408), ocupando 23,0% do total da área
dedicada a atividades agropecuárias. Uma pequena parcela desses estabelecimentos é
classificada como de produtores sem área (1,4%). Esse grupo inclui produtores em terras
arrendadas, ocupadas ou em parceria, além de extrativistas, produtores de mel, criadores
de animais em beira de estrada, produtores na vazante de rios, roças itinerantes e em beira
de estrada; que se concentram em sua maioria nas Regiões Nordeste (76,8%) e Norte
(14,5%) do País. (IBGE,2017)

A agricultura familiar dava ocupação, em 2017, a 66,3% dos trabalhadores em


atividades agropecuárias. Em relação aos produtores de agricultura familiar, 81,0% estava
na condição de proprietário das terras. Quanto à idade, foi observada maior concentração
em faixas etárias superiores aos 55 anos, padrão diferente da agricultura não familiar que
registrou maior presença de produtores nas faixas de até 55 anos. O levantamento inédito
sobre a cor ou raça dos produtores, apresentado detalhadamente a diante, mostrou maiores
percentuais de estabelecimentos com produtores declarados de cor ou raça parda (45,8%),
branca (43,4%) e preta (8,9%). Esse breve panorama permite visualizar, em números, a
relevância e as especificidades desse setor agropecuário e sua vinculação à unidade
familiar. (IBGE 2017)

8
Importância da Agricultura Familiar

As ações de fortalecimento da agricultura familiar são estratégias de combate à


fome, pobreza e insegurança alimentar, não são uma exclusividade brasileira, mas se
inserem em uma agenda internacional promovida por diferentes agências que corroboram
a relevância destes atores sociais como principais responsáveis pela prod ução doméstica
de alimentos. Segundo dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a
Agricultura (FAO; 2020), a agricultura familiar responde por cerca de 80% do valor de
produção em alimentos no mundo, tendo 500 milhões de pessoas dedicadas a atividades
agropecuárias, sendo uma produção majoritariamente concentrada em propriedades
pequenas, visto que aproximadamente 475 milhões dos estabelecimentos têm menos de 2
hectares.

No Brasil, o Censo Agrícola do (IBGE;2021) indica que a agricultura familiar é a


base econômica de 90% dos municípios brasileiros com até 20 mil habitantes, com uma
produção diversificada de grãos, proteínas animal e vegetal, frutas, verduras e
legumes. Os agricultores familiares têm importância tanto para o abastecimento do
mercado interno quanto para o controle da inflação dos alimentos do Brasil, produzindo
cerca de 70% do feijão, 34% do arroz, 87% da mandioca, 60% da produção de leite e 59%
do rebanho suíno, 50% das aves e 30% dos bovinos.

Esse contexto nos alerta para a importância da implementação de ações de apoio,


assistência e fortalecimento da agricultura familiar sendo essas altamente estratégicas para
o desenvolvimento social e sustentável a nível global. O Brasil segue uma tendência
similar, visto que a agricultura familiar representa 77% do total de estabelecimentos
agrícolas, gerando trabalho e renda para 10,1 milhões de pessoas que ocupam 67% dá
população economicamente ativa nos estabelecimentos agropecuários. (IBGE, 2017)

9
Impacto causado pela COVID – 19

A recente situação epidemiológica de saúde pública decorrente da pandemia de


Covid-19, provocou crises em todas as esferas da vida humana. Conforme relata
Leopoldo (2020), alguns especialistas chegam a considerar tal pandemia como o marco
do encerramento efetivo do século XX e início do século XXI. Com isso distintas esferas
da união, adotaram medidas de urgência para conter a propagação doméstica da
pandemia, dentre estes, o fechamento da maior parte do comércio, a suspensão das aulas
nas escolas públicas e privadas e a proibição de atividades e eventos que aglomerem
grande número de pessoas, reduziram o nível de atividade econômica por todo o país,
impactando diversos setores da economia, sistema de produção e comercialização.

O aumento do desemprego, alta da informalidade, diminuição do crescimento


econômico e conflitos fiscais graves, que ocorreram devido a pandemia, não foi só
“privilegio” do setor urbano, mas também no espaço rural, proporcionando uma lentidão
econômica, impactando diretamente as atividades desenvolvidas na agricultura, e de
forma especial a agricultura familiar (IBGE, 2022).

Segundo Del Grossi (2020), utilizando dados da Pesquisa Nacional por Amostra
de Domicílios (Pnad Contínua) referentes ao mês de julho de 2020, metade dos
Agricultores Familiares do país (51%) relataram diminuição de receita, com perda média
de 35% da renda bruta familiar mensal. Outras limitações que atingiram o segmento
foram provenientes da paralisação das compras públicas pelos mercados institucionais (a
exemplo do Programa Nacional de Alimentação Escolar [Pnae] (HLPE, 2020).

Podemos observar que a agropecuária foi um dos setores com mais problemas, o mesmo
foi afetado na comercialização dos produtos em feira livre, exposições que foram canceladas,
bares, restaurantes, churrascarias, zonas litorâneas e outros que foram fortemente movidas pelo
turismo e consumo gastronômico, como é o caso da caprinocultura e ovinocultura no Nordeste
brasileiro, desativação de abatedouros que impactaram a demanda da oferta e da procura de
produtos, em parte oriundos da atividade familiar, bem como problemas de escoamento e de

10
manutenção dos processos produtivos, dificuldades de disponibilidade de insumos e acesso ao
crédito rural, assim como da qualidade ambiental, que coloca em xeque a sobrevivência
planetária (LUCENA A, HOLANDA-FILHO., BOMFIM 2020; LOEBLEIN, 2020;
SCARAMAZZO, SILVA, CHIARA, 2020., SOUSA; JESUS, 2021; VALADARES et al.,
2021; IICA, 2020).

A pandemia do coronavírus, alterou drasticamente as formas de se relacionar,


estudar e trabalhar. Com isso, as diferentes atividades tiveram que ser remodeladas e
adaptadas a essa nova realidade, que impõe o distanciamento social e mudou os modos
de consumo e produção, em diferentes contextos e espaços geográficos, ao redor do
mundo. De forma geral, a pandemia obrigou a adoção de modelos alternativos para a
continuidade das atividades básicas. As instituições de ensino passaram a ofertar o ensino
remoto, diversas empresas mudaram sua rotina de produção, em escala e sistematização.
E, no campo os grandes e pequenos produtores também precisaram se adaptar, para
manter em atividade a cadeia de suprimentos do país e garantir a continuidade e
manutenção da agricultura, frente ao período de crise do coronavírus (VIEIRA FILHO,
2020).

Todo este complexo de situações foi maximizado no Brasil, pois o mesmo enfrentava
um momento altamente delicado, em que após alguns anos de sucesso no combate a fome e a
insegurança alimentar, o país enfrenta crises políticas e econômicas que colocam a sociedade
em um contexto de vulnerabilidade. (UOL.,2020)

Como o Brasil é um país que se destaca na exportação de diversos tipos de produtos e


commodities, as regras sanitárias rígidas tornou-se o ponto principal dos processos produtivos.
Contudo, em virtude da emergência da saúde pública, o funcionamento de muitas atividades foi
reduzido ou paralisado, tornando o país mais vulnerável ao mercado internacional (SESSA et
al., 2020).

As implicações deste trabalho vão além de um estudo de caso de uma pequena empresa
familiar rural. É preciso reafirmar que a agricultura familiar no meio rural se destaca não apenas
por ser uma prática importante para o desenvolvimento econômico regional e nacional, mas
também por sua capacidade de inovar e aproveitar os novos recursos e oportunidades locais.
(SILVA et al., 2003). Exigindo a necessidade de alterações sobre modelos aplicados em linhas
de produção, padrões de vendas, marketing e comercialização.

11
METODOLOGIA
Para a realização desta pesquisa, realizou-se uma revisão de literatura integrativa, em
publicações científicas nacionais e internacionais. Para tanto, foram consultadas duas bases de
dados, sendo: a Scientific Electronic Library Online (SCIELO) e o Google Acadêmico.

Também, foram utilizados para esta construção teórica alguns livros. Como critério de
busca adotou-se as seguintes palavras-chave: Agricultura familiar; Pandemia de Covid -19;
Economia.

Nossa pesquisa foi realizada no período de setembro - dezembro de 2022.

Os materiais de interesse foram previamente arquivados e lidos na íntegra, a partir de


uma análise crítica. Na sequência, foi realizado o fichamento das ideais centrais e,
posteriormente, a construção do texto final.

12
DISCUSSÃO

Como argumenta Bianco e Chuavet (2020), a primeira emergência da pandemia está


diretamente relacionada à vida humana, ou seja, no tratamento dos infectados e na prevenção
antes de seu surgimento, porem a produção, distribuição, acesso e melhoria da qualidade dos
alimentos para a população, também poderia ser considerado como primeira emergência, visto
a extrema importância da alimentação para vida humana, sendo fundamental que o Estado tenha
políticas e desenvolva programas de apoio a agropecuária familiar pós-pandemia, além de
medidas de transferência de renda para aqueles em risco socioeconômico.

A crise causada pela pandemia de covid-19 tem demonstrado a importância da


agronomia, por meio dos modelos de desenvolvimento da agricultura familiar, em diferentes
territórios nacionais, na organização social das comunidades rurais, na construção do
conhecimento local e na segurança alimentar, na redução das desiguald ades sociais, têm
mostrado resultados na produção e comercialização de produtos pecuários.A família, através
do impacto da atual crise humanitária de saúde, está afetando diretamente o desenvolvimento
econômico e social de um país. Conclui-se da importância das políticas públicas, que já está
estão consolidadas nas agendas de mobilização, das assessorias técnicas rurais, das
organizações não governamentais e públicas, das entidades representativas da agricultura
familiar, consolidada por atividades presenciais e adequadas a um novo modelo de assessoria
técnica rural remota, na adoção de tecnologias de comunicação e organização social, mediante
as normas e decretos para os isolamentos sociais. Fortalecendo os mercados curtos de
comercialização entre agricultor e consumidor, com feiras, centrais de comercialização dos
produtos da agricultura familiar agroecológica, na adequação e inovação desta comercialização
de alimentos saudáveis, de uma maior distribuição de renda, na superação das dificuldades de
produção e comercialização. Mediante a problemática da pandemia, que vai se distanciando,
em futuro indefinido, na avaliação das estratégias que se efetivaram na sustentabilidade das
atividades rurais, nos territórios agroecológicos regionais. (SCHNEIDER. 2020)

Além disso, faz-se necessária a retomada de investimentos em Ater no Brasil, já que


desde 2015 o orçamento de políticas voltadas ao desenvolvimento rural sustentável vem sendo

13
reduzido de modo acentuado. Despesas com ações voltadas para o desenvolvimento da
agricultura familiar, como o próprio PAA e ações de Ater para pequenos produtores, tiveram
redução de 33,7% a 99,9% entre 2014 e 2018 (FIAN BRASIL, 2019).

Quanto à proteção financeira e produtiva da agricultura familiar, a prorrogação da


quitação do crédito concedido aos agricultores - a exemplo do Programa Nacional de
Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) -, a criação de novas linhas de crédito
emergencial, a disponibilização de recursos contra problemas climáticos e a antecipação
de crédito para famílias assentadas são algumas das medidas que podem ser adotadas
nesse sentido (VALADARES et al., 2020).

14
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Dado o quadro mutável, instável e imprevisível, seria muito artificial tirar


conclusões sobre o futuro ou "novo normal" do agronegócio e dos sistemas alimentares
em um cenário pós-pandemia. Covid-19. Para o sistema de produtos agrícolas em
particular e para o agronegócio brasileiro em particular, muitos testes e esforços estão em
andamento. Tentei trazer para este trabalho uma parte substancial dos achados e análises
da literatura que podemos acessar e revisar, adaptando-os ao nosso conhecimento.
Acabamos com mais perguntas do que respostas.

A pandemia da Covid-19 vem afetando a saúde e a economia global de uma forma


inaudita, somente comparável a momentos de grande inflexão na história da humanidade,
como a gripe espanhola e a recessão de 1929. Ainda que raras, as crises sempre existiram
e provavelmente continuem a existir. O que nos falta é planejamento e resiliência para
fazer frente a estes eventos, como nos lembram Burneth e Owen (2020).

O sistema alimentar que construímos e tal como o conhecemos atualmente é falho


e vulnerável. Ele não é eficiente e sustentável pelo lado da oferta, pois muitos
trabalhadores do setor de processamento foram infectados em seu ambiente de trabalho e
muitos pequenos agricultores familiares não puderam vender seus produtos e manter os
meios de vida de suas famílias. Pelo lado da demanda, o sistema também mostra falhas,
especialmente pelo fato de fazer chegar a comida quase que exclusivamente àqueles que
podem pagar por ela. É preciso que os supermercados e as lojas de abastecimento tenham
produtos para ofertar, mas acima de tudo é preciso não se esquecer de que aqueles
cidadãos que não têm despensa em casa não deixem de ter a garantia de acesso à
alimentação.

A pandemia da Covid-19 certamente deixará muitos legados, provavelmente mais


negativos do que positivos. Mas é preciso não perder a oportunidade de refletir seriamente
sobre o modo como produzimos, processamos e distribuímos os alimentos. A crise atual
expôs nossas fragilidades e vulnerabilidades. No século XXI já temos suficiente
tecnologia e conhecimento acumulado para que nenhum ser humano passe fome ou fique
em insegurança alimentar.

15
REFERENCIAS

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3. BENEVENUTO, Ana Laura. SOUSA, JUNIOR, José Raimundo. BANDONI, Danie


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7. ESTADÃO - O que é agricultura familiar e qual é a sua importância 2021. Disponível


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