Você está na página 1de 17

ENERGIA SOLAR, Fundamentos e Comparativo entre Brasil e Alemanha.

Márcio Mendonça (Prof. Dr., UTFPR-CP);


mendonca@utfpr.edu.br
Anna Carollina Chaves Braz (Aluna de Engenharia Mecânica UTFPR-CP);
annabraz@alunos.utfpr.edu.br

Gabriela M. Correia da Silva (Aluna de Engenharia Mecânica UTFPR-CP);


gabriela.1998@alunos.utfpr.edu.br

João Pedro (Aluno de Engenharia Mecânica UTFPR-CP);


joaopedrosilva.jps@outlook.com

Náthaly Ribeiro Fugikawa (Aluna de Engenharia Mecânica UTFPR-CP);


nathalyfugikawa@alunos.utfpr.edu.br

Carlos Renato A. de Oliveira (Aluno de Engenharia Mecânica UTFPR-CP);


carlos.2016@alunos.utfpr.edu.br

Rafael Virgílio de Oliveira (Aluno de Engenharia Mecânica UTFPR-CP);


rafaelvirgilio@alunos.utfpr.edu.br

Daniel Pablo Mesquita de S. Junior (Aluno de Engenharia de Software


UTFPR-CP);
danielpablo@alunos.utfpr.edu.br

Marta Rúbia Pereira dos Santos - (Prof Esp. ETEC-Ourinhos)


martarubia.71@etec.sp.gov.br

Revista Técnico-Científica do CREA-PR - ISSN 2358-5420 - 28ª edição – Junho de 2022 - página 1 de 17
Resumo: Em 1972 ocorreu a primeira conferência ambiental, sediada em Estocolmo
(capital sueca), reunindo 113 países, como resultado de uma série de preocupações com
os efeitos causados pelo uso excessivo de recursos energéticos não renováveis e
prejudiciais ao meio ambiente, dentre eles: combustíveis fósseis, sendo a sua queima
causador das mudanças climáticas (afetando fauna, flora, nível dos mares, pesca, recifes,
corais, dentre outros). Tendo em vista esses problemas uma fonte energética viável e
com muito potencial tem crescido nos últimos anos: a energia solar. Esta, por sua vez,
era utilizada, na antiguidade pelos gregos e romanos, para atividades mais simples, por
exemplo, aquecer a água. Posteriormente em 1839. laboratórios da Bell observaram que
4% de toda luz que incidente sobre os retificadores era convertida em energia elétrica,
posteriormente junto com outros colegas trabalharam na chamada Bateria Solar de Silício
Bell (Bell Silicon Solar Baterry). No primeiro momento, devido a uma análise econômica, a
energia gerada por painés solares foi declarada economicamente inviável, mas com o
advento de dispositivos de baixo consumo e também pelo desenvolvimento de satélites, a
criação de painéis solares economicamente viáveis ganhou impulso, inicialmente com
seis células solares que forneciam 100 mW para o satélite Vanguard I em 1958 até nos
dia atuais com a geração de 512 GW em todo o mundo, sendo aplicada em indústrias e
em casas através de inversor de frequência, que convertem a corrente contínua ( gerada
dos painéis) em corrente alternada (tensão de rede elétrica usual).

Em vista o que no texto supracitado, o sol se mostra uma fonte viável para
aquisição de energia, assim sendo, o presente trabalho visa trazer informações a respeito
da energia solar (energia obtida do sol), seu histórico, funcionamento, prós e contras e
fazer um comparativo, como referência de estudo, sobre o uso da energia em países
como a Alemanha e Brasil.

Palavras-chave: Energia solar, Células fotovoltaica, Energia renovável

Revista Técnico-Científica do CREA-PR - ISSN 2358-5420 - 28ª edição – Junho de 2022 - página 2 de 17
SOLAR PHOTOVOLTAIC ENERGY

Abstract: In 1972, the first environmental conference took place, based in Stockholm
(Swedish capital), bringing together 113 countries as a result of a series of concerns
about the effects caused by the excessive use of non-renewable energy resources and
its harmful to the environment, among them: fossil fuels, with its burning causing climate
change (affecting fauna, flora, sea level, fishing, reefs, corals, among others). Because
of these problems, a viable energy source with much potential has grown in recent
years: solar energy. This, in turn, was used in antiquity by the Greeks and Romans for
more specific activities, for example, heating water. Later in 1839, Bell Laboratories
observed that 4% of all light incidents on the rectifiers were converted into electrical
energy. Later, together with other colleagues, they worked on the so-called Bell Silicon
Solar Battery. At first, due to economic analysis, the energy generated by solar panels
was declared economically unfeasible. However, with the advent of low consumption
devices and also by the development of satellites, the creation of economically viable
solar panels gained momentum, initially with six solar cells that supplied 100 mW to the
Vanguard I satellite in 1958 to the present day with the generation of 512 GW
worldwide, being applied in industries and homes through a frequency inverter, which
converts the direct current (generated from them) in alternating current (usual mains
voltage).
Because of what in the above text, the sun is a viable source for energy acquisition;
therefore, the present work aims to bring information about solar energy (energy
obtained from the sun), its history, functioning, pros and cons and to make a
comparison, as a reference for a study, on the use of energy in countries such as
Germany and Brazil.

Keywords: Solar energy, Photovoltaic cells, Renewable energy

Revista Técnico-Científica do CREA-PR - ISSN 2358-5420 - 28ª edição – Junho de 2022 - página 3 de 17
1. INTRODUÇÃO

Os combustíveis fósseis (carvão, óleo, gás natural, entre outros) tem sido
utilizado como fonte fundamental na geração de energia e foram de extrema
importância para o desenvolvimento tecnológico do ser humano. No entanto, os
combustíveis citados, durante sua queima, liberam os gases causadores do efeito
estufa, para a atmosfera, além de poluírem o meio ambiente (vazamentos de
petróleo e óleos em rios e oceanos).
Desse modo, o rápido desenvolvimento de tecnologias que objetivam
energias, como por exemplo energia de usinas de carvão, ocorreu sem considerar
seus agravantes ambientais, causando reações irreversíveis, fato observado com
as mudanças climáticas mais tecentemente.
De acordo com paragrafo supracitado, segundo o relatório do Painel
Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, 2021) teremos um
aumento de 1,5 °C da temperatura global nas próximas décadas. Sendo assim, é
de extrema importância a utilização de fontes de energia limpas e renováveis para
buscar um desenvolvimento sustentável, a fim de não afetar as próximas gerações.
A quantidade de energia fornecida (CRABTREE, 2007) do sol à Terra
supera qualquer outra fonte de energia, fornecendo 1400 W/s por metro quadrado
(JUNIOR et al., 2020), renovável ou não. Portanto é importante ressaltar a
viabilidade de sua utilização, a energia solar pode ser dividida de acordo com o
seu modo de obtenção, podendo ser fotovoltaica, térmica ou heliotérmica, dando
ênfase na fotovoltaica explicitando dessa forma os painéis fotovoltaicos sua
constituição e seu funcionamento.
O sol demonstra-se uma ótima alternativa, quando comparado com os
combustíveis fósseis, na geração de energia elétrica, já que é uma fonte
sustentável de energia, e os painéis fotovoltaicos podem durar até 30 anos,
entretanto após aproximadamente 20 a 25 anos dependendo do fabricante, os
mesmos perdem rendimento.

Revista Técnico-Científica do CREA-PR - ISSN 2358-5420 - 28ª edição – Junho de 2022 - página 4 de 17
Entretanto é importante ressaltar que possuem um alto custo de aquisição
para a população brasileira, de modo que se faz relevante uma análise visando à
maior difusão dessa energia. Por isto buscou-se uma análise comparativa entre a
utilização dessa energia no Brasil e na Alemanha.
Por conta das mudanças climáticas que vêm ocorrendo drasticamente, o
estudo justifica-se pela relevância da energia solar como uma energia renovável e
suas imensas vantagens a fim de combater os efeitos gerados pela utilização
despreocupada de energias não limpas.
Como procedimento metodológico foi adotado a pesquisa exploratória
bibliográfica e documental, procurando relacionar a realidade do nosso país com a
Alemanha, que é uma referência na utilização dessa fonte energética, a fim de
analisar quais medidas podem ser tomadas para melhor aproveitamento da
energia solar no Brasil, que possui grande potencial para uso deste tipo de
energia limpa.

1.1. Histórico do emprego da energia Solar

Edmund Becquerel, físico experimental, descobriu que duas placas de latão


imersas em um líquido produzia uma corrente contínua quando expostas à luz.
Essa célula fotovoltaica, todavia, produzia somente de 0,4 volts.
A utilização da energia solar datada desde os primórdios da humanidade. A
existência e permanência desse astro contribuiu, diretamente na evolução da
nossa espécie (e de todas as outras do planeta). Fonte de energia movimentada
por fusões nucleares, que geram trilhões de megatons por segundo, forneceram a
Terra
Em 1954 os cientistas Calvin Fuller e Gerald Pearson do laboratório da Bell
Labs, observaram que a 4% da luz que incidia sobre os retificadores a diodo era
convertido em energia elétrica.
Desde esse momento na história, a energia solar, gradualmente, foi se
tornando mais popular na vida humana, seja nas casas aquecendo água e

Revista Técnico-Científica do CREA-PR - ISSN 2358-5420 - 28ª edição – Junho de 2022 - página 5 de 17
provendo energia elétrica, ou nos satélites multimilionários lançados ao espaço e
que circulam nosso sistema solar nesse exato instante.
Tão importante quanto olhar para o passado da energia solar é olhar para o
futuro dela. Hoje há outros tipos de pesquisas promissoras no sobre o assunto,
como as células solares orgânicas (CSO), constituídas por polímeros orgânicos,
que são fáceis de se produzir, e pela via econômica, têm baixo custo de produção,
tendo a eficiência de aproximadamente 18% nos últimos anos (CUI, 2020; JUNIOR,
2020).
De qualquer forma, sabe-se que a energia solar é um dos principais
candidatos para suprir a demanda energética em face a crescente produção
mundial, dependente cada vez mais de sistemas automatizados, e o próprio
crescimento populacional que agrava a situação.
Este trabalho está dividido da seguinte forma. Na seção 2 uma
fundamentação sobre as placas solares para melhor entendimento do
desenvolvimento do artigo. Já a seção 3 aborda alguns resultados comparativos
entre Brasil e Alemanha e ressalta que mesmo em condições mais favoráveis, o
Brasil emprega energia solar algo em torno de 0,5% da sua matriz e a Alemanha
mais de 8%,. Entretanto, a energia solar vem ganhando espaço no Brasil nos
últimos anos e já praticamente dobrou a geração da energia solar. E, finalmente a
seção 4 conclui sugere futuros trabalhos e encerra essa investigação científica.

2. FUNCIONAMENTO E COMPOSIÇÃO DE UMA PLACA SOLAR

Um painel solar fotovoltaico é composto por: uma moldura de alumínio, vidro


especial, películas encapsulantes (EVAs), células fotovoltaicas, backsheet e a
caixa de junção. Como está na imagem a seguir.

A placa solar fotovoltaica, como mostra a figura 1, é composta por uma camada
antirreflexo (moldura de alumínio), para proteger os componentes de possíveis
danos, durante a instalação ou durante seu uso. Logo abaixo tem-se um vidro

Revista Técnico-Científica do CREA-PR - ISSN 2358-5420 - 28ª edição – Junho de 2022 - página 6 de 17
especial, denominado assim pois em sua composição há pequenas quantidades
de ferro, não obstante, possui a capacidade antirreflexiva, que é de suma
importância que passe o máximo de energia solar através dele. O EVA (película
encapsulante) cuja função é conferir proteção permanente às células (porque
estas são extremamente finas e delicadas), visto que este material quando
exposto à luz solar transforma-se em uma resina.

Figura 1: composição de uma placa solar fotovoltaica.

Fonte: PORTAL SOLAR, 2020.

A parte mais importante para o funcionamento da placa são as células, que


estão armazenadas no módulo, nele as células permanecem conectadas tanto em
série, quanto em paralelo, isso dependerá da tensão requerida, as células
precisam permanecer juntas, haja vista que apenas uma única célula produz
cerca de 0,4 volts em sua potência máxima (GTES, 2004).
Existem diversos tipos de células, como mostra a figura 2, e de acordo com
GTES (2004, p.43) materiais semicondutores, como silício, são usados para
transformar energia advinda do sol em elétrica. Existem 3 tipos principais de
células fotovoltaicas: Deve-se ressaltar que as placas esquentam quando estão
em operação.

Revista Técnico-Científica do CREA-PR - ISSN 2358-5420 - 28ª edição – Junho de 2022 - página 7 de 17
Figura 2: placas monocristalinas, multicristalinas e amorfas.

Monocristalina Policristalina Amorfa


Fonte: SANTOS et al. (2017, p. 14)

Silício monocristalino: as células do módulo são produzidas de forma que


o silício seja solidificado em forma de barras (apenas um cristal contínuo). Estas
conferem um bom desempenho de conversão de energia solar em elétrica, que
segundo GTES (2004, p.44) é cerca de 12% a 16% em placas comerciais, sendo
a mais eficiente e com maior custo, e sua vida útil é de 20 a 40 anos.
Silício multicristalino (policristalina): diferentemente da placa anterior, a
placa policristalina é feita de vários pequenos cristais de silício. Sua fabricação é a
mais simples e sua eficiência um pouco menor do que uma placa monocristalina.
Isso se deve ao fato de que há diversos cristais em sua estrutura, ocasionando
perdas por recombinação. Sua vida útil é semelhante à placa monocristalina.
Silício amorfo: Esse material faz parte de um estudo que visa melhorar o
desempenho e a diminuir custos das placas solares, juntamente com os materiais
CIGS e CdTe. O silício amorfo, como já é sugerido por seu nome, não dispõe de
estrutura cristalina, e sim de uma rede irregular que absorve hidrogênio até sua
saturação. O problema do mesmo está em sua baixa eficiência, diminuindo mais
ainda ao longo dos anos, não sendo duradouro como os materiais citados
anteriormente, durando de 15 a 25 anos.
Disseleneto de Cobre Índio e Gálio (CIGS): o substrato de vidro
primeiramente é envolto pelo Mo (molibdênio), cuja camada é bem tênue - sendo

Revista Técnico-Científica do CREA-PR - ISSN 2358-5420 - 28ª edição – Junho de 2022 - página 8 de 17
este processo denominado de pulverização catódica. Estas placas se revestidas
adequadamente não haverá deterioração de suas células (o que não acontece
com o amorfo que é mais rapidamente danificado), além de apresentarem a maior
eficiência. Porém seu fator negativo é o alto custo dos materiais, como o índio
(sendo considerado um material raro) que é um dos mais importantes para esse
tipo de placa.
Telureto de Cádmio (CdTe): advém de uma substância de vidro, cuja
crosta é um condutor transparente de contato frontal. Nesta parte fica o óxido de
estanho e índio. Assim como as placas de CIGS, as células são resistentes.
Porém seu ponto negativo é que sua produção com o cádmio é tóxico.
Tem-se uma outra camada de película encapsulante para evitar a
degradação e envelhecimento das células. O backsheet logo abaixo do EVA
inferior serve para proteger os componentes internos da placa.
E por último a caixa de junção, cujo objetivo é evitar corrente reversa
através de diodos (uma vez que estes permitem a circulação de corrente reversa).
Correntes reversas podem ocorrer quando não há luz solar, e se isso acontecesse
no painel ao invés de produzir energia, este consumiria energia, além de que uma
corrente reversa pode avariar o módulo e consequentemente danificar as células.
2.1. COMPOSIÇÃO DO SISTEMA RESIDENCIAL
É importante ressaltar que no Brasil segue em vigência a norma que
regulamenta e estabelece os requisitos de projeto de instalações elétricas e
arranjos fotovoltaicos, que é a NBR 16690, que seguido da norma NBR 5410,
utilizada para instalações de baixa tensão, torna possível o dimensionamento
destes sistemas para utilização residencial. A instalação desses sistemas tem
obtido um alto crescimento ao longo dos anos, tendo um aumento de 161% no
ano de 2019 segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), cuja
regulamentação de todo sistema é feita para garantir a segurança e a utilização
correta do sistema, de modo a não causar problemas para rede elétrica.
O sistema residencial de energia solar pode operar de duas maneiras: on-grid

Revista Técnico-Científica do CREA-PR - ISSN 2358-5420 - 28ª edição – Junho de 2022 - página 9 de 17
e off-grid. Em ambos, a energia gerada através dos painéis fotovoltaicos, é
obtida em corrente contínua (CC), onde os semicondutores presentes nas células
fotovoltaicas fazem com que os elétrons livres sejam levados para fora da célula
solar em direção a string box, e ao inversor para que a energia seja adequada ao
padrão de utilização em corrente alternada (CA). A diferença está no modelo off-
grid, onde a energia excedente da produção é armazenada em uma bateria, o que
acaba por dificultar a viabilidade do sistema, pois os valores de projeto ficam mais
altos. Já no modelo on-grid esta “sobra de energia” é direcionada a rede de
distribuição da concessionária de energia, gerando créditos solares.
Como a energia originada dos painéis solares são em corrente contínua, é de
grande importância a utilização dos demais aparelhos do sistema, com a
regulamentação através das normas, como a NBR 16690, que dispõe da
necessidade da presença de string box, dispositivo que opera como uma caixa de
junção onde os sub arranjos, células ou módulos fotovoltaicos são conectados em
paralelo.
Equipamentos de segurança e dispositivos de manobra podem ser alocados,
ou seja, é o local que faz a segurança em caso de diferenças de tensão e a
conexão com o inversor para transformação da energia em corrente alternada.
Feito isso e tendo como base o modelo on-grid, a energia (já operando em
corrente alternada) é direcionada ao quadro de energia da residência e ao
medidor bidirecional em conexão com a rede de distribuição da concessionária.
Tem-se também que estes modelos, não se limitam a utilização residencial.
Na grande maioria de utilização, toda energia gerada é direcionada diretamente a
rede de distribuição, sendo desta forma, feita uma compensação entre os créditos
pela injeção de energia na rede e a quantidade sobressalente utilizada (LEVIN,
2021).

Revista Técnico-Científica do CREA-PR - ISSN 2358-5420 - 28ª edição – Junho de 2022 - página 10 de 17
2.2. Vantagens e desvantagens da energia solar

Vantagens

Há algumas vantagens em comum entre os variados tipos de energia solar.


Dentre eles, pode ser citado que: trata-se de uma energia livre de emissão de gás
carbônico (CO2); exige baixa manutenção (em relação às placas solares); as
placas servem como escudo contra o calor em prédios e não há poluição sonora.
Os sistemas solares fotovoltaicos instalados em telhados não conectados à
rede, são ideais para serem utilizados em locais remotos, que possuem difícil
acesso à energia elétrica devido ao custo de levá-la a esses lugares. Além disso,
esse sistema é livre de cobranças e quedas de energia, além de ser uma energia
de origem limpa e renovável.
Com relação aos sistemas conectados à rede, pode ser citado o fato de que
este tipo de sistema é um bom recurso para trabalhar junto com a concessionária
de energia, podendo ser usado para diminuir o valor das cobranças de energia.
Por ser conectado à rede, não faz uso de baterias e geradores, que por sua vez
elimina gastos com esses equipamentos.
Ainda há a possibilidade de “armazenar” a energia, porque em épocas de
alta incidência de luz solar, ocorre baixo consumo de energia e a concessionária
utiliza esse extra e devolve em forma de créditos para os períodos de baixa
incidência de luz solar e muito consumo de energia. Diante disso, o coletivo se
beneficia, uma vez que exigirá menos das usinas elétricas de fontes não
renováveis.

Desvantagens

Como desvantagens: esse tipo de energia tem um retorno de investimento


muito longo; é sazional, ou seja, a quantidade de energia gerada varia com a
estação do ano, queda geração de energia durante o inverno e aumento durante o

Revista Técnico-Científica do CREA-PR - ISSN 2358-5420 - 28ª edição – Junho de 2022 - página 11 de 17
verão. Os sistemas solares fotovoltaicos que utilizam baterias e geradores são
caros e necessitam de manutenção. Além disso, essas baterias têm uma
expectativa de vida inferior aos painéis (10-15 anos em média, entretanto para
alguns fabricantes líderes de mercado, a expectativa é de 20 a 25 anos). Como a
bateria possui um limite de armazenamento, o excedente é desperdiçado. A não
ser que exista uma forma de uso imediato.
Em relação aos sistemas conectados à rede, existe a possibilidade de queda
de energia, caso haja problemas com a concessionária (caso não exista uma
bateria), devido as exigências das fornecedoras de energia, para garantir a
segurança das equipes de manutenção. Os usuários, deste tipo de sistema, ainda
terão de pagar as tarifas básicas da concessionária, que usarão, em parte, fontes
de energia não-renováveis.

3. ENERGIA SOLAR: COMPARATIVO BRASIL E ALEMANHA

O Brasil possui grande potencial para produção de energia elétrica advindo


de usinas solares. A fim de exemplificar o citado, temos que no lugar menos
ensolarado do Brasil gera-se mais eletricidade que o local mais ensolarado da
Alemanha (Rivello, s.d.).
Vale mencionar que há esforços radicais para a diminuição do uso do carvão
e eliminação quase que total das usinas nucleares de um modo geral, em especial
Brasil redução de carvão.
Com isso a Alemanha vem se tornando um dos maiores produtores deste
tipo de energia no mundo. Seu objetivo maior é a diminuição (tanto quanto
possível) de emissão de gases poluentes (gases do efeito estufa) e inutilização de
fontes de energia não renováveis. Como é observado nas figuras 3 e 4, mesmo
tendo a maior incidência solar no Brasil, na Alemanha a energia solar corresponde
a 8,4% geração da energia elétrica no país, enquanto o Brasil é 0,5%. Isso se dá
em decorrência de planos criados pelo governo alemão para incentivo de uso
desse sistema, dentre eles o denominado como “Energiewende” (transição

Revista Técnico-Científica do CREA-PR - ISSN 2358-5420 - 28ª edição – Junho de 2022 - página 12 de 17
energética), que se deu décadas após a queda do muro de Berlim e visava a
redução de fontes de energia fósseis, para investir em fontes renováveis, entre
outros.

Figura 3 – Matriz Energética Alemanha, em 2018

Fonte: – Pulok Ranjan Mohanta, et al, 2021

Revista Técnico-Científica do CREA-PR - ISSN 2358-5420 - 28ª edição – Junho de 2022 - página 13 de 17
Figura 4. Matriz energética Brasil 2018

Fonte.
BEN ((Brasil), 2019)

Esses planos culminaram no crescimento do uso da energia do sol, como


fonte de energia, assim como outras (energia eólica e biomassa). Atualmente no
país está em vigor a ‘Lei de Energias Renováveis’ (Erneuerbare-Energien-Gesetz
[EEG]), na qual o governo disponibiliza subsídios federais e estaduais para
instalação de sistemas fotovoltaicos em empresas e residências; aumento dos
preços da energia no país; leis de energia e mecanismos regulatórios.

4. CONCLUSÕES

Com o avanço da sociedade e da tecnologia o consumo energético tem


aumentado exponencialmente, e problemas como sustentabilidade vem se

Revista Técnico-Científica do CREA-PR - ISSN 2358-5420 - 28ª edição – Junho de 2022 - página 14 de 17
tornando cada vez mais presentes. O contexto aponta para quão necessário é
aproveitar a energia solar.
Considerando as análises realizadas, percebe-se o grande potencial e as
vantagens para utilização da energia solar, e também os avanços em relação a
esta. Um fator a se considerar mediante à comparação feita entre Brasil e
Alemanha é o fator tecnológico. O Brasil deve se modernizar incentivando
pesquisas de novos materiais, a criação de industrias na produção de painéis
fotovoltaicos, criação de usinas solares, uma vez que a malha energética do país
é fator crucial a soberania nacional.
Por fim, mesmo tendo pontos negativos, que futuramente podem ser
mitigados pelo advento de novas tecnologias de conversão e armazenamento, a
energia solar é hoje uma das mais promissoras fontes de energia, por ser
sustentável, abundante e limpa.
Futuras investigações endereçam comparativos com outros paises e o
crescimento dessa energia no Brasil.

Revista Técnico-Científica do CREA-PR - ISSN 2358-5420 - 28ª edição – Junho de 2022 - página 15 de 17
5. REFERÊNCIAS

ABNT NBR 16690, Instalações elétricas de arranjos fotovoltaicos — Requisitos de


projeto.

ABNT NBR 5410, Instalações elétricas de baixa tensão.

A Review on Solar Photovoltaics and Roof Top Application of It. – Pulok Ranjan
Mohanta, Jigar Patel, Jayesh Bhuva, Misal Gandhi, 2015. Acesso em 09 de dez.
de 2021.

COMO Funciona o Painel Solar Fotovoltaico (Placas Fotovoltaicas). In:


PORTAL SOLAR, 2020. Disponível em: https://www.portalsolar.com.br/como-
funciona-o-painel-solar-fotovoltaico.html. Acessoem: 09 de dez. 2021.

CRABTREE, G. W. Solar energy conversion. Physics Today , 2007. p. 6.

CUI, Yong et al. Organic photovoltaic cell with 17% efficiency and superior
processability. National Science Review, vol. 7, n. 7. p. 1239-1246. 2020.

FAHRENBRUCH, A.L.; BUBE, R.H. Fundamentals of Solar Cells. [S.I]: Academic


Press Inc., 1983.

GTES – Grupo de Trabalho de Energia Solar. Manual de engenharia para


sistemas fotovoltaicos. Rio de Janeiro, RJ, 2004.

JUNIOR, Lourenço et al. Células Solares Orgânicas, a Energia que Vem dos
Polímeros. Revista Virtual de Química. 2020. Disponível em: <
http://static.sites.sbq.org.br/rvq.sbq.org.br/pdf/v12n3a04.pdf >. Acesso em : 10
janeiro 2022.

LEVIN, Kelly. A diferença entre os impactos de um aquecimento de 1,5˚C ou 2˚C


no planeta. WRI Brasil, 2019. Disponível em:
https://wribrasil.org.br/pt/blog/2019/03/diferenca-entre-os-impactos-de-um-
aquecimento-de-15c-ou-2c-no-planeta. Acesso em: 13 de dez. 2021.

RIVELLO, C. (s.d.). Potencial solar no Brasil. América do sol, 2017. Disponível


em: https://americadosol.org/potencial-solar-no-brasil/#toggle-id-1. Acesso em:
09 de dez. 2021.

RUTER, G. Alemanha registra recorde de energia renovável. Deutsche Welle,

Revista Técnico-Científica do CREA-PR - ISSN 2358-5420 - 28ª edição – Junho de 2022 - página 16 de 17
2019. Disponível em: https://www.dw.com/pt-br/alemanha-registra-recorde-de-
energia-renov%C3%A1vel/a-47001526. Acesso em: 09 de dez. 2021.

SANTOS, A. D., & BATISTA, L. L. Critérios para o emprego de placas solares e


propostas de instalações elétricas para escolas públicas do distrito federal.
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BRASÍLIA – UniCEUB, Brasília, 2017. p. 14.

SINGER, Alisa. AR6 Climate Change 2021: The Physical Science Basis. IPCC,
2021. Disponível em: https://www.ipcc.ch/report/ar6/wg1/. Acesso em: 11 de dez.
2021.

Revista Técnico-Científica do CREA-PR - ISSN 2358-5420 - 28ª edição – Junho de 2022 - página 17 de 17

Você também pode gostar