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Os Caminhos Da Cultura

Disciplina de História A

Anaisa Gonçalves
Nº1
11ºO
2021/2022
Índicie
I- Introdução

II- A confiança no progresso científico


2.1 Avanço das ciências exatas e surgimento das ciências sociais
2.2- O ensino público

III- O interesse pela realidade nas artes e literatura

IV- Novas correntes estéticas

V- Portugal: o dinamismo cultural do final do século XIX.

VI- Conclusão

VII- Bibliografia e webgrafia

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I- Introdução
O presente trabalho aborda Os Caminhos da Cultura, mais concretamente sobre os
acontecimentos e a evolução do século XIX culturalmente.
São objetivos deste trabalho, aprofundar os conhecimentos, fazendo uma pequena tese
sobre a matéria presente neste capítulo.
O trabalho encontra-se organizado por capítulos vigentes no índice.
A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica e webgráfica

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II- A confiança no progresso científico

Ao longo do século XIX, os progressos científicos alcançados consistiram


numa melhoria material na vida das pessoas. Influenciados pela revolução
industrial, muitos homens de ciência e humanistas desenvolveram teorias
baseadas na esperança de que o pensamento crítico e racional pudesse
produzir novas descobertas e explicar os fenômenos sociais, assim como, ao
que diz respeito aos aspectos úteis da tecnologia e do progresso industrial e
material. A ciência foi capaz de conhecer a natureza das coisas, criar uma
moralidade racional que garanta a felicidade humana, construindo uma
sociedade baseada na ciência. O século XIX, ficou conhecido como o século
em que se afirmou o cientismo*. “ A grande mudança que se vive no presente
é considerável e é, só por si, espantosa e importante para justificar a
denominação “século Maravilhoso a este período que testemunhamos de
progressos e da maturidade do seu desenvolvimento “ (Alfred Russel
Wallace, 1899,4)

*cientismo: designa a crença na ciência, como chave do progresso e da


felicidade, na medida em que considera os benefícios da humanidade como
consequência

2.1 Avanço das ciências exatas e surgimento das


ciências sociais

A ciência registrou importantes avanços em várias áreas, tais como a Ciência


da Vida, a Química e a Física. Na Física abandonaram-se os velhos
conhecimentos, os corpos “inertes” têm movimentos devido a forças exteriores e
os principais avanços foram nos campos da óptica, da teoria do calor e da
eletricidade. James Maxwell descobriu os campos magnéticos, Heinrich descobriu
as ondas eletromagnéticas, Thomson descobriu o eletrão e Max Planck formulou as
constante de Planck, Princípio segundo o qual a energia não era emitida de forma
contínua. Na química procedeu-se a sistematização dos elementos, tendo
Mendeleev elaborado a primeira tabela periódica. Pierre Curie, ficou conhecido
pelos seus trabalhos sobre o magnetismo, eletricidade e a sua mulher Marie Curie,

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estabeleceu que a radioatividade está ligada ao átomo de urânio. Charles Robert
Darwin foi um naturalista britânico que alcançou o reconhecimento ao convencer a
comunidade científica da ocorrência da evolução e propor uma teoria para explicar
como ela se dá, essa teoria estruturada originou aquilo que chamamos hoje de um
paradigma central para a explicação de vários fenômenos.
Nas ciências da vida, afirmaram-se novas abordagens e novos ramos do saber
como a filosofia, a citologia, a microbiologia, a medicina experimental…
Os campos do saber tornaram-se cada vez mais amplos e diversos. A crença nos
progressos científicos alcançados levaram a que os métodos utilizados nas ciências
exatas se estendessem às ciências sociais. Há milhares de anos os homens
contemplam os grupos e sociedades em que vivem, tentando compreendê-los. O
homem é um ser essencialmente social, com a preocupação constante de criar uma
sociedade melhor, onde todos os seus componentes possam viver de forma
relativamente mais harmoniosa, sem as grandes calamidades que afligem a
humanidade. Mas para conseguir isso, é preciso ter um bom conhecimento de como
a sociedade funciona. Para mudar a sociedade é preciso conhecê-la, pensar nas
relações humanas e nas relações sociais. “A sociedade tem características que
precisam ser conhecidas para que aqueles que nela atuam tenham sucesso”
(Costa,1987, p. 12). Neste contexto procuraram a verdade através de observações
positivas gerando assim o positivismo, que designa a corrente de pensamento,
relativa à ciência moderna. Rejeita as formas de conhecimento baseadas na
superstição, na religião e metafísica, defendendo que todo conhecimento científico é
alcançado através da observação e da experiência. Não estabelece diferença entre
os métodos das ciências exatas e das sociais. “ Ao estudar o desenvolvimento total
da inteligência humana nas suas diversas esferas de atividade, desde o primeiro
voo mais simples até aos nossos dias, creio ter descoberto uma lei fundamental [...]
que me parece poder ser solidamente estabelecida, quer na base das provas
racionais fornecidas pelo conhecimento [...] quer através das verificações históricas
resultantes de um exame atento do passado.” ( Auguste Comte, 1830-1842)
O empenho posto na explicação de todos os fenómenos observáveis e a
constatação de que, num curto espaço de tempo se tinham registado alterações
profundas na estrutura da sociedade, faz surgir a sociologia, que se baseia na
análise de grupos humanos tentando entender a sua formação e funcionamento.
O espírito positivista levou o rigor às ciências sociais dando-lhes também o método.
Na geografia debruçou-se sobre a relação dos homens e do espaço, na economia
política Karl Marx tentou tornar científico o socialismo utópico na história começaram
a desenvolver regras com o propósito de reconstruir o passado com a maior
exatidão possível.
Ainda outras ciências afirmaram-se como a Psicologia e a Arqueologia.

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2.2- O ensino público
A valorização do conhecimento como forma de progresso refletiu-se no alargamento
do ensino público. A escolaridade alargada permitiu também obter uma igualdade
cultural que interessava aos liberais, pois possibilitou integrar política e socialmente
as classes populares. A ciência, o desenvolvimento do setor terciário, o progresso
da democracia liberal e a crença no acesso ao conhecimento reforçaram a
importância dada à educação como meio de progresso e felicidade. A política requer
a participação do público em geral, e a educação é um requisito essencial para
"Votação Esclarecida". A segunda metade do século XIX coincide com o período do
alfabetismo. O ensino primário tornou-se obrigatório e completamente
independente. O pagamento dos professores foi para o governo central, que
assumiu o necessário desenvolvimento das redes escolares. Assim, até hoje,
nasceu uma escola pública obrigatória e laica. O ensino superior é necessário para
a formação de engenheiros, médicos, advogados e outras profissões liberais que
caracterizam este período. As escolas secundárias, escolas tecnológicas e
universidades multiplicam-se e procuram renovar os seus programas e métodos de
ensino de acordo com o progresso da ciência e as necessidades do mundo do
trabalho. Uma rota de ciências foi incluída nos currículos do ensino como uma
alternativa à educação em belas-artes liberais durante o Renascimento.

III- O interesse pela realidade nas artes e


literatura

As transformações sociais, políticas e econômicas do século XIX, seus conflitos e


mudanças de mentalidade, levaram ao surgimento de novas formas de enfrentar e
representar a realidade do ponto de vista cultural e artístico. Este período foi
também um período fértil para a inovação tecnológica e o progresso científico. O
surgimento da fotografia neste século possibilitou a captura da realidade com a
máxima objetividade, fascinando as pessoas da época e tendo impacto nos campos
da literatura e das artes visuais. Assim, o realismo registra fielmente a vida e a
sociedade contemporâneas. A pintura é uma arte sobretudo concreta e só pode
consistir na representação das coisas reais e existentes. Foi esta nova forma que
chocou a sociedade. Gustave Courbet foi considerado o representante máximo do
realismo, a representação que fez da realidade baseia-se na experiência e não em
algo desconhecido, “ Eu não posso pintar um anjo porque nunca vi um” (Courbet)

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Gustave Courbet, “O homem desesperado”, 1844-1845

“O título de realista foi-me dirigido tal como o título de romântico foi imposto aos
homens de 1830. Os títulos nunca deram a verdadeira ideia das coisas; se fosse de
outro modo, as obras seriam desnecessárias." (Courbet, 1855)

Na literatura o Realismo focou-se no retrato social, as personagens são pessoas


comuns que vivem, lutam, amam e sofrem. Num cenário cuidadosamente descrito,
contemporâneo e identificável para o leitor. Como Eça de Queirós que nas suas
obras faz críticas à vida social e descreve como era na época como nos “Maias”

Os Maias, Eça de Queirós

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IV- Novas correntes estéticas
As transformações sociais ligadas a contínua ascensão da burguesia, os valores
que lhe estavam associados e a insatisfação dos artistas perante a realidade
impuseram a necessidade de experimentar novas técnicas artísticas que refletissem
um novo entendimento sobre a arte. Foi desta forma, que no final do século XIX se
afirmaram novas correntes artísticas como o Impressionismo, o Simbolismo e a Arte
Nova.
O impressionismo, ao contrário do realismo, procura mostrar a figura humana, em
ambientes animados do mundo do espetáculo e na agitação. Atrai constantes
mudanças como uma simples variação luminosa que transforma as cores. Cabe
então ao artista não representar fielmente a realidade mas antes a sua
interpretação, ou seja, o que conta é a impressão que um artista num certo
momento, tem dessa mesma realidade.

Claude Monet, Impression, Soleil Levant

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O simbolismo, uma nova corrente procurou atribuir à arte um sentido espiritual e
simbólico. Transforma o conteúdo, colocando em si uma mensagem oculta, através
de signos que não eram assimilados de forma imediata.
"Propusemos a denominação de simbolismo como a única capaz de designar
racionalmente a tendência atual do espírito criador da arte.” (Jean Moréas,1886)

Arnnold Bocklin, Isle of the dead

Na literatura procura dar expressão a forças obscuras e incontroláveis, mostrando


uma escrita complexa, quase destinada a uma exata elite de iniciados. Alguns dos
principais poetas é Charles Baudelaire, autor da obra “As flores do mal” (1857) que
retrata a queda; a expulsão do paraíso; o amor; o erotismo; a decadência; a morte;
o tempo; o exílio e o tédio. “As Flores do Mal não contêm poemas nem lendas nem
nada que tenha que ver com uma forma narrativa. Não há nelas nenhum discurso
filosófico. A política está ausente por completo. As descrições, escassas, são
sempre densas de significado. Mas no livro tudo é fascinação, música, sensualidade
abstracta e poderosa.”(Paul Valéry), “Neste livro atroz, pus todo o meu pensamento,
todo o meu coração, toda a minha religião, todo o meu ódio.»,( Baudelaire)

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Baudelaire, As Flores Do Mal

A Arte Nova caracterizou-se pelas suas formas curvas, leves e elegantes, onde a
decoração adquiriu um lugar essencial. Procurou harmonizar a função e a forma, a
utilidade dos objetos e as suas propriedades estéticas. Na arquitetura, o vidro e o
ferro contorcem-se para conferir beleza à cidade e ao mundo industrial e nas artes
decorativas cedeu beleza aos objetos do quotidiano, enriquecendo-os com formas
ricas.

Emile Gallé Gaudi, La Sagrada

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V- Portugal: o dinamismo cultural do final do
século XIX.
Surgiram novas correntes literárias e artísticas que refletiam um tempo de vitalidade e
inovações. O desejo de viver a modernidade europeia foi compartilhado por um grupo de
jovens estudantes de Coimbra na década de 1870. Esta posição entre os “ novos”
intelectuais e aqueles que já há muito existiam, ficou conhecida como “A questão de
Coimbra”. Esta questão veio assim, marcar o início de um novo período da cultura
portuguesa, contribuindo para o fim do modelo romântico. Formaram então este grupo
empenhado na transformação intelectual denominado por “Geração 70”. Este grupo inclui
Antero de Quental que liderava o movimento, Teófilo Braga que defendiam a liberdade
criativa e não pretendiam reduzir a cultura portuguesa e Eça de Queirós.
A carta dirigida pelos mesmos foi dirigida sobre a escola literária de Coimbra.
Esta geração organizou também as Conferências Democráticas do Casino Lisbonense,
onde se prometia abrir uma tribuna onde tivessem voz, para colocar as preocupações com
a transformação social, moral e política dos povos.
A “A questão de Coimbra” e as Conferências do Casino contribuíram para aplicar um novo
dinamismo à vida intelectual. “ Ninguém desconhece que se está dando em volta de nós
uma transformação política, e todos pressentem que se agita, mais forte que nunca, a
questão de saber como deve regenerar-se a organização social [...]” (Lisboa, 16 de maio de
1871)
No final de Oitocentos apesar de marcarem a sua época sentiam-se derrotados pelo
imobilismo nacional que não conseguiram mudar e na década seguinte tornam-se os
Vencidos da Vida, designação atribuída a uma missão que consideram falhada.
Na última década de XIX, ainda ligada ao Naturalismo, surge um período em que Portugal
faz um grande esforço no sentido de recuperação do atraso em relação à Europa. O
Naturalismo na pintura capta ar livre e rejeita o subjetivismo e sentimentalismo exagerados
dos românticos. A pintura impôs-se no panorama artístico nacional, satisfazendo os gostos
de uma alta burguesia culta e de gosto requintado.
O naturalismo ganhou especial relevo com os pintores do “Grupo do Leão”, assim
conhecido devido a se reunirem na cervejaria em Lisboa, Leão de Ouro. Em 1880
apresentaram a primeira exposição.
A partir da segunda metade do século XIX a escultura passa a retratar os heróis da cultura
nacional, como por exemplo a Camões.
A Arquitetura conheceu um conjunto de inovações arquitetônicas resultantes das novas
técnicas de engenharia, bem como a arte do ferro. E por último na música que assumiu um
papel de destaque e formou-se um novo gosto musical.

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VI- Conclusão
Neste trabalho abordei assuntos sobre a cultura ao longo do século XIX, como a evolução
na pintura e movimentos revolucionários para o bom resultado desta. Desenvolvendo
também o progresso na ciência e os efeitos secundários que apresentou no ensino.
Cumpri com todos os objetivos propostos, para o resultado de um trabalho completo e
informativo.
Este trabalho foi muito importante para o meu conhecimento, pois permitiu-me ficar a
compreender melhor e a desenvolver competências de investigação, organização e
comunicação de informações.

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VII- Bibliografia e webgrafia

Fortes, Alexandre, et al. LINHAS DA HISTÓRIA 11º. 1º ed., vol. 3, Areal Editores,
2021. 3 vols
https://estudoemcasa.dge.mec.pt/2020-2021/11o/historia-a/41
http://sitiosdahistoria11.blogspot.com/2010/05/unidade-65-os-caminhos-da-cultura.html
https://www.clickestudante.com/a-ciencia-no-seculo-xix.html
https://www.coladaweb.com/quimica/quimica-geral/historia-da-quimica
https://pt.scribd.com/document/495532954/Resumo-Historia-A-Portugal-O-dinamismo-cultur
al-do-ultimo-terco-do-seculo
https://sites.google.com/site/vahiamoura/as-correntes-artisticas-do-inicio-do-seculo-xx
https://pt.scribd.com/presentation/4016
https://www.rtp.pt/play/estudoemcasa/p7898/e539881/historia-a-11-ano
37395/O-interesse-pela-realidade-social
https://www.studocu.com/pt/document/universidade-de-coimbra/historia-contemporanea-de-
portugal/os-caminhos-da-cultura-o-realismo-e-o-impressionismo-as-novas-descobertas-do-s
eculo-xix-e-xx/26212724

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