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HISTÓRIA DE QUÍMICA

HISTÓRIA DE QUÍMICA

1. INTRODUÇÃO Á HISTORIA DE QUÍMICA


1. 1. Relação entre ciências naturais, ciências técnicas e técnica.

Actualmente, o interesse pela historia das ciências naturais e pela técnica tem
sido caracterizado pela revolução científico-técnica e pelos enormes problemas políticos
e sociais que afectam o homem contemporâneo.
Qualquer ramo de produção moderno, independentemente se agricultura ou na
indústria, tem como base o conhecimento produzido pelas ciências naturais. A corrente
eléctrica, o radio , a televisão, os adubos sintéticos, os antibióticos, as fibras sintéticas,
passaram a ser conhecidos e utilizados devido aos progressos da investigação cientifica
nas áreas das ciências naturais.
Nos últimos séculos, as ciências naturais não só revolucionaram as técnicas de
produção tradicionais como também promoveram o surgimento de outras completamente
novas.

Ciência natural:... Procura registrar todos os factos naturais, servindo-se na


indução baseada na indução e na experimentação, descobrir as regularidades (lei natural)
existentes na natureza, constituir assim um sistema ordenado e, por essa forma obter uma
explicação da natureza.
As ciências históricas, cujo papel é, entre outros, investigar e tornar perceptível o
processo de desenvolvimento das sociedades deve ocupar-se sobremaneira com aqueles
factos que produziram mudanças consideráveis na vida das sociedades.
O interesse pela historia das ciências naturais começou a desenvolver-se nos
meados do século XVIII, tendo sido nessa altura que também apareceram às primeiras
obras sobre a historia de química.

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A historia das ciências naturais e concomitantemente a historia da química
conheceram, nas ultimas décadas, após a segunda guerra mundial, uma nova dimensão no
seio das restantes disciplinas.
Conseqüentemente, é fundamental a determinação da posição que as ciências
ocupam, principalmente, as ciências naturais, no desenvolvimento da sociedade humana,
e qual será o seu papel no futuro, de modo a que se possam prognosticar novas tendências
e influenciar novos rumos, tendo em vista um maior uso social dos resultados da sua
investigação.

1. 2. Objectivos e tarefas da historia das ciências naturais, em particular da química.


As ciências naturais de um determinado período contêm, por um lado, um sistema
lógico de definições, hipóteses e teorias, bem como um vasto numeram de conhecimentos
isolados.
Da historia das ciências e particularmente da historia da química, advêm os
seguintes objectivos e as seguintes tarefas:
 Apresentar o percurso da aquisição do conhecimento cientifica, desde os seus
primórdios até a actualidade como um processo ascedente, decorrendo a partir de
um estado mais baixo do saber a um estado mais alto;
 A aproximação de estado de verdade relativa inferior a um estado cada vez mais
próximo da verdade absoluta, decorrente de acumulação quantitativa de
conhecimento;
 Apresentar, com clareza, a influencia da sociedade nas suas mais diversas formas
históricas de organização sobre o desenvolvimento das ciências, como também a
influencia recíproca destas sobre o desenvolvimento das sociedades;

1.3. Objectivos e tarefas da historia da química quanto ao seu tratamento nas aulas.
O interesse histórico estive de inicio direcionado somente a apresentação de
acontecimentos relevantes e de personalidades importantes.
Considerando que a consciência do homem é também influenciada pela sua
consciência histórica, então deve aceitar-se que o homem só poderá ter uma visão geral
do mundo se aprender á observá-lo de um modo multifacetado. Deste modo, torna-se

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necessário observar a historia de química considerando não somente o momento presente
mas também todo um passado importante, tentando igualmente prognosticar o futuro.
Neste contexto, através da formação na disciplina de historia de química
pressupõe-se que os estudantes sejam capazes de:
 Desenvolver a capacidade de apresentar e incluir aspectos históricos nas suas
aulas e evidenciar a sua relação com o desenvolvimento histórico global;
 Explicar a “pseudociência medieval” constituída por um conjunto extensivo de
conhecimentos empíricos e receitas acumuladas pelos percursores da química
também constitui um momento importante para o desenvolvimento da química
com ciência;
 Relacionar exemplos do seu próprio ambiente social e cultural com o
conhecimento universalizado das ciências, em particular da química;
 Interpretar cientificamente a lógica das descobertas da química;
 Compreender o papel da química na evolução humana no passado, presente e
futuro;
 Reconhecer a importância e o papel da química e industria química para o
desenvolvimento de Moçambique;
 Dar exemplos da aplicação da química moderna;

2. OS PRINCÍPIOS DA QUÍMICA NA SOCIEDADE (DA ANTIGUIDADE Á


IDADE MEDIA).
2.1. Interpretação da transformação das substancias pelas teorias naturo-filosóficas.
A química é hoje uma ciência experimental. Enquanto ciência, ela estrutura,
através de teorias, os nossos conhecimentos da natureza. Reagrupa a multiplicidade das
observações e das experiências respeitantes ás transformações da matéria em conjuntos
são unidos por meio de leis, por meio de relações de tipo explicativo.
A química aproxime-se também de uma técnica pelo seu carácter experimental.
Por isso, analisa e sintetiza corpos;

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Aspecto práctico e aspecto teórico mais não fazem que caminhar lado a lado. Não
só obreiam um cimo outro. Na antiguidade, a tradição técnica e a tradição intelectual
teórica encontravam-se profundamente dissociados.
Quanto mais se procura recuar no passado do homem, mais dispersas e imprecisas
são as informações de que dispomos.

Primeiras interpretações sobre as transformações químicas em mitos e filosofias


religiosas.
Foi com o inicio das primeiras sociedades de classes (4ºmilênio a. n. e. quando a
vida sedentária conduziu ao estabelecimento de cidades no Egipto e Mesopotâmia) que se
vislumbraram os primeiros indícios da práctica científica.
A observação de fenômenos naturais levava a interpretação de carácter religioso e
místico, onde deuses seriam seus promotores (criadores). O culto aos deuses representava
a ideologia das classes dominantes. Na Babilônia, por exemplo, eram adorados a lua, o
sol e outras estrelas. A crença nos cinco planetas (Júpiter, Saturno, Marte, Mercúrio e
Vênus) era extremamente propaganda e a estes estavam relacionados deuses próprios, os
quais seriam os determinantes de todos os destinos e acontecimentos do universo (oitavo
centenário a. n. e.). Da teoria dos 5 planetas passou-se para a dos 7 planetas, em que
estavam incluso o sol e a lua. Todos os acontecimentos terrestres teriam existência
determinada pelas posições especificas dos 7 planetas e que mudanças neles poderiam ser
provadas através de rezas, sacrifícios, juras, etc... (estas crenças vieram mais tarde a
influenciar a alquimia no Egipto helenístico).
Na China e na Índia eram normal o culto aos deuses e dava-se aos fenômenos
naturais um significado místico.
Em áfrica, no egipto, no terceiro milênio a. n. e., acreditava-se no deus sol, pois
este dominava a vida no vale e no delta do Nilo; antes teria sido o deus do céu que
representava a vida e o fogo e gerava a chuva e as tempestades.

Interpretações sobre as transformações químicas pelas filosofias naturalistas.


As filosofias naturalistas foram professadas por estudiosos gregos, romanos,
indianos e chineses por volta dos anos 700 a. n. e. Foi por essas alturas que pela primeira

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vez se procuro, de um modo racional, explicar os fenômenos naturais, sociais e
científicos. As principais questões que se colocavam relacionavam-se com a composição
do universo, sua formação e com as causas das transformações neles decorrentes.
Desse modo, estavam a ser tocados problemas que ser relacionavam com todas as
formas e substancias bem como com as suas mudanças qualitativas, as quais constituíam
principalmente problemas de química.
Os principais conceitos a que se refere são os conceitos de elemento; mistio (o
que corresponde ao actual conceito de composto); átomo e complexo atômico (o que
corresponde ao actual conceito de molécula).
É provável que os naturalistas de então tivessem sido influenciados pelas
filosofias religiosas indianas, as quais concebiam 5 elementos (fogo, água, ar, terra e
éter). Somente a água, foi tomado como elemento inicial por Teles de Mileto, que
considerava que todas as coisas do universo teriam sido feitas da mesma substância, a
água.
Anaximandro considerou que existia um universo caracterizado por contradições
internas, que tendiam a um estado de equilíbrio e que seriam a causa do constante
movimento causador das mudanças (quente-frio; seco-húmido)
Anaxímenes escolheu o ar como elemento de base, o que, por densificação ou
diluição originava as nuvens, as chuvas, a terra, o abismo, etc. Heráclito de Éfeso,
sensível sobretudo à mobilidade e ao devir, vê no fogo a elemento a partir do qual todas
as coisas se modificam.
Porem, foi o Empédocles que, pela primeira vez, surgiu a concepção de que as
diferentes substancias conteriam elementos qualitativamente distintos e imutáveis.
Esses elementos seriam o fogo, o ar, a água e a terra. O mesmo Empédocles teria
também introduzido o conceito de mistura como produto da união de elementos que
originariam substancias diferentes. O amor e o ódio, a atracção e a repulsão seriam uma
espécie de afinidade típica das substancias e seriam a causa da formação de misturas e
sua separação. O conceito elemento fora assim obtido de um modo dedutivo. Cem anos
mais tarde, Aristóteles escrevia a seguinte definição: elemento é a parte básica e imanente
a partir do qual qualquer coisa se compõe e que não se pode subdividir. Aristóteles
fundamentava ainda que o “mistio” (composto) não ocorria mecanicamente, mas que

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formava uma unidade na sua teoria dos 4 elementos. Formando-se os pares
(húmido+quente); (quente+seco); (seco+frio); (húmido+frio) obtêm-se, respectivamente,
ar; fogo; terra e água. Estes quatro elementos não se apresentam dissociados mas sim
como 4 formas diferentes da mesma matéria, da qual tudo se pode obter e transformar.
Um outro conceito introduzido no séc. V a. n. e. foi o de átomo (por Leucipo de
Mileto e Demócrito de Abdera), que em grego significa indivisível. Leucipo considerava
que era impossível dividir qualquer coisa até ao infinito e que o limite da indivisibilidade
seria a obtenção de uma partícula muito pequena mas indivisível e que, como contradição
a esta, existiria um vazio. Assim, todas as substancias que integram o universo seriam
compostas por átomos e pelo vazio e que da diversidade na combinação dos átomos, em
complexos atômicos, resultariam as diferentes substancias.
Os átomos diferenciar-se-iam nas suas formas e a formação e decomposição das
substancias dever-se-ia a uma variação na ordenação e posicionamento dos átomos.

2.2. A alquimia com etapa histórica do desenvolvimento da química.


No séc. II a. n. e., a alquimia formou-se como uma área especifica das ciências
naturais, tendo começado inicialmente na China e decorrido no império romano, em
particular no Egipto para mais tarde se desenvolver ate ao séc. XVI na Europa.
O característico da alquimia é o desenvolvimento de métodos e aparelhos
químicos, que permitissem transformar metais em ouro ou produzir uma medicina capaz
de manter o estado jovem no homem (principio de imortalidade). As suas raízes partem
da china, tendo como base filosófica (filosofia naturalista do Davismo) o principio de
Yin-Yang, segundo quem tudo o que existe se transformaria no seu oposto, sempre que se
atingisse um determinado estágio de desenvolvimento. As transformações ocorreriam
com mudanças temporais do equilíbrio de Yin-Yang. Maior carácter Yang significaria
mais juventude, frescura e saúde. Em contrapartida, o envelhecimento e a morte dever-se-
iam ao aumento do carácter Yin. O estado estável seria o de um equilíbrio ideal entre o
Yin e Yang e este principio serviria para todas as coisas existentes no universo (animais,
vegetais, minerais, etc). Por exemplo, o mercúrio e o estanho teriam mais Yin enquanto o
chumbo e o bronze teriam mais Yang. Por seu turno, no ouro existiria o equilíbrio ideal
entre o yin e o yang daí o seu carácter nobre. Quem quisesse permanecer jovem e são

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deveria pois então descobrir uma medicação que facultasse um equilíbrio equiparável ao
existente no Auro. Numa época mais avançada, a principal função da alquimia estava na
procura de métodos, que transformassem os metais não nobres em nobres , por exemplo,
em ouro (império romano, bizantico, orábico e na Europa).

A experimentação alquímica
Conhecia-se, desde há muito tempo, a copelação da prata. Esta técnica consistia
em fabricar um cadinho a partir das cinzas de ossos calcinados. Nesta cadinho colocava-
se um pedaço de chumbo. Por aquecimento do chumbo ao ar, este fundia, oxidava-se. O
óxido era depois absorvido pelo material poroso do recipiente. Por vezes, ficava no fundo
do cadinho um pouco de prata. A experiência parecia conduzida para uma transmutação.
Com efeito, a prata existia enquanto impureza no chumbo de partida, uma vez que o
chumbo e a prata se acompanham freqüentemente em seus minérios. Uma outra
substância espectacular é aquela em que se pode ver uma haste de ferro desaparecer numa
solução de “vitríolo azul” (sulfato de cobre) ao mesmo tempo que se forma um depósito
de cobre sobre o ferro, num primeiro tempo. No fim da experiência não resta mais que
um pó, uma lama de cobre no fundo do recipiente.

2. 3. Os representantes mais importantes da alquimia.


É difícil fixar a data precisa para a descoberta e a descoberta das substancias
químicas. Freqüentemente, com efeito, alguns alquimistas atribuíram os seus escritos a
sábios celebres, tirando proveito do renome destes a fim de obterem uma melhor difusão
das suas próprias receitas. Assim, o alquimista árabe Djabir-Ibn-hajjan (Geber), que
viveu no séc. VIII, foi dado como autor de várias centenas de livros. Nos escritos que
parecem ser os mais antigos fala-se por exemplo da potassa (álcali), do cloreto de
amônio, etc.
De entre os representantes da alquimia mais conhecidos citam-se algumas como:
- China – Huai Nan Tse;
- Império romano e bizantico – Demokrito, Hermes, kleopatra entre outros;
- Império árabe e Europa - Gabir Ibn Hayyan. Tomas de Aquino, etc.

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Com base em or Razi, foram colocadas novas imposições á alquimia:
 Apresentação e sistematização de todas as substancias químicas conhecidas ate
então segundo as suas propriedades;
 Apresentação e sistematização de todos os aparelhos e discrição da sua
aplicabilidade;
 Apresentação e sistematização das bases teóricas da alquimia segundo princípios
da filosofia naturalista e os seus métodos.

3. AS CARACTERÍSTICAS SÓCIO-ECONÓMICAS E A POSIÇÃO DA


QUÍMICA NA SOCIEDADE NA IDADE MODERNA (MEADOS DO SÉC. XV
ATÉ AO FIM DO SÉC. XVIII).

3.1. A química durante a renascença.


Um intelectual católico e posteriormente professor de Matemática, Gassend,
tomou a teoria atómica de Demokrito para esclarecer a estrutura da matéria e as
modificações, tirando-lhe, porém, o seu carácter ateística.
Assim ele postulou que os átomos nem sempre teriam existido, que o seu número
não seria infinito, mas finito e que o seu movimento não ocorreria sem que houvesse
influência externa.
Se, por um lado, a atomística voltava a ser estudada, tornando-se mais claro
compreender que os produtos das reacções químicas derivavam da interação entre átomos
diferentes, por outro, abria-se campo ao credo sobre as teorias idealistas com a
formulação de um criador supremo de todas as coisas.
Foi entretanto Newton quem concretizou as ideias de Boyle ao basear-se na lei de
Kepler sobre os movimentos planetários, postulou que as partículas pequenas dos corpos
possuiam certas forças de atracção e repulsão que as mantinha unidas a certas distâncias;
por exemplo, a formação do nitrato de cobre, pela dissolução do cobre em ácido nítrico,
dever-se-ia ao facto de as partículas pequenas de ácido poderem penetrar nos espaços
intermediários entre os átomos do metal, provocando assim a sua dissolução. Devido as
forças de atracção entre as partículas do metal e do ácido, formar-se-iam grupos de
partículas, tendo como centro um cropúsculo metálico, que seria envolvido por uma

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esfera externa de partículas do ácido. O equilibrio entre as forças de atracção e repulsão,
entre as partículas, seria responsável pela manutenção de uma certa distância entre estas e
determinaria a sua coexistência na nova substância, o nitrato de cobre.

A revolução científica do século XVII. A teoria flogística.


Becher e Stahl foram os fundadores da flogística. Essa teoria tinha como base os
ensinamentos da experiência, principalmente, com o trabalho intensivo nas minas e com a
tinturaria. Esta teoria, baseada no processo da combustão, durou cerca de 75 anos na
Europa.
O novo e importante nela teria sido a identificação do papel do carvão na redução
de óxidos metálicos e produção dos respectivos metais, donde Stahl viria a concluir que
o carvão doava qualquer coisa nova aos óxidos, que os transformava em metais. A essa
qualquer coisa ele denominou flogisto.
Ele via, de um modo lógico, que ao se oxidar o metal, por exemplo, qualquer
coisa saía dele e essa qualquer coisa voltava a combinar-se com o óxido metálico quando
reagisse com o carvão no processo de redução.
Assim, pode ver-se como o processo redox era inversamente interpretado e que
este significava, naquela altura, a separação do flogisto (a componente inflamável).
Apesar de falsidade de tais conclusões, a teoria flogística veio, de certo modo,
influenciar, pela primeira vez, o desenvolvimento da Química sob uma base corpuscular,
passando as reacções químicas a serem observadas como processos decorrentes entre
átomos, em que estes participavam como reagentes e que conduziam à formação de com
calcário, tendo dado ao gás libertado o nome de ar fixo.
O Pristley (1774) descobriu o oxigénio com base na decomposição térmica do
óxido de mercúrio. Independentemente deste, Scheele havia (1772) descoberto o
oxigénio, sendo porém a descoberta do cloro (1774), pela acção do cloreto de hidrogénio
sobre o dióxido de manganês a mais importante descoberta deste cientista.
Cavendish chegou mesmo a pensar (já que o hidrogénio é por si só combustível)
que o flogisto só poderia provir do metal.

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Entretanto, pela união desse suposto flogisto com o oxigénio, Cavendish obteve
“agua como produto final, o que o levou a duvidar, em certa medida, se teria descoberto o
flogisto ou não.
As contradições da teoria do flogisto têm como base a tentativa de perceber as
variações das massas ocorrentes nos reagentes, bem como a conclusão de que os
somatórios finais seriam os mesmos.
Com Lomonossov foi diferente, pois este resolveu fazer a experiência de Boyle num
sistema fechado. Deste modo, foi descoberta a lei da conservação da massa por
Lomonossov, que a distendeu para a lei da conservação da faorça.
Entretanto, a experiência que mais espantou Cavendish foi a do gás fulminante
entre o hidrogénio e o oxigénio com formação da água. Isso levou a que ele concluisse
que a água não podia ser um elemento, pois formava-se a partir do ar inflamável e ar
desflogistisado.
Quem viria mais tarde a pôr termo às teorias do flogisto com base em
experiências sobre os fenómenos da combustão, seria Lavoisier, tendo, deste modo,
contribuído para definir melhor os conceitos elemento, composto, e daí derivarem os
conceitos ácidos, bases e sais, bem como a nomenclatura dos elementos e compostos
químicos.

4. A CIÊNCIA DO SÉCULO XVIII E O NASCIMENTO DA QUÍMICA


CLÁSSICA.
4.1. A institucionalização da química clássica e as mudanças revolucionárias nas
teorias da química.
A partir do início do século XIX, formou-se a Química Clássica, através da qual
cientistas como Lavoisier, Richter, Proust, Gay-Lussac e Humbolt, permitiram o
desenvolvimento da estequiometria; Dalton formula a sua teoria atómica, Avogadro
formula a sua teoria molecular.
A Química Clássica institucionaliza-se na Universidade e a formação laboratorial
passa a ser parte integrante do currículo universitário.
O desenvolvimento e a proliferação de instituições universitárias, o aumento do
número de indivíduos com conhecimento científico e a prática científica ligada à

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investigação promovem o desenvolvimento e o assentor da Química Clássica, que se
firma com a subdivisão desta em áreas específicas – Orgânica, Inorgânica e Física.
Os métodos foram desenvolvidos e sistematizados, nasceu a Química Analítica,
começaram a ser estudados os fenómenos da electrólise, desenvolveram-se métodos
químicos-físicos novos, que permitiram a determinação exacta das massas atómicas e
moleculares, e, para o isolamento e caracterização de compostos orgânicos, desenvolveu-
se a análise e síntese orgânica.

4.2. Aparecimento e desenvolvimento da indústria química básica.


A indústria química desenvolveu-se exponencialmente, transformando-se na força
motriz do processo de produção e reprodução.
O desenvolvimento da indústria química veio mudar a posição social dos
químicos, que passaram a ser sujeitos desse desenvolvimento. Além do químico como
académico, formavam-se os químicos industriais e engenheiros, que seriam os
responsáveis pela produção industrial, ou seja, pela introdução e realização tecnológica
do resultado da investigação química. Aqui ocorre uma ligação estreita entre a indústria e
as instituições universitárias, colocando-se, nestas últimas, as bases materiais necessárias
à investigação.
A indústria dos compostos inorgânicos transformou-se sob o impulso de factores
técnicos, mas também para responder às necessidades de uma sociedade nova que queria
pôr ao serviço do seu entusiasmo conquistador tanto a matéria como o homem que
trabalha a matéria.
Dois ramos desta indústria são particularmente representativos. Por um lado,
aquele que conduzia ao ácido sulfúrico, porque este é um ácido forte e pode, por isso,
transformar um número considerável de produtos. Por outro lado, a siderurgia, cujo
desenvolvimento era indispensável, por exemplo, a construção das redes ferroviárias.
Na área da biologia, a necessidade de intensificação da agricultura leva à
investigações sobre o desenvolvimento das plantas e a constituição dos solos, o que
conduziu à formação da química agrícola e à produção de adubos.

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Assim, nos finais do século XVII, um grupo de químicos, dos quais se salientam
os alemães Becher e Stahl bem como os seus estudantes, contribuiram muito para o
posterior desenvolvimento da química ao procurarem que esta fosse utilizada para
solucionar problemas de fome e miséria resultantes da guerra dos trinta anos na
Alemanha. Deste modo, influenciados pelo progresso da produção burguesa na Grã-
bretanha e Holanda, estes procuraram aplicar os conhecimentos de química não somente
para a produção de medicamentos mas também em todas as indústrias onde fosse
possível aplicá-los. A Química passou a estar relacionada a interesses mercantilistas.

5. O DESENVOLVIMENTO DA QUÍMICA MODERNA.


5.1. A radioactividade e o novo conceito sobre átomo.
(Prisma, o conhecimento em cores, Matthew Gaines)

A radioactividade foi descoberta em 1896 pelo cientista francês Henri Becquerel,


o qual provou que a pechblenda, um mineral contendo urânio, conseguia impressionar
um papel fotográfico, mesmo que este estivesse envolto com papel preto.
(Física: L. S. JDÁNOV, G. L. JDÁNOV, traduzido do russo por Ana Isabel Baptista
Moura)

Sob acção de um campo magnético a radiação divide-se em feixes de três tipos


que foram chamados raios α , raios β e raios γ.
Constatou-se que os raios α são constituídos por partículas carregadas
positivamente; os raios β são um feixe de electrões que se movem a alta velocidade; os
raios γ, que não são reflectidos pelo campo magnético, são uma radiação
electromagnética de ondas ultracurtas.
Em 1903, Rutherford e Soddy formulavam a ideia da emissão radioactiva ser
devida à desintegração (fissão) espontânea dos átomos.

5.2. O desenvolvimento das teorias de valência e de ácido-base.


( Bernard Vidal, História da Química)

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A noção de radical aparece em química orgânica em finais do séc. XVIII um
radical é um grupo de equivalentes de vários elementos, ou um grupo de átomos segundo
a terminologia, que se transporta sem alteração de um composto para o outro, como
indivíduo determinado. A primeira prova clara da existência de um radical data de 1815,
quando Gay-Lussac produziu um gás que recebeu o nome de cianogénio: (CN)2. Nas
reacções em que este gás intervinha, o agrupamento CN agia como um todo.
Em 1834, Dumas observou que o cloro, na sua acção sobre o álcool, pode
substituir-se ao hidrogénio. Não foi ele o primeiro a ter observado um tal fenómeno, mas
foi ele que sistematizou as observações numa “teoria da substituição”.
Friedrich August Kekulé (1829-1896) acrescentou o tipo metano, em 1857, aos
tipos já conhecidos.
Ora, ele é fundamental no âmbito de uma teoria dos tipos, uma vez que os
produtos orgânicos são em grande parte compostos de carbono e de hidrogénio.
O carbono é pois relativamente tetravalente, uma vez que se pode unir a quatro
outros radicais.
Com estas ideias, uma grande parte do edifício conceptual estava em condições de
permitir a representação da estrutura molecular.

A química das soluções:


Os trabalhos que estão na origem das concepções actuais acerca das soluções
devem-se a François – Morie Raoult (1839-1901) e Wilhelm Pfeffer (1845-1920).
Raoult mostrou que o acto de dissolução separa simplesmente as moléculas orgânicas
umas das outras.
Cada uma delas exerce a mesma influência sobre as propriedades básicas da água.
Ele apercebeu-se de que a lei da congelação não se aplicava aos sais (1884). Foi obrigado
a supor que as “moléculas” de sal se separavam logo que se encontravam em solução na
água e que as diferentes partes agiam como individualidades.
Os trabalhos de Arrhenius levaram a atribuir a acidez de uma substância à
possibilidade que ela tem de produzir em solução iões H+, e a basidade a possibilidade de
produzir OH-.As soluções ácidas são aquelas em que se encontram uma concentração de

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iões H+ mais elevada do que a água pura. As soluções básicas devem conter mais iões
OH- do que a água pura.
Os iões H+ e OH- tem um comportamento simétrico quanto ao papel dos ácidos e
das bases.
O grau de dissociação dos ácidos e das bases condiciona a sua “força”.
A simetria encontrada no comportamento de H+ e OH- na teoria precedente
desapareceu em 1923 quando Johannes Nicolau Brönsted (1877-1947) generalizou o
problema de acidez: um ácido emite iões H+, uma base fixa iões H+. As propriedades
ácido-básicas giram, pois, sempre em torno deste ião.
A teoria do G. N. Lewis, que data da mesma época que a de Brönsted, expande-
se menos rapidamente, sendo no entanto ainda mais geral. Para Lewis, um ácido contém
um átomo receptor de electrões, uma base, um átomo que pode dar electrões.

(Química 3 “Físico – Química” )

5.3 As primeiras reacções nucleares e a radioactividade artificial.


(Aichinger Bach Moreira)
O processo de emissão espontânea de partículas alfa por substâncias radioactivas
naturais foi utilizado para provocar “transformações” em núcleo estáveis.
Nessas reacções, uma partícula nuclear, utilizada como progétil, interage com o
núcleo de um átomo provocando a reacção nuclear. Em 1919, Rutherford provocou a
primeira transmutação de um elemento em outro por bombardeamento do núcleo. Ele
utilizou partículas α para transformar nitrogénio em oxigénio:

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7N + 2He 8O + 1H

Em reacções nucleares desse tipo, é dificil forçar uma partícula carregada a se


aproximar suficientemente do núcleo-alvo para que ocorra a reacção. O aperfeicoamento
de poderosos aceleradores de partículas, como o ciclotron e o acelerador linear, foi
importante porque permitiu gerar fluxos de núcleos com energia suficiente para se
aproximarem dos núcleos-alvo.

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Neste século, boa dose de radioactividade artificial, provocada pelo homem, foi
acrescentada a natural.
A radioactividade artificial varia desde a emitida por um mostrador de relógio até
a de uma explosão nuclear.
O uso médico dos raios-x contribuiram com a maior parte do aumento da radiação
artificial. A dose é mantida no seu nível mínimo e não constitui perigo, embora os
radiologistas devam prevenir-se a fim de não receber um acúmulo de dose.
Alguns objectos produzidos industrialmente emitem materiais radioactivos. O
rádio entra na composição das tintas que tornam luminosas os mostradores de relógio,
emitindo partículas alfa que tornam fosforescente o sulfato de zinco.
Uma fonte muito introvertida de radiação é o fallout das explosões nucleares.
Contem estrôncio- 90, césio-137, iodo- 131 e carbono- 14 em grandes quantidades sendo
absorvidos pelo homem através dos alimentos e da respiração. Até ao presente o fallout
tem sido mais intenso nas regiões temperadas no hemisfério norte, sobretudo porque ali
houve maior número de explosões atómicas.

5.4 A energia nuclear e a bomba atómica.


(Química 3 “Físico – Química” Aichinger Bach Moreira)
Na fissão de elementos pesados (como por exemplo, U-233, U- 235, Th- 232 ou
Pu-239) há emissão de mais de um neutrão. Como os neutrões emitidos podem, por sua
vez, provocar novas fissões, pode-se conseguir, em determinadas condições, uma reacção
em cadeia, uma enorme libertação de energia. Essa energia é utilizável desde que se
consiga controlar o processo de fissão.
Na ocasião, não havia interesse em aproveitar a energia gerada nos reactores
nucleares.
O objectivo dos trabalhos era a fabricação das bombas que foram lançadas no
Japão (uma bomba de U-235 em Hiroshima e uma bomba de Tu-239 em Nagasaski).
Hoje em dia, a situação é diferente: estão sendo construidos grandes reactores para
atender as demandas de energia da humanidade.
Contribuiu e continua a contribuir em domínios que tem possibilitado a produção
e a exploração da energia atómica.

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6. NOVAS TENDÊNCIAS DO DESENVOLVIMENTO DA QUÍMICA APÓS 1945.
(Textos de apoio/ História de Química, José António de Barros)

6.1. A revolução científica – técnica e sua influência sobre desenvolvimento da


indústria química e das ciências químicas.
Depois do rescaldo da guerra teve início a revolução científico – técnica dos anos
50, que se foi desenvolvendo até a sua forma específica dos dias de hoje.
Característico para a revolução científica – técnica é a aplicação prática dos
resultados da investigação científica. Só para exemplificar, passaram-se somente 20 anos
entre o descobrimento da radioactividade artificial e a construção da primeira central de
energia atómica (1934 - 1945) enquanto que na época da revolução industrial foram
necessários 111 anos para construir a primeira central eléctrica depois da descoberta da
electricidade por Galvani (1771 - 1882). Ao longo deste período nunca a matemática e as
ciências naturais teriam conhecido um desenvolvimento tão rápido que pode ate ser
considerado de exponencial. Desse modo as disciplinas tradicionais da matemática e das
ciências naturais foram sendo desenvolvidas cada vez mais.

6.2. A química orgânica em movimento


(Bibliografia: Enciclopédia Mirador Internacional)
Não foi novidade do séc.XIX a investigação dos compostos orgânicos. Já a
alquimia árabe os considerava em detalhe, especialmente na sua actuação medicinal. Não
havia, porém, clareza sobre o que distinguia os compostos orgânicos dos inorgânicos.
No início do séc. XIX ficou evidente que os compostos orgânicos obedeciam à lei
das combinações (Berzelius). Supunha-se, porém, que uma força vital os permeasse,
distinguindo-os dos inorgânicos e impedindo a sua obtenção em laboratório.
O primeiro grande golpe contra essa teoria foi a obtenção da uréia, a partir do
cianato de amónio, por Friedrich Wöhler (1800 - 1882). Pouco depois, P. E. M.
Berthelot (1827 - 1907) anuncia a possibilidade de obtenção de qualquer substância
orgânica a partir de carbono, hidrogénio, oxigénio e nitrogénio. Foi o golpe mortal no
vitalismo.

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O crescimento da química orgânica foi então rápido. Descobrem-se os radicais e
estrutura-se toda uma teoria, em parte falsa, sobre eles.
Em meados do séc.XIX F. A. Kekulé (1829 - 1896) mostra a tetravalência do
carbono, contribuindo assim para a formulação da estrutura dos compostos orgânicos.
O progresso das sínteses orgânicas é rapidissimo. Obtem-se, por via sintética,
corantes de importância industrial: a química orgânica transforma-se em grande indústria
química.

(P. Arnaud Curso de química orgânica dinalivro)


Alguns números darão uma ideia do desenvolvimento extraordinário da química
orgânica. Calcula-se que em 1880 se conheciam cerca de 12.000 compostos orgânicos;
em 1910: 150.000; em 1940: 500.000 e que, ate agora são conhecidos mais de 6x10 6
compostos orgânicos, e dia após dia estão sendo descobertos ou sintetizados novos
compostos.
Os importantíssimos progressos realizados nos vários domínios da química
orgânica, no decurso dos últimos decénios, foram possíveis pelo aperfeiçoamento dos
meios analíticos aplicáveis ao isolamento e à identificação dos compostos orgânicos, na
sequência de se terem introduzido na prática corrente métodos físicos diversos, como a
cromatografia ou as técnicas espectroscópicas (infravermelho, ultravioleta, ressonância
magnética nuclear, ressonância paramagnética electrónica, espectrometria de massa, etc.).

6.3. A química inorgânica em movimento


(Enciclopédia Mirador Internacional)
O mérito de Lavosier foi o de ter elucidado o fenómeno da combustão,
sepultando a teoria do flogistico; ter colocado a química numa firme base experimental;
ter reconhecido a natureza das substâncias elementares; ter formulado explicitamente a
lei da conservação de massa; ter suportado e estimulado o sistema de nomenclatura que,
em essência, é o que se utiliza actualmente na química inorgânica.
Começa a época da formulação de leis gerais da combinação. J.B.Richter (1824 -
1898) e, com mais clareza, J.L.Proust (1762 - 1807), formulam a lei das proporções
constantes, que dá origem a formidanda controvérsia com C.L. Berthollet (1748 - 1822).

17
A lei da constância da composição, no entanto, teve aceitação universal. Abriu caminho
para o trabalho de Jonh Dalton (1766 - 1844), que deu uma formulação precisa e clara
sobre o átomo (a partícula indivisível de uma substância simples).
Berzelius organiza uma notação química simples, embora tenha sido modificada
para melhor posteriormente; os símbolos dos elementos são, no entanto, os que até hoje
se usam.
As descobertas sucedem-se no terreno da química inorgânica. Obtêm-se puros o
silício, o zircônio, o titânio e o tório. Com a utilização da espectroscopia torna-se possível
identificar quantidades minutíssimas de substâncias em sistemas complexos.
Assim, R. W. Bunsen (1811 - 1899) descobre o césio e o rubídio. A hipótese de
A. Avogadro (1776 - 1856) desprezada por quase cinquenta anos – ganha rápida
aceitação, uma vez exposta por S. Cannizzaro (1826 - 1910), em 1860.
A obra de Mendeleev (1834 - 1907) tem atrás de si toda a elaboração teórica e
todo o trabalho experimental da química dos séculos anteriores. Com a sistematização da
classificação das substâncias as ideias das essências alquímicas. As combinações
inorgânicas apareciam como consequência de propriedades naturais dos elementos.
(R. B. Heslop. H. Jones, Química Inorgânica, 2ª edição, Fundação Calouste Gulbenkian)
A química inorgânica continua a despertar um interesse sempre crescente como
domínio de pesquisa pura e aplicada, encontrando actualmente inúmeras aplicações na
indústria.
Esta base da investigação realizada visando a obtenção de produtos químicos de
elevada pureza e de outros em geral, em cerâmica, na produção de vidro e materiais de
construção e na metalurgia extractiva. Boro é o elemento que não esta sendo objecto de
investigação sob qualquer aspecto nos tempos que ocorrem. Esta ligada à preparação de
catalizadores, para obter o maior rendimento possível em produtos químicos de interesse
industrial, tem-se recorrido à hidrogenação catalítica, operação sempre dispendiosa, e
estuda-se a possibilidade de recorrer ao << Cracking >> catalítico ou à oxidação
selectiva. Deste modo se poderia converter a quase totalidade da massa do carvão em
produtos de interesse industrial, em vez de, tal como hoje sucede com os processos
destilatórios, grande parte dessa massa ficar nas retortas, sob a forma de variados carvões.

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No destilado da hulha predominam hidrocarbonetos e derivados aromáticos, que,
com alguns alifáticos, constituem base para fabricação de corantes, medicamentos (a
vulgaríssima aspirina é um derivado do tolueno), explosivos, insecticidas (DDT,
gamexane), têxteis (orlon, terylene, nylon), borracha sintética, detergentes, resinas
sintéticas (produtos cujo interesse tem aumentado considerávelmente com a fabricação de
madeiras laminadas), álcoois, e muitos outros.
(Enciclopédia Mirador Internacional)

6.4. A química física em movimento


Conceitualmente, seria a investigação física das estruturas químicas, isto é, tudo o
que, modernamente, se chama física atómica, física nuclear, mecânica quântica atómica e
molecular.
Historicamente, formou-se como um ramo da química preocupado com a
investigação dos efeitos químicos da corrente eléctrica (electroquímica).
Esses efeitos começaram a ser investigados quase imediatamente depois da
descoberta de A. volta (1745 - 1827). Os trabalhos de H. Davy e de M. Faraday, sobre
electrólise, datam do início do séc.XIX.
A investigação electroquímica torna, porém, sua feição mais moderna no estudo
da dissociação electrolítica (Grotthuss, Williamson, Clausius, Arrhenius) e da
condução de carga pelos ions (Hittorf, Kohlraush, Debye), que chegam até o séc.XX. A
investigação das pilhas electroquímicas (Nernst) tem oportunidade de utilizar, na
química, as armas oferecidas por uma ciência puramente física – a termodinâmica (note-
se que parte da termodinâmica, a termoquímica, foi objecto de investigação por parte dos
químicos).
O estudo das velocidades de reacção foi outro rebento da química do séc.XIX. O
desenvolvimento da química do estado sólido, da espectroscopia, são exemplos vivos de
desenvolvimento actual das ciências naturais e da tecnologia. Tendo como base os
conhecimentos científicos daí obtidos, a indústria química tem vindo a sofrer um
desenvolvimento considerável desde meados do século XX. Através da produção massiva
de plásticos, de fibras sintéticas e elásticas, de adubos, corantes, produtos farmacêuticos e
outros produtos químicos de base, ela tem conhecido uma mudança estrutural, que

19
provoca mudanças profundas em outras áreas da vida social. Só para exemplificar
salientam-se áreas como a indústria alimentar, a indústria do vestuário, a indústria
médica, a indústria caseira, a construção civil, a indústria mineira, a agricultura e a
indústria florestal, a indústria de automóveis, e mesmo até muitas áreas da cultura.
Ao terminar o séc.XIX, as descobertas químicas ofereciam um panorama
satisfatório. Sem ter conseguido as sínteses magistrais da física (termodinâmica,
electromagnetismo, teoria cinética dos gases, mecânica, etc.) tinha obtido a necessária
uniformidade e a possibilidade de grande expansão.
A resolução desses problemas, ou pelo menos o avanço na sua resolução, veio da
física, com a descoberta da radioactividade e a do electrão; a medida da carga específica e
a carga do electrão; a descoberta do efeito foteléctrico; a aplicação dos princípios da
quantificação de Planck ao efeito foteléctrico, por Einstein; o modelo atómico proposto
por Rutherford e modificado por Bohr; a mecânica ondulatória de Schrôdinger; a
quantificação do átomo; a radioactividade artificial; a descoberta do neutrão; a descoberta
de uma multidão de partículas elementares; a fissão nuclear.
Todas essas descobertas e teorias vieram de físicos e sacudiram
espectacularmente a química, dando conteúdo novo e inesperado às suas teorias,
unificando seus conceitos, criando uma química física, onde não há limite nítido entre o
facto químico e o facto físico.
6.5. O desenvolvimento das novas áreas da indústria química (a química do
petróleo, gás natural e do carvão, plásticos, elásticos e fibras sintéticas);

(Compéndio de Química, Alice Maia Magalhães, Túlio Lopes Tomaz, 1963, Livraria
Avis)
A associação íntima da ciência pura à técnica abriu à química aplicada as mais
variadas perspectivas.
De entre as matéria-primas cuja exploração racional conduziu ao emprego, em
larga escala, de todos os seus derivados, e a integração destes em moléculas diferentes,
por condensação, polimerização, substituições variadas, etc., vêm à cabeça o petróleo e
os carvões naturais.

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a) Petroquímica – É o importantíssimo ramo da química dos petróleos.
* Indique os produtos sintetizados por este ramo importante da indústria química.
b) Química dos carvões naturais – Embora bastante mais antiga que a petroquímica,
está longe de ter evolucionado tão espectacularmente como esta. Atribui – se o facto, em
grande parte, não só às características económicas próprias de cada uma das explorações,
como também, e sobretudo, ao pouco que ainda se sabe da estrutura molecular do carvão
natural.

c) Derivados do silício – O vidro, material de grande interesse, tem, aliado a inúmeras


vantagens, o inconveniente de ser quebradiço, e, por isso mesmo, perigoso em algumas
das suas aplicações.
Da extensa lista de produtos de base silícica já usados correntemente, destacar-se-
ão: lubrificantes, << borracha líquida>>, resistente ao calor, ao frio, à secura e a
humidade, tanto para utilizar em expedições antárticas como em voos especiais, vernizes,
veículos, para tintas à prova de calor, películas anticorrosão, fluídos para máquinas
térmicas e bombas de vazio.

d) Química farmacêutica – O século XX trouxe para a medicina a contribuição mais


notável depois da vacina: os antibióticos.
Iniciada com produtos de função amida (as sulfamidas), a indústria dos
antibióticos encontrou novo caminho com a descoberta da penicilina (Fleming, 1929), a
que se seguiu uma vasta série de produtos originados, como aquela, por fungos.
A produção, iniciada em quantidades mínimas, atinge actualmente cotas da ordem
de muitas toneladas, graças à preparação sintética.

HISTÓRIA DE QUÍMICA
Questionário e problemas

1. Discuta a relação entre ciências naturais e ciências técnicas!

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2. Distinga ciências históricas das ciências naturais numa perspectiva de
desenvolvimento das sociedades!
3. Mencione os objectivos e tarefas da história de química!
4. Comente como o conhecimento científico e sistematizado se constituiu até aos
dias de hoje!
5. Explique detalhadamente como é que a história de química deve ser tratada
nas aulas!
6. Argumente porque razão a química é considerada “ciência técnica” ?
7. Em que regiões e porque apareceram os primeiros indícios de prática
científica?
8. A observação de fenômenos naturais levava a interpretações de carácter
religioso e místico, onde deuses seriam seres promotores (criadores).
Comente a frase tomando em consideração à interpretações de fenômenos
naturais nos dias de hoje!
9. Quais são as bases que permitiram a interpretação de fenômenos naturais de
forma racional?
10. Explique como as filosofias religiosas teriam influenciado para a criação de
alicerces de alguns conceitos de química!
11. ...As diferentes substâncias contém elementos qualitativamente distintos e
imutáveis.
a) Indique o autor desta frase!
b) Que elementos são esses a que o autor se refere?
c) Explique o significado do amor e o ódio segundo o mesmo autor!
d) Que conceito e através de que métodos teria sido obtido?
12. O conceito sobre o átomo foi introduzido por leucipo de Mileto e Demócrito
de Abdera no séc. V a. N. E.
a) Estabeleça a diferença no conceituado de então e da actualidade!
b) Que bases estão na origem da evolução do conceito actual da teoria
atômica?
13. Qual é foi o contributo dado pela alquimia para o desenvolvimento da
química?

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14. Explique o surgimento e os princípios de sustentação da alquimia!
15. A “jatroquimica influiu bastante para dar um novo rumo á química".
Justifique esta afirmação!
16. a) Enuncie as leis das revoluções planetárias de Kepler!
b) Sob esta base, quais postulados anunciados por Newton?
17. Fundamente como a química passou a estar relacionada a interesses
mercantilistas!
18. Explique a teoria flogística e a sua influencia para o desenvolvimento da
química! NB: trabalho escrito
19. Como explica que a lei de conservação da massa tendo sido descoberta por
Lomonossoov?, contudo aparece registrado com o nome de Lavoisier!
a) Que impacto teve a descoberta da lei?
20. Quais são as bases que permitiram a institucionalização da química clássica?
21. Que razões levaram a separação que fizeram os químicos, durante muitos
anos, entre a química inorgânica e química orgânica?
22. Que importante contribuição trouxe Wohler para unificação da química?
23. O desenvolvimento da industria química veio mudar a posição social dos
químicos e contribuir para o aparecimento de novas áreas da química.
Fundamente esta afirmação!
24. A descoberta da radioactividade veio dar um impulso ao desenvolvimento das
ciências naturais em particular à química. Argumente este ponto de vista com
exemplos!
25. Discuta a teoria ácido-base segundo Arrinheus, Bronsted e Lewis.
26. Rutherford é o primeiro cientista a fazer a transmutação de um elemento.
Descreva a sua experiência!
27. Que conseqüência trouxe a descoberta dos raios α e β?
28. O uso da bomba atômica em Hiroshima e Nagasaki trouxe conseqüências
desastrosas para a humanidade.
Discuta o emprego da energia nuclear!
29. Caracterize o período da revolução científica-técnica!

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30. Que perspectivas se desenham actualmente e no futuro para o
desenvolvimento da química?
31. Discuta o carácter dinâmico da química!
32. Desenhe um esboço cronológico dos principais factos descobertos e que
permitiram o desenvolvimento:
a) Química orgânica;
b) Química inorgânica;
c) Química física;
33. Caracterize as principais etapas do desenvolvimento da química indicando as
descobertas que demarcaram cada etapa!
34. A ciência como força motriz do desenvolvimento sócio-econômico e cultural e
o papel da indústria química na economia.
NB: trabalho escrito

Bibliografia:

1. Enciclopédia Mirador Internacional


Postin Relig 17 Pág. 9511 – 9528

2. História da Química
Bernard Vidal
Biblioteca Básica de Ciência

3. Ciência Hoje
Vol. 13 Nº 77
Allen G. Debus
“A longa revolução química”
Pág. 34 – 43

4. Matthero Gaines

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Prisma “O conhecimento em cores”

5. Física: L. S. Jdánov, G. L. Jdánov


Traduzido do russo por
Ana Isabel Baptista Moura

6. Química 3 (Físico – Química)


Aichinger
Bach Moreira

7. Textos de Apoio / Historia de Química


José António de borros

8. G. ARNAUD
Curso De Química Orgânica
D’dinalivro
9. R. B. Heslop. H. Jones
Química Inorgânica
2ªedição
Fundação Calouste Gulbenkian
Lisboa, 1987

10. Compêndio de Química


Alice Maia Magalhães
Túlio Lopes Tomaz
Livraria Avis
1963

11. Armando Gibert


Origens Históricas da Física Moderna
Fundação Calouste Gulbenkian

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