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Glória de Dourados – MS
Novembro de 2023
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL
UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE GLÓRIA DE DOURADOS CURSO
SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM PRODUÇÃO
SUCROALCOOLEIRA
Glória de Dourados – MS
Novembro de 2023
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APROVADO
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Prof. Dra. Simone Cândido Ensinas Maekawa
____________________________________________
Prof. Me. Walteir Luiz Betoni
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Prof. Me. Gerson Schaffer
(Orientador)
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DEDICATORIA
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SUMÁRIO
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
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LISTA DE FIGURAS
vii
LISTA DE TABELAS
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RESUMO
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1. INTRODUÇÃO
Impulsionado por uma crise mundial na produção de petróleo na
década de 1970, o setor sucroalcooleiro se expandiu no Brasil. Em decorrência
dessa crise, passou-se a procurar uma nova matriz energética para substituir o
petróleo. Neste sentido a cana-de-açúcar tornou-se uma fonte energética
alternativa, onde foi criado em 1975 um programa de incentivo à produção
sucroalcooleira denominado de PROÁLCOOL1. A partir de então o cultivo da
cana-de-açúcar passou a ser base da produção de combustíveis. O incentivo à
produção de etanol configurou uma forte ajuda ao setor açucareiro, que
passava por uma crise devido à queda do preço do açúcar em 1974 (PAULI,
2017).
No Mato Grosso do Sul, a cana-de-açúcar foi inserida na década de
1980, e se fortaleceu com o Programa Nacional do Álcool (PROÁLCOOL). A
partir de então, ocorreram mudanças e transformações de ordem econômica,
social, espacial e cultural (DOMINGUES e JUNIOR, 2012). No total tem 17
usinas instalada no estado, e estão localizadas na região sul, leste e norte do
estado. Dessas usinas 10 delas funcionando com produção de açúcar e álcool
e 7 com produção de álcool (ALBUQUERQUE, 2023).
Mato Grosso do Sul tem 869 mil hectares de área plantada de cana-de-
açúcar, sendo 629 mil destinados para a indústria, com capacidade de
moagem de 44,2 milhões de toneladas por safra (ALBUQUERQUE, 2023). De
acordo com a CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento) na safra
2022/2023 a produção de cana-de-açúcar foi de 44,6 milhões de toneladas.
Em uma usina sucroalcooleira o caldo da cana-de-açúcar passa por
vários processos e entre eles está o setor de evaporação, que tem como
objetivo eliminar a agua contida no caldo clarificado, seja ela originada da
própria cana-de-açúcar ou a adicionada no processo (SESSO, [s.d.]).
Na etapa de evaporação do caldo, utiliza-se o vapor advindo da queima
do bagaço para aquecimento dos evaporadores. Nesta etapa, formam-se na
parede dos tubos incrustações oriundas do caldo da cana. Tais incrustações
diminuem a eficiência da troca térmica com o vapor. Desta forma, são
1
PROALCOOL é um Programa Nacional do Álcool, criado em 14 de novembro de 1975 pelo
Decreto nº 76.593, com o objetivo de estimular a produção do álcool, visando o atendimento
das necessidades do mercado interno e externo e da política de combustíveis automotivos.
1
necessárias paradas periódicas para limpeza e manutenção (MUSETTI, et.al,
2016).
Essa limpeza é feito através do hidrojateamento, que é um
procedimento realizado com um jato de água de alta pressão. O sistema
funciona através de um caminhão com um tanque de água pressurizada,
uma mangueira com um bico de aço e um operador. A mangueira é
colocada no cano entupido para realizar o desentupimento
(ECOSERVIÇOS, 2020). O hidrojateamento também pode ser utilizado na
limpeza de caldeiras e aquecedores.
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2. REFERENCIAL TEÓRICO
A cana-de-açúcar, matéria-prima para produção de etanol e açúcar,
passa por diversos processos dentro de uma usina sucroalcooleira. O processo
de produção pode ser exemplificado nas seções a seguir.
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O caldo primário proveniente do primeiro terno da moenda não é
adicionado água de embebição e o mesmo é destinado para a fábrica de
açúcar para produção do açúcar, a partir do segundo terno é adicionado água
de embebição e o caldo secundário destinado para a fermentação para a
produção do etanol.
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2.4. EVAPORAÇÃO
A evaporação de caldo é uma das mais importantes operações
unitárias dos processos na indústria. O açúcar está diluído em partes de água
no caldo de cana. Temos no caldo de cana entre 75% a 82% de água e sólidos
solúveis entre 18% a 25%, ou seja, consideram-se três partes de água para
cada parte da matéria-prima, com isso necessitam a remoção desta água e a
concentração do Caldo Clarificado (VITAL, 2020).
O objetivo da evaporação é a remoção da maior parcela possível da
água contida no caldo clarificado oriundo do tratamento, sem que haja a
cristalização da sacarose. Normalmente usa-se concentrar o caldo de 60 a 65°
Brix2. Esse caldo concentrado é denominado xarope e seguira para a fábrica
de açúcar (VITAL, 2020).
2 Brix (símbolo °Bx) é uma escala numérica que mede a quantidade de sólidos solúveis em
uma solução de sacarose. A escala Brix é utilizada na indústria de alimentos para medir a
quantidade aproximada de açúcares em sucos de fruta, vinhos e na indústria de açúcar. A
escala de brix, criada por Adolf F. Brix (1798 - 1870), foi derivada originalmente da escala de
Balling.
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2.6. FABRICAÇÃO DE ETANOL
No setor de fabricação de etanol, o caldo é levado a dornas (tanques)
no qual é misturado a ele um fermento com leveduras (fungos, sendo mais
comum a levedura de Saccharomyces cerevisia). Esse microrganismos se
alimentam do açúcar presente no caldo. Nesse processo, as leveduras
quebram as moléculas de glicose, produzindo etanol e gás carbônico. O
processo de fermentação dura diversas horas, e como resultado produz o
vinho, chamado também de vinho fermentado, que possui leveduras, açúcar
não fermentado e cerca de 10% de etanol (NOVACANA, [s.d.]).
A próxima etapa é a destilação, que é uma operação unitária que
objetiva a separação do etanol dos demais componentes do vinho. A operação
de separação para obtenção do álcool hidratado, é realizado pelo conjunto, de
duas colunas com seções de destilação e de retificação (SOUZA, 2017).
Nessas colunas o liquido é aquecido até se evaporar. Na evaporação, seguida
da condensação (transformação em líquido), é separado o vinho do etanol.
Com isso, fica pronto o álcool hidratado, usado como etanol combustível, com
grau alcoólico em cerca de 96% (NOVACANA, [s.d.]).
Com o álcool hidratado preparado, basta retirar o restante de água
contido nele para se fazer o álcool anidro. Essa é a etapa da desidratação, no
qual podem ser utilizadas diversas técnicas. Uma delas é a desidratação, em
que um solvente colocado ao álcool hidratado mistura-se apenas com a água,
com os dois sendo evaporados juntos. Outros sistemas, chamados peneiração
molecular e pervaporação, utilizam tipos especiais de peneiras que retêm
apenas as moléculas da água. Após ser desidratado, surge o álcool anidro,
com graduação alcoólica em cerca de 99,5%, utilizado misturado à gasolina
como combustível (NOVACANA, [s.d.]).
O etanol anidro e hidratado são armazenados em enormes tanques,
até serem levados por caminhões que transportam até as distribuidoras. Os
resíduos produzidos durante toda a fabricação do etanol também podem ser
aproveitados pelas indústrias. Os resíduos sólidos, como bagaço, podem ser
reutilizados energeticamente como biomassa. Já o dióxido de Carbono (CO2),
derivado do processo de fermentação, pode ser utilizado à produção de
refrigerantes (NOVACANA, [s.d.]).
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3. OBJETIVOS
Esse trabalho foi realizado com o objetivo de evidenciar a importância
da atividade de hidrojateamento para o setor sucroalcoleiro contribuindo para
manter a eficiência dos equipamentos da indústria e melhorando a rendimento
da produção de açúcar e álcool.
O trabalho foi desenvolvido com base em revisões bibliográficas,
verificando a importância do hidrojateamento no setor sucroalcooleiro.
Primeiramente foi feito uma análise do setor de evaporação, qual sua finalidade
e como funciona esse setor em uma usina. Posteriormente foi feito pesquisa de
como é realizado a limpeza de equipamentos com o hidrojateamento, sua
importância para o setor e como que frequência deve ser feita essa limpeza,
mostrando a sua utilidade em cada área do setor sucroalcooleiro. A busca foi
feita em artigos científicos, tirado do Google Acadêmico e páginas do Google.
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4. PROCESSO DE EVAPORAÇÃO
O objetivo principal da evaporação é a remoção da maior parte da água
contida no caldo clarificado, pois, devido ao uso de água em embebição na
moagem da cana após o segundo terno, o caldo apresenta uma concentração
de 14 a 17 BRIX, e chega a evaporação com aproximadamente 83 a 86% de
agua, na qual deve ser eliminada (ALEIXO,2012).
A evaporação é o setor mais importante, pois todo o vapor produzido
após gerar energia mecânica/elétrica, para acionar a usina, é encaminhado
para a evaporação, conhecido como vapor de escape. Esse vapor é
condensado no pre-evaporador e regenera-se formando o vapor vegetal
responsável por fornecer energia aos demais processos (ALEIXO,2012).
Dentre todas as operações que envolve a fabricação de açúcar e etanol, a
etapa de evaporação possibilita os principais ganhos em eficiência energética.
A evaporação é realizada em múltiplos efeitos, podendo ser de 3 até 6
efeitos, sendo 4 ou 5 mais comuns no Brasil. Concebido por Norbert Rillieux, o
princípio dessa evaporação consiste em usar a água evaporada no primeiro
efeito como vapor de aquecimento no segundo e assim consequentemente,
resultando em uma economia de vapor proporcional ao número de efeitos
(REIN,2007 apud MELO, 2020).
Para que a água evaporada em um efeito consiga evaporar a agua do
caldo do efeito seguinte, a pressão dentro deste deve ser menor que a do
anterior, sendo o ponto de ebulição também menor. Por isso que nesses
sistemas é feito um vácuo na condensação do vapor gerado no ultimo efeito. A
temperatura varia entre 125º C e 55ºC para que não haja deterioração de
sacarose ou caramelização do açúcar no processo (MELO, 2020).
O evaporador tipo Robert é o mais utilizado no Brasil devido a sua área
de aquecimento. Eles trabalham com calandra inundada permitindo operação
manual, suportando as variações de fluxo de caldo, operando com circulação
natural e permitindo tanto limpeza química (CIP) quanto mecânica manual
(ALEIXO,2012).
Nesse evaporador há um feixe de tubos verticais em seu interior por
onde escoa o caldo de maneira ascendente e no centro do evaporador há um
tubo central de maior diâmetro que os demais por onde escoa o concentrado.
No lado do casco, há a entrada de vapor saturado, sendo realizada a troca
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térmica entre o caldo no interior dos tubos e o vapor do lado externo (SILVA,
2013 apud LIMA, 2020). A seguir temos a imagem de um evaporador tipo
Robert.
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hidrojateamento em usinas é uma das principais atividades. Nesse processo é
utilizado jatos de agua em alta velocidade e pressão para remover sujeiras e
desobstruir tubulações. É indispensável para garantir a limpeza dos
equipamentos, como também manter a alta performance e funcionalidade dos
mesmos, é um mecanismo que impulsiona excelentes vantagens de custo-
benefício (WUSTENJET, [s.d.]). Essa atividade deve ser feita por profissionais
qualificados e com os EPIs (equipamento de proteção individual) adequados. A
seguir temos a imagem de equipamentos utilizados para realizar o
hidrojateamento (Figura 2).
6. RESULTADO E DISCUSSÕES
A alta velocidade da água não causa nenhum dano ao material, além
disso o serviço é submetido a profissionais especializados na área. O
mecanismo também serve para aplicar alta pressão em caldeiras, assim como
trocadores de calor, entre outros diversos sistemas. O hidrojateamento nas
usinas é utilizado para remover sujeiras e resíduos como crostas, concretos,
iodos e outros elementos (WUSTENJET, [s.d.]). O hidrojateamento pode ser
utilizados em caldeiras, aquecedores, evaporadores e pre-evaporadores.
A limpeza de caldeiras é uma ação importante para qualquer empresa
que trabalha com vapor, por isso o hidrojateamento externo e interno nos tubos
de vapor, pode ajudar bastante na parte de troca térmica por condução,
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reduzindo as incrustações. Quando as obstruções são eliminadas, a caldeira
fica livre para exercer suas funções de forma eficiente, além de evitar
problemas que afetam sua vida útil (FARIAS, 2021).
O hidrojateamento também se aplica na limpeza internas de
aquecedores. O equipamento que aquece o caldo produzido nas usinas, pode
sofrer algumas incrustações por conta da diluição de algumas substâncias
através da alta temperatura (LEMASA, [s.d.]).
A imagem a seguir (Figura 3) mostra a realização da limpeza em
aquecedores com hidrojateamento.
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FIGURA 4: Limpeza de evaporadores com hidrojato
Fonte: Riblast
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Caixa 5 P L OP OP OP OP OP P L OP OP
Legenda: OP: Operação P: Parada L: Limpeza
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7. CONCLUSÕES
O hidrojateamento é de grande importância para o setor
sucroalcooleiro, pois é necessário que se realize uma limpeza periódica nos
equipamentos, e a utilização de hidrojatos facilita essa atividade. Uma falta de
limpeza pode trazer danos a esses equipamentos, criar incrustações,
obstruções e diminuir sua eficiência, comprometendo a produtividade e
gerando prejuízo financeiros para as usinas.
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8. REFERÊNCIAS
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Centro de Tecnologia e Desenvolvimento Regional, Universidade Federal da
Paraiba, Joao Pessoa, 2017.
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