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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA MAHA YUSUF MASHNI

VINICIUS HENRIQUE VIEIRA

LEVANTAMENTO E DIAGNÓSTICO DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM


EDIFICAÇÕES NA ORLA LITORÂNEA DE LAGUNA/SC

Tubarão 2020
MAHA YUSUF MASHNI VINICIUS HENRIQUE VIEIRA
LEVANTAMENTO E DIAGNÓSTICO DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM
EDIFICAÇÕES NA ORLA LITORÂNEA DE LAGUNA/SC

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Curso de Engenharia Civil da Universidade
do Sul de Santa Catarina como requisito
parcial à obtenção do título de Engenheiro
Civil.

Orientador: Prof. /Esp. Ismael Medeiros

Tubarão
2020

MAHA YUSUF MASHNI VINICIUS HENRIQUE VIEIRA


LEVANTAMENTO E DIAGNÓSTICO DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM
EDIFICAÇÕES NA ORLA LITORÂNEA DE LAGUNA/SC

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi


julgado adequado à obtenção do título de
Engenheiro Civil e aprovado em sua forma
final pelo Curso de Engenharia Civil da
Universidade do Sul de Santa Catarina.

Tubarão, 6 de agosto de 2020.

______________________________________________________
Professor Ismael Medeiros, Esp.
Universidade do Sul de Santa Catarina

______________________________________________________
Professor Gil Felix Madalena, Esp.
Universidade do Sul de Santa Catarina

______________________________________________________
Professor Mauricio Alberto Büchele Motta, Esp.
Universidade do Sul de Santa Catarina

AGRADECIMENTOS

Nossa eterna gratidão em primeiro lugar à Deus, que nos presenteia com cada
novo
dia. À nossa família, pelo apoio e incentivo. Aos nossos amigos, por estarem ao nosso lado
vibrando junto as nossas conquistas. Aos colegas de graduação que tornaram essa jornada
mais leve e prazerosa. Aos professores, pela orientação e paciência. Ao nosso orientador,
Ismael Medeiros e ao professor Rennan Medeiros, por todo o auxílio para elaboração deste
trabalho. “Se você quer mudar os frutos, primeiro tem que trocar as raízes – quando deseja

alterar o que está visível, antes deve modificar o que está invisível”. (T. Harv Eker)
RESUMO

Este trabalho foi desenvolvido com a finalidade de apontar as principais manifestações


patológicas incidentes nas edificações presentes na orla da Praia do Mar Grosso, em
Laguna/Santa Catarina. Com a análise, foi observado que há uma grande incidência de
manifestações patológicas de diferentes causas e origens, inclusive em obras recentes. Através
da revisão bibliográfica e posterior levantamento de dados desses problemas, foi possível
apresentar sugestões de reparo para cada tipo anomalia encontrada. Os equívocos encontrados
em alguns casos estavam relacionados a possíveis erros de projeto ou na execução, e em
outros casos pela falta de manutenção durante o uso, esses fatores aliados a exposição de
agentes agressivos aceleram o processo de degradação em fachadas. Muitos dos problemas
poderiam ser evitados ou minimizados se tomadas algumas medidas básicas de prevenção.

Palavras-chave: Manifestações patológicas. Fachadas. Agentes agressivos.


ABSTRACT

This case study aims the identification of the main building pathologies of constructions
located on the shore of Praia do Mar Grosso, in Laguna / Santa Catarina.
As a result of this research it was observed that there is a high incidence of pathological
manifestations of different causes and origins, including in recently erected constructions.
Through bibliographic review and ensuing data collection of these issues, it was possible to
present recommendations of repair for each type of anomaly found.
In some cases, the issues were related to possible design or execution errors, and in other
cases due to the lack of maintenance. These aspects combined with the exposure to aggressive
agents accelerate the façade degradation process. Many of these issues could be avoided or
minimized if some basic preventive measures were taken.

Keywords: Pathological manifestation. Façades. Aggressive agents.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1- Orgonograma principal da pesquisa .........................................................................


37
Figura 2- Descolamento do reboco ...........................................................................................
40
Figura 3 – Destacamento de placas cerâmicas .........................................................................
41
Figura 4 – Reparo quando não encontrada mesma cerâmica ...................................................
42
Figura 5 – Descascamento na pintura .......................................................................................
43
Figura 6- Bolhas na pintura ......................................................................................................
44
Figura 7 – Bolor em edificação abandonada ............................................................................
45
Figura 8 – Mofos e bolores .......................................................................................................
46
Figura 9 – Manchas provenientes da poluição atmosférica ......................................................
47
Figura 10 – Manchas avermelhadas .........................................................................................
49
Figura 11 - Eflorescências ........................................................................................................
49
Figura 12 - Oxidação grade metálica ........................................................................................
50
Figura 13 – Oxidação suporte ar condicionado ........................................................................
50
Figura 14 – Corrosão de armadura ...........................................................................................
52
Figura 15 – Corrosão de armadura com desplacamento...........................................................
52
Figura 16- Fissuras mapeadas ..................................................................................................
53
Figura 17 - Fissura causada por recalque de fundação .............................................................
55 LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Incidência de manifestações patológicas ...............................................................


60
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Manifestações patológicas......................................................................................


28
Quadro 2 - Classificação em função do índice de resistência ..................................................
33
Quadro 3 – Quadro resumo manifestações patológicas ............................................................
56
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................14
1.1 JUSTIFICATIVA...............................................................................................................15
1.2 OBJETIVO.........................................................................................................................15
1.2.1 Objetivo geral................................................................................................................15
1.2.2 Objetivos específicos.....................................................................................................15
2 REVISÃO DE LITERATURA.........................................................................................16
2.1 MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM EDIFICAÇÕES............................................16
2.1.1 Sintomas.........................................................................................................................17
2.1.2 Causas............................................................................................................................17
2.1.3 Origens...........................................................................................................................18
2.2 INSPEÇÃO PREDIAL......................................................................................................18
2.3 CONDICIONANTES PARA DEGRADAÇÃO DE FACHADAS...................................20
2.3.1 Falta de detalhes construtivos......................................................................................20
2.3.1.1 Peitoril..........................................................................................................................20
2.3.1.2 Pingadeira.....................................................................................................................20
2.3.1.3 Quinas e cantos............................................................................................................20
2.3.2 Umidade.........................................................................................................................21
2.3.3 Insolação.........................................................................................................................21
2.4 MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS RECORRENTES EM FACHADAS...................22
2.4.1 Descolamento do reboco...............................................................................................22
2.4.2 Destacamento de placas cerâmicas..............................................................................22
2.4.3 Bolhas na pintura..........................................................................................................23
2.4.4 Descascamento na pintura............................................................................................23
2.4.5 Mofos e bolores..............................................................................................................23
2.4.6 Manchas provenientes de poluição atmosférica.........................................................24
2.4.7 Manchas provenientes de algas....................................................................................24
2.4.8 Eflorescências................................................................................................................24
2.4.9 Oxidação de materiais ferrosos....................................................................................25
2.4.10 Corrosão de armadura...............................................................................................25
2.4.11 Trincas e fissuras.........................................................................................................26
2.4.11.1 Trincas e fissuras ocasionadas por retração de produtos à base de cimento..............26
2.4.11.2 Trincas e fissuras ocasionadas por movimentações higroscópicas............................26
2.4.11.3 Trincas e fissuras ocasionadas por alterações químicas dos materiais de construção 27
2.5 MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS OCASIONADAS POR RECALQUE DE
FUNDAÇÃO...........................................................................................................................27
2.5.1 Conceito e tipos de fundações.......................................................................................29
2.5.1.1 Fundações superficiais.................................................................................................29
2.5.1.2 Fundações profundas....................................................................................................30
2.5.2 Análise geotécnica.........................................................................................................30
2.5.3 Comportamento das fundações em solos moles..........................................................30
2.5.4 Compressibilidade dos solos.........................................................................................32
2.5.5 Sistema de reforço de fundações..................................................................................32
3 METODOLOGIA...............................................................................................................34
3.1 TIPO DE PESQUISA........................................................................................................34
3.2 INVESTIGAÇÃO REALIZADA......................................................................................34
3.3 ORGANOGRAMA............................................................................................................34
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES......................................................................................37
4.1 CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO..........................................................................37
4.2 MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS RECORRENTES NA ORLA DA PRAIA DO
MAR GROSSO.......................................................................................................................37
4.2.1 Descolamento de reboco...............................................................................................37
4.2.2 Destacamento de placas cerâmicas..............................................................................39
4.2.3 Descascamento na pintura............................................................................................41
4.2.4 Bolhas na pintura..........................................................................................................42
4.2.5 Mofos e bolores..............................................................................................................43
4.2.6 Manchas provenientes de poluição atmosférica.........................................................45
4.2.7 Manchas avermelhadas provinda de algas.................................................................46
4.2.8 Eflorescência..................................................................................................................47
4.2.9 Mancha de corrosão de elementos metálicos externos...............................................48
4.2.10 Corrosão de armadura...............................................................................................49
4.2.11 Fissuras causadas por retração de produtos à base de cimento.............................51
4.2.12 Fissuras causadas por recalque de fundação............................................................52
4.3 QUADRO RESUMO DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ENCONTRADAS. .54
5 CONCLUSÃO....................................................................................................................59
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................................60
14

1 INTRODUÇÃO

Nos últimos anos as regiões litorâneas do Brasil têm atraído diversos turistas de
vários locais, inclusive estrangeiros. Com isso houve um grande desenvolvimento dessas
regiões, melhorando a estrutura para receber os visitantes e atraindo investidores que
perceberam o potencial de crescimento nessas cidades.
Essa procura cada vez maior de imóveis nas regiões litorâneas tem transformado a
paisagem e ao decorrer dos anos, novos prédios têm sido construídos, o que acaba
favorecendo o turismo e consequentemente proporciona maior crescimento econômico da
região.
Porém esse crescimento acaba exigindo urgência, o que muitas vezes acaba por
resultar em negligências no projeto ou na execução, que aliados ao meio agressivo das áreas
litorâneas podem se transformar com o tempo em manifestações patológicas, podendo afetar
não apenas a parte estética, mas também a parte funcional da edificação, comprometendo o
conforto e a segurança do empreendimento.
As manifestações patológicas costumam aparecer em diversos pontos da
edificação,
inclusive nas fachadas, inferindo aspectos negativos no quesito visual, e em casos mais
extremos, podem resultar em riscos aos usuários e transeuntes, como quando ocorre um
desplacamento por exemplo.
A partir do momento que as edificações começam a apresentar esses problemas, é
necessário que sejam investigadas as possíveis causas e a origem dessas manifestações
patológicas. Assim é possível um diagnóstico preciso para que sejam previstas manutenções
que atuem diretamente na origem dessas disfunções, evitando que elas voltem a acontecer e
não que sejam apenas mascaradas.
Os custos de reparo desses problemas patológicos são altíssimos, o que mostra a
importância em se elaborar um bom projeto, bem como a atenção ao executar a obra conforme
especificado no projeto, utilizando materiais de boa procedência e mão de obra qualificada.
Neste trabalho de conclusão de curso serão levantadas as manifestações
patológicas
encontradas nas edificações presentes na orla da praia do Mar Grosso e proximidades, que fica
situada no município de Laguna, no litoral de Santa Catarina.
O desenvolvimento deste trabalho aconteceu através do levantamento das
disfunções por meio de vistorias in loco, onde foram analisadas as manifestações patológicas
mais recorrentes na região estudada. Inicialmente foram expostos conceitos sobre Patologias
nas Edificações e condicionantes favoráveis a degradação, em seguida foram apresentadas e
15

analisadas as manifestações patológicas encontradas, bem como foram propostas suas


possíveis manutenções.

1.1 JUSTIFICATIVA

As manifestações patológicas estão presentes em diversas edificações, em alguns


casos podem chegar a comprometer a utilização do edifício se não tomadas providências.
Além disso, essas disfunções acabam desvalorizando o empreendimento, principalmente
quando elas estão presentes nas fachadas, causando diversos prejuízos aos proprietários.
A falta de manutenção das edificações, como limpeza, pintura e alguns reparos
que
eventualmente se fazem necessários, também é um agravante na sua degradação.
Em razão disso observa-se a importância de estudar a origem desse tipo de
manifestação patológica, se está no projeto, no processo construtivo ou na falta de
manutenção. Bem como apontar as possíveis causas e mecanismos de ocorrência dessas
disfunções. Assim torna-se possível apontar soluções viáveis de reparo, e também observar os
problemas mais recorrentes e como evitá-los.

1.2 OBJETIVO

Os objetivos da pesquisa estão descritos no objetivo geral e objetivo específico.

1.2.1 Objetivo geral

Identificar e analisar a presença dos diferentes tipos de manifestações patológicas


incidentes nas edificações presentes na orla da praia do Mar Grosso, sito ao Município de
Laguna/SC.

1.2.2 Objetivos específicos

• Realizar levantamento das edificações que apresentaram manifestações


patológicas.
• Identificar manifestações patológicas com maior incidência nas edificações
presentes na área estudada.
• Apontar possíveis causas, origens, mecanismos de ocorrência e sugestões de
reparo.
16

2 REVISÃO DE LITERATURA

Neste capítulo será apresentada uma síntese literária sobre o tema proposto,
abordando principalmente os sintomas das manifestações patológicas que são encontradas
com frequência nas edificações, e as que são mais recorrentes em regiões litorâneas, e
associá-las às suas possíveis causas.

2.1 MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM EDIFICAÇÕES

A parte da engenharia que estuda a patologia de edificação observa as


manifestações patológicas e as associa às suas possíveis causas e origem, em resumo pode-se
dizer que é o diagnostico desses eventuais problemas.
Para que haja esse diagnóstico, observam-se: os sintomas, que são os defeitos que
podem ser observados visualmente; o mecanismo de ocorrência, que se refere ao processo
pelo qual surgem essas manifestações patológicas; e por fim a origem do problema e sua
causa, para que seja mais fácil e eficaz apontar medidas para sanar o problema (HELENE,
1992).
Esses estudos são realizados através de vistorias in loco onde são coletados os
dados, como fotografias que permitem a análise dos sintomas manifestados. Essas dados e
informações sobre a edificação, aliadas a revisão bibliográfica acerca do tema, possibilitam
que seja investigado o estado da edificação, e que seja analisado o melhor método para
corrigir essas anomalias.
Ressaltando que existem basicamente quatro fatores que ocasionam as patologias
nas edificações, sendo elas eventos naturais, funcionais, exógenos ou endógenos. Estes fatores
prejudicam os usuários do edifício e a sociedade (SIQUEIRA et al, 2009). Cada um destes
fatores tem origens diferentes como:
Endógenos: São problemas internos, resultado de falhas na execução, no projeto, e
de materiais de baixa qualidade. Ou ainda a soma desses fatores.
Exógenos: São problemas originados de eventos externos à edificação, como,
impacto de veículos em alguma parte da edificação, problemas ocasionados por vizinhos,
depredação por vândalos, entre outros problemas que podem pôr em risco a segurança da
edificação, necessitando de intervenção imediata.
Naturais: Eventos provindos da natureza como, enchentes, fortes tempestades,
ventos expressivos, raios, terremotos, entre outros.
17

Funcionais: Causadas basicamente devido à falta de manutenção e uso inadequado


da edificação, como falta de limpeza, revestimentos desgastados, corrosão das tubulações
hidráulicas, infiltração, entre outros.
Visto que a origem das manifestações patológicas pode ter vários fatores
determinantes. Entende-se a necessidade de um diagnóstico adequado para que se possa
corrigir corretamente o problema, o diagnostico deve apontar as quatro principais
características referentes a anomalia, sintoma, causa, origem e mecanismo de ocorrência.

2.1.1 Sintomas

As anomalias se manifestam em diversas partes da edificação, como na fundação,


alvenarias, pilares, vigas, lajes, coberturas, entre outros grupos estruturais (FREIRE, 2010).
Os problemas patológicos em grande maioria podem ser diagnosticados
observando
características físicas e visuais, que nos permitem sugerir a sua natureza, origem, e
mecanismo de ocorrência, assim dando a possibilidade de estimar uma solução para a
patologia (HELENE, 1992).
Sendo assim deixa evidente o fato de que a manifestação patológica é um sintoma,
podendo ter várias origens para uma mesma patologia. Sendo uma fissura um sintoma, a
patologia deste evento pode ter como mecanismo de ocorrência, a corrosão de armadura,
deformação excessiva estrutural, entre outras reações, que tem tratamentos diferenciados para
cada um (FRANÇA et al. 2011, p. 02)
Segundo Helene (1992) os principais sintomas encontrados em edificações são,
desagregações, problemas na etapa de concretagem, eflorescências, esquadrias com problemas
de funcionalidade, bolores, problemas com umidade, corrosão de armadura, deslocamentos e
fissuras.
Através da verificação dos sintomas torna-se possível diagnosticar as possíveis
causas e origens.

2.1.2 Causas

Para que possamos assegurar que mesmo após o reparo do problema ele não volte
a acontecer temos que entender, o porquê a aparição e o desenvolvimento da manifestação
patológica, assim assegurando que a estrutura não volte a apresentar esta complicação
(SOUZA; RIPPER, 1998).
18

Helene (1992) disse que as causas das patologias podem ser variadas como:
cargas
excessivas, mudanças de umidade, mudanças térmicas, materiais não compatíveis, entre
outros.
Em virtude disso, fica evidente que cada causa necessita de um tratamento
diferente
para que seja realmente eficaz ao longo do tempo.

2.1.3 Origens

De acordo com Vieira (2016), as manifestações patológicas surgem na etapa de


planejamento, projeto, produção dos materiais industrializados, na execução ou ainda
decorrentes do uso, levando em consideração que cada fase, terá um responsável por
determinado tipo de manifestação. Com isso entende-se que para identificar a etapa que deu
origem a manifestação, deve-se identificar precisamente o problema (HELENE, 1992).
Os processos construtivos das edificações receberam alterações ao longo do
tempo,
corrigindo os erros observados, visando a maior durabilidade possível do edifício, esses
processos devem ser seguidos com cautela, no intuito de impedir que as manifestações
patológicas se manifestem.
Sendo assim, identificando a etapa que originou a manifestação patológica, é
possível identificar quem será o responsável pelo problema, sendo o projeto defasado, o
projetista deve assumir a responsabilidade; as manifestações tendo origem na etapa de
construção, a mão de obra fica responsável; nas escolha dos materiais, fica sobre
responsabilidade do engenheiro ou até mesmo da construtora; e ficará como responsabilidade
do usuário se identificado que a manifestação se originou pela ausência de manutenções, ou
uso divergente ao manual de utilização (VIEIRA, 2016).
De acordo com Lapa (2008), por falta de vistorias, as patologias quando
observadas,
se encontram em estágios já muito progressivos. Sendo assim, tornando o processo de
recuperação, muito mais caro, relevando a importância da intervenção nos processos iniciais
da manifestação patológica, diminuindo o risco de acidentes e reduzindo o custo do reparo
(SITTER, 1983).
19

2.2 INSPEÇÃO PREDIAL

A fim de garantir a conservação das edificações e prezar pelo bom funcionamento,


é importante que as edificações sejam vistoriadas e acompanhadas durante sua vida útil,
procurando identificar deficiências e possíveis manutenções, bem como os pontos críticos que
podem aparecer. Esse tipo de vistoria chama-se inspeção predial, e segue regulamentação da
NBR 13.752.
A NBR 13.752 refere-se às diretrizes básicas de realização de inspeções de
engenharia, apontando critérios e procedimentos. A inspeção é realizada através de coleta de
dados de projeto e vistoria da edificação para exame minucioso. Posteriormente é elaborado
um laudo, onde serão elencados sintomas de patologias que foram observados in loco, bem
como a possível causa e origem. Assim será possível propor medidas de reparo e manutenção
quando necessárias.

Segundo Tutikian e Pacheco (2013) a inspeção pode ser composta por três etapas:
a inspeção preliminar, inspeção detalhada (quando necessário) e diagnóstico:
A inspeção preliminar pode ser suficiente para determinar a causa e a origem da
manifestação patológica em casos mais simples, ou pode servir de base para inspeção
detalhada. Ela é basicamente formada pela busca de informações sobre a estrutura e sobre o
ambiente em que a estrutura está assentada. O primeiro refere-se a informações como tempo
de serviço, procedência dos materiais, características de construção, histórico de problemas e
reparos realizados anteriormente. Já o segundo diz respeito a informações sobre a
agressividade do ambiente e possíveis movimentações do solo.
A inspeção detalhada será necessária quando a inspeção preliminar não conseguir
responder algumas questões e for necessário que a estrutura seja averiguada de forma mais
criteriosa. Nesse caso necessitará de uma investigação mais detalhada, através da inspeção e
ensaios com o objetivo de estudar as causas reais dos problemas. Se a estrutura for de
concreto armado, no concreto poderão ser realizados ensaios de resistividade, dureza,
profundidade de carbonatação, penetração de cloretos, resistência a compressão, porosidade;
na armadura, ensaios de localização e espessura de cobrimento (através da pacometria), perda
de diâmetro e seu limite elástico, medição de potenciais de corrosão, medição da velocidade
de corrosão.
Por último, o diagnóstico refere-se ao entendimento dos fenômenos ocorridos,
20

apontando as prováveis causas, origens e mecanismos de ocorrência das manifestações


patológicas. O diagnóstico possibilita a definição da conduta a ser adotada para cada tipo de
problema.

2.3 CONDICIONANTES PARA DEGRADAÇÃO DE FACHADAS

Alguns tipos de manifestações patológicas acabam sendo mais recorrentes em


fachadas de edificações presentes em regiões litorâneas, isso porque há maior contato com
agentes agressivos, como o cloreto, além de maior exposição a umidade, insolação, etc.

2.3.1 Falta de detalhes construtivos

Para garantir um bom desempenho das edificações é de suma importância que


detalhes construtivos sejam especificados nas fachadas.

2.3.1.1 Peitoril

O peitoril é responsável por dificultar a deposição de poeira e evitar as manchas


ocasionadas pela umidade, para que seja efetivo para esse fim o peitoril deve ressaltar o pano
da fachada no mínimo 25 mm e deve ter caimento de 8% a 10%. Na parte inferior o peitoril
deve ter uma pingadeira.

2.3.1.2 Pingadeira

A pingadeira tem como finalidade interceptar a lâmina de água projetando seu


fluxo
com afastamento da fachada. Ela deve ser executada depois que o revestimento estiver
concluído e deve avançar 4 cm do plano da fachada. A ausência da mesma acaba causando a
retenção de umidade e pode ocasionar o surgimento de manchas.

2.3.1.3 Quinas e cantos

As quinas e cantos são regiões bem frágeis nas fachadas, e portanto podem sofrer
degradação mais facilmente, por isso há a recomendação de que quando executado o
revestimento da fachada ele fique inacabado aproximadamente 50 mm da aresta em uma das
faces, sendo finalizada imediatamente antes de executar o revestimento da outra face.
21

2.3.2 Umidade

A umidade é uma das principais causas de degradação de edificações, por isso é


imprescindível que as fachadas sejam estanques à água líquida, mas também que os materiais
utilizados permitam trocas de vapor para que a umidade dos materiais não permaneça presa
(ZANONI, 2015).
A umidade pode ter origem da própria obra, nesse caso ela vem da água utilizada
durante o processo de construção. Outra causa também muito recorrente é a chamada umidade
ascendente, que é referente a umidade absorvida do solo por capilaridade, afetando
principalmente as bases de paredes, ocasionando eflorescências, manchas, bolor. A umidade
de infiltração vem da percolação da agua da chuva que penetra na parede. A umidade por
condensação acontece geralmente no início da manhã, quando acontece a condensação da
água do ambiente em contato com uma superfície mais gelada. E por último, podemos
destacar a umidade acidental, ocasionada por vazamentos por exemplo (NAPPI, 2002).

2.3.3 Insolação

A insolação incidente em um local tem como determinante a sua latitude, pois


assim
é definido como os raios solares atingem a superfície terrestre. Como exemplo podemos citar
a Linha do Equador, que é o paralelo voltado diretamente para o sol e dessa forma recebe os
raios solares com maior incidência. Quanto mais altas as latitudes menos a incidência dos
raios solares e, portanto, menor a insolação (FERNANDES, 2002).
Analisando-se a insolação levando em conta a incidência sobre fachadas, observa-
se que no inverno do hemisfério Sul, a insolação sob as fachadas voltadas para o norte recebe
raios solares na maior parte do dia, porque o ângulo que o sol forma em relação a superfície
da Terra é pequeno. Já no verão, esse ângulo é maior e por isso as coberturas dos edifícios
tem maior incidência de raios solares.
Em contrapartida a orientação Sul é a mais prejudicada, pois quase não recebe
insolação durante o inverno e no verão, apenas no início da manhã e no final da tarde. A
latitude que determina essa incidência, quanto mais longe do equador tem menos horas de sol
na fachada sul, e quanto mais perto mais horas de sol se tem na fachada sul (QUADRADO;
ARTIGAS, 2015).
22

2.4 MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS RECORRENTES EM FACHADAS

2.4.1 Descolamento do reboco

O descolamento do reboco corresponde ao desprendimento da camada de


argamassa. Esse fator pode ser ocasionado pelo traço inadequado da argamassa, sendo que
quando há excesso de cimento o material acaba tendo pouca elasticidade e pode não absorver
as movimentações da estrutura, ou no caso da falta de aglomerante que pode ocasionar uma
aderência ineficiente e a argamassa não aderir ao substrato; o uso de materiais com alto teor
de finos que acaba resultando em um revestimento com baixa porosidade; emprego de cal
hidratada de qualidade duvidosa, que pode ocasionar a expansão da argamassa; a aplicação da
argamassa na base contaminada, impedindo a aderência ao substrato; a aplicação em uma
superfície muito lisa, sem realizar o chapisco previamente, reduzindo a capacidade de
aderência; e também a aplicação de uma camada espessa de argamassa, ocasionando que o
seu peso próprio gere uma força gravitacional maior que a adesão inicial ao substrato. Por isso
é imprescindível analisar a procedência do material utilizado e também as especificações de
espessura seguindo as normas, de acordo com o tipo de revestimento e o local (SEGAT,
2005).
Algumas medidas devem ser tomadas como forma de evitar esse tipo de problema,
como por exemplo limpar e eliminar irregularidades na base que receberá o revestimento e
não ignorar a camada de chapisco, já que ele é responsável por aumentar a aderência entre a
base e a argamassa.

2.4.2 Destacamento de placas cerâmicas

Quando a aderência entre as interfaces das placas cerâmicas, argamassa colante e


emboço é menor que as tensões sobre o revestimento de cerâmica, acontece o destacamento
dessas placas. Esse tipo de manifestação patológica tem como primeiro sintoma um som cavo
nas placas quando elas são percutidas, e também se observa o estufamento seguido do seu
destacamento (CAMPANTE; BAÍA, 2008).
Como causas desse tipo de problema, pode-se mencionar movimentações do
suporte, variações de temperatura, negligencias como assentamento sobre superfície
contaminada, argamassa colante com tempo aberto excedido.
23

2.4.3 Bolhas na pintura

Esse tipo de problema pode acontecer quando se usa uma tinta à base de óleo sob
uma superfície sem preparação adequada, exposta a umidade. Também pode aparecer se
aplicado uma nova camada de tinta sobre uma camada anterior que não teve boa aderência,
assim, quando em contato com umidade faz com que as bolhas surjam (POLITO, 2006).
A percolação da água que acontece na alvenaria pode se acumular entre o
revestimento e a tinta, formando essas películas impermeáveis (DE MILITO, 2009).
É imprescindível que seja avaliado o grau de agressividade do ambiente, analisar
se há exposição à umidade antes de escolher o tipo de tinta que será usada para evitar que
surjam bolhas na pintura, bem como executar uma impermeabilização eficiente em casos
áreas molháveis.

2.4.4 Descascamento na pintura

O descascamento na pintura acontece quando a película de tinta acaba destacando,


geralmente em razão da presença de pó sob a superfície antes da execução da pintura. Isso
pode ser ocasionado pela superfície de reboco que não foi preparada adequadamente ou até
mesmo quando se passa uma camada de tinta sob outra antiga calcinada, outra razão pode ser
a aplicação da tinta com pouca diluição (DOS SANTOS, 2010).

2.4.5 Mofos e bolores

Mofos e bolores são manifestações patológicas que aparecem na superfície dos


revestimentos e são ocasionadas por microrganismos que se proliferam em locais úmidos e
com pouca ventilação (CONSOLI, 2006).
Essas manifestações patológicas aparecem como manchas escuras que
comprometem a parte estética da edificação, mas também confere riscos à saúde dos usuários.
A proliferação desses fungos é evidenciada pela umidade que muitas vezes está na
composição dos materiais de construção que evaporam e contraem-se; também pela umidade
do ar ou da água da chuva que pode acabar infiltrando e ocasionando esse tipo de problema e
24

podemos citar a falta de impermeabilização ou sua execução ineficiente, onde a umidade do


solo pode acabar chegando na base da edificação por capilaridade (THOMAZ, 1992).

2.4.6 Manchas provenientes de poluição atmosférica

A atmosfera possui algumas partículas suspensas que podem aderir aos


revestimentos externos e acabam formando manchas escuras. A ocorrência dessas manchas
pode estar relacionada à características das superfícies ou geometria da edificação, por
exemplo, a utilização de materiais mais porosos, cores mais claras e as descontinuidades nas
edificações, podem ser fatores determinantes ao acumulo de partículas e consequentemente ao
aparecimento dessas manchas (PETRUCCI, 2000).
Esse tipo de manifestação patológica também está diretamente relacionado à ação
do vento, que favorece que as partículas sejam transportadas, e da chuva, que ao escorrer
acaba facilitando a deposição dessas sujeiras.

2.4.7 Manchas provenientes de algas

As manchas provenientes de algas têm coloração avermelhadas ou em tons


castanhos, em forma de escorrimento ou sem uma forma específica. Esse tipo de mancha
acontece com a proliferação de algas que independem da composição do substrato para a
obtenção do carbono, necessitando apenas de ambientes úmidos e que não locais protegidos
do vento (UEMOTO, AGOPYAN E BRAZOLIN, 1995).

2.4.8 Eflorescências

As eflorescências são depósitos de sais, geralmente alcalinos, sob o revestimento.


Essas manifestações patológicas aparecem em forma de manchas geralmente esbranquiçadas,
mas também acinzentadas, esverdeadas, amareladas ou pretas. A principal causa desse tipo de
problema deve-se a longa exposição da argamassa sob ação da água, que acaba infiltrando e
reagindo com os íons livres dos materiais. Por fim, a água acaba por evaporar e traz junto a
superfície os sais solúveis presentes no material (SOUZA, 1997).
O surgimento de eflorescências acaba acarretando disfunção estética bastante
relevante, mas no geral não acarreta riscos a estrutura da edificação. Porém, esse tipo de
manifestação patológica tem relação com umidade, e nesse caso a umidade pode estar
associada a problemas mais graves.
25

2.4.9 Oxidação de materiais ferrosos

Os materiais compostos de ferro são os que causam maiores prejuízos quanto a


corrosão de itens metálicos. A corrosão do ferro forma a chamada ferrugem, que na
construção civil é um tipo de manifestação patológica bastante recorrente, principalmente em
locais com maior umidade. Isso acontece porque a presença de água possui íons dissolvidos
que facilitam o fluxo dos elétrons e resultando na manifestação de óxidos de ferro
(PANNONI, 2015).
Nas edificações é comum observar esse tipo de manifestações patológicas em
portões e portas de ferro, grades e nos suportes de ar condicionado. São materiais que
geralmente estão presentes na área externa e em contato constante com umidade do ar, chuva,
maresia etc. Facilitando a corrosão e o aparecimento da ferrugem.
Como forma de evitar o surgimento desses problemas, várias técnicas são
adotadas
como forma de evitar esse tipo de corrosão. Podemos citar por exemplo o uso de tintas
protetoras, a produção de aço inoxidável e o uso de metais galvanizados.

2.4.10 Corrosão de armadura

A corrosão é um problema bastante recorrente nas edificações e pode ser definido


como a interação destrutiva de um material com o ambiente, seja por ação química ou
eletroquímica (CASCUDO, 1997).
No caso da corrosão de armadura, que se refere a deterioração do aço, dois
processos podem ocorrer: a corrosão eletroquímica, que resulta da formação de células de
corrosão em função da presença de umidade na superfície das barras ou no concreto, que
atuam como eletrólito. Sob temperaturas normais e presença de umidade, a corrosão das
armaduras de aço pode ser sempre considerada um tipo de corrosão eletroquímica. O outro
processo de corrosão de armadura refere-se à oxidação direta, onde os átomos reagem com o
oxigênio, ocasionando uma reação gás-metal formando uma película de óxido de ferro.
Geralmente esse tipo de processo ocorre somente a elevadas temperaturas.
O aparecimento da corrosão portanto está ligado ao meio em que está inserida a
estrutura, porque geralmente ele é o agente promotor da oxidação da armadura, por isso as
regiões mais úmidas sofrem mais agressão do que regiões mais secas.

Outro fator determinante para o aparecimento desse problema é a falta de


26

cobrimento da armadura. O cobrimento trata-se da proteção física da armadura, impedindo


agentes agressivos, umidade, oxigênio e mantém o meio alcalino, formando uma película
protetora que envolve e protege a armadura (CASCUDO, 1997).
A deterioração da armadura pode causas fissuras e desprendimento do reboco,
ocasionando problemas estéticos, mas também em casos mais extremos pode comprometer a
estabilidade e durabilidade da estrutura.

2.4.11 Trincas e fissuras

As trincas e fissuras são manifestações patológicas que necessitam de atenção


redobrada, isso porque elas podem ser indício de problemas mais sérios na estrutura e podem
comprometer o desempenho da obra, além é claro de afetar a parte estética (THOMAZ, 1992).
As fissuras são aberturas com menos de 0,5 mm de espessura, já as trincas
possuem
espessura igual ou superior a 0,5 mm (SABBATINI, BARROS; 1990).
Para garantir um bom desempenho das edificações é de suma importância que
detalhes construtivos sejam especificados nas fachadas.

2.4.11.1 Trincas e fissuras ocasionadas por retração de produtos à base de cimento

Esses tipos de manifestação patológicas podem ser causadas por retrações do


revestimento quando ele ainda está fresco ou em fase de endurecimento. Essas retrações
podem estar relacionadas a retração química entre a água e o cimento que ao reduzir o volume
acaba ocasionando o aparecimento dessas trincas, também podem ter relação à retração pela
evaporação da agua excedente usada na preparação da argamassa que acaba causando a
redução do volume e causando as fissuras (THOMAS, 1992).

2.4.11.2 Trincas e fissuras ocasionadas por movimentações higroscópicas

Outra causa que do aparecimento dessas aberturas está ligada a movimentações


higroscópicas. A água é absorvida através dos poros, que são preenchidos e aumentam de
volume, que diminui de tamanho novamente à medida que essa água evapora. Essa expansão
e contração acaba ocasionando a fadiga do material e origina fissuras (RIBAS, 2002).
27

2.4.11.3 Trincas e fissuras ocasionadas por alterações químicas dos materiais de construção

Algumas substâncias químicas como ácidos, álcoois e sais podem reagir com os
materiais de construção causando a sua deterioração e podendo provocar fissuração, dentre as
recorrentes na construção civil podemos destacar os ataques por sais e a corrosão de armadura
(THOMAZ, 1992).

2.5 MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS OCASIONADAS POR RECALQUE DE


FUNDAÇÃO

A movimentação do solo pode ocasionar o aparecimento de manifestações


patológicas em construções se não for previsto corretamente o tipo de fundação. Portanto, é
importante que seja levado em consideração fatores como o tipo de solo, também à disposição
do lençol freático, bem como analisar a intensidade da carga e suas dimensões, e sua
distribuição no solo.
Quando aplicado uma carga sobre o solo, como quando se instala uma construção,
se o solo for uma argila rígida ou uma areia compactada, o recalque pode acontecer em razão
da saida do ar pela carga atuante, o que geralmente acontece de maneira rápida, geralmente,
antes do final da obra. Já em solos moles, a redução de volume em razão da percolação da
água para regiões sob pressões menores é que se torna responsável pelo recalque nas
fundações, nesses casos o recalque acontece durante um longo período, podendo levar anos
(THOMAZ, 1992).
No geral, o recalque nas fundações provoca fissuração com aberturas maiores e
quanto maior a variação na abertura da fissura, maior o recalque. Outro tipo de fissura
ocasionada por recalque de fundação, é a presença de esmagamentos localizados, que formam
uma espécie de escamas, que remete às tensões de cisalhamento.

Quadro 1 - Manifestações patológicas


Manifestação Resultante
28

Fundações contínuas solicitadas por


carregamentos desbalanceados: o
trecho mais carregado apresenta
maior recalque, originando-se
trincas de cisalhamento no painel .

Fundações contínuas solicitadas por


carregamentos desbalanceados: sob
as aberturas surgem trincas de
flexão.

Recalque diferenciado, por


consolidações distintas do aterro
carregado.

Fundações assentadas sobre seções


de corte e aterro; trincas de
cisalhamento nas alvenarias.

Recalque diferenciado, por falta de


homogeneidade do solo.
29

Recalque diferenciado, por


rebaixamento do lençol freático; foi
cortado o terreno à esquerda do
edifício.

Fonte: Thomaz (1989), adaptado.

As figuras acima caracterizam diversas manifestações patológicas ocasionadas pela


movimentação do solo de diferentes tipos.

2.5.1 Conceito e tipos de fundações

Segundo Azeredo (1977), as fundações são parte da estrutura responsáveis por


transmitir as cargas estruturais da construção ao terreno. E convencionalmente são divididas
em dois grupos:
• Fundações superficiais
• Fundações profundas
Esses grupos são separados segundo o critério de que, no caso das fundações
profundas, o mecanismo de ruptura de base não surja na superfície do terreno. E como
geralmente o mecanismo de ruptura de base atinge duas vezes a sua menor direção. Foi
determinado pela norma NBR 6122 (ABNT, 2019) que as fundações profundas são aquelas
em que as bases são implantadas em uma profundidade superior a duas vezes sua menor
direção, e no mínimo a três metros de profundidade (VELLOSO; LOPES, 2010).

2.5.1.1 Fundações superficiais

Segundo a NBR 6122 (ABNT, 2019), as fundações superficiais são aquelas em que
a carga da estrutura é transmitida diretamente ao terreno pelas tensões distribuídas por sua
base.
Quanto ao dimensionamento da sua área, o centro de gravidade da fundação deve
coincidir com o centro de gravidade do restante da estrutura, e a área mínima necessária
deverá ser a razão da carga transmitida e da pressão do terreno (AZEREDO, 1977).
Como citado por Velloso e Lopes (2010), são exemplos de fundações superficiais:
sapatas, blocos, radier, sapatas associadas e sapatas corridas.
30

2.5.1.2 Fundações profundas

As fundações profundas são aquelas que tem o comprimento preponderante sobre


a seção. Segundo a NBR 6122 (ABNT 2010), são definidas por elementos estruturais que
transmitem as cargas ao terreno por sua superfície lateral, em caso da resistência de fuste, ou
pela base, resistência de ponta. Ou ainda, pela junção das duas. No caso das fundações
profundas, sua base deve estar a uma profundidade superior ao dobro da sua dimensão, e que
tenha no mínimo três metros. As fundações profundas são subdividas em três grupos: estaca,
tubulão e caixão.

2.5.2 Análise geotécnica

Para que se possa garantir a eficiência construtiva de um edifício com resistência


adequada, é indispensável que se faça um estudo detalhado do solo onde será executada a
obra. Dentro da engenharia existe um elevado risco de se iniciar uma obra sem o devido
conhecimento do terreno onde será implantada a fundação. Os parâmetros geotécnicos
necessários para a implementação do empreendimento, não são visíveis superficialmente
(CAPUTO, 1988). Dessa forma, torna-se indispensável a coleta de dados através de ensaios
em de campo e de laboratório, tornando possível o estudo aprofundado do terreno, analisando
os parâmetros fundamentais da engenharia geotécnica.
Conforme mencionado por Das (2010), a engenharia geotécnica é a parte da
engenharia que estuda os materiais em estado natural na superfície terrestre. Materiais pelos
quais se aplicam os princípios fundamentais da mecânica dos solos, rochas direcionados a
projetos de fundação e estruturas de contenção.

2.5.3 Comportamento das fundações em solos moles

No planejamento das fundações devemos levar em consideração os elementos


estruturais, e o solo que receberá as solicitações da estrutura, por este motivo torna-se
indispensável classificar o solo em estudo, adequando o projeto para cada situação.

De acordo com Pinto (1996), classificar os solos para a engenharia tem como o
objetivo levantar dados que auxiliem a prever o seu comportamento, orientando a investigação
que permita analisar adequadamente um problema. Dentre os ensaios utilizados para
identificar a consistência do solo, o mais utilizado acaba sendo o Índice de Resistência a
Penetração (NSPT), no qual faz-se uma relação entre o número de golpes necessários para
penetrar o mesmo, com sua consistência. Considerando um solo mole quando o N SPT
31

registrado atinge valores iguais ou inferiores a 4 golpes, característica comum em solos finos,
argilas e siltes argilosos.

Como podemos observar na seguinte tabela, que sintetiza a classificação do solo


em função do índice de resistência:
Quadro 2 - Classificação em função do índice de resistência
Índice de resistência à
Solo penetração Designação¹
N
≤4 Fofa(o)
Areias e siltes 5a8 Pouco compacta (o)
Arenosos 9 a 18 Mediamente compacta (o)
19 a 40 Compacta (o)
>40 Muito compacta (o)
≤2 Muito mole
Areias e siltes 3a5 Mole
Argilosos 6 a 10 Média (o)
11 a 19 Rija (o)
>19 Dura (o)
¹ As expressões empregadas para a classificação da compacidade das areais (fofa, compacta, etc.) referem-se à
deformabilidade e resistência destes solos, sob o ponto de vista de fundações, e não devem ser confundidas com
as mesmas denominações empregadas para a designação da compacidade relativa das areias ou para a situação
perante o índice de vazios críticos, definidos na Mecânica dos solos.
Fonte: ABNT NBR 6485 (2001 p. 17).

O recalque é um dos problemas causados pela implementação de fundações


inadequadas ao tipo de solo. Segundo Thomaz (1989), os recalques em solos fofos são
derivados de sua redução de volume ocasionados pela diferença de pressão na região dos
bulbos de tensão na região das fundações, fazendo com que a água presente nesta região
procure zonas de menor pressão.

Pinto (1996), comentou sobre o uso de fundações profundas com o intuito de


reduzir
32

patologias causadas por solicitações de cargas descarregadas em solos moles, pois as estacas
são dimensionadas para que descarreguem os esforços em camadas de maior profundidade,
que oferecem maior rigidez, contribuindo com o suporte das cargas depositadas na estrutura.
Dentre os problemas recorrentes de recalque da fundação, sem levar em
consideração os problemas estéticos que não necessitam de atenção imediata, encontramos
patologias como o desaprumo estrutural, que leva ao comprometimento de elementos
funcionais da obra, incluindo tubulações e poços de elevadores. Patologias que necessitam de
intervenção urgente como trincas em vigas, pilares e lajes devem ser analisadas e reparadas
imediatamente, pois colocam em risco a segurança da edificação (THOMAZ, 1992).

2.5.4 Compressibilidade dos solos

A carga de uma construção atua como uma tensão que comprime o solo onde está
assentado. Essa compressão pode se dar em função da deformação das partículas de solo ou
através do seu deslocamento, ou pela expulsão da água e ar dos espaços vazios.
As cargas atuantes sobre o solo provocam recalque do tipo elástico, que é causado
pela deformação elástica do solo, sem alteração no teor de umidade; recalque por
adensamento primário, que altera o volume do solo em função da expulsam da água que
ocupa espaços vazios; ou ainda recalque por compressão secundaria, compressão que
acontece quando o solo está sob tensão efetiva constante. Em solos muito compressíveis, as
fundações sofrem recalque de adensamento por vezes muito maior que recalque elástico
(DAS, 2010).

2.5.5 Sistema de reforço de fundações

Equívocos no projeto de fundação, falta de análises geotécnicas, erros na


execução
da obra, intervenções na edificação ou em edificações vizinhas ou influências externas podem
acabar influenciando de forma negativa a edificação, e em alguns casos torna-se necessário
um reforço de fundação a fim de modificar seu desempenho.
Esse tipo de reforço é determinado pelo tipo de solo, pelo nível de carregamento,
espaço físico e pelo custo, que torna viável ou não essa intervenção.
De acordo com Calisto e Kosswoski (2015), os tipos de reforços de fundação mais
usuais são:
Estacas mega: também chamadas estacas de reação, trata-se da introdução de
33

cilindros de metal ou concreto sob a fundação existente. São escavados acessos até 1,5 m
abaixo da fundação original. O macaco hidráulico que crava as estacas torna a base da
fundação como apoio, aumentando a capacidade de carga a cada aplicação. Esse sistema não
provoca vibrações no solo e nem na estrutura, porém é um método de difícil aplicação fora da
projeção da fundação existente.
Estacas raiz: estaca raiz trata-se de uma estaca moldada in loco, sendo executada
através da perfuração rotativa ou roto-percussiva, revestida por um tubo metálico que torna a
perfuração estabilizada.
Alargamento da base: em fundações com a base alargada com a transferência de
carga por contato horizontal com o solo o reforço pode ser realizado pelo aumento da área de
apoio. Mas como as armaduras são dimensionadas para a peça aumentada, é necessário fazer
um chumbamento das ferragens empregando resinas colantes para que haja aderência entre o
concreto novo e o concreto original. Esse tipo de solução é raramente usada.
Enrijecimentos estruturais: esse método tem a finalidade de diminuir eventuais
recalques diferenciais. São colocadas vigas de rigidez interligando as fundações ou são
colocadas peças que travam a estrutura.

3 METODOLOGIA

Neste item será classificado o tipo de pesquisa e como foi identificado o


problema.

3.1 TIPO DE PESQUISA

A presente pesquisa trata-se de um estudo de caso de nível exploratório, que tem


como objetivo o aprimoramento de ideias e descoberta de intuições. A metodologia desse tipo
de pesquisa envolve inicialmente um levantamento bibliográfico seguido de uma análise de
exemplos que estimulam a compreensão do tema (GIL, 2002).
O levantamento bibliográfico busca fornecer respostas e soluções de problemas
que
eventualmente são encontrados durante a pesquisa. Essas referências bibliográficas foram
encontradas em livros, artigos e dissertações que abordam assuntos referente ao tema
estudado.
34

3.2 INVESTIGAÇÃO REALIZADA

Para a realização do estudo foi realizada pesquisas de campo através vistorias in


loco para percepção e interpretação das manifestações patológicas encontradas na orla da
praia do Mar Grosso, Laguna/SC. Nas vistorias foram feitas observações diretas, onde foi
possível uma análise detalhada, bem como foram realizados registros fotográficos.

3.3 ORGANOGRAMA

A concepção deste trabalho teve como base as etapas apresentadas no


organograma
da figura 1:
Figura 1- Organograma principal da pesquisa

Fonte: Autores (2020).

Revisão bibliográfica: A revisão bibliográfica foi realizada em duas fases, a


35

primeira mais abrangente, e a segunda mais específica voltada para os tipos de manifestações
patológicas que foram encontradas ao decorrer da pesquisa.
Delimitação da área de estudo: O primeiro passo para concepção desse trabalho
baseou-se na delimitação da área de estudo, que compreende a região da orla da praia do Mar
Grosso, no município de Laguna/SC, região litorânea do sul catarinense.
Vistoria/Registro fotográfico: In loco, em conformidade com a Norma de
Inspeção Predial (NBR 16.747) será produzido, entre outros documentos, relatório fotográfico
de manifestações patológicas encontradas nas edificações presentes na orla da praia do Mar
Grosso e suas proximidades.
Análise das informações coletadas: Analisando os problemas in loco e com base
nas referências bibliográficas será possível correlacionar as informações e estudar suas
possíveis causas e origens.

Identificação das causas e origens: Nesta fase serão apontadas quais os possíveis
agentes causadores e as origens das manifestações patológicas, relembrando a distinção dos
termos causa e origem, sendo o primeiro referente ao agente responsável diretamente pelo
surgimento do problema, e o segundo ao motivo primitivo.
Sugestão de reparo: Identificadas as causas e origens dos problemas patológicos,
serão sugeridas sugestões de reparo que se fazem pertinentes
36

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Neste trabalho foram levantadas diferentes manifestações patológicas recorrentes


na orla da praia do Mar Grosso, situ ao município de Laguna/SC. A partir da literatura
estudada nos itens mencionados anteriormente, serão apresentados as manifestações mais
comuns e suas possíveis causas, bem como propor soluções de reparo.
Essa análise proporcionará fazer possíveis inter-relações entre as manifestações
patológicas presentes, o sistema construtivo e fatores externos de agressividade.

4.1 CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO

Laguna está localizada no sul de Santa Catarina e possui cerca de 45 mil


habitantes,
dentre as principais atividades econômicas praticadas na cidade destaca-se a atividade
pesqueira e o turismo durante o verão, conforme IBGE (2019).
O litoral catarinense é um dos principais destinos turísticos do sul do Brasil, e
Laguna tem grande destaque. O município recebe turistas de diversos lugares do país e
também conta com veranistas da região, que acabam alugando ou comprando imóveis para
desfrutar das praias durante a temporada. Em razão disso o município tem sido alvo de grande
especulação imobiliária, principalmente na orla do Mar Grosso, que é a praia mais explorada
pelos turistas e veranistas.

4.2 MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS RECORRENTES NA ORLA DA PRAIA DO


MAR GROSSO

Ao analisar as edificações presentes na orla da praia do Mar Grosso, foram


encontradas diversas manifestações patológicas, dentre elas corrosão de armadura,
descolamento de reboco, descascamento na pintura, etc. Algumas provavelmente decorrentes
de equívocos no projeto ou execução, e outras em decorrência do ambiente agressivo.

4.2.1 Descolamento de reboco

De acordo com Bauer (1997), o descolamento do reboco refere-se à separação da


37

camada de revestimento de argamassa, esse descolamento pode compreender desde áreas


restritas até extensões maiores abrangendo a totalidade da alvenaria. Na figura 02 observou-se
o tipo de descolamento de reboco em forma de placas:

Figura 2 - Descolamento do reboco

Fonte: Autores (2020).

Como observou-se na figura 02, o descolamento do reboco abrangeu uma grande


extensão do muro e apresentamos a seguir de que forma isso acontece:
Possíveis causas: Esse tipo de problema provavelmente está relacionado ao fato de
a superfície não ter recebido a camada de chapisco e também pela espessura do revestimento
não condizente com as normas.
Origem: A origem desse descolamento pode estar no projeto, por não ter previsto
corretamente a espessura do revestimento e a camada de chapisco que proporcionaria a
aderência necessária na superfície, ou na execução, por não ter seguido as especificações do
projeto.
Mecanismo de ocorrência: A falta de chapisco pode tornar a aderência entre a
superfície e o revestimento insuficiente, o que pode acabar ocasionando o desprendimento do
reboco.
Reparos: O reparo sugerido é a remoção do restante do reboco, aplicar a camada
de
chapisco seguida pelo emboço e reboco.
38

4.2.2 Destacamento de placas cerâmicas

Segundo Luz (2004), o destacamento de placas cerâmicas está relacionado à falta


de aderência entre as placas e o emboço. Esse tipo de manifestação patológica apresenta
grande risco aos usuários da edificação, já que quando acontece seu desprendimento pode
acabar caindo em alguém que esteja passando no momento. Nas figuras 3 e 4 observa-se
edifícios distintos que apresentam o mesmo problema de destacamento de cerâmica.
Figura 3 – Destacamento de placas cerâmicas

Fonte: Autores (2020).

Figura 4 – Reparo quando não encontrada mesma cerâmica


39

Fonte: Autores (2020).

Como observou-se na figura 03, o destacamento dessas placas cerâmicas confere


um prejuízo estético à fachada do edifício e muitas vezes quando necessário o reparo, não se
encontra a mesma cerâmica e a mesma acaba destoando das outras, como na figura 04.
Abaixo destacamos as possíveis causas, a origem do problema, de que forma ele
ocorre e sugestões de reparo:
Possíveis causas: A falta de preparo da base ou a argamassa colante de má
qualidade
pode acabar ocasionando a perda de aderência e consequentemente o destacamento das placas
cerâmicas.
Origem: A origem desse problema pode estar relacionada a escolha de materiais
inadequados ou à execução que não atendeu as especificações do projeto.
Mecanismo de ocorrência: Se a base não for preparada e limpa corretamente, ou
se
a argamassa colante não ter boa qualidade e ser muito rígida, as placas cerâmicas acabam
perdendo a aderência o que provoca o destacamento das cerâmicas.
Reparos: As placas cerâmicas devem ser retiradas, e posteriormente a superfície
deve ser preparada e aplicado novamente a argamassa colante de boa qualidade. É importante
observar também as placas que estão com som cavo, que antecede ao seu destacamento, e
retiralas e repetir o mesmo processo.
40

4.2.3 Descascamento na pintura

De acordo com Dos Santos (2010), o descascamento é quando a pintura acaba se


destacando da superfície do reboco, geralmente tem origem na falta de preparação adequada
para receber a tinta. Observou-se esse tipo de ocorrência na figura 05:
Figura 5 – Descascamento na pintura

Fonte: Autores (2020).

A figura 5 destaca muros de edificações distintas que apresentaram o mesmo tipo


de problema, provavelmente pelo alto teor de umidade.
Possíveis causas: Esse tipo de problema pode ter sido ocasionado pela falta de
preparação da superfície que possivelmente apresentava pó ou aplicação da pintura
prematuramente sobre o reboco, aliada a exposição à umidade já que em todas as figuras
acima representam áreas externas e, portanto, áreas expostas a água da chuva e umidade do ar.
Origem: A origem desse problema pode estar na execução, nesse caso o equívoco
pode ter acontecido por não ter sido executado conforme especificações do projeto ou o
substrato não ter sido devidamente preparado para receber a pintura (presença de pó na
superfície, tempo necessário de cura do concreto não respeitado).
Mecanismo de ocorrência: Se houver resquícios de sujeira no substrato, não há
aderência suficiente entre a superfície e a película de tinta, e aos poucos ela descolará da
superfície.

Reparos: O reparo sugerido é a remoção das bolhas e da tinta que está solta com o
41

uso de uma espátula, lixar a superfície e pintar novamente.

4.2.4 Bolhas na pintura

Polito (2006) definiu as bolhas na pintura como resultante da perda de adesão


localizada e levantamento do filme da superfície. Como observou-se na figura 06, esse
problema não está apenas associado com o tipo de tinta utilizado, mas ao local onde a tinta foi
aplicada. Em regiões em contato com a umidade, se não impermeabilizadas corretamente,
poderão aparecer esse tipo de manifestação patológica.
Figura 6- Bolhas na pintura

Fonte: Autores (2020).

Destaca-se abaixo as possíveis causas, a origem do problema, de que forma ele


ocorre e sugestões de reparo:
Possíveis causas: Nesse caso a causa mais provável é que a impermeabilização
tenha sido executada de maneira ineficiente.
Origem: A origem desse tipo de problema pode ser no projeto, não sendo previsto
corretamente a impermeabilização correta do local, ou na execução da mesma.
Mecanismo de ocorrência: A umidade acumulada penetra na alvenaria e empurra
a
tinta, formando bolhas.
Reparos: Executar uma impermeabilização adequada e posteriormente remover as
bolhas, lixar e pintar novamente.
42

4.2.5 Mofos e bolores

A presença de umidade no ar é muito intensa na área estudada em razão da


proximidade ao mar, o que favorece muito a proliferação de micro-organismos, fungos,
bactérias, formando essas manchas escuras denominadas de mofos e bolores. Figura 7 –
Formação de bolor

Fonte: Autores (2020).

Figura 8 – Mofos e bolores


43

Fonte: Autores (2020).

Nas figuras 07 e 08, a proximidade com o mar é um agravante para a


manifestação
desses tipos de fungos. Isso porque o solo apresenta bastante umidade que acaba percolando
para a alvenaria por capilaridade.
Possíveis causas: Possível ausência de agente impermeabilizante, e baixa
estanqueidade estrutural.
Origem: A alta exposição a umidade do local onde se encontra, aliada a possível
falta ou uso inadequado de impermeabilizante, portanto o problema na falta de especificação
no projeto ou na execução ineficiente.
Mecanismo de ocorrência: Ascensão da água pelas capilaridades do concreto, e a
absorção da umidade pelas paredes.
Reparos: Remoção da alvenaria superior a viga baldrame, aplicando argamassa
impermeabilizante; impermeabilizar completamente a viga; remover o mofo, e fazer a
desinfecção dos fungos e bactérias.

4.2.6 Manchas provenientes de poluição atmosférica

As manchas provenientes da poluição atmosféricas representam um grande


44

problema estético, são manchas escuras que acabam aparecendo pelo acúmulo de partículas de
poluição aliadas à ação da chuva e vento (PETRUCCI, 2000). Observou-se esse tipo de
manifestação patológicas na figura 09:
Figura 9 – Manchas provenientes da poluição atmosférica

Fonte: Autores (2020).

A figura 09 apresenta manchas ocasionadas por poluentes suspensos no ar que


acabam aderindo a superfície do revestimento.
Possíveis causas: Poluentes presentes em suspensão na atmosfera, como fuligem e
pequenas partículas de pó tem a capacidade de aderir aos mecanismos de revestimento externo
inadequados à região, causando manchas escuras.
Origem: Pode estar relacionada à rugosidade da pintura, assim como falta de
limpeza e manutenção.
Mecanismo de ocorrência: As partículas poluentes suspensas na atmosfera, se
acomodam na superfície rugosa, se acumulando com o tempo Bauer (1997).
Reparos: Em casos de acumulação exagerada, deve ser realizado a limpeza
mecânica do local contaminado, e posteriormente restaurar a superfície com pintura adequada,
e menos porosa.

4.2.7 Manchas avermelhadas provinda de algas

As manchas avermelhadas provindas de algas aparecem em locais abrigados de


45

vento e alta umidade atmosférica onde há a proliferação dessas algas, não dependendo de
substratos para a obtenção de carbono para se nutrir (UEMOTO, AGOPYAN E BRAZOLIN,
1995). Observou-se esse tipo de mancha em vários prédios da orla da praia analisada nas
fachadas onde não havia a incidência de sol:
Figura 10 – Manchas avermelhadas

Fonte: Autores (2020).

Essa manifestação patológica é bastante recorrente em cidades litorâneas, e possui


coloração avermelhada.
Possíveis causas: Local propício, má circulação de ar, e pouca exposição aos raios
solares, além da alta umidade do ar.
Origem: Falta de elementos construtivos como pingadeira, que irá diminuiria a
circulação de água no local.
Mecanismo de ocorrência: A falta dos mecanismos de retenção de água da chuva,
aliada a falta de circulação de ar, e a pouca exposição ao sol, tornam o ambiente propício para
que a alga se prolifere.
Reparos: O local deve ser limpo com hipoclorito de sódio, e após a limpeza, deve-
se aplicar tinta à base de acrílico biocida, e a implantação de elementos construtivos como
pingadeiras, que diminuirão o fluxo de água no local.
46

4.2.8 Eflorescência

As eflorescências são originadas pela ascendência de sais presentes nos materiais


à
superfície do revestimento, geralmente aparecem em coloração esbranquiçada como na figura
11:
Figura 11 - Eflorescências

Fonte: Autores (2020).

Abaixo destacou-se as possíveis causas que provavelmente ocasionaram essa


eflorescência, bem como a sua origem e de que forma acontece:
Possíveis causas: Provavelmente a causa do surgimento desse problema está
relacionado à exposição prolongada da argamassa à ação da água.
Origem: A origem desse tipo de manifestação pode estar no projeto pelo fato de
não
ser previsto corretamente o tempo de exposição, e materiais adequados. Ou na fase de
execução, se não respeitado o tempo indicado de exposição, ou se usado materiais de
qualidade duvidosa.
Mecanismo de ocorrência: A água que infiltra nos poros da argamassa acaba
reagindo com os íons presentes no material e quando evapora, esses sais agregam à superfície
em forma de incrustações.
Reparos: Deve-se escovar a superfície seca para retirar as eflorescências, limpar a
superfície garantindo que não tenha a presença de poeira e pintar novamente.
47

4.2.9 Mancha de corrosão de elementos metálicos externos

Panoni (2015) aponta que alguns elementos metálicos como aparelhos de ar


condicionado e grades metálicas, em função do contato frequente com a umidade podem
sofrer oxidação. Esses óxidos são porosos e não aderem ao substrato, assim são facilmente
arrastados pela água e escorrem as paredes formando manchas de cor avermelhada, como
observou-se nas figuras 12 e 13:

Figura 12 - Oxidação grade metálica

Fonte: Autores (2020).

Figura 13 – Oxidação suporte ar condicionado


48

Fonte: Autores (2020).

As figuras 12 e 13 são componentes diferentes, porém tem o mesmo mecanismo


de
ocorrência.
Possíveis causas: Uso de parafusos/suporte metálico e o uso de grades compostos
de materiais inadequados à região propicia a agentes oxidantes.
Origem: Pelos materiais utilizados não terem a camada antioxidante correta para o
ambiente, a alta abrasividade atmosférica levou a estrutura metálica a oxidar.
Mecanismo de ocorrência: O material oxidado originado pela estrutura metálica
pode ser facilmente transportado pela força da chuva, escorrendo e manchando a parede.
Reparos: Primeiramente os itens metálicos devem ser substituídos por metais que
receberam galvanização, impedindo próximas oxidações. O local manchado pela ferrugem
torna-se de difícil limpeza, sendo sugerido a aplicação de tintas acrílicas.

4.2.10 Corrosão de armadura

O processo de corrosão de armadura, pode se originar de diversos fatores, como


falta de cobrimento mínimo adequado, fissuras nos revestimentos possibilitando que a água
chegue até a armadura junto a substâncias tóxicas, ambiente pelo qual a peça foi exposta
(CASCUDO, 1997).
Visando a segurança da edificação, quando um elemento estrutural chega a este
ponto, deve-se intervir imediatamente. Em situações ideais os mecanismos de ocorrência que
podem originar este tipo de patologia, devem ser reparados antes de que o processo de
corrosão se inicie.
A manifestação patológica mais recorrente na área estudada sem dúvidas foi a
corrosão de armadura:
Figura 14 – Corrosão de armadura
49

Fonte: Autores (2020).

Figura 15 – Corrosão de armadura com desplacamento

Fonte: Autores (2020).

Nas figuras 14 e 15 observou-se fissuras ocasionadas pela corrosão de armadura,


sendo que na figura1 15 houve desplacamento do concreto.
Possíveis causas: Cobrimento inadequado para a classe de agressividade da
edificação, assim como a alta porosidade do concreto utilizado.
Origem: A provável origem vem do projeto, pois observando a elevada idade da
50

edificação, pode-se supor que a mesma foi executada antes da introdução da norma NBR 6118
de 2013, onde torna-se exigência o cobrimento do concreto por região de risco onde se
encontra a edificação.
Mecanismo de ocorrência: A porosidade do concreto permite que agentes
agressivos penetrem na estrutura, entrando em contato com o aço, iniciando seu processo de
corrosão, ocasionando sua expansão, que consequentemente desloca a camada de concreto,
expondo a armadura.
Reparos: O primeiro passo para o reparo é fazer a verificação do sistema de
impermeabilização do local, pois a umidade excessiva tem ligação direta com a velocidade da
corrosão do aço, de acordo com Andrade (1992). Em seguida deve-se ser feita a remoção da
região de concreto que está em contato com a armadura em processo de corrosão, retirando de
1 a 2 centímetros da parte interna do concreto que está por trás da armadura. Em seguida a
armadura deve ser limpa e tratada com pintura anticorrosiva e preenchida com concreto
novamente, respeitando o cobrimento exigido para o ambiente onde a edificação se encontra.

4.2.11 Fissuras causadas por retração de produtos à base de cimento

Segundo Thomas (1992), esse tipo de fissuras no revestimento com aparência


mapeada é bem comum em fachadas externas e geralmente ocupam toda a superfície, e
observase um exemplo na figura 16:
Figura 16- Fissuras mapeadas

Fonte: Autores (2020).

Como observou-se na figura 16, as fissuras mapeadas geralmente estão associadas


a retração de produtos à base de cimento.
Possíveis causas: Presença de água em excesso na mistura da argamassa do
revestimento.
51

Origem: A origem desse problema pode estar no projeto se não foi previsto
corretamente a dosagem da argamassa ou na execução se houve negligência e as
especificações do projeto não foram seguidas, também pode estar associado ao fato da
argamasse ter sido aplicada em um dia com temperaturas muito altas e não terem sido
tomadas precauções para prevenção de fissuras.
Mecanismo de ocorrência: A água em excesso na argamassa acaba evaporando e
deixando vazios, então seu volume sofre redução e resulta em fissuras.
Reparos: As fissuras mapeadas são tipos de fissuras superficiais, nesse caso pode-
se utilizar fitas de poliéster TNT para preenchê-las, esse material é flexível e possibilita que a
estrutura trabalhe se as fissuras não estiverem estabilizadas totalmente, outra opção é utilizar
selantes elásticos especiais para essa finalidade, depois de aplicada sobre a superfície, são
lixadas e pintadas novamente.

4.2.12 Fissuras causadas por recalque de fundação

Para que possa ser feita a escolha do procedimento para reforçar a fundação, deve
ser feita verificação do solo onde o edifício se encontra, o grau de risco, e as forças que estão
atuando, e os recursos financeiros disponíveis para o reparo (CALISTO; KOSWOSKI, 2015).
A evolução da fissura deve ser acompanhada para que haja a verificação da
estabilização sua intensificação.
Na figura 17 observou-se fissuras com o ângulo de 45° na edificação, in loco onde
foi analisado o rebaixamento da estrutura que provavelmente está relacionado a recalque de
fundação:

Figura 17 - Fissura causada por recalque de fundação


52

Fonte: Autores (2020).

Esse tipo de fissura está relacionado à a acomodação dos solos proveniente de


carregamentos externos, ao longo de um determinado tempo. Essa acomodação, ocasiona
recalques diferenciais a estrutura, resultando em trincas diagonais, conforme apresentado na
figura 17.
Possíveis causas: Estudo inadequado do tipo de solo, e/ou subdimensionamento da
fundação.
Origem: Pode ter sido originada em três etapas, a de projeto, onde possivelmente
houve negligência na avaliação do solo; na etapa de execução, onde o projeto pode não ter
sido seguido corretamente; ou durante a etapa de utilização, não respeitando o uso adequado
do espaço.
Mecanismo de ocorrência: Fundações inadequadas para o solo específico, sofrem
instabilidades com a ação da erosão da água no solo, fazendo com que a fundação não suporte
estas ações e deforme a estrutura.
Reparos: Monitoramento quanto a estabilização das deformações; Em casos
extremos, se faz necessário o uso de reforço de elementos de fundação, conforme já descritos
no Capítulo II deste trabalho.

4.3 QUADRO RESUMO DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ENCONTRADAS

O quadro 3 sintetiza as principais manifestações patológicas encontradas na área


estudada:
53

Quadro 3 – Quadro resumo manifestações patológicas


Tipos de Causas Recomendação de Figura
Manifestação intervenção
Descolamento Ausência, ou mau Remoção da
de reboco preparo do argamassa colante
substrato restante, corrigir a
rugosidade da
superfície, e aplicar
as camadas de
chapisco, emboço e
reboco.

Destacamento Perda de aderência Remoção das placas


de placas ocasionada pelo cerâmicas,
cerâmicas mau preparo do posteriormente
local de aplicação, o preparo
ou da argamassa adequado da
colante superfície de
aplicação, e
a aplicação
de argamassa
colante de qualidade

Descascamento Ocasionado na
da pintura parte da execução Remoção da parte
onde com a presença de
provavelmente a bolhas, e preparo da
superfície não superfície eliminando
tenha sido a poeira, e
preparada posteriormente
corretamente para aplicar a camada de
receber a camada pintura
de pintura

Tipos de Causas Recomendação de Figura


Manifestação intervenção
54

Mofos e Ausência de Remoção da alvenaria


bolores camada da parte superior à
impermeabilizante, viga baldrame;
e baixa remover o mofo ainda
estanqueidade presente;
estrutural impermeabilizar a
viga

Manchas Falta de Limpeza do local;


provenientes manutenção; e aplicação de tinta
de poluição camada de tinta menos porosa
atmosférica altamente rugosa

Presença Substituição dos


Mancha de vulnerável a componentes
corrosão de agentes metálicos,
elementos atmosféricos galvanizados, ou
metálicos agressivos de resistentes a
componentes corrosão; nova
metálicos não camada de local tinta
resistentes a acrílica no manchado
corrosão

Tipos de Causas Recomendação de Figura


55

Manifestação intervenção
Eflorescência Exposição A superfície afetada
prolongada da deve ser limpa,
argamassa sem garantindo a remoção
camada de tinta, à total da camada, e em
chuva seguida deve-se preparar
a superfície para a
aplicação da camada de
tinta

Corrosão de Cobrimento mínimo Remover o concreto na


armadura do concreto não região afetada pela
respeitado pela armadura em estado de
região de risco da corrosão, remover até 2
estrutura, alta centímetros de
porosidade do profundidade; limpar a
concreto armadura, e pintar com
tinta anticorrosiva;
preencher o local
removido com concreto
novamente; e verificar a
impermeabilização da
peça no intuito de
diminuir a umidade no
local

Fissuras por Água em excesso Pode-se utilizar fitas de


causadas de durante o período de poliéster TNT para
retração à mistura da preenchê-las, outra
produtos de argamassa, opção é utilizar selantes
base ocasionando espaços elásticos especiais para
cimento vazios na camada de essa finalidade, depois
revestimento de aplicada sobre a
superfície, prepará-la
para a nova camada de
tinta.
56

Tipos de Causas Recomendação de Figura


Manifestação intervenção
Fissuras Estudo Acompanhamento da
causadas por equivocado evolução das
recalque de do tipo de solo; e deformações; em casos
fundação subdimensionamento extremos, se faz
da fundação necessário o uso de
reforço de elementos de
fundação.

Fonte: Autores (2020).


Observou-se no quadro acima o resumo das manifestações patológicas encontradas,
percebe-se que muitas delas poderiam ser evitadas se previstas algumas medidas de prevenção
durante a etapa de projeto e execução, como por exemplo se previstas e executadas
impermeabilizações eficientes, uso de materiais de boa procedência, mão de obra qualificada,
etc.
Para realização da pesquisa foram analisadas e coletadas imagens de todas as
manifestações patológicas encontradas, e juntamente com o relatório realizado durante as
vistorias foi possível projetar no gráfico da figura 01 os tipos de manifestações patológicas
encontradas e a incidência de cada uma delas, como observa-se abaixo:

Gráfico 1 - Incidência de manifestações patológicas


57

Gráfico de incidência de manifestações patológicas


FISSURAS POR RETRAÇÃO DE PRODUTOS A BASE… 4%
FISSURAS CAUSADAS POR RECALQUE DE… 4%
CORROSÃO DE ARMADURA 22%
EFLORESCÊNCIA 2%
MANCHAS DE CORROSÃO DE ELEMENTOS … 6%
MANCHAS AVERMELHADAS PROVINDAS DE ALGAS 10%
MANCHAS PROVENIENTES DE POLUIÇÃO … 8%
MOFOS E BOLORES 10%
DESCASCAMENTO DA PINTURA 12%
BOLHAS NA PINTURA 10%
DESTACAMENTO DE PLACAS CERÂMICAS 6%
DESCOLAMENTO DE REBOCO 6%
0% 5% 10% 15% 20% 25%

Fonte: Autores (2020).


O gráfico foi elaborado observando 50 manifestações patológicas em 40 edificações
analisadas ao longo da orla da praia do Mar Grosso, onde posteriormente foram analisadas e
produzido o gráfico referente a incidência desses problemas.
No gráfico apresentado é possível observar que a maior incidência de manifestações
patológicas encontradas é a corrosão de armadura, isso pode estar relacionado ao meio
agressivo da região aliado à falta medidas específicas de construção para esse ambiente, o
padrão construtivo em uma região do interior ou na beira mar é o mesmo, porém o grau de
agressividade próximo ao mar é muito maior.
No que se refere a origem, relatou-se semelhanças em grande parte dos edifícios
observados, alguns provavelmente relacionam-se a execução, as vezes aliado à falta de
manutenção, e também em alguns casos é possível observar relação com o projeto e o
material utilizado.
É importante salientar que a origem dessas manifestações patológicas são hipóteses
baseadas em situações semelhantes, e em alguns casos mesmo o projeto prever e especificar
corretamente, na hora da execução o projeto não é respeitado. Por isso nota-se a importância
de mão de obra qualificada e de um engenheiro responsável presente no dia a dia da obra. A
procedência dos materiais também é um fator importantíssimo que muitas vezes acaba sendo
negligenciado como uma forma de reduzir os custos, porém esse tipo de medida acaba
gerando custos muito maiores de reparo futuramente.

5 CONCLUSÃO

O presente trabalho teve como finalidade realizar um levantamento detalhado das


58

manifestações patológicas mais recorrentes nas edificações presentes na orla da praia do Mar
Grosso, em Laguna – Santa Catarina, visando apontar suas possíveis causas, o que originou e
de que forma ocorre esse processo de degradação.
Ao decorrer do desenvolvimento da pesquisa, observou-se que diversas
manifestações patológicas poderiam ter sido evitadas caso fossem tomadas certas precauções
na etapa de projeto e execução, ou se fossem previstas manutenções periódicas. A maioria das
manifestações patológicas tinham ligação direta ou indiretamente com a umidade, portanto
conclui-se que as fachadas que não recebiam insolação apresentavam maior incidência de
problemas patológicos, isso porque o tempo de exposição a umidade acabava sendo maior.
Outro ponto analisado é que em geral não são tomadas medidas específicas de
proteção tanto nas disposições arquitetônicas para que tornem as fachadas menos suscetíveis a
agentes degradantes, e também em relação ao meio agressivo devido à alta concentração de
sais no ar.
As manifestações patológicas com maior incidência na região estudada estavam
relacionadas a corrosão de armadura. Isso provavelmente está relacionada ao meio agressivo
pela grande proximidade ao mar.
Uma consideração importante é que mesmo com a adequação do projeto e
precauções na execução não garantem proteção total contra esses tipos de problema, isso
porque seus mecanismos de ocorrência são dinâmicos e as causas apontadas são hipóteses
com bases em estudos anteriores. Porém, essas medidas poderiam retardar o aparecimento
desses problemas ou diminuir sua proporção.
Assim, entende-se que novas práticas construtivas precisam ser implantadas em
obras inseridas na orla litorânea, e como sugestão para trabalhos futuros seria apresentar
métodos construtivos e materiais específicos para edificações em regiões litorâneas com nível
elevado de agressividade para evitar ou prorrogar o aparecimento dessas manifestações
patológicas.

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