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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL

UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE GLÓRIA DE DOURADOS CURSO


SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM PRODUÇÃO
SUCROALCOOLEIRA

EFEITO DO HIDROJATEAMENTO NA EFICIÊNCIA DO


SETOR DE EVAPORAÇÃO DE USINAS
SUCROALCOOLEIRAS

Maciel Viturino dos Santos

Glória de Dourados – MS
Novembro de 2023
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL
UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE GLÓRIA DE DOURADOS CURSO
SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM PRODUÇÃO
SUCROALCOOLEIRA

EFEITO DO HIDROJATEAMENTO NA EFICIENCIA DO


SETOR DE EVAPORAÇÃO DE USINAS
SUCROALCOOLEIRAS

Acadêmico: Maciel Viturino dos Santos


Orientador: Prof. Ms. Gerson Schaffer

“Trabalho de Conclusão de Curso,


apresentado como parte da exigência
do Curso de Tecnologia em Produção
Sucroalcooleira para a obtenção do
título de Tecnólogo em Produção
Sucroalcooleiro.”

Glória de Dourados – MS
Novembro de 2023
_________________________________________________________________________

S236i Santos, Maciel Viturino dos

Influência do hidrojateamento na eficiência do setor de evaporação de usinas


sucroalcooleiras / Maciel Viturino dos Santos. – Glória de Dourados, MS: UEMS,
2023.
27 p.

Monografia (Graduação) – Tecnologia em Produção Sucroalcooleira –


Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, 2023.
Orientadora: Prof. Msc. Gerson Schaffer

1. Hidrojateamento 2. Evaporação 3. Brix 4. Incrustações I. Schaffer, Gerson


II. Título

CDD 23. ed. - 662.8


_________________________________________________________________________
Elaborada pela Bibliotecária Elaine Freire Lessa – CRB-1/0699p
Biblioteca Central da UEMS
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL
UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE GLÓRIA DE DOURADOS
CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM PRODUÇÃO
SUCROALCOOLEIRA

Maciel Viturino dos Santos

Efeito do Hidrojateamento na Eficiência do Setor


de Evaporação de Usinas Sucroalcooleira

Trabalho de Conclusão de Curso submetido à Banca Examinadora como parte


dos requisitos necessários para a obtenção do Título de Tecnólogo em
Sucroalcooleiro pela Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul.

APROVADO

____________________________________________
Prof. Dra. Simone Cândido Ensinas Maekawa

____________________________________________
Prof. Me. Walteir Luiz Betoni

____________________________________________
Prof. Me. Gerson Schaffer
(Orientador)

Aprovado em Colegiado, 05 de Dezembro de 2023.


AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus primeiramente por me manter forte até aqui e nunca


me deixar desistir mesmo nos momentos difíceis.

Deixo um agradecimento especial ao meu professor e orientador Msc.


Gerson Schaffer pelo incentivo e dedicação para que eu pudesse concluir esse
trabalho.

Agradeço também a minha família que esteve sempre ao meu lado me


apoiando, especialmente a minha esposa Mariely que nunca me deixou desistir
do curso. E também ao meu pai e irmãos.

A todos os professores que fizeram parte da minha jornada, sempre


passando um conhecimento e ensino de qualidade e também agradeço a todo
o corpo docente.

iii
DEDICATORIA

Dedico esse trabalho a meu pai,


irmãos, esposa e amigos, todos eles
se fizeram presentes nessa minha
jornada, sempre me apoiando e me
ajudando para que eu pudesse
alcançar todos os meus objetivos e
conseguisse concluir essa nova
etapa. Obrigado por tudo.

iv
SUMÁRIO

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS .................................................................................. vi


LISTA DE FIGURAS ................................................................................................................. vii
LISTA DE TABELAS ................................................................................................................ viii
RESUMO ..................................................................................................................................... ix
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 1
2. REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................... 3
2.1. LIMPEZA E PREPARO DA CANA .............................................................................. 3
2.2. EXTRAÇÃO DO CALDO ............................................................................................... 3
2.3. TRATAMENTO DO CALDO ......................................................................................... 4
2.4. EVAPORAÇÃO ............................................................................................................... 5
2.5. FABRICAÇÃO DE AÇUCAR ........................................................................................ 5
2.6. FABRICAÇÃO DE ETANOL ......................................................................................... 6
3. OBJETIVOS ........................................................................................................................ 7
4. PROCESSO DE EVAPORAÇÃO .................................................................................... 8
5. HIDROJATEAMENTO NO SETOR SUCROALCOOLEIRO ........................................ 9
6. RESULTADO E DISCUSSOES ..................................................................................... 10
7. CONCLUSÕES ................................................................................................................. 14
8. REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 15

v
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

PROALCOOL – Programa Nacional do Álcool


CIP - Cleaning in Place (limpeza no local)

CO2 – Dióxido de Carbono

EPI – Equipamento de Proteção Individual

CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento

vi
LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1. Evaporador tipo Robert...................................................................09


FIGURA 2. Equipamentos utilizados para realizar o hidrojateamento...............10
FIGURA 3. Limpeza de aquecedores com hidrojateamento.............................11
FIGURA 4. Limpeza de evaporadores com hidrojato........................................12

vii
LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Cronograma de Limpeza dos Evaporadores.....................................13

viii
RESUMO

O presente trabalho trata-se de uma análise para verificar a importância de se


realizar limpeza com hidrojateamento no setor sucroalcooleiro, especialmente
no setor de evaporação. A falta de limpeza pode trazer danos aos
equipamentos, ocorrer obstruções e diminuir a sua eficiência. A limpeza com
hidrojateamento é um procedimento realizado com um jato de água de alta
pressão. O sistema funciona através de um caminhão com um tanque de
água pressurizada, uma mangueira com um bico de aço e um operador. A
mangueira é colocada no cano entupido para realizar o desentupimento.
Para verificar a importância da limpeza na evaporação primeiramente foi feita
uma breve descrição desse setor e como ocorre esse processo em uma usina
sucroalcooleira. Assim também como é realizado o processo de limpeza com
hidrojatos em usinas. Conclui-se que o hidrojateamento é muito importante
para as usinas, pois são necessárias realizar limpezas periódicas dos
equipamentos, para evitar desgastes dos mesmo, danificações, obstruções e
consequentemente perca de eficiência.

PALAVRAS CHAVES: Hidrojateamento, evaporação, Brix, incrustações,

ix
1. INTRODUÇÃO
Impulsionado por uma crise mundial na produção de petróleo na
década de 1970, o setor sucroalcooleiro se expandiu no Brasil. Em decorrência
dessa crise, passou-se a procurar uma nova matriz energética para substituir o
petróleo. Neste sentido a cana-de-açúcar tornou-se uma fonte energética
alternativa, onde foi criado em 1975 um programa de incentivo à produção
sucroalcooleira denominado de PROÁLCOOL1. A partir de então o cultivo da
cana-de-açúcar passou a ser base da produção de combustíveis. O incentivo à
produção de etanol configurou uma forte ajuda ao setor açucareiro, que
passava por uma crise devido à queda do preço do açúcar em 1974 (PAULI,
2017).
No Mato Grosso do Sul, a cana-de-açúcar foi inserida na década de
1980, e se fortaleceu com o Programa Nacional do Álcool (PROÁLCOOL). A
partir de então, ocorreram mudanças e transformações de ordem econômica,
social, espacial e cultural (DOMINGUES e JUNIOR, 2012). No total tem 17
usinas instalada no estado, e estão localizadas na região sul, leste e norte do
estado. Dessas usinas 10 delas funcionando com produção de açúcar e álcool
e 7 com produção de álcool (ALBUQUERQUE, 2023).
Mato Grosso do Sul tem 869 mil hectares de área plantada de cana-de-
açúcar, sendo 629 mil destinados para a indústria, com capacidade de
moagem de 44,2 milhões de toneladas por safra (ALBUQUERQUE, 2023). De
acordo com a CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento) na safra
2022/2023 a produção de cana-de-açúcar foi de 44,6 milhões de toneladas.
Em uma usina sucroalcooleira o caldo da cana-de-açúcar passa por
vários processos e entre eles está o setor de evaporação, que tem como
objetivo eliminar a agua contida no caldo clarificado, seja ela originada da
própria cana-de-açúcar ou a adicionada no processo (SESSO, [s.d.]).
Na etapa de evaporação do caldo, utiliza-se o vapor advindo da queima
do bagaço para aquecimento dos evaporadores. Nesta etapa, formam-se na
parede dos tubos incrustações oriundas do caldo da cana. Tais incrustações
diminuem a eficiência da troca térmica com o vapor. Desta forma, são

1
PROALCOOL é um Programa Nacional do Álcool, criado em 14 de novembro de 1975 pelo
Decreto nº 76.593, com o objetivo de estimular a produção do álcool, visando o atendimento
das necessidades do mercado interno e externo e da política de combustíveis automotivos.

1
necessárias paradas periódicas para limpeza e manutenção (MUSETTI, et.al,
2016).
Essa limpeza é feito através do hidrojateamento, que é um
procedimento realizado com um jato de água de alta pressão. O sistema
funciona através de um caminhão com um tanque de água pressurizada,
uma mangueira com um bico de aço e um operador. A mangueira é
colocada no cano entupido para realizar o desentupimento
(ECOSERVIÇOS, 2020). O hidrojateamento também pode ser utilizado na
limpeza de caldeiras e aquecedores.

2
2. REFERENCIAL TEÓRICO
A cana-de-açúcar, matéria-prima para produção de etanol e açúcar,
passa por diversos processos dentro de uma usina sucroalcooleira. O processo
de produção pode ser exemplificado nas seções a seguir.

2.1. LIMPEZA E PREPARO DA CANA


A limpeza da cana tem como finalidade eliminar as impurezas
provenientes da colheita, como a palha, terra e areia, materiais que se
mantidos no processo, trarão um grande prejuízo na industrialização do açúcar
e do álcool (CELLA, [s.d.]).
O processo de limpeza a seco ocorre na saída da mesa alimentadora
ou do transportador metálico. As impurezas são coletadas em uma câmara e a
cana limpa vai para a esteira transportadora e é enviada à etapa de extração
do caldo. Após a limpeza, a cana é conduzida através de esteiras rolantes para
um jogo de facas niveladoras, seguido do picador, do desfibrador e do
eletroímã. O nivelador proporciona uma alimentação uniforme. O picador e o
desfibrador têm como objetivo aumentar a densidade (aumentando a
capacidade de moagem), e romper ao máximo as células para forçar uma
maior eficiência de extração do açúcar. O eletroímã, por sua vez, visa retirar
possíveis materiais ferrosos presentes na cana, evitando a quebra dos rolos
das moendas (MARCONDES E BUENO, 2019 apud RIBEIRO, 2011).

2.2. EXTRAÇÃO DO CALDO


A extração do caldo da cana consiste no processo físico de separação
da fibra (bagaço), sendo feito, principalmente pela moagem. A cana
intensamente picada e desfibrada chega às moendas por meio de um
alimentador vertical, o Chutt – Donelly (ALCARDE, 2022).
Cada conjunto de rolos de moenda, montados numa estrutura
denominada castelo, constitui um terno de moenda. O número de ternos
utilizados no processo de moagem varia de quatro a seis, e cada um deles é
formado por três cilindros principais, denominados cilindro de entrada, cilindro
superior e cilindro de saída. Normalmente, as moendas contam com um quarto
rolo, denominado rolo de pressão, que melhora a eficiência de alimentação
(ALCARDE, 2022).

3
O caldo primário proveniente do primeiro terno da moenda não é
adicionado água de embebição e o mesmo é destinado para a fábrica de
açúcar para produção do açúcar, a partir do segundo terno é adicionado água
de embebição e o caldo secundário destinado para a fermentação para a
produção do etanol.

2.3. TRATAMENTO DO CALDO


O tratamento de caldo tem por objetivo eliminar a maior parte das
impurezas contida nele, como a terra, o bagacilho, materiais corantes que
interferem na qualidade e cor do açúcar, e resíduos insolúveis, cinzas etc.
(HENRIQUE, 2018).
No início do processo de tratamento do caldo, ele é submetido a uma
etapa de troca térmica com caldo e vinhaça em equipamentos denominados
trocadores de calor a placa, posteriormente o caldo é bombeado para
aquecedores tubo casco para atingir temperaturas entre 103° e 105°. O
aquecimento do caldo tem por objetivo acelerar as reações químicas, facilitar a
clarificação do caldo, promover a coagulação de proteínas, possibilitar a
remoção do ar e dos gases dissolvidos, eliminar e impedir o desenvolvimento
de bactérias (HENRIQUE, 2018).
Após o caldo atingir sua temperatura ideal de trabalho o mesmo passa
por balões de flash, onde ocorre o Flacheamento, que tem como finalidade a
eliminação do ar e dos gases dissolvidos, facilitando a decantação
(HENRIQUE, 2018).
A decantação é a etapa de purificação do caldo, pela remoção das
impurezas floculadas nos tratamentos anteriores. Este processo é realizado de
forma continua em um equipamento denominado clarificador ou decantador. O
caldo decantado é retirado da parte superior de cada bandeja e passam por
peneiras rotativas, retornando para a evaporação como caldo clarificado. As
impurezas sedimentadas com 20 a 30% de sólidos constituem o lodo que
normalmente é retirado do decantador pelo fundo e enviado ao setor de
filtração para recuperação do açúcar nele contido (MARTINS, [s.d.]).

4
2.4. EVAPORAÇÃO
A evaporação de caldo é uma das mais importantes operações
unitárias dos processos na indústria. O açúcar está diluído em partes de água
no caldo de cana. Temos no caldo de cana entre 75% a 82% de água e sólidos
solúveis entre 18% a 25%, ou seja, consideram-se três partes de água para
cada parte da matéria-prima, com isso necessitam a remoção desta água e a
concentração do Caldo Clarificado (VITAL, 2020).
O objetivo da evaporação é a remoção da maior parcela possível da
água contida no caldo clarificado oriundo do tratamento, sem que haja a
cristalização da sacarose. Normalmente usa-se concentrar o caldo de 60 a 65°
Brix2. Esse caldo concentrado é denominado xarope e seguira para a fábrica
de açúcar (VITAL, 2020).

2.5. FABRICAÇÃO DE AÇUCAR


O xarope resultante da evaporação é bombeado para os tachos de
cozimento para a cristalização do açúcar. O cozimento é feito em duas etapas,
sendo que na primeira ainda ocorre a evaporação da água do xarope para a
cristalização da sacarose. O produto resultante desse cozimento é uma mistura
de cristais de sacarose com o licor-mãe (mel). Na segunda etapa, ocorre o
processo de nucleação, em que são produzidos pequenos cristais de tamanho
uniforme (SAKAI e ALCARDE, 2022).
A separação dos cristais de sacarose do mel é feita por meio de
centrifugação, no qual são obtidos dois produtos: o açúcar e o melaço. O
melaço é enviado para a fabricação de álcool, enquanto o açúcar é destinado
ao secador para a retirada da umidade contida nos cristais. Após a secagem, o
açúcar é levado ao silo para ser ensacado e estocado (SAKAI e ALCARDE,
2022).

2 Brix (símbolo °Bx) é uma escala numérica que mede a quantidade de sólidos solúveis em
uma solução de sacarose. A escala Brix é utilizada na indústria de alimentos para medir a
quantidade aproximada de açúcares em sucos de fruta, vinhos e na indústria de açúcar. A
escala de brix, criada por Adolf F. Brix (1798 - 1870), foi derivada originalmente da escala de
Balling.

5
2.6. FABRICAÇÃO DE ETANOL
No setor de fabricação de etanol, o caldo é levado a dornas (tanques)
no qual é misturado a ele um fermento com leveduras (fungos, sendo mais
comum a levedura de Saccharomyces cerevisia). Esse microrganismos se
alimentam do açúcar presente no caldo. Nesse processo, as leveduras
quebram as moléculas de glicose, produzindo etanol e gás carbônico. O
processo de fermentação dura diversas horas, e como resultado produz o
vinho, chamado também de vinho fermentado, que possui leveduras, açúcar
não fermentado e cerca de 10% de etanol (NOVACANA, [s.d.]).
A próxima etapa é a destilação, que é uma operação unitária que
objetiva a separação do etanol dos demais componentes do vinho. A operação
de separação para obtenção do álcool hidratado, é realizado pelo conjunto, de
duas colunas com seções de destilação e de retificação (SOUZA, 2017).
Nessas colunas o liquido é aquecido até se evaporar. Na evaporação, seguida
da condensação (transformação em líquido), é separado o vinho do etanol.
Com isso, fica pronto o álcool hidratado, usado como etanol combustível, com
grau alcoólico em cerca de 96% (NOVACANA, [s.d.]).
Com o álcool hidratado preparado, basta retirar o restante de água
contido nele para se fazer o álcool anidro. Essa é a etapa da desidratação, no
qual podem ser utilizadas diversas técnicas. Uma delas é a desidratação, em
que um solvente colocado ao álcool hidratado mistura-se apenas com a água,
com os dois sendo evaporados juntos. Outros sistemas, chamados peneiração
molecular e pervaporação, utilizam tipos especiais de peneiras que retêm
apenas as moléculas da água. Após ser desidratado, surge o álcool anidro,
com graduação alcoólica em cerca de 99,5%, utilizado misturado à gasolina
como combustível (NOVACANA, [s.d.]).
O etanol anidro e hidratado são armazenados em enormes tanques,
até serem levados por caminhões que transportam até as distribuidoras. Os
resíduos produzidos durante toda a fabricação do etanol também podem ser
aproveitados pelas indústrias. Os resíduos sólidos, como bagaço, podem ser
reutilizados energeticamente como biomassa. Já o dióxido de Carbono (CO2),
derivado do processo de fermentação, pode ser utilizado à produção de
refrigerantes (NOVACANA, [s.d.]).

6
3. OBJETIVOS
Esse trabalho foi realizado com o objetivo de evidenciar a importância
da atividade de hidrojateamento para o setor sucroalcoleiro contribuindo para
manter a eficiência dos equipamentos da indústria e melhorando a rendimento
da produção de açúcar e álcool.
O trabalho foi desenvolvido com base em revisões bibliográficas,
verificando a importância do hidrojateamento no setor sucroalcooleiro.
Primeiramente foi feito uma análise do setor de evaporação, qual sua finalidade
e como funciona esse setor em uma usina. Posteriormente foi feito pesquisa de
como é realizado a limpeza de equipamentos com o hidrojateamento, sua
importância para o setor e como que frequência deve ser feita essa limpeza,
mostrando a sua utilidade em cada área do setor sucroalcooleiro. A busca foi
feita em artigos científicos, tirado do Google Acadêmico e páginas do Google.

7
4. PROCESSO DE EVAPORAÇÃO
O objetivo principal da evaporação é a remoção da maior parte da água
contida no caldo clarificado, pois, devido ao uso de água em embebição na
moagem da cana após o segundo terno, o caldo apresenta uma concentração
de 14 a 17 BRIX, e chega a evaporação com aproximadamente 83 a 86% de
agua, na qual deve ser eliminada (ALEIXO,2012).
A evaporação é o setor mais importante, pois todo o vapor produzido
após gerar energia mecânica/elétrica, para acionar a usina, é encaminhado
para a evaporação, conhecido como vapor de escape. Esse vapor é
condensado no pre-evaporador e regenera-se formando o vapor vegetal
responsável por fornecer energia aos demais processos (ALEIXO,2012).
Dentre todas as operações que envolve a fabricação de açúcar e etanol, a
etapa de evaporação possibilita os principais ganhos em eficiência energética.
A evaporação é realizada em múltiplos efeitos, podendo ser de 3 até 6
efeitos, sendo 4 ou 5 mais comuns no Brasil. Concebido por Norbert Rillieux, o
princípio dessa evaporação consiste em usar a água evaporada no primeiro
efeito como vapor de aquecimento no segundo e assim consequentemente,
resultando em uma economia de vapor proporcional ao número de efeitos
(REIN,2007 apud MELO, 2020).
Para que a água evaporada em um efeito consiga evaporar a agua do
caldo do efeito seguinte, a pressão dentro deste deve ser menor que a do
anterior, sendo o ponto de ebulição também menor. Por isso que nesses
sistemas é feito um vácuo na condensação do vapor gerado no ultimo efeito. A
temperatura varia entre 125º C e 55ºC para que não haja deterioração de
sacarose ou caramelização do açúcar no processo (MELO, 2020).
O evaporador tipo Robert é o mais utilizado no Brasil devido a sua área
de aquecimento. Eles trabalham com calandra inundada permitindo operação
manual, suportando as variações de fluxo de caldo, operando com circulação
natural e permitindo tanto limpeza química (CIP) quanto mecânica manual
(ALEIXO,2012).
Nesse evaporador há um feixe de tubos verticais em seu interior por
onde escoa o caldo de maneira ascendente e no centro do evaporador há um
tubo central de maior diâmetro que os demais por onde escoa o concentrado.
No lado do casco, há a entrada de vapor saturado, sendo realizada a troca

8
térmica entre o caldo no interior dos tubos e o vapor do lado externo (SILVA,
2013 apud LIMA, 2020). A seguir temos a imagem de um evaporador tipo
Robert.

FIGURA 1: Evaporador tipo Robert


Fonte: Andre Ricardo Alcarde

O primeiro equipamentos são os pré evaporadores. Eles recebem no


seu interior o caldo clarificado com 15º brix em média e liberaram caldo pré
evaporado em torno de 30° brix. Na calandra entra vapor de escape e libera
vapor vegetal V1. Já os outros equipamentos seguintes são caixas
evaporadoras. Elas recebem o caldo pré evaporado e vai concentrando caixa
após caixa, até chegar na última caixa chamada de puradeira. O caldo sai em
forma de xarope em torno de 65° Brix, e daí vai para o cozimento.

5. HIDROJATEAMENTO NO SETOR SUCROALCOOLEIRO


A manutenção durante o período de entressafra e monitoramento das
condições do processo durante a safra influenciam positivamente em sua
performance. Quando existem detritos e sujeiras em excesso, muitos
problemas podem surgir, dentre deles podemos destacar: entupimentos,
vazamentos, quedas de precisão, folgas e interrupções de sistemas (LEMASA,
[s.d.]).
A limpeza dos equipamentos é muito importante, pois obstruções
podem causar paradas temporárias, comprometer a produtividade e gerar
prejuízos financeiros para as usinas (LEMASA, [S.D]). Por isso o processo de

9
hidrojateamento em usinas é uma das principais atividades. Nesse processo é
utilizado jatos de agua em alta velocidade e pressão para remover sujeiras e
desobstruir tubulações. É indispensável para garantir a limpeza dos
equipamentos, como também manter a alta performance e funcionalidade dos
mesmos, é um mecanismo que impulsiona excelentes vantagens de custo-
benefício (WUSTENJET, [s.d.]). Essa atividade deve ser feita por profissionais
qualificados e com os EPIs (equipamento de proteção individual) adequados. A
seguir temos a imagem de equipamentos utilizados para realizar o
hidrojateamento (Figura 2).

FIGURA 2: Equipamentos utilizados para realizar o hidrojateamento


Fonte: Lemasa

6. RESULTADO E DISCUSSÕES
A alta velocidade da água não causa nenhum dano ao material, além
disso o serviço é submetido a profissionais especializados na área. O
mecanismo também serve para aplicar alta pressão em caldeiras, assim como
trocadores de calor, entre outros diversos sistemas. O hidrojateamento nas
usinas é utilizado para remover sujeiras e resíduos como crostas, concretos,
iodos e outros elementos (WUSTENJET, [s.d.]). O hidrojateamento pode ser
utilizados em caldeiras, aquecedores, evaporadores e pre-evaporadores.
A limpeza de caldeiras é uma ação importante para qualquer empresa
que trabalha com vapor, por isso o hidrojateamento externo e interno nos tubos
de vapor, pode ajudar bastante na parte de troca térmica por condução,

10
reduzindo as incrustações. Quando as obstruções são eliminadas, a caldeira
fica livre para exercer suas funções de forma eficiente, além de evitar
problemas que afetam sua vida útil (FARIAS, 2021).
O hidrojateamento também se aplica na limpeza internas de
aquecedores. O equipamento que aquece o caldo produzido nas usinas, pode
sofrer algumas incrustações por conta da diluição de algumas substâncias
através da alta temperatura (LEMASA, [s.d.]).
A imagem a seguir (Figura 3) mostra a realização da limpeza em
aquecedores com hidrojateamento.

FIGURA 3: Limpeza de aquecedores com hidrojateamento


Fonte: Riblast
Hidrojateamento em limpeza de pré-evaporadores e evaporadores se
faz necessário para que se mantenha a instabilidade do processo, não haja
perca de rendimento e baixa produtividade. O pré-evaporador recebe o caldo
com temperatura abaixo do ideal para ebulição e utiliza sua superfície para
aquecer o liquido. O processo de concentração do caldo também passa pelos
evaporadores e pode formar incrustações por conta da fixação de substâncias
causada pelo aumento da temperatura (LEMASA, [S.D]).
Se não houver uma limpeza adequada desses equipamentos, o
isolamento térmico entre o vapor e o caldo pode gerar alto consumo de vapor,
menor condensação de água e evaporação do caldo, comprometendo o
balanço térmico e energético da usina (LEMASA, [S.D]). Na figura 4 pode-se
ver como é realizado a limpeza de evaporadores com hidrojato.

11
FIGURA 4: Limpeza de evaporadores com hidrojato
Fonte: Riblast

É necessário que haja um acompanhamento da eficiência após o


termino da limpeza de cada equipamento, planilhas de programação para
acompanhar o tempo de operação de cada equipamento e programação das
limpezas semanais. A Tabela 1 mostra o cronograma utilizado para limpeza do
equipamentos de evaporação.

TABELA 1: Cronograma de Limpeza dos Evaporadores


Dia
Equipamento 1 2 3 4 5 6 7 8 10 11 12
Pré 1 OP OP OP OP OP OP P L OP OP OP
Pré 2 OP OP OP OP OP P L OP OP OP OP
Caixa 1 OP OP OP OP P L OP OP OP OP OP
Caixa 2 OP OP OP P L OP OP OP OP OP P
Caixa 3 OP OP P L OP OP OP OP OP P L
Caixa 4 OP P L OP OP OP OP OP P L OP

12
Caixa 5 P L OP OP OP OP OP P L OP OP
Legenda: OP: Operação P: Parada L: Limpeza

Como pode-se observar a limpeza é feita diariamente e cada dia em


um equipamento diferente. A limpeza é feita de forma decrescente, ou seja, da
ultima caixa (caixa 5) até chegar no pré-evaporador 1. É feito dessa forma
devido que nas ultimas caixas o Brix do caldo é maior e isso faz com que esses
equipamentos fiquem sujos mais rápidos, sendo necessário a limpeza para
evitar incrustações nos tubos dos equipamentos e percas de eficiência dos
mesmos. É necessário parar o equipamento no dia anterior para que possa
estar resfriando, abrindo o mesmo e deixando em condições propicias para a
entrada da equipe de hidrojato em seu interior.
O cronograma é necessário para que se tenha o acompanhamento dos
dias que os equipamentos estão em operação e suas próximas programações
de limpeza, bem como acompanhar as paradas por outros motivos, como por
exemplo parada por chuva ou paradas para manutenção. Os equipamentos
não podem ficar muitos dias sem limpeza, pois podem causar danos nos
mesmo, criar incrustações e consequentemente prejudicar a eficiência da
evaporação. Para que se cumpra o cronograma se faz necessário
manutenções preventivas nas bombas de hidrojateamento, e quando possível
ter sempre uma bomba reserva.
Geralmente a eficiência da evaporação é analisada através da taxa
evaporativa, que deve estar entre 25 e 35 kg/m 2h. Se estiver menor que esse
valor, é porque o equipamento esta perdendo eficiência, e isso se deve a falta
de limpeza dos mesmo.

13
7. CONCLUSÕES
O hidrojateamento é de grande importância para o setor
sucroalcooleiro, pois é necessário que se realize uma limpeza periódica nos
equipamentos, e a utilização de hidrojatos facilita essa atividade. Uma falta de
limpeza pode trazer danos a esses equipamentos, criar incrustações,
obstruções e diminuir sua eficiência, comprometendo a produtividade e
gerando prejuízo financeiros para as usinas.

14
8. REFERÊNCIAS

ALCARDE, A. R. Extração. Disponível em: <https://www.embrapa.br/agencia-


de-informacao-tecnologica/cultivos/cana/pos-producao/processamento-da-
cana-de-acucar/extracao#:~:text=A extração do caldo da,o colchão de cana
desfibrada.>. Acesso em: 3 ago. 2023.

ALEIXO, Eduardo Henrique. A nova geração de evaporadores e o uso dos


condensadores evaporativos como alternativa para redução do consumo
de água no processo de evaporação. Orientador: Prof. Cláudio Lopez. 2012.
63 p. Dissertação (Pós-Graduação MTA em Gestão Industrial
Sucroenergética.) - Centro de Ciências Agrária, Universidade Federal de São
Carlos, Piracicaba, 2012.

CELLA, N. G. Recepção e limpeza à seco da cana. Disponível em:


<https://sucroenergetico.revistaopinioes.com.br/pt-br/revista/detalhes/3-
recepcao-e-limpeza-seco-da-cana/#:~:text=A limpeza da cana-de,do açúcar e
do álcool.>. Acesso em: 20 jul. 2023.

DOMINGUES, A. T.; JÚNIOR, A. T. A territorialização da cana-de-açúcar no


Mato Grosso do Sul. Caderno Prudentino de Geografia, v. 1, n. 34, p. 138–
160, 2012.

ECOSERVIÇOS. O que é o Hidrojateamento e quais as suas aplicações.


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