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Professor: Carlos Alberto A.

Monerat

Rio de Janeiro, 2023


BIOLOGIA CELULAR / CITOLOGIA

A Biologia procura estudar todos os seres vivos, sem exceção, dentre eles o ser humano, que
aliás, ocupa uma parte importante dos conhecimentos científicos desenvolvidos nesta área, vide a
medicina e as demais formações correlatas. Além disso, procura conhecer a forma como os seres vivos
se relacionam entre si e com o ambiente em que vivem. Desse modo, pode-se dizer que a Biologia tenta
desvendar os mecanismos pelos quais a vida acontece. E para tornar possível a compreensão da
organização dos seres vivos, seus estudos devem relacionar a existência de características comuns entre
os mesmos.
O estudo destes organismos, sendo eles bactérias, protozoários, algas, fungos, vegetais e
animais, possibilita a compreensão da vida como manifestação de sistemas organizados e integrados,
em constante interação com o ambiente físico-químico, inclusive com os vírus. Os seres vivos
perpetuam-se por meio da reprodução e modificam-se ao longo do tempo, em função de fatores
evolutivos, originando a diversidade de formas vivas e as complexas relações de dependência entre elas
e o ambiente em que vivem.
Independentemente da classificação ou do reino ao qual pertençam, todos os organismos vivos
mostram certas características comuns, como organização química complexa (destacadamente baseada
nos elementos C, H, O e N), metabolismo, sensibilidade, crescimento, reprodução, hereditariedade,
evolução e, como fator determinante, organização fundamental baseada na célula. Isto significa que
todos os seres vivos são compostos por células, as quais executam variadas funções, simples ou
complexas, de acordo com a escala evolutiva de cada espécie, visando garantir a sua sobrevivência. E
este é um dos postulados da biologia em sua área específica, a Biologia Celular ou Citologia, que
considera a célula como a unidade fundamental de constituição dos seres vivos.
Os estudos em Citologia possibilitam o conhecimento das características gerais e dos aspectos
básicos das células, permitindo ao ser humano vislumbrar a sua importância estrutural, o que vai
influenciar diretamente no seu bem estar, viabilizando o desenvolvimento de terapias e de tecnologias
para a produção farmacêutica de medicamentos, vacinas e alimentos, além de estimular as discussões
sobre as implicações éticas, morais, políticas, econômicas e ambientais geradas por esse conhecimento.
Portanto, as informações sobre a ultraestrutura, metabolismo e propriedades hereditárias das
células, ao longo das últimas décadas, têm resultado no acúmulo de novos saberes que contribuem para
os conhecimentos mais atualizados sobre a natureza fundamental de todos os organismos vivos.

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- A HISTÓRIA EVOLUTIVA DA VIDA EM NOSSO PLANETA (de acordo com a teoria da evolução
química ou teoria heterotrófica): para imaginarmos como a vida surgiu em nosso planeta, precisamos
recuar muito no tempo. A idade da Terra é estimada em cerca de 4,5 bilhões de anos. Com o
desenvolvimento dos estudos sobre evolução, os cientistas passaram a acreditar que todos os seres
vivos tiveram uma origem comum, a partir de uma única célula, o que aconteceu através da evolução
gradual dos sistema químicos, há aproximadamente 3,5 bilhões de anos, quando nosso planeta era
muito diferente do que é hoje.
Em relação a este aspecto, a Terra possuía uma temperatura muito elevada, a ponto de
apresentar a sua formação rochosa em constante processo de fusão. Na atmosfera desta Terra primitiva
não havia oxigênio (O) e nitrogênio (N) em suas formas livres, mas sim formando gases que eram
liberados pelas constantes erupções vulcânicas, como metano (CH4), amônia (NH3), os gases
carbônicos monóxido e dióxido de carbono (CO e CO2), hidrogênio (H) e, decisivamente, o vapor
d´água (H2O). Sem oxigênio (O2), não havia uma camada protetora de ozônio (O3), e isso significava
que a superfície do Planeta era bombardeada por radiações solares (ultravioleta e infravermelha), cujos
níveis eram altos e acompanhados de constantes e fortes descargas elétricas.

Possíveis condições do ambiente no planeta Terra em seus primórdios.

Ao atingir as camadas superiores e, consequentemente, mais frias da atmosfera, o vapor d´água


se condensava, precipitando-se em forma de chuvas torrenciais, as quais ocorreram continuamente,
durante dezenas de milhões de anos. A partir de determinado momento, a superfície da Terra já havia
esfriado, permitindo a formação de uma crosta, onde a água líquida foi se acumulando. Este acúmulo
foi maior em depressões e nas regiões mais baixas desta crosta, constituindo assim os oceanos e os
mares primitivos, além dos grandes lagos.

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Sob o efeito adicional das tempestades elétricas constantes, as moléculas mais simples teriam
sofrido reações químicas, se combinando e alcançando níveis de organização mais complexos, ou seja,
os elementos primordiais da época, como o carbono (C), hidrogênio (H), oxigênio (O) e nitrogênio (N),
através de constantes ligações químicas, estimulados pela alta temperatura, radiações e pelas descargas
elétricas, formavam uma combinação, originando moléculas mais complexas, como ácidos nucleicos,
aminoácidos, ácidos graxos e açúcares, as quais teriam sido arrastadas pelas águas das chuvas e
passado a se acumular nesses mares primitivos.
O oceano primitivo era, enfim, um grande balão de ensaio natural, ideal para o acontecimento
de várias combinações bioquímicas possíveis, tudo isso ao longo de um período de aproximadamente 2
bilhões de anos, de onde surgiram as primeiras organizações estruturais, conhecidas como
coacervados.
Os coacervados não são considerados seres vivos, entretanto, a sua organização esférica era
composta por proteínas e uma dupla camada de lipídios, que separava um meio interno de um meio
externo. Esta primitiva organização de macromoléculas, isoladas do meio por um envoltório e de onde
seriam possíveis as trocas com esse mesmo ambiente, proporcionou a ocorrência de inúmeras reações
químicas, levando à constante evolução dessas estruturas. Um dos principais marcos evolutivos dos
coacervados foi a conquista da capacidade de autorreplicação, mediada pelos ácidos nucleicos.

Exemplos de coacervados.

Finalmente, em algum momento, ainda num ambiente sem oxigênio, os primeiros organismos
que mantiveram esta capacidade reprodutiva, teriam surgido sob a forma de seres heterotróficos (as
primeiras células), que se nutriam de matéria orgânica simples e produziam gás carbônico (CO2) e
álcool (C2H5OH), ou seja, os primeiros organismos vivos (células) eram fermentadores. Nesse cenário
primitivo, dominado pelos organismos fermentadores, a atmosfera foi ficando rica em CO2. Esse
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ambiente teria favorecido um outro tipo de organismo: os organismos utilizadores de CO2, juntamente
com a energia proveniente do sol, para a produção das próprias moléculas nutritivas: tinha chegado a
vez dos seres autotróficos (os primeiros organismos fotossintetizantes). Estes organismos aproveitavam
a energia luminosa do sol e, a partir de moléculas compostas de carbono e oxigênio (CO2), sintetizavam
moléculas mais complexas, com o consumo de energia química. Sobrava como subproduto da
fotossíntese, o gás oxigênio (O2). Segundo esta mesma teoria evolutiva, tais organismos seriam
bastante simples, semelhantes àqueles caracterizados como procariontes.
O surgimento dos organismos fotossintetizantes enriqueceu o teor de oxigênio da atmosfera
terrestre. Esse novo cenário favoreceu a seleção dos seres que, além da fermentação com a presença de
oxigênio, podiam também degradar moléculas orgânicas complexas, até deixar resíduos mais simples,
como CO2 e H2O. Em outras palavras, estava inaugurado o surgimento de organismos eucariontes, com
suas usinas de energia altamente especializadas, chamadas mitocôndrias. Somente 2,5 bilhões de anos
após o surgimento dos organismos procariontes, devido ao contínuo processo evolutivo, os primeiros
seres eucariontes, mais complexos em relação a sua organização celular, teriam surgido.
Tendo em vista o cenário acima descrito, desde que a vida surgiu em nosso planeta, ela vem
sofrendo modificações, sejam elas provocadas pelo meio externo ou interno (este último ligado a
fatores genéticos). Se pensarmos nos ambientes mais hostis da Terra contemporânea, seguramente
encontraremos bactérias. Elas possuem uma morfologia das mais simples entre os seres vivos,
reproduzem-se numa taxa incrivelmente elevada e são os organismos mais antigos da Terra. As
bactérias e as algas azuis (ou cianobactérias) pertencem ao Reino Monera, que reúne todos os
organismos procariontes. São organismos microscópicos. A grande maioria é heterotrófica e se
alimentam obtendo os nutrientes diretamente do ambiente. As bactérias autotróficas produzem os seus
próprios nutrientes por quimiossíntese ou por fotossíntese (fotossíntese bacteriana).
Em resumo, na Terra primitiva, os seres vivos de antes da atmosfera se tornar abundante em O2
eram as bactérias heterotróficas. O grande salto evolutivo aconteceu quando um grupo de bactérias
passou a captar a luz visível, utilizar o CO2 como fonte de carbono e a H2O como fonte de hidrogênio,
promovendo o processo chamado de Fotossíntese. A partir daí, a atmosfera terrestre se tornou rica em
oxigênio e possibilitou a diversificação dos organismos utilizadores deste gás, fazendo deles a grande
maioria dos seres vivos desse planeta.
Biólogos avaliam que desde o surgimento da vida existiram aproximadamente entre 100 a 250
milhões de espécies, 90% das quais já desapareceram por completo. Como o ambiente e as situações
que ele impõe aos seres vivos mudam continuamente (o caráter evolutivo não está restrito somente aos
seres vivos, mas também ao próprio meio), novas adaptações aconteceram e continuam acontecendo.
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As espécies que não são bem-sucedidas entram em extinção (seleção natural), prevalecendo aquelas
que se adaptam melhor. Portanto, essa diversidade biológica tem a sua origem na variabilidade genética
e nos processos de adaptação, que permitem aos seres vivos reagir à enorme variedade de estímulos do
ambiente.
Atualmente, são conhecidas 1.700.000 espécies, aproximadamente, mas os cientistas estimam
que existam mais de 10 milhões de organismos ainda desconhecidos e que, infelizmente, muitos deles
desaparecerão antes mesmo que se possa conhecê-los. Tamanha biodiversidade, quando considerada
sob os níveis de organização baseados na célula, apresenta um sistema de classificação fundamentado
em Três Domínios: Archaea, Bacteria e Eukarya. Isto acontece devido ao fato destes organismos
possuírem um ancestral comum na evolução, sendo este postulado o mais aceito na comunidade
científica:
Bacteria: constituído por organismos procariontes unicelulares, autotróficos ou heterotróficos,
representados pelas bactérias.
Archaea: constituído por organismos procariontes unicelulares, autotróficos ou heterotróficos,
denominados arqueobactérias, que são encontrados em ambientes extremos (altas ou baixas
temperaturas e altas concentrações de metano ou enxofre).
Eukarya: constituído pelos organismos eucariontes, que engloba os reinos Protista (organismos uni ou
pluricelulares, autotróficos ou heterotróficos), como protozoários e algas; Fungi (organismos uni ou
pluricelulares heterotróficos, como fungos e leveduras; Plantae (organismos pluricelulares e
autotróficos), como os vegetais em geral; Animalia (organismos pluricelulares e heterotróficos), como
os animais invertebrados e vertebrados.
Daí pode-se chegar à conclusão de que há basicamente dois tipos celulares:

- CÉLULAS PROCARIÓTICAS: células que apresentam o seu material genético disperso no


citoplasma, ou seja, sem a presença de uma membrana que o envolva. Tais estruturas celulares também
se caracterizam por serem bastante simples estruturalmente, não possuindo organelas ou sistema de
endomembranas e terem dimensões reduzidas. Compreendem os seres unicelulares, tendo como
principais representantes as bactérias e as algas cianofíceas.

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Estrutura de uma célula procariótica.

- CÉLULAS EUCARIÓTICAS: células que apresentam o seu material genético envolvido por uma
membrana (denominada membrana nuclear ou carioteca). Tais células também se caracterizam por
serem mais complexas estruturalmente, possuindo organelas e um sistema de endomembranas e serem
maiores em tamanho. Compreendem seres unicelulares e também pluricelulares, tendo como
representantes os protistas, os fungos, os vegetais e os animais.

Ilustração de uma célula eucariótica animal e suas estruturas.

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Ilustração de uma célula eucariótica vegetal e suas estruturas.

Supõe-se que a origem das células eucarióticas a partir de ancestrais procariontes anaeróbios
deva ter ocorrido há cerca de 1,7 bilhões de anos. A célula eucariótica, tanto de organismos
unicelulares quanto pluricelulares, fundamenta-se no desenvolvimento de dobras membranosas que
invaginaram, formando compartimentos intracelulares com formas e funções diferenciadas, além de
possibilitar e proteção do material genético, pela carioteca. Assim, as diversas organelas, como os
lisossomos, os retículos endoplasmáticos liso e rugoso, os peroxissomos, o complexo de Golgi, os
plastos (de reserva ou de pigmentação em vegetais) e as mitocôndrias, dinamizaram o metabolismo
celular.
A teoria endossimbiótica, com suporte nas relações mutualísticas, propõe que os primeiros
eucariontes eram organismos anaeróbios heterotróficos, que se alimentavam de estruturas bacterianas
fagocitadas1. Quando algumas bactérias primitivas passaram a converter substâncias inorgânicas em
orgânicas, evoluindo para a capacidade fotossintetizante e tornando-se autotróficas, outras tornaram-se
heterotróficas, com capacidade aeróbia.
As bactérias aeróbias e as bactérias fotossintéticas que eram fagocitadas por eucariontes simples
apresentavam relações simbióticas harmoniosas (com benefício para ambas as partes). As bactérias
recebiam proteção e nutrientes, enquanto os eucariotos, de estrutura celular rudimentar, passavam então
a aproveitar o processo aeróbico e fotossintético realizado por essas bactérias no seu próprio

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O termo faz menção ao processo de FAGOCITOSE: quando uma partícula é internalizada por uma célula e passa a
integrar seu o citoplasma. Nessa etapa, o material ingerido fica totalmente envolto por uma membrana.
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metabolismo. Dessa forma, teriam surgido as mitocôndrias e os cloroplastos no interior das células
eucariontes atuais.
A teoria endossimbiótica foi criada pela bióloga americana Lynn Margulis (1981) e baseia-se
em várias evidências:

• Tanto as mitocôndrias como os cloroplastos possuem DNA próprio e bastante diferente do que
existe no núcleo celular;

• As mitocôndrias utilizam um código genético diferente do da célula eucariótica hospedeira e


semelhante ao das bactérias e arqueobactérias;

• Ambas as organelas se encontram rodeadas por duas ou mais membranas, sendo que a
membrana mais interna tem diferenças de composição em relação às outras membranas próprias da
célula, e semelhanças com as membranas dos procariontes;

• As referidas organelas se formam por fissão binária, como é comum nas bactérias;

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Pense no que você comeu na sua última refeição... algumas das embalagens dos alimentos têm
um rótulo contendo as "Informações Nutricionais" na parte de trás delas? Se é assim, e se você olhar
para a quantidade de proteínas, o índice de carboidratos ou o teor de gordura, você já está se
familiarizado com vários tipos de grandes moléculas biológicas. Se você está se perguntando o que
algo tão estranho como uma "grande molécula biológica" está fazendo na sua comida, a resposta é que
ele está lhe fornecendo os blocos de construção que você precisa para manter seu corpo (o seu corpo
também é feito de grandes moléculas biológicas!).

Com uma certa variedade de átomos, tais como C, H, O, N, P, S, podem ser formados os quatro
tipos principais de grandes moléculas biológicas: proteínas, carboidratos (açúcares), lipídios
(gorduras) e ácidos nucleicos (como o DNA e RNA).

Isso não significa que estas sejam as únicas moléculas em seu corpo, mas são as mais
importantes grandes moléculas, que podem ser alocadas nos grupos relatados acima. Juntos, os quatro
grupos de grandes moléculas biológicas constituem grande parte da massa celular (a água equivale ao
seu maior percentual constituinte).

As Biomoléculas executam diversas tarefas em um organismo. Alguns carboidratos armazenam


“combustível” para futuras necessidades energéticas, e alguns tipos lipídicos são os componentes
estruturais básicos das membranas celulares. Os ácidos nucleicos armazenam e transferem informações
hereditárias, das quais a maioria fornece instruções para a formação das proteínas. As proteínas, por sua
vez, ocupam o maior percentual constituinte dentre as macromoléculas e têm, talvez, a maior variedade
de funções: algumas oferecem suporte estrutural, muitas são como pequenas máquinas, que
desempenham papéis específicos em uma célula, como catalisar reações metabólicas ou receber e
transmitir sinais.

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Todas as tarefas citadas representam bem as propriedades dessas substâncias, porém, mesmo em
se tratando de moléculas grandes e fundamentais na existência das células, elas demonstram ser
extremamente instáveis se comparadas com outras estruturas químicas. Como exemplo, podemos citar
fatores diversos, como o calor da mão humana ou a exposição ao ar, que em alguns casos já seriam
suficientes para alterar uma solução proteica de tal forma, ao ponto que ela se torne biologicamente
inútil.

Que os organismos possam existir, construídos com moléculas tão frágeis que chegam a ser
evanescentes2, não é surpreendente, mas inevitável. Isto acontece porque a viabilidade de um
organismo implica na sua capacidade de ajustar-se rapidamente a novas condições. Existe “algo” num
organismo vivo que o torna capaz de ajustar-se, sem parar, às constantes mudanças sofridas pelo
ambiente (alterações na concentração de oxigênio, na temperatura, na pressão atmosférica ou ainda
qualquer outra das centenas de variáveis que este meio ambiente possa apresentar). E esse “algo” são
justamente as macromoléculas, estruturas fundamentais para se entender o maior de todos os mistérios:
a vida!

- Proteínas: são macromoléculas biológicas (biomoléculas) de grande destaque, compondo significativo


percentual dentre os compostos químicos de uma célula. Estão presentes em todo ser vivo e têm as
mais variadas funções. São compostas por conjuntos de aminoácidos, ligados entre si, formando
ligações peptídicas que podem atuar como enzimas, catalisando reações químicas, transportar pequenas
moléculas ou íons; exercer funções motoras, para auxiliar no movimento em células e tecidos;
participar da regulação gênica, ativando ou inibindo genes; estarem presentes no sistema imunológico,

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evanescente: algo que se evanesce; de curta duração; de existência efêmera.
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entre outras centenas de funções. Praticamente todas as atividades celulares necessitam de proteínas
para intermediá-las.
A produção das proteínas é um processo que se inicia no núcleo celular, a partir de uma
sequência específica contida no DNA (molécula de ácido nucleico, que representa o material genético
da célula), em um processo chamado de transcrição. Este processo forma o RNA mensageiro ou
mRNA (molécula de ácido nucleico, que contém a cópia da informação genética de interesse). O
mRNA transporta essas informações do núcleo para os ribossomos, na etapa chamada de tradução,
realizada no citoplasma da célula, em organelas chamadas ribossomos. No decorrer deste processo, as
proteínas estão sujeitas à importantes mudanças nas suas propriedades, através de modificações e
reorganizações dos seus aminoácidos. Existem vinte tipos de aminoácidos, divididos em 2 grupos:
Essenciais e Não-Essenciais, que se organizam para formar, através de suas combinações, um vasto
repertório de tipos proteicos.
Os aminoácidos Essenciais são aqueles que o organismo não consegue sintetizar em
quantidades adequadas por si só e, portanto, precisam ser obtidos por meio da alimentação. Isso
significa que eles são muito importantes para a saúde e o bom funcionamento do organismo. Existem
nove aminoácidos essenciais que são considerados essenciais para os seres humanos.
• Histidina
• Isoleucina
• Leucina
• Lisina
• Metionina
• Fenilalanina
• Treonina
• Triptofano
• Valina
Esses aminoácidos são chamados de essenciais porque desempenham papéis vitais na síntese de
proteínas, no crescimento e na reparação dos tecidos, na produção de hormônios e enzimas, no
funcionamento adequado do sistema imunológico e em muitos outros processos metabólicos no
organismo.
Os aminoácidos não essenciais são aqueles que o organismo é capaz de sintetizar em
quantidades adequadas, mesmo que não sejam obtidos diretamente através da alimentação. Isso
significa que o corpo humano tem a capacidade de produzir esses aminoácidos por conta própria, a

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partir de outras moléculas ou de outros aminoácidos. Existem 11 aminoácidos não essenciais
reconhecidos:
• Alanina
• Asparagina
• Aspartato
• Ácido glutâmico
• Glutamina
• Glicina
• Prolina
• Serina
• Tirosina
• Cisteína
• Arginina
Embora o organismo seja capaz de sintetizar esses aminoácidos, em algumas circunstâncias, a
capacidade de síntese pode ser limitada. Isso pode ocorrer em condições de saúde comprometida,
doenças genéticas específicas ou deficiências nutricionais. Em tais casos, a ingestão de aminoácidos
por meio da alimentação ou de suplementos pode ser necessária para atender às necessidades do corpo.
É importante ressaltar que a classificação de um aminoácido não essencial, não significa que ele
seja menos importante para o organismo. Todos os aminoácidos têm funções vitais e são necessários
para o funcionamento adequado do corpo. No entanto, a distinção entre eles se baseia na capacidade do
organismo de sintetizá-los em quantidades adequadas.
Manter uma dieta equilibrada e variada, combinando fontes de proteína animal e diferentes
fontes de proteína vegetal, é fundamental para garantir a ingestão adequada de aminoácidos, essenciais
e não essenciais, fornecendo os blocos de construção necessários para a síntese de proteínas e a
consequente manutenção da saúde geral do organismo.
- Ácidos Nucleicos: são macromoléculas encontradas em todas as células vivas, constituindo os genes,
responsáveis pelo armazenamento, transmissão e tradução das informações genéticas. Recebem este
nome devido ao seu caráter ácido e também por terem sido descobertas no núcleo celular, em meados
do século XIX. Existem dois tipos de ácido nucleico: o ácido desoxirribonucleico, mais conhecido pela
sigla DNA e o ácido ribonucleico, conhecido como RNA. Ambos são constituídos por três diferentes
componentes: o fosfato, as pentoses (um tipo de carboidrato) e as bases nitrogenadas.

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A união das pentoses às bases nitrogenadas e aos fosfatos forma um trio molecular denominado de
nucleotídeo. Todos os tipos de ácidos nucleicos são compostos por uma sequência de nucleotídeos,
ligados entre si por meio dos radicais fosfato, formando longas cadeias polinucleotídicas. Os
nucleotídeos detêm grandes quantidades de energia, o que contribui para a realização de diversos
processos metabólicos.
- Carboidratos: também conhecidos como hidratos de carbono, açúcares, glicídios ou sacarídeos (do
grego sakcharon - açúcar). São as moléculas orgânicas mais numerosas do planeta, constituídas
principalmente de carbono, hidrogênio e oxigênio, podendo também possuir outros elementos em sua
formulação química, como nitrogênio, fósforo e enxofre. Apresentam a fórmula geral: CnH2nOn.
Encontram-se divididos em três classes:

Monossacarídeos: são açúcares simples, possuindo de 2 a 7 carbonos em sua estrutura. A glicose é um


exemplo de monossacarídeo composto por seis carbonos (hexose).

Oligossacarídeos: são hidratos de carbono que resultam da ligação glicosídica de dois a dez
monossacarídeos. Dentre eles temos os dissacarídeos e os trissacarídeos. Os dissacarídeos sofrem
hidrólise quando precisam virar unidades simples, na digestão, por exemplo. A galactose é um
dissacarídeo formado pelos monossacarídeos lactose e maltose. A sacarose é um dissacarídeo formado
pelos monossacarídeos glicose e frutose. Os trissacarídeos são a junção de três monossacarídeos: a
rafinose, por exemplo, é formada pela união glicose + frutose + galactose. No Glicocálix existem
inúmeros oligossacarídeos associados a proteínas (glicoproteínas) e lipídios (glicolipídios), que
participam do reconhecimento celular, funcionando como centros receptores e sítios de
reconhecimento, sendo também importantes para o sistema de defesa e adesão entre células.

Polissacarídeos: que são compostos por muitas unidades de monossacarídeos, ou seja, são polímeros
com mais de vinte monômeros em sua composição, chegando a centenas e até milhares deles.
Exemplos: amido, glicogênio e celulose.

Os carboidratos possuem a função energética e estrutural, sendo armazenado nas células das plantas e
dos animais.
- Lipídeos: são macromoléculas que têm as mais variadas composições, proporcionando uma
diversidade imensa de funções biológicas. Aparecem como cofatores enzimáticos, pigmentos
fotossensíveis, no trato digestivo, como agentes emulsificantes, como hormônios, fornecedores de
energia, entre outras funções. Sua principal característica é a insolubilidade em água, devido a sua
estrutura química. Porém, são solúveis em solventes orgânicos como éter, acetona, álcool etc. Os

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lipídios apresentam em comum o fato de serem compostos por carbono, hidrogênio e oxigênio, mas
também podem conter nitrogênio, fósforo e enxofre. São classificados em triglicerídeos, cerídeos,
esteroides e fosfolipídeos. Os ácidos graxos são os lipídios mais conhecidos, pois deles derivam os
óleos e as gorduras. Os ácidos graxos saturados, normalmente são sólidos em temperatura ambiente, os
insaturados são líquidos à temperatura ambiente.

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