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Augusto Virgílio Samuel

Faiza Osmane Barry

Necésio Coutinho Ussaca

Nelson Francisco Neves Muzila

Orlísio Sean Orlando Massingue

Erosão Costeira nos Bairros de Ponta-Gea e Palmeiras

Licenciatura em Engenharia Civil

Universidade Pedagógica

Maputo

2019
Augusto Virgílio Samuel

Faiza Osmane Barry

Necésio Coutinho Ussaca

Nelson Francisco Neves Muzila

Orlísio Sean Orlando Massingue

Erosão Costeira nos Bairros de Ponta-Gea e Palmeiras

Trabalho realizado na cadeira de Análise


de Impactos Ambientais da Universidade
Pedagógica, do curso de Engenharia Civil
Laboral sob orientação do Msc. Arqtª.
Sónia de Jesus Gomes

Universidade Pedagógica

Maputo

2019
Índice

RESUMO ......................................................................................................................................... I
ABSTRACT .................................................................................................................................... II
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 1
1.1. Objectivos......................................................................................................................... 2
1.1.1. Geral:......................................................................................................................... 2
1.1.2. Específicos ................................................................................................................ 2
1.2. Metodologia ..................................................................................................................... 2
1.3. Descrição da área de estudo ............................................................................................. 2
1.4. Delimitação do tema......................................................................................................... 3
1.5. Problemática ..................................................................................................................... 4
1.6. Justificativa....................................................................................................................... 5
2. REVISÃO TEÓRICA ............................................................................................................. 6
2.1. Ciclone ............................................................................................................................. 6
2.2. Tipos de ciclone e suas particularidades .......................................................................... 6
2.3. Ciclone idai ...................................................................................................................... 8
2.4. Efeitos dos ciclones tropicais ........................................................................................... 9
2.5. Erosão costeira ................................................................................................................. 9
2.6. Consequências do processo de erosão costeira .............................................................. 10
2.6.1. Medidas de mitigação da erosão costeira................................................................ 10
3. DISCUSSÃO DE RESULTADOS ....................................................................................... 12
3.1. Erosão costeira nos bairros da Ponta Gea e Palmeiras devido ao ciclone Idaial ........... 14
3.2. Consequências na costa da Ponta Gea e Palmeiras que advém do ciclone Idai ............. 16
3.3. Estudos recomendam maior investimento...................................................................... 17
4. CONCLUSÃO: ..................................................................................................................... 18
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................................. 20
Índice de figuras

Figura 1:Localização geográfica da província de Sofala (cidade da Beira) ................................... 2


Figura 2: localização da marginal das palmeiras e ponta Gêa ........................................................ 4
Figura 3: Formações dos ciclones ................................................................................................... 8
Figura 4: Bairro das ponta Gêa Beira ........................................................................................... 12
Figura 5: Bairro das palmeiras ...................................................................................................... 13
Figura 6: Bairro das palmeiras ...................................................................................................... 13
Figura 7: Bairro da Ponta Gea ...................................................................................................... 14
Figura 8: Erosão costeira na marginal das palmeiras.................................................................... 15
Figura 9: Marginal das palmeiras, Beira ....................................................................................... 16
I

RESUMO
Em países banhados pelos oceanos, as costas tem sido um de lugares mais usados, seja para receber
mercadorias, turismo e até habitações. Neste âmbito cuidar destas zonas ou procurar métodos que
possam combater a inevitável fúria das águas é uma das responsabilidades e um aspecto a ser
estudado pelas entidades que as competem. A cidade da Beira é uma das cidades do país
favorecidas pela orla marítima do oceano índico o que lhe torna susceptivel a grandes fenómenos
naturais de origem oceânica, causado desta forma erosão costeira. Neste trabalho apresentar-se-á
o estado em que as zonas de Ponta Gea e Palmeiras encontram-se após a passagem do ciclone que
devastou a cidade da Beira no presente ano, as medidas tomadas e as que estão em vigor face a
erosão costeira que esta zona está susceptivel.

Os moradores da Ponta Gea e Palmeiras têm se mostrado apreensivos pela invasão das águas na
via, quando a maré encontra-se alta, alguns elementos colocados são adaptáveis e não transmitem
confiança, pois esses poderão ceder e as águas poderão romper as infraestruturas ao longo da orla
marítima devido a palantina erosão, causada pelas fúrias das águas. Portanto, com a passagem do
Ciclone Idai, as estruturas mostraram-se inviáveis, havendo necessidade de colocar infraestruturas
de proteção da costa eficazes contra a fúria das águas, pois zonas do género são susceptiveis aos
de mais eventos destrutivos naturais.

Palavras-chave: Erosão costeira, Ciclone Idai, Beira.


II

ABSTRACT
In countries bordering the oceans, the coasts have been one of the most used places, whether for
goods, tourism or even housing. In this context, taking care of these areas or looking for methods
that can combat the inevitable fury of the waters is one of the responsibilities and an aspect to be
studied by the entities that compete them. The city of Beira is one of the cities of the country
favored by the Indian Ocean seafront which makes it susceptible of great natural phenomena of
oceanic origin, thus caused coastal erosion. This paper will present the state in which the areas of
Ponta Gea and Palmeiras are after the passage of the cyclone that devastated the city of Beira this
year, the measures taken and those in force due to the coastal erosion that This zone is susceptible.

The residents of Ponta Gea and Palmeiras have been apprehensive about the invasion of water on
the road, when the tide is high, some elements placed are adaptable and do not transmit confidence,
as they may give way and the waters may break the infrastructures along the waterfront due to
palantine erosion, caused by water furies. Therefore, with the passage of Cyclone Idai, the
structures proved to be unfeasible, and there was a need to place effective coast protection
infrastructures against water fury, as areas of this kind are susceptible to more natural destructive
events.

Keywords: Coastal erosion, Cyclone Idai, Beira.


1

1. INTRODUÇÃO
Moçambique é um dos países africanos mais expostos aos episódios meteorológicos extremos,
potencialmente causadores de vítimas humanas e danos materiais avultados. Os ciclones que
ocorrem nesta região estão ligados à oscilação das águas quentes superficiais entre a região oeste
da América do Sul e a costa sudeste de África, em que as águas quentes são arrastadas para a região
sudoeste do Índico, junto a Madagáscar e à costa africana.

A Zona Costeira Moçambicana é a terceira mais extensa de África com cerca de 2 600 km, está
compreendida entre o Rio Rovuma e Ponta do Ouro. A zona costeira abarca oito Províncias do
País, 40 distritos, e doze cidades. Segundo o censo de 2017, a zona litoral ocupa cerca de 154 000
km2, correspondendo a cerca de 19 % do território nacional (799 380 km2).

No âmbito da presente análise dos impactos que o ciclone Idai provocou à zona costeira da cidade
da Beira, é importante referir que os ciclones tropicais formam-se a partir de perturbações
atmosféricas sobre grandes massas de água quente, onde há alta concentração de calor e humidade,
no entanto, perdem sua intensidade assim que alcançam regiões costeiras e o continente, pois o
calor e a humidade já não estão disponíveis em condições favoráveis. Esta é a razão de as regiões
costeiras serem geralmente as mais afectadas pela passagem de um ciclone tropical, regiões do
interior são geralmente poupadas dos ventos mais fortes, entretanto, as chuvas torrenciais podem
causar enchentes severas.

A que referir que, a Beira situa-se na linha natural de formação de tempestades tropicais do oceano
Índico, facto este que, segundo (DW,2019) justificou a ocorrência de mais de dez ciclones nos
últimos 8 anos, que com a combinação de ventos e chuvas fortes causam sérios danos ambientais
e sócio-económicos.
2

1.1. Objectivos
1.1.1. Geral:
 Analisar os impactos ambientais causados pelas águas na zona costeira junto da devastação
do ciclone Idai na cidade da Beira.

1.1.2. Específicos
 Descrever as características estruturais da zona em estudo.
 Identificar os meios preventivos contra erosão costeira nos bairros de palmeiras e Ponta
Gea.
 Comparar os meios usados em cada zona e o nível propensão de erosão da mesma.
 Identificar a viabilidade funcional das medidas preventivas adoptadas referentes à erosão
costeira.
 Descrever a situação actual da zona costeira.
 Propor novas soluções face ao actual estado da zona costeira da cidade.

1.2. Metodologia
A elaboração do presente documento consiste na análise e esquematização de dados de diferentes
bibliografias, artigos científicos e jornalísticos, disponibilizados nas diversas plataformas virtuais,
anexadas ao trabalho, expondo de forma clara todas as questões inerentes ao mesmo.

1.3. Descrição da área de estudo

Figura 1:Localização geográfica da província de Sofala (cidade da Beira)


3

A Beira é uma cidade Moçambicana, capital da província de Sofala, que surge por volta de 1980,
mas recebe o estatuto de cidade ao 20 de Agosto de 1907. A Beira é hoje, a quarta maior cidade
de Moçambique, após a Matola, Maputo e Nampula, contando com uma população de 533 825
habitantes de acordo com o Censo de 2017. Depois de Maputo, a cidade possui o segundo maior
porto marítimo para o transporte internacional de cargas de Moçambique.

Está localizada a cerca de 1190 km a norte de Maputo, no centro da costa do Oceano Índico. O
município tem uma área de 633 km², e uma altitude média de 14 metros acima do nível do mar,
limitada ao norte e a oeste pelo distrito de Dondo, a leste pelo Oceano Índico e à sul pelo distrito
de Búzi.

A cidade ergue-se numa região pantanosa, junto à foz do Rio Púnguè, e sobre alongamentos de
dunas de areia ao longo da costa do Índico. A vegetação natural é caracterizada por terras baixas
e litoral com mangais.

O clima da região é caracterizado por ser tropical húmido chuvoso de savana, com temperaturas e
humidade elevadas no verão, especialmente durante a estação das monções de Outubro a
Fevereiro.

1.4. Delimitação do tema


Face ao tema em questão, o presente trabalho singe-se na análise do impacto ambiental causado
pela ocorrência do ciclone Idai, no que se refere à erosão costeira, numa parcela de cerca de 2,34
km que corresponde à zona costeira dos bairros de Ponta Gea e Palmeiras, procurando responder
as seguintes questões:

1. Qual é situação actual da zona costeira em estudo?


2. Até que ponto a acção humana influencia a Erosão costeira?
3. Quais são as medidas de prevenção adoptadas referentes à erosão costeira?
4. Quais foram os impactos ambientais causados pelo ciclone Idai na zona em estudo?
5. Que medidas preventivas se podem tomar, como forma de minimizar a erosão costeira?
4

Figura 2: localização da marginal das palmeiras e ponta Gêa

1.5. Problemática
A região onde foi erguida a cidade da Beira provavelmente não terá sido a mais ideal,
concretamente nas proximidades de dunas ao longo do estuário do rio Púngue e numa área baixa
relactivamente ao nível do mar, o que torna a cidade vulnerável à erosão, e as ondas do mar, e com
a pressão habitacional esta fragilidade aumenta.

Actualmente mais de meio milhão de pessoas habita a cidade, que inicialmente estava preparada
para pouco mais de 30 mil. Devido a fúria das águas do mar e a falta de elementos que possam a
abrandar, a costa dos bairros da Ponta Gea e Palmeiras vão sendo consumidas de pouco em pouco,
os moradores têm feito ou arranjado maneiras de evitar a destruição da costa, com aplicação de
métodos não muito eficazes, mas que funcionam à curto prazo. A uma entrevista feita aos
moradores no ano de 2018, pela DW (revista electrónica), estes temiam o agravamento da erosão,
5

que está a provocar graves problemas na zona alta costeira da Beira, e invasão das águas à cidade
num futuro próximo.

Ambientalistas moçambicanos já vem monitorando a questão da erosão costeira, tendo em vista


que a costa vem diminuindo com o passar do tempo.
No princípio do ano de 2019 um ciclone devastou a cidade da beira, em que a zona costeira foi
uma das mais afectadas levando a destruição e invasão das águas a cidade, destruído também
alguns elementos de contecção das águas ao longo da zona de estudo, destruição essa que poderia
ser minimizada, ou mesmo evitada com a colocação de elementos infraestruturais eficazes, capazes
de responder de forma satisfatória a esses desastres naturais. Desta forma é justo refletir sobre o
estado e o tratamento feito na costa sobre forma de evitar a destruição e consumo das
infraestruturas ao longo da costa, o que nos leva a questionar:
Até que ponto o ciclone idai afectou as infraestruturas de contenção outrora existentes?

Ate que ponto a falta de elementos infraestruturais de proteção da costa nas zonas da Palmeiras e
Ponta Gea, levará a destruição destas e consequente destruição infraestrutural ao longo da mesma?

1.6. Justificativa
Como os ciclones passam grande parte de seu ciclo de vida sobre os oceanos, os países que
possuem o litoral e tráfegos marítimos constantemente afectados pela passagem desses sistemas
meteorológicos sofrem perdas incalculáveis, tanto de vidas humanas quanto de bens materiais.
Entende-se que haja a necessidade de se estudar a erosão costeira a nível da Ponta Gea e Palmeiras,
pelo facto do mesmo poder servir de guia para a identificação dos principais factores erosivos,
contribuindo significativamente na melhoria de medidas mitigadoras, fazendo com que haja
prevenção da erosão a nível dos bairros a cima citados, reduzindo deste modo as possíveis
consequências desde problema a nível sócio-económico e as possíveis ameaças a própria
sustentabilidade do meio ambiente.
6

2. REVISÃO TEÓRICA
2.1. Ciclone
Ciclones são tempestades tropicais formadas em centros de baixa pressão, áreas associadas à
formação de nuvens, à humidade e a tempestades. A instabilidade nessas áreas provoca uma
intensa movimentação do ar convergente no seu centro, concentrando humidade e calor.

Ciclone é um fenômeno atmosférico em que os ventos giram em sentido circular, tendo no centro
uma área de baixa pressão. No hemisfério sul, o vento gira em sentido horário e no norte, no sentido
anti-horário.

Os ventos de um ciclone podem chegar a 200 km/h e, geralmente, apresentam-se acompanhados


de fortes chuvas (tempestades). Estas precipitações ocorrem, pois o ar quente se eleva, formando
assim as nuvens.

Os ciclones formam-se, geralmente, em regiões de clima tropical e equatorial, em áreas do oceano


com águas quentes. Quando um ciclone nasce e se desenvolve no Oceano Atlântico ele é chamado
de furacão. Quando o ciclone é formado sobre as águas do Oceano Pacífico, então é chamado de
tufão.

2.2. Tipos de ciclone e suas particularidades


Embora seja mais comum os ciclones se formarem em regiões de clima tropical, subtropical e
equatorial, dependendo da latitude e do clima inserido, os ciclones podem ser:

 Ciclone Tropical: ocorrem em locais de clima tropical, com altas taxas de humidade e
elevadas temperaturas, sendo acompanhados de fortes tempestades de chuvas e ventos.
 Ciclone Extratropical: ocorrem em regiões que apresentam latitudes médias, sendo
acompanhadas por fortes tempestades. Recebem esse nome uma vez que ocorrem fora da
faixa denominada tropical.
 Ciclone Subtropical: acompanhado por ventos com altas velocidade, esse tipo de ciclone
ocorre em locais de clima subtropical, os quais englobam características dos ciclones
tropical e extratropical.
7

 Ciclone Polar: ocorrem em locais de clima polar, ou seja, que apresentam baixas
temperaturas e, consoante o local em que se desenvolvem, polo norte ou polo sul, são
classificados em: ciclone ártico ou ciclone antártico, respectivamente.
 Anticiclone: formam-se em regiões com existência de elevadas pressões em relação às
regiões vizinhas e no mesmo nível.
 Furacão ou Tufão: os furacões ou tufões, são ciclones que se formam no oceano,
caracterizando fenômenos violentos com ventos fortíssimos que atingem mais de 200km/h.
 Tornado: Considerada um dos mais fortes fenômenos relacionados as movimentações das
massas de ar, os tornados podem atingir até 400 km/h.

Uma das diferenças mais importantes entre os ciclones tropicais, subtropicais e extratropicais
é a temperatura no seu centro. A temperatura do interior define o tipo de ciclone. Próximo da
superfície, o centro dos ciclones extratropicais é mais frio do que atmosfera ao redor, enquanto
que o centro dos ciclones subtropicais é mais quente do que a atmosfera ao redor. Isso deixa a
atmosfera mais instável e aumenta as condições para ocorrência de tempestades severas.

Os ciclones subtropicais têm tamanho horizontal menor do que os extratropicais e podem


causar condições de tempo severo em regiões localizadas. Os subtropicais, em geral provocam
volumes de chuva e ventos mais elevados do que os extratropicais. Os ciclones tropicais podem
variar muito de tamanho.
8

Figura 3: Formações dos ciclones

2.3. Ciclone idai


O Idai teve origem numa depressão tropical que se formou na costa leste de Moçambique a 4 de
março e que atingiu o país no final do dia, afectando especialmente a região centro. No dia 9 de
março, a depressão deslocou-se de novo para o Canal de Moçambique, intensificou-se, os ventos
aumentaram de intensidade passando a Tempestade Tropical Moderada Idai e posteriormente a
Ciclone Tropical Idai categoria 4, o que significa ventos acima dos 200 km/h.

Na noite de 14 para 15 de março o Ciclone atinge a costa de Moçambique na região da Beira com
trajetória para o interior trazendo desgraça e dor a milhares de pessoas, que em algumas regiões já
estavam a sofrer devido às fortes chuvadas que já tinham ocorrido. Idai trouxe fortes ventos e
causou graves inundações não só em Moçambique mas também em em Madagáscar, Malawi e
Zimbabwé.
9

A cidade da Beira é uma região que tem ocorrência frequente de ciclones tropicais. A temporada
de ciclones na parte sudoeste do Oceano Índico começa a 15 de Novembro e termina a 30 de Abril
de cada ano. A vigilância dos sistemas tropicais formados nesta região são da responsabilidade do
Centro Meteorológico Regional Especializado da Reunião, que é controlado pela Météo-France,
Serviço Meteorológico Francês. Na temporada de 2018-2019, o ciclone Idai foi o sétimo ciclone
tropical da temporada de ciclones no Índico Sudoeste.

2.4. Efeitos dos ciclones tropicais


Os efeitos de ciclones tropicais são geralmente os impactos que estes provocam nas áreas por onde
percorrem. Os principais impactos destrutuivos incluem chuva pesada, fortes ventos, e até mesmo
grandes marés ciclônicas. O poder destrutivo de um ciclone tropical depende principalmente de
sua intensidade e de seu tamanho. Os ciclones tropicais agem na cobertura florestal, assim como
também mudam a paisagem, por mover e remoldar dunas de areias e causando erosão extensiva
ao longo da costa. Mesmo quando está sobre terra, pesadas chuvas podem levar a enxurradas de
lama e deslizamentos de terra em áreas montanhosas.

Após a passagem do ciclone, a devastação continua. A água parada pode causar a disseminação de
doenças e a infraestrutura de transportes e comunicações podem ser destruídas, atrasando a
limpeza e os esforços de resgate.

2.5. Erosão costeira


Erosão costeira é um processo natural decorrente de um balanço sedimentar negativo que ocorre
ao longo da linha de costa provocado pela ação das águas do mar, segundo (DIAS, FERREIRA e
PEREIRA, 1994), este fenómeno é consequencia da elevação do nível do mar e da degradação
antropogénica das estruturas naturais (solo). As variações do nível do mar, designadas por
transições e regressões, fazem parte das transformações da terra, contudo, algumas dessas
variações são provocadas por modificações climáticas, estimuladas pelo homem.

A erosão costeira é um problema, quando esta se torna severa e perdura por longo período ao longo
de toda a praia ou trechos dela, ameaçando áreas de interesse socioeconômico e ecológico, deve
merecer atenção de cientistas e autoridades, pois o processo de erosão passa a configurar uma área
10

de perigo e/ou risco, como é o caso da zona costeira em estudo que alberga infraestruturas e
habitações.

São múltiplos os factores inductores de erosão costeira, embora alguns desses factores sejam (ou
possam ser considerados) naturais, a maior parte é consequência directa ou indirecta de actividades
humanas. Os principais factores responsáveis pela erosão costeira e consequente recuo da linha de
costa são:

 Elevação do nível do mar;


 Diminuição da quantidade de sedimentos fornecidos ao litoral;
 Degradação antropogénica das estruturas naturais;
 Obras pesadas de engenharia costeira, nomeadamente as que sãoimplantadas para defender
o litoral.

2.6. Consequências do processo de erosão costeira


A maior parte da zona costeira Moçambicana é formada por praias arenosas, destas, é
predominante o processo progressivo de erosão. A erosão costeira pode trazer diversas
consequências, tais como:

 Redução da largura da praia


 Aumento na frequência de inundações
 Aumento da intrusão salina no aquífero costeiro
 Destruição de infra-estruturs costeiras.
Geralmente, estas consequências são só perceptíveis quando as mesmas ameaçam as actividades
humanas, desde a circulação até prejuízos económicos.

2.6.1. Medidas de mitigação da erosão costeira


• Ordenamento de território, que consiste num conjunto de processos de organização do espaço
biofísico, que tem como objectivo a sua ocupação, bem como utilização e transformação de acordo
com as suas capacidades.

• Construção de paredões, esporões e quebra – mares


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Paredões são estruturas paralelas á linha de costa que se destina a evitar o efeito abrasivo nas
costas.

Esporões, tratam - se de estruturas transversais que servem para evitar o afastamento de


sedimentos e areias, que permitem uma reorientação da costa, reduzindo a intensidade do
transporte e reequilibrando o balanço aluvionar. Os esporões são usados na estabilização da costa,
em certos casos em conjunto com a alimentação artificial.

Quebra – mares, consiste em estruturas aderentes ou destacadas. Este meio tem a capacidade de
despender energia e de proporcionar condições para o deposito das áreas entre a linha de costa e a
estrutura, modifica também o transporte longitudinal e transversal, que permite controlar e corrigir
os locais onde existe erosão.

São colocados em zonas onde a energia da agitação marítima e as amplitudes da maré são
moderadas ou reduzidas.

 Estabilização de arribas.
 Alimentação artificial das praias com inertes, a transferência artificial dos sedimentos do
norte para o sul, re - alimentação artificializada das praias, com sedimentos de
granolumetria adequada. a praia é usada para dissipar a energia das ondas. Usa – se para
alargar as praias, construindo praias artificiais ou diminuir o défice aluvionar.
 Recuperação de dunas, bem como a sua melhor manutenção e mais intensificada

A aplicação destas soluções depende de factores como o transito sedimentar, a agitação marítima,
o regime dos mares, a morfologia geológica da costa, o perfil arenoso, as suas características e as
obras realizadas anteriormente.
12

3. DISCUSSÃO DE RESULTADOS
Com a passagem do ciclone idai na beira, que formou-se no dia 4 Março no canal de Moçambique,
e entrou no continente Africano (a partir da cidade da Beira), ventos com 180 a 220km/h foram
registrados com uma quantidade de chuva superior a 160 mm, provocando inundações súbitas e
também destruição de alguns elementos que protegiam a costa, como a vegetação e outras
estruturas, tornando as marginais da Ponta Gea e Palmeiras mais vulneráveis a erosão costeira, do
que já eram antes do ciclone.

Figura 4: Bairro Ponta Gea Beira

A orla marítima da cidade da Beira (Moçambique), em particular dos Bairros urbanos da Ponta
Gea e Palmeiras, constitui uma faixa ambientalmente muito vulnerável à erosão costeira,
compreendendo as unidades territoriais da Praia da Ponta Gea e Praia Nova, neste último caso
abarcando parte do estuário do rio Pùngué. Devido à ocupação desordenada do espaço, nota-se
hoje uma forte erosão em grande parte da orla marítima culminando com a destruição de inúmeras
infra-estruturas sociais, nomeadamente edifícios residenciais, comerciais, vias de comunicação
incluindo parte do revestimento vegetal local.
13

Como sustenta (REIS, 2001), "praias são bastante dinâmicas, apresentando mudanças de sua
configuração dependendo do aporte de sedimentos. Se esse aporte for maior do que a saída de
sedimentos, ocorre a expansão da linha de costa e, se a entrada de sedimentos for menor que a
saída, a praia encontra-se em processo de recuo da linha de costa". Na área em estudo, observa-
se basicamente o recuo da linha da costa.

Figura 5: Bairro Palmeiras

Figura 6: Bairro Palmeiras

Destacando os factos, pode se dizer que, em parte, a interferência antropogénica sobre as dunas
tem facilitado na aceleração dos processos erosivos sobre os terrenos marginais conteíguos à linha
da costa, evidenciando-se as seguintes razões:
14

 Remoção da vegetação das dunas o que deixa o terreno vulnerável as forças dos vento e
água intensificadas com o surgimento do ciclone idai;
 Constante arrasto de canoas, redes de pesca e outro material pelas dunas reduzindo assim
as barreiras entre as ondas marinhas e a parte interior da orla marítima, normalmente
separado por dunas.
 Construções precárias sobre a linha da costa resultando na fácil destruição dessas infra-
estruturas pelas águas, conforme a dinâmica das marés.
 Recurso a sacos de areia como medidas alternativas para conter a acção erosiva das águas.
E, por ser alternativa muito precária, as forças da natureza vencem-nas a curto prazo em
prejuízo do homem.

Figura 7: Bairro da Ponta Gea

3.1. Erosão costeira nos bairros da Ponta Gea e Palmeiras devido ao ciclone Idaial
Segundo uma noticia do jornal Noticias, com titulo, “Idai deixa beira mais exposta a invasão das
aguas do mar”:
15

A cidade da Beira nunca esteve tão exposta à invasão das águas do mar como ficou depois da
ocorrência do ciclone Idai, no passado dia 14 de Março. A afirmação foi feita há dias pelo
presidente do Conselho Autárquico, Daviz Simango, em entrevista ao “Notícias”.

De facto, o ciclone destruiu as poucas infra-estruturas e barreiras naturais que ainda protegiam a
costa, como as muralhas, esporões, dunas e árvores.

Figura 8: Erosão costeira na marginal das palmeiras

Simango sempre defendeu que a cidade da Beira nunca seria engolida pelas águas do mar, mas
neste momento está com receio quanto ao futuro da urbe. Diz mesmo que caso não haja uma
intervenção mais significativa, o pior pode acontecer nos próximos tempos.

É que as águas estão a avançar de forma galopante em direcção ao continente e os espaços onde
estavam implantados os edifícios que desabaram nos bairros da Ponta-Gea e Macúti por causa da
erosão, já foram “engolidos” pelo mar.

A zona de acampamento de pescadores e transportadores marítimo da Praia Nova também foi


levada pelas águas do mar.
16

Figura 9: Marginal das palmeiras, Beira

3.2. Consequências na costa da Ponta Gea e Palmeiras que advém do ciclone Idai
Para além de destruir os esporões recentemente edificados na zona da Praia Nova, o ciclone
destruiu a muralha localizada na baixa da cidade. Neste momento, encontram-se no terreno equipas
técnicas do Ministério das Obras Públicas e Recursos Hídricos e do Conselho Autárquico da Beira
a fazer o levantamento da destruição destas infra-estruturas públicas.
Entretanto, Daviz Simango avançou que no caso particular da muralha será necessário um trabalho
profundo de reconstrução porque a estrutura ficou totalmente abalada. Afirmou que os esforços
desenvolvidos para mitigar o fenómeno caíram por terra devido a contínua acção devastadora da
erosão costeira.
Com uma área de perto de 700 quilómetros quadrados, a cidade da Beira é conhecida como uma
das urbes mais vulneráveis às mudanças climáticas, pois situa-se numa região pantanosa junto à
foz do rio Púnguè. Simango referiu que o estudo em curso deverá estar pronto para ser partilhado
na conferência de doadores marcada para o próximo mês de Maio nesta cidade. Recordou que
antes do ciclone Idai, a autarquia precisava de 500 milhões de dólares para resolver a problemática
de erosão costeira, sendo que agora poderá evidentemente ser mais.
17

3.3. Estudos recomendam maior investimento


Vários estudos sobre a protecção costeira da cidade da Beira foram desenvolvidos nos últimos 10
anos e todos recomendam a aplicação de mais investimentos neste domínio. O mais recente,
coordenado pelo Programa de Apoio à Descentralização e ao Desenvolvimento Económico Local
(PADDEL) foi elaborado por especialistas italianos no quadro de programa de cooperação que
apoia o desenvolvimento urbanístico e sistemático de Moçambique.
A solicitação do estudo tinha como objectivo encontrar soluções face à erosão, que há várias
décadas afecta sobretudo a orla marítima desta urbe, que se reflecte na destruição de infra-
estruturas nos bairros da Ponta-Gêa, Palmeiras e Macúti.
18

4. CONCLUSÃO:
A Beira é quase toda contornada pelo Oceano Índico. É o mar que dá a esta cidade as suas
características: praias longas e marginais largas. O que a torna susceptível à fenómenos climáticos
relacionados com a invasão da água do mar à costa. Esta invasão, associada à natureza pouco
favorável e à pressão habitacional, que de uma ou de outra forma acaba comprometendo a barreira
natural das águas, torna a cidade vulnerável à Erosão costeira. Alguns bairros da cidade da Beira
já estão tão perto do mar que algumas casas já nem podem ser habitadas. É o que acontece em
Ponta-Gêa e Praia Nova (Palmeiras). As residências já foram parcialmente destruídas pelas ondas.

Como forma de mitigar este fenómeno, tem-se apostado em medidas pouco eficazes à longo prazo,
mas que funcionam à curto prazo, como é o caso do recurso à sacos de areia, verificados na Ponta
Geia.

À longo prazo, o governo local, tem como perspectiva:

 Aposta na proteção : Novos canais e mais cancelas deverão proteger a Beira de


inundações nas partes baixas da cidade, pois o ja existente no bairro das Palmeiras, em caso
de chuvas fortes, a cancela abre-se e auxilia na drenagem da água. Até agora, a água das
chuvas ficava acumulada - por vezes durante semanas. Um local ideal para a reprodução
dos mosquitos transmissores de malária.
 Arborizar os mangais : a vegetação costeira é dos meios mais eficazes existentes, que
para alem de servir de barreira da fúria de fenómenos climáticos como os ciclones, servem
de barreira natural das águas do mar, impedindo assim o balanço sedimentar negativo que
este possa causar.

É importante também referir que o que diferencia um ciclone de uma brisa é a velocidade dos
ventos, que cehgam a 200km/h, nesta ordem de ideias, como forma de minimizar os danos é
importante que se invista em infra estruturas mitigadoras robustas, e na vegetação costeira, pois
constituem uma das medidas viáveis à nivel económico, constituem uma das medidas mais
eficazes.

A costa da cidade da Beira ja apresentava sérios problemas, por via via disso foram adoptadas
medidas provisórias, mas que por falta de manunteção, ou mesmo por negligência, foram cedendo,
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com a invasão do ciclone, como pôde-se observar a destruição dos muros de contenção em estado
já precário.

O problema de erosão costeira, não acontece exclusivamente em Moçambique, é necessario


apostas em políticas e programas de reassentamento urbano, para que a zona hoje habitada, que
naturalmente servia como zona de proteção costeira (dunas), exerça a sua função.

Geralmente, estas consequências são só perceptíveis quando as mesmas ameaçam as actividades


humanas, desde a circulação até prejuízos económicos. É tempo de se começar a pensar no futuro
de toda organização administrativa da cidade
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5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
PERREIRA, Beatriz. Fenómenos da Natureza. Edictora Callis. 2011

DIAS, FERREIRA, PERREIRA. Causas da erosão costeira. S/e. 1994.

ABRANTES, Teresa. Impactos do ciclone idai em Moçambique. 2019. In : www.tempo.pt.com

BECK, Johannes. Beira luta contra mudaças climáticas. 2015. In: www.dw.com.
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