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Moçambique é um país altamente vulnerável aos eventos extremos. Por outro lado, estes
desastres têm a tendência a aumentar, não só pelo número como também pela magnitude. O que
resulta em perdas de vidas humanas, económicas e financeiras, assim como danos ambientais
graves. Se nada for feito a este nível, é muito provável que nos próximos tempos os desafios
sejam cada vez maiores.
Gonzalez, et al, (2016), define Vulnerabilidade como o grau de perda para um dado elemento, ou
comunidade dentro de uma determinada área passível de ser afectada por um fenómeno ou
processo. Entretanto, como forma de reduzir o nível de vulnerabilidade das populações, a
inclusão da participação das comunidades vulneráveis ao risco de inundações no processo de
tomada de decisão é apontada como um factor importante. Isto é, pode contribuir para o
melhoramento do processo de planeamento criando oportunidade para a combinação de
informação proveniente dos diferentes intervenientes (Vasconcelos, et al., 2006).
O trabalho final resultante a partir do presente projecto de pesquisa será constituída por seis
capítulos, o primeiro capítulo é a introdução, onde serão apresentados aspectos introdutórios da
pesquisa. O segundo capítulo será o marco teórico, apresenta-se o quadro conceptual com base na
revisão bibliográfica sobre a participação das comunidades na gestão de risco de inundações. O
terceiro capítulo reserva-se da metodologia de pesquisa. No quarto capítulo será feita a
apresentação e análise dos dados obtidos e no quinto capítulo é onde a autora fará a discussão dos
resultados e no sexto capitulo apresentar-se-á as conclusões e sugestões.
1.1. Problematização
Os problemas ambientais e sociais vêm aumentando devido o rápido processo de urbanização, e
um dos mais graves deles é a questão das inundações e Cheias, que envolve uma série de
questionamentos, como por exemplo, o envolvimento da comunidade residente na elaboração das
políticas de mitigação destes males.
Foi com base nesse conjunto de elementos que ao analisar os bairros da cidade de Beira, tomando
como exemplos, o bairro Espangara, foi o que mais se destacou, devido suas reais mudanças na
paisagem e como o mesmo se desenvolveu, pois com as suas várias construções trouxeram para o
bairro uma dinamicidade tanto no aspecto económico, social, ambiental e também político.
Com isso o trabalho resultante deste projecto tem como problema de partida:
Qual a percepção da população face aos impactos das inundações causadas pela
urbanização desordenada?
1.2.Objectivos de pesquisa
1.2.1. Objectivo geral
Avaliar a importância da participação das comunidades vulneráveis no processo de gestão de
risco de inundações no Bairro Espangara Cidade da Beira.
1.3.Justificativa
A cidade da Beira tem sofrido, no que concerne à ocorrência de inundações, impactos
significativos a todos os níveis que muita das vezes causada pela urbanização desordenada. É
neste contexto que surge a importância de avaliar a participação das comunidades vulneráveis na
gestão do risco de inundações, nomeadamente das que vivem no bairro Espangara. Todavia, as
comunidades continuam expostas aos riscos, sobretudo em locais considerados de alto risco.
A escolha desta área como local de estudo deve-se ao fato de ser considerada como uma das áreas
mais vulneráveis na ocorrência de inundações. Desde do ciclone de 2019 a esta parte, Espangara
foi o bairro mais afectada pelas cheias e com consequências graves. A inclusão das comunidades
vulneráveis, como ferramenta na definição de medidas resilientes ao risco de inundações,
constitui um desafio pois é muito recente. De uma forma geral, têm-se verificado dificuldades em
desenvolver acções efectivas de envolvimento das comunidades no processo de gestão de risco de
inundações. Para além disso, têm sido reportadas barreiras aos trabalhos desenvolvidos junto às
comunidades vulneráveis na prevenção destes riscos devido as obras que se localizam nos
corredores naturais das águas pluviais.
A participação das comunidades vulneráveis na gestão dos riscos de inundações tem um papel
fundamental. Pois pode contribuir para a redução de conflitos entre as comunidades afectadas e
as entidades locais, simultaneamente, pode ainda gerar cumplicidade entre os envolvidos, o que
permite a tomada de decisão racional e participada na definição de medidas de prevenção e
mitigação resilientes ao risco.
Portanto, a selecção deste tema deve-se ao facto de a autora ser do Curso de licenciatura em
Gestão Ambiental e Desenvolvimento Comunitário, e sentir a necessidade de dar o seu
contributo, no que se refere aos problemas enfrentados na inclusão das comunidades vulneráveis
na gestão do risco de inundações.
Mais, a vinculação profissional da autora na área do desenvolvimento das comunidades despertou
o interesse para a necessidade de participação de comunidades vulneráveis, sobretudo em relação
ao modelo de funcionamento como ferramenta útil no apoio ao processo de tomada de decisão.
Este estudo parte da ideia de que a experiência e o conhecimento local, são os que melhor se
ajustam relativamente à definição de medidas que visam a mitigação e a prevenção na gestão do
risco de inundações. Trata-se de um tema bastante actual. Espera-se que a investigação contribua
para o estudo de temas relacionados com a participação das comunidades na gestão de risco de
inundações. Prevê-se igualmente que este estudo venha a contribuir para o reforço do papel das
entidades governamentais e não-governamentais e que contemplem a participação das
comunidades em condições de igualdade e no desenvolvimento de medidas inclusivas. Esta é
uma forma de fomentar a resiliência comunitária.
1.4.Delimitação Do Tema
A delimitação temporal do estudo compreende o período de 2019 à 2022 a escolha deste período
deve-se ao facto da autora ser uma moradora da cidade da Beira e neste período vivenciou
directamente as dificuldades que os moradores do bairro Espangara, sofreu durante a época
ciclónica e de cheias afectando completamente a qualidade de vida destes. E a escolha do
Município da Cidade da Beira deve-se ao facto de ser uma cidade em desenvolvimento e também
devido a sua localização, e pela facilidade de deslocamento que facilitou a realização do estudo.
1.5.Limitações Do Trabalho
Uma das limitações iniciais desta investigação foi em termos de pressupostos teóricos relativos às
competências psicológicas específicas presentes em alguns moradores desconhecerem os
impactos que as construções desordenadas possam lhe proporcionar na gestão de inundações.
Outra limitação encontrada foi o facto de não poder alargar o estudo aos outros bairros. Deve-se
ao facto da amostra ser ínfima e não abranger quase toda população.
Como recomendações para investigações futuras nesta mesma temática, salienta-se a importância
de alargar a amostra de participantes a escalões mais alargados, utilizando outros métodos ou
questionários que possibilitem a recolha de dados pretendidos.
1.6.METODOLOGIA DA PESQUISA
1.6.1. Quanto aos objectivos da pesquisa
O estudo será exploratória de forma semelhante, (Gil, 2004, P. 17) considera que a pesquisa
exploratória tem como objectivo principal desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias,
tendo em vista a formulação de problemas mais precisos ou hipóteses pesquisáveis para estudos
posteriores.
Segundo o autor, estes tipos de pesquisas são os que apresentam menor rigidez no planeamento,
pois são planejadas com o objectivo de proporcionar visão geral, de tipo aproximativo, acerca de
determinado fato.
A pesquisa é qualitativa entendida, por alguns autores, como uma “expressão genérica”. Isso
significa, por um lado, que ela compreende actividades ou investigação que podem ser
denominadas específicas.
O que Segundo (Triviños, 1987, P. 42), a abordagem de cunho qualitativo trabalha os dados
buscando seu significado, tendo como base a percepção do fenómeno dentro do seu contexto. O
uso da descrição qualitativa procura captar não só a aparência do fenómeno como também suas
essências, procurando explicar sua origem, relações e mudanças, e tentando intuir as
consequências.
Este estudo quanto ao tipo, é uma investigação – acção, centrada na prática pedagógica. Segundo
(Dick, 2000), “A investigação – acção é uma metodologia que tem como duplo objectivo a acção
e investigação, no sentido de obter resultados em ambas as vertentes: a acção para obter
mudanças numa comunidade, organização ou programa; a investigação, no sentido de aumentar a
compreensão por parte do investigador, do cliente e da comunidade” (cit. in VILELAS, 2009, p.
190).
1.7.População e Amostra
De acordo com a problemática em estudo, a população ou universo para a referida pesquisa serão
Moradores do bairro em estudo e responsáveis da área de urbanização.
1.7.1. Amostra
Sendo assim para a referida pesquisa foram escolhida aleatoriamente 5 moradores do Bairro
Espangara e três funcionário da área de urbanização.
No que diz respeito às técnicas é de carácter utilitário afirmar que “as técnicas são os
procedimentos operacionais que servem de mediação prática para a realização das pesquisas.
Como técnicas de colecta de dados usou-se o questionário e observação directa. Através desta
técnica tornou-se possível fazer a colecta, o mapeamento e análise das sensibilidades de vários
actores no que respeita a aquilo que foi a participação dos cidadãos.
Segundo Lakatos & Marconi (1999) definem o questionário como “uma série ordenada de
perguntas, respondidas por escrito sem a presença do pesquisador”.
A escolha desta técnica justifica-se pelo facto que o questionário permite alcançar um maior
número de pessoas em pouco tempo; é mais económico; a padronização das questões possibilita
uma interpretação mais uniforme dos respondentes, o que facilita a compilação e comparação das
respostas escolhidas, além de assegurar o anonimato ao interrogado.
1.8.1.2.Técnica de observação
Segundo GIL (2008), A observação é uma das etapas do método científico que consiste em
perceber, ver e interpretar. É nessa vertente que o autor optou pela técnica de observação pois
esta ajudara o pesquisador a identificar e obter provas a respeito de objectivos sobre os quais os
indivíduos não têm consciência, mas que orientam seu comportamento, sem que, a princípio, as
ideias interpretativas do observador sejam tomadas. A observação ajudara a fazer registos exactos
da realidade vivida.
Assim sendo, o nosso estudo quanto as fontes bibliográficas abrangem a informação já publicada,
constituído basicamente por livros, artigos, boletins, jornais e informações disponibilizadas na
internet relacionadas com o município e orçamento participativo.
Para a realização deste trabalho também foi usada a Pesquisa Bibliográfica, pois segundo Gil
(2008), “é usada quando elaborada a partir de material já publicado, constituído principalmente
de livros, artigos periódicos e actualmente com material disponibilizado na Internet”. Com esta
pesquisa consistiu na selecção, leitura, análise de várias obras e documentos relacionado ao tema
e o levantamento de dados achados pertinentes para o trabalho.
Para um tratamento e pré-análise dos dados e apresentação gráfica destes, optou-se pela
utilização do software Microsoft Excel. Dentro desta linha de actuação, Gil (2008), refere
“Apresentar dados sob expressões gráficas favorece incontestavelmente a qualidade das
interpretações. Para a filtragem dos dados recorreu-se a estatística descritiva e a expressão gráfica
são mais do que simples técnicas de exposição dos resultados.
Mas esta apresentação não pode substituir a reflexão teórica prévia, a única a fornecer critérios
explícitos e estáveis para a recolha, a organização e sobretudo a interpretação dos dados
assegurando, assim, a coerência do conjunto do trabalho.
Para a validade interna dos dados utilizou-se como recurso à triangulação dos dados. A
triangulação também nos permite avaliar a fiabilidade duma investigação. A triangulação1
consiste em combinar dois ou mais pontos de visa, fontes de dados, abordagens teóricas ou
métodos de recolha de dados numa mesma pesquisa para que possamos obter como resultado
final um retrato mais fidedigno da realidade ou uma compreensão mais completa do fenómeno a
analisar.
1.9. CRONOGRAMA
De acordo com (Gil, 2002, P.63), “cronograma é a medição do tempo necessário para o
desenvolvimento de cada uma das etapas da pesquisa”
Distribuir o tempo total disponível para a realização da pesquisa, incluindo nesta divisão a sua
apresentação gráfica.
3. Coelho, A. et al, (2011). A (re) produção do espaço urbano. 9ª. ed. Bookman,
5. Gil, A. C. (2004) Métodos e técnicas de pesquisa social. 4ª ed. São Paulo, Atlas.
6. INE, 2017