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https://doi.org/10.4322/cobramseg.2022.

0242 ISBN: 978-65-89463-30-6

XX Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica


IX Simpósio Brasileiro de Mecânica das Rochas
IX Simpósio Brasileiro de Engenheiros Geotécnicos Jovens
VI Conferência Sul Americana de Engenheiros Geotécnicos Jovens
15 a 18 de Setembro de 2020 – Campinas - SP

Aplicação de pilares parciais em lavras do tipo Sublevel Stoping.


Estudo de caso: Mina Pilar, Minas Gerais, Brasil.
Michele Márcia de Souza
Engenheira Geotécnica, Jaguar Mining, Santa Bárbara, Brasil, michele.souza@jaguarmining.com.br

Rogério de Lima Lopes


Gerente Geral, Jaguar Mining, Santa Bárbara, Brasil, rogério.lopes@jaguarmining.com.br

Eric Duarte
Vice-Presidente, Jaguar Mining, Santa Bárbara, Brasil, eric.duarte@jaguarmining.com.br

Tiago Pedro de Souza


Coordenador de Geologia, Jaguar Mining, Santa Bárbara, Brasil, tiago.pedro@jaguarmining.com.br

Igor Saraiva
Coordenador de Planejamento, Jaguar Mining, Santa Bárbara, Brasil, igor.saraiva@jaguarmining.com.br

RESUMO: Na mina subterrânea Pilar, de propriedade da Jaguar Mining Inc., a instabilidade do hangingwall
é um desafio constante, sendo refletido em valores consideráveis de overbreak. Um dos fatores responsáveis
por essa instabilidade é o contato entre a formação ferrífera e o xisto carbonoso, ao longo de todo hangingwall
da lavra. Diversas ações foram tomadas em conjunto pelas áreas de Operação, Planejamento, Mecânica de
Rochas e Geologia, buscando melhorar a estabilidade dos realces, sendo uma delas o abandono temporário de
pilares parciais ao longo da lavra, sendo os mesmos recuperados na etapa de enchimento do subnível. Após o
início da adoção dessa medida, foram obtidos valores satisfatórios de estabilidade e overbreak, tornado essa
prática um procedimento padrão.

PALAVRAS-CHAVE: Pilares parciais, hangingwall, Mina Pilar, Jaguar Mining, estabilidade do maciço,
sublevel stoping.

ABSTRACT: In Pilar underground mine, owned by Jaguar Mining Inc., hanging wall instability is a constant
challenge, which can result in considerable overbreak. One of the most important factors involved in this type
of instability is the contact between layers of banded iron formation and carbonaceous schist, which occurs
along the orebody hanging wall. Several actions have been taken as a joint effort between Operations,
Planning, Rock Mechanics and Geology aimed at improving stope stability. Among them is leaving temporary
rib pillars, which are later recovered after sublevel rockfilling. This decision was successful in increasing
stability and decreasing overbreak, therefore it became a standard practice.

KEYWORDS: Temporary rib pillars, hangingwall, Mina Pilar, Jaguar Mining, rock estability, sublevel
stoping.

1 Introdução

Pilar corresponde a uma das minas subterrâneas da Jaguar Mining Inc, localizada próximo à cidade de
Santa Bárbara, MG. Atualmente com escavações a mais de 800 metros abaixo da superfície, é uma das minas
que vem apresentando aumento de produção acentuado, a partir do ano 2018. O plano estratégico da Jaguar
prevê aumento da produção para os próximos anos. Com esse aumento, o controle dos indicadores chaves,

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como overbreak e underbreak tem sido fundamental, uma vez que impactam diretamente nos resultados da
produção.
O aprofundamento da mina, somado às geometrias complexas dos corpos de minério, tem sido alguns
dos responsáveis por instabilidades geradas, principalmente ao que se refere ao hangingwall da mineralização.
Diante disso, foram desenvolvidos estudos para controle dos parâmetros operacionais, sendo a aplicação de
pilares parciais um desses trabalhos realizados.
A aplicação de pilares parciais promove o aumento da taxa de recuperação de lavra, que por sua vez
acarreta em melhor utilização da reserva mineral disponível. O minério lavrado a partir desses pilares tem
impacto positivo na geração de caixa da empresa, possibilitando investimentos em setores técnicos
especializados da corporação, como o caso da área de Mecânica de Rochas.

2 Contextualização
2.1 Localização

Os estudos apresentados neste artigo foram desenvolvidos na mina Pilar, que faz parte do Complexo de
Mineração Caeté (CCA), juntamente com a mina de Roça Grande. Ambas pertencem à Jaguar Mining Inc, e
representam minerações subterrâneas que utilizam uma combinação de métodos de mineração tipo corte e
preenchimento mecanizados e de realce em subníveis. A mina Pilar está localizada aproximadamente a 90
quilômetros a leste da cidade de Belo Horizonte (Figura 1).

Figura 1. Mapa de localização da Mina Jaguar.

2.2 Contexto Geológico e Estrutural

A Mina Pilar está inserida dentro do contexto geotectônico do Cráton São Francisco, mais precisamente
na porção nordeste do Quadrilátero Ferrífero (QF). A jazida se hospeda nas rochas Supergrupo Rio das Velhas
de idade Arqueana definido por Schorcher (1978) como uma sequência greenstrone belt.
Neste cenário, o depósito se situa numa sequência metavulcano sedimentar intensamente
hidrotermalizada e deformada em fácies xisto verde, composta principalmente de xistos de natureza máfica a
intermediária, formações ferríferas do tipo Algoma e xistos carbonosos, atribuída ao Grupo Nova Lima.
Posteriormente essas rochas são entrecortadas por veios de quartzo em diversas direções. As mineralizações
estão associadas a sulfetos maciços e disseminados, como veios de quartzo contendo sulfetação nas bordas,

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que ocorrem principalmente nas BIFs (formações ferríferas bandadas). Além destes, ainda existem lentes
mineralizadas nos xistos máficos e carbonosos, neste último por efeito dos redobramentos existentes, que
nucleiam lentes de BIFs tectonizadas dentro destes xistos (Figura 2).
O arcabouço estrutural regional indica que as rochas se dispõem em sequência estratigráfica invertida e
que são afetadas por vários eventos deformacionais que compreendem dobramentos e falhamentos diversos.
A leste e oeste da mina são observados dois dos principais sistemas de falhamentos do QF, o sistema de falhas
da Água Quente e o sistema de falhas Fundão-Cambotas, respectivamente.
Localmente, as deformações finitas indicam que o maciço foi afetado por, no mínimo, três eventos de
dobramentos, apresentando eixos mergulhando para SE, discerníveis em escala local. O último evento
considerado, e que define a geometria final do depósito, foi responsável por uma zona de cisalhamento reversa
que afeta as rochas em direção NS, provocou as rotações dos eixos de dobras, gerou clivagem plano axial Sn+1
e gerou todo encurtamento superficial. Acreditasse que este evento foi deflagrado sobre condições
transpressivas em regime dúctil-rúptil.

Figura 2. Mapa Geológico de superfície – Depósito Pilar (Silva 2007).

2.3 Método de Lavra

O método de lavra aplicado em Pilar corresponde ao sublevel stope (realce por subníveis). Este método
prevê variações, podendo as mesmas serem nas sequências bottom up ou top down, ou seja, sequenciamento
de baixo para cima ou de cima para baixo. Em Pilar, a principal forma de extração do minério é através da
sequência bottom up. Nesta sequência é previsto ciclos de enchimento dos stopes lavrados, viabilizando assim
a continuação da lavra para os níveis superiores.
Um painel de lavra é composto por subníveis (em Pilar são aplicados três subníveis por painel), sendo
o mesmo delimitado por pilares horizontais (sill pillar) na base e no topo (Figura 3). Além desses pilares, tem-
se também os pilares verticais (rib pillar) entre stopes. Os mesmos são responsáveis por quebrar a continuação
das lavras, garantindo assim, em conjunto com o sill pillar, raios hidráulicos praticáveis, que garantirão a
estabilidade geral da mina.

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Figura 3. Vista em perfil do painel de lavra referente ao nível 10 da mina Pilar. Os números 1, 2 e 3 indicam
a sequência de enchimento para viabilização da lavra no subnível superior.

3 Metodologia
3.1 Caracterização Geomecânica do Maciço Rochoso

A caracterização geomecânica é realizada de duas formas, sendo ela através das descrições geotécnicas
de testemunhos de sondagens, onde busca-se a previsibilidade do maciço onde ainda não se tem escavações,
juntamente com os mapeamentos geotécnicos em campo, cujo intuito é detalhar a informação à medida que os
subníveis vão sendo expostos.
Para essa caracterização são utilizadas as metodologias Q proposta por Barton et al. (1974), o RMR
proposto por Bieniawski (1989), juntamente com o GSI desenvolvido por Hoek et al. (1994).
De forma simplificada, a classificação proposta por Bieniawski (1989), denominada como RMR (Rock
Mass Rating), atribui peso aos seis parâmetros que mais interferem na qualidade do maciço, sendo eles:
Resistência compressão uniaxial, RQD, espaçamento condição e orientação das descontinuidades e presença
de água. A soma algébrica desses parâmetros fornece o índice RMR, valor que define a classificação do
maciço, que pode variar de rocha muito ruim a muito boa.
Semelhante ao RMR, o sistema Q (Rock Tunnel Quality) proposto por Barton et al. (1974) também
considera seis fatores relevantes para a caracterização e comportamento do maciço rochoso. Esse sistema de
classificação tem como resultado um valor numérico que varia em escala logarítmica de 0,001 a 1.000 através
do uso da seguinte equação (1):

(1)
= . .

Sendo RQD a designação da qualidade das rochas, Jn número de famílias de descontinuidades, Jr


influência da rugosidade das paredes das descontinuidades, Ja influência da alteração das paredes das
descontinuidades, Jw influência da água subterrânea e SRF índice de influência do estado de tensões no
maciço.
Por fim, dentre as classificações utilizadas neste trabalho, tem-se o GSI (Geological Strenght Index)
introduzido por Hoek em (1994), cujo objetivo é aferir, de forma simplificada, a redução da resistência do
maciço, a partir da avaliação das condições das superfícies das descontinuidades, em conjunto com o grau de
fraturamento do maciço rochoso.

3.2 Modelo de Blocos Geomecânico

Em busca de melhor representatividade do maciço rochoso da mina Pilar, optou-se por fazer uso de
modelagens tridimensionais, uma vez que as mesmas possibilitam avaliar a influência da qualidade do maciço
em relação às escavações, principalmente no que se refere ao contato entre a formação ferrífera e o xisto
carbonoso. Para tal, dentre os programas disponíveis para modelagem 3D, o software Mineplan 3D foi

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escolhido para interpretar os dados de mapeamento e descrição de sondagens, e fornecer uma representação
dinâmica da qualidade do maciço.
A modelagem foi subdividida em basicamente duas etapas. Na primeira delas os arquivos de entrada
(dados de descrição de sondagens e mapeamentos geotécnicos) foram preparados a partir da codificação dos
sólidos da formação ferrífera e xistos existentes na mina Pilar, com posterior geração das compostas para
normalização dos dados. Posteriormente procedeu-se a estimativa geoestatística de cada um dos parâmetros
do sistema de classificação Q, sendo usado o método da krigagem para o parâmetro RQD e vizinho mais
próximo para os demais parâmetros dessa classificação.
Como resultado final da modelagem, tem-se o modelo de blocos, representando as classes geomecânicas
do maciço rochoso, conforme Figura 4 abaixo:

Figura 4. Modelo de Blocos Geomecânico em conjunto com histograma indicando as classes de maciço
presentes na mina Pilar.

3.3 Definição do posicionamento dos pilares

O posicionamento dos pilares parciais é feito primeiramente com a avaliação do Modelo Litológico e
Modelo de Blocos Geomecânico. De posse desses modelos em conjunto com os sólidos da lavra, é identificado
as regiões de ocorrência do xisto carbonoso ao longo do hangingwall, juntamente com a qualidade
geomecânica esperada para o mesmo.
Após a identificação dessas regiões potencialmente instáveis, é feito a distribuição dos pilares ao longo
do nível, com posterior avaliação em termos de tensão e deformação, fazendo uso de métodos integrais de
análises, onde o problema é solucionado em termos de superfície (ou contorno) dos elementos (Freire et al.
2016).
Dentre os métodos de análise disponíveis, os métodos de elemento de contorno (BEM – Boundary
elemento method) e os métodos de elementos finitos (FEM – finite elemento method) tem sido amplamente
utilizado, sendo a escolha entre eles definida com base na escala de trabalho, complexidade geométrica,
resultados esperados, dentre outras variáveis.
A mina Pilar dispõe do MAP3D, programa tridimensional que utiliza o método de análise por elementos
de contorno para avaliar a estabilidade das escavações subterrâneas, fornecendo resultados em termos de
tensões e deformações. Para execução das análises é necessário como input as propriedades elásticas e de
resistência do maciço rochoso, juntamente com os dados de tensão in situ.
Os parâmetros de rocha intacta foram obtidos por meio de ensaios em laboratório, ao passo que os
parâmetros de maciço rochoso, ilustrados na Tabela 1, foram estimados no programa RocData (para essa
estimativa são necessárias informações do mapeamento geotécnico, mais precisamente, do parâmetro GSI).

1914
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Tabela 1. Parâmetros utilizados para análises no MAP3D.


Litologia UCS GSI M. Young Poisson Mb S
(MPa) (GPa)
Bif 216 70 56.37 0.21 6.5 0.04
Xisto 63 57 18.96 0.20 2.58 0.008
Talco Xisto 19 8 2.60 0.26 1 0.0014

Para fins de análise, a tensão in situ foi estimada através da coluna de rocha entre a escavação e a
superfície do terreno, ou seja, o valor da tensão vertical aumenta linearmente com a profundidade, de acordo
com a equação σv= ρ.g.h. Onde a densidade da rocha (ρ) utilizada corresponde a 3100kg/m3 e o valor de K
(razão entre as componentes vertical e horizontal da tensão in situ) igual a 1.5.
Para realizar a modelagem numérica foi necessário desenhar todo painel de lavra, sendo as galerias
simuladas com 4.0m de largura e 5.0m de altura. Os stopes já lavrados também foram desenhados, juntamente
com o sólido da formação ferrífera e xistos.
Tomando como base os parâmetros descritos acima, em conjunto com os dados de tensão in situ e dados
geométricos, foi possível avaliar a redistribuição de tensões ao longo dos vãos e dos pilares, sendo possível
então, garantir em termos de estabilidade, o posicionamento dos mesmos (Figura 5).

Figura 5. Exemplo de modelo tensão x deformação no nível 11, sendo apresentados valores de σ3.

3.4 Processo de remoção do pilar

Após o desmonte da lavra pelo método sublevel stope, é necessário realizar o enchimento do realce com
rockfill. O enchimento é iniciado pela travessa de acesso, seguindo em sentido ao final do desenvolvimento.
Finalizando essa atividade, é iniciado então a perfuração descendente dos leques do pilar, utilizando o
equipamento para perfuração longa.
Em sequência é feita avaliação por parte da Mecânica de Rochas, a respeito da necessidade de reforço
da contenção em toda área onde será realizado a recuperação do pilar, liberando a frente para realizar o
rebaixamento do piso, onde aplica-se inclinação de -15% na rampa, para acesso à base do pilar, tendo como
objetivo criar a face livre para desmonte dos leques já perfurados (Figura 6).
Devido a diferença de altura, o carregamento com os explosivos nos leques é realizado com o apoio de
uma plataforma elevatória, posicionando o blaster no topo do pilar.
Em sequência, é realizado o desmonte e transporte do minério. Concluída a atividade de limpeza, é
refeito o enchimento da rampa de acesso, com o objetivo de recompor novamente o piso da galeria, liberando
essa frente para iniciar uma nova lavra do subnível superior.

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Figura 6. Desenho esquemático ilustrando a rampa de acesso a base do pilar, necessária para geração de face
livre para o material desmontado.
4 Resultados

Através da caracterização geomecânica do maciço rochoso foi possível distinguir as classes de maciço
para os diferentes tipos litológicos, sendo estes dados compilados em um Modelo Geomecânico
Tridimensional. De posse do modelo 3D e do layout proposto para lavra, foram realizadas análises em termos
de redistribuição de tensões, definindo-se então as dimensões e o melhor posicionamento para o pilar. Indícios
de instabilidade do hangingwall foram observados ao longo da execução da lavra N11/2CS, porém não houve
propagação da quebra após pilar.
Dessa forma, o abandono temporário de pilares parciais vem se tornando prática na mina Pilar, sendo
possível garantir maior estabilidade do hangingwall, principalmente em regiões com maior ocorrência do xisto
carbonoso. Exemplos como as lavras N10/2AS e N11/2CS mostram a efetividade dos estudos adotados
previamente, indicando que um conhecimento detalhado acerca do maciço rochoso e da redistribuição e
tensões ao entorno das escavações, podem contribuir com eficiência para melhoria dos parâmetros
operacionais.
Além dos ganhos em termos de redução do overbreak executado, tem-se também o aumento da taxa de
recuperação das lavras através da remoção desses pilares. Na lavra N10/2AS a remoção do pilar parcial já foi
executada, correspondendo a um aumento de aproximadamente 130 onças na produção mensal (Figura 7).

Figura 7. Exemplo da lavra N10/AS. (a) Pilar parcial mantido na lavra, vista frontal. (b) seção ilustrando o
painel de lavra do nível 10, indicando o posicionamento do pilar parcial e da rampa de acesso ao mesmo.

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5 Considerações Finais

A utilização dos pilares parciais como mais uma forma de estabilização do hangingwall se mostra
eficiente, uma vez que a utilização dos mesmos inibe a evolução das quebras ao longo dos stopes de lavra.
Entretanto, para uma correta aplicação dos mesmos são necessárias avaliações multidisciplinares que
envolvem desde a caracterização correta do maciço rochoso até a necessidade de um bom planejamento, uma
vez que a reserva contida no pilar será extraída apenas após a etapa de enchimento do subnivel.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos às equipes de Geologia, Mecânica das Rochas, Planejamento e Operação pelo apoio e total
disponibilidade de suporte em todas etapas do trabalho. Agradecemos também a Jaguar Mining Inc. por
incentivar e apoiar nossos projetos de melhoria.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Barton, N., Lien, R. & Lunde, J. (1974). Engineering Classification of Rock Masses for the Design
of Tunnel Support. Journal of Rock Mechanics and Rock Engineering, 6: 189–236.
Bieniawski, Z. T. (1989). Engineering Rock Mass Classification. New York. John Wiley & Sons, 251
p.
Freire, G.R., Figueiredo, R.P (2016). Análise dos métodos top down e bottom up e seus efeitos no
aprofundamento da mina Cuiabá. Sabará-MG. In: VII Simpósio Brasileiro de Mecânica das Rochas, Belo
Horizonte.
Hoek, E. (1994). Strength of rock and rock masses, ISRM News Journal, 2(2), 4016.
Schorcher, H.D. (1978). Komatiitos na estrutura Greenstone Belt, Série Rio das Velhas, Quadrilátero
Ferrifero, Minas Gerais, Brasil. In: CONGR. BRAS. GEOL., 30. Recife, 1978. Boletim de
Resumos.Recife, SBG. p. 292-293
Silva, L.C.F. (2007). Depósito Pilar: Contexto Geológico, alteração hidrotermal e mineralização aurífera.
Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação em Gologia,Instituto de Geociências, Universidade
Federal de Minas Gerais/ UFMG, 112 p.

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