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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS

UNIDADE I – ORIGENS DA SOCIOLOGIA

FUNDAMENTOS SOCIOLÓGICOS I

PROFESSOR GILSON GIL

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UFAM – FUNDAMENTOS SOCIOLÓGICOS

 Desde os primórdios da humanidade, sempre houve uma busca pelo conhecimento, por
interpretar a realidade;
 Conhecer é isso: aproximar, tornar próximo, tornar algo familiar, regular e previsível;
 Porém, a humanidade conheceu (e conhece) o mundo de diferentes maneiras: Mito,
religião, senso comum, Filosofia e ciência, por exemplo;
 A abordagem mítica foi das primeiras formas do conhecer o mundo ao seu redor.
 O mito expressa uma forma totalizante, dogmática e fechada de se entender o universo.
 Ele busca racionalizar a realidade, dar explicações sobre o princípio, o meio e o fim das
coisas.
 Não usa testes nem é aberto a debates. Até hoje, vários povos se guiam por eles. Mesmo
nós, ocidentais, os usamos em diversas ocasiões, para dar ordem à realidade.

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 Na Grécia antiga, lá pelos idos de 500 a. C., surgiu outra forma de conhecimento: o
filosófico;
 Era uma forma mais aberta, disposta a ser debatida, do que a mítica. Não era totalizante.
Não pretendia explicar tudo o que acontecia no universo, nem o fim de todas as coisas.
 Os pré-socráticos, Sócrates, Platão e Aristóteles, entre outros, inauguraram essa forma de
pensar e conhecer o mundo, a Filosofia. Até hoje, usamos muito ela, das mais variadas
formas e nas mais diversas ocasiões.
 Não usa testes. Não é empírica. Usa a metafísica para refletir, ou seja, lida apenas com o
pensamento, com a coerência, a lógica e a racionalidade.
 Até nossos dias, é utilizada frequentemente. Porém, hoje em dia, há outras formas de se
pensar o mundo que são mais usadas.

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 Usamos muito, em nosso cotidiano, o senso comum. Ele é uma forma mais imediata e
simplória de conhecer o mundo. É um misto de ideologias, preconceitos e crenças.
Dificilmente, verificamos essas crenças que usamos no dia a dia. São elas que nos guiam
na maior parte do tempo.
 Contudo, desde a renascença (s. XV), que a humanidade utiliza outra forma de
conhecimento, quando quer conceber algo em detalhes e com maior profundidade.
 É a ciência esta forma mais moderna e profunda de conhecer a realidade.
 Nem sempre a usamos, pois somos guiados por nossas crenças, religiões, convicções e
preconceitos na maior parte de nossas vidas.
 A ciência usa testes, a lógica e é aberta a debates e verificações.

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 Em nossos tempos, a ciência é a forma de conhecimento mais usada e valorizada. É a


mais aceita e seus argumentos são os mais utilizados, apesar do poder que outras
maneiras de apreender a realidade, como o mito ou a religião, possuem.
 A ciência é empírica, isto é, usa testes e experimentos. Está sempre aberta a refutações e
verificações.
 Nos últimos séculos, é a forma de conhecimento que mais cresceu e se difundiu pelo
globo, mesmo misturada à religião ou aos mitos e ideologias.
 O senso comum usa muitos de seus elementos, porém, não só eles.

https://www.netmundi.org/filosofi
https://jornaldebrasilia.com.br/mundo/na a/2016/como-mitologia-grega-
-pandemia-de-covid-19-ciencia-chega- deu-origem-democracia-e-ao-
rapido-as-politicas-publicas-mas-nao-de-
forma-unanime/ pensamento-racional /

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 Pensando nas Ciências Sociais, vamos ver, brevemente, como elas se formaram.
 Desde a antiguidade, é uma tradição ocidental pensar a sociedade e as formas de vida em
coletividade – por exemplo Platão e “A república” e Aristóteles com a “Política”.
 Ao longo da história, mas mais especificamente após o Renascimento (s. XV), nos scs.
XVI, XVII e XVIII, muitos filósofos buscaram interpretar as sociedades, como se formavam,
quais seus problemas, suas características, como se originavam os Estados, as leis e as
diferenças de classes. Podemos citar Montesquieu (“O espírito das leis”), Hobbes (“O
leviatã”), Morus (“A utopia”) ou Rousseau (“O contrato social”).

https://pt.wikipedia.org/wiki/ https://pt.wikipedia.org/wiki/Je
Montesquieu an-Jacques_Rousseau
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 Porém, com o avanço da revolução científica, desde os scs. XV e XVI, com o avanço do
Iluminismo (s. XVIII) e do racionalismo, (scs. XVII e XVIII), no s. XIX vários saberes das
humanidades, que eram mais próximos da Filosofia, passam a buscar adquirir um caráter de
ciência. Buscavam se equiparar a outros saberes como a Física, Astronomia, Biologia e
Química, que, no s. XIX, já usavam métodos empíricos e eram consideradas ciências
constituídas.
 É no final do século XVIII e início do XIX que várias ciências humanas e sociais começam a
se chamar de “científicas” e buscar se legitimar como “ciências” e não como filosofia. É o
caso da Economia, da História e da Sociologia. Ressalto que já havia pessoas que há
séculos escreviam sobre esses temas, mas a novidade é que, a partir desse momento,
diziam estar fazendo “ciência” e não mais filosofia.

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 No início do s. XIX, surge um movimento chamado Positivismo que será muito influente. Seu
criador é Auguste Comte (1798-1857). Enfatizava a necessidade dos saberes serem empíricos,
usarem testes, linguagem matemática e lógica nas suas teses.
 Comte será o iniciador da Sociologia científica. Ele a chamava de Física Social. Depois, deu o
nome que ficou até hoje: Sociologia. Veremos suas ideias em detalhes na U. II.
 É um costumes na história da Sociologia usar Comte como um marco para se dizer que após
ele iniciou uma fase mais “científica” da disciplina.
 No final do s. XIX é que a Sociologia entrou nas universidades e virou uma disciplina
acadêmica. Dois sociólogos são considerados os pioneiros nessa “institucionalização” da
Sociologia como uma saber acadêmico: Emile Durkheim e Max Weber.

Comte
http://portaldoaluno.webaula.co
m.br/Cursos/ebook/fundamento http://www.ebooksbrasil.org/eL
s_das_ciencias_sociais/?capitulo ibris/comte.html 8
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 É importante lembrar que, ao longo do s. XIX, inúmeros pensadores tentaram resolver e
apontar saídas para os vários problemas sociais que havia então. Iremos ver esses
problemas mais adiante. Contudo, é válido assinalar que esses pensadores, mesmo não se
chamando de “sociólogos”, elaboraram muitas teses e alternativas que foram usadas no s.
XX, quando a Sociologia se institucionalizou.
 Nomes como Tocqueville, Saint-Simon, Karl Marx, Friedrich Engels, Stuart Mill, Bentham,
entre outros, fizeram muitas contribuições à consolidação da Sociologia, sendo
reconhecidos por importantes trabalhos na análise dos problemas sociais oriundos da
revolução industrial. Na U. II veremos, com calma, as obras de Marx, Durkheim e Weber.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Co
nde_de_Saint-Simon

https://pt.wikipedia.org/wi
ki/Alexis_de_Tocqueville
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 Em termos históricos, a Sociologia surgiu após duas grandes mudanças no mundo ocidental:
a revolução francesa e a revolução industrial.
 A Rev. Francesa (1789) mudou o cenário político da Europa. Rompeu com o sistema real e
nobiliárquico. Quebrou o Antigo Regime e desequilibrou as relações políticas e sociais da
época.
 Por outro lado, a revolução industrial (1790 – 1840), predominante na Inglaterra e Escócia,
mudou a economia, as relações trabalhistas e a sociedade ocidental, com reflexos por todo o
globo.
 Ela trouxe inúmeros problemas sociais, tais como: prostituição, miséria, desemprego,
exploração de crianças e mulheres, alcoolismo e falta de moradia. Isso chocou os
intelectuais da época, que criaram várias saídas para esses problemas, buscando, das mais
variadas formas, elaborar teorias sociais que melhorassem a vida do povo.
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 Por isso, é comum se dizer que a Sociologia é “fruto da revolução industrial”. Ela surge, com
Comte e os outros pensadores já citados, no intuito de resolver a crise social e econômica
vivida pela Europa na primeira metade do s. XIX.
 Propostas das mais diversas soluções políticas e ideológicas surgiram nessa época. Elas
constituíram o cenário no qual a Sociologia foi criada e se consolidou, durante o S. XIX,
firmando-se definitivamente no início do s. XX, quando atingiu maturidade acadêmica.

https://sites.google.com/
site/lehist09/home/idad
e-moderna/seculo-xix
https://www.todamate
ria.com.br/revolucao-
industrial/

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 Finalmente, é preciso que as leituras dos capítulos indicados sejam realizadas.
 Iremos agendar encontros virtuais para debater dúvidas e temas mais complicados, durante
o curso.
 Olhem a apresentação que fala das leituras desta unidade e sigam o roteiro.
 Façam as leituras na ordem que o Guia de Leituras indica.
 Prestem atenção nas seguintes questões:
 As formas de conhecimento que a humanidade criou ao longo de sua história;
 A relação entre ciência e filosofia;
 O que fazem as ciências sociais;
 As mudanças sociais trazidas pela revolução industrial;
 A reação dos intelectuais da época a esses problemas;
 A relação entre a crise ocidental pós-revolução industrial e o surgimento da Sociologia.
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