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Tubarão 2020
MAHA YUSUF MASHNI VINICIUS HENRIQUE VIEIRA
LEVANTAMENTO E DIAGNÓSTICO DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM
EDIFICAÇÕES NA ORLA LITORÂNEA DE LAGUNA/SC
Tubarão
2020
______________________________________________________
Professor Ismael Medeiros, Esp.
Universidade do Sul de Santa Catarina
______________________________________________________
Professor Gil Felix Madalena, Esp.
Universidade do Sul de Santa Catarina
______________________________________________________
Professor Mauricio Alberto Büchele Motta, Esp.
Universidade do Sul de Santa Catarina
AGRADECIMENTOS
Nossa eterna gratidão em primeiro lugar à Deus, que nos presenteia com cada
novo
dia. À nossa família, pelo apoio e incentivo. Aos nossos amigos, por estarem ao nosso lado
vibrando junto as nossas conquistas. Aos colegas de graduação que tornaram essa jornada
mais leve e prazerosa. Aos professores, pela orientação e paciência. Ao nosso orientador,
Ismael Medeiros e ao professor Rennan Medeiros, por todo o auxílio para elaboração deste
trabalho. “Se você quer mudar os frutos, primeiro tem que trocar as raízes – quando deseja
alterar o que está visível, antes deve modificar o que está invisível”. (T. Harv Eker)
RESUMO
This case study aims the identification of the main building pathologies of constructions
located on the shore of Praia do Mar Grosso, in Laguna / Santa Catarina.
As a result of this research it was observed that there is a high incidence of pathological
manifestations of different causes and origins, including in recently erected constructions.
Through bibliographic review and ensuing data collection of these issues, it was possible to
present recommendations of repair for each type of anomaly found.
In some cases, the issues were related to possible design or execution errors, and in other
cases due to the lack of maintenance. These aspects combined with the exposure to aggressive
agents accelerate the façade degradation process. Many of these issues could be avoided or
minimized if some basic preventive measures were taken.
1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................14
1.1 JUSTIFICATIVA...............................................................................................................15
1.2 OBJETIVO.........................................................................................................................15
1.2.1 Objetivo geral................................................................................................................15
1.2.2 Objetivos específicos.....................................................................................................15
2 REVISÃO DE LITERATURA.........................................................................................16
2.1 MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM EDIFICAÇÕES............................................16
2.1.1 Sintomas.........................................................................................................................17
2.1.2 Causas............................................................................................................................17
2.1.3 Origens...........................................................................................................................18
2.2 INSPEÇÃO PREDIAL......................................................................................................18
2.3 CONDICIONANTES PARA DEGRADAÇÃO DE FACHADAS...................................20
2.3.1 Falta de detalhes construtivos......................................................................................20
2.3.1.1 Peitoril..........................................................................................................................20
2.3.1.2 Pingadeira.....................................................................................................................20
2.3.1.3 Quinas e cantos............................................................................................................20
2.3.2 Umidade.........................................................................................................................21
2.3.3 Insolação.........................................................................................................................21
2.4 MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS RECORRENTES EM FACHADAS...................22
2.4.1 Descolamento do reboco...............................................................................................22
2.4.2 Destacamento de placas cerâmicas..............................................................................22
2.4.3 Bolhas na pintura..........................................................................................................23
2.4.4 Descascamento na pintura............................................................................................23
2.4.5 Mofos e bolores..............................................................................................................23
2.4.6 Manchas provenientes de poluição atmosférica.........................................................24
2.4.7 Manchas provenientes de algas....................................................................................24
2.4.8 Eflorescências................................................................................................................24
2.4.9 Oxidação de materiais ferrosos....................................................................................25
2.4.10 Corrosão de armadura...............................................................................................25
2.4.11 Trincas e fissuras.........................................................................................................26
2.4.11.1 Trincas e fissuras ocasionadas por retração de produtos à base de cimento..............26
2.4.11.2 Trincas e fissuras ocasionadas por movimentações higroscópicas............................26
2.4.11.3 Trincas e fissuras ocasionadas por alterações químicas dos materiais de construção 27
2.5 MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS OCASIONADAS POR RECALQUE DE
FUNDAÇÃO...........................................................................................................................27
2.5.1 Conceito e tipos de fundações.......................................................................................29
2.5.1.1 Fundações superficiais.................................................................................................29
2.5.1.2 Fundações profundas....................................................................................................30
2.5.2 Análise geotécnica.........................................................................................................30
2.5.3 Comportamento das fundações em solos moles..........................................................30
2.5.4 Compressibilidade dos solos.........................................................................................32
2.5.5 Sistema de reforço de fundações..................................................................................32
3 METODOLOGIA...............................................................................................................34
3.1 TIPO DE PESQUISA........................................................................................................34
3.2 INVESTIGAÇÃO REALIZADA......................................................................................34
3.3 ORGANOGRAMA............................................................................................................34
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES......................................................................................37
4.1 CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO..........................................................................37
4.2 MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS RECORRENTES NA ORLA DA PRAIA DO
MAR GROSSO.......................................................................................................................37
4.2.1 Descolamento de reboco...............................................................................................37
4.2.2 Destacamento de placas cerâmicas..............................................................................39
4.2.3 Descascamento na pintura............................................................................................41
4.2.4 Bolhas na pintura..........................................................................................................42
4.2.5 Mofos e bolores..............................................................................................................43
4.2.6 Manchas provenientes de poluição atmosférica.........................................................45
4.2.7 Manchas avermelhadas provinda de algas.................................................................46
4.2.8 Eflorescência..................................................................................................................47
4.2.9 Mancha de corrosão de elementos metálicos externos...............................................48
4.2.10 Corrosão de armadura...............................................................................................49
4.2.11 Fissuras causadas por retração de produtos à base de cimento.............................51
4.2.12 Fissuras causadas por recalque de fundação............................................................52
4.3 QUADRO RESUMO DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ENCONTRADAS. .54
5 CONCLUSÃO....................................................................................................................59
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................................60
14
1 INTRODUÇÃO
Nos últimos anos as regiões litorâneas do Brasil têm atraído diversos turistas de
vários locais, inclusive estrangeiros. Com isso houve um grande desenvolvimento dessas
regiões, melhorando a estrutura para receber os visitantes e atraindo investidores que
perceberam o potencial de crescimento nessas cidades.
Essa procura cada vez maior de imóveis nas regiões litorâneas tem transformado a
paisagem e ao decorrer dos anos, novos prédios têm sido construídos, o que acaba
favorecendo o turismo e consequentemente proporciona maior crescimento econômico da
região.
Porém esse crescimento acaba exigindo urgência, o que muitas vezes acaba por
resultar em negligências no projeto ou na execução, que aliados ao meio agressivo das áreas
litorâneas podem se transformar com o tempo em manifestações patológicas, podendo afetar
não apenas a parte estética, mas também a parte funcional da edificação, comprometendo o
conforto e a segurança do empreendimento.
As manifestações patológicas costumam aparecer em diversos pontos da
edificação,
inclusive nas fachadas, inferindo aspectos negativos no quesito visual, e em casos mais
extremos, podem resultar em riscos aos usuários e transeuntes, como quando ocorre um
desplacamento por exemplo.
A partir do momento que as edificações começam a apresentar esses problemas, é
necessário que sejam investigadas as possíveis causas e a origem dessas manifestações
patológicas. Assim é possível um diagnóstico preciso para que sejam previstas manutenções
que atuem diretamente na origem dessas disfunções, evitando que elas voltem a acontecer e
não que sejam apenas mascaradas.
Os custos de reparo desses problemas patológicos são altíssimos, o que mostra a
importância em se elaborar um bom projeto, bem como a atenção ao executar a obra conforme
especificado no projeto, utilizando materiais de boa procedência e mão de obra qualificada.
Neste trabalho de conclusão de curso serão levantadas as manifestações
patológicas
encontradas nas edificações presentes na orla da praia do Mar Grosso e proximidades, que fica
situada no município de Laguna, no litoral de Santa Catarina.
O desenvolvimento deste trabalho aconteceu através do levantamento das
disfunções por meio de vistorias in loco, onde foram analisadas as manifestações patológicas
mais recorrentes na região estudada. Inicialmente foram expostos conceitos sobre Patologias
nas Edificações e condicionantes favoráveis a degradação, em seguida foram apresentadas e
15
1.1 JUSTIFICATIVA
1.2 OBJETIVO
2 REVISÃO DE LITERATURA
Neste capítulo será apresentada uma síntese literária sobre o tema proposto,
abordando principalmente os sintomas das manifestações patológicas que são encontradas
com frequência nas edificações, e as que são mais recorrentes em regiões litorâneas, e
associá-las às suas possíveis causas.
2.1.1 Sintomas
2.1.2 Causas
Para que possamos assegurar que mesmo após o reparo do problema ele não volte
a acontecer temos que entender, o porquê a aparição e o desenvolvimento da manifestação
patológica, assim assegurando que a estrutura não volte a apresentar esta complicação
(SOUZA; RIPPER, 1998).
18
Helene (1992) disse que as causas das patologias podem ser variadas como:
cargas
excessivas, mudanças de umidade, mudanças térmicas, materiais não compatíveis, entre
outros.
Em virtude disso, fica evidente que cada causa necessita de um tratamento
diferente
para que seja realmente eficaz ao longo do tempo.
2.1.3 Origens
Segundo Tutikian e Pacheco (2013) a inspeção pode ser composta por três etapas:
a inspeção preliminar, inspeção detalhada (quando necessário) e diagnóstico:
A inspeção preliminar pode ser suficiente para determinar a causa e a origem da
manifestação patológica em casos mais simples, ou pode servir de base para inspeção
detalhada. Ela é basicamente formada pela busca de informações sobre a estrutura e sobre o
ambiente em que a estrutura está assentada. O primeiro refere-se a informações como tempo
de serviço, procedência dos materiais, características de construção, histórico de problemas e
reparos realizados anteriormente. Já o segundo diz respeito a informações sobre a
agressividade do ambiente e possíveis movimentações do solo.
A inspeção detalhada será necessária quando a inspeção preliminar não conseguir
responder algumas questões e for necessário que a estrutura seja averiguada de forma mais
criteriosa. Nesse caso necessitará de uma investigação mais detalhada, através da inspeção e
ensaios com o objetivo de estudar as causas reais dos problemas. Se a estrutura for de
concreto armado, no concreto poderão ser realizados ensaios de resistividade, dureza,
profundidade de carbonatação, penetração de cloretos, resistência a compressão, porosidade;
na armadura, ensaios de localização e espessura de cobrimento (através da pacometria), perda
de diâmetro e seu limite elástico, medição de potenciais de corrosão, medição da velocidade
de corrosão.
Por último, o diagnóstico refere-se ao entendimento dos fenômenos ocorridos,
20
2.3.1.1 Peitoril
2.3.1.2 Pingadeira
As quinas e cantos são regiões bem frágeis nas fachadas, e portanto podem sofrer
degradação mais facilmente, por isso há a recomendação de que quando executado o
revestimento da fachada ele fique inacabado aproximadamente 50 mm da aresta em uma das
faces, sendo finalizada imediatamente antes de executar o revestimento da outra face.
21
2.3.2 Umidade
2.3.3 Insolação
Esse tipo de problema pode acontecer quando se usa uma tinta à base de óleo sob
uma superfície sem preparação adequada, exposta a umidade. Também pode aparecer se
aplicado uma nova camada de tinta sobre uma camada anterior que não teve boa aderência,
assim, quando em contato com umidade faz com que as bolhas surjam (POLITO, 2006).
A percolação da água que acontece na alvenaria pode se acumular entre o
revestimento e a tinta, formando essas películas impermeáveis (DE MILITO, 2009).
É imprescindível que seja avaliado o grau de agressividade do ambiente, analisar
se há exposição à umidade antes de escolher o tipo de tinta que será usada para evitar que
surjam bolhas na pintura, bem como executar uma impermeabilização eficiente em casos
áreas molháveis.
2.4.8 Eflorescências
2.4.11.3 Trincas e fissuras ocasionadas por alterações químicas dos materiais de construção
Algumas substâncias químicas como ácidos, álcoois e sais podem reagir com os
materiais de construção causando a sua deterioração e podendo provocar fissuração, dentre as
recorrentes na construção civil podemos destacar os ataques por sais e a corrosão de armadura
(THOMAZ, 1992).
Segundo a NBR 6122 (ABNT, 2019), as fundações superficiais são aquelas em que
a carga da estrutura é transmitida diretamente ao terreno pelas tensões distribuídas por sua
base.
Quanto ao dimensionamento da sua área, o centro de gravidade da fundação deve
coincidir com o centro de gravidade do restante da estrutura, e a área mínima necessária
deverá ser a razão da carga transmitida e da pressão do terreno (AZEREDO, 1977).
Como citado por Velloso e Lopes (2010), são exemplos de fundações superficiais:
sapatas, blocos, radier, sapatas associadas e sapatas corridas.
30
De acordo com Pinto (1996), classificar os solos para a engenharia tem como o
objetivo levantar dados que auxiliem a prever o seu comportamento, orientando a investigação
que permita analisar adequadamente um problema. Dentre os ensaios utilizados para
identificar a consistência do solo, o mais utilizado acaba sendo o Índice de Resistência a
Penetração (NSPT), no qual faz-se uma relação entre o número de golpes necessários para
penetrar o mesmo, com sua consistência. Considerando um solo mole quando o N SPT
31
registrado atinge valores iguais ou inferiores a 4 golpes, característica comum em solos finos,
argilas e siltes argilosos.
patologias causadas por solicitações de cargas descarregadas em solos moles, pois as estacas
são dimensionadas para que descarreguem os esforços em camadas de maior profundidade,
que oferecem maior rigidez, contribuindo com o suporte das cargas depositadas na estrutura.
Dentre os problemas recorrentes de recalque da fundação, sem levar em
consideração os problemas estéticos que não necessitam de atenção imediata, encontramos
patologias como o desaprumo estrutural, que leva ao comprometimento de elementos
funcionais da obra, incluindo tubulações e poços de elevadores. Patologias que necessitam de
intervenção urgente como trincas em vigas, pilares e lajes devem ser analisadas e reparadas
imediatamente, pois colocam em risco a segurança da edificação (THOMAZ, 1992).
A carga de uma construção atua como uma tensão que comprime o solo onde está
assentado. Essa compressão pode se dar em função da deformação das partículas de solo ou
através do seu deslocamento, ou pela expulsão da água e ar dos espaços vazios.
As cargas atuantes sobre o solo provocam recalque do tipo elástico, que é causado
pela deformação elástica do solo, sem alteração no teor de umidade; recalque por
adensamento primário, que altera o volume do solo em função da expulsam da água que
ocupa espaços vazios; ou ainda recalque por compressão secundaria, compressão que
acontece quando o solo está sob tensão efetiva constante. Em solos muito compressíveis, as
fundações sofrem recalque de adensamento por vezes muito maior que recalque elástico
(DAS, 2010).
cilindros de metal ou concreto sob a fundação existente. São escavados acessos até 1,5 m
abaixo da fundação original. O macaco hidráulico que crava as estacas torna a base da
fundação como apoio, aumentando a capacidade de carga a cada aplicação. Esse sistema não
provoca vibrações no solo e nem na estrutura, porém é um método de difícil aplicação fora da
projeção da fundação existente.
Estacas raiz: estaca raiz trata-se de uma estaca moldada in loco, sendo executada
através da perfuração rotativa ou roto-percussiva, revestida por um tubo metálico que torna a
perfuração estabilizada.
Alargamento da base: em fundações com a base alargada com a transferência de
carga por contato horizontal com o solo o reforço pode ser realizado pelo aumento da área de
apoio. Mas como as armaduras são dimensionadas para a peça aumentada, é necessário fazer
um chumbamento das ferragens empregando resinas colantes para que haja aderência entre o
concreto novo e o concreto original. Esse tipo de solução é raramente usada.
Enrijecimentos estruturais: esse método tem a finalidade de diminuir eventuais
recalques diferenciais. São colocadas vigas de rigidez interligando as fundações ou são
colocadas peças que travam a estrutura.
3 METODOLOGIA
3.3 ORGANOGRAMA
primeira mais abrangente, e a segunda mais específica voltada para os tipos de manifestações
patológicas que foram encontradas ao decorrer da pesquisa.
Delimitação da área de estudo: O primeiro passo para concepção desse trabalho
baseou-se na delimitação da área de estudo, que compreende a região da orla da praia do Mar
Grosso, no município de Laguna/SC, região litorânea do sul catarinense.
Vistoria/Registro fotográfico: In loco, em conformidade com a Norma de
Inspeção Predial (NBR 16.747) será produzido, entre outros documentos, relatório fotográfico
de manifestações patológicas encontradas nas edificações presentes na orla da praia do Mar
Grosso e suas proximidades.
Análise das informações coletadas: Analisando os problemas in loco e com base
nas referências bibliográficas será possível correlacionar as informações e estudar suas
possíveis causas e origens.
Identificação das causas e origens: Nesta fase serão apontadas quais os possíveis
agentes causadores e as origens das manifestações patológicas, relembrando a distinção dos
termos causa e origem, sendo o primeiro referente ao agente responsável diretamente pelo
surgimento do problema, e o segundo ao motivo primitivo.
Sugestão de reparo: Identificadas as causas e origens dos problemas patológicos,
serão sugeridas sugestões de reparo que se fazem pertinentes
36
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Reparos: O reparo sugerido é a remoção das bolhas e da tinta que está solta com o
41
problema estético, são manchas escuras que acabam aparecendo pelo acúmulo de partículas de
poluição aliadas à ação da chuva e vento (PETRUCCI, 2000). Observou-se esse tipo de
manifestação patológicas na figura 09:
Figura 9 – Manchas provenientes da poluição atmosférica
vento e alta umidade atmosférica onde há a proliferação dessas algas, não dependendo de
substratos para a obtenção de carbono para se nutrir (UEMOTO, AGOPYAN E BRAZOLIN,
1995). Observou-se esse tipo de mancha em vários prédios da orla da praia analisada nas
fachadas onde não havia a incidência de sol:
Figura 10 – Manchas avermelhadas
4.2.8 Eflorescência
edificação, pode-se supor que a mesma foi executada antes da introdução da norma NBR 6118
de 2013, onde torna-se exigência o cobrimento do concreto por região de risco onde se
encontra a edificação.
Mecanismo de ocorrência: A porosidade do concreto permite que agentes
agressivos penetrem na estrutura, entrando em contato com o aço, iniciando seu processo de
corrosão, ocasionando sua expansão, que consequentemente desloca a camada de concreto,
expondo a armadura.
Reparos: O primeiro passo para o reparo é fazer a verificação do sistema de
impermeabilização do local, pois a umidade excessiva tem ligação direta com a velocidade da
corrosão do aço, de acordo com Andrade (1992). Em seguida deve-se ser feita a remoção da
região de concreto que está em contato com a armadura em processo de corrosão, retirando de
1 a 2 centímetros da parte interna do concreto que está por trás da armadura. Em seguida a
armadura deve ser limpa e tratada com pintura anticorrosiva e preenchida com concreto
novamente, respeitando o cobrimento exigido para o ambiente onde a edificação se encontra.
Origem: A origem desse problema pode estar no projeto se não foi previsto
corretamente a dosagem da argamassa ou na execução se houve negligência e as
especificações do projeto não foram seguidas, também pode estar associado ao fato da
argamasse ter sido aplicada em um dia com temperaturas muito altas e não terem sido
tomadas precauções para prevenção de fissuras.
Mecanismo de ocorrência: A água em excesso na argamassa acaba evaporando e
deixando vazios, então seu volume sofre redução e resulta em fissuras.
Reparos: As fissuras mapeadas são tipos de fissuras superficiais, nesse caso pode-
se utilizar fitas de poliéster TNT para preenchê-las, esse material é flexível e possibilita que a
estrutura trabalhe se as fissuras não estiverem estabilizadas totalmente, outra opção é utilizar
selantes elásticos especiais para essa finalidade, depois de aplicada sobre a superfície, são
lixadas e pintadas novamente.
Para que possa ser feita a escolha do procedimento para reforçar a fundação, deve
ser feita verificação do solo onde o edifício se encontra, o grau de risco, e as forças que estão
atuando, e os recursos financeiros disponíveis para o reparo (CALISTO; KOSWOSKI, 2015).
A evolução da fissura deve ser acompanhada para que haja a verificação da
estabilização sua intensificação.
Na figura 17 observou-se fissuras com o ângulo de 45° na edificação, in loco onde
foi analisado o rebaixamento da estrutura que provavelmente está relacionado a recalque de
fundação:
Descascamento Ocasionado na
da pintura parte da execução Remoção da parte
onde com a presença de
provavelmente a bolhas, e preparo da
superfície não superfície eliminando
tenha sido a poeira, e
preparada posteriormente
corretamente para aplicar a camada de
receber a camada pintura
de pintura
Manifestação intervenção
Eflorescência Exposição A superfície afetada
prolongada da deve ser limpa,
argamassa sem garantindo a remoção
camada de tinta, à total da camada, e em
chuva seguida deve-se preparar
a superfície para a
aplicação da camada de
tinta
5 CONCLUSÃO
manifestações patológicas mais recorrentes nas edificações presentes na orla da praia do Mar
Grosso, em Laguna – Santa Catarina, visando apontar suas possíveis causas, o que originou e
de que forma ocorre esse processo de degradação.
Ao decorrer do desenvolvimento da pesquisa, observou-se que diversas
manifestações patológicas poderiam ter sido evitadas caso fossem tomadas certas precauções
na etapa de projeto e execução, ou se fossem previstas manutenções periódicas. A maioria das
manifestações patológicas tinham ligação direta ou indiretamente com a umidade, portanto
conclui-se que as fachadas que não recebiam insolação apresentavam maior incidência de
problemas patológicos, isso porque o tempo de exposição a umidade acabava sendo maior.
Outro ponto analisado é que em geral não são tomadas medidas específicas de
proteção tanto nas disposições arquitetônicas para que tornem as fachadas menos suscetíveis a
agentes degradantes, e também em relação ao meio agressivo devido à alta concentração de
sais no ar.
As manifestações patológicas com maior incidência na região estudada estavam
relacionadas a corrosão de armadura. Isso provavelmente está relacionada ao meio agressivo
pela grande proximidade ao mar.
Uma consideração importante é que mesmo com a adequação do projeto e
precauções na execução não garantem proteção total contra esses tipos de problema, isso
porque seus mecanismos de ocorrência são dinâmicos e as causas apontadas são hipóteses
com bases em estudos anteriores. Porém, essas medidas poderiam retardar o aparecimento
desses problemas ou diminuir sua proporção.
Assim, entende-se que novas práticas construtivas precisam ser implantadas em
obras inseridas na orla litorânea, e como sugestão para trabalhos futuros seria apresentar
métodos construtivos e materiais específicos para edificações em regiões litorâneas com nível
elevado de agressividade para evitar ou prorrogar o aparecimento dessas manifestações
patológicas.
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