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NA CIDADE DE SETÚBAL
Junho de 2013
Agradecimentos
Aos meus colegas de trabalho, em especial ao Engenheiro Nuno Sousa, ao Mestre Jorge
Parrulas e ao Coordenador do Serviço José Luís Bucho, que contribuíram não só
durante o período da elaboração da tese, mas ao longo destes vinte anos de exercício da
minha profissão na Companhia de Bombeiros Sapadores de Setúbal e no Serviço
Municipal de Proteção Civil de Setúbal, na partilha de conhecimentos e experiências.
À minha família, nomeadamente à minha esposa Maria e ao meu filho Luís, que sempre
me apoiaram, ouvindo os meus desabafos, frustrações e que partilharam das minhas
preocupações, durante todo este tempo, dando-me o maior apoio mesmo quando me
sentia cansado e sem forças.
A todos os meus amigos que, de uma forma ou de outra, com preocupação e interesse,
me apoiaram ao longo da elaboração desta dissertação.
Ao Instituto Superior de Educação e Ciências, que ajudou nesta etapa da minha vida.
v
Resumo
vii
Abstract
The urban floods translate into one of the most important impacts on society. In the
current context, various preventive measures for flood protection and urban are
adopted, most general, corrective measures. The measures may be structural (when
they modify the river system avoiding losses from the floods) and nonstructural (better
coexistence with the flooding of the population). This project has as its main goal to
developing a plan of action of prevention against the occupation of flood risk areas
through structural and non-structural, measures associated or not, for the city of
Setúbal, which occupies mostly the flood plains of major streams water. Several
problems may be associated with these events: inadequate occupation of riverbeds; lack
of resources to housing and sanitation; lack of planning occupation of urban space; and
lack of warning systems in disaster plans and evacuation of affected areas. Therefore,
we present practical and efficient solutions for the best use of risk areas, which will
enable a better quality of life in urban areas. Effective participation of the government
and the agencies responsible for environmental management and urban policy in the
implementation of environmental education and the development of a master plan that
prioritizes flood control in urban areas should be paramount.
ix
Índice
1. Introdução .............................................................................................................. 1
2. Enquadramento teórico .......................................................................................... 3
2.1. Risco e vulnerabilidade: definições e conceitos ................................................... 3
2.2. Análise e Planeamento de risco ........................................................................... 6
2.2.1. Análise de Risco ........................................................................................... 6
2.2.2. Planeamento de Risco ................................................................................... 9
2.2.3. Matriz de Risco .......................................................................................... 11
3. Estudos prévios .................................................................................................... 13
4. Metodologia ......................................................................................................... 27
4.1. Caudais de ponta de cheia ................................................................................. 27
4.1.1. Cálculo do Caudal a Escoar ........................................................................ 29
4.1.1.1. Intensidade de precipitação ................................................................. 29
4.1.1.2. Coeficientes de escoamento................................................................. 30
4.1.1.3. Metodologia de cálculo dos caudais .................................................... 31
4.1.1.4. Capacidade Hidráulica dos Coletores .................................................. 32
4.1.1.5. Relação Entre o Caudal a Escoar e a Capacidade Hidráulica dos
Coletores ......................................................................................................... 32
4.2. Cenário ............................................................................................................. 32
4.3. Matriz de Risco ................................................................................................ 33
5. Estudo de Caso..................................................................................................... 39
5.1. Sistematização da Informação Existente ........................................................... 40
5.2. Caracterização de Base Para Determinação do Risco ........................................ 41
5.2.1. População ................................................................................................... 41
5.2.2. Enquadramento Físico ................................................................................ 43
5.2.2.1. Geologia ............................................................................................. 43
5.2.2.2. Hidrogeologia ..................................................................................... 44
5.2.2.3. Geomorfologia .................................................................................... 45
5.2.3. Clima ......................................................................................................... 47
5.2.3.1. Temperatura do ar ............................................................................... 47
5.2.3.2.Vento ................................................................................................... 48
xi
5.2.3.3. Precipitação ........................................................................................ 48
5.3. Zonas Ameaçadas por Cheias ........................................................................... 50
5.4. Ribeira da Figueira / Livramento ...................................................................... 56
5.4.1. Rede hidrográfica Natural........................................................................... 56
5.4.2. Áreas de drenagem ..................................................................................... 58
5.4.3. Caracterização da rede hidrográfica ............................................................ 59
5.4.4. Caracterização do comportamento da rede hidrográfica. Identificação de
pontos críticos. ..................................................................................................... 59
5.4.4.1.Breve caracterização da bacia............................................................... 59
5.4.4.2. Ribeira da Figueira .............................................................................. 61
5.4.4.3. Ribeira do grelhal................................................................................ 66
5.4.4.4. Ribeira de São Paulo ........................................................................... 67
5.4.4.5. Barranco do forte velho ....................................................................... 70
5.4.4.6. Ribeira do Livramento ........................................................................ 71
5.4.5. Caudais de ponta de cheia ........................................................................... 79
5.5. Identificação de pontos críticos e medidas de intervenção propostas ................ 81
5.5.1. Sistema de Drenagem Pluvial da Área de Drenagem de Livramento / Figueira
............................................................................................................................ 81
5.6. Elementos expostos nas zonas ameaçadas por cheias ........................................ 85
5.7. Capacidades de Vazão ...................................................................................... 86
5.8. Zonas de risco – Carta de Risco ........................................................................ 95
6. Considerações finais............................................................................................. 97
6.1. Medidas gerais.................................................................................................. 98
6.2. Perspetivas futuras ............................................................................................ 98
7. Conclusão .......................................................................................................... 101
8. Referências bibliográficas .................................................................................. 103
9. Anexos ............................................................................................................... 109
Anexo 1 - Mapa 2, Mapa 3, Mapa 4
Anexo 2 – Mapa 1
Anexo 3 – Mapa 5
xii
Índice de figuras
Figura 8 - " Carta de Zonas Inundáveis do Concelho de Setúbal para o período de 100
anos" ........................................................................................................................... 51
xiii
Índice de quadros
Quadro 14 - Precipitação mensal média, máxima diária e número de dias com diferentes
intensidades de precipitação em Setúbal ...................................................................... 49
xv
Quadro 20 - Dimensões caraterísticas do leito menor da ribeira de São Paulo.............. 68
xvi
Índice de ilustrações
xvii
Lista de Siglas e Abreviaturas
Cj - Cota de jusante;
Cm - Cota de montante;
d - densidade de drenagem;
I - Intensidade de precipitação;
I-D-F - Intensidade-Duração-Frequência;
J - Inclinação;
xix
K - Coeficiente de rugosidade;
PU - Posto udométrico;
Q - Caudal;
R - Raio hidráulico;
t - Duração da chuvada;
T - Período de retorno;
tc - Tempo de concentração;
xx
1. Introdução
As inundações em áreas urbanas representam um grave perigo, uma vez que atingem
áreas densamente ocupadas ocasionando prejuízos consideráveis e irreparáveis para a
população. Um conjunto de fatores pode ser relacionado quanto à ocorrência das
inundações. Certamente, um dos mais preocupantes é a falta de planeamento para
ocupação de bacias hidrográficas, resultando a ocupação de áreas consideradas de risco
de inundação.
1
consideradas de risco, isto é, nas planícies de inundação, normalmente são adotadas
soluções de caráter preventivo de modo a reduzir os danos causados pela inundação
como: regulamentação da ocupação da área de inundação, previsão de cheia e plano de
evacuação, entre outras. No entanto, uma sequência de anos sem inundação é motivo
para os grupos de interesse do setor imobiliário pressionarem o poder público para que
haja ocupação maior do leito do rio.
A pergunta de partida para a investigação é: Para uma dada área de inundação associada
a um período de retorno como graduar e mapear o risco?
O trabalho está dividido em capítulos que são: o capítulo 1, Introdução que trata da
justificação do tema a estudar e os objetivos do trabalho. O capítulo 2 é constituído pelo
enquadramento, onde se revê os conceitos e a temática do risco. No capítulo 3 são
elencados os estudos prévios anteriormente efetuados e as suas conclusões para a
mesma área de estudo. O capítulo 4 descreve a metodologia seguida para os caudais de
ponta de cheia, o cenário e a matriz de risco. O capítulo 5 aborda o estudo de caso que
compreende a Ribeira da Figueira e a Ribeira do Livramento, caraterizando as bacias e
identificando as zonas de risco que podem afetar pessoas. No capítulo 6 são efetuadas as
considerações finais onde se elenca alguns constrangimentos ao estudo, foi dado
especial realce na análise e identificação das medidas de minimização a adotar nas áreas
críticas e as perspetivas futuras. O capítulo 7 apresenta as conclusões, sendo que
diversos problemas estão associados quanto à ocorrência destes eventos.
2
2. Enquadramento teórico
Deste modo, através desta análise, verifica-se que a expressão “perigo”, além de não ser
sinónimo de “ameaça”, é a tradução mais fidedigna para o termo em Inglês de
“hazard”. Para além que, o significado de perigo se enquadra perfeitamente no conceito
aceite pela Organização das Nações Unidas (ONU), como sendo um fenómeno físico ou
um processo natural potencialmente prejudicial, que pode causar sérios danos
socioeconómicos às comunidades expostas (ISDR, 2004; UNDP, 2004).
3
preponderante na reorientação das relações das pessoas com eventos futuros (Areosa,
2005).
Deste modo, o poder económico e político, assim como as redes de proteção civil,
configuram-se como chaves no entendimento da vulnerabilidade e na avaliação da
vulnerabilidade da população a um evento adverso. Esta avaliação, segundo (Grange e
Hayne, 2001), deve-se concentrar nos seguintes fatores:
4
▪ A subsistência: infraestruturas de serviço, abastecimento de água e luz, sistema
de esgotos e telecomunicações;
Para finalizar, apesar das múltiplas definições que se podem encontrar nos textos e
revistas especializadas, dos termos perigo, vulnerabilidade e risco (utilizados por
diversas ciências sugerindo-nos que sejam polissémicos), existe um aspeto em que
todos os autores das diversas ciências estão de acordo: Há atualmente uma tendência
para a não-aceitação neutra dos riscos, os quais se tornam domínio de investigação
exigindo uma compreensão racional das causas e da estrutura dos mesmos (Almeida et
al, 2003). Falamos especificamente nas medidas preventivas, ou seja, de “análise de
risco” e “planeamento de risco”, conceitos que pressupõem uma (certa) capacidade de
controlo sobre o risco possibilitando que o homem seja capaz de identificar, mensurar e
calcular as melhores estratégias para evitar ou minimizar a probabilidade da sua
ocorrência.
5
2.2. Análise e Planeamento de risco
Fonte: Colt – A gestão do risco de desastres como parte do planeamento local, 2006.
6
▪ Dados sobre o perigo: tipo, data, local de ocorrência, frequência, magnitude,
etc.
E sempre que possível, devem ser utilizados na avaliação de risco, dados quantitativos,
de fontes oficiais ou confiáveis, factos históricos e métodos de análise que envolvam
modelos matemáticos e físicos. A intenção é que a avaliação se torne passível de
repetição e comparação, refletindo de forma mais clara a realidade do local em estudo e
não a perceção do especialista responsável pela mesma. (Murck, Skinner e Porter,
1996), acrescentam que a análise de risco (risk analysis), compreende de um modo
genérico, diversas etapas: o cálculo da probabilidade com que um determinado evento
possa acontecer com um determinada grandeza ou intensidade; a quantificação da
exposição potencial do homem e das estruturas aos efeitos físicos do evento em análise;
a análise da relação entre a ocorrência do evento e a localização das estruturas
potencialmente envolvidas, dos sistemas de emergência e a comunidade e a
quantificação da vulnerabilidade da comunidade ao evento e o cálculo do potencial
impacto económico e social que o mesmo evento pode desencadear.
7
Quadro 2 - Categorias do Risco
8
2.2.2. Planeamento de Risco
Relativamente ao conceito de “planeamento de risco” e voltando às reflexões de (Colt
2006), este pode ser entendido por planeamento e execução de ações para evitar ou
diminuir os efeitos de um desastre grave ou uma catástrofe de forma integral,
procurando instrumentos de prevenção e preparação destinados a incorporar um plano
estratégico de gestão de risco. A Organização das Nações Unidas (1991), refere que é
fundamental o conhecimento dos riscos específicos, a identificação dos elementos em
risco e a avaliação e quantificação das suas vulnerabilidades para um planeamento
eficaz e de prevenção e proteção.
No entanto, (Lavell, 2003), refere que a gestão de risco de um evento adverso em geral,
pode ser considerado um processo social relativamente complexo que procura por um
lado, reduzir os níveis existentes de risco do evento em si, e por outro, a previsão e
controlo de riscos futuros na sociedade. Este processo implica a realização de séries
concatenadas de estratégias, instrumentos ou ações de controlo e redução do risco, que
incluem:
9
Quanto às principais características ou parâmetros da gestão do risco, o autor
citado salienta ainda que:
11
3. Estudos prévios
Apesar das inundações referidas terem sido causadas por cheias extremas quase todos os
anos ocorrem cheias de menor amplitude, afetando certas áreas na parte mais baixa da
cidade de Setúbal.
A pressão urbanística que se tem feito sentir na cidade de Setúbal por parte de grupos de
interesse do sector imobiliário dificulta um verdadeiro planeamento urbanístico - daí
que a cidade tenha vindo a crescer ao longo do vale e da planície de cheia de um modo
algo desenfreado, desde o início do século. As autoridades locais têm sido mais
sensíveis às pressões desses grupos do que à de grupos ambientalistas, que têm
promovido campanhas contra a ocupação de solos de elevada produtividade agrícola,
por construções, antes defendendo a sua preservação como uma área de parque natural
(Correia et al., 1996).
Em 1990 um novo instrumento legal sobre planeamento de uso do solo foi criado a
nível nacional, obrigando à preparação e aprovação dos Planos Diretores Municipais
(PDM). Estes PDM devem incluir a definição de vários usos do solo e estabelecer
regras de desenvolvimento, incluindo a criação de áreas protegidas de acordo com
critérios ambientais como os da Reserva Ecológica Nacional ou da Delimitação das
13
Zonas Adjacentes. Esta obrigação foi interpretada pela municipalidade de Setúbal mais
como um veículo para a expansão urbana do que como uma oportunidade para corrigir
erros antigos de crescimento urbanístico. (Correia et al., 1996).
Este estudo foi apresentado em dois relatórios: 1º Relatório - “Caracterização das Bacias
Hidrográficas e Estudo Hidrológico”, de Outubro de 1986 (Relatório 245/86-NHHF);2º
Relatório- “Estudo Hidráulico e Conclusões”, de Novembro de 1986 (Relatório 246/86 -
NHHF).
14
Na Figura 1 apresenta-se o esquema da rede de coletores pluviais principais da cidade
de Setúbal.
A comparação dos valores da capacidade de vazão dos coletores com os valores dos
caudais de ponta de cheia, efetuados nos referidos estudos, mostra que a inundação se
verifica para valores de caudal inferiores a 25 anos.
No estudo prévio efetuado pela HIDROQUATRO em 1992 é referido que para controlo
de cheias, foi analisada a possibilidade de construção de uma barragem, de definição de
uma bacia de amortecimento de cheias e a necessidade de ser considerado o aumento da
secção do coletor em Setúbal.
Os projetos de execução apresentados, cujas obras não foram realizadas, foram ficando
desatualizados face aos condicionamentos urbanísticos, pelo que em 2001 a Câmara
Municipal de Setúbal solicitou à PROCESL o correspondente estudo de reformulação,
tendo como principais objetivos o estabelecimento de uma solução de controlo de
cheias de modo a reduzir significativamente o caudal de ponta de cheia afluente ao
trecho final canalizado coberto.
15
A bacia de retenção preconizada no anterior projeto efetuado pela
HIDROQUATRO para a ribeira do Livramento não tem capacidade para em
conjunto com a da ribeira da Figueira regularizar de forma significativa os
caudais afluentes, de modo a evitar inundações frequentes em Setúbal;
Quadro 3 - Estimativa da capacidade de vazão dos troços principais da rede de coletores da Cidade
de Setúbal
16
Continuação Quadro 3 - Estimativa da capacidade de vazão dos troços principais da rede de
coletores da Cidade de Setúbal
17
Fonte: HIDROQUATRO, 1992
18
De acordo com o referido, as metas do plano de intervenção efetuado pela PROCESL
em Julho de 2001 para a ribeira da Figueira eram as seguintes:
19
Foi com base nas conclusões de que as bacias de retenção, com as áreas atualmente
disponíveis, não permitem a laminagem das pontas de cheia para caudais compatíveis
com a máxima capacidade de vazão dos trechos cobertos das ribeiras da Figueira e
Livramento que o Instituto da Água (INAG) efetuou o levantamento do trecho
canalizado coberto em Setúbal, com vista à sua futura ampliação/remodelação, esbatido
na estudo prévio Defesa contra cheias na cidade de Setúbal realizado em 2009.
20
Figura 2 - Principais zonas com risco de inundação
Máximo amortecimento de
cheias possível a montante do
eixo viário à entrada de Setúbal
(bacia de retenção de
montante)
Insuficiente capacidade de vazão do
trecho final coberto Máximo amortecimento de
cheias possível na bacia de
Secção de vazão insuficiente em
retenção (jardim de Algodeia)
algumas passagens hidráulicas
a montante da entrada em
Inexistência de locais com
3.1 - Ribeira da Figueira trecho coberto final
características e dimensões
Desvio de caudal (30 m3/s)
suficientes para eficaz
para um novo coletor
amortecimento de cheias
designado novo coletor da
Elevado transporte sólido
ribeira da Figueira e descarga
Cheias frequentes e gravosas
do caudal excedentário no
coletor existente sob a cidade
Ampliação das secções de
vazão de alguns
atravessamentos
21
Continuação do Quadro 4 - Principais problemas do comportamento hidráulico da Área de
Drenagem Livramento / Figueira e respetivas soluções preconizadas
Ampliação da passagem
Secções de vazão de hidráulica na Estrada Nacional
atravessamentos, muito insuficientes EN 10
3.2 - Ribeira do Grelhal com frequentes extravasamentos do Redefinição das secções de
leito principal e interrupção de vazão de atravessamentos
estradas de acesso existentes a montante da
Estrada Nacional EN10
Construção de pequenos
3.4 - Ribeira da Pedreira Elevado transporte sólido açudes de retenção de
sedimentos ao longo do leito da
ribeira
Máximo amortecimento de
cheias possível a montante do
trecho canalizado coberto final
Construção de pequenos
Insuficiente capacidade de vazão do açudes de retenção de
trecho final coberto sedimentos ao longo do leito da
3.5 - Ribeira do
Secção de vazão insuficiente em ribeira
Livramento
algumas passagens hidráulicas Ampliação / Redefinição das
Cheias frequentes e gravosas passagens hidráulicas
Máximo amortecimento de
cheias na projetada bacia de
retenção, a montante da via
rápida.
Precárias condições de segurança
3.6 - Trecho canalizado Reduções pontuais das secções de Análise, ampliação e
coberto da cidade de vazão devido a infraestruturas de remodelação da secção de
Setúbal habitações vazão
Reduzida capacidade de vazão
22
Quadro 5 - Principais zonas identificadas com inundação no passado
- Alternativa A1: esta alternativa corresponde à construção na mesma área de (1) uma
bacia de retenção, com vista ao amortecimento dos caudais de cheia afluentes da ribeira
do Livramento com período de retorno inferior a 100 anos, de (2) regularização do troço
da ribeira incluído na bacia de retenção e de (3) uma bacia de sedimentação de modo a
reter os sedimentos afluentes de montante, evitando assim o assoreamento do coletor a
jusante. Este sistema, sujeito a limpezas periódicas, permite o aumento da capacidade de
vazão da rede hidrográfica. Esta alternativa serve apenas objetivos hidráulicos, não
apresentando preocupações de integração urbanística ou de valorização da paisagem;
24
Nas figuras 3 e 4 apresentam-se representações esquemáticas das alternativas A1 e A2.
Fonte: Antão Da Silva, P.; Bana E Costa, C.; Nunes Correia, F.(1996)
Fonte: Antão Da Silva, P.; Bana E Costa, C.; Nunes Correia, F.(1996)
De acordo com as opiniões periciais recolhidas, estas alternativas devem ser avaliadas
tendo em consideração vários aspetos. De entre eles, os impactes ambientais são os mais
relevantes, especialmente os que respeitam aos aspetos hidrológicos e de integração na
paisagem urbana. Os impactes sociais devem também ser contemplados, com especial
destaque para a vertente da saúde pública. A eficácia técnica das soluções alternativas é
25
também um aspeto a ter em atenção. Finalmente é indispensável confrontar o mérito de
cada alternativa face ao correspondente custo.
26
4. Metodologia
Para cada uma das áreas de drenagem é efetuada a avaliação dos caudais de ponta de
cheia em diversas secções consideradas principais.
Os caudais de ponta de cheia foram avaliados pela Fórmula Racional e pelo HEC-HMS
do Hydrologic Engineering Center.
Para a avaliação das precipitações intensas associadas aos períodos de retorno de 2,33
anos (ano médio), 5 anos, 10 anos, 20 anos, 50 anos e 100 anos utilizaram-se as curvas
Intensidade-Duração-Frequência, I-D-F, estabelecidas por (Brandão e Rodrigues, 1999),
para o posto udométrico (PU) de Lisboa (IGDL), o mais próximo da zona em estudo.
I=atb
sendo:
- Témez
0,76
L
tc 0,3
0,25
dm
L1,155
tc 0,95
H 0,38
em que:
27
tc - tempo de concentração (h);
- Fórmula racional
Qp = C × I × A
em que:
As funções em que se baseia este modelo de simulação são relações matemáticas que
pretendem representar os processos meteorológicos, hidráulicos e hidrológicos que se
estabelecem numa bacia hidrográfica e que levam à transformação da precipitação em
escoamento superficial.
28
4.1.1. Cálculo do Caudal a Escoar
De acordo com (Brandão, 2001) foi definida a curva I-D-F para cada período de retorno
de acordo com a duração da chuvada.
i = a tn
em que:
PERÍODO DE RETORNO T
DURAÇÃO a n
(anos)
2 anos 176,46 - 0,529
5 anos 214,32 - 0,499
5 minutos a 30 minutos
10 anos 239,69 - 0,486
20 anos 264,16 - 0,477
2 anos 251,82 - 0,626
5 anos 345,32 - 0,634
30 minutos a 6 horas
10 anos 407,36 - 0,637
20 anos 466,92 - 0,639
29
impossível, de realizar, sobretudo quando se pensa em termos urbanísticos futuros.
Nesse sentido é corrente considerar a seguinte subdivisão:
Para o cálculo do tempo de concentração, definido como sendo o tempo que uma
partícula de água demora a percorrer o trajeto desde a secção situada na extremidade
mais longínqua até à secção em estudo e seguindo a metodologia habitualmente
considerada, o referido valor é quantificado como a soma de tempo t1, designado por
tempo inicial e que é o que medeia desde o início da chuvada até a água atingir o
primeiro órgão da rede de coletores, e do tempo t2, que é o tempo correspondente ao
escoamento no coletor.
Quanto ao tempo t2, será o determinado a partir da equação admitindo uma velocidade
de escoamento de 3 m/s, conforme é preconizado regulamentarmente.
Compriment o do colector
t2
Velocidade
dimensões da bacia;
cobertura vegetal;
inclinação do terreno;
PERÍODO DE RETORNO
CARACTERÍSTICAS
2 anos 5 anos 10 anos 20 anos
Zonas pouco impermeabilizadas 0,25 0,30 0,35 0,40
Zonas com impermeabilização fraca a moderada 0,30 0,40 0,45 0,50
Zonas com impermeabilização moderada 0,35 0,45 0,50 0,55
Zonas fortemente impermeabilizadas 0,45 0,50 0,60 0,70
Qp = C i A
em que
C - coeficiente de escoamento;
31
A - área drenada pela secção em estudos (ha).
O cálculo das capacidades hidráulicas dos coletores (Qsc) foi efetuado recorrendo à
fórmula de Manning-Strickler:
Q = K A R2/3 J1/2
em que:
Q - caudal (m3/s);
J - inclinação (m/m).
A relação entre o caudal a escoar (Qcal) e a capacidade hidráulica dos coletores (Qsc) é
dada por Qcal/Qsc. Se Qcal/Qsc > 1, o caudal escoado excede a capacidade do coletor,
por outro lado se Qcal/Qsc < 1 a capacidade do coletor é suficiente para responder à
solicitação do caudal escoado em cada troço.
4.2. Cenário
32
Deve ponderar-se uma multiplicidade de fatores na seleção da lista de cenários, os quais
devem ser escolhidos por forma a testar a dimensão da resposta e os recursos
necessários, em termos de quantidade, qualidade e oportunidade. Também é importante
levar em consideração o potencial para a escalada de um evento ou o "Efeito Dominó"
quando combinado com outros perigos. Os cenários deverão ser representados com
recurso a cartas ou esquemas, de modo a constituírem uma visão global e a identificação
e gestão eficiente das áreas prioritárias de intervenção.
No Quadro 9 são indicados os critérios para definição dos graus de probabilidade. Após
a identificação dos graus de gravidade e probabilidade, os riscos são posicionados sobre
a matriz, identificando o grau de risco associado: Extremo, Elevado, Moderado ou
Reduzido.
33
Elevada Reduzido Moderado Elevado Extremo Extremo
Alta
Vulnerabilidade
Figura 5 – Matriz de risco
34
Quadro 8 - Grau de Gravidade, Critérios de Definição
35
Quadro 9 - Grau de Probabilidade, Critérios de definição
Probabilidade Descrição
Para a consideração destas zonas de risco, teve-se em conta a altura de água que atinge
determinada zona e o impacto causado nas pessoas, cruzando nos mapas de inundação
as profundidades da coluna de água.
Para grau de risco reduzido foi considerado uma altura de água inferior a 50 cm; para o
grau de risco moderado foi considerado uma altura de água entre 50 cm e 75 cm; para o
grau de risco elevado considerado uma altura de água entre 75 cm e 100 cm e grau de
risco extremo considerado uma altura de água acima de 100 cm, como consta da figura
6 e figura 7.
Este estudo terá somente em linha de conta o impacto nas pessoas e viaturas, pelo que
as alturas de água consideradas, refletem que até 50 cm a pessoa consegue-se deslocar, e
36
sair da viatura, entre 50 e 75cm desloca-se com dificuldade, e tem dificuldade em sair
da viatura, de 75cm e 100 cm as pessoas podem ser arrastadas pela água e não
conseguem sair da viatura e a partir de 100 cm pode-se perder a noção da altura de água
podendo levar ao afogamento.
Altura de água
Altura de água
Moderado
Reduzido
Moderado
Elevado
Extremo
Reduzido
Elevado
50 0
75
50
100 75
100
150
150
200
37
Figura 7 - Altura de água nos elementos expostos e graus de risco
38
5. Estudo de Caso
O Concelho de Setúbal, com 172,5 km2 (excluindo a área afeta ao estuário do rio Sado),
é limitado a Sul pelo rio Sado, apresentando uma frente ribeirinha com uma extensão de
cerca de 28 km na qual desaguam várias linhas de água.
As bacias hidrográficas das ribeiras têm declives muito acentuados na zona de montante
e uma elevada percentagem de solos com fraca capacidade de retenção de água.
Drenam uma área em forma de leque, pelo que as cheias geradas por precipitações
intensas de curta duração como as que se observam na região, afluem à zona baixa da
cidade e concentram-se, originando caudais de magnitude muito elevada.
39
as condições de escoamento das ribeiras são agravadas muitas vezes pelas condições
adversas das marés.
A zona urbanizada junto à foz do rio Sado é uma das mais antigas do concelho de
Setúbal. Na última década houve grande evolução no concelho com a ampliação dos
aglomerados existentes e a criação de novas urbanizações, parques de escritórios, zonas
de lazer e zonas culturais. As grandes superfícies comerciais também registaram um
crescimento significativo no concelho.
5.2.1. População
Fonte: INE
41
Quadro 11 - População residente nas freguesias do concelho de Setúbal (Censos 2001-2011)
42
5.2.2. Enquadramento Físico
5.2.2.1. Geologia
Enquadramento geológico
43
A vertente Sul da Serra da Arrábida, que é muito abrupta, é constituída pelos Dolomitos
do Convento (Jurássico inferior a médio). O traçado desta vertente é determinado por
um grande cavalgamento basal que afeta o Miocénico do Portinho da Arrábida a leste, e
se prolonga para Oeste pelo vale da Mata do Solitário. É esta imponente escarpa litoral
que confere à serra da Arrábida a sua originalidade, onde podemos observar formas de
erosão marinha e subaérea; da primeira destacam-se as arribas litorais e as rechãs; da
segunda, destacam-se as cornijas e respetivos depósitos coluviais (LNEC, 1986).
Outro relevo importante da região de Setúbal, embora tenha dimensões mais reduzidas
(2 km de comprimento e 392 m de altitude), é a serra de São Luís. A estrutura geológica
é semelhante à que se observa na serra da Arrábida, também corresponde a um
anticlinal assimétrico, cavalgante para Sul, com núcleo constituído por dolomitos
(Jurássico inferior a médio) e pelos Calcários de Pedreiras (Jurássico médio) (LNEC,
1986).
5.2.2.2. Hidrogeologia
Do ponto de vista hidrogeológico as formações Modernas de aluviões dos vales
principais podem apresentar algumas possibilidades hidrológicas. São geralmente
alimentadas em água pelas nascentes que brotam nas vertentes e, em profundidade,
pelas águas das areias Pliocénicas. Deste modo as ribeiras podem apresentar caudais de
certo modo importantes, mesmo em período de estiagem (INAG, 2009).
44
5.2.2.3. Geomorfologia
A região onde se insere o concelho de Setúbal desenvolve-se numa superfície de relevo
muito suave contrastando com as elevações da serra da Arrábida e da serra de São Luís.
A rede hidrográfica que circunda a serra de São Luís (ex: ribeira de Alcube), erodiu
preferencialmente litologias de natureza mais branda como é o caso dos Conglomerados
de Comenda e as Argilas, Arenitos, Conglomerados e Calcários do Vale de Rasca
(Jurássico superior). (INAG, 2009).
Os principais cursos de água que atravessam este concelho são de Oeste para Este a
Vala Real, a ribeira da Ajuda ou Comenda, a ribeira do Alcube ou da Figueira, a ribeira
do Livramento e o barranco da Cotovia. No Quadro 12 apresentam-se as principais
ribeiras que se desenvolvem na área do concelho.
45
Quadro 12 - Principais cursos de água que se desenvolvem na área do concelho
Tejo
Sado
Ribeira da Ajuda ou da
622 02 32
Comenda
Ribeira do Alcube - 9
Ribeira do Alcube ou da
622 04 8
Figueira
Ribeira de São Caetano ou do
622 04 02 2
Grelhal
Ribeira de São Paulo - 3
46
5.2.3. Clima
O clima da área de estudo é caracterizado com base nos registos das variáveis climáticas
correspondentes às Normais Climatológicas da estação climatológica de Setúbal.
5.2.3.1. Temperatura do ar
A temperatura anual média do ar é de 16,4º C. O regime mensal médio apresenta
valores máximos nos meses de Verão, destacando-se Agosto (22,6º C), e mínimos no
Inverno, atingindo-se 10,5º C em Janeiro, estabelecendo-se a amplitude térmica de
12,1º C (Quadro 13).
TEMPERATURA DO AR
HORA NÚMERO DE DIAS
(º C)
MESES 18
9 hor Máxima Mínima Máxima Mínima Mínima Máxima Mínima
hora Mensal
as Média Média Absoluta Absoluta. < 0º C > 25º C > 20º C
s
Janeiro 9,4 11,9 10,5 14,6 6,4 22,6 -4,6 1,1 0,0 0,0
Fevereiro 10,2 12,5 11,2 15,7 6,8 25,6 -5,3 1,0 0,0 0,0
Março 12,6 14,7 13,2 17,8 8,5 27,8 -1,6 0,1 0,6 0,0
Abril 15,1 16,9 15,2 20,3 10,2 32,2 1,4 0,0 3,6 0,0
Maio 17,7 20,3 17,5 22,9 12,1 36,0 3,8 0,0 8,7 0,1
Junho 20,3 22,8 20,4 26,2 14,6 40,4 7,2 0,0 16,4 0,3
Julho 21,5 25,3 22,3 28,7 15,8 41,0 7,6 0,0 25,9 1,4
Agosto 21,7 25,3 22,6 29,1 16,1 40,9 9,0 0,0 26,6 1,0
Setembro 20,4 23,0 21,0 26,9 15,1 39,5 7,5 0,0 18,9 0,4
Outubro 17,7 19,3 18,1 23,3 12,9 36,4 1,7 0,0 8,6 0,1
Novembro 13,3 14,5 13,9 18,4 9,4 29,0 -0,5 0,1 0,7 0,0
Dezembro 9,9 11,5 10,8 15,0 6,7 24,5 -3,1 1,6 0,0 0,0
Ano 15,8 18,2 16,4 21,6 11,2 41,0 -5,3 3,9 110,0 3,3
47
As temperaturas do ar extremas, máximas e mínimas médias, registam-se em Agosto
(29,1º C) e Janeiro (6,4º C), respetivamente, seguindo de perto o ritmo da temperatura
média mensal. No que se refere às temperaturas máximas e mínimas absolutas, ocorrem
em Julho (41,0º C) e Fevereiro (5,3º C), respetivamente.
É em pleno Verão que ocorrem, com maior frequência, temperaturas superiores a 25º C,
destacando-se Julho com 25,9 dias e Agosto, com 26,6 dias, num total de 110 dias
anualmente.
5.2.3.2.Vento
Os rumos mais frequentes anualmente são N (9,7%), NW (8,3%) e é do rumo N que o
vento atinge maior velocidade média (37,0 km/h). A velocidade média anual do vento é
de 9,3 km/h. As calmas (velocidade do vento inferior a 1 km/h), são muito pouco
frequentes.
O Verão surge como a estação do ano em que os ventos de N ocorrem com maior
frequência (32,7% em Julho), correspondendo-lhe a velocidade média de 15,8 km/h,
que se destaca por ser a maior velocidade média mensal de todos os rumos registados.
Em Julho inicia-se o aumento da frequência de calmas, invertendo a tendência
evidenciada na Primavera.
5.2.3.3. Precipitação
A precipitação anual média registada na estação climatológica é de 670,7 mm,
ocorrendo em 94,3 dias anualmente. A precipitação intensa (superior a 10 mm), reparte-
se, em média, por 21,7 dias anualmente.
48
A análise do regime mensal da precipitação evidencia um período chuvoso que se
estende de Outubro a Maio, e outro, seco, de Junho a Setembro. Janeiro constitui o mês
mais pluvioso (110,6 mm), registando-se um máximo secundário em Março. Abril
(51,2 mm) e Maio (39,5 mm), constituem os meses em que se verifica a transição entre
o período chuvoso e o seco. A partir de Maio assiste-se a uma diminuição acentuada da
precipitação, atingindo-se o mínimo em pleno Verão, no mês de Agosto (3,9 mm). Em
Setembro inicia-se um novo período chuvoso (Quadro 14).
Quadro 14 - Precipitação mensal média, máxima diária e número de dias com diferentes
intensidades de precipitação em Setúbal
49
5.3. Zonas Ameaçadas por Cheias
As cheias e as inundações podem também ser provocadas pela ação do mar. Este tipo de
ocorrência está também abrangido pelo Decreto-Lei n.º 115/2010 de 22 de Outubro, e
deve ser considerado na respetiva aplicação ao território nacional.
50
As cheias e as inundações costeiras tendem a ocorrer nas situações de avanço do mar ou
de galgamento de estruturas de proteção. No entanto não é considerado neste estudo.
Figura 8 - " Carta de Zonas Inundáveis do Concelho de Setúbal para o período de 100 anos"
51
dados hidrométricos ou a sua existência com séries de registos muito curtas, não
possibilita um conhecimento fiável do comportamento hidrológico quanto à frequência
e à magnitude das cheias. Este facto inviabiliza o cálculo de períodos de retorno
associados a cada evento e impossibilita a calibração adequada de modelos hidrológicos
mais complexos. Por este motivo, a análise das cheias deve, neste caso, ser encarada
numa perspetiva de identificação das áreas suscetíveis de inundação causadas por
transbordo da água do leito de rios e ribeiras como consequência de caudais elevados,
mas num espaço temporal não definido.
- Declive médio da área que drena para cada uma das unidades de terreno;
- Valor médio da permeabilidade relativa composta da área que drena para cada
uma das unidades de terreno; esta permeabilidade assume, para além da
permeabilidade natural da litologia, os efeitos de impermeabilização resultantes
das infraestruturas humanas.
52
Figura 9 - Zonas ameaçadas pelas cheias
As áreas ameaçadas por cheias, de acordo com a metodologia utilizada, ocupam 4,684
km2, o que corresponde a 2% da área total do concelho de Setúbal. Destas, 3,69 km2
correspondem a áreas previamente definidas na “Carta de Zonas Inundáveis do
Concelho de Setúbal para o período de retorno de 100 anos” do “Plano de Drenagem
Pluvial do Concelho de Setúbal”.
As áreas ameaçadas por cheias podem‐se dividir em 4 grupos, de acordo com o contexto
hidrográfico (4 unidades hidrográficas de análise) e de acordo com o contexto
administrativo (8 freguesias), que a seguir se descrevem.
As áreas ameaçadas por cheias da unidade hidrográfica “Vala Real” estão presentes no
sector oeste e noroeste do concelho e encontram‐se nas freguesias de São Lourenço e de
São Simão. Ocupam uma área de 1,849 km2 (39,5% da área total das ZAC do concelho)
e distribuem‐se ao longo do curso de água principal e dos dois principais da margem
direita (rio de Lagos e ribeira de Casal de Bolinhos). Em rio de Lagos foram delimitadas
as áreas ao longo do curso de água principal, da ribeira do Brejo do Clérigo e do
afluente e da ribeira do Vale do Choupo e do afluente; na ribeira de Casal Bolinhos
foram delimitadas as áreas ao longo do curso de água principal e do afluente. Estas
53
linhas de água atravessam áreas de grande pressão urbanística que, em muitos casos, se
encontram canalizadas e cobertas e onde já se registaram inundações que afetaram as
populações nas imediações (PROCESL, 2011). As áreas ameaçadas por cheias da
unidade hidrográfica “Comenda” estão presentes no sector centro‐oeste do concelho e
encontram‐se na parte oeste da freguesia de Nossa Senhora da Anunciada. Ocupam aqui
uma área de apenas 0,156 km2 (15,62 ha; 3,3% da área total das ZAC do concelho) e
distribuem‐se ao longo do curso de água principal (ribeira da Comenda).
Comparativamente às restantes áreas, esta unidade não possui um comportamento
problemático em período de cheias, em grande parte pela inexistência de aglomerados
urbanos no leito de cheia. Todavia, sob precipitações intensas, os declives fortes
associados ao relevo vigoroso (forte dinamismo de circulação de água ao longo da bacia
hidrográfica), conjugados com uma situação de preia‐mar alta, existem condições para a
ocorrência de cheias ao longo da parte jusante do curso de água principal.
Nas linhas de água desta área de drenagem têm sido registadas inundações frequentes,
as quais associadas à situação de preia‐mar têm conduzido à ocorrência de importantes
prejuízos na cidade de Setúbal (PROCESL, 2011): (Figura 10):
- Ribeira do Livramento;
- Ribeira da Figueira;
54
Figura 10 - Ribeiras afluentes à cidade de Setúbal
Para o traçado da zona inundável das ribeiras da Figueira, Livramento e São Paulo, as
quais entram em canalização coberta a montante da foz no Sado, foi definida a condição
de fronteira de jusante, sendo esta a cota da água imediatamente a montante da entrada
na secção coberta.
Para a ribeira da Figueira, cuja bacia de retenção é o jardim de Algodeia, o qual está a
cota inferior ao da ribeira, a condição de fronteira considerada foi a cota de talvegue
(3,5 m), acrescida da profundidade da secção de vazão (2,5 m) e da altura de 0,5 m
acima do terreno (extravasamento).
55
Para a ribeira de São Paulo, cuja bacia de retenção é o jardim de Vanicelos, foi efetuado
o amortecimento da cheia na bacia com base nos elementos constantes do projeto de
“Regularização da Ribeira da Figueira” efetuado a nível de Estudo Prévio pela
PROCESL (INAG, 2001). Estes elementos integram o estudo já anteriormente efetuado
pela HIDROQUATRO em 1992, no qual foi definida a curva de vazão do coletor do
Jardim de Vanicelos. A cota máxima de água obtida para a bacia de retenção foi de 9,5
m.
De uma forma genérica e de acordo com o referido verifica-se que em muitos casos as
linhas de água apresentam problemas, nomeadamente no que se refere às condições de
escoamento de grandes chuvadas, e que potencialmente são agravadas por uma
deficiente articulação entre operações urbanísticas e a rede hidrográfica existente.
Dada a forma das bacias hidrográficas, as ribeiras são sujeitas a cheias repentinas com
curta duração mas com elevados caudais de ponta, cujo escoamento se processa em
regime torrencial.
A tomada de consciência dos problemas das cheias tem sido dificultada pelo facto de se
verificarem grandes períodos em que os caudais são muito reduzidos, uma vez que
durante a maior parte do ano o caudal nos cursos de água é praticamente nulo e mesmo
nos meses mais húmidos os caudais são, em geral, reduzidos pouco tempo após o termo
das chuvadas. Este comportamento tem vindo a propiciar, por um lado, a falta de
manutenção dos leitos das ribeiras, e, por outro, aliado a uma nítida pressão urbanística
e à construção clandestina a ocupação dos leitos de cheia e o desvio de pequenos cursos
de água, provocando grandes constrangimentos nas linhas de água.
É de notar que as ribeiras da Figueira, Forte Velho e Livramento têm o seu troço de
jusante coberto, com uma insuficiente capacidade de vazão, o que, aliado ao efeito das
marés, resulta no extravasamento das ribeiras à entrada dos troços cobertos, e na entrada
57
em carga dos coletores. Este efeito é ainda agravado pelo incremento do caudal afluente
resultante do aumento da área impermeabilizada provocado pelo relativo
desordenamento da ocupação das bacias associado à crescente ocupação habitacional.
Todos estes fatores contribuem para que, aquando da ocorrência de caudais com período
de retorno mais elevado, se tenha vindo a verificar consequências gravosas na cidade de
Setúbal. As cheias ocorridas em Novembro de 1983 constituem um exemplo dos
avultosos prejuízos originados pelas cheias.
Nos parágrafos seguintes, é realizada uma breve descrição da zona 3, das quatro áreas
de drenagem em que se considera o Concelho dividido (Figura 11) nomeadamente:
Zona 2 - Comenda;
Zona 4 - Cotovia.
58
Figura 11 - Limites de concelho e freguesias. Áreas de drenagem e rede hidrográfica
59
No Quadro 15 apresentam-se as principais características geomorfológicas da rede de
drenagem em secções consideradas de maior importância e na Figura 12 apresenta-se a
correspondente representação em planta.
ÁREA L Cm Cj d
LINHA DE ÁGUA DESIGNAÇÃO
(km2) (m) (m) (m) (m/m)
L (m)- Comprimento da linha de água ; Cm (m) - Cota de montante ; Cj (m) - Cota de jusante , d (m/m) -
densidade de drenagem .
60
Figura 12 - Bacias hidrográficas das ribeiras da Figueira e Livramento
Fonte: PROCESL,2011
61
1
2 3
62
Quadro 16 - Dimensões características do leito menor da ribeira da Figueira
A montante da
confluência da Trapezoidal 2,1 1 V : 0,75 H 1,7 1 V : 0,75 H 1,7
ribeira do Grelhal.
Trapezoidal
A jusante da
com
confluência da 2,2 Vertical 2,4 1V:1H 1,6
revestiment
ribeira do Grelhal
o em pedra
A jusante da zona
com revestimento Trapezoidal 2,2 1V:1H 1,6 1V:1H 1,6
em pedra
A jusante do
atravessamento do Retangular 3,8 Vertical 1,6 Vertical 1,6
muro
A montante do
atravessamento da
Trapezoidal 4,5 1V:1H 2 1V:1H 2,0
rotunda na Estrada
Nacional EN 10
A montante do
atravessamento da
Retangular 3,5 Vertical 2,5 Vertical 2,5
rotunda na Estrada
Nacional EN 10
À entrada da rede
Retangular 2,5 Vertical 3,0 Vertical 3,0
de coletores
3 4
Atravessamento de muro contíguo à Estrada Nacional EN 10. Vista do atravessamento e para jusante.
63
5 6
Aspeto do curso de água a montante da rotunda e secção do respetivo atravessamento.
7 8
Aspeto do curso de água imediatamente a jusante da rotunda.
9 10
64
Quadro 17 - Principais passagens hidráulicas na ribeira da Figueira
-
PH 3.2 A 1,5 2,5 Retangular
Retangular com
PH3.3 2,0 3,0
abóbada superior
2,6
PH3.4 1,3 Trapezoidal
(superior)
65
Em todo o trecho identificado verificam-se extravasamentos frequentes, responsáveis
por inundações em Setúbal. Esta situação é agravada quando coincidem períodos de
chuvadas intensas com situações de preia-mar.
11
66
Quadro 19 - Principais passagens hidráulicas na ribeira do Grelhal e afluentes
67
No Quadro 20 apresentam-se as dimensões características do leito menor da ribeira de
São Paulo e no Quadro 21 as características dos atravessamentos localizados ao longo
do curso de água.
A montante
da
confluência Retangular 1,1 Vertical 1,0 Vertical 1,0
da ribeira da
Figueira.
68
13
12
14 15
16
Ilustração 5 - Ribeira de São Paulo no Jardim de Vanicelos, desde a entrada em coletor sob a
Estrada até ao extremo final de entrada na rede de coletores da Cidade de Setúbal.
69
Quadro 21 - Principais passagens hidráulicas na ribeira de São Paulo
Para jusante, na zona de Poço Canelas, desenvolve-se a céu aberto, numa pequena vala
em terra. Na Ilustração 6 observa-se o aspeto da vala.
17
70
No Quadro 22 apresentam-se as dimensões características do leito menor do barranco
do Forte Velho. No Quadro 23 apresentam-se as caraterísticas dos atravessamentos
localizados ao longo do curso de água.
Fonte: PROCESL,2011
71
desde a nascente até próximo da Quinta da Misericórdia e da Quinta dos Melros, no
concelho de Palmela, é também designado por ribeira de Corva.
O levantamento in situ do curso de água permitiu verificar que o leito menor da ribeira
do Livramento extravasa facilmente, dando origem à inundação de extensas áreas dos
terrenos marginais.
72
180
160
140
Cota (m)
120
100
80
60
40
20
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Distância (km)
Fonte: PROCESL,2011
73
Figura 14 - Atravessamentos 1 a 5 desde a projetada bacia de retenção
até ao acesso à Quinta dos Ciprestes.
18 19
20
21
Ilustração 7 - Ribeira do Livramento desde a entrada na rede de coletores até ao trecho contíguo à
Estrada Nacional EN 252.
74
No Quadro 24 apresentam-se as dimensões características do leito menor da ribeira do
Livramento. No Quadro 25 apresentam-se as características dos atravessamentos
localizados ao longo do curso de água.
22
A montante
da entrada na
rede de Trapezoidal 3,9 1 V : 0,75 H 1,7 Vertical 3,0
coletores da
Cidade.
75
Continuação do Quadro 24 - Dimensões características do leito menor da ribeira do Livramento
Para
montante do
atravessamen
to junto da
Estrada Retangular 2,4 Vertical 2,85 Vertical 2,85
Nacional
EN 252
(Quinta das
Galroas)
Retangular com
PH3.17 1,4 4,9 -
abóbada superior
Retangular
PH3.18
2,05 2,6
Retangular com
PH3.19 2,0 2,5 -
abóbada superior
76
Continuação Quadro 25 - Principais passagens hidráulicas na ribeira do Livramento e
afluente
Retangular com
PH3.20 1,6 4,5
abóbada superior
Retangular com
abóbada superior
PH3.21 1,5 3,0
77
Quadro 26 - Dimensões características do leito menor da ribeira da Gamita
A montante
da
confluência
Trapezoidal 2,0 1 V : 0,75 H 1,5 1 V : 0,75 H 1,5
com a ribeira
do
Livramento
Retangular
PH3.29 2 × 8 00 mm Circular
78
5.4.5. Caudais de ponta de cheia
Efetuaram-se as simulações hidrológicas para a quantificação dos caudais de
ponta de cheia associados aos períodos de retorno de ano médio, 5 anos, 10 anos,
25 anos, 50 anos e centenário. No Quadro 28 apresentam-se os resultados obtidos.
79
Quadro 28 - Caudais de ponta de cheia. Livramento / Figueira
80
5.5. Identificação de pontos críticos e medidas de intervenção propostas
As redes pluviais desta Área de Drenagem são de difícil análise pois apresentam muitas
ligações alternativas e conforme referido anteriormente drenam também os caudais
provenientes das linhas de água. As ligações alternativas derivam do deficiente
funcionamento em situação de precipitação intensa e têm como objetivo uma drenagem
mais fácil que obvie os problemas de sobrecarga de alguns troços.
Nestes termos, atendendo à dificuldade de estimar as cotas de cada caixa de visita numa
zona de relevo relativamente plano preconizou-se a análise das redes por amostragem.
Selecionaram-se três redes pluviais de dimensão considerável e para estas três redes foi
verificada a capacidade de drenagem.
Com base nas Figuras 15 e 16 e nos Quadros 29 e 30 verifica-se que na zona da Cidade
os coletores pluviais encontram-se muito subdimensionados, carecendo de estudos de
pormenor os quais deverão integrar os trechos finais cobertos dos cursos de água.
81
Figura 15 - Rede de drenagem de coletores pluviais designada F1
Fonte: PROCESL,2011
82
Quadro 29 - Área de Drenagem de Livramento / Figueira. Características hidráulicas das redes pluviais
1.1 1.2 0,85 1,3 250 2,80 2,98 500 0,64 636
3.1 3.2 2,35 2,2 175 2,86 2,77 600 1,00 997
6.1 6.2 1,9 2 50 6,00 6,20 800 3,21 3210
6.2 6.3 2 3,3 300 4,33 4,77 700 1,97 1972
6.3 6 3,3 3,2 100 9,00 8,90 800 3,85 3846
1 2 2,5 3 500 0,72 0,82 600 0,54 542
2 3 3 2,75 75 1,33 1,00 600 0,60 599
F2 3 4 2,74 2,8 75 1,33 1,41 1 000 2,78 2779
4 5 2,8 2,75 470 0,11 0,10 1 400 1,78 1774
2.1 2 1,5 3 300 1,00 1,50 300 0,125 115
A B 1,5 3 300 1,00 1,50 300 0,12 115
B C 1,65 3 300 1,00 1,45 700 1,09 1087
F2A C D 1,8 2,1 400 0,00 0,07 1000 0,64 640
D E 2,1 2 400 0,25 0,23 1 200 1,8 1803
E F 2 3,4 550 0,00 0,25 1 200 1,9 1918
83
Quadro 30 - Área de Drenagem de Livramento / Figueira. Identificação de zonas críticas
T = 2 anos Qcalc / Qsc > 1 T = 5 anos Qcalc / Qsc > 1 T = 10 anos Qcalc / Qsc > 1 T = 20 anos Qcalc / Qsc > 1
84
5.6. Elementos expostos nas zonas ameaçadas por cheias
Para avaliar os elementos expostos nas zonas ameaçadas por cheias recorreu‐se a uma
metodologia de cartografia dasimétrica baseada na interpolação zonal de polígonos
sobrepostos (Goodchild and Lam, 1980). Deste modo, a população e o edificado
expostos foram estimados pela sua proporção relativa à área que ocupam na classe
(assumindo‐se uma distribuição normal/homogénea) e tendo por base os dados da
população e do edificado referentes ao Censos 2011, devidamente georreferenciados e
desagregados à respetiva subsecção estatística. O resultado esperado é apenas uma
aproximação à realidade, uma vez que o método assume que a distribuição espacial do
edificado e da população é homogénea dentro de cada subsecção estatística. O Quadro
31 sistematiza os resultados obtidos e mostra que cerca de 11% da população do
concelho de Setúbal reside em zonas ameaçadas por cheias. Quanto ao edificado, 7,4%
do total de edifícios localiza‐se em zonas com essas características. Relativamente às
freguesias, destaca‐se a de Santa Maria da Graça, com cerca de 83% da sua população e
58% do seu edificado situados em zonas ameaçadas pelas cheias, seguida pela freguesia
de São Julião com 27,2% e 41,9%, respetivamente. Por fim, merece ainda destaque a
freguesia de Nossa Senhora da Anunciada com 16,3% da sua população e 8,0% do seu
edificado nas mesmas condições. Os elementos expostos estão representados no Anexo
1 – Mapa 2, 3 e 4
85
Quadro 31- Edificado e população residente em zonas ameaçadas por cheias, por freguesia do
concelho de Setúbal
%
Setúbal (Nossa Senhora da Anunciada) 16,3 8,0
86
Quadro 32 - Análise das capacidades de vazão máximas das passagens hidráulicas localizadas na
área de drenagem da Figueira/Livramento e comparação com os caudais afluentes para T = 100
anos.
SECÇÃO EXISTENTE
CAUDAL
PASSAGEM Circula AFLUENTE Q
Retangular CAPACIDAD
HIDRÁULIC r T = 100 ANOS MAX OBS.
E DE VAZÃO
A (m3/s)
base altura
(mm) (m3/s)
(m) (m)
Figueira
PH 3.1 3,9 1,9 - 25,0 43,3 Sim
PH 3.2 5,0 1,7 - 25,0 44,5 Sim
PH 3.2A 2,5 1,5 - 25,0 15,9 Não
PH 3.3 3,0 2,0 - 25,0 21,8 Com abóbada superior Não
PH 3.4 2,6 1,3 - 25,0 19,8 Trapezoidal Não
- - 800 1,6
PH 3.5 14,0 Não
- - 800 1,6
PH 3.6 - - 800 13,0 1,2 Não
Grelhal
PH 3.7 1,8 0,8 - 13,1 4,5 Não
PH 3.8 2,0 1,5 - 2,0 18,1 Sim
PH 3.9 - - 800 3,0 2,4 Não
PH 3.9 A 0,6 0,6 - 2,0 1,6 Não
São Paulo
PH 3.10 - - 600 19,0 0,1 Não
PH 3.11 - - 300 19,0 0,02 Não
PH 3.12 - - 700 18,0 0,2 Não
- - 200
PH 3.13 11,0 0,1 Não
- - 200
Forte Velho
PH 3.14 - - 500 4,0 0,5 Não
PH 3.15 - - 800 3,0 0,9 Não
Livramento
PH 3.16 2,6 3,3 - 67,7 39,6 Oval Não
PH 3.17 4,9 1,40 - 67,7 19,1 Com abóbada superior Não
PH 3.18 2,6 2,05 - 67,7 24,6 Não
PH 3.19 2,5 2,00 - 67,7 22,5 Com abóbada superior Não
PH 3.20 4,5 1,60 - 67,7 36,9 Com abóbada superior Não
PH 3.21 3,0 1,50 - 45,9 16,1 Com abóbada superior Não
PH 3.22 0,3 0,3 - 2,5 0,1 Não
PH 3.23 - - 300 2,5 0,05 Não
- - 500 0,1
PH 3.24 - - 500 2,1 0,1 Não
- - 500 0,1
PH 3.25 1,5 0,7 - 2,1 4,4 Sim
PH 3.26 - - 1000 2,1 2,6 Sim
PH 3.27 - - 800 1,5 2,6 Sim
87
Continuação do Quadro 32 - Análise das capacidades de vazão máximas das passagens hidráulicas
localizadas na área de drenagem da Figueira/Livramento e comparação com os caudais afluentes
para T = 100 anos.
Gamita
PH 3.28 1,2 1,2 - 17,8 4,2 Não
- - 800 1,6
PH 3.29 15,4 Não
- - 800 1,6
- - 1200 2,1
PH 3.30 15,4 Não
- - 1200 2,1
- - 1200 2,1
PH 3.31 15,4 Não
- - 1200 2,1
88
Continuação do Quadro 33 - Visita ao local com recolha de informação sobre cheias
23 24
08/04/1951 - Bonfim e Botaréu do largo do 08/04/1951 - Bonfim e Botaréu do largo do
Matadouro Matadouro
25 26
Fev 1941 - Ciclone que assolou país. O mar Jun 1973 - Avenida Luísa Todi
galgou as muralhas e inundou Avenida Luísa Todi e Rua Santo António
89
27 28
Jun 1973 - Rua Santo António Jun 1973 - Rua Santo António
29 30
Dez 1965 - Rua Major Afonso Pala Dez 1965 - Av. Luísa Todi
31 32
Dez 1965 - Rua Santo António 1959 - Rua Santo António
90
33 34
1959-Rua Major Afonso Pala 1986 - Rua Major Afonso Pala
35
1986 - Rua Major Afonso Pala
Ilustração 9 – Fotografias 23 a 35
91
Quadro 34 - Resultados da simulação efetuada para os caudais afluentes para T = 100 anos
referentes à situação atual
ALTURA
SECÇÃO PASSAG DISTÂNCIA COTA DA
LINHA Q COTA DE LARGURA DE
TRANSVERSAL / EM ENTRE SUPERFÍCI
DE TOTAL TALVEGU SUPERFICIA ÁGUA
SECÇÃO DE HIDRÁU PERFIS E LIVRE
ÁGUA (m3/s) E (m) L (m) MÁXIM
CÁLCULO LICA (m) (m)
A (m)
92
Continuação Quadro 34 - Resultados da simulação efetuada para os caudais afluentes para T = 100
anos referentes à situação atual
ALTURA
LINHA DE
3,19
3,18
3.5 200,00 67,70 10,30 12,88 321,51 2,58
3.4 213,20 67,70 7,90 10,28 285,87 2,38
3,17
3.3 102,70 67,70 7,40 9,66 492,85 2,26
3.2 107,40 67,70 6,90 9,52 515,49 2,62
3.1 B 92,30 67,70 6,50 9,51 578,22 3,01
3.1 A 113,30 67,70 5,90 9,51 673,5 3,61
3,16
3.1 67,70 5,60 9,50 693,23 3,90
3.6.5 200,00 15,40 19,20 20,46 54,00 1,26
3,31
3,30
Ribeira da Gamita
93
Quadro 35 - Principais problemas do comportamento hidráulico da Área de Drenagem
Figueira / Livramento e respetivas soluções preconizadas
94
5.8. Zonas de risco – Carta de Risco
Com base no cenário escolhido para o retorno de cheias de 100 anos, este perigo têm
uma probabilidade de Média - Baixa no Concelho de Setúbal, a vulnerabilidade é
diferente nas várias zonas atingidas, pelo que foi identificado o grau de risco para as
diferentes zonas, em relação às pessoas e viaturas, constante no Anexo 3 – Mapa 5 -
Carta de Risco.
A área de risco reduzido ocupa 1,807420 Km2, a área de risco moderado ocupa
0,453235 Km2, a área de risco elevado ocupa 0,0779372 Km2 e a área de risco extremo
ocupa 0,0317432 Km2.
Estas áreas de risco, agora identificadas permitem à população saber quais as zonas a
evitar, tanto na deslocação a pé como em viatura, aquando o evento caracterizado
ocorrer, bem como as medidas a serem tomadas pelas autoridades.
95
6. Considerações finais
- Retenção de sedimentos.
97
Pretende-se que as medidas específicas propostas promovam a redução da
magnitude de potenciais impactes e, se possível, contribuam para a redução da
importância dos mesmos e potenciem impactes positivos.
Consideram-se medidas gerais não estruturais, aquelas que têm como âmbito
espacial a generalidade do território e que decorrem das ações de manutenção e
gestão da rede de drenagem pluvial, quer seja a rede de coletores pluviais, quer
sejam os cursos de água.
Neste estudo não foi considerado as cheias e inundações costeiras, que poderiam
afetar a zona ribeirinha junto ao Rio Sado, pelo que poderia ser objeto de estudo.
99
7. Conclusão
101
As redes Pluviais desta Área de Drenagem são de difícil análise pois apresentam muitas
ligações alternativas e conforme referido anteriormente drenam também os caudais
provenientes das linhas de água. As ligações alternativas derivam do deficiente
funcionamento em situação de precipitação intensa e têm como objetivo uma drenagem
mais fácil que obvie os problemas de sobrecarga de alguns troços.
É importante salientar que as soluções propostas nos estudos efetuados pela PROCESL
não foram ainda executadas. Neste contexto, as zonas identificadas nos estudos
anteriores como tendo sido afetadas no passado pelas cheias continuam vulneráveis a
esse mesmo risco.
102
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9. Anexos
109