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Conceito de

Química para
Mecânicos
SEST – Serviço Social do Transporte
SENAT – Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte

Curso on-line – Conceitos de Química para Mecânicos


– Brasília: SEST/SENAT, 2016.

75 p. :il. – (EaD)

1. Química. 2. Química - noções. I. Serviço Social do


Transporte. II. Serviço Nacional de Aprendizagem do
Transporte. III. Título.

CDU 54

ead.sestsenat.org.br
Sumário
Apresentação 6

Unidade 1 | O Estudo da Matéria 8

1 Introdução 9

1.1 Substância Pura e Mistura 9

1.2 Classificação das Misturas 10

1.3 Transformações da Matéria 11

1.4 Propriedades Extensivas e Intensivas da Matéria 12

1.4.1 Propriedades Gerais da Matéria 12

1.4.2 Propriedades Específicas da Matéria 13

1.5 Estados de Agregação da Matéria 14

1.5.1 Processos de Mudanças de Estados Físicos da Matéria 15

1.5.2 Mudança de Estado Físico da Substância Pura 17

1.5.3 Mudança de Estado Físico de Misturas 18

1.6 O Estudo do Átomo 18

1.6.1 Modelos Atômicos 19

1.6.2 Número Atômico e Número de Massa 22

1.6.3 Símbolos e Linguagem da Química 22

1.6.4 Átomos Neutros e Íons 23

1.6.5 Distribuição Eletrônica 24

1.7 Massa Atômica e Massa Molecular 25

1.8 Massa Molar e Mol 26

Glossário 28

Atividades 29

Referências 30

Unidade 2 | A Tabela Periódica 31

3
1 Introdução 32

2 Organização dos Elementos Químicos na Tabela Periódica 32

2.1 Classificação dos Elementos Químicos 34

2.2 Grupos e Famílias 35

2.3 Propriedades Periódicas 36

3 Eletronegatividade e Eletropositividade 36

3.1 Energia de Ionização e Afinidade Eletrônica 38

3.2 Dureza 39

Glossário 40

Atividades 41

Referências 42

Unidade 3 | Ligações Químicas 43

1 Introdução 44

2 Propriedades e Características dos Compostos Iônicos 44

3 Regra do Octeto 45

3.1 Representação dos Compostos Iônicos 45

3.2 Propriedades dos Compostos Iônicos 47

3.3 Propriedades e Características dos Compostos Moleculares 47

3.3.1 Fórmula Estrutural, Eletrônica e Molecular 48

3.2.2 Geometria Molecular 49

3.2.3 Polaridade de Moléculas 50

4 Propriedades e Características dos Compostos Metálicos 52

Glossário 53

Atividades 54

Referências 55

Unidade 4 | Coloides e Agregados 56

4
1 Introdução 57

2 Classificação dos Coloides 57

3 Propriedades de um Sistema Coloidal 59

Glossário 61

Atividades 62

Referências 63

Unidade 5 | O Estudo das Soluções Químicas 64

1 Introdução 65

2 A Água como Solvente 65

3 Solubilidade ou Coeficiente de Solubilidade 66

3.1 Classificação de Soluções 68

3.2 Aspectos Quantitativos de Solução 69

3.2.1 Concentração g/L 69

3.2.2 Concentração mol/L 69

Glossário 71

Atividades 72

Referências 73

Gabarito 74

5
Apresentação

Prezado(a) aluno(a),

Seja bem-vindo(a) ao curso Conceitos de Química para Mecânicos!

A química é a ciência que estuda as características e as propriedades da matéria. Por


meio do conhecimento de métodos físicos e químicos, é possível transformar a matéria.
Tais métodos são essenciais ao desenvolvimento de materiais utilizados na indústria
química, farmacêutica e tecnológica. A química está presente em, praticamente, todas
as atividades realizadas pelos seres humanos e é de fundamental importância para os
avanços científico e tecnológico.

A formação dos mecânicos de manutenção de aeronaves requer o domínio de noções


básicas desta área da ciência, visto que a construção e a manutenção de aeronaves
utilizam diferentes materiais, com propriedades e características específicas.

Esta unidade é composta por cinco capítulos. O primeiro capítulo explicita as


propriedades e as características da matéria, conceitos importantes para compreender
a organização dos elementos químicos na tabela periódica atual, conteúdo presente
no capítulo 2.

O mundo dos compostos e das moléculas é tratado no capítulo 3, por meio da


explanação dos tipos de ligações químicas, estabelecidos entre átomos e moléculas,
conteúdos necessários ao entendimento de algumas propriedades físicas, como ponto
de fusão e solubilidade de substâncias. Os coloides e suas aplicações são o tema do
capítulo 4 e as soluções químicas, do capítulo 5.

O estudo acerca dos conteúdos apresentados nesta unidade é indispensável à


compreensão da natureza de alguns materiais utilizados pela sociedade contemporânea,
tanto em nível macroscópico quanto em escala atômica. As propriedades físicas e
químicas destes materiais trazem à tona a reflexão sobre o uso dos recursos naturais
de forma consciente e sustentável.

Neste curso, você encontrará conceitos, situações extraídas do cotidiano e, ao final de


cada unidade, atividades para a fixação do conteúdo. No decorrer dos seus estudos,
você verá ícones que tem a finalidade de orientar seus estudos, estruturar o texto e
ajudar na compreensão do conteúdo.

6
O curso possui carga horária total de 30 horas e foi organizado em 5 unidades, conforme
a tabela a seguir.

Unidades Carga Horária


Unidade 1 | O Estudo da Matéria 6h
Unidade 2 | A Tabela Periódica 6h
Unidade 3 | Ligações Químicas 6h
Unidade 4 | Coloides e Agregados 6h
Unidade 5 | O Estudo das Soluções Químicas 6h

Fique atento! Para concluir o curso, você precisa:

a) navegar por todos os conteúdos e realizar todas as atividades previstas nas


“Aulas Interativas”;

b) responder à “Avaliação final” e obter nota mínima igual ou superior a 60;

c) responder à “Avaliação de Reação”; e

d) acessar o “Ambiente do Aluno” e emitir o seu certificado.

Este curso é autoinstrucional, ou seja, sem acompanhamento de tutor. Em caso de


dúvidas, entre em contato por e-mail no endereço eletrônico suporteead@sestsenat.
org.br.

Bons estudos!

7
UNIDADE 1 | O ESTUDO DA
MATÉRIA

8
1 Introdução

Na química, a matéria é definida como tudo aquilo que possui


massa e ocupa lugar no espaço. Toda a matéria é formada por
pequenas partículas, chamadas de átomos. A palavra átomo é
originária do grego e significa indivisível.

Os aviões modernos empregam uma variedade de materiais em sua construção. O


alumínio, por exemplo, é um metal primário utilizado na fabricação de aeronaves. Outros
materiais são os polímeros. Tanto o alumínio quanto os polímeros são classificados
como matéria. A diversidade dos materiais existentes é o resultado da combinação de
átomos de diferentes elementos químicos.

1.1 Substância Pura e Mistura

Substância química é todo material que possui composição e


fórmula químicas definidas e apresenta propriedades químicas
e físicas constantes. O alumínio, por exemplo, é uma substância.
Qualquer placa de alumínio, independentemente de como for
obtida, se estiver pura, apresenta as mesmas propriedades e a
mesma composição química.

Uma substância química pode ser:

• Simples – formada por um único elemento químico, como por exemplo, o alumínio
(Al) e o ferro (Fe);

• Composta – formada por dois ou mais elementos químicos diferentes, como por
exemplo, a água (H2O) e o isoctano (C8H18), componente principal da gasolina
utilizada em carros e aeronaves.

9
Para facilitar a compreensão, uma porção limitada da matéria será chamada de sistema.
Quando um sistema é formado por duas ou mais substâncias diferentes, tem-se uma
mistura. Assim, pode-se dizer que o aço não é uma substância pura, pois é composto,
principalmente, por ferro, carbono e pequenas quantidades de outros metais.

A gasolina comercial é constituída, principalmente, por uma mistura de hidrocarbonetos,


que são compostos formados apenas por átomos de carbono e hidrogênio. Estas
substâncias são de origem fóssil e podem ser obtidas a partir da destilação do petróleo.
Com isso, pode-se afirmar que a gasolina não é uma substância pura, mas uma mistura.

A água potável, por exemplo, também não é um composto puro. É uma mistura, pois
nela existem diferentes sais dissolvidos. Potabilidade e pureza não são sinônimos.
Água potável é a água adequada para o consumo humano.

1.2 Classificação das Misturas

Uma mistura pode ser:

• Homogênea – possui um único aspecto físico em toda a sua extensão, sendo


totalmente transparente (única fase). Mesmo com a utilização do mais potente
ultramicroscópio, não é possível diferenciar fases no sistema;

• Heterogênea – apresenta mais de um aspecto físico em sua extensão. Portanto,


possui fases distintas que podem ser diferenciadas com os olhos humanos ou
com o auxílio de um ultramicroscópio.

Toda mistura homogênea é chamada de solução e possui dois


componentes principais: o soluto e o solvente. O solvente é a
substância que apresenta maior quantidade de matéria e o
soluto, menor quantidade.

10
O aço, a água potável e o ar atmosférico são exemplos de misturas homogêneas. A
Figura 1 mostra que a água, adicionada ao sal de cozinha, também é uma mistura
homogênea.

As misturas heterogêneas são classificadas em dois tipos: dispersões grosseiras, com


fases que podem ser visualizadas a olho nu; e coloides, que, aparentemente, parecem
sistemas homogêneos, mas são formados por diferentes fases que podem ser
discriminadas ou separadas com auxílio de equipamentos e de métodos físicos de
separação, comumente, utilizados em laboratório. Na Figura 2, a água, adicionada ao
óleo vegetal, exemplifica uma mistura heterogênea.

Figura 1: Mistura homogênea Figura 2: Mistura heterogênea

1.3 Transformações da Matéria

A matéria pode ser transformada ou modificada por fenômenos físicos ou químicos.

Na transformação física, a matéria pode sofrer alterações em sua forma, em seu


tamanho, em sua aparência, mas não em sua composição. A evaporação da água é um
exemplo de transformação física. A água, no estado líquido, transforma-se em vapor,
mas continua sendo a mesma substância do estado inicial.

No entanto, quando a matéria sofre uma transformação química, sua composição


muda, originando a formação de uma nova substância. A corrosão é um exemplo de
transformação química na aviação. A composição do metal passa por mudanças, dando
origem à formação de diferentes compostos.

11
1.4 Propriedades Extensivas e Intensivas da Matéria

Toda a matéria apresenta massa e volume, mesmo que desprezíveis. A massa e o volume
indicam a quantidade de matéria de um sistema e têm propriedades extensivas. Isso
significa que não dependem da natureza do material. Por exemplo: a massa de 1 kg de
algodão ocupará um volume muito maior que a massa de 1 g de algodão.

As propriedades intensivas, diferentemente, não dependem da quantidade de


matéria do sistema. Por exemplo: a densidade do alumínio puro será a mesma,
independentemente, da massa da amostra analisada, seja numa placa de 1 kg ou num
pequeno grão do metal. Assim, as propriedades intensivas dependem, exclusivamente,
da natureza da matéria.

1.4.1 Propriedades Gerais da Matéria

As propriedades gerais são as características comuns encontradas em qualquer porção


de matéria. A massa, a inércia, a impenetrabilidade, a divisibilidade e a compressibilidade
são consideradas as mais importantes propriedades gerais da matéria.

A massa mede a quantidade de matéria presente em um sistema

ee e, normalmente, é expressa em quilogramas. A inércia é a


tendência que os corpos apresentam em manter o seu estado
de repouso ou de movimento, caso nenhuma força atue sobre
eles. A divisibilidade está relacionada à divisão da matéria em
porções cada vez menores. A compressibilidade ocorre quando
a matéria, ao sofrer a ação de uma força, tem o seu volume
reduzido.

12
1.4.2 Propriedades Específicas da Matéria

As propriedades específicas da matéria dependem da natureza do material envolvido e


podem caracterizar ou identificar uma substância. O alumínio e o titânio, por exemplo,
são metais que apresentam características próprias à construção de aeronaves.

Dentre as propriedades específicas mais importantes estão: as organolépticas, as


químicas e as físicas.

a) Propriedades organolépticas – são as características que podem ser observadas


por meio dos sentidos das pessoas (cores, odores, texturas, sabores). O enxofre,
por exemplo, é um sólido amarelo quando está em temperatura ambiente. Caso
haja uma porção de matéria que apresente outro aspecto visual, pode-se afirmar
que não se trata de enxofre puro.

b) Propriedades químicas – são aquelas relacionadas à reatividade dos materiais.


Nem todas as substâncias misturadas reagem entre si. Para ocorrer uma reação
química, é necessário que apresentem afinidade química. O sódio é um metal
que reage violentamente à água, liberando grande quantidade de energia. Por
outro lado, o cloreto de sódio, componente principal do sal de cozinha, não reage
à água.

c) Propriedades físicas – são analisadas, principalmente em laboratório, a fim


de identificar e caracterizar uma substância pura ou uma mistura. Dentre as
propriedades físicas, podem ser citadas a densidade, o ponto de fusão, o ponto
de ebulição e a solubilidade. Toda substância pura apresenta estas propriedades
constantes quando as condições do ambiente, como a pressão, também são
constantes.

• Densidade (d): é a razão entre a massa (m) e o volume (v) ocupado por uma
amostra de um determinado material. Normalmente, é expressa em grama por
mililitro.

d = m/v

13
Algumas vezes, as pessoas dizem que um material é pesado quando, na verdade, é
denso. Por exemplo: um navio é extremamente pesado, mas flutua na água, o que
significa que é menos denso que a água. Embora a massa do navio seja muito grande,
seu volume é bem extenso. Assim, a razão entre a sua massa e o seu volume é menor
que 1 g/ml, que é a densidade da água na temperatura de 25 °C.

Uma das grandes vantagens da utilização do alumínio na construção de aeronaves é


a sua baixa densidade (d = 2,70 g/ml). Por isso, é classificado como um metal leve,
característica necessária para a construção de um avião.

• Ponto de fusão (P.F.) ou temperatura de fusão (T.F.): é a temperatura na qual uma


substância passa do estado sólido para o gasoso, numa certa pressão atmosférica.
A temperatura de fusão do alumínio, ao nível do mar, é de 660,3 °C. A água, por
sua vez, funde a uma temperatura de 0 °C nas mesmas condições ambientes.

• Ponto de ebulição (P.E.) ou temperatura de ebulição (T.E.): é a temperatura na


qual uma substância pura passa do estado líquido para o gasoso, em determinada
pressão atmosférica. O alumínio passa do estado líquido para o gasoso a uma
temperatura de 2519 °C ao nível do mar.

• Solubilidade: é a quantidade máxima de um soluto, que se dissolve em determinada


quantidade de um solvente, numa dada temperatura. A solubilidade do cloreto
de sódio em água é de 36 g/100 mL a 20 °C. Isso significa que, nesta temperatura,
100 mL de água dissolvem, no máximo, 36 g de cloreto de sódio. Uma adição
de sal em quantidade maior que 36 g, resultará na precipitação do material em
excesso.

1.5 Estados de Agregação da Matéria

A matéria encontra-se em três estados


físicos fundamentais: sólido, líquido e
gasoso. Como é possível observar na
Figura 3, o arranjo das partículas tem
maior ou menor grau de agregação, em
decorrência de seu estado físico.
Figura 3: Partículas no estado sólido, líquido e gasoso

14
A Tabela 1 compara as características da matéria nos três estados físicos.
Tabela 1: Comparação entre as diferentes características da matéria

Estado físico Característica da matéria


- Possui forma e volume fixos.

- Alto grau de organização.


Sólido
- A atração entre átomos ou moléculas é de grande intensidade
e, consequentemente, ficam muito próximos uns dos outros.
- Possui forma variável e volume fixo.

- Estado mais desorganizado que o sólido.


Líquido
- As partículas estão mais distantes umas das outras e
apresentam maior força de atração quando comparadas as do
estado sólido.
- Possui forma e volume variáveis.

- Alto grau de desorganização.


Gasoso
- Praticamente não existem interações entre as partículas, em
razão do grande afastamento entre elas.

1.5.1 Processos de Mudanças de Estados Físicos da Matéria

Ao alterar as condições do ambiente, como a pressão e a temperatura, é possível


modificar o estado físico da matéria.

Com o aumento da temperatura ou a diminuição da pressão ambiente, a matéria passa


para um estado mais desorganizado, no qual as partículas estão mais afastadas.

Os processos de mudança dos estados físicos da matéria são:

• Fusão – é o processo pelo qual a matéria passa do estado sólido para o líquido;

15
• Vaporização – é o processo pelo qual a matéria passa do estado líquido para o
gasoso. A vaporização, que ocorre quando um sistema aquece, é chamada de
ebulição, sendo uma passagem rápida e facilmente perceptível. A evaporação,
diferentemente, é um processo lento e natural, como a água dos rios ou lagos,
que evapora vagarosamente, com o passar do tempo;

• Condensação e liquefação – são processos pelos quais a matéria passa do estado


gasoso para o líquido. Na condensação, a passagem ocorre pela diminuição da
temperatura. Na liquefação, o material no estado gasoso é convertido num
líquido, por meio do aumento da pressão externa;

• Solidificação – é o processo pelo qual a matéria passa do estado líquido para o


sólido;

• Sublimação ou ressublimação – é o processo de conversão direta da matéria do


estado sólido para o gasoso e vice-versa. O gelo seco (dióxido de carbono) e a
naftalina, por exemplo, passam diretamente do estado sólido para o gasoso, sem
passarem pelo estado líquido.

A Figura 4 ilustra, esquematicamente, as mudanças dos estados físicos da matéria.

Figura 4: Processos de mudança de estados físicos da matéria

16
É importante destacar que o processo de fusão dos metais,

ee chamado de fundição, é um dos mais antigos e de grande


utilidade na fabricação de peças metálicas. Consiste em aquecer
o metal ou a mistura de metais até atingirem o ponto de fusão e
se transformarem em líquidos. O líquido é transferido para um
molde que, após ser resfriado e solidificado, resulta no formato
desejado de uma peça ou placa.

Por meio deste processo, podem ser


fundidas ligas metálicas de níquel, de
alumínio, de cobre, entre outras. Estas
ligas apresentam grande resistência ao
calor e são necessárias para a produção
de diversas peças estruturais utilizadas
em motores de avião e equipamentos
aeroespaciais. A Figura 5 expõe
diferentes modelos de peças fundidas,
tais como: conexões de tubulações, bloco
de motor de automóveis e de aeronaves, Figura 5: Peças fundidas
pistões, anéis dos pistões, rodas e eixos
de manivela.

1.5.2 Mudança de Estado Físico da Substância Pura

De modo simplificado, o Gráfico 1 ilustra o aquecimento de substâncias puras quando


a pressão do ambiente é mantida constante.

17
Os pontos de fusão e de ebulição
de milhares de substâncias químicas
puras foram determinados,
experimentalmente, em laboratório.
Por intermédio de fontes de
pesquisas e métodos de comparação,
é possível identificar grande parte
das substâncias existentes em um
material de natureza desconhecida.

Gráfico 1: Curva de aquecimento de uma


substância pura

1.5.3 Mudança de Estado Físico de Misturas

Uma mistura comum não altera seu estado físico com temperatura constante. O
processo de fusão do aço, uma liga metálica, não ocorre em uma única temperatura,
mesmo se a pressão externa for mantida constante.

O Gráfico 2 representa o
aquecimento de uma mistura
comum, sendo possível notar a
variação de temperatura durante os
fenômenos físicos.

Gráfico 2: Curva de aquecimento de uma mistura comum

1.6 O Estudo do Átomo

Aproximadamente há 2400 anos, dois filósofos gregos, Leucipo e Demócrito,


formularam a hipótese de que a matéria era formada por minúsculas partículas
indivisíveis (a menor porção da matéria) as quais foram chamadas de átomos.

18
Tal hipótese ficou adormecida durante séculos. Somente em 1803, o cientista John
Dalton, resolveu estudar a fundo o assunto e formulou a primeira descrição de um
átomo, baseada em observações experimentais.

Até hoje, a estrutura exata de um átomo ainda é um mistério para a ciência. Nem o mais
poderoso aparelho de microscopia é capaz de visualizá-lo e de descrevê-lo exatamente.
Por isso, a descrição do átomo é feita por meio de modelos.

Os modelos originaram diferentes teorias, aperfeiçoadas no decorrer de séculos em


função do empenho de cientistas que trabalharam intensamente. Nesse sentido, os
modelos são as ferramentas mais importantes para a compreensão do mundo, cujo
acesso real ainda é muito difícil.

1.6.1 Modelos Atômicos

Os modelos atômicos, descritos a seguir, destacaram-se e contribuíram para o


desenvolvimento da teoria atômica moderna.

a) Modelo atômico de Dalton (1803)

Dalton considerava o átomo como a menor


partícula da matéria, com o formato de uma
esfera maciça, indivisível e indestrutível, como
reproduzido na Figura 6. Em seus postulados,
afirmou que os átomos, de um mesmo
elemento químico, eram idênticos em tamanho
e em volume e que uma reação química era a
recombinação de átomos para formar novas
substâncias.

b) Modelo atômico de Thomson (1897) Figura 6: Modelo de Dalton

Apesar de o modelo atômico de Dalton explicar de forma satisfatória diferentes


observações experimentais da época, sua teoria foi incapaz de explicar a natureza
elétrica da matéria. Se o átomo não era constituído por partículas eletricamente
carregadas, como a matéria seria capaz de conduzir eletricidade?

19
Tentando explicar tal fenômeno, Thomson
formulou o modelo atômico do pudim de passas.
Segundo a teoria de Thomson, o átomo não era
indivisível e tão pouco a menor partícula da
matéria. Era constituído por partículas menores
do que ele, de carga elétrica negativa, chamadas
de elétrons (e). Para o cientista, o átomo tinha
a forma de uma esfera maciça positiva, com
elétrons incrustados, sendo eletricamente
neutro, como representado na Figura 7.
Figura 7: Pudim de passas de Thomson
Assim, composta por partículas de carga elétrica,
a matéria era capaz de conduzir eletricidade. Ressalta-se que o estudo dos fenômenos
de eletricidade possibilitou a construção de aparelhos que aumentaram a qualidade
de vida das pessoas. A lâmpada elétrica é um exemplo de como um simples aparelho
ocasionou grandes mudanças na sociedade.

Entretanto, o modelo de Thomson não explicou os fenômenos de radioatividade que


começavam a ser observados naquela época.

c) Modelo atômico de Rutherford – Bohr (1911-1913)

Em 1911, por meio de experimentos envolvendo materiais radioativos, o físico


neozelandês Rutherford concluiu que o átomo não era uma esfera maciça e apresentava
duas regiões distintas. Um núcleo, extremamente pequeno e denso, no qual se
encontravam partículas com cargas positivas,
chamadas de prótons (p), e uma região externa,
chamada de eletrosfera, na qual estavam os
elétrons.

Segundo Rutherford, praticamente toda a


massa do átomo estava contida no núcleo e,
os elétrons, giravam ao seu redor, de forma
semelhante aos planetas, que giram ao redor
do sol. Em razão desta semelhança, o modelo
chamou-se planetário, conforme representado Figura 8: Modelo planetário de Rutherford
na Figura 8.

20
Os planetas giram em torno do sol em função da força gravitacional. Entretanto, se o
elétron (negativo) girasse ao redor do núcleo (positivo), em um determinado momento,
sofrendo a atração positiva do núcleo, o elétron chocaria-se com o núcleo, gerando um
colapso. Este fato não foi explicado pelo físico.

Em 1913, o cientista Niels Bohr propôs um modelo aprimorado ao de Rutherford, que


passou a ser chamado de modelo atômico de Rutherford-Bohr. Por meio do estudo de
espectroscopia, Bohr concluiu que os elétrons não giravam aletoriamente ao redor do
núcleo. Permaneciam em órbitas definidas e, por isso, apresentavam uma determinada
quantidade de energia. Quanto mais um elétron estivesse afastado do núcleo, maior a
sua energia. Portanto, para saltar de uma órbita a outra, um elétron precisava ganhar
ou perder energia.

As diferentes órbitas, representadas na Figura


9, foram chamadas de camadas eletrônicas ou
níveis de energia. Atualmente, sabe-se que
um átomo pode apresentar até sete camadas
eletrônicas ao redor de seu núcleo, denominadas
de camadas K, L, M, N, O, P e Q ou níveis 1, 2, 3,
4, 5, 6 e 7.

Somente em 1932, o físico inglês James Chadwick


descobriu o nêutron, partícula subatômica,
eletricamente neutra, também presente no Figura 9: Modelo de Bohr
núcleo do átomo.

É importante ressaltar que os átomos e as moléculas não podem ser vistos. Raramente
menciona-se que estas partículas são apenas modelos criados e imaginados para serem
similares às experiências realizadas em laboratórios.

21
1.6.2 Número Atômico e Número de Massa

Os átomos se combinam de maneiras distintas, formando diferentes substâncias e


materiais. Ao conjunto de átomos, que apresenta o mesmo número de prótons, dá-se
o nome de elemento químico. Por exemplo: todo átomo que possui 26 prótons é o
elemento químico do ferro; todo átomo que possui 13 prótons é o elemento químico
alumínio.

Hoje são conhecidos, oficialmente, 112 elementos químicos. A maior parte, 91


elementos, é de origem natural e uma pequena parte é artificial, produzida em
laboratório.

O número atômico (Z) de um átomo é o número de prótons (p) que ele possui e o
que caracteriza um elemento químico. O número de massa (A) é a soma de prótons e
nêutrons (n) presentes no núcleo de um átomo.

A=p+n

1.6.3 Símbolos e Linguagem da Química

A informação científica deve ser de fácil acesso. Sendo assim, a química possui uma
linguagem universal, que pode ser compreendida por todas as pessoas que vivem em
diferentes países e que falam línguas distintas.

Para isso, todo elemento químico é representado por um símbolo, que é o mesmo em
qualquer lugar do planeta. Por exemplo: o elemento químico alumínio é representado
pelas letras Al, o ferro pelo símbolo Fe. O que muda de um país para o outro é apenas
a tradução do nome do elemento, mas o seu símbolo é o mesmo.

Quando um elemento químico é representado por seu símbolo, o número que se


encontra abaixo, ao lado esquerdo, indica o número atômico. O número que está
acima, ao lado esquerdo ou ao lado direito, indica o número de massa.

Por exemplo: a representação do elemento químico ferro é 26Fe56 , onde Z= p = 26 e A


= 56.

22
1.6.4 Átomos Neutros e Íons

Um átomo está neutro quando o seu número de prótons (p) é igual ao seu número de
elétrons (e). Por exemplo: o átomo de Ferro (Z = p = 26) está neutro quando possui 26
elétrons, pois p = e.

Íons são átomos que perderam ou ganharam elétrons, logo, ficaram com um número
de prótons diferente do número de elétrons. Os íons podem ser positivos ou negativos.

Os cátions são íons positivos. Um cátion é formado quando um átomo perde elétrons
e fica com número maior de partículas com cargas positivas que negativas (p > e). Por
exemplo, cátion bivalente de cálcio:

20Ca+2 ( a carga + 2 indica que o átomo perdeu 2 elétrons)

Z = p = 20

e = 18

Os ânions são íons negativos. Um ânion é formado quando um átomo recebe elétrons
e fica com maior número de partículas negativas do que positivas (p < e). Por exemplo,
ânion monovalente de cloro:

17Cl- ( a carga -1 indica que o átomo ganhou 1 elétron)

Z = p = 17

e = 18

Observa-se que os símbolos do cálcio e o do cloro continuam os mesmos, não diferem


de sua forma neutra, pois não houve alteração no número atômico e, portanto,
continuam pertencendo ao mesmo elemento químico.

23
1.6.5 Distribuição Eletrônica

Os elétrons de um átomo podem estar distribuídos ao redor do núcleo em até sete


camadas eletrônicas ou níveis de energia. Cada camada eletrônica comporta um
número máximo de elétrons, conforme representado na Tabela 2.

Tabela 2: Número máximo de elétrons que podem ocupar diferentes camadas eletrônicas

Camada K L M N O P Q
Nível 1 2 3 4 5 6 7
Número máximo de elétrons 2 8 18 32 32 18 2

Contudo, dois elétrons que se encontram na mesma camada eletrônica, podem


apresentar energias diferentes. Então, ficam em subcamadas distintas, que podem
estar na mesma camada eletrônica. Estas subcamadas também recebem o nome de
subníveis de energia s, p, d ou f.

O diagrama de Linus Pauling ilustra a distribuição de elétrons ao redor do núcleo de


um átomo, em ordem crescente de energia, mostrando as camadas e as subcamadas
eletrônicas que os elétrons podem ocupar.

A camada eletrônica mais externa de um átomo e, por

ee conseguinte, mais distante do núcleo, chama-se camada de


valência, na qual estão os elétrons de valência.

A camada K ou nível 1 apresenta apenas uma subcamada s. Esta representação pode


ser observada no diagrama da Figura 10.

Figura 10: Diagrama de Linus Pauling

24
A seguir, a distribuição eletrônica dos principais metais utilizados na fabricação de
aviões.

• Alumínio: elemento metálico mais abundante da crosta terrestre.

Símbolo: Al

Número atômico: 13

Distribuição eletrônica do átomo neutro (e = 13): 1s2 2s2 2p6 3s2 3p1

Distribuição eletrônica do cátion trivalente do alumínio (Al+3, e = 10): 1s2 2s2 2p6

Camada de valência do átomo neutro: M (nível = 3)

Número de elétrons na camada de valência: 3

• Titânio: metal de transição de baixa densidade e bastante resistente à corrosão.

Símbolo: Ti

Número atômico: 22

Distribuição eletrônica do átomo neutro (e = 22): 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d2

Distribuição eletrônica do cátion trivalente do alumínio (Ti+4, e = 18): 1s2 2s2 2p6 3s2
3p6

Camada de valência do átomo neutro: N (nível = 4)

Número de elétrons na camada de valência: 2

1.7 Massa Atômica e Massa Molecular

Com uma balança não é possível determinar a massa exata de um átomo, pois é
desprezível. Assim, na ciência, são utilizados padrões de referências para determinar
algumas grandezas. Na medida da massa atômica de um átomo, o padrão de referência
é o isótopo de carbono-12 (12C). O isótopo de carbono-12 possui seis prótons e seis
nêutrons e apresenta número de massa igual a 12.

25
A Figura 11 elucida a seguinte lógica:
um átomo de carbono-12 é dividido
em 12 partes, logo, uma unidade de
massa atômica (u) equivale a 1/12 (um
doze avos) da massa de um átomo do
isótopo de carbono-12.

A massa atômica de um átomo indica


quantas vezes ele é mais pesado que
1/12 do átomo isótopo do carbono-12.
Figura 11: Divisão de um átomo de carbono-12
Por exemplo:

• massa atômica de um átomo de hidrogênio = 1 u (sua massa equivale a 1/12 da


massa do isótopo de C-12);

• massa atômica de um átomo de nitrogênio = 14 u (sua massa é 14 vezes maior


que 1/12 da massa do isótopo de C-12).

Os átomos se unem e formam moléculas. A massa molecular é a soma da massa


atômica de todos os átomos presentes nessa molécula. Por exemplo:

• massa molecular da água (H2O) = 1u + 1u + 16 u = 18 u (a molécula possui dois


átomos de hidrogênio e um átomo de oxigênio);

• dados de massa atômica

H=1u

O = 16 u

1.8 Massa Molar e Mol

Um átomo é uma partícula minúscula, com uma massa muito pequena, o que dificulta
os cálculos químicos que envolvem um pequeno número de átomos ou moléculas.

26
Por este motivo, comparativamente à matemática, que usa o termo centena para
se referir a 100 unidades, a química usa o termo mol para expressar quantidade de
matéria.

Com a finalidade de definir a quantidade de unidades equivalente a 1 mol, os cientistas


determinaram o número de átomos existentes em 12 g de átomos do isótopo de
carbono-12. Observaram, então, existir aproximadamente 6 x 1023 átomos deste
isótopo. Este número recebeu o nome de constante de Avogadro.

Portanto, assim como uma dúzia, de qualquer material, possui 12 unidades, 1 mol, de
qualquer espécie analisada, possui 6 x 1023 unidades.

Pode-se dizer, então que:

• 1 mol de átomos de hidrogênio = possui 6 x 1023 átomos de hidrogênio;

• 1 mol de moléculas de água = possui 6 x 1023 moléculas de água;

• 1 mol de elétrons = possui 6 x 1023 elétrons.

Resumindo

Neste primeiro capítulo foram apresentados conceitos básicos e


fundamentais sobre a química: a matéria é tudo aquilo que possui massa e
ocupa lugar no espaço; uma substância é uma porção de matéria que
apresenta composição química definida; uma mistura é quando há mais de
uma substância reunida num mesmo sistema.

Foram abordadas as características dos três estados físicos fundamentais


da matéria: o sólido, o líquido e o gasoso, bem como os seus diferentes
processos de mudança. Neste contexto, foram descritos os diferentes tipos
de transformações da matéria: o físico (que não modifica a sua composição
química) e o químico (que modifica a sua composição química e que resulta
na formação de novas substâncias). Por conseguinte, foi apresentado o
estudo dos átomos e da simbologia química de forma prática e aplicada.

27
Glossário

Destilação: processo de separação dos componentes de misturas homogêneas que


utiliza como princípio a diferença do ponto de ebulição dos componentes da mistura.

Eletricidade: fenômeno resultante da presença e do fluxo de carga elétrica, tais como


relâmpagos, eletricidade estática e corrente elétrica em fios elétricos.

Espectroscopia: técnica físico-química de análise de dados realizada por meio da


transmissão, absorção ou reflexão da energia radiante incidente em uma amostra.

Isoctano: composto orgânico derivado do petróleo que possui oito átomos de carbonos
em sua constituição.

Isótopos: cada um dos átomos de um mesmo elemento, cujo núcleo possui o mesmo
número de prótons e número diferente de nêutrons.

Ligas metálicas: materiais formados por dois ou mais metais. As ligas metálicas são
misturas homogêneas.

Maciço: material que apresenta a mesma massa distribuída em toda a sua extensão.

Origem fóssil: combustíveis originados pela decomposição de restos de animais e


plantas soterrados que, ao longo de milhões de anos, sofreram diferentes reações
químicas.

Precipitação: quando um sólido não se dissolve completamente em um líquido, o


excesso afunda no recipiente, deixando o sistema com duas fases. Este fenômeno é
chamado de precipitação.

Polímeros: compostos formados por combinações repetidas de moléculas mais


simples.

Radioatividade: é um fenômeno natural ou artificial no qual núcleos de átomos


instáveis se desintegram e emitem radiações que podem (ou não) ser em forma de
partículas.

Ultramicroscópio: instrumento que apresenta uma iluminação lateral que o permite


revelar objetos invisíveis ao microscópico comum.

28
Atividades

aa
1) Julgue verdadeiro ou falso. A substância química composta
é todo material que possui composição e fórmula químicas
definidas e apresenta propriedades químicas e físicas
constantes formada por um único elemento químico.

Verdadeiro ( ) Falso ( )

2) Julgue verdadeiro ou falso. A matéria pode ser


transformada ou modificada por fenômenos físicos ou
químicos. Em ambas há alteração em sua composição, forma
e aparência.

Verdadeiro ( ) Falso ( )

29
Referências

BROWN, L. S.; HOLME, T. A. Química geral aplicada à engenharia. São Paulo: Cengage
Learning, 2009.

LEVI, P. A tabela periódica. Rio de Janeiro: Rocco, 1975.

PERUZZO, T. M.; CANTO, E. L. Química: na abordagem do cotidiano. 4. ed. São Paulo:


Moderna, 2012.

RUSSEL, J. B. Química geral. 2. ed. São Paulo: Makron, 1994.

30
UNIDADE 2 | A TABELA
PERIÓDICA

31
1 Introdução

Os combustíveis são utilizados para gerar energia e movimentar automóveis,


aeronaves, máquinas. Alguns combustíveis também geram energia elétrica. Embora
sejam fundamentais aos seres humanos, possuem energia acumulada e são capazes
de liberá-la na atmosfera quando ocorre alguma mudança em sua estrutura química.
Portanto, ao sofrerem reações químicas, os combustíveis produzem diversos tipos de
poluentes.

Para compreender as reações e prever os fenômenos químicos produzidos por


diferentes materiais, a exemplo dos combustíveis, é necessário conhecer as
propriedades dos elementos químicos. Nesse sentido, a ferramenta mais importante
é a tabela periódica. Sua estrutura está diretamente relacionada ao comportamento e
às características de diferentes átomos.

2 Organização dos Elementos Químicos na Tabela Periódica

Um elemento químico é um conjunto de átomos que apresenta o mesmo valor de


número atômico. A tabela periódica é um bom exemplo para demonstrar como as
pessoas, por meio da ciência, buscaram a sistematização dos elementos químicos para
uma melhor compreensão da natureza.

O primeiro cientista a organizar os elementos químicos em uma tabela foi Dmitri


Mendeleev, em 1869. Para ele, os elementos com propriedades semelhantes se
encontravam em uma mesma coluna, dispostos em ordem crescente de massa atômica.

Na tabela periódica atual, os 118 elementos químicos conhecidos estão organizados


em ordem crescente de número atômico. Por exemplo: todo átomo que possui número
atômico 1 (apenas um próton em seu núcleo) é o elemento químico hidrogênio.

A maior parte dos nomes dos elementos químicos origina-se do grego e do latim. As
informações sobre cada um, contidas na tabela periódica, normalmente são expressas
conforme representação exposta na Figura 12.

32
Figura 12: Representação de elemento químico na tabela periódica

A tabela periódica apresenta sete linhas horizontais chamadas de períodos. Os períodos


indicam o número de camadas eletrônicas do átomo. Por exemplo: um elemento que
está no segundo período, apresenta apenas duas camadas eletrônicas e sua camada
de valência é a L.

As séries dos lantanídeos e dos actinídeos fazem parte do sexto e do sétimo período,
respectivamente. Nestas séries existem elementos com propriedades químicas muito
variáveis e complexas que praticamente não são estudados num curso de química
básica. Então, para facilitar o manuseio da tabela, os elementos são colocados ao lado
de fora.

Atualmente, por determinação da União Internacional de Química Pura e Aplicada


(IUPAC), os grupos são enumerados de 1 a 18. A tabela periódica da Sociedade Brasileira
de Química (SBQ), exibida na Figura 13, distribui os elementos químicos em sete linhas
horizontais e 18 colunas. Pode-se observar que as colunas se referem aos grupos ou às
famílias.

33
Figura 13: Tabela periódica

2.1 Classificação dos Elementos Químicos

Para facilitar a classificação dos elementos químicos, a tabela periódica apresenta


diferentes cores.

Na tabela oficial da SBQ, representada na Figura 13, os metais estão destacados em


verde. Como se pode notar, a maior parte dos elementos químicos que existem são
metais. Todos os metais são sólidos à temperatura ambiente, exceto o mercúrio que é
um líquido bastante viscoso. Os metais apresentam alto ponto de fusão e de ebulição,
são bons condutores de calor e eletricidade, são dúcteis e maleáveis, características
que serão abordadas de forma mais aprofundada no capítulo 3.

34
Os ametais (não metais) apresentam características contrárias às dos metais. Possuem
baixos pontos de fusão e de ebulição. Também são péssimos condutores de calor e de
eletricidade e são representados na cor amarela.

Os gases nobres, organizados na coluna 18, na cor azul, e o elemento hidrogênio (H)
não são classificados como metais.

Os elementos químicos são, ainda, classificados como representativos ou de transição.


Os elementos representativos (colunas 1, 2 e da 13ª a 18ª) apresentam elétrons
mais energéticos, presentes em subníveis s e p. Os de transição (da 3ª a 12ª coluna)
apresentam como subníveis de maior energia o d e o f.

2.2 Grupos e Famílias

Os elementos químicos que pertencem a uma mesma família apresentam o mesmo


número de elétrons na camada mais externa e propriedades químicas semelhantes. Os
grupos ou famílias são divididos da maneira descrita a seguir.

• Grupo 1 – metais alcalinos: extremamente reativos e apresentam um elétron na


camada de valência. A terminação de sua distribuição eletrônica é ns1.

• Grupo 2 – metais alcalinos terrosos: muito reativos e apresentam dois elétrons


na camada de valência. A terminação de sua distribuição eletrônica é ns2.

• Grupo 13 – grupo do boro: são os elementos químicos que apresentam três


elétrons na camada de valência. A terminação de sua distribuição eletrônica é
ns2 np1.

• Grupo 14 – grupo do carbono: são os elementos químicos que apresentam quatro


elétrons na camada de valência. A terminação de sua distribuição eletrônica é ns2
np2.

• Grupo 15 – grupo do nitrogênio: são os elementos químicos que apresentam


cinco elétrons na camada de valência. A terminação de sua distribuição eletrônica
é ns2 np3.

35
• Grupo 16 – calcogênios: apresentam seis elétrons na camada de valência. A
terminação de sua distribuição eletrônica é ns2 np4.

• Grupo 17 – halogênios: apresentam sete elétrons na camada de valência. A


terminação de sua distribuição eletrônica é ns np7.

• Grupo 18 – gases nobres: apresentam oito elétrons na camada de valência. A


terminação de sua distribuição eletrônica é ns2 np8, exceto o hélio que possui
apenas dois elétrons e a distribuição eletrônica é 1s2.

• Hidrogênio: não pertence a qualquer família e apresenta apenas um elétron. Sua


distribuição eletrônica é 1s1.

hh
Diferentes estudos comprovam que o número de elétrons,
apresentado pelo átomo em sua camada de valência, está
intimamente relacionado à sua reatividade e ao tipo de interação
química que estabelece com outros átomos.

2.3 Propriedades Periódicas

As propriedades periódicas são aquelas que variam, periodicamente, de acordo com o


aumento do número atômico dos elementos e podem ser previstas ao longo da tabela
periódica. A periodicidade dos elementos pode ser extremamente útil para prever
suas diferentes propriedades e seus comportamentos.

3 Eletronegatividade e Eletropositividade

A eletronegatividade mede a tendência relativa de um átomo, o

ee atrair elétrons para si, quando interage com outros átomos. Os


ametais são os elementos mais eletronegativos, pois apresentam
maior tendência a receber elétrons do que os metais.

36
Na tabela periódica, a eletronegatividade aumenta de baixo para cima à medida que o
raio do átomo diminui, como mostra a Figura 14. Assim, à medida que o átomo apresenta
menor número de camadas eletrônicas, é capaz de receber mais facilmente elétrons.
Isso porque há maior atração exercida pelo núcleo positivo sobre o elétron (uma
partícula negativa). Num mesmo período, a eletronegatividade aumenta da esquerda
para a direita no sentido dos ametais.

Figura 14: Sentido da eletronegatividade na tabela


periódica

A eletropositividade mede a tendência de um elemento em

ee ceder elétrons quando interage com outros átomos. A


eletropositividade aumenta no sentido contrário ao da
eletronegatividade, conforme mostra a Figura 14. Nesse
sentido, pode-se afirmar que os metais de maiores raios
atômicos são aqueles que, numa ligação química, cedem elétrons
mais facilmente.

Figura 15: Sentido da eletropositividade na tabela


periódica

37
3.1 Energia de Ionização e Afinidade Eletrônica

A energia de ionização indica a quantidade de energia necessária


para retirar um elétron de um átomo isolado, no estado gasoso
e fundamental.

Para elementos de uma mesma família, à medida que o número de camadas eletrônicas
aumenta, há uma diminuição da energia de ionização, acompanhada pela facilidade da
retirada de elétrons de camadas mais externas do que internas, visto que os últimos
estão menos atraídos pelo núcleo.

Num mesmo período, a energia de


ionização aumenta no sentido dos ametais,
conforme ilustrado na Figura 16. Os metais
apresentam baixa energia de ionização e,
consequentemente, tendem a perder elétrons
facilmente, formando cátions.

A afinidade eletrônica expressa a energia Figura 15: Sentido da eletropositividade na


tabela periódica
liberada quando um átomo isolado, e no estado
gasoso, recebe um elétron. A natureza procura estabilidade. Logo, quanto menor a
energia de um sistema, maior a sua estabilidade.

Excetuando-se os gases nobres, os outros


ametais tendem a liberar maior quantidade de
energia ao receberem elétrons, tornando-se
mais estáveis. Os metais, diferentemente, não
ficam mais estáveis ao receberem elétrons. Na
tabela periódica, a afinidade eletrônica cresce
no mesmo sentido da energia de ionização,
Figura 17: Sentido da afinidade eletrônica na
como demonstra a Figura 17. tabela periódica

38
3.2 Dureza

A dureza é uma propriedade mecânica específica de materiais


sólidos, associada à resistência ao risco e às deformações.
Quando relacionada aos elementos químicos e à tabela
periódica, a dureza é classificada como uma propriedade
aperiódica, pois varia de forma irregular à medida que o número
atômico do elemento aumenta. Normalmente os elementos
mais pesados, com maiores valores de número atômico, são os
átomos de maior dureza.

Para analisar a dureza de um material, são considerados os tipos de átomos presentes


em sua constituição e o tipo de interação existente entre eles.

Importante ressaltar que uma liga metálica muito utilizada na indústria aeronáutica
é a mistura composta por alumínio (Al) e cobre (Cu), em função de sua alta dureza
(resistência) e baixa densidade, características imprescindíveis às aeronaves.

Resumindo

Este capítulo abordou a organização dos elementos químicos na tabela


periódica. A tabela periódica é formada por sete linhas horizontais, as quais
indicam o número de camadas eletrônicas que o átomo possui, e por 18
linhas verticais, que são os grupos ou as famílias. Elementos de um mesmo
grupo apresentam o mesmo número de elétrons na camada de valência e
nas propriedades químicas semelhantes.

As propriedades periódicas são aquelas que apresentam um comportamento


previsível ao longo da tabela e variam, periodicamente, com o aumento do
número atômico. A eletronegatividade e energia de ionização são exemplos
de propriedades periódicas.

A dureza, por outro lado, é uma propriedade aperiódica, visto que não varia
de forma regular ao longo da tabela periódica. A dureza é uma característica
de fundamental importância para a escolha de materiais utilizados na
indústria aeronáutica.

39
Glossário

Actinídeos: conjunto de elementos químicos que fazem parte do sétimo período da


tabela periódica. São 15 elementos: do número atômico 89 (actínio) ao 103 (laurêncio).

Dúcteis: materiais, normalmente metais, que podem se estirar, sem se romper,


transformando-se num fio.

Lantanídeos: conjunto de elementos químicos que fazem parte do sexto período da


tabela periódica. São 15 elementos: do número atômico 57 (lantânio) ao 71 (lutécio).

Maleáveis: materiais, normalmente metais, com capacidade de serem transformados


em lâminas.

40
Atividades

aa
1) Julgue verdadeiro ou falso. A tabela periódica possui 118
elementos químicos organizados em ordem crescente de
número atômico, distribuídos em 7 linhas e 18 colunas.

Verdadeiro ( ) Falso ( )

2)Julgue verdadeiro ou falso. As propriedades periódicas são


aquelas que variam de acordo com o aumento do número
atômico dos elementos e podem ser previstas ao longo da
tabela periódica.

Verdadeiro ( ) Falso ( )

41
Referências

BROWN, L. S.; HOLME, T. A. Química geral aplicada à engenharia. São Paulo: Cengage
Learning, 2009.

LEVI, P. A tabela periódica. Rio de Janeiro: Rocco, 1975.

PERUZZO, T. M.; CANTO, E. L. Química: na abordagem do cotidiano. 4. ed. São Paulo:


Moderna, 2012.

RUSSEL, J. B. Química geral. 2. ed. São Paulo: Makron, 1994.

42
UNIDADE 3 | LIGAÇÕES
QUÍMICAS

43
1 Introdução

Os materiais possuem propriedades químicas, físicas e estruturais distintas, em


função dos diferentes tipos de interação entre átomos. Saber explorar ou controlar de
forma seletiva a formação de ligações químicas é de fundamental importância para o
desenvolvimento de novos materiais e dispositivos úteis à sociedade moderna.

2 Propriedades e Características dos Compostos Iônicos

Uma ligação iônica é aquela que ocorre entre átomos com baixa energia de ionização
(metais) e alta afinidade eletrônica (ametais).

Neste tipo de ligação, há transferência de elétrons do metal para o ametal, formando


íons. O metal, ao doar elétrons, transforma-se num cátion e o ametal, ao receber
elétrons, torna-se um ânion. Assim, ocorre a formação do composto iônico. Uma
ligação iônica é uma interação extremamente forte, pois acontece entre íons, de cargas
opostas, que se mantêm unidos por meio de uma atração eletrostática.

hh
Num composto iônico sólido, os cátions e os ânions se organizam
de forma ordenada e regular formando um retículo cristalino. O
cloreto de sódio (NaCl), principal componente do sal de cozinha, é
um exemplo de composto iônico. Sua estrutura cristalina forma
uma rede, na qual íons positivos (cátions) são rodeados por íons
negativos (ânions), como aparece na Figura 18.

Figura 18: Estrutura iônica do cloreto de sódio

44
3 Regra do Octeto

Em 1916, o cientista Gilbert Lewis formulou a regra do octeto. Resumidamente, esta


regra postula que os átomos, de diferentes elementos, estabelecem ligações químicas,
doando, recebendo ou compartilhando elétrons, a fim de adquirirem a configuração
eletrônica de gás nobre. Como explicitado anteriormente, o gás nobre possui oito
elétrons na última camada (ou dois elétrons, no caso dos átomos que têm apenas uma
camada eletrônica, como o hidrogênio).

Apenas os gases nobres são estáveis na forma isolada e não necessitam fazer qualquer
tipo de ligação com outros átomos. Os demais elementos tendem a interagir entre si
para também ficarem estáveis.

3.1 Representação dos Compostos Iônicos

Cada elemento químico, que pertence a um grupo ou a uma família, apresenta uma
determinada quantidade de elétrons em sua camada de valência. Por exemplo: todos
os elementos do grupo 1, como o sódio (11Na), apresentam apenas um elétron de
valência.

Quando um átomo de sódio perde um elétron, fica com a mesma configuração


eletrônica do hélio (10Ne), que é um gás nobre. Por outro lado, o átomo de cloro (17Cl),
que pertence ao grupo 17 e possui sete elétrons de valência, ao receber um elétron
apresenta a configuração eletrônica do argônio (18Ar).

A Tabela 3 demonstra a carga adquirida por átomos de grupos representativos da


tabela periódica que, normalmente, estabelecem ligações iônicas.

45
Tabela 3: Transferências de elétrons

Número de elétrons de Carga do íon após


Grupo
valência transferência de elétrons
1 1 +1
2 2 +2
13 3 +3 (metais)
16 6 -2
17 7 -1

Os químicos utilizam a notação de Lewis, que representa os elétrons da camada de


valência de um átomo como bolinhas. A representação de Lewis, para a formação dos
compostos iônicos cloreto de sódio (NaCl) e cloreto de magnésio (MgCl2), em que há
transferência de elétrons dos metais para o ametal cloro é apresentada na Figura 19.

11Na: 1s2 2s2 2p6 3s1 (forma cátion com carga +1)

17Cl: 1s2 2s2 2p6 3s23p5 (forma ânion com carga -1)

12Mg: 1s2 2s2 2p6 3s2 (forma cátion com carga +2)

Figura 19: Interação entre átomos de sódio e de magnésio com átomos de cloro

46
hh
Por convenção, o símbolo do cátion é escrito antes do símbolo
do ânion. Em virtude da formação de uma rede cristalina,
resultante da união entre vários íons, um composto iônico é
representado por sua fórmula mínima, que indica a menor
proporção de números inteiros de cátions e ânions presentes na
estrutura, sendo que a totalidade das cargas é neutra.

3.2 Propriedades dos Compostos Iônicos

Os compostos iônicos apresentam elevados pontos de fusão e de ebulição, sendo,


normalmente, sólidos na temperatura ambiente. Conduzem eletricidade ao serem
fundidos ou dissolvidos em água, pois podem se separar em meio aquoso gerando
íons livres. No geral, estes compostos apresentam elevada dureza.

3.3 Propriedades e Características dos Compostos


Moleculares

Uma ligação é chamada de covalente ou molecular quando os


átomos compartilham entre si elétrons da camada de valência. É
uma interação que ocorre entre átomos com alta
eletronegatividade (ametais) e, portanto, não há formação de
íons. Uma substância formada por este tipo de interação é
chamada de molécula.

Os compostos moleculares podem existir nos três estados físicos: sólido, líquido e
gasoso e não são capazes de conduzir eletricidade na forma sólida ou líquida.

47
3.3.1 Fórmula Estrutural, Eletrônica e Molecular

O átomo de cloro apresenta sete elétrons em sua camada de valência e, para adquirir
a configuração eletrônica de um gás nobre, precisa de apenas um elétron. A interação
entre dois átomos de cloro ocorre por um compartilhamento de elétrons para formar
a substância Cl2, como ilustra a Figura 20. Apenas os elétrons da camada de valência
fazem parte da representação com bolas.

Figura 20: Compartilhamento de elétrons

Os compostos moleculares podem ser representados por diferentes fórmulas:


eletrônicas (fórmulas de Lewis), estruturais e moleculares. A Figura 21 representa os
três tipos de fórmulas para a molécula de gás carbônico.

Figura 21: Fórmulas dos compostos moleculares

A fórmula estrutural representa, com um traço, cada par de

ee elétrons compartilhados entre dois átomos. Quando dois


átomos compartilham apenas um par de elétrons, tem-se uma
ligação simples. No caso da molécula de CO2 são ligações duplas,
nas quais há dois pares de elétrons, compartilhados entre o
átomo de carbono e cada oxigênio. Uma ligação é chamada de
tripla quando há três compartilhamentos de elétrons entre dois
átomos. A fórmula molecular indica apenas os elementos
químicos diferentes e a quantidade de átomos presentes na
molécula.

48
3.2.2 Geometria Molecular

A geometria molecular reflete na configuração e no rearranjo espacial dos átomos


de uma molécula. A natureza procura estabilidade (situação de menor energia
possível). Uma molécula existe no espaço da forma mais estável possível. Este fato
está relacionado a uma menor situação de repulsão eletrônica, visto que elétrons são
partículas negativas e se repelem.

A Teoria da Repulsão dos Pares de Elétrons da Camada de Valência (VSEPR) afirma que
uma molécula apresenta uma geometria molecular que minimiza as repulsões entre os
pares de elétrons da camada de valência do átomo central. A Figura 22 representa os
três tipos de repulsões eletrônicas que podem existir em uma molécula.

Figura 22: Tipos de repulsões eletrônicas

A geometria de uma molécula é aquela em que há a maior separação possível (maior


ângulo) entre os elétrons do átomo central para minimizar principalmente as repulsões
entre elétrons não compartilhados que são as mais intensas. A Tabela 4 mostra a
representação das geometrias moleculares segundo a VSEPR.

49
Tabela 4: Geometrias moleculares VSEPR

3.2.3 Polaridade de Moléculas

Uma ligação covalente pode ser apolar ou polar. Esta, é uma ligação estabelecida entre
átomos de mesma eletronegatividade, conforme ilustra a primeira parte da Figura 23.
Por outro lado, aquela é realizada entre átomos que apresentam diferentes
eletronegatividades, como mostra a segunda parte da Figura 23. Neste caso, em razão
da diferença apresentada, os elétrons compartilhados tendem a ficarem mais próximos
do átomo mais eletronegativo e assim, há a formação de regiões com densidades
eletrônicas diferentes.

Figura 23: Ligação covalente apolar (esquerda) e polar (direita)

50
hh
O álcool se dissolve na água e o óleo não. Esta afirmativa tem
um fundamento: semelhante dissolve semelhante. Isso significa
que substâncias polares dissolvem bem em substâncias polares.
O álcool e a água são moléculas polares e, consequentemente,
dissolvem-se um no outro. Entretanto, o mesmo não ocorre com
as moléculas do óleo, que são apolares.

Para analisar a geometria e a polaridade das moléculas utiliza-se o conceito de vetor


momento de dipolo ou dipolar (µ). Um vetor é uma entidade matemática caracterizada
por sentido, direção e módulo. O vetor momento de dipolo de uma ligação é sempre
direcionado para o átomo mais eletronegativo (região mais rica em elétrons da ligação).

Como em uma molécula pode existir mais de uma interação entre diferentes átomos,
é necessário analisar o vetor momento de dipolo resultante (µr). Se o vetor momento
de dipolo resultante for zero (µr) = 0, a molécula é apolar, caso contrário (µr) ≠ 0, a
molécula é polar. Uma molécula polar apresenta uma densidade eletrônica desigual.

A Tabela 5 apresenta exemplos das polaridades de diferentes moléculas relacionadas


ao vetor momento de dipolo resultante µr.

Tabela 5: Polaridade de moléculas pelo vetor momento dipolo resultante (µr)

51
4 Propriedades e Características dos Compostos Metálicos

As propriedades físicas dos metais, que levam ao seu difundido uso em incontestáveis
projetos, podem ser facilmente listadas. Quando os metais em geral e os metais
de transição em particular são examinados, verifica-se que há pouca diferença de
eletronegatividade de elemento para elemento. Portanto, metais e ligas não são aptos
a experimentar ligações iônicas.

Uma substância metálica é aquela formada unicamente por metais. A regra do octeto
não explica de maneira satisfatória a ligação metálica. A explicação mais simples e
utilizada para este tipo de interação é chamada de modelo de mar de elétrons. Esse
modelo afirma que os elétrons de
valência do metal estão soltos e se
movem livremente por todo o sólido.
Isso explica a boa condutividade
elétrica desses materiais.

A Figura 24 ilustra o modelo de mar de


elétrons de átomos do grupo 1 e 2 que
estabelecem ligações metálicas. Figura 24: Modelo de mar de elétrons

Os metais são maleáveis e dúcteis e, por essas características, podem ser convertidos
em lâminas e transformados em fios, respectivamente. Tais propriedades são muito
importantes para a especificação do metal a ser utilizado numa indústria.

52
Resumindo

Neste capítulo foram abordadas algumas propriedades e características de


determinadas substâncias, as quais estão diretamente relacionadas ao tipo
de interação existente entre os átomos que as formam. Os únicos átomos
que existem isolados na natureza são os gases nobres. Os demais elementos
químicos tendem a doar, a receber ou a compartilhar elétrons para
adquirirem a configuração eletrônica de um gás nobre e, assim, ficarem
com oito ou dois elétrons na camada de valência, adquirindo estabilidade.

Uma ligação iônica é aquela em que há transferência de elétrons de um


metal para um ametal formando íons. Em uma ligação covalente ocorre o
compartilhamento de elétrons e a formação de substâncias moleculares,
tipo de interação que, normalmente, ocorre entre ametais. A ligação
metálica é aquela realizada unicamente por metais nos quais os elétrons de
valência ficam soltos na estrutura, o que justifica a condução de eletricidade
e de calor destes materiais.

Glossário

Condutividade elétrica: propriedade usada para medir a capacidade de um material


conduzir eletricidade.

Densidades eletrônicas: são regiões presentes em uma molécula que apresentam


maior quantidade de elétrons.

Íons livres: são íons que se encontram dissolvidos em um solvente e não apresentam
mais estrutura cristalina e organizada. As moléculas do solvente rodeiam cada íon,
deixando o sistema mais estável.

Rearranjo espacial: ocorre quando uma molécula se reorganiza no espaço para adquirir
uma conformação, o mais estável possível, em determinadas condições.

Retículo cristalino: é um arranjo simétrico de íons, átomos ou moléculas, formando


uma grade extremamente organizada e regular.

53
Atividades

aa
1) Julgue verdadeiro ou falso. Uma ligação iônica é aquela
que ocorre entre átomos com baixa energia de ionização
(ametais) e alta afinidade eletrônica (metais).

Verdadeiro ( ) Falso ( )

2) Julgue verdadeiro ou falso. A regra do octeto não explica


de maneira satisfatória a ligação metálica, que é uma
substância formada unicamente por metais.

Verdadeiro ( ) Falso ( )

54
Referências

BROWN, L. S.; HOLME, T. A. Química geral aplicada à engenharia. São Paulo: Cengage
Learning, 2009.

LEVI, P. A tabela periódica. Rio de Janeiro: Rocco, 1975.

PERUZZO, T. M.; CANTO, E. L. Química: na abordagem do cotidiano. 4. ed. São Paulo:


Moderna, 2012.

RUSSEL, J. B. Química geral. 2. ed. São Paulo: Makron, 1994.

55
UNIDADE 4 | COLOIDES E
AGREGADOS

56
1 Introdução

Um sistema que apresenta duas ou mais substâncias é chamado de mistura. Os coloides


são misturas heterogêneas de, pelo menos, duas fases diferentes que, ao serem
observadas pelos olhos humanos, assemelham-se a uma mistura homogênea. As fases
podem ser diferenciadas apenas com o auxílio de um ultramicroscópio.

Numa dispersão coloidal, um dos componentes apresenta partículas extremamente


pequenas, do tamanho que varia de 1 a 1000 nanômetros (1 nm = 10-9 m). Este
componente, presente em menor quantidade na mistura, é chamado de disperso. A
substância que contém o disperso é chamada de dispergente.

Os produtos fabricados como coloides são de fundamental importância para as


indústrias química, farmacêutica, agrícola e tecnológica. Por exemplo: sabão,
detergentes, emulsificantes, estabilizantes, herbicidas, pesticidas, aerossóis,
cosméticos e cremes, adesivos, lubrificantes, espumas, entre outros.

Os lubrificantes são compostos por óleos e aditivos. Esses

ee aditivos conferem aos óleos propriedades especiais que não


possuíam anteriormente. Os lubrificantes são substâncias
usadas entre duas superfícies fixas ou móveis, com a finalidade
de reduzir o atrito (resistência ao movimento) e o desgaste das
peças. A lubrificação das peças do motor de uma aeronave é
muito importante para sua durabilidade e sua segurança.

2 Classificação dos Coloides

As partículas do dispersante e do dispergente podem ser apresentadas em diferentes


estados físicos. Logo, os coloides são classificados em cinco grupos:

• Espuma – dispersão coloidal na qual pequenas bolhas de gases são dispersas em


um líquido ou sólido;

57
• Emulsão – dispersão coloidal na qual o disperso e o dispergente são líquidos;

• Sol – dispersão coloidal na qual um sólido está disperso em um líquido;

• Gel – o dispergente encontra-se na fase sólida e o disperso na fase líquida,


apresentando uma consistência semissólida;

• Aerossol – dispersão coloidal na qual um sólido ou líquido estão dispersos em um


gás.

A Figura 25 mostra alguns exemplos de coloides comumente utilizados no dia a dia das
pessoas.

Figura 25: Grupos de coloides

A Tabela 6 apresenta a classificação dos coloides, de acordo com o estado de agregação


dos componentes envolvidos, para a formação de diferentes coloides.
Tabela 6: Classificação dos coloides

TIPOS DE DISPERSÕES COLOIDAIS


Dispersante Disperso Denominação Exemplo
Líquido Sólido Sal Maisena em água, tintas
Sólido Líquido Gel Gelatina, geléia
Maria-mole, suspiro, pedra-
Sólido Gás Espuma sólida
porne
Creme chantilly, creme de
Líquido Gás Espuma líquida
barbear
Gás Sólido Aerossol sólido Fumaça, poeira suspensa no ar
Gás Líquido Aerossol líquido Neblina, névoa
Sólido Sólido Sal sólido Vidro colorido, rubi, safira
Líquido Líquido Emulsão Maionese, creme hidratante

58
Como é possível perceber, os coloides estão presentes no cotidiano das pessoas desde
as primeiras horas do dia. Na higiene pessoal: o sabonete, o xampu, a pasta de dente e
a espuma ou o creme de barbear. Na maquiagem: os cosméticos. No café da manhã: o
leite, o café, a manteiga, os cremes vegetais e as geleias de frutas.

Os coloides ainda estão presentes em diversos processos de produção de bens de


consumo, incluindo o da água potável, dos processos de separação nas indústrias, da
biotecnologia e do ambiente. São também muito importantes os coloides biológicos,
tais como o sangue, o humor vítreo e o cristalino.

3 Propriedades de um Sistema Coloidal

Um sistema coloidal apresenta as características descritas a seguir.

a) Movimento Browniano

Um sistema coloidal, analisado em um


ultramicroscópio, apresenta partículas
dispersas, em movimento desordenado e
ininterrupto, conforme ilustrado na Figura
26. Este fenômeno é chamado de movimento
browniano, em homenagem ao botânico
escocês Robert Brown, que o descreveu pela
primeira vez em 1827.
Figura 26: Movimento browniano

b) Efeito Tyndall

Uma mistura homogênea é totalmente transparente, o que significa que a luz a


atravessa completamente e não se observa espalhamento nem dispersão coloidal. No
caso de uma dispersão coloidal, que não é transparente, ao incidir luz, ocorre sua forte
dispersão e seu espalhamento. Esse fenômeno é chamado de efeito Tyndall.

59
Na Figura 27, o efeito Tyndall pode
ser observado no frasco que contém a
mistura de coloração vermelha. Nota-se
a presença de partículas em suspensão
ao incidir luz, o que não ocorre no frasco
contendo o material amarelo, que é
totalmente transparente.
Figura 27: Efeito Tyndall

Resumindo

Nesta unidade, foram apresentados conceitos sobre coloides, bem como


sua aplicação nas indústrias química, farmacêutica, agrícola e tecnológica.
Diversos materiais, utilizados diariamente pelas pessoas, são classificados
como coloides.

Os coloides são misturas heterogêneas, que apresentam no mínimo duas


fases distintas, que podem ser diferenciadas apenas com o auxílio de um
ultramicroscópio. Os coloides apresentam características especificadas no
movimento browniano, que se refere ao movimento desordenado e
ininterrupto das partículas presentes no sistema coloidal; e no efeito
Tyndall, que explica o espalhamento e a dispersão da luz ao ser incidida em
uma mistura.

Ao finalizar este capítulo, evidencia-se a importância do conhecimento de


sistemas coloidais, em razão da grande diversidade de materiais que se
encontra nesta forma e são essenciais aos diversos ramos da indústria e à
sociedade.

60
Glossário

Cristalino: parte do olho humano, sendo uma estrutura biconvexa, gelatinosa,


possuindo grande elasticidade, que diminui progressivamente com a idade.

Emulsificantes: são substâncias adicionadas às emulsões (tipo de coloide), com o


objetivo de aumentar sua estabilidade cinética, deixando-as mais homogêneas e
estáveis.

Espalhamento: é um processo rápido, no qual a luz é absorvida por partículas,


constituintes de uma mistura, e emitida em outra direção.

Estabilizantes: são substâncias adicionadas em alimentos que asseguram as


características físicas de emulsões e de suspensões, aumentando a sua durabilidade.

Humor vítreo: líquido, similar a uma geleia, que completa a maior parte do olho (em
sua parte posterior).

61
Atividades

aa
1) Julgue verdadeiro ou falso. Os coloides são misturas
heterogêneas, que apresentam no mínimo duas fases
distintas, que podem ser diferenciadas apenas com o auxílio
de um ultramicroscópio.

Verdadeiro ( ) Falso ( )

2) Julgue verdadeiro ou falso. As partículas do dispersante e


do dispergente são apresentadas em somente nos mesmos
estados físicos.

Verdadeiro ( ) Falso ( )

62
Referências

BROWN, L. S.; HOLME, T. A. Química geral aplicada à engenharia. São Paulo: Cengage
Learning, 2009.

LEVI, P. A tabela periódica. Rio de Janeiro: Rocco, 1975.

PERUZZO, T. M.; CANTO, E. L. Química: na abordagem do cotidiano. 4. ed. São Paulo:


Moderna, 2012.

RUSSEL, J. B. Química geral. 2. ed. São Paulo: Makron, 1994.

63
UNIDADE 5 | O ESTUDO DAS
SOLUÇÕES QUÍMICAS

64
1 Introdução

Para que a maioria das reações químicas ocorra, é necessário que seus reagentes
estejam dissolvidos em um líquido. Milhões de reações químicas são realizadas
diariamente nas indústrias, nos laboratórios, em domicílios, nos organismos dos seres
vivos, na combustão da gasolina entre outras. Muitas das misturas que são consumidas
pelo homem no dia a dia são soluções.

2 A Água como Solvente

Toda mistura homogênea é chamada de solução. Numa solução, a substância presente


em maior quantidade é o solvente e a substância presente em menor quantidade é o
soluto. O soluto dissolve-se no solvente. A dissolução de um soluto em um solvente
é um processo físico, pois as substâncias presentes na mistura não apresentam
modificação em sua composição química.

Um soluto pode ser um composto iônico ou covalente. Os

cc compostos iônicos, ao serem dissolvidos na água, sofrem um


processo de dissociação dos íons. Isso significa que o solvente
(água) é capaz de separar os íons do composto iônico. A presença
de íons livres na água faz com que ela seja capaz de conduzir
eletricidade. A água pura não apresenta esta propriedade.

Em 1887, o cientista Arrhenius apresentou uma teoria sobre a dissolução de compostos


iônicos em água. A dissolução do cloreto de sódio (NaCl) em água, por exemplo, foi
representada pelo cientista da seguinte forma:

Soluções Aquosas de Cloreto de Sódio → Íons Sódio + Íons Cloro

Seus conceitos foram de fundamental importância à química e ao estudo de soluções.


Porém, nem todos os solutos moleculares de uma solução podem se ionizar e conduzir
eletricidade.

65
Uma solução é chamada de aquosa quando o solvente é a água. A água é chamada de
solvente universal, não por dissolver todas as substâncias que existem no planeta, mas
por ser o solvente mais aplicado, além de ser abundante e capaz de dissolver grande
parte das substâncias.

Uma bateria de avião, por exemplo, pode conter diferentes soluções aquosas, pois
se trata de um dispositivo capaz de converter energia química em energia elétrica.
Isso significa que uma reação química espontânea pode gerar energia elétrica. Uma
bateria bastante utilizada em aeronaves são as ácidas, que possuem placas interiores
de chumbo (Pb) e possuem uma solução aquosa de ácido sulfúrico (H2SO4). Numa
solução aquosa de ácido sulfúrico, a água é o solvente e o ácido é o soluto.

3 Solubilidade ou Coeficiente de Solubilidade

A solubilidade ou o coeficiente de solubilidade (CS) é a


quantidade máxima de um soluto que se dissolve em determinada
quantidade de solvente, numa certa temperatura.

A solubilidade é uma propriedade física que caracteriza uma substância pura. Por
exemplo: numa temperatura de 20 °C, 203,9 g é a quantidade máxima de sacarose
(C12H22O11), principal componente do açúcar comum, que se dissolve em 100 g de
água. A solubilidade do sal, cloreto de potássio (KCl), nas mesmas condições, é de 370
g para cada 100g de água. Os coeficientes de solubilidades de diferentes substâncias
são obtidos experimentalmente.

Dependendo do estado físico dos solutos e dos solventes, a solução pode receber
diferentes denominações:

• solução sólida – formada apenas por substâncias sólidas. Exemplo: o ouro


18 quilates, que apresenta ouro, prata e resquícios de outros metais em sua
composição;

• solução gasosa – todos os componentes da mistura são gases. A mistura formada


apenas por gases é homogênea e, portanto, é uma solução. Exemplo: o ar
atmosférico, que é uma mistura dos gases oxigênio, nitrogênio, argônio e outros;

66
• solução sólido-líquido – soluto sólido dissolvido num solvente líquido. Exemplo:
sal de cozinha dissolvido na água;

• solução líquido-líquido – todos os componentes da solução são líquidos. Exemplo:


o álcool e a água se misturam em quaisquer proporções, formando este tipo de
solução;

• solução gás-líquido – quando um gás está dissolvido em um líquido. Exemplo: o


gás oxigênio dissolvido na água para que os peixes respirem e sobrevivam.

Alguns fatores podem alterar o coeficiente de solubilidade de uma substância. Para


uma solução gás-líquido, o aumento da pressão externa e a diminuição da temperatura
do meio ampliam a solubilidade dos gases em um líquido.

No caso das soluções sólido-líquido ou líquido-líquido, a pressão, praticamente, não


afeta no coeficiente de solubilidade, mas o aumento da temperatura pode favorecer
(ou não) tal solubilidade.

Como exposto anteriormente, a solubilidade de uma substância em água, por exemplo,


pode ser determinada, experimentalmente, a partir da variação da temperatura do
meio e da medida da quantidade de soluto dissolvida.

hh
Esta solubilidade pode ser representada em um gráfico chamado
de curva de solubilidade. Numa curva de solubilidade, o
coeficiente de solubilidade (eixo y) varia em função da variação
da temperatura do sistema (eixo x).

A dissolução de um soluto pode


ser exotérmica ou endotérmica.

a) Dissolução endotérmica:
é aquela cuja elevação da
temperatura aumenta a
solubilidade do soluto no
solvente. Isso significa
que o aumento da
temperatura favorece a
dissolução do soluto. Esta
Gráfico 3: Curva de solubilidade em dissolução endotérmica

67
dissolução ocorre com a absorção de energia de uma fonte externa. O Gráfico 3
demonstra a curva de solubilidade de uma substância que apresenta dissolução
endotérmica em água.

b) Dissolução exotérmica: é
aquela cuja elevação da
temperatura diminui a
solubilidade do soluto no
solvente. Nesse sentido, o
aumento da temperatura
desfavorece a dissolução
do soluto. Esta dissolução
ocorre com liberação de
energia e aquecimento do
meio externo. O Gráfico
Gráfico 4: Curva de solubilidade em dissolução exotérmica
4 exemplifica a curva de
solubilidade de uma substância que apresenta dissolução exotérmica em água.

3.1 Classificação de Soluções

Uma solução pode ser classificada como:

• solução insaturada – é aquela que, em determinada temperatura, possui


quantidade de soluto menor que sua solubilidade no solvente. Portanto, o
solvente ainda é capaz de dissolver uma maior quantidade de soluto;

• solução saturada – é aquela que, em determinada temperatura, possui


quantidade de soluto exatamente igual à sua solubilidade no solvente. Portanto,
é a quantidade máxima de soluto capaz de ser dissolvida;

• solução saturada com corpo de fundo – é aquela que, em determinada


temperatura, possui quantidade de soluto maior que a sua solubilidade no
solvente. Assim, forma um corpo de fundo, em razão do excesso de soluto que
não se dissolveu.

68
3.2 Aspectos Quantitativos de Solução

Existem várias maneiras de expressar a concentração de uma solução, a qual está


diretamente relacionada à quantidade de soluto em função de uma determinada
quantidade de solução (soluto + solvente).

3.2.1 Concentração g/L

A concentração g/L indica a quantidade de massa de soluto (m), em gramas, presente


em 1 L de solução, como mostra a expressão:

Onde: volume de solução = volume de soluto + volume de solvente.

Por exemplo: uma solução aquosa de hidróxido de sódio (NaOH) apresenta uma
concentração de 40 g/L. Isso significa que um litro desta solução possui uma massa de
40 g do soluto hidróxido de sódio.

3.2.2 Concentração mol/L

A concentração mol/L indica a quantidade em mol de soluto (n), presente em 1 L de


solução, como mostra a expressão:

Por exemplo: uma solução aquosa de hidróxido de sódio (NaOH) apresenta uma
concentração de 0,1mol/L. Isso significa que um litro desta solução possui uma
quantidade de matéria de 0,1 mol do soluto hidróxido de sódio. Para preparar esta
solução em laboratório é necessário que a massa de NaOH seja pesada com a balança.
Assim, é preciso calcular a sua massa molar:

69
NaOH = 40 g/mol

1 mol de NaOH ------------------40 g

0,1 mol de NaOH -----------------X

X = 4 g de NaOH

Como é possível observar, para o preparo de uma solução de concentração 0,1 mol/L,
são necessários 4 g de NaOH.

Compreender e saber expressar as concentrações de soluções

ee químicas é de fundamental importância para diversas áreas do


conhecimento. Isso porque, até mesmo as concentrações de
poluentes do ar ou da água são expressas em função do soluto.

Resumindo

Toda solução química é uma mistura homogênea. Numa solução existem


duas partes principais: o solvente, substância presente em maior
quantidade, e o soluto, substância presente em menor quantidade.

O coeficiente de solubilidade ou a solubilidade de um soluto referem-se à


quantidade máxima de um material que se dissolve em determinada
quantidade de solvente, numa certa temperatura.

Alguns fatores externos podem alterar o coeficiente de solubilidade de


certas soluções, compostas apenas por líquidos ou por sólidos dissolvidos
em líquido. Se o aumento da temperatura ocasiona o crescimento da
solubilidade, tem-se uma dissolução endotérmica. Porém, se o aumento da
temperatura acarreta a diminuição da solubilidade tem-se uma dissolução
exotérmica. Diversas soluções estão presentes em vários campos de
atuação, que vão da indústria farmacêutica à indústria petrolífera.

70
Glossário

Ionizar (ionização): processo pelo qual uma molécula ou um átomo tornam-se


portadores de uma carga elétrica positiva ou negativa, formando íons.

Reagentes: materiais que se combinam entre si para realizar reações químicas e


transformarem-se em novas substâncias.

71
Atividades

aa
1) Julgue verdadeiro ou falso. A solubilidade é uma
propriedade física que caracteriza uma substância pura.

Verdadeiro ( ) Falso ( )

2) Julgue verdadeiro ou falso. Numa solução, a substância


presente em maior quantidade é o solvente e a substância
presente em menor quantidade é o soluto.

Verdadeiro ( ) Falso ( )

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Referências

BROWN, L. S.; HOLME, T. A. Química geral aplicada à engenharia. São Paulo: Cengage
Learning, 2009.

LEVI, P. A tabela periódica. Rio de Janeiro: Rocco, 1975.

PERUZZO, T. M.; CANTO, E. L. Química: na abordagem do cotidiano. 4. ed. São Paulo:


Moderna, 2012.

RUSSEL, J. B. Química geral. 2. ed. São Paulo: Makron, 1994.

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Gabarito

Questão 1 Questão 2

Unidade 1 F F

Unidade 2 V V

Unidade 3 F V

Unidade 4 V F

Unidade 5 V V

74

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