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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS - DEPARTAMENTO DE


ENGENHARIA CIVIL
PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL – MESTRADO EM
GEOTECNIA

INTERVENÇÕES PARA TRATAMENTO DE ENCOSTAS URBANIZADAS

RECIFE-PE
2022
MARIA ISABEL FERREIRA DOS SANTOS

INTERVENÇÕES PARA TRATAMENTO DE ENCOSTAS URBANIZADAS

Atividade avaliativa do tipo Relatório


Técnico apresentado à disciplina de
Geologia de Engenharia, ministrada
pelo Prof. Roberto Quental Coutinho,
como requisito parcial à aprovação na
disciplina.

RECIFE-PE
2022
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................ 4

2. RELEVÂNCIA DO TEMA ............................................................................ 5

3. OBJETIVO................................................................................................... 7

4. MOVIMENTOS DE MASSA ........................................................................ 8

4.1. Quedas ................................................................................................. 9

4.2. Tombamento ...................................................................................... 10

4.3. Escorregamento ................................................................................ 10

4.4. Corridas de massa ............................................................................ 13

5. CONDICIONANTES DOS MOVIMENTOS DE MASSA ............................ 14

5.1. Remoção da cobertura vegetal ........................................................ 14

5.2. Vazamento na rede de abastecimento de água .............................. 15

5.3. Infiltração à partir de esgotos e fossas sanitárias ......................... 15

5.4. Execução de cortes inadequados.................................................... 17

5.5. Lançamento de lixo e entulho nas encostas .................................. 18

6. SOLUÇÕES DE TRATAMENTO DE ENCOSTAS .................................... 18

6.1. Sem estruturas de contenção .......................................................... 20

6.2. Com estruturas de contenção .......................................................... 23

7. ESTUDO DE CASO................................................................................... 28

REFERÊNCIAS ................................................................................................ 45
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INTERVENÇÕES PARA TRATAMENTO DE ENCOSTAS URBANIZADAS

1. INTRODUÇÃO

As maiorias das cidades brasileiras apresentam um grande número de


acidentes naturais causados pela ocupação desordenada em áreas de risco.
Em virtude desses acidentes catastróficos, diversos estudos vêm sendo
realizados com o objetivo de minimizar os riscos nessas áreas, bem como
propor soluções de estabilização aos maciços, garantindo a segurança dos
moradores.
De acordo com Silveira (2016) eventos catastróficos envolvendo
instabilidade de encostas definitivamente tornou-se pauta de discussões na
sociedade brasileira. Estas ocorrências, rotineiras em estações chuvosas,
fazem parte da dinâmica natural de transformação da crosta terrestre e estão
diretamente relacionados a fenômenos naturais ou antrópicos. Na maioria dos
acidentes geotécnicos de grandes proporções são mais relevantes os fatores
naturais do que os fatores antrópicos. Neste sentido, evitar estes acidentes é
difícil, mas é possível evitar que causem perdas materiais e humanas.
As soluções estruturadoras para os morros são aquelas que possibilitam
condições de estabilidade, que só se viabilizam quando a encosta é tratada
como um todo, com soluções combinadas de retaludamenıo, de proteção
superficial com materiais naturais e artificiais e de drenagem adequada à
microbacia em questão, além de obras de estrutura de contenção, tais como
muros de arrimo, quando necessários (DEFESA CIVIL, 2018).
A ocorrência de deslizamentos pode se dá devido à ação de diversos
fatores influenciadores, porém, têm-se três agentes que atuam de maneira
mais significativa nesses eventos. Pode-se definir que a topografia do terreno,
a influência das precipitações e eventos extremos, e por último a ocupação
desordenada das áreas de risco.
O Ministério do Desenvolvimento Regional (2022), afirma que o primeiro
fator está associado a uma topografia acidentada com declividades
acentuadas, o que implica naturalmente a movimentação do terreno por ações
gravitacionais. O segundo, por sua vez, compreende a existência de um regime
anual de chuvas em que, em um dado período do ano, elas se concentrem e
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ocorram mais intensamente. A água, sem dúvida, é o principal agente


deflagrador dos deslizamentos pelo fato de dissolver e desagregar os materiais
constituintes de solo e rochas. Assim, não estando presente, há pouco
dinamismo nos processos de degradação e movimentação do relevo. Por fim, o
ultimo fator corresponde à ocupação dessas áreas ambientalmente
inadequadas para fins de habitação e moradia que interrompem o equilíbrio
dinâmico natural e aceleram processos que demandariam milhões ou milhares
de anos para uma fração de tempo bem mais reduzida.
Os estudos sobre movimentos de massa podem ser realizados visando
dois objetivos principais: o corretivo e o preventivo. No corretivo, as
investigações devem apresentar soluções para eliminar ou minimizar os efeitos
de um processo de instabilidade em deflagração ou já ocorrido. Na remediação
de instabilidades de encostas, inúmeras soluções de engenharia estão
disponíveis ao meio técnico. No entanto, o passo mais importante na
estabilização de encostas é anterior à escolha ou detalhamento da solução;
está no diagnóstico do fenômeno de instabilidade (SILVEIRA, 2016).
Neste sentido, o presente trabalho objetiva apresentar informações
relacionadas aos tipos e causas das ocorrências envolvendo movimentos de
massa, bem como enfatizar as soluções estabilizadoras que minimizam esses
deslizamentos. Por fim, tem-se um estudo de caso, onde é exibida uma ruptura
ocorrida na Região Metropolitana do Recife (RMR) e as soluções propostas
para este caso.

2. RELEVÂNCIA DO TEMA

Os deslizamentos compreendem acontecimentos de grande relevância


socio-econômica, apresentando conseqüências catastróficas com elevado
número de perdas de vidas humanas e perdas econômicas. Os deslizamentos
têm início, em geral, a partir do rompimento, em um determinado ponto da
encosta, das condições de estabilidade e de equilíbrio dos materiais que
constituem o terreno. Os gráficos abaixo mostram o número de vítimas por
deslizamentos no período de 1988 a 2004, as vítimas de deslizamentos por
estado, bem como o número de mortes por deslizamentos na RMR.
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Figura 1 - Vítimas de escorregamentos no Brasil entre os anos de 1988 e 2004

Fonte: IPT (2004) apud Santana (2006).

Figura 2 - Vítimas de escorregamentos por Estado

Fonte: IPT (2004) apud Santana (2006).

Figura 3 - Mortes em deslizamentos na RMR entre 1984 e 2003

Fonte: IPT (2004) apud Santana (2006).


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A Figura 1 acima mostra que o ano de 1988 apresentou o maior número


de vítimas, com 277 vítimas fatais, seguido pelo ano de 1996 com 228. Os
autores citam que após esse ano o número de vítimas fatais diminuiram, que
pode ser explicado pelo fato de uma maior preocupação por parte dos
governos e da sociedade em intensificar medidas de prevenção e remediação
em áreas sujeitas a movimentos de massa.
É possível observar que nas Figuras 2 e 3 os estados de Rio de Janeiro,
São Paulo, Minas Gerais, Bahia e Pernambuco aparecem com mais de 100
vítimas, destacando-se o estado do Rio de Janeiro, que apresenta mais de 400
vítimas no período acima citado.
Na Figura 3 pode-se analisar a questão dos deslizamentos na Região
Metropolitana do Recife, onde no ano de 1996, foram contabilizadas 60 vítimas
fatais. Após esse ano, houve uma significativa diminuição desse número, que
pode ser resultado do aumento dos investimentos em prevenção, que incluem
maior conhecimento dos riscos por parte da população nos locais que
registram desastres de grande magnitude, diminuindo a vulnerabilidade da
população e por sistemas de alertas antecipados.
Prieto (2018) elucida que todos os locais podem ser afetados por
desastres naturais, porém algumas regiões, com maior frequência devido às
características do meio físico. Quando a população é mais vulnerável do ponto
de vista socioeconômico, há tendência de aumentar o número de vítimas em
decorrência de tais eventos.

3. OBJETIVO

Este trabalho tem como o objetivo apresentar a fundamentação teórica


sobre o tema abordado no seminário. A estrutura do trabalho está disposta na
forma de tópicos em que serão apresentados os conteúdos relacionados às
intervenções para tratamento de encostas urbanizadas. O presente trabalho é
apresentado como requisito parcial de avaliação da disciplina Geologia de
Engenharia.
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4. MOVIMENTOS DE MASSA

Movimentos de massa gravitacionais é o termo usado para descrever os


processos relacionados a movimentos descendentes de solos e rochas nas
encostas, induzidos pelo campo de tensão gravitacional (Patton e Hendron Jr.,
1974; Selby, 1993 apud Oliveira, 2009).
Os movimentos de massa são reconhecidos como os mais importantes
processos geomórficos modeladores da superfície terrestre. Constituem-se no
deslocamento de material, solo e rocha vertente abaixo sob a influência da
gravidade, sendo desencadeados pela interferência direta de outros meios ou
agentes independentes como água, gelo ou ar (BIGARELLA et al., 2003).
Os processos de movimentos de massa são modeladores naturais das
encostas, principalmente em regiões com elevada declividade. Porém, quando
esses fenômenos ocorrem em encostas ocupadas, causam impactos sociais e
econômicos (Prieto, 2018). Na maioria das vezes esses movimentos são
classificados em quedas, tombamentos, escorregamentos e corridas de massa,
conforme se define a seguir:

Figura 4 – Tipos de movimento de massa

Fonte: Adaptado de Burns e Madin, 2009.

O Brasil é considerado muito suscetível aos movimentos de massa


devido às condições climáticas marcadas por verões de chuvas intensas em
regiões de grandes maciços montanhosos.
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4.1. Quedas

São movimentos repentinos para baixo, de rocha ou terra, ou ambas,


que se desprendem de taludes íngremes ou de penhascos. O material que
desce, geralmente bate nas paredes inferiores do talude num ângulo menor
que o ângulo da queda, causando saltos. A massa em queda pode quebrar no
impacto, pode iniciar um rolamento em taludes mais íngremes e pode continuar
até a cota mais baixa do terreno (HIGHLAND; BOBROWSKY, 2008).

Figura 5 – Queda rochosa e deslizamento ocorrido em Clear Creek Canyon,


Colorado, EUA, em 2005.

Fonte: Highland; Bobrowsky, 2008.

O processo se desenvolve em encostas íngremes, constituídas por


afloramentos de rocha, com presença de blocos isolados ou campo de
matacões. A instabilização do bloco se dá pela perda da resistência mecânica
de apoio, que pode ser uma superfície rochosa ou elementos como árvores e
raízes. Pode desenvolver-se ainda a partir da erosão ou ação das águas das
chuvas, que lavam e escavam as camadas superficiais do solo, liberando os
blocos e matacões encosta abaixo (OLIVEIRA, 2010).
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4.2. Tombamento

O tombamento, também conhecido como basculamento, acontece em


encostas/taludes íngremes de rocha, com descontinuidades (fraturas,
diáclases) verticais. Em geral, são movimentos mais lentos que as quedas e
ocorrem principalmente em taludes de corte, onde a mudança da geometria
acaba desconfinando estas descontinuidades, propiciando o tombamento das
paredes do talude (RIFEL, 2017).

Figura 6 – Bloco envergando em Fort St. John, British Columbia, Canadá.

Fonte: Highland; Bobrowsky, 2008.

O tombamento apresenta velocidade variável, podendo ser


extremamente lenta ou extremamente rápida, às vezes com aceleração
durante o movimento, dependendo da distância do deslocamento. Na maioria
das vezes é gerado pela gravidade exercida pelo material da parte superior da
massa deslocada e, outras vezes, por água ou gelo presente em fissuras no
interior da massa; também por vibração, erosão regressiva, condições
climáticas diferenciadas, escavações ou erosões por cursos de água.

4.3. Escorregamento

Os escorregamentos são movimentos rápidos, com velocidade variando


de m/h a m/s, que apresentam superfície de ruptura bem definida e o volume
transportado é variado, mas pode ser facilmente medido ou inferido. São
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subdivididos em função do mecanismo de ruptura, geometria e material e


geralmente são deflagrados devido à umidade, proveniente, na maioria das
vezes, da água das chuvas. (ROQUE, 2013). O movimento não ocorre,
inicialmente, de maneira simultânea, por toda área que vem a se tornar a
superfície da ruptura; o volume de material deslocado aumenta a partir de uma
área no local da ruptura.
O principal agente deflagrador do processo é a água da chuva, muitas
vezes associado a desmatamentos, erosão, variações de temperatura,
oscilações do nível freático e fontes. As chuvas contribuem diretamente para a
instabilização de encostas, por meio de infiltração e encharcamento do solo;
formação de fendas, trincas e juntas, com a geração de superfícies de ruptura;
atuação de pressões hidrostáticas; saturação do solo com aumento do peso
específico e redução da resistência dos solos pela perda de coesão
(OLIVEIRA, 2010).
Os escorregamentos são classificados em: translacionais e rotacionais,
conforme exibido nas Figuras abaixo:

Figura 7 – Escorregamento rotacional ocorrido na Nova Zelândia.

Fonte: Highland; Bobrowsky, 2008.


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Figura 8 – Escorregamento translacional que ocorreu em 2001 no Canada.

Fonte: Highland; Bobrowsky, 2008.

O escorregamento rotacional é um tipo de deslizamento em que a


superfície da ruptura é curvada no sentido superior e o movimento da queda de
barreira é mais ou menos rotatório em torno de um eixo paralelo ao contorno
do talude, ocorrendo mais frequentemente em materiais homogêneos, o
escorregamento rotacional é o tipo mais comum de escorregamento em
aterros.
Já no escorregamento translacional a massa de solo move-se para fora,
ou para baixo e para fora, ao longo de uma superfície relativamente plana, com
pequeno movimento rotacional ou inclinação para trás, ocorrendo comumente
ao longo de descontinuidades geológicas tais como falhas, junções,
superfícies, estratificações, ou o ponto de contato entre rocha e solo.
Têm-se também os escorregamentos em cunha, que estão associados à
saprólitos e maciços rochosos, onde a existência de dois planos de fraqueza
desfavorável à estabilidade condiciona o deslocamento ao longo do eixo de
intersecção destes planos. Estes processos são mais comuns em taludes de
corte ou encostas que sofreram algum processo natural de desconfinamento,
como erosão ou deslizamentos pretéritos (IPT, 2013).
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4.4. Corridas de massa

De acordo com Oliveira (2010) as corridas de massa constituem o


processo mais rápido de escoamento de uma massa de solo ou solo e rocha
ao longo de uma vertente. A origem da corrida de massa está diretamente
relacionada às águas das chuvas e sua ocorrência faz parte da dinâmica de
evolução de uma vertente, podendo mostrar recorrência ao longo do tempo.
Geralmente envolve grandes volumes de massa mobilizada com alto poder
destrutivo e de transporte, atingindo grandes distâncias ao longo das
drenagens e podendo atingir mesmo as áreas mais planas.

Figura 9 – Fluxo de detritos na Venezuela em 1999.

Fonte: Highland; Bobrowsky, 2008.

As corridas de massa podem acontecer devido a inundações repetinas,


que provocam a movimentação dos materiais depositados nos rios e suas
margens, bem como devido a queda de blocos, uma vez que o impacto do
bloco rochoso sobre uma massa de solo pode levar a processos de liquefação,
transformando-se em um material viscoso, vindo a escoar. A velocidade do
deslocamento pode ser rápida ou extremamente rápida, dependendo da
consistência do materia e do ângulo de inclinação da superfície.
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5. CONDICIONANTES DOS MOVIMENTOS DE MASSA

Os movimentos gravitacionais de massa podem ser condicionados por


processo natural ou induzidos pelas interferências antrópicas no ambiente. De
acordo com Oliveira (2010), o avanço das diversas formas de ocupação do solo
em áreas naturalmente susceptíveis aos movimentos de massa acelera e
amplia os processos de instabilização.
As principais alterações oriundas das interferências humanas que
influeciam os movimentos de massa dizem respeito a: remoção de cobertura
vegetal, vazamentos na rede de abastecimento água, infiltração à partir de
esgotos e fossas sanitárias, execução de cortes inadequados e lançamento de
lixo nas encostas e taludes.

5.1. Remoção da cobertura vegetal

A remoção das coberturas vegetais nos taludes aumenta o risco de


ocorrência de escorregamentos superficiais e erosão. Entretanto, há certos
tipos de vegetação, cuja presença é prejudicial à estabilidade dos taludes, pois
permite maior infiltração de água, facilitando a saturação dos mesmos, tais
como bananeiras ou que apresentam raízes pouco profundas e alturas
elevadas, favorecendo o balanço, tais como o eucalipto.

Figura 10 – Presença de bananeiras em encosta.

Fonte: CPRM, 2018.


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5.2. Vazamento na rede de abastecimento de água

Vazamentos desse tipo na rede de abastecimento de água propiciam a


saturação do solo e a diminuição da sua resistência, favorecendo a
instabilização de cortes e aterros. Este fato torna-se mais grave quando a rede
é improvisada pelos moradores (através de canos e mangueiras inadequados),
que é muito comum nessas áreas. Nesta situação é comum aparecerem
vazamentos e rompimentos em pontos diferentes do terreno, configurando uma
nova situação em relação ao fluxo de água no interior do mesmo (CAMPOS,
2011).
Figura 11 – Presença de vazamentos em tubulações na encosta.

Fonte: CPRM, 2018.

5.3. Infiltração a partir de esgotos e fossas sanitárias

A falta de um sistema de drenagem eficiente faz com que as águas


servidas infiltrem-se no solo, através de trincas, diminuindo sua resistência e
provocando a ruptura de cortes e aterros, bem como o aumento de processos
erosivos. Nesse caso das águas servidas, a inexistência ou deficiência do
esgotamento sanitário faz com que também haja uma infiltração contínua no
solo, o que pode levar à sua saturação e consequente ruptura de cortes e
aterros (SILVA, 2016).
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Figura 12 – Presença de tubulações de esgoto na encosta.

Fonte: CPRM, 2018.

Nas áreas onde não há esgotamento sanitário e principalmente em


áreas onde reside população de menor poder aquisitivo, a construção de
fossas sanitária ou fossa negra, como é comumente conhecida, é comum.
Porém, muitas vezes, elas são construídas sem nenhum tipo de
impermeabilização o que resulta em contaminação do lençol freático. Em locais
de maior declividade estes vazamentos levam à saturação do solo e afetam a
estabilidade de cortes e aterros.

Figura 13 – Presença de fossas sanitárias na encosta.

Fonte: CPRM, 2018.


17

5.4. Execução de cortes inadequados

A execução de cortes em encostas para abertura de sistema viário ou


para construção de residências apresenta, muitas vezes, inclinação e alturas
excessivas, incompatíveis com a resistência intrínseca do solo, o que
possibilita a ocorrência de deslizamentos.

Figura 13 – Cortes inadequados executados nas encostas

Fonte: CPRM, 2018.

Quando o corte atinge o solo de alteração, outros condicionantes,


denominados estruturas residuais da rocha (fraturas e demais
descontinuidades), podem tornar a encosta mais susceptível a
escorregamentos, principalmente, quando esta é submetida à ação das águas.
No entanto, o fator de segurança aumenta quando as inclinações destas
estruturas estão voltadas para dentro do talude (SILVA, 2016).
É importante ressaltar que o aumento da instabilidade nas encostas não
se dá apenas devido a execução de cortes inadequados, mas também a
construção de aterros incorretos. Quando um aterro é executado sem a devida
preparação, o material é apenas lançado sobre a superfície do terreno ou
vegetação, e são grandes as chances de formar caminhos preferenciais para
água ocorrendo ruptura do aterro.
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5.5. Lançamento de lixo e entulho nas encostas

Roque (2013) afirma que o lançamento de lixo e entulho nas encostas


cria condições favoráveis para a ocorrência de escorregamento, pois o material
é extremamente poroso e, em período chuvoso, acumula água que se torna um
peso extra, fazendo com que essa massa de material se desloque. O problema
pode se agravar quando este material é lançado sobre as linhas de drenagem,
seja natural ou servida.

Figura 14 – Lançamento de lixo nas encostas

Fonte: CPRM, 2018.

6. SOLUÇÕES DE TRATAMENTO DE ENCOSTAS

É com base no conhecimento das causas dos processos de


instabilização de taludes de cortes, aterros e encostas naturais que devem ser
definidas e construídas as obras de estabilização. Este embasamento faz-se
necessário para garantir a eficácia e a eficiência das obras do ponto de vista
técnico e econômico, evitando a execução de obras desnecessárias e a
alocação de recursos financeiros excessivamente elevados para a sua função
(Carvalho, 1991 apud Bassaneli, 2016).
Essas soluções servem para apoiar decisões que permitem a escolha do
tipo de obra e serviço que melhor se adeque à estabilização da encosta.
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Apresentam também como objetivo estimular a criatividade para adaptação


e/ou modificação total ou parcial das técnicas apresentadas, diante das
características geotécnicas encontradas, dos recursos e mão de obra
disponível e de outros fatores condicionantes.
As obras de estabilização de encostas dividem-se em dois grupos
principais: obras sem estrutura de contenção e obras com estrutura de
contenção, conforme exibe a Figura 15.

Figura 15 – Obras de contenção de encostas

Fonte: Alheiros et al., 2003 apud Santana, 2006.

Obras de estabilização sem estruturas de conteção são aquelas que


apresentam cuidados com a proteção superficial e drenagem da encosta,
evitando o aumento de processos erosivos. Já as obras de estabilização com
estrutuas de contenção dependem das características geométricas e
geotécnicas da encosta, deve-se proceder a esolha da solução mais adequada.
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Os tipos de estabilização abordados no presente trabalho são


apresentados no fluxograma abaixo:

Figura 16 – Fluxograma das obras de estabilização

Proteção superficial
Macrodrenagem
Sem estruturas de
Drenagem
contenção
Soluções de tratamento

Microdrenagem
Retaludamento

Concreto ciclópico

Solo-cimento
Muros de gravidade
ensacado
Com estruturas de
contenção
Muros de solo
Gabiões
reforçado

Fonte: Elaboração própria, 2022.

6.1. Sem estruturas de contenção

Abaixo são apresentadas as obras de estabilização sem estruturas de


conteção, que são elas: proteção superficial, drenagem e retaludamento.

Proteção superficial

Silva (2016) destaca que esse tipo de solução tem como função,
basicamente, impedir a formação de processos erosivos e diminuir a infiltração
de água no maciço. Essas obras tem papel importante na estabilização de
taludes ou encostas naturais. A execução pode ser feita tanto com materiais
artificiais como naturais, sendo que esses últimos devem ser mais utilizados
por serem mais econômicos e apresentarem melhores condições hidrológicas.
De acordo com o Manual de Ocupação dos Morros na Região
21

Metropolitana do Recife (2003), algumas recomendações são indicadas para


essa solução:
 Adotar, para os revestimentos dos taludes próximos às moradias,
gramíneas de menor porte a fim de evitar ninhos de animais nocivos; em
taludes muito próximos da moradia, usar preferencialmente revestimentos
cimentados;
 Adotar a recomposição vegetal nativa nas áreas desmatadas, em encostas
íngremes e em áreas não edificáveis, interditadas à ocupação, adotando
práticas de plantio de mudas ou lançamento de sementes;
 Sugerir sempre o corte (e destoca) das touceiras de bananeiras em taludes
inclinados ou próximas a depósitos de lixo;
 Erradicar as árvores de grande porte no terço superior da encosta,
particularmente as que já se apresentam inclinadas;
 As árvores situadas no pé da encosta e que podem funcionar como
barreira vegetal devem ser mantidas; árvores nos patamares, afastadas da
borda da encosta, geralmente não oferecem risco;
 Sugerir ou induzir (através da doação de mudas) o plantio de frutíferas de
pequeno porte como pitanga, acerola, goiaba, que não oferecem perigo
nas encostas e representam fonte alimentar.

Drenagem

O objetivo da drenagem é diminuir a infiltração de águas pluviais,


captando-as e escoando-as por canaletas dispostas longitudinalmente, na
crista do talude e em bermas, e, transversalmente, ao longo de linhas de maior
declividade do talude. Para declividades grandes, pode ser necessário recorrer
a escadas d’água, para minimizar a energia de escoamento das águas
(MASSAD, 2010).
As soluções que envolvem o escoamento superficial são divididas em
dois subsistemas: o sistema de micro-drenagem, formado por valetas, calhas e
canaletas, além dos dissipadores de energia e as caixas coletoras; e o sistema
de macro-drenagem, formado por galerias subterrâneas e canais, completado
por rios, lagos e pelo mar, que recebe todo o volume escoado.
22

A Figura 17 exibe as partes integrantes do sistema de drenagem de uma


encosta:

Figura 17 – Elementos de drenagem de uma encosta

Fonte: Alheiros, 1998 apud Bandeira, 2003.

Retaludamento
Segundo com Massad (2010), os retaludamentos consistem em alterar a
geometria do talude, quando houver espaço disponível, fazendo-se um jogo de
pesos, de forma a aliviá-los junto à crista e acrescentá-los junto ao pé do
talude. Assim, uma escavação ou corte feito junto à crista do talude diminui
uma parcela do momento atuante; analogamente, a execução de um
contrapeso (berma) junto ao pé do talude tem efeito contrário, estabilizador.
De acordo com o Manual de Ocupação dos Morros na Região
Metropolitana do Recife (2003), algumas recomendações são indicadas para
essa solução:
 Fazer a remoção do material a partir do topo do talude para evitar
acidentes com deslizamentos quando se descalça a base;
 Em taludes contínuos, com mais de 5 m de altura, escalonar degraus
(bermas ou banquetas) para reduzir o percurso da água sobre a face do
talude;
 Fazer a proteção superficial do talude harmonizada ao sistema de
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microdrenagem, previamente dimensionada no projeto de retaludamento;


 Remover o material excedente, evitando danos às áreas vizinhas, bem
como o assoreamento das linhas de drenagem;
 Em solos arenosos, a frente de trabalho não deve ter mais de 2 m de
extensão horizontal; taludes com maior extensão devem ser executados
por etapas dentro dos limites de segurança.

Figura 18 – Retaludamento de uma encosta

Fonte: CPRM, 2018.

6.2. Com estruturas de contenção

Abaixo são apresentadas as obras de estabilização com estruturas de


conteção, que são elas: muros de gravidade e muros de solo reforçado.

Muros de gravidade

Muros de gravidade são estruturas que recorrem ao seu peso próprio


e/ou ao peso de uma parte do bloco de solo a ela incorporado para manterem-
se estáveis. Tais estruturas podem ser formadas por corpos maciços
construídos em gabiões, concreto ciclópico, concreto, crib-wall, pedras
argamassadas, ou até a combinação de vários tipos de materiais.
O dimensionamento desse tipo de obra é elaborado de modo a garantir
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que o atrito entre o solo e a estrutura evite o desabamento. Além disso, deve
possuir uma geometria que evite o tombamento, e deve ainda transmitir à
fundação uma tensão inferior às admissíveis pelo solo (MARCHI, 2005 apud
Silva, 2016).

Concreto ciclópico

Estes muros são recomendáveis para contenção de taludes com altura


máxima entre 4 e 5 metros. O muro de concreto ciclópico é uma estrutura
construída com o preenchimento de uma fôrma com concreto e blocos de
rocha de dimensões variadas. É essencial a execução de um sistema
adequado de drenagem neste tipo de contenção, devido à baixa
permeabilidade do mesmo.

Figura 19 – Muro de concreto ciclópico

Fonte: Finotti et al., 2013.

A drenagem do muro pode ser de dois modos: furos de drenagem ou


manta de material geossintético. Os furos de drenagem são posicionados na
face frontal do muro, o que às vezes causa um impacto visual negativo, visto
que o fluxo de água provoca manchas no muro quando não são feitos os
buzinutes (prolongamento do tubo/barbacã para servir de pingadeira). Já a
manta geotêxtil é colocada na face posterior do muro. Neste caso, a água é
recolhida através de tubos de drenagem adequadamente posicionados.
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Solo-cimento ensacado

O solo-cimento ensacado é uma das aplicações mais versáteis deste


material. É utilizado para contenção de encostas, revestimentos de canais, na
proteção de saídas de água em galerias, na cabeceira de pequenas pontes
rurais, enfim, onde se deseje efetuar a proteção da ação erosiva da água
(Ramos, 2019).

Figura 20 – Muro de solo-cimento ensacado

Fonte: Ramos et al., 2019.

Para a confecção do solo-cimento ensacado, inicialmente a massa de


solo-cimento fresco é colocada em sacarias que, depois de costuradas, são
posicionadas no local. Os sacos podem ser de diferentes materiais, e sua
função é de servir de fôrma para a compactação. Com o tempo a sacaria se
deteriora, expondo o solo-cimento já endurecido. A disposição dos sacos deve
seguir um arranjo que permita um travamento entre os elementos.

Gabiões

Muros de gabiões são constituídos por elementos metálicos


confeccionados com telas de malha hexagonal de dupla torção de arame
galvanizado preenchidos por pedras. As pedras devem possuir granulometria
adequada, ou seja, diâmetros que sejam no mínimo superiores à abertura da
malha das gaiolas e os degraus do muro podem ser externos ou internos. Os
gabiões são elementos modulares que podem ser costurados uns aos outros,
26

podendo admitir formas prismáticas ou cilíndricas. Esse tipo de muro de


gravidade é muito utilizado em canais e cursos d’água, atuando na contenção
das margens.

Figura 21 – Muro de gabião

Fonte: Finotti et al., 2013.

De acordo com Finotti et al., (2013) essas estrutuas de contenção


possuem características técnicas muito importantes que devem ser
consideradas. Assim, podem-se considerar as contenções em gabião como
estruturas:
 Monolíticas: A união de todos os blocos forma um único bloco homogêneo
que tem características de resistência igual em qualquer ponto da
estrutura. Se caracterizando, portanto, como uma estrutura monolítica;
 Resistentes: A malha do tipo hexagonal de dupla torção proporciona uma
distribuição mais uniforme dos esforços, além de impedir o desfiamento da
tela;
 Flexíveis: Os muros de gabião permitem a adaptação e acomodação da
estrutura de acordo com os movimentos do terreno, sem perder sua
estabilidade e eficiência;
 Permeáveis: Está é a umas das mais importantes características do
gabião, pois ele é totalmente permeável, logo, autodrenante, o que permite
um alívio por completo das pressões hidrostáticas sobre a estrutura;
 Baixo impacto ambiental: Devido a sua composição, principalmente em
obras de proteção hidráulica, o gabião não interpõe obstáculo impermeável
para as água de infiltração e percolação, e interfere o mínimo possível na
27

fauna e flora local;


 Práticas e versáteis: Os muros de gabiões podem ser construídos em
qualquer condição ambiental, com ou sem equipamento mecânico até
mesmo em locais de difícil acesso. Não é exigido mão de obra
especializada para a construção deste tipo de contenção;
 Econômicas: Muros de gabiões são economicamente mais viáveis, por
apresentarem custos diretos e indiretos mais baixos, quando comparados
com outros tipos de soluções com as mesmas resistências estruturais.

Muros de solo reforçado

O processo de reforço consiste em introduzir nos maciços elementos


que possuam elevada resistência à tração (fitas metálicas, mantas geotêxteis,
malhas ou barras de aço, etc.) ou compressão (calda de cimento). Os sistemas
mais conhecidos são:

Cortina
Terra armada Solo grampeado Geossintéticos
atirantada

 Terra armada: Sistema desenvolvido em 1963 e patenteado. Consiste em


reforçar o solo com fitas metálicas, onde o maciço reforçado fica faceado
por painéis pré-fabricados de concreto;
 Cortina atirantada: O maciço é reforçado a partir da inclusão de barras
ancoradas e posteriormente tracionadas, que diferentes do solo
grampeado, funcionam ativamente;
 Solo grampeado: O maciço é reforçado através da inserção de barras
metálicas que atuam passivamente;
 Geossintéticos: Materiais sintéticos que podem ser utilizados como
elementos de resistência à tração em maciços compactados.
28

7. ESTUDO DE CASO

Título: Estudo de caso: Ruptura ocorrida em encosta com ocupação


desordenada na UR 2, Ibura.
Autor: Rafael Galvão de Santana.
Ano: 2006.

Resumo

O principal objetivo do estudo de caso é de apresentar uma ruptura


ocorrida na UR 2, Ibura, que teve como conseqüências: a) destruição de duas
residências; b) um óbito por soterramento registrado na residência destruída no
patamar inferior e c) duas famílias desalojadas.
Para a realização deste estudo foi realizada uma campanha de
atividades de campo e de laboratório, que incluíram: levantamento topográfico
planialtimétrico do local do sinistro, coleta de amostras deformadas para
ensaios de caracterização, coleta de amostras indeformadas para ensaios de
cisalhamento direto, obtenção de curvas características do perfil e ensaios de
permeabilidade “Tri-Flex” e de permeabilidade in situ “Guelph”.
Com os dados obtidos em campo e no laboratório foram feitas análises
utilizando o programa SLOPEW da GEO- SLOPE, que incluíram: a) análise de
estabilidade da ruptura, considerando a geometria inicial do talude, a superfície
de ruptura observada em campo e na topografia e b) análise de estabilidade da
situação atual do talude (em ambos os caso foram utilizados os parâmetros
obtidos em ensaios).
Por fim, foram comparadas possíveis soluções de estabilização e
contenção do talude onde ocorreu a ruptura. Como principais resultados do
mapeamento, observou-se que são poucos os métodos utilizados na
estabilização de encostas na RMR, sendo apenas dois tipos de muros de
contenção utilizados na região (muros de concreto ciclópico e de solo-cimento
ensacado). Também foi observado que as intervenções se apresentam com
boa qualidade (58% foram consideradas de boas a excelentes), sendo o
tratamento incompleto da encosta principal fator para redução deste índice.
29

Como principais conclusões do estudo de caso, têm-se como resultado


da análise apresentada que o processo de instabilização desta encosta
(situada em área de Alto Risco de Deslizamento – ALHEIROS, 1998) se deu
essencialmente pela infiltração d’água (chuvas, águas servidas e vazamento de
tubulação) associada ao perfil geotécnico do local, tendo a redução da sucção,
papel crucial na instabilização desta encosta. Entretanto, com os dados obtidos
e as análises realizadas, torna-se impossível saber qual parcela de
contribuição d’água desempenhou o papel mais importante nesta ruptura.
A seguir são apresentados os principais tópicos do estudo de caso:

Localização da área de estudo

A RMR é formada por 14 municípios e tem parte significativa de seu


território caracterizada como área de morros, com declividades médias
superiores a 30%.

Figura 22 – Localização da RMR em relação ao Estado de Pernambuco e ao Brasil

Fonte: Santana, 2006.

O bairro do Ibura fica localizado na zona sul da Cidade do Recife, mais


precisamente na Região Político-Administrativa (RPA) 6 deste município.
30

Figura 23 – Mapa de risco de escorregamento das encostas ocupadas do


Recife

Fonte: Alheiros, 1998 apud Santana, 2006.

A área onde ocorreu o deslizamento está situada em uma localidade já


classificada anteriormente como uma área de “RISCO ALTO”. O local do
deslizamento é exibido na Figura abaixo:

Figura 24 – Local do deslizamento

Fonte: Santana, 2006.


31

Aspectos climáticos

O clima predominante no litoral pernambucano é do tipo As’ a Ams' de acordo


com a classificação de KÖPPEN (1948), que caracteriza um clima tropical
chuvoso com precipitação total anual acima de 750 mm e temperatura média
do ar sempre superior a 18ºC.
A Figura 25 apresenta um mapa de isoietas (curvas de igual intensidade de
chuva) construídas com as médias anuais de chuvas registradas em 12 postos
pluviométricos da RMR. Elas mostram que os municípios recebem, em média,
mais de 1500 mm de água por ano.

Figura 25 – Mapa de Isoietas da RMR

Fonte: Alheiros, 1998 apud Santana, 2006.

A umidade relativa do ar é geralmente elevada, variando entre 79,2 a


90,7%. A análise dos dados vaporimétricos mostra que na região não há déficit
hídrico, ou seja, a diferença entre a precipitação e a evapotranspiração
potencial e real é sempre positiva. As temperaturas médias anuais apresentam
grande variação entre os municípios da RMR, sendo mais baixas
(aproximadamente 20ºC) nos municípios da borda oeste de cotas mais
elevadas, enquanto nos municípios litorâneos é superior a 24 ºC.
32

Aspectos geológicos

A RMR apresenta duas unidades geotectônicas principais, que são o


embasamento cristalino e as Bacias Sedimentares do Cabo e Pernambuco-
Paraíba, parcialmente recobertas pelos depósitos da Formação Barreiras e
pelos sedimentos quaternários.

Figura 26 – Mapa geológico da RMR

Fonte: Alheiros, 1998 apud Santana, 2006.

O Embasamento Cristalino é formado por rochas de composição


granítica (granitos, migmatitos, gnaisses e micaxistos) e ocorre extensivamente
em toda a faixa oeste da Região Metropolitana do Recife. Os maciços
cristalinos estão em sua maior parte capeados por solo residual, sendo comum
a presença de matacões sobre o terreno, nessas regiões. A formação de
argilominerais nos solos dessas rochas tem um papel importante nas
33

ocorrências de deslizamentos, embora o relevo maduro e a manutenção da


cobertura vegetal tenham sido suficientes para manter as encostas em boas
condições de estabilidade natural.
A Bacia Cabo, mais recentemente denominada Bacia de Pernambuco, é
constituída por conglomerados e argilitos da Formação Cabo, os quais se
encontram parcialmente cobertos ou cortados por rochas vulcânicas da
Formação Ipojuca (riolitos, traquitos e basaltos) e interrompidos pelo granito do
Cabo de Santo Agostinho. Os sedimentos da Formação Cabo, embora muito
argilosos, mostram estabilidade adequada em suas encostas, graças ao pré-
adensamento resultante do soterramento profundo a que foram submetidos.
Entretanto, áreas expostas por grandes cortes mostram instabilidade de
algumas encostas, como se observa na área do Complexo Industrial-Portuário
de Suape, onde as intervenções são freqüentes para a implantação de novas
indústrias.
A Bacia Pernambuco-Paraíba tem, na base, os arenitos da Formação
Beberibe, e, no topo, os calcários das Formações Gramame e Maria Farinha.
A Formação Beberibe tem origem fluvial, razão pela qual apresenta
areias com excelentes condições para acumulação de água subterrânea,
sendo o maior e mais importante aqüífero da Região Metropolitana do Recife,
conhecido como aquífero Beberibe.
As Coberturas Sedimentares são compostas pelos sedimentos terciários
da Formação Barreiras, que afloram em posições mais elevadas, e pelos
terraços fluviais e marinhos quaternários, que formam as áreas de planície. A
Formação Barreiras, também de origem fluvial, foi depositada sobre parte do
embasamento cristalino e das bacias sedimentares já mencionadas. As
camadas que a constituem são mais arenosas na base, e passam em direção
ao topo para pacotes onde se intercalam camadas arenosas e argilosas, típicas
de depósitos por enxurradas (leques aluviais). As areias dessa formação
mostram um alto conteúdo de feldspatos, os quais, sujeitos aos processos de
argilização sob o clima quente e úmido, favorecem episódios de deslizamentos.
É na Formação Barreiras que se observa a maior incidência de casos de
deslizamentos e erosões na RMR, particularmente em Recife, Camaragibe,
Olinda e Jaboatão dos Guararapes, pelo fato de essas áreas terem sido
adensadas através de ocupações espontâneas ou informais.
34

Atividades de campo e laboratório

A figura abaixo apresenta um resumo dos ensaios realizados em campo


e laboratório. Como se nota através desta tabela, alguns ensaios realizados
não estavam previstos na proposta técnica apresentada à Defesa Civil do
Recife e, portanto, não estão presentes nos relatórios apresentados.

Figura 27 – Resumo dos resultados de campo e laboratório

Fonte: Santana, 2006.


35

Análises de estabilidade

As análises de estabilidade foram realizadas com o auxílio do programa


SLOPE / W da GEO-SLOPE, considerando a teoria do equilíbrio limite. Para
estas análises, não foi considerado o efeito tridimensional. A situação analisada
foi uma superfície de ruptura pré-definida, que coincide com a superfície
determinada após a ruptura de acordo com os dados topográficos gerados a
partir da Seção “C”, além de informações de técnicos da Defesa Civil e
moradores do local.
Os parâmetros de coesão, ângulo de atrito e pesos específicos adotados
são exibidos na Figura 28.

Figura 28 – Parâmetros adotados

Fonte: Santana, 2006.

 Análise de estabilidade do deslizamento

O resultado desta análise através do método de Bishop Modificado com


a superfície de ruptura e Fator de segurança para a situação mais crítica
(utilizando os parâmetros inundados e u = 0) pode ser verificado na Figura 29.

Figura 29 – Análise da ruptura na condição inundada para a situação no campo

Fonte: Coutinho et al., 2006.


36

Como se pode observar o valor encontrado para o Fator de Segurança


foi ligeiramente maior que a unidade. Sabe-se que um Fator de Segurança
igual à unidade justifica a ruptura, o que parece ocorrer neste caso para as
condições consideradas.

Figura 30 – Análise da ruptura na condição de umidade natural

Fonte: Coutinho et al., 2006.

A Figura 30 apresenta os resultados da análise de estabilidade para o


mesmo perfil da Figura 29, desta vez considerando os solos desta encosta na
umidade natural (solo não saturado ou situação menos crítica). Deve-se
observar que a superfície encontrada não é a mesma observada em campo.
Observa-se que, pelo valor do Fator de Segurança obtido, a ruptura não
ocorreria na encosta caso os solos envolvidos não se encontrassem saturados
(situação mais crítica). Desta maneira, a ruptura só é justificada caso os solos
sejam submetidos à condição de inundação, com alto grau de saturação.

 Mecanismo de ruptura

Como já foi discutido no item anterior, a ruptura ocorreu devido à perda


de resistência destes solos pela inundação d’água. As águas necessárias para
promover a saturação destes solos são provenientes de diferentes fontes:
águas pluviais, águas servidas e vazamento de tubulações clandestinas.
Com os resultados obtidos, pode-se considerar que o escorregamento
ocorreu por perda de resistência dos solos devido à inundação d’água e
37

conseqüente perda de sucção. Como hipótese complementar, o fato da


existência da camada menos permeável (Camada 2) pode ter permitido a
ocorrência temporária de poro-pressões positivas na fase mais intensa da
infiltração, o que reduziria ainda mais o fator de segurança crítico obtido na
análise da ruptura (FS=1,091). Entretanto, com as informações disponíveis,
não é possível afirmar qual parcela de contribuição (águas pluviais, servidas ou
da tubulação clandestina que apresentava vazamento) teve maior influência na
deflagração deste movimento.

 Análise de estabilidade da situação atual

A análise realizada considera a situação mais crítica (parâmetros de


resistência inundados).

Figura 31 – Análise da situação atual para condição inundada

Fonte: Coutinho et al., 2006.

Como se nota pelo resultado do Fator de Segurança da análise da


situação atual, ainda há a possibilidade da ocorrência de deslizamentos na
parte superior do talude caso se observe uma situação semelhante a qual
houve a ruptura, visto a redução das forças resistentes neste ponto.
38

Figura 32 – Análise da situação atual para condição de umidade natural

Fonte: Coutinho et al., 2006.

Como se nota pelo valor encontrado, o talude é estável desde que não
se repitam as condições consideradas (parâmetros de ensaios inundados).

Análise dos resultados

A Figura 33 apresenta a síntese dos resultados obtidos (Fatores de


Segurança) para as análises de estabilidade realizadas.

Figura 33 – Síntese dos resultados obtidos

Fonte: Santana, 2006.

Nota-se claramente que o valor do Fator de Segurança obtido para a


análise da ruptura com o uso dos parâmetros inundados justifica a ruptura
ocorrida. Também é fato que, caso os solos envolvidos não tivessem sido
submetidos à inundação em campo nem experimentassem condições similares
às simuladas em laboratório tal ruptura não haveria ocorrido.
39

Sugestões para estabilização

Como sugestão para a estabilização da encosta em questão, são


propostos quatro métodos de contenção distintos: muro de pedra rachão, muro
de solo-cimento ensacado, muro de gabiões e solo reforçado com geotêxteis.
O critério de escolha utilizado foi o de optar por duas soluções
convencionais bastante utilizadas na RMR e duas que ainda não tem aplicação
prática na contenção de encostas ocupadas em nossa região. Desta forma,
podem-se comparar seus aspectos básicos, vantagens, desvantagens, além de
uma estimativa de custos aproximados para sua implantação.

 Muro de pedra rachão

Para o seu pré-dimensionamento tem-se:


 L = 20,0 m;
 HÚTIL = 5,0 m;
 HBASE = 0,5 m;
 HTOTAL = HÚTIL+ HBASE = 5,5 m;
 b0 =0,14× HÚTIL = 0,14× 5,0 = 0,7 m;
 b = b0 + HÚTIL/3 = 0,7 + 5,0/3 ≈ 2,5 m.

Figura 34 – Aspecto final do muro de pedra rachão

Fonte: Adaptado de Coutinho et al., 2006.


40

O autor realiza os cálculos de custos da obra e o custo final total da


implementação dessa solução seria de:

 Solo-cimento ensacado

Para o seu pré-dimensionamento tem-se:


 L = 20,0 m;
 HÚtil = 5,0 m;
 HBase = 0,5 m;
 HTotal = HÚtil+ HBase = 5,5 m;
 b = 0,4×HÚtil = 0,4× 5,0 = 2,0 m;

Figura 35 – Aspecto final do muro de solo-cimento ensacado

Fonte: Adaptado de Coutinho et al., 2006.

O autor realiza os cálculos de custos da obra e o custo final total da


implementação dessa solução seria de:
41

 Gabiões

Para o seu pré-dimensionamento tem-se:


 L = 20,0 m;
 HÚTIL = 5,0 m;
 HBASE = 0,5 m;
 HTOTAL = HÚTIL+ HBASE = 5,5 m;
 b0 =0,14× HÚTIL = 0,14× 5,0 = 0,7 m;
 b = b0 + HÚTIL/3 = 0,7 + 5,0/3 ≈ 2,5 m.

Figura 35 – Aspecto final do muro de gabião

Fonte: Adaptado de Coutinho et al., 2006.

O autor realiza os cálculos de custos da obra e o custo final total da


implementação dessa solução seria de:

 Solo reforçado com geotêxteis

Para o seu pré-dimensionamento tem-se:


 L = 20,0 m;
 HÚTIL = 9,0 m;
 HBASE = 0,5 m;
42

 HTOTAL = HÚTIL+ HBASE = 9,5 m;


 Carga no topo (Q1): 10kPa;
 Ângulo de inclinação da face: 60º

Figura 36 – Seção transversal do muro de solo reforçado

Fonte: Adaptado de Coutinho et al., 2006.

O autor realiza os cálculos de custos da obra e o custo final total da


implementação dessa solução seria de:

Desta forma, esta solução foi abandonada imediatamente por dois


motivos:
Segundo o engenheiro Alexandre Duarte Gusmão, o corte necessário à
sua implantação (retaludamento) para posterior aplicação das camadas de
reforço seguidas por camadas de material selecionado compactado geraria um
talude temporário que atingiria uma altura de cerca de 14,5 metros. Uma altura
desta magnitude num local que já apresentou deslizamento seria perigosa de
ser atingida pelo risco de uma nova ruptura;
Apesar de recuperar a área do terreno perdida no deslizamento, mesmo
que a solução fosse segura de ser executado, o custo final se apresentou muito
maior que as soluções mais convencionais.
43

Avaliação das propostas

Todos os cálculos apresentados são apenas pré-dimensionamentos,


baseados na experiência prática de contenções experimentadas na região.
Dessa forma, os custos apresentados são aproximados, podendo aumentar ou
reduzir, em função de cálculos mais adequados ou a depender da diferença de
preços em cada região.
Os valores obtidos consideraram apenas os gastos com as contenções
e reaterros compactados, obtidos de forma semelhante à realizada pela
SUPAM (1983). Como se observou nos cálculos, nenhum outro custo (como
limpeza, remoção de entulhos, drenagem interna com areia e geotêxtil não-
tecido, etc.) foi considerado.

Figura 37 – Seção transversal do muro de solo reforçado

Fonte: Santana, 2006.

Muro de pedra rachão: Foi a proposta de valor intermediário. A sua


presença tem um fator psicológico muito positivo, pois é considerada pela
população como a mais segura (apesar disto não ser verdade absoluta), além
de ter grande aceitação na RMR.
Muro de solo-cimento ensacado: A proposta de menor valor. Tem sido
pouco utilizada na nossa região. Ainda são aceitas com certa descrença por
determinados moradores, mas tem tido um aumento na sua utilização
principalmente pelo preço convidativo. Deve-se tomar cuidado com seu traço e
estar consciente que nem sempre a vegetação cobre sua face, o que às vezes
lhe proporciona um aspecto visual desagradável. É a solução mais adequada
para o local, apesar de ocupar a maior área e gerar o talude mais inclinado, o
que praticamente impossibilitaria o plantio de gramíneas no mesmo.
44

Muro de gabiões: Apesar da proposta apresentada de maior valor


(quase 100% mais cara que o muro de solo-cimento e cerca de 33% mais cara
que o muro de pedra rachão), este tipo de solução ainda não tem registro de
utilização em áreas de morros de ocupação desordenada na RMR. Também é
uma solução adequada ao local, apesar de ser mais cara, além de ter gerado o
talude mais suave, possibilitando o plantio de gramíneas no mesmo. Seria uma
boa oportunidade de dar início a sua utilização em encostas ocupadas na
região.

Conclusões

 Esta localidade já havia sido diagnosticada como uma área de


Alto Risco de Deslizamento, segundo o mapeamento realizado na
escala de 1:25.000 (ALHEIROS, 1998);
 Como consta no histórico do local, lá ocorreram 2 (dois)
deslizamentos importantes: o primeiro, durante o inverno do ano
de 2000 e o segundo (deslizamento em estudo), ocorrido no mês
de outubro de 2005, ambos causando a destruição de residências
na localidade além de um óbito (2005);
 O resultado da análise apresentada concluiu que o processo de
instabilização desta encosta se deu essencialmente pela
infiltração d’água (chuvas, águas servidas e vazamento de
tubulação) associada ao perfil geotécnico do local;
 A solução de estabilização mais adequada ao local seria o muro
de solo-cimento ensacado, tendo em vista a questão econômica e
geotécnica.
45

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