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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE

MINAS GERAIS – CAMPUS SANTA LUZIA


BACHARELADO EM ENGENHARIA CIVIL

Eduardo Caldas Pereira

USO DE RESÍDUOS DA MINERAÇÃO NA CONSTRUÇÃO


CIVIL

Santa Luzia
2022

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Eduardo Caldas Pereira

USO DE RESÍDUOS DA MINERAÇÃO NA CONSTRUÇÃO


CIVIL

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao curso de Engenharia Civil
do Instituto Federal de Minas Gerais, como
requisito parcial para obtenção do título de
Bacharel em Engenharia Civil.

Orientadora: Prof. Isabela Ferreira Batista

Centralizar
Santa Luzia
2022

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EDUARDO CALDAS PEREIRA

USO DE RESÍDUOS DA MINERAÇÃO NA CONSTRUÇÃO


CIVIL

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao curso de Engenharia Civil
do Instituto Federal de Minas Gerais, como
requisito parcial para obtenção do título de
Bacharel em Engenharia Civil.

Data da defesa: Belo Horizonte, XX de setembro de 2022.

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Orientadora: Prof. Isabela Ferreira Batista

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Membro Titular: Prof. XXXXXXXXXXX

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Membro Titular: XXXXXXXXXXXXXX

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RESUMO Não se separa sujeito
do verbo. Sem a virgula

No cenário mundial, é perceptível a contribuição da mineração na economia de


diversos países, inclusive do Brasil, onde o minério de ferro tem destaque,
considerando, principalmente, os grandes volumes de sua produção. Essa atividade
extrativa, porém, é responsável pela geração de grandes volumes de resíduos
sólidos, provenientes dos processos de extração e beneficiamento mineral. A
incorreta destinação desses rejeitos pode provocar diversos impactos sociais,
ambientais e econômicos.
Diante dessa realidade, vem se intensificando pesquisas e estudos voltadas
para o aproveitamento destes resíduos. Neste contexto, este trabalho tem como
objetivo apresentar a possibilidade do uso destes resíduos na construção civil. Esse
setor é compreendido como potencial receptor, diminuindo o alto consumo de
recursos naturais que exerce e otimizando custos.
São apresentados dados sobre a mineração e o processo de beneficiamento
do minério de ferro. A areia industrial, tema principal do estudo de caso apresentado,
é um resíduo proveniente deste processo e sua aplicabilidade em insumos para pré-
moldados de concreto é avaliada.
Conclui-se que o reaproveitamento de rejeitos é essencial para a mitigação dos
impactos socioambientais, desde a redução do volume de rejeitos e áreas de
deposição à ganhos em economia com a geração de novos produtos, de qualidade,
fruto do reaproveitamento de resíduo da mineração.

Palavras-chave: Mineração; construção civil; areia industrial; impactos


socioambientais; mitigação dos impactos; reaproveitamento de rejeitos.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas


ANM - Agência Nacional de Mineração
DNPM - Departamento Nacional de Produção Mineral
FIEB – Federação das Indústrias do Estado da Bahia
IBRAM - Instituto Brasileiro da Mineração
IPT - Instituto de Pesquisas Tecnológicas
KTON - Kilotoneladas
MME - Ministério de Minas e Energia
NBR – Norma Brasileira
PFF - Pellet Feed
PIB - Produto Interno Bruto
PNM - Plano Nacional de Mineração
PNRC - Política Nacional de Resíduos Sólidos
SFF - Sínter Feed

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Produção anual mineral brasileira


Figura 2 - Indicadores socioeconômicos do setor da mineração
Figura 3 - Indicadores socioeconômicos do setor da mineração
Figura 4 - Exportação anual mineral brasileira
Figura 5 - Importações anual mineral brasileira
Figura 6 - Processo simplificado de reaproveitamento do minério

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Participação do setor mineral no PIB brasileiro


Tabela 2 - Principais minerais metálicos e sua aplicabilidade
Tabela 3 - Principais minerais metálicos e sua aplicabilidade
Tabela 4 - Produção mineral brasileira em referência em kilo toneladas (kton)

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 9
2. OBJETIVOS....................................................................................................................... 10
2.1 Objetivo Geral ............................................................................................................. 10
2.2 Objetivos Específicos ............................................................................................. 10
3. JUSTIFICATIVA................................................................................................................. 10
4. METODOLOGIA ................................................................................................................ 11
4.1 Etapa Preliminar ........................................................................................................ 11
4.2 Estudo de caso ........................................................................................................... 11
4.3 Análise de dados e conclusões ......................................................................... 11
5. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................. 12
5.1 Considerações gerais sobre os resíduos ..................................................... 12
5.2 A relevância da construção civil no uso de recursos naturais ......... 14
5.3 A mineração no Brasil ............................................................................................ 15
5.4 A utilização de resíduos provenientes da extração de miné rio de
ferro ................................................................................................................................................ 22
5.5 O beneficiamento dos finos de minério ......................................................... 24
6. ESTUDO DE CASO – FABRICAÇÃO DE PRÉ-MOLDADOS DE CONCRETO COM O
USO DE AREIA INDUSTRIAL..................................................................................................... 27
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................. 28

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1. INTRODUÇÃO

No desenvolvimento econômico e social, as atividades industriais têm papel


importante. O foco dado na geração de riquezas e bens de consumo por meio do
amplo uso de recursos naturais, o principal objetivo das atividades industriais, não
deve deixar em segundo plano a geração e a destinação dos rejeitos dos processos
produtivos (BRANCO, 1984).
Sabendo dos prejuízos ambientais, econômicos e sociais causados pelos
rejeitos, surge, assim, a importância da busca por soluções capazes de minimizar os
grandes impactos decorrentes da disposição destes no ambiente, bem como a
redução de custos envolvidos nessa atividade (OLIVEIRA; MALDONADO, 2020).
Além disso, é notório que ao passar do tempo, devido ao grande uso dos recursos
naturais, a sua escassez começa a ser evidenciada e a reutilização destes rejeitos
sólidos se torna uma alternativa para a solução deste problema, também.
Segundo JHON (2008), um dos setores responsáveis por um alto consumo de
recursos naturais é a construção civil. Diante disso, absorver os resíduos sólidos por
meio do desenvolvimento de materiais alternativos que atendam o setor, através da
reutilização destes rejeitos sólidos, busca reduzir custos e os impactos ambientais.
O setor minerário, em virtude do elevado volume de produção que gera grande
volume de resíduos proveniente do processo produtivo, se torna um destaque em
potencial para a reutilização de rejeitos dessa atividade econômica (FIEB, 2018). A
fabricação de pré-moldados de concreto (blocos, tijolos e lajotas para pisos) com o
uso de areia industrial, um resíduo proveniente do beneficiamento do minério de ferro,
é apresentado neste trabalho através de um estudo de caso.
Apesar da diversidade de publicações encontradas sobre o tema, algumas
lacunas em termos de caracterização do rejeito e seu reaproveitamento foram
encontradas. Assim, o objetivo deste trabalho é avaliar o potencial uso do rejeito da
mineração na construção civil em Minas Gerais.

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2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Apresentar o potencial uso do aproveitamento dos rejeitos, provenientes da


extração e processamento de minerais, na obtenção de subprodutos ou matérias
primas alternativas para o setor da construção civil em Minas Gerais.

2.2 Objetivos Específicos

• Caracterização dos resíduos sólidos da mineração com vistas à utilização na


construção civil;
• Apresentar um estudo de caso sobre a fabricação de pré-moldados de
concreto com o uso de areia industrial, um resíduo proveniente do beneficiamento do
minério de ferro.
• Avaliar os resultados do processo de transformação dos rejeitos minerários
em matéria prima.

3. JUSTIFICATIVA

Este estudo busca confirmar, através de uma pesquisa bibliográfica, a


necessidade de se promover soluções alternativas e economicamente viáveis para
minimizar os impactos socioambientais causados pelo aumento do consumo de
recursos naturais e pelo depósito de resíduos sólidos ao decorrer do tempo.
Além disso, através de dados coletados no estudo de caso, é possível avaliar
a qualidade dos produtos oriundos dos rejeitos e indicar as possibilidades de
aplicação no setor da construção civil.

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4. METODOLOGIA

4.1 Etapa Preliminar

O estudo inicialmente conta com uma pesquisa bibliográfica usando


plataformas como SciELO, Google Scholar e Portal de Periódico da CAPES. Foram
levantados títulos e resumos pertinentes ao assunto, usando documentos datados de
2008 a 2022.
Foi realizada uma leitura crítica e analítica de toda a literatura selecionada,
destacando as partes relevantes e estas sintetizadas e parafraseadas. Ademais, foi
definido os tópicos a serem abordados e feita uma organização para otimizar a
apresentação dos dados.

4.2 Estudo de caso

Foram selecionadas duas empresas do ramo para desenvolvimento


do estudo de caso. Os dados coletados nessa etapa, por meio do
levantamento sobre o trabalho realizado por essas empresas e sobre a
caracterização do material produzido , foram tratados de forma qualitativa.

4.3 Análise de dados e conclusões

A partir da organização dos dados encontrados, foi feito um quadro


comparativo com produtos similares que são fabricados sem o reaproveitamento dos
rejeitos da mineração, para discutir a viabilidade econômica, ambiental e a qualidade
do produto produzido por cada empresa.

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5. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

5.1 Considerações gerais sobre os resíduos

O crescimento demográfico, a melhoria do nível de vida e a intensificação das


atividades humanas são fatores responsáveis pelo grande aumento da quantidade de
resíduos sólidos gerados. Esse cenário pode acarretar impactos sócio – ambientais
significativos, caso seja inadequado a gestão desses resíduos (RESÍDUOS
SÓLIDOS, 2014).
Conforme proposto por LOGAREZZI (2003), é importante fazer uma
diferenciação entre lixo e resíduos. Os resíduos são as sobras das atividades
humanas passíveis de reciclagem, nele podemos associar valores sociais,
econômicos e ambientais. Entretanto, o lixo são os resultados dessas atividades que
são descartados, e nenhum desses valores potenciais é conferido.
Segundo o Projeto da Política Nacional de Resíduos Sólidos (BRASIL, 1991)
tem-se a seguinte definição:
▪ resíduos sólidos são aqueles oriundos de qualquer atividade extrativa, de
beneficiamento dos minerais e da recuperação de solos ou áreas contaminadas.
O meio ambiente é potencialmente degradado pelos processos de
transformação, principalmente os relacionados às atividades minerárias e industriais
Para Branco (1984), o planejamento e a orientação para o avanço tecnológico
nos processos de produção são essenciais para evitar resultados secundários
nocivos
A geração de resíduos sólidos na atividade minerária e industrial não se limita
às etapas iniciais de transformação, onde ocorrem os processos para obtenção da
matéria prima bruta (RUSSO, 2000).
Conforme destaca a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12305/2010,
os resíduos de mineração são gerados nas atividades de pesquisa, extração ou
beneficiamento de minérios.

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Os resíduos sólidos são classificados pela Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT) por meio da NBR 10.004(2004), em duas classes:
• Classe I- Perigosos
São aqueles que apresentam periculosidade, e possuem características de
corrosividade, inflamabilidade, toxicidade, reatividade e patogenicidade (ABNT,2004).
Ainda segundo a ABNT (NBR 10.004:2004), a atividade industrial é a fonte mais
comum de resíduos perigosos.
• Classe II - Não perigosos
São aqueles que podem apresentar certas propriedades como
biodegradabilidade, entretanto não se enquadram nas classificações de resíduos
perigosos (ABNT,2004).
▪ Não Inertes: apresentam solubilidade em água.
▪ Inertes: “Todo aquele resíduo quando amostrado de forma representativa e
submetido a um contato estático ou dinâmico com água destilada ou deionizada à
temperatura ambiente, não tiver seus constituintes solubilizados a concentrações
superiores aos padrões de potabilidade da água.”( NBR 10.004:2004).
Periculosidade de um resíduo são os riscos à saúde pública e riscos ao meio
ambiente que possa apresentar em função de suas propriedades químicas, físicas e
infectocontagiosas (ABNT NBR 10.004:2004).
Soares (2010) destaca que cada processo de beneficiamento gera uma
parcela do minério que não possui valor econômico agregado, tal parcela é chamada
de rejeito.
Segundo Bates (2002), os rejeitos geralmente encontrados no Brasil podem
ser divididos em:
(1) areia, areia natural e silte;
(2) lama ou mica;
(3) argila;
(4) pedras e seixos;
(5) solos de decapeamento e turfa.
Ter o conhecimento do potencial poluidor de um resíduo é fundamental para o
processo de sua reutilização.

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De acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12305/2010), a
gestão dos resíduos sólidos deve assegurar a minimização dos rejeitos, maximizando
o reaproveitamento e a reciclagem.
Apesar de existir uma diferença conceitual entre reciclagem e reutilização,
ambas as formas de destinação se complementam.
Reciclagem é o processo de reaproveitamento de detritos e rejeitos que,
através de um conjunto de técnicas que alteram suas propriedades físico-químicas,
são reintroduzidos no ciclo produtivo (LOMASSO et al., 2015).
A reutilização é baseada no reaproveitamento de um material, sem a
necessidade de transformação físico-química, para formação de novos produtos
(MANSOR et al, 2010).
A geração de resíduos sólidos, no contexto global, é inevitável. Dessa maneira,
a utilização de matérias primas alternativas proporcionam diversos benefícios sociais,
econômicos e ambientais (SILVEIRA, 2015).

5.2 A relevância da construção civil no uso de recursos naturais

O mercado universal da construção civil é responsável por algo em torno de


50% dos recursos naturais extraídos no planeta, sendo que a maioria dos materiais
utilizados não são renováveis (JHON, 2008).
FIEB (2018) destaca que o reaproveitamento dos resíduos sólidos na
construção garante a diminuição de extração de recursos naturais. Além disso, essa
prática, feita de maneira criteriosa, permite dar um tratamento final ambientalmente
adequado para esses resíduos.
Nesse contexto, é necessária uma estruturação correta e criteriosa de todas
as etapas desse processo para criação de subprodutos alternativos de qualidade que
atendam o setor da construção civil.
Além da contribuição para um desenvolvimento sustentável, a inclusão de
resíduos sólidos provenientes da atividade minerária em produtos para a construção
civil diversifica a oferta de matéria-prima para produção de elementos, o que é de
extrema importância para um país (MENEZES; NEVES; FERREIRA, 2002).

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Conforme Araújo, Santos e Ferreira (2012) é de extrema importância elaborar
um plano de gestão de resíduos da mineração que busque a administração dos
impactos no solo, na água e no ar, que são originários da inadequada disposição dos
resíduos.
Araújo, Santos e Ferreira (2012) destacam, também, que as prioridades da
gestão precisam ser:
-a eliminação ou diminuição da geração na fonte
- reciclagem
- tratamento
- disposição final apropriada.

5.3 A mineração no Brasil

No Brasil, a partir do século XVIII, a atividade de mineração, através de


explorações no interior do território motivadas pelo declínio do principal produto da
economia (cana de açúcar), apresentou seu primeiro grande crescimento no país,
mudando o modelo econômico de agropastoril para um modelo de exploração de
metais preciosos (FAUSTO, 2013).
No século XXI, se consolidou como um dos setores básicos da economia
brasileira. A mineração é vista como um suporte econômico e financeiro para o país,
apresentando grande importância. Sua expressividade no setor produtivo brasileiro é
em função da riqueza e do potencial do solo nacional (VALE, 2017).
A Figura 1 demonstra a produção mineral brasileira ao longo dos anos.

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Figura 1 – Produção anual mineral brasileira - referência em dólares(U$S)

Fonte: Adaptado de IBRAM,2018.


Conforme dados do Plano Nacional de Mineração (PNM) 2030, do Ministério
de Minas e Energia (MME), o setor mineral é responsável por 20% do total das
exportações brasileiras, que representa aproximadamente 4,2% do Produto Interno
Bruto (PIB) na última década, como verificado na tabela 1.
Tabela 1 – Participação do setor mineral no PIB brasileiro

Fonte: Adaptado de Balanço Energético Nacional, 2010. EPE/MME.

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Alguns indicadores socioeconômicos mais recentes, são apresentados na
Figura 2 a seguir, segundo dados do Instituto Brasileiro da Mineração (IBRAM).
Figura 2 – Indicadores socioeconômicos do setor da mineração

Fonte: IBRAM,2017.

Segundo dados do IBRAM, em 2020, é observado uma contribuição de 64%


do setor mineral para a balança comercial do país, conforme mostra a Figura 3.
Figura 3 – Indicadores socioeconômicos do setor da mineração

Fonte: IBRAM,2020.

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BMS (2019) destacam, nas tabelas a seguir, alguns dos principais minérios
lavrados atualmente e suas principais aplicações.
Tabela 2 – Alguns dos principais minerais metálicos e sua aplicabilidade

Disponível em: Adaptado de https://brasilminingsite.com.br/a-importancia-da-mineracao-para-a-


sociedade-brasileira/>. Acesso em: 22 de Agosto de 2022.

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Tabela 3 – Alguns dos principais minerais metálicos e sua aplicabilidade

Disponível em: Adaptado de < https://brasilminingsite.com.br/a-importancia-da-mineracao-para-a-


sociedade-brasileira/>. Acesso em: 22 de Agosto de 2022.

O minério de ferro é o bem mineral produzido em maior quantidade pelo Brasil.


No ano de 2017, atingiu 430 milhões de toneladas (IBRAM, 2018).
Segundo (QUARESMA,2009), o Brasil é o segundo maior produtor de minério
de ferro no mundo, atrás apenas da Austrália. Os estados de Minas Gerais e Pará
são os principais mineradores do ferro no país. (NEVES e SILVA, 2007).
Para efeito de apresentação da quantidade produzida, a Tabela 1 apresenta a
produção mineral brasileira, em kton, entre 2015 e 2017.

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Tabela 4 – Produção mineral brasileira em referência em kilo toneladas (kton)

Fonte: Adaptado de IBRAM,2018.

Em relação ao comércio exterior, a Figura 4 a seguir demonstra que no Brasil,


em 2018, a principal substância mineral nas exportações foi o ferro (IBRAM, 2019).
Nesse ano, o país exportou um volume de 409 milhões de toneladas de minerais,
representando mais de 29 bilhões de dólares.
Figura 4 – Exportação anual mineral brasileira

Fonte: Adaptado de IBRAM,2019.

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Em relação à importação, a Figura 5 a seguir demonstra que no Brasil, em
2018, as principais substâncias minerais nas importações foram o carvão e o potássio
(IBRAM, 2019). Nesse ano, o país importou cerca de um volume de 42,8 milhões de
toneladas de minerais, representando mais de 7 bilhões de dólares.

Figura 5 – Importações anual mineral brasileira

Fonte: Adaptado de IBRAM,2019.

O Brasil possui grandes reservas minerais e está bem posicionado no comércio


mundial de commodities minerais, isso faz do setor da mineração é um importante
segmento econômico nacional (SANTOS, 2021).
Além desse importante papel econômico desse setor, no âmbito social também
possui destaque por representar uma importante fonte de geração de empregos.
Dados fornecidos pelo relatório da IBRAM, em setembro de 2020, a mineração
empregou diretamente mais de 180mil trabalhadores.
Um aspecto negativo é a quantidade de rejeitos gerados no processo produtivo
do minério de ferro, correspondendo a aproximadamente 70% do material extraído.

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De acordo com dados do DNPM (2012), atualmente Agência Nacional de
Mineração (ANM), são mais de 10 bilhões de toneladas de rejeitos de mineração em
uma área de 660 Km², esse grande estoque é um problema complexo e
potencialmente perigoso.
5.4 A utilização de resíduos provenientes da extração de minério
de ferro

De acordo com estudos do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas):

𝑅𝐸𝐽𝐸𝐼𝑇𝑂𝑆 𝐺𝐸𝑅𝐴𝐷𝑂𝑆 = 𝑃𝑅𝑂𝐷𝑈ÇÃ𝑂 𝐵𝑅𝑈𝑇𝐴 − 𝑃𝑅𝑂𝐷𝑈ÇÃ𝑂 𝐵𝐸𝑁𝐸𝐹𝐼𝐶𝐼𝐴𝐷𝐴

Parte do minério que não possui valor econômico agregado, chamado de


rejeitos, são gerados após os processos de lavra e beneficiamento mineral e
depositados em barragens, conhecidas como estruturas de contenção (SOARES,
2010).
Silva et al (2017) destaca que em alguns casos, a quantidade de rejeitos pode
ser equivalente à da substância obtida. São gerados algo em torno de 0,4 toneladas
de rejeitos para cada tonelada de minério de ferro conseguida, por exemplo.
Na projeção para o período de 2010 a 2030, no gráfico 4 a seguir, é indicado
que o beneficiamento de minério de ferro pode ser contribuidor com aproximadamente
40% do total de rejeitos gerados pelas mineradoras no Brasil.

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Gráfico 4 – Projeção de rejeitos produzidos pelo beneficiamento de minério de ferro

Fonte: Adaptado de IPT,2016.

A principal preocupação da lavra é o teor do mineral de interesse, visto que


mesmo com um elevado teor, este pode não alcançar a recuperação almejada
(Trevizan,2013). Portanto, para um maior aproveitamento de um recurso mineral, é
necessário a caracterização mineralógica do material lavrado, com o objetivo de
conhecer melhor seus aspectos mineralógicos.
Segundo Gomes (1984) o desenvolvimento e a otimização de processos
dependem das informações obtidas através dessa caracterização.
Esta caracterização associada à descoberta de novas tecnologias, viabiliza o
aproveitamento de materiais considerados rejeitos. Assim, viabilizando-se seu reuso,
o impacto ambiental é minimizado e onde antes havia despesas, é criado receita (o
Borges et al. ,2008).
Silva et al (2017) através de uma pesquisa bibliográfica e uma bibliometria,
analisando estudos e materiais já publicados sobre reaproveitamento de rejeitos
oriundos da mineração, destaca a aplicabilidade do aproveitamento dos rejeitos da
mineração.

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Gráfico 5 – Aplicabilidade do aproveitamento dos rejeitos da mineração

Fonte: Silva et al, 2017

A aplicação do uso dos minerais é bastante ampla, sendo utilizados como


matérias-primas pelas indústrias de modo geral (BRANCO, 2008). Para a elaboração
dos produtos provenientes da mineração, deve haver o beneficiamento dos minérios
brutos extraídos, passando-os por várias etapas operacionais, desde a extração na
mina até sua comercialização.

5.5 O beneficiamento dos finos de minério

Segundo a empresa GREEN METALS (2013). uma tecnologia inovadora de


obtenção do minério de ferro a partir do beneficiamento de finos em um tratamento a
seco, obtém uma taxa de aproveitamento dos resíduos superior a 70%.
O processo de reaproveitamento do minério é representado de forma
simplificada e esquemática pela figura abaixo.

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Figura 6 - Processo simplificado de reaproveitamento do minério

Fonte: Feito pelo autor,2022.

O processo é iniciado com a britagem do material, fragmentando a massa em


granulometria de 50mm. Após esse processo, é realizado o peneiramento desse
material com a fração acima de 1mm. O material passante no peneiramento (< ¼”) é
submetido a uma secagem, a fim de reduzir a umidade para aproximadamente 1% e
maximizar o funcionamento dos sistemas de concentração magnética (SILVEIRA,
2015).
O material seco, com granulometria superior a 1mm (underflow), segue para a
concentração magnética. A parcela de granulometria menor(overflow) é extraída por
um sistema de exaustão e coleta (filtro de mangas) evitando a fuga de material
particulado (SILVEIRA, 2015).

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A concentração magnética é realizada em duas etapas:

1°) concentrador WDRE, com campo magnético de 5.000 Gauss com teores de ferro
da ordem de 65.5%, que serão descarregados diretamente na correia transportadora

2°) separador magnético de 18.000 Gauss, constituído por imãs de terras raras de
alta intensidade e altíssimo gradiente, recomendado para minerais de baixo
magnetismo.
E feita a separação do material magnético - Sínter Feed (SFF) e Pellet Feed
(PFF) - dos materiais não magnéticos - argila e areia, o produto magnético (ferro) e
um produto não magnético podem ser aproveitados para uso na construção civil.

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6. ESTUDO DE CASO – FABRICAÇÃO DE PRÉ-MOLDADOS DE
CONCRETO COM O USO DE AREIA INDUSTRIAL

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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10004:


Classificação de Resíduos. Rio de Janeiro: ABNT, 2004

ARAUJO, M. M.S.; SANTOS, H. I. dos; FERREIRA, O. M. Análise do gerenciamento


dos resíduos sólidos da mineração Serra Grande S.A., Município de Crixás - Goiás.
1989. 180 f.. Trabalho de Conclusão de Curso de Engenharia Ambiental – Faculdade
de Engenharia, Pontifica Universidade Católica de Goiás, Goiânia, 2012.

BATES, Jeremy. Barragens de rejeitos. São Paulo: Signus, 2002.

BMS. A importância da mineração para a sociedade brasileira, 2019. Disponível em:


https://brasilminingsite.com.br/a-importancia-da-mineracao-para-a-sociedade-
brasileira/. Acesso em: 22 Ago. 2022.

Borges, A. A., Luz, J. A. M. d., & Ferreira, E. E. (2008). Caracterização da parcela


magnética de minério fosfático de carbonatito. Rem: Revista Escola de Minas, 61(1),
29–34.

BRANCO, S. M., ROCHA, A. A. Ecologia: Educação ambiental e ciências do ambiente


para universitários. São Paulo, SP: Cetesb, 1984.

BRASIL, Ministério de Minas e Energia. Plano Nacional de Mineração 2030 (PNM –


2030), Brasília: MME, 2010, 1v.

FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo,
2013.

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Gomes, C. B. (1984). Técnicas analíticas instrumentais aplicadas á geologia. Edgard
Blucher Ltda.

GREEN METALS,2013. Disponível em: https://greenmetals.ind.br/a-green-metals/.


Acesso em: 29 Ago.2022.

IPT, 2016, disponível em: http://www.ipt.br/noticias_interna.php?id_noticia=1043.


Acesso em: 18/08/2022.

JOHN, V. M. A construção, o meio ambiente e a reciclagem. Disponível em:


http://ppgec.poli.usp.br/wp-content/uploads/sites/277/2017/05/VMJOHN-Materiais-e-
o-meio-ambiente-2017-09-30-1.pdf. Acesso em: 29 ago.2022.

LOGAREZZI, A. Por uma terminologia consistente em resíduos, 2003.

LOMASSO, A. L.; SANTOS, B. R.; ANJOS, F. A. S.; ANDRADE, J. C.; SILVA, L. A.;
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Revista Pensar Gestão e Administração, v. 3, n. 2. Minas Gerais, 2015.

MANSOR, M.T.C et al. Caderno de Educação Ambiental 6- Resíduos Sólidos.


Secretaria do Meio Ambiente Resíduos Sólidos / Secretaria de Estado do Meio
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MENEZES, R. R., NEVES, G. A., FERREIRA, H. C. O estado da arte sobre o uso de


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