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Além das iniciativas particulares por parte de leigos, a hegemonia católica no ensino também se
via ameaçada pela Reforma Protestante que fazia pesadas críticas em relação à forma como a Igreja
conduzia o ensino. Ao propor que todos pudessem ler e interpretar a Bíblia sem a interferência de
padres, a educação tornava-se instrumento de divulgação da Reforma Protestante.
Lutero, com ideias diferentes daquelas predominantes, considerava que a escola, primária pelo menos,
deveria ser para todos. Embora diferenciando a educação para os trabalhadores (básica, elementar: como ler,
escrever e contar) da educação de nobres e burgueses (equivalente ao ensino médio e superior), os pensamentos
de Lutero a respeito da educação eram bastante avançados para a época. Ele defendia a educação universal,
pública e gratuita, criticando os castigos corporais, bem como os métodos da Escolástica.
A Companhia de Jesus, donde se origina o nome jesuíta, foi fundada por Inácio de Loyola, um soldado
espanhol que, no decurso de sua recuperação de um ferimento em combate, foi acometido por uma devoção
religiosa tal que se transformou em “soldado de Cristo”. O objetivo principal da ordem era o de propagar a fé
católica, lutando contra os pagãos e hereges. Com este ideal espalharam-se pelo mundo: Europa, Ásia, África
e América, mas logo perceberam que seria mais fácil difundir a fé conquistando os jovens e as crianças, pois
os adultos mostravam-se intolerantes. E nada mais adequado para este fim do que a criação de escolas. A
ação pedagógica dos jesuítas formou gerações e gerações de jovens por mais de duzentos anos. Em 1579,
os jesuítas possuíam 144 colégios ao redor do mundo e no ano 1749 eles já eram 669.
A educação do Renascimento se deu em meio a severas críticas à tradição medieval. Era uma
educação que buscava tornar-se cada vez mais laica para divulgar os ideais humanistas e burgueses.
Embora a produção intelectual renascentista fosse bastante profícua, não temos nenhuma obra de
conteúdo exclusivamente teórico ou filosófico a respeito da Educação, mas, sim, várias obras de diversos
autores, recheadas de partes ou trechos dedicados à reflexão educacional, tais como textos de Erasmo
de Roterdã (1467-1536); François Rabelais (1494-1553) e Michel de Montaigne (1533-1592).
A exceção fica por conta de Juan Luis Vives (1492-1540), um espanhol que produziu uma vasta obra sobre
Educação (sendo a principal parte dela Tratado do Ensino), além de ter escrito também sobre educação feminina.
6 O ILUMINISMO E A EDUCAÇÃO
Renascimento e Iluminismo são movimentos intimamente entrelaçados e tentar definir datas para um
e outro é mera questão didática. Chamamos de Iluminismo o movimento cultural que se desenvolveu na
Inglaterra, Holanda e França, nos séculos XVII e XVIII. Os filósofos e economistas que defendiam as ideias
iluministas julgavam-se “propagadores da luz” e do conhecimento. Alguns dos principais pensadores
iluministas foram: René Descartes (“penso, logo existo”), Francis Bacon (“saber é poder”), Isaac Newton,
John Locke, Voltaire, Montesquieu, Rousseau, Denis Diderot e Jean D’Alembert.
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Unidade III
O Iluminismo trouxe consigo grandes avanços que, juntamente com a Revolução Industrial, abriram
espaço para a profunda mudança política determinada pela Revolução Francesa. O precursor desse
movimento foi o matemático e filósofo francês René Descartes (1596-1650), considerado o pai do
racionalismo. O Discurso do método foi o manifesto do movimento racionalista, que se iniciava com
ele, registrando o que percebera antes de todos os outros. Descartes notou que no momento em que
vivia (século XVII), estava acontecendo a exaustão do pensamento tradicional, herdeiro da Escolástica
medieval. O filósofo, de certo modo, queria resgatar para o racionalismo moderno a tradição dos
grandes geômetras antigos, da Grécia clássica, como Euclides e Zenão, trazendo o rigor e a exigência
deles para reforçar as capacitações da mente humana, entravadas pela superstição e pelas seduções
da fé.
• Valorização da razão, considerada o mais importante instrumento para se alcançar qualquer tipo
de conhecimento.
• Crença nas leis naturais que regem todas as transformações que ocorrem no comportamento
humano, nas sociedades e na natureza.
• Crença nos direitos que todos os indivíduos possuem em relação à vida, à liberdade e à posse de
bens materiais.
Podemos ainda citar as seguintes características que proporcionaram grande avanço científico ao
Iluminismo:
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HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO
• Invenção do primeiro microscópio por Robert Hooke (1635-1703). Esse cientista criou o termo
célula, hoje comum em Biologia.
• Eletricidade.
• Surgimento de uma nova ciência — a Geologia —, a partir da qual se desenvolveu uma teoria que
explica a formação da Terra, refutando a versão bíblica da criação do mundo em sete dias e do
mito de Adão e Eva.
Já no Renascimento, como vimos acima, iniciou-se uma nova forma de relação econômica: a comercial,
constituindo-se como a primeira fase do capitalismo. Foi uma fase embrionária, de transição do feudalismo
para um novo sistema econômico que estava se estabelecendo, mas que só ia começar a se consolidar
definitivamente no mundo com o final da Revolução Francesa e com a Revolução Industrial Inglesa.
A Revolução Industrial Inglesa causou uma intensa modificação na forma de se produzir a vida
material. Se antes a confecção de objetos era realizada nas manufaturas, de forma artesanal, com
a criação das máquinas, a fabricação atingiu outros patamares. A energia humana foi sensivelmente
poupada pela energia proveniente das máquinas e o modo de produção doméstico foi gradativamente
sendo substituído pelo sistema fabril.
Em meados do século XVIII, por volta de 1750, com a Revolução Industrial, a Inglaterra inicia um
processo de transformação social e econômica que vai resultar no fim do feudalismo.
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Unidade III
Com finalidades didáticas, os compêndios de História nos informam que a industrialização inglesa
passou por três períodos distintos:
Quadro 2
Revolução restrita à Inglaterra, ficando conhecida como a “oficina do mundo”. Não há concorrência.
1760/1850 Produção predominante: bens de consumo, como os produtos têxteis, por exemplo.
Uso da energia a vapor.
Revolução se amplia: o mundo todo se industrializa. Inicia-se um período de concorrência entre as
nações industrializadas.
A produção não é apenas de bens de consumo, mas de bens de produção, como as máquinas.
1850/1900
Cresce o número de ferrovias.
Invenção da locomotiva e do barco a vapor.
Utilização de diferentes fontes de energia, como hidroelétricas e derivados do petróleo.
Surgimento dos conglomerados industriais, das multi e transnacionais.
A produção se automatiza.
1900 aos dias Surge a produção em série.
atuais Expansão dos meios de comunicação.
Expansão da sociedade de consumo.
Expansão da indústria química e eletrônica, da engenharia genética e da robótica.
A Revolução Inglesa propiciou um avanço das relações econômicas capitalistas e, como consequência,
o mundo assistiu à ascensão da burguesia, que possibilitou o surgimento das chamadas revoluções
burguesas.
Obviamente, a Revolução Industrial não aconteceu de repente e nem por acaso. Ela foi sendo
lentamente gestada desde a Idade Média, alcançando seu apogeu na Inglaterra do século XVIII, uma vez
que este país apresentava condições especiais para o seu florescimento. As invenções que iniciaram o
processo de mecanização da produção ocorreram na área têxtil. As indústrias deste setor localizavam-se
em Lancaster, bem próximas ao porto de Liverpool, cuja localização era privilegiada, pois fazia a ligação
com o comércio colonial, recebendo o algodão que vinha das Antilhas, do Brasil e das colônias inglesas
da América.
Nas antigas manufaturas, o trabalhador ainda detinha algum controle e conhecimento técnico sobre
aquilo que ele produzia, pois ainda não existia o trabalho em série e nem uma organização rígida do
trabalho. Nas fábricas e indústrias isto se modificou completamente. Neles, a organização do trabalho
ampliou o controle do dono da fábrica e do industrial sobre o trabalhador, implicando no estabelecimento
de uma hierarquia e de uma ordem inexistente nas manufaturas artesanais e nas antigas oficinas. Assim,
junto com as primeiras fábricas e indústrias têxteis da Inglaterra, surge também um operário disciplinado
para o trabalho no mundo capitalista.
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HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO
1785. Esta invenção propiciou esplêndido aumento da produção de tecidos. Outra invenção importante
para o setor têxtil foi a máquina de descaroçar algodão, elaborada por Eli Whitney em 1792.
Vale ressaltar que as descobertas deste período inicial da Revolução Industrial não estavam atreladas
ao conhecimento científico, nem à pesquisa científica, ou seja, não eram frutos de uma educação formal
e institucionalizada nas universidades, mas, sim, frutos da experiência cotidiana com o trabalho.
Mas, na fase subsequente da Revolução Industrial, a experiência cotidiana não dava mais conta
de alimentar o mercado das inovações. A criação de máquinas mais sofisticadas e o uso de diferentes
matérias-primas, como o petróleo e a borracha, exigiam um novo tipo de pesquisa, agora sim, ligada à
ciência moderna e à educação formal.
Já no final do século XIX, a revolução tecnológica, que possibilitou a Revolução Industrial, ganhou
novas dimensões e propiciou grandes transformações com a construção dos motores elétricos, com os
cabos que possibilitam a transmissão de energia para longas distâncias, com a criação das lâmpadas e
do telégrafo sem fio, bem como o aperfeiçoamento do telefone. Todas estas criações foram frutos da
interação entre ciência e tecnologia, ou seja, com a presença da educação formal institucionalizada e
direcionada para determinado fim.
Como o trabalhador estava vivendo em meio a esta nova sociedade? Como era seu dia de trabalho?
Como já dissemos acima, a disciplina era uma exigência do novo mundo industrial que se agigantava.
E neste mundo, tanto o relógio de ponto quanto aquele que marca as horas são tão exigentes quanto
o patrão, de tal forma que o trabalhador deve obedecê-los para cumprir melhor o horário determinado
pela aceleração e desaceleração da máquina e não mais seu relógio biológico. Se antes o homem pobre
era, pelo menos, dono de seu próprio tempo, agora nem isto lhe pertencia mais (“time is money” /
”tempo é dinheiro”).
Com a invenção da máquina a vapor, as fábricas passaram a se localizar ao redor das cidades. O
trabalho infantil e feminino era amplamente utilizado e de forma absolutamente precária.
Podemos perceber que os primórdios da Revolução Industrial, com todo seu potencial de renovação
tecnológica, foram de muito sofrimento para a população pobre e desvalida. Se até o século XVIII,
uma cidade grande na Inglaterra era uma localidade com cerca de 5.000 habitantes, Londres atingiu,
em 1800, um milhão de habitantes. Pode-se imaginar o impacto disto na vida cotidiana das pessoas.
As cidades tiveram aumento populacional e, por consequência, sofreram muitas transformações. Os
trabalhadores que se espremiam pelas cidades, recebiam salários muito baixos e viviam em péssimas
condições. As cidades foram se modificando, perdendo vitalidade e brilho, rapidamente engolidos pela
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Unidade III
fumaça escura das chaminés das fábricas que se amontoavam. As condições de vida e de trabalho
eram caracterizadas pela miséria, uma vez que não havia uma legislação trabalhista. A exploração era
ainda maior em relação às mulheres e crianças, que podiam começar a trabalhar aos seis anos de idade.
Sem uma legislação definida, a jornada de trabalho poderia ser superior a quinze horas. Os prédios das
fábricas eram tão insalubres quanto as moradias dos trabalhadores, ambientes sem ventilação e pouco
iluminados.
Mal alimentados e mal pagos, os operários habitavam bairros das cidades industriais sem qualquer
infraestrutura de água e de esgotos; moravam em cômodos cujas famílias viviam em promiscuidade,
convivendo com doenças intestinais, tuberculose, alergias, asma, raquitismo etc. Ao referir-se a um
desses bairros operários de Londres, assim se expressou Friedrich Engels:
• A multidão de trabalhadores nas ruas era uma ameaça à ordem e à moral, pois nela confundiam-
se indivíduos honestos com bandidos, batedores de carteira, prostitutas etc.
A Revolução Francesa
A Revolução Francesa foi consequência direta das ideias das luzes, difundidas pelos intelectuais e
pensadores dos séculos XVII e XVIII que, em geral, asseguravam ser o homem vocacionado ao progresso
e ao autoaperfeiçoamento ético. Percebeu-se que a ordem social não é divina, e sim construída pelos
próprios homens, portanto sujeita às modificações e alterações substanciais. Era possível, segundo a
maioria dos iluministas, por meio de um conjunto de reformas sociopolíticas, melhorar a situação jurídica
e material de todos. Sendo assim, não se podia mais aceitar que a realeza francesa, especialmente a figura
do rei Luís XVI e sua esposa Maria Antonieta, filhos e demais parentes, vivesse em castelos luxuosos
(como o monumental Palácio de Versalhes, localizado nos arredores de Paris e que era a residência de
veraneio da família real e da elite), não pagasse impostos e que continuasse a promover banquetes à
custa do dinheiro público.
Desta forma, tornou-se inadmissível aceitar um governo absolutista e despótico, que desconsiderava
o povo e suas necessidades, que vivia no luxo e na inércia, que era opressor e desperdiçava dinheiro com
imensas futilidades, enquanto muitos passavam fome. Não havia mais como explicar que este era um
desejo divino e que esta ordem social derivava diretamente da vontade de Deus.
Neste quadro composto por ostentações e gastos excessivos da nobreza, e por fome e privações
de toda ordem do povo, a burguesia (que não era nobre nem pobre) experimentou um imenso
crescimento, pois a França passava por um grande período de desenvolvimento econômico. Surgiram
as primeiras indústrias de ferro e de carvão e o comércio internacional quadruplicou o seu volume.
Mas, sendo um país absolutista, a França era governada por um rei com poderes soberanos, ou
seja, que controlava a economia, a justiça, a política e até mesmo a religião dos súditos. Havia a
falta de democracia, pois os trabalhadores não podiam votar, nem mesmo dar opiniões na forma
de governo.
A sociedade francesa do século XVIII (século das luzes) era estratificada e hierarquizada. No topo da
pirâmide social estava o clero (também chamado de Primeiro Estado). Abaixo do clero, havia a nobreza
(Segundo Estado) formada pelo rei, sua família, condes, duques, marqueses e outros nobres que viviam
de banquetes e muito luxo na corte. A base da sociedade era formada pelo Terceiro Estado (trabalhadores,
camponeses e burguesia) que, como foi dito anteriormente, sustentava toda a sociedade com seu
trabalho e com o pagamento de altos impostos. Pior ainda era a condição de vida dos desempregados,
cujo número aumentava em larga escala nas cidades francesas.
A vida dos trabalhadores e camponeses era de extrema miséria, e, portanto, havia um desejo de
melhorias na qualidade de vida e de trabalho. A burguesia, mesmo tendo uma condição social melhor,
ansiava uma participação política maior e mais liberdade econômica em seu trabalho.
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Unidade III
A burguesia cresceu e diversificou suas atividades e seus lucros. No entanto, permaneceu às margens
das decisões políticas do Estado absolutista, dominado pela aristocracia (alto clero e alta nobreza). A
situação social era tão grave e o nível de insatisfação popular tão grande, que o povo foi às ruas com o
objetivo de tomar o poder e arrancar do governo a monarquia comandada pelo rei Luís XVI.
A Revolução Francesa de 1789 foi o maior levante de massas até então conhecido, fazendo por
encerrar a sociedade feudal, abrindo caminho para as revoluções liberais de 1830 e para a consolidação
da modernidade, sendo o acontecimento político e social mais espetacular e significativo da história
contemporânea, dando princípio à era moderna. Nela, tudo teve seu início ou sua consagração.
• Divórcio.
Podemos afirmar que a Revolução Industrial Inglesa e a Revolução Francesa fazem parte das revoltas
que aconteceram por toda Europa. São revoluções burguesas na medida em que acontecem com o
objetivo de consolidarem o poder econômico da burguesia e garantir-lhe a ascensão ao poder político.
Durante os séculos XVII e XVIII, por todo o mundo, ela se colocará como uma classe social revolucionária,
capaz de destruir a antiga ordem feudal, firmar o capitalismo emergente e garantir que o Estado possa
suprir suas necessidades. Vimos com mais detalhes apenas a Revolução Industrial e a Revolução Francesa,
mas outras manifestações aconteceram tais como, a Revolução Gloriosa e a Revolução Puritana, na
Inglaterra, a Independência dos EUA, a Independência da América Espanhola e as Revoluções Liberais
de 1830.
Todas elas partilharam os ideais do Iluminismo, como o liberalismo e o nacionalismo, conceitos que são
os pilares das sociedades modernas. Portanto, o que estas revoluções têm em comum é, principalmente,
o fato de consolidarem a modernidade.
Saiba mais
A educação do século XVIII (a partir de 1700) em meio ao iluminismo e ao início desta sociedade
moderna, segundo Luzuriaga (2001, p. 150), caracterizou-se basicamente pelos seguintes
aspectos:
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Unidade III
• Início da educação nacional, do povo pelo povo ou por seus representantes políticos.
• Princípio da educação universal, gratuita e obrigatória, no grau de escola primária, que ficou
estabelecida em linhas gerais.
• Iniciação do laicismo no ensino com a substituição do ensino de religião pela instrução moral e
cívica.
Já em relação ao início da educação nacional, podemos dizer que toda educação europeia
sofreu sensíveis modificações, produzidas, principalmente, por conta das transformações políticas
causadas pela Revolução Francesa. Desta forma, a educação que a monarquia absolutista concebia
como sendo do “súdito”, converte-se em educação “nacional”, do “cidadão” que deveria participar
das decisões do governo de seu país. Se antes predominava uma educação para a obediência,
como um dever imposto, agora vigora uma para a liberdade, um direito do cidadão, podendo ser
devidamente exigida.
Em relação às ideias pedagógicas importantes para a educação neste momento, devemos destacar
as contribuições de Jean-Jacques Rousseau e Pestalozzi.
Jean-Jacques Rousseau
Rousseau não foi um educador como Comenios ou Pestalozzi, mas sem dúvida foi um pensador
que muito influenciou nos rumos da educação na modernidade. Autor de importantíssimas obras nos
campos da filosofia, da política e até da literatura como Discurso sobre as ciências e as artes, Discurso
sobre a desigualdade entre os homens, A nova Heloísa e O contrato social, elabora também O Emílio ou
Da Educação, obra bastante influente nos rumos da educação.
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HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO
• Humanismo.
• Naturalismo.
• Liberdade.
Pestalozzi foi fortemente influenciado pelas ideias de Rousseau. Depois de casado, mudou-se com a
família para uma granja de sua propriedade e a converte num estabelecimento de educação para meninos
pobres que lá aprendem trabalhando. Esta foi sua primeira experiência educacional, que durou cerca de
seis anos. Após este período, Pestalozzi se dedicou a uma intensa produção literária e publicou, em 1780,
os Serões de um solitário, Leonardo e Gertrudes e Cristóvão e Elisa. Após a Revolução Francesa, em 1797,
publicou Minhas investigações sobre a marcha da natureza no desenvolvimento do gênero humano.
A segunda experiência educativa de Pestalozzi se deu por meio do asilo de Stanz, no qual abrigou
mais de quatrocentos órfãos de guerra. Seu terceiro envolvimento educacional aconteceu em Burgdorf,
inicialmente numa escola pobre e depois no castelo da povoação. Naquela cidade, Pestalozzi alcançou
o auge de suas atividades. Foi neste momento que veio à tona sua obra mais importante em matéria de
educação e pedagogia Como Gertrudes instrui a seus filhos.
A última fase de atividades que Pestalozzi desenvolveu com relação à educação aconteceu no
Instituto de Iverdon, no qual se estabeleceu já com sessenta anos e trabalhou ativamente por mais
vinte. Sua última obra foi O canto do cisne.
Elencamos abaixo as principais ideias de Pestalozzi que, segundo Luzuriaga, têm valor positivo para
a educação:
O século XX (bem como esta primeira década do século XXI) foi gestado em meio a guerras,
revoluções e conflitos étnicos, religiosos, políticos e econômicos. Foi o século das revoluções
socialistas, causando a implantação do primeiro governo com tais ideais a partir da Revolução
Russa. Também, durante o século XX, o nazismo de Hitler foi derrotado na Segunda Guerra Mundial,
mas, infelizmente, nos últimos tempos, tem havido um aumento de manifestações de intolerância
xenofóbica e neonazista.
Após a Segunda Guerra, o mundo ficou dividido em dois blocos: a hegemonia capitalista americana
de um lado e o comunismo soviético de outro, com ambos disputando a supremacia mundial durante
quase meio século, por meio daquilo que ficou conhecido como Guerra Fria. Os ideais socialistas da União
Soviética para todo o planeta não se realizaram e o sonho de uma sociedade igualitária se transformou
em desconfiança. Com o fim da URSS, a nova ordem econômica mundial passou a ser ditada pelo
capitalismo globalizado. Ao lado de tudo isto, o desenvolvimento tecnológico do século XX foi o mais
incrível da história da humanidade. As conquistas científicas propiciaram o surgimento de invenções
cada vez mais sofisticadas, que revolucionaram os meios de transportes (metrôs, automóveis e aviões) e
as comunicações (cinema, rádio, televisão e internet), mudando totalmente a forma como o homem se
relacionava com o tempo e com o espaço.
Inegavelmente estamos vivendo uma era de progressos sem precedentes, mas isso traz um preço a ser
pago. Se a ciência e a tecnologia têm gerado cada vez mais conforto material e rapidez nas transações,
bem como proporcionado a produção abundante de alimentos, isto não está disponível a todos. As
contradições do mundo capitalista globalizado são imensas. O planeta ainda sofre com as guerras, a
intolerância e a fome. Além disto, o domínio da natureza e a conquista do mundo estão colocando em
risco a sobrevivência do planeta.
O século XX foi um século de vários conflitos, sempre envolvendo muita violência e disputas
econômicas, políticas, ideológicas e religiosas, incluindo as duas grandes Guerras Mundiais.
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HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO
No entanto, também foi um século de muitas conquistas sociais e de imensos avanços científicos e
tecnológicos.
• Mais direitos às mulheres, às crianças, aos trabalhadores, aos idosos, às etnias e às minorias.
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Unidade III
• Voos espaciais, a chegada do homem à Lua, satélites artificiais visitando vários corpos celestes,
inclusive alguns fora do nosso sistema solar.
• Descoberta dos antibióticos, de várias vacinas, dos contraceptivos orais, desenvolvimento de novas
técnicas de tratamento para várias enfermidades até então irreversíveis, como diversos tipos de
câncer, o Mal de Parkinson e as doenças do colágeno, dentre outras.
A Educação no século XX
Não é tarefa fácil nem simples caracterizar em linhas gerais a Educação do século XX. Apesar disso,
alguns elementos podem ser destacados, como, por exemplo, a democratização da educação e do ensino.
O ideal de democratizar a educação está presente, pelo menos em alguma medida, entre os pensadores,
já a partir do Renascimento.
Mas, é no século XX que este ideal vai se espalhar com mais vigor, apesar das guerras, revoluções, conflitos e
disputas. Várias reformas na Educação têm sido conduzidas em países europeus e americanos visando, entre outros
objetivos, a democratização do ensino, além da tendência cada vez mais evidente de universalização da educação.
John Dewey inicia a elaboração de suas teorias sobre o processo educativo em 1894. Sua intenção
era encontrar o sistema educacional mais adequado para a contemporaneidade. Com este objetivo,
funda em 1897 uma escola experimental, o Laboratório, patrocinado pela Universidade de Chicago. A
escola deveria ser uma instituição onde se transmitem de maneira viva, os grandes avanços do século.
Tinha como proposta que a escola fosse uma sociedade em miniatura, já que a mesma podia refletir
todos os aspectos sociais. Para Dewey, a democracia era um destes avanços e poderia ser aprendida
por meio da educação escolar que deveria proporcionar o conhecimento com o “aprender fazendo” e o
“aprender sentindo”, possibilitando uma convivência harmoniosa entre as diferentes classes sociais.
Em 1916, publicou sua mais importante obra Democracia e Educação, em cujas páginas deixa claro que
uma sociedade democrática plenamente educada é o único meio aceitável de organização e governo social.
Com ideias avançadas e contrárias à educação tradicional, John Dewey foi um dos mais importantes
representantes do movimento reformista da Educação, também denominado Escolanovista, que se
intensificou nos Estados Unidos no final do século XIX.
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HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO
A crença de Dewey era que, à medida que a escola formasse pessoas diferentes, estaria contribuindo
para a mudança da sociedade. Se a estrutura interna da escola e as matérias de estudos com seus
respectivos conteúdos fossem orientadas para um modelo democrático, a sociedade reproduziria esse
modelo. Neste sentido, a educação passou a ser vista como via de desenvolvimento social e como
instrumento de equalização.
Resumo
Apesar dos graves conflitos que marcam o século XX, foi neste período
que o ideal de democratização da educação se espalhou com mais vigor.
Com este intuito, vários países europeus e americanos realizaram profundas
reformas na educação.
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