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HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO

Além das iniciativas particulares por parte de leigos, a hegemonia católica no ensino também se
via ameaçada pela Reforma Protestante que fazia pesadas críticas em relação à forma como a Igreja
conduzia o ensino. Ao propor que todos pudessem ler e interpretar a Bíblia sem a interferência de
padres, a educação tornava-se instrumento de divulgação da Reforma Protestante.

Lutero, com ideias diferentes daquelas predominantes, considerava que a escola, primária pelo menos,
deveria ser para todos. Embora diferenciando a educação para os trabalhadores (básica, elementar: como ler,
escrever e contar) da educação de nobres e burgueses (equivalente ao ensino médio e superior), os pensamentos
de Lutero a respeito da educação eram bastante avançados para a época. Ele defendia a educação universal,
pública e gratuita, criticando os castigos corporais, bem como os métodos da Escolástica.

Logicamente que, em relação às ameaças de perda do domínio e do monopólio do ensino, a Igreja


apresentou uma rápida reação para combater a expansão de escolas protestantes e leigas. Desta forma,
a Igreja incentivava a criação de ordens religiosas e colégios jesuítas, sendo essa uma postura decisiva
nos rumos da educação católica.

A Companhia de Jesus, donde se origina o nome jesuíta, foi fundada por Inácio de Loyola, um soldado
espanhol que, no decurso de sua recuperação de um ferimento em combate, foi acometido por uma devoção
religiosa tal que se transformou em “soldado de Cristo”. O objetivo principal da ordem era o de propagar a fé
católica, lutando contra os pagãos e hereges. Com este ideal espalharam-se pelo mundo: Europa, Ásia, África
e América, mas logo perceberam que seria mais fácil difundir a fé conquistando os jovens e as crianças, pois
os adultos mostravam-se intolerantes. E nada mais adequado para este fim do que a criação de escolas. A
ação pedagógica dos jesuítas formou gerações e gerações de jovens por mais de duzentos anos. Em 1579,
os jesuítas possuíam 144 colégios ao redor do mundo e no ano 1749 eles já eram 669.

A educação do Renascimento se deu em meio a severas críticas à tradição medieval. Era uma
educação que buscava tornar-se cada vez mais laica para divulgar os ideais humanistas e burgueses.
Embora a produção intelectual renascentista fosse bastante profícua, não temos nenhuma obra de
conteúdo exclusivamente teórico ou filosófico a respeito da Educação, mas, sim, várias obras de diversos
autores, recheadas de partes ou trechos dedicados à reflexão educacional, tais como textos de Erasmo
de Roterdã (1467-1536); François Rabelais (1494-1553) e Michel de Montaigne (1533-1592).

A exceção fica por conta de Juan Luis Vives (1492-1540), um espanhol que produziu uma vasta obra sobre
Educação (sendo a principal parte dela Tratado do Ensino), além de ter escrito também sobre educação feminina.

6 O ILUMINISMO E A EDUCAÇÃO

Renascimento e Iluminismo são movimentos intimamente entrelaçados e tentar definir datas para um
e outro é mera questão didática. Chamamos de Iluminismo o movimento cultural que se desenvolveu na
Inglaterra, Holanda e França, nos séculos XVII e XVIII. Os filósofos e economistas que defendiam as ideias
iluministas julgavam-se “propagadores da luz” e do conhecimento. Alguns dos principais pensadores
iluministas foram: René Descartes (“penso, logo existo”), Francis Bacon (“saber é poder”), Isaac Newton,
John Locke, Voltaire, Montesquieu, Rousseau, Denis Diderot e Jean D’Alembert.

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Unidade III

O Iluminismo trouxe consigo grandes avanços que, juntamente com a Revolução Industrial, abriram
espaço para a profunda mudança política determinada pela Revolução Francesa. O precursor desse
movimento foi o matemático e filósofo francês René Descartes (1596-1650), considerado o pai do
racionalismo. O Discurso do método foi o manifesto do movimento racionalista, que se iniciava com
ele, registrando o que percebera antes de todos os outros. Descartes notou que no momento em que
vivia (século XVII), estava acontecendo a exaustão do pensamento tradicional, herdeiro da Escolástica
medieval. O filósofo, de certo modo, queria resgatar para o racionalismo moderno a tradição dos
grandes geômetras antigos, da Grécia clássica, como Euclides e Zenão, trazendo o rigor e a exigência
deles para reforçar as capacitações da mente humana, entravadas pela superstição e pelas seduções
da fé.

A partir do Renascimento e do Iluminismo, percebemos que a sociedade foi se desenvolvendo de tal


forma que, entre os séculos XVII e XVIII, o triunfo da razão e da ciência foi consolidado. O racionalismo
e a racionalização do mundo, da vida, do trabalho etc., que se inicia no Renascimento teve seu auge no
século XIX, sendo coroado pela ciência e pelo cientificismo. Tal ideia quer dizer o seguinte: tudo pode ser
racionalizado, equacionado e, portanto, conhecido de maneira precisa e científica (com o uso da razão
e não mais da religião). Toda confiança é depositada na ciência e na utilização adequada dos métodos
de investigação científica como sendo capazes de desvendar as leis do mundo natural, físico, biológico
e social. Aquela mentalidade que no Renascimento estava começando a se tornar laica, definitivamente
se desvincula das questões sagradas para se definir como científica.

Principais características do Iluminismo:

• Valorização da razão, considerada o mais importante instrumento para se alcançar qualquer tipo
de conhecimento.

• Valorização do questionamento, da investigação e da experiência como forma de conhecimento


tanto da natureza quanto da sociedade.

• Crença nas leis naturais que regem todas as transformações que ocorrem no comportamento
humano, nas sociedades e na natureza.

• Crença nos direitos que todos os indivíduos possuem em relação à vida, à liberdade e à posse de
bens materiais.

• Crítica ao absolutismo e aos privilégios da nobreza e do clero.

• Defesa da liberdade política e econômica e da igualdade de todos perante a lei.

• Crítica à Igreja católica, embora não se excluísse a crença em Deus.

Podemos ainda citar as seguintes características que proporcionaram grande avanço científico ao
Iluminismo:

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• Descrição da órbita dos planetas e do relevo da Lua.

• Descoberta da existência da pressão atmosférica.

• Conhecimento do comportamento dos espermatozoides.

• Invenção do primeiro microscópio por Robert Hooke (1635-1703). Esse cientista criou o termo
célula, hoje comum em Biologia.

• Identificação dos vasos capilares e do trajeto da circulação sanguínea.

• Descoberta do princípio das vacinas — a introdução do agente causador da moléstia no organismo


para que este produza suas próprias defesas.

• Eletricidade.

• Invenção da primeira máquina de calcular.

• Formulação de uma teoria, ainda hoje aceita, para explicar a febre.

• Descoberta dos protozoários e das bactérias.

• Surgimento de uma nova ciência — a Geologia —, a partir da qual se desenvolveu uma teoria que
explica a formação da Terra, refutando a versão bíblica da criação do mundo em sete dias e do
mito de Adão e Eva.

As principais revoluções burguesas frutos do Iluminismo: Revolução Industrial Inglesa e


Revolução Francesa de 1789

Já no Renascimento, como vimos acima, iniciou-se uma nova forma de relação econômica: a comercial,
constituindo-se como a primeira fase do capitalismo. Foi uma fase embrionária, de transição do feudalismo
para um novo sistema econômico que estava se estabelecendo, mas que só ia começar a se consolidar
definitivamente no mundo com o final da Revolução Francesa e com a Revolução Industrial Inglesa.

A Revolução Industrial Inglesa

A Revolução Industrial Inglesa causou uma intensa modificação na forma de se produzir a vida
material. Se antes a confecção de objetos era realizada nas manufaturas, de forma artesanal, com
a criação das máquinas, a fabricação atingiu outros patamares. A energia humana foi sensivelmente
poupada pela energia proveniente das máquinas e o modo de produção doméstico foi gradativamente
sendo substituído pelo sistema fabril.

Em meados do século XVIII, por volta de 1750, com a Revolução Industrial, a Inglaterra inicia um
processo de transformação social e econômica que vai resultar no fim do feudalismo.
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Com finalidades didáticas, os compêndios de História nos informam que a industrialização inglesa
passou por três períodos distintos:

Quadro 2

Revolução restrita à Inglaterra, ficando conhecida como a “oficina do mundo”. Não há concorrência.
1760/1850 Produção predominante: bens de consumo, como os produtos têxteis, por exemplo.
Uso da energia a vapor.
Revolução se amplia: o mundo todo se industrializa. Inicia-se um período de concorrência entre as
nações industrializadas.
A produção não é apenas de bens de consumo, mas de bens de produção, como as máquinas.
1850/1900
Cresce o número de ferrovias.
Invenção da locomotiva e do barco a vapor.
Utilização de diferentes fontes de energia, como hidroelétricas e derivados do petróleo.
Surgimento dos conglomerados industriais, das multi e transnacionais.
A produção se automatiza.
1900 aos dias Surge a produção em série.
atuais Expansão dos meios de comunicação.
Expansão da sociedade de consumo.
Expansão da indústria química e eletrônica, da engenharia genética e da robótica.

A Revolução Inglesa propiciou um avanço das relações econômicas capitalistas e, como consequência,
o mundo assistiu à ascensão da burguesia, que possibilitou o surgimento das chamadas revoluções
burguesas.

Obviamente, a Revolução Industrial não aconteceu de repente e nem por acaso. Ela foi sendo
lentamente gestada desde a Idade Média, alcançando seu apogeu na Inglaterra do século XVIII, uma vez
que este país apresentava condições especiais para o seu florescimento. As invenções que iniciaram o
processo de mecanização da produção ocorreram na área têxtil. As indústrias deste setor localizavam-se
em Lancaster, bem próximas ao porto de Liverpool, cuja localização era privilegiada, pois fazia a ligação
com o comércio colonial, recebendo o algodão que vinha das Antilhas, do Brasil e das colônias inglesas
da América.

Nas antigas manufaturas, o trabalhador ainda detinha algum controle e conhecimento técnico sobre
aquilo que ele produzia, pois ainda não existia o trabalho em série e nem uma organização rígida do
trabalho. Nas fábricas e indústrias isto se modificou completamente. Neles, a organização do trabalho
ampliou o controle do dono da fábrica e do industrial sobre o trabalhador, implicando no estabelecimento
de uma hierarquia e de uma ordem inexistente nas manufaturas artesanais e nas antigas oficinas. Assim,
junto com as primeiras fábricas e indústrias têxteis da Inglaterra, surge também um operário disciplinado
para o trabalho no mundo capitalista.

A Inglaterra foi um verdadeiro celeiro de invenções de máquinas. Os mais diversos equipamentos


de fiar foram sendo criados e aperfeiçoados. O tear mecânico foi inventado por Edmund Cartwright em

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1785. Esta invenção propiciou esplêndido aumento da produção de tecidos. Outra invenção importante
para o setor têxtil foi a máquina de descaroçar algodão, elaborada por Eli Whitney em 1792.

Vale ressaltar que as descobertas deste período inicial da Revolução Industrial não estavam atreladas
ao conhecimento científico, nem à pesquisa científica, ou seja, não eram frutos de uma educação formal
e institucionalizada nas universidades, mas, sim, frutos da experiência cotidiana com o trabalho.

Mas, na fase subsequente da Revolução Industrial, a experiência cotidiana não dava mais conta
de alimentar o mercado das inovações. A criação de máquinas mais sofisticadas e o uso de diferentes
matérias-primas, como o petróleo e a borracha, exigiam um novo tipo de pesquisa, agora sim, ligada à
ciência moderna e à educação formal.

Já no final do século XIX, a revolução tecnológica, que possibilitou a Revolução Industrial, ganhou
novas dimensões e propiciou grandes transformações com a construção dos motores elétricos, com os
cabos que possibilitam a transmissão de energia para longas distâncias, com a criação das lâmpadas e
do telégrafo sem fio, bem como o aperfeiçoamento do telefone. Todas estas criações foram frutos da
interação entre ciência e tecnologia, ou seja, com a presença da educação formal institucionalizada e
direcionada para determinado fim.

A mecanização da indústria inglesa e os avanços técnicos ocorridos na Inglaterra possibilitaram o


desenvolvimento das indústrias de mineração, da metalurgia, da tecelagem e dos transportes. A ciência
se uniu à tecnologia para melhorar a forma de bombear a água e de extrair minérios do fundo das
minas, fazendo com que o carvão, fonte de energia, ficasse mais barato. Desta forma, todos os tipos de
fábricas e indústrias se beneficiaram, tais como a de fiação, de tecidos, de cerveja, de papel e moinhos
de grãos.

Como o trabalhador estava vivendo em meio a esta nova sociedade? Como era seu dia de trabalho?
Como já dissemos acima, a disciplina era uma exigência do novo mundo industrial que se agigantava.
E neste mundo, tanto o relógio de ponto quanto aquele que marca as horas são tão exigentes quanto
o patrão, de tal forma que o trabalhador deve obedecê-los para cumprir melhor o horário determinado
pela aceleração e desaceleração da máquina e não mais seu relógio biológico. Se antes o homem pobre
era, pelo menos, dono de seu próprio tempo, agora nem isto lhe pertencia mais (“time is money” /
”tempo é dinheiro”).

Com a invenção da máquina a vapor, as fábricas passaram a se localizar ao redor das cidades. O
trabalho infantil e feminino era amplamente utilizado e de forma absolutamente precária.

Podemos perceber que os primórdios da Revolução Industrial, com todo seu potencial de renovação
tecnológica, foram de muito sofrimento para a população pobre e desvalida. Se até o século XVIII,
uma cidade grande na Inglaterra era uma localidade com cerca de 5.000 habitantes, Londres atingiu,
em 1800, um milhão de habitantes. Pode-se imaginar o impacto disto na vida cotidiana das pessoas.
As cidades tiveram aumento populacional e, por consequência, sofreram muitas transformações. Os
trabalhadores que se espremiam pelas cidades, recebiam salários muito baixos e viviam em péssimas
condições. As cidades foram se modificando, perdendo vitalidade e brilho, rapidamente engolidos pela
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fumaça escura das chaminés das fábricas que se amontoavam. As condições de vida e de trabalho
eram caracterizadas pela miséria, uma vez que não havia uma legislação trabalhista. A exploração era
ainda maior em relação às mulheres e crianças, que podiam começar a trabalhar aos seis anos de idade.
Sem uma legislação definida, a jornada de trabalho poderia ser superior a quinze horas. Os prédios das
fábricas eram tão insalubres quanto as moradias dos trabalhadores, ambientes sem ventilação e pouco
iluminados.

Mal alimentados e mal pagos, os operários habitavam bairros das cidades industriais sem qualquer
infraestrutura de água e de esgotos; moravam em cômodos cujas famílias viviam em promiscuidade,
convivendo com doenças intestinais, tuberculose, alergias, asma, raquitismo etc. Ao referir-se a um
desses bairros operários de Londres, assim se expressou Friedrich Engels:

Não há um único vidro de janela intacto, os muros são leprosos, os batentes


das portas e janelas estão quebrados, e as portas, quando existem, são feitas
de pranchas pregadas. (...) Aí moram os mais pobres dentre os pobres, os
trabalhadores mal pagos misturados aos ladrões, aos escroques e às vítimas
da prostituição... Um lugar chocante, um diabólico emaranhado de cortiços
que abrigam “coisas humanas” arrepiantes, onde homens e mulheres imundos
vivem de dois tostões de aguardente, onde colarinhos e camisas limpas são
decências desconhecidas, onde todo cidadão carrega no próprio corpo as
marcas da violência e onde jamais alguém penteia os cabelos” (BRESCIANI,
1996, p. 25-26).

O que se pensava a respeito da classe operária inglesa?

• A multidão de trabalhadores nas ruas era uma ameaça à ordem e à moral, pois nela confundiam-
se indivíduos honestos com bandidos, batedores de carteira, prostitutas etc.

• Para a classe dominante, a multidão representava uma ameaça às instituições e à propriedade.

• Os trabalhadores não gozavam de direitos ou amparo social (como assistência médica,


aposentadorias, pensões), estando sujeitos a multas e castigos.

• As greves ou associações de classe eram consideradas “casos de polícia” e duramente reprimidas


pelos governos.

A Revolução Francesa

Para muitos sociólogos e historiadores, a Revolução Francesa fez parte de um movimento


revolucionário global, atlântico ou ocidental, que começa nos Estados Unidos em 1776, atinge Inglaterra,
Irlanda, Holanda, Bélgica, Itália, Alemanha, Suíça e, em 1789, culmina na França com violência maior.
O movimento passa a repercutir em outros países europeus e volta à França em 1830 e 1848. Há traços
comuns em todos esses movimentos, mas a Revolução Francesa tem identidade própria, podendo ser
percebida nas seguintes manifestações:
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• Tomada do poder pela burguesia.

• Participação de camponeses e artesãos.

• Superação das instituições feudais do Antigo Regime.

• Preparação da França para caminhar rumo ao capitalismo industrial.

A Revolução Francesa foi consequência direta das ideias das luzes, difundidas pelos intelectuais e
pensadores dos séculos XVII e XVIII que, em geral, asseguravam ser o homem vocacionado ao progresso
e ao autoaperfeiçoamento ético. Percebeu-se que a ordem social não é divina, e sim construída pelos
próprios homens, portanto sujeita às modificações e alterações substanciais. Era possível, segundo a
maioria dos iluministas, por meio de um conjunto de reformas sociopolíticas, melhorar a situação jurídica
e material de todos. Sendo assim, não se podia mais aceitar que a realeza francesa, especialmente a figura
do rei Luís XVI e sua esposa Maria Antonieta, filhos e demais parentes, vivesse em castelos luxuosos
(como o monumental Palácio de Versalhes, localizado nos arredores de Paris e que era a residência de
veraneio da família real e da elite), não pagasse impostos e que continuasse a promover banquetes à
custa do dinheiro público.

Desta forma, tornou-se inadmissível aceitar um governo absolutista e despótico, que desconsiderava
o povo e suas necessidades, que vivia no luxo e na inércia, que era opressor e desperdiçava dinheiro com
imensas futilidades, enquanto muitos passavam fome. Não havia mais como explicar que este era um
desejo divino e que esta ordem social derivava diretamente da vontade de Deus.

Neste quadro composto por ostentações e gastos excessivos da nobreza, e por fome e privações
de toda ordem do povo, a burguesia (que não era nobre nem pobre) experimentou um imenso
crescimento, pois a França passava por um grande período de desenvolvimento econômico. Surgiram
as primeiras indústrias de ferro e de carvão e o comércio internacional quadruplicou o seu volume.
Mas, sendo um país absolutista, a França era governada por um rei com poderes soberanos, ou
seja, que controlava a economia, a justiça, a política e até mesmo a religião dos súditos. Havia a
falta de democracia, pois os trabalhadores não podiam votar, nem mesmo dar opiniões na forma
de governo.

A sociedade francesa do século XVIII (século das luzes) era estratificada e hierarquizada. No topo da
pirâmide social estava o clero (também chamado de Primeiro Estado). Abaixo do clero, havia a nobreza
(Segundo Estado) formada pelo rei, sua família, condes, duques, marqueses e outros nobres que viviam
de banquetes e muito luxo na corte. A base da sociedade era formada pelo Terceiro Estado (trabalhadores,
camponeses e burguesia) que, como foi dito anteriormente, sustentava toda a sociedade com seu
trabalho e com o pagamento de altos impostos. Pior ainda era a condição de vida dos desempregados,
cujo número aumentava em larga escala nas cidades francesas.

A vida dos trabalhadores e camponeses era de extrema miséria, e, portanto, havia um desejo de
melhorias na qualidade de vida e de trabalho. A burguesia, mesmo tendo uma condição social melhor,
ansiava uma participação política maior e mais liberdade econômica em seu trabalho.
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A burguesia cresceu e diversificou suas atividades e seus lucros. No entanto, permaneceu às margens
das decisões políticas do Estado absolutista, dominado pela aristocracia (alto clero e alta nobreza). A
situação social era tão grave e o nível de insatisfação popular tão grande, que o povo foi às ruas com o
objetivo de tomar o poder e arrancar do governo a monarquia comandada pelo rei Luís XVI.

O descontentamento era generalizado entre burguesia e povo (trabalhadores, desempregados, e


camponeses). Mas a insatisfação era ainda maior para a primeira porque, mesmo sendo numerosa,
instruída e rica, achava-se impossibilitada de conseguir ascensão social e participação política, sendo
que até as poucas conquistas que já tinham obtido foram revogadas. As tentativas de reforma operadas
pelo rei Luís XVI fracassaram, por irem contra os interesses do alto clero e nobreza, intensificando a
revolta burguesa. Ficou claro para eles que, enquanto a aristocracia mantivesse seus poderes por meio
dos parlamentos e dos cargos administrativos, nenhuma decisão que contrariasse seus interesses poderia
ser tomada. Cresceram as críticas aos fundamentos do Antigo Regime.

Contra a sociedade de ordens e de privilégios do Antigo Regime, os iluministas sugeriram um


governo (monarquia ou república), mais constitucional e parlamentar. A burguesia convocou, então,
os trabalhadores para uma aliança sem tréguas contra a nobreza, com a finalidade de implantar
um novo regime político: a república. Os trabalhadores e desempregados aderiram em massa a este
levante, que foi vitorioso. Os burgueses aliaram-se ao povo, aos sans-culottes, aos trabalhadores
(desempregados ou não), e aos camponeses. O início da moderna sociedade burguesa não melhorou
as condições de vida dos mais pobres e o lema da revolução, “liberté, egalité, fraternité” (liberdade,
igualdade, fraternidade) que se universalizou, tornando-se, no transcorrer do século seguinte,
uma bandeira de toda humanidade, teve, desde o início, o gosto de sonho não realizado. Mas,
indiscutivelmente, a Revolução de 1789 inaugurou uma nova era, um período em que não se
aceitaria mais a dominação da nobreza, nem um sistema de privilégios baseado nos critérios de
casta, determinados pelo nascimento. Só se admitiria, a partir de então, um governo que fosse
legitimado constitucionalmente e submetido ao controle do povo por meio de eleições periódicas.
Logo no início da Revolução, no dia 20 de agosto de 1789, a Constituinte votou a Declaração de
Direitos do Homem e do Cidadão.

A Revolução Francesa de 1789 foi o maior levante de massas até então conhecido, fazendo por
encerrar a sociedade feudal, abrindo caminho para as revoluções liberais de 1830 e para a consolidação
da modernidade, sendo o acontecimento político e social mais espetacular e significativo da história
contemporânea, dando princípio à era moderna. Nela, tudo teve seu início ou sua consagração.

O legado da Revolução Francesa

• Proclamação do Estado secular: separação do Estado da Igreja.

• Participação popular pelo voto.

• Instrução pública, laica, estatal e gratuita.

• Serviço militar generalizado e os direitos da cidadania.


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• Igualdade dos filhos perante a herança e de todos perante a lei.

• Divórcio.

• Abolição das torturas e dos castigos físicos.

• Primórdios da emancipação feminina levada a diante por Théroigine de Méricourt.

• Extensão da cidadania aos judeus.

• Condenação da escravidão e o sonho idealista de que devemos viver em liberdade, igualdade e


fraternidade.

Podemos afirmar que a Revolução Industrial Inglesa e a Revolução Francesa fazem parte das revoltas
que aconteceram por toda Europa. São revoluções burguesas na medida em que acontecem com o
objetivo de consolidarem o poder econômico da burguesia e garantir-lhe a ascensão ao poder político.
Durante os séculos XVII e XVIII, por todo o mundo, ela se colocará como uma classe social revolucionária,
capaz de destruir a antiga ordem feudal, firmar o capitalismo emergente e garantir que o Estado possa
suprir suas necessidades. Vimos com mais detalhes apenas a Revolução Industrial e a Revolução Francesa,
mas outras manifestações aconteceram tais como, a Revolução Gloriosa e a Revolução Puritana, na
Inglaterra, a Independência dos EUA, a Independência da América Espanhola e as Revoluções Liberais
de 1830.

Todas elas partilharam os ideais do Iluminismo, como o liberalismo e o nacionalismo, conceitos que são
os pilares das sociedades modernas. Portanto, o que estas revoluções têm em comum é, principalmente,
o fato de consolidarem a modernidade.

Saiba mais

Para saber mais, consultar: BOTO, C. Na Revolução Francesa, os princípios


democráticos da escola pública, laica e gratuita: o relatório de Condorcet.
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/es/v24n84/a02v2484.pdf>.
Acesso em: 24 mai. 2011.

A Educação na sociedade iluminista

A sociedade descrita acima caminhava a passos largos para a sedimentação da modernidade.

A educação do século XVIII (a partir de 1700) em meio ao iluminismo e ao início desta sociedade
moderna, segundo Luzuriaga (2001, p. 150), caracterizou-se basicamente pelos seguintes
aspectos:

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Unidade III

• Desenvolvimento da educação estatal.

• Início da educação nacional, do povo pelo povo ou por seus representantes políticos.

• Princípio da educação universal, gratuita e obrigatória, no grau de escola primária, que ficou
estabelecida em linhas gerais.

• Iniciação do laicismo no ensino com a substituição do ensino de religião pela instrução moral e
cívica.

• Organização da instrução pública em unidade orgânica, da escola primária à universidade.

• Acentuação do espírito cosmopolita, universalista, que une pensadores e educadores de todos os


países.

• Primazia da razão, crença no poder racional dos indivíduos e dos povos.

• Ao mesmo tempo, reconhecimento da natureza e da intuição na educação (LUZIRIAGA, 2001, p.


150).

O desenvolvimento da educação estatal significou, basicamente, que o Estado devia assumir a


responsabilidade de controlar o processo educativo e que o mesmo devia oferecer instrução à juventude,
com conhecimentos úteis e científicos. Esta tendência aconteceu primeiramente na Alemanha, e em
seguida na França.

Já em relação ao início da educação nacional, podemos dizer que toda educação europeia
sofreu sensíveis modificações, produzidas, principalmente, por conta das transformações políticas
causadas pela Revolução Francesa. Desta forma, a educação que a monarquia absolutista concebia
como sendo do “súdito”, converte-se em educação “nacional”, do “cidadão” que deveria participar
das decisões do governo de seu país. Se antes predominava uma educação para a obediência,
como um dever imposto, agora vigora uma para a liberdade, um direito do cidadão, podendo ser
devidamente exigida.

Em relação às ideias pedagógicas importantes para a educação neste momento, devemos destacar
as contribuições de Jean-Jacques Rousseau e Pestalozzi.

Jean-Jacques Rousseau

Rousseau não foi um educador como Comenios ou Pestalozzi, mas sem dúvida foi um pensador
que muito influenciou nos rumos da educação na modernidade. Autor de importantíssimas obras nos
campos da filosofia, da política e até da literatura como Discurso sobre as ciências e as artes, Discurso
sobre a desigualdade entre os homens, A nova Heloísa e O contrato social, elabora também O Emílio ou
Da Educação, obra bastante influente nos rumos da educação.

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Alguns princípios essenciais da educação para Rousseau:

• Humanismo.

• Naturalismo.

• Liberdade.

• Aprendizado pela experiência.

• Reconhecimento da infância como fase distinta, com características próprias.

• Educação como um desenvolvimento natural de dentro para fora, e não contrário.

Johann Heinrich Pestalozzi

Pestalozzi nasceu na Suíça em 12 de janeiro de 1746. Vários biógrafos e historiadores se referem a


ele como sendo um dos maiores gênios da educação. Neste sentido, Luzuriaga (2001) afirma ser ele “o
maior gênio, a figura mais nobre da educação e da pedagogia, o educador por excelência...”.

Pestalozzi foi fortemente influenciado pelas ideias de Rousseau. Depois de casado, mudou-se com a
família para uma granja de sua propriedade e a converte num estabelecimento de educação para meninos
pobres que lá aprendem trabalhando. Esta foi sua primeira experiência educacional, que durou cerca de
seis anos. Após este período, Pestalozzi se dedicou a uma intensa produção literária e publicou, em 1780,
os Serões de um solitário, Leonardo e Gertrudes e Cristóvão e Elisa. Após a Revolução Francesa, em 1797,
publicou Minhas investigações sobre a marcha da natureza no desenvolvimento do gênero humano.

A segunda experiência educativa de Pestalozzi se deu por meio do asilo de Stanz, no qual abrigou
mais de quatrocentos órfãos de guerra. Seu terceiro envolvimento educacional aconteceu em Burgdorf,
inicialmente numa escola pobre e depois no castelo da povoação. Naquela cidade, Pestalozzi alcançou
o auge de suas atividades. Foi neste momento que veio à tona sua obra mais importante em matéria de
educação e pedagogia Como Gertrudes instrui a seus filhos.

A última fase de atividades que Pestalozzi desenvolveu com relação à educação aconteceu no
Instituto de Iverdon, no qual se estabeleceu já com sessenta anos e trabalhou ativamente por mais
vinte. Sua última obra foi O canto do cisne.

Elencamos abaixo as principais ideias de Pestalozzi que, segundo Luzuriaga, têm valor positivo para
a educação:

• Educação humana baseada na natureza espiritual e física da criança.

• Educação como desenvolvimento interno e formação espontânea, embora necessitada de direção.

• Educação baseada nas circunstâncias em que se encontra o homem.


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• Educação social e escola popular, contra a anterior concepção individualista da educação.

• Educação profissional subordinada à educação geral.

• Intuição como base da educação intelectual e espiritual.

• Educação religiosa íntima, não confessional (Luzuriaga, 2001, p. 178).

Educação, sociedade e cultura no século XX: a democratização do ensino

O século XX (bem como esta primeira década do século XXI) foi gestado em meio a guerras,
revoluções e conflitos étnicos, religiosos, políticos e econômicos. Foi o século das revoluções
socialistas, causando a implantação do primeiro governo com tais ideais a partir da Revolução
Russa. Também, durante o século XX, o nazismo de Hitler foi derrotado na Segunda Guerra Mundial,
mas, infelizmente, nos últimos tempos, tem havido um aumento de manifestações de intolerância
xenofóbica e neonazista.

Após a Segunda Guerra, o mundo ficou dividido em dois blocos: a hegemonia capitalista americana
de um lado e o comunismo soviético de outro, com ambos disputando a supremacia mundial durante
quase meio século, por meio daquilo que ficou conhecido como Guerra Fria. Os ideais socialistas da União
Soviética para todo o planeta não se realizaram e o sonho de uma sociedade igualitária se transformou
em desconfiança. Com o fim da URSS, a nova ordem econômica mundial passou a ser ditada pelo
capitalismo globalizado. Ao lado de tudo isto, o desenvolvimento tecnológico do século XX foi o mais
incrível da história da humanidade. As conquistas científicas propiciaram o surgimento de invenções
cada vez mais sofisticadas, que revolucionaram os meios de transportes (metrôs, automóveis e aviões) e
as comunicações (cinema, rádio, televisão e internet), mudando totalmente a forma como o homem se
relacionava com o tempo e com o espaço.

Inegavelmente estamos vivendo uma era de progressos sem precedentes, mas isso traz um preço a ser
pago. Se a ciência e a tecnologia têm gerado cada vez mais conforto material e rapidez nas transações,
bem como proporcionado a produção abundante de alimentos, isto não está disponível a todos. As
contradições do mundo capitalista globalizado são imensas. O planeta ainda sofre com as guerras, a
intolerância e a fome. Além disto, o domínio da natureza e a conquista do mundo estão colocando em
risco a sobrevivência do planeta.

O século XX foi um século de vários conflitos, sempre envolvendo muita violência e disputas
econômicas, políticas, ideológicas e religiosas, incluindo as duas grandes Guerras Mundiais.

Em ordem cronológica, veja os principais conflitos do século XX:

• Primeira Grande Guerra (1914-1918).

• Revolução Russa (1917).

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HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO

• Instauração do fascismo na Itália (1922-1945).

• Quebra da bolsa de Nova Iorque (1929).

• Instauração da ditadura militar de Salazar em Portugal (1932-1968).

• Nazismo na Alemanha (1933-1945).

• Instauração da ditadura de Franco, na Espanha (1939-1969).

• Segunda Grande Guerra (1939-1945).

• Bomba atômica em Hiroshima e Nagasaki (1945).

• Instauração da República Popular da China (1949).

• Revolução Cubana (1959–).

• Guerra do Vietnã (1963-1973).

• Golpe militar no Brasil (1964-1984).

• Queda do muro de Berlin (1989).

• Desagregação dos Estados socialistas (1991).

• Atentado terrorista em Nova York (11-09-2001).

• Guerra do Iraque (2003–).

No entanto, também foi um século de muitas conquistas sociais e de imensos avanços científicos e
tecnológicos.

Entre as conquistas sociais, podemos citar:

• Extensão do direito de voto às mulheres e aos analfabetos.

• Intensificação dos direitos do cidadão.

• Mais direitos às mulheres, às crianças, aos trabalhadores, aos idosos, às etnias e às minorias.

• Intensificação dos direitos e defesa do meio ambiente e dos animais.

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Unidade III

Entre os avanços científicos e tecnológicos podemos citar:

• Invenções: automóvel, avião, cinema, rádio, televisão, computador, TV de plasma e TV digital,


telefone, máquina de lavar, ar condicionado.

• Voos espaciais, a chegada do homem à Lua, satélites artificiais visitando vários corpos celestes,
inclusive alguns fora do nosso sistema solar.

• Descoberta dos antibióticos, de várias vacinas, dos contraceptivos orais, desenvolvimento de novas
técnicas de tratamento para várias enfermidades até então irreversíveis, como diversos tipos de
câncer, o Mal de Parkinson e as doenças do colágeno, dentre outras.

• Criação da internet, telefone celular, a banda larga substituindo gradativamente a conexão


discada, as antigas fitas VHS sendo trocadas pelos DVDs, além do desuso dos disquetes, cujo lugar
passou a ser ocupado agora pelos CD-ROMs e pelos pen drives.

A Educação no século XX

Não é tarefa fácil nem simples caracterizar em linhas gerais a Educação do século XX. Apesar disso,
alguns elementos podem ser destacados, como, por exemplo, a democratização da educação e do ensino.
O ideal de democratizar a educação está presente, pelo menos em alguma medida, entre os pensadores,
já a partir do Renascimento.

Mas, é no século XX que este ideal vai se espalhar com mais vigor, apesar das guerras, revoluções, conflitos e
disputas. Várias reformas na Educação têm sido conduzidas em países europeus e americanos visando, entre outros
objetivos, a democratização do ensino, além da tendência cada vez mais evidente de universalização da educação.

Algumas propostas educacionais de John Dewey para uma sociedade democrática

John Dewey inicia a elaboração de suas teorias sobre o processo educativo em 1894. Sua intenção
era encontrar o sistema educacional mais adequado para a contemporaneidade. Com este objetivo,
funda em 1897 uma escola experimental, o Laboratório, patrocinado pela Universidade de Chicago. A
escola deveria ser uma instituição onde se transmitem de maneira viva, os grandes avanços do século.
Tinha como proposta que a escola fosse uma sociedade em miniatura, já que a mesma podia refletir
todos os aspectos sociais. Para Dewey, a democracia era um destes avanços e poderia ser aprendida
por meio da educação escolar que deveria proporcionar o conhecimento com o “aprender fazendo” e o
“aprender sentindo”, possibilitando uma convivência harmoniosa entre as diferentes classes sociais.

Em 1916, publicou sua mais importante obra Democracia e Educação, em cujas páginas deixa claro que
uma sociedade democrática plenamente educada é o único meio aceitável de organização e governo social.

Com ideias avançadas e contrárias à educação tradicional, John Dewey foi um dos mais importantes
representantes do movimento reformista da Educação, também denominado Escolanovista, que se
intensificou nos Estados Unidos no final do século XIX.
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HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO

As novas propostas educacionais de Dewey incluíam a proposta de que os conteúdos ministrados


fossem úteis e necessários à sociedade capitalista. A democracia tinha que estar articulada com a escola,
com a sociedade e com o mundo do trabalho. A escola deveria oferecer condições para que todos,
independentemente da classe social, participassem eficazmente na vida social. Para Dewey, a educação
deveria contribuir para abolir privilégios e injustiças.

A crença de Dewey era que, à medida que a escola formasse pessoas diferentes, estaria contribuindo
para a mudança da sociedade. Se a estrutura interna da escola e as matérias de estudos com seus
respectivos conteúdos fossem orientadas para um modelo democrático, a sociedade reproduziria esse
modelo. Neste sentido, a educação passou a ser vista como via de desenvolvimento social e como
instrumento de equalização.

Dewey estimulava o espírito de iniciativa e independência, que leva à autonomia e ao autogoverno,


virtudes de uma sociedade democrática.

Resumo

Durante a Idade Média a educação esteve sob rígido controle


da Igreja, portanto os processos educacionais foram orientados
por critérios que se baseavam na concepção da existência humana
(econômica, jurídica, política) como decorrente da vontade divina,
o que significava total obediência aos graus de hierarquias, pois
os mesmos eram entendidos como decorrentes de uma ordem
naturalmente estabelecida por Deus.

A forma de entender a educação começava a mudar durante o


Renascimento. As sociedades foram se tornando laicas, e severas críticas
foram endereçadas à tradição medieval. A educação deste período buscou
divulgar os ideais humanistas e burgueses. Com o Iluminismo iniciou-se
a educação estatal, gratuita e obrigatória, no grau de escola primária.
Houve a substituição do ensino de religião pela instrução moral e cívica
e um crescente desejo de democratização deste ensino, além de uma
acentuação do espírito cosmopolita e universalista que unia pensadores
e educadores de todos os países. Vale ressaltar a importante contribuição
das ideias pedagógicas, de Jean-Jacques Rousseau e Pestalozzi, para a
educação.

Apesar dos graves conflitos que marcam o século XX, foi neste período
que o ideal de democratização da educação se espalhou com mais vigor.
Com este intuito, vários países europeus e americanos realizaram profundas
reformas na educação.

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