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XX Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica

IX Simpósio Brasileiro de Mecânica das Rochas


IX Simpósio Brasileiro de Engenheiros Geotécnicos Jovens
VI Conferência Sul Americana de Engenheiros Geotécnicos Jovens
15 a 18 de Setembro de 2020 – Campinas - SP

Análise da Colapsibilidade de um Solo de Formação Barreiras


através da Compressão Edométrica
Gabriela Bearzotti Pompeu
Bolsista de IC, UFRJ, Macaé, Brasil, gabrielapompeu@outlook.com

Jucimara Alves Fortini


Bolsista de IC, UFRJ, Macaé, Brasil, jucimaraafortini@gmail.com

Graziella Maria Faquim Jannuzzi


Professora Adjunta, UFRJ, Escola Politécnica, Brasil, jannuzzi@coc.ufrj.br

RESUMO: Este trabalho tem por finalidade verificar o potencial de colapso do solo de Formação Barreiras do
Campus da UFRJ em Macaé, através de ensaios de compressão edométrica. A Formação Barreiras é
caracterizada por depósitos arenosos e argilosos, normalmente muito ferruginizados, e se estendem ao longo
de todo o litoral Brasileiro, ocorrendo de forma regular desde o litoral norte do estado do Rio de Janeiro até o
estado do Amapá. Realizou-se o ensaio de compressão edométrica em amostras indeformadas sem e com
inundação prévia, além de inundadas em vários estágios de carregamento. Realizaram-se ensaios de
caracterização: limite de liquidez, limite de plasticidade, densidade real dos grãos (G), granulometria completa
com e sem defloculante. O potencial de colapso (PC) do solo foi analisado pelas propostas de Vargas (1978)
e de Jennings e Knight (1975). Segundo a classificação proposta por Vargas (1978), apenas para tensões iguais
ou superiores a 800 kPa apresentou susceptibilidade ao colapso. No entanto, segundo o método de Jennings e
Knight (1975), a colapsibilidade foi classificada como “sem problema”. Os resultados do estudo constataram
a relevância da análise de colapsibilidade em diferentes estágios de carregamento e inundação no solo
ensaiado.

PALAVRAS-CHAVE: Colapsibilidade, Compressão Edométrica, Solo de Formação Barreiras.

ABSTRACT: This work aims to verify the collapse potential of the Barreiras Formation soil at UFRJ in Macaé,
through compression tests. The Barreiras Formation soil is characterized by sandy and clayey deposits, usually
ferruginous, extending along the entire Brazilian coast, occurring regularly from the Northern coast of the state
of Rio de Janeiro until the state of Amapá. The compression tests were performed on undisturbed samples
without and with previous flooding in various loading stages. Characterization tests were carried out: liquidity
limit, plasticity limit, specific gravity (G), grain composition with and without dispersing agent. The collapse
potential of the soil was analyzed by the proposals of Vargas (1978) and by Jennings and Knight (1975).
According to the classification proposed by Vargas (1978), only for stresses greater than 800 kPa presented
susceptibility to collapse. However, according to the Jennings and Knight method (1975), the collapsibility
was classified as “without a problem”. The results of the study verified the relevance of the collapsibility
analysis at different stages of loading and flooding in the soil tested.

KEYWORDS: Collapsibility, compression test, Barreiras Formation soil.

1 Introdução

No Brasil estudos científicos abordando a Formação Barreiras são cada vez mais desenvolvidos. Em
1902, Branner mencionou pela primeira vez o termo “Barreiras” para denominar os depósitos situados ao longo
da costa nordestina brasileira (Maia, 1998; 1993; Saadi e Torquato, 1992; Alheiros et al., 1988). A Formação
Barreiras foi a primeira unidade estratigráfica documentada no Brasil, por ocasião da redação da carta de Pero
Vaz de Caminha ao Rei de Portugal, D. Manoel I. Esta unidade estende-se ao longo do litoral brasileiro, desde
o Rio de Janeiro até o estado do Amapá, recobrindo depósitos sedimentares mesozóicos de diversas bacias
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costeiras. Este é o substrato sobre o qual se desenvolve a maior parte do Quaternário costeiro no Brasil. A
porção do litoral onde esta unidade ocorre é, na sua maioria, intensamente povoada. A idade da Formação
Barreiras tem sido atribuída ao intervalo de tempo que varia do Mioceno até o Plioceno-Pleistoceno (Bezerra
et al. 2006). Associado a esta amplitude espacial, diversas questões sobre esta formação sedimentar ainda se
apresentam, impossibilitando um melhor entendimento sobre sua gênese, estratigrafia e sua denominação, e,
consequentemente, de como se originou, evoluiu e se diversificou essa formação geológica (Moura-Fé, 2014).
O solo amostrado, presente em seu estado não saturado, é composto por depósitos arenosos e argilosos.
Para o estudo do fenômeno da colapsibilidade, não há uma faixa granulométrica específica que enquadre os
solos colapsíveis. Na maioria dos casos, os solos são caracterizados por estruturas fofas, com granulometria
variando de silte a areia fina, geralmente uma mistura de areia fina, silte e argila, com predominância do
primeiro (Souza Neto, 2004). Nos solos não saturados, o comportamento mecânico e hidráulico depende do
grau de saturação. Portanto, deve-se ter uma atenção especial nas camadas situadas acima do nível d’água, que
apresentam baixa umidade, alta porosidade e argilo minerais expansivos (FREDLUND & RAHARDJO, 1993
apud SILVA, 2009). Dentre os solos não saturados problemáticos geotecnicamente, destacam-se os solos
colapsíveis, que vem provocando sérios problemas de engenharia relacionados à variação de volume e perda
de resistência devido à mudança de umidade. De acordo com Jennings e Knight (1975) apud Souza Neto
(2004), colapso é o fenômeno que acomete as fundações quando há recalques adicionais, provocados,
principalmente, por umedecimento de solos não saturados. Portanto, a investigação e identificação de solos
colapsíveis são etapas fundamentais para o sucesso dos projetos de engenharia, uma vez que falhas neste
estágio podem levar à ruptura de obras ou à necessidade de recuperação. Desta maneira, o conhecimento prévio
da existência deste tipo de solo e das condições que potencializam o seu colapso permite uma melhor
adequação das obras de engenharia a esta realidade (FERREIRA, 1995).

2 Caracterização da Área de Estudo

O solo em estudo pertence ao Campus da Universade Federal do Rio de Janeiro, situado no município
de Macaé. Segundo Porto Júnior, esta cidade está localizada na região sudeste do Brasil, no interior do estado
do Rio de Janeiro, a uma latitude S -22º22’33’’ e longitude W -41º46’30’’ e faz divisa com as cidades de
Carapebus, Conceição de Macabu, ao Norte; Rio das Ostras e Casimiro de Abreu, ao Sul; Trajano de Moraes
e Nova Friburgo, a Oeste; e com o oceano Atlântico, a Leste. Ela pertence à região Norte Fluminense, que
abrange os municipios de Campos dos Goytacases, Carapebus, Cardoso Moreira, Conceição de Macabu,
Quissamã, São Fidélis, São Francisco de Itabapoana e São João da Barra. O município tem uma área total de
1.216,846 quilômetros quadrados, correspondentes a 12,5% da área da Região Norte Fluminense e está
dividida em seis distritos - Sede, Cachoeiros de Macaé, Córrego do Ouro, Glicério, Frade e Sana.
Contando com 23 quilômetros de litoral, o clima é quente e úmido na maior parte do ano, com
temperaturas que variam entre 18ºC e 30ºC, amplitude térmica considerável ocasionada pela troca de ventos
entre o litoral e a serra, relativamente próximos.
As amostras representativas de solo, que são amostras amolgadas que contém todos os seus constituintes
minerais, porém, no processo de coleta, a sua estrutura foi perdida, foram utilizadas para os ensaios de
classificação. Amostras indeformadas, que são amostras em que a estrutura do solo foi preservada, sendo
portanto apropriadas para ensaios de resistência e deformabilidade, foram utilizadas para os ensaios de
compressão edométrica da presente pesquisa. Ambas foram coletadas de um talude íngreme com altura
estimada de 6 metros. Além disso, para o ensaio de compressão edométrica foram coletadas amostras in situ,
à 0,76 metros do pé do talude, ou seja, em 5,24 metros de profundidade, conforme indica a Figura 1.
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Figura 1. Estimativa da altura do talude e ponto de retirada das amostras (medidas em metro).

3 Ensaios de caracterização do solo

Os ensaios básicos de caracterização geotécnica foram realizados de acordo com as normas brasileiras:
NBR 7181 para a granulometria; NBR 6459 para os limites de liquidez, NBR 7180 para limite de plasticidade;
NBR 6508 para densidade real dos grãos. A Figura 2 apresenta a curva granulométrica do material, obtida por
ensaios realizados com e sem defloculante; e a Tabela 1 apresenta o resumo dos resultados obtidos.

Figura 2. Curva Granulométrica com e sem defloculante.

Tabela 1. Análise granulométrica com e sem defloculante.


# peneira (%) com (%) sem
Material
(mm) defloculante defloculante
pedregulho >2,00 1 1
areia grossa 0,60 – 2,00 19 24
areia média 0,20 – 0,60 26 20
areia fina 0,06 – 0,20 20 30
silte 0,002 – 0,06 14 25
argila <0,002 20 0
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Através da Figura 2 e da Tabela 1 observa-se que o ensaio realizado com defloculante a porcentagem
passante na peneira 200 é aproximadamente de 38%, e o ensaio realizado sem defloculante foi
aproximadamente de 47%, portanto o solo é considerado de granulação grosseira, pois em ambos os ensaios a
porcentagem passante foi inferior a 50%.
A diferença entre os ensaios com e sem defloculante é nítida, visto que no ensaio sem defloculante as
partículas de argila se sedimentaram principalmente como silte e areia fina. Esses percentuais indicam que no
campo as partículas de argila se encontram unidas às partículas de silte e areia fina, formando grumos e
deixando o solo mais poroso e mais suscetível ao colapso. No mesmo Campus, Cerbino (2018) realizou ensaios
de granulometria com uso de defloculante na sedimentação, porém em outra posição do talude, encontrando
valores semelhantes.
Ensaios de Limites de Atterberg apresentaram Limite de Liquidez de 37% e o Índice de Plasticidade de
6%. A densidade real dos grãos foi determinada 2,7 e o teor de umidade natural de 14,9%. Santos et al (2015)
também acharam valores semelhantes de LL, LP e G para os solo de Formação Barreiras da região nordente.
Portanto a amostra foi classificada como areia argilosa (SC) de acordo com o sistema de classificação unificado
do solo.

4 Análise do potencial de colapso do solo através do ensaio de compressão

Os métodos de identificação de solos colapsíveis podem ser divididos em duas categorias: indiretos e
diretos. Os métodos indiretos baseiam-se em ensaios simples, de laboratório ou de campo, que utilizam o solo
em sua estrutura deformada. Já os métodos diretos baseiam-se na análise real do potencial de colapso através
da aplicação de tensões e verificação de recalques (Ferreira, 1995). Os métodos diretos de identificação
possuem maior representatividade, quando comparados aos indiretos, pois eles consideram tensões atuantes
podendo, dessa forma, quantificar o potencial de colapso a qualquer formação e tipo de solo (Souza Neto,
2004). Os métodos diretos de laboratório são os edométricos simples e duplo. O ensaio edométrico simples
consiste em carregar o solo até uma determinada tensão e, em seguida, após a estabilização das deformações,
o solo é umedecido, medindo-se assim as deformações decorrentes (colapso). O ensaio edométrico duplo
consiste em obter duas curvas de compressão edométrica, realizado com a umidade natural de campo e outro
com o solo inundado antes do primeiro carregamento. A diferença das deformações num dado nível de tensão
corresponde ao potencial de colapso. (Figura 3) (Bandeira et al., 2015).
Jennings e Knight (1975), apresentaram um método de cálculo do Potencial de Colapso (PC) de um
solo, conforme a Equação 1.


𝑃𝐶 = × 100 (1)

Onde:
𝑃𝐶: potencial de colapso, em percentual (%);
𝛥𝑒: variação do índice de vazios devido à inundação sob determinada tensão constante;
𝑒 : índice de vazios inicial da amostra.

Jennings e Knight (1975) definem o potencial de colapso aquele associado à tensão de inundação de
200 kPa, e classificam a gravidade dos problemas associados ao “Potencial de Colapso” (PC) nas obras de
engenharia como: 0 < PC < 1 – sem problema; 1 < PC < 5 –problema moderado; 5 < PC < 10 – problemático;
10 < PC < 20 – problema grave; PC > 20 – problema muito grave.
Com relação a classificação do colapso, Vargas (1978) considera colapsível todo solo que apresenta um
potencial de colapso superior a 2%.
Para a execução do ensaio de colapsibilidade foi utilizada uma prensa edométrica tipo Bishop, com
aplicação de carga por meio de pesos padrão sobre um pendural com braço de alavanca 1/10. Os procedimentos
adotados foram baseados Soares (2016). Os carregamentos foram aplicados por etapas, registrando-se as
deformações em diversos intervalos de tempo. O critério utilizado para o próximo incremento de carga foi a
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velocidade de deformação de 10-6s-1. Cabe salientar que as prensas foram calibradas para cada estágio de
carragamento e que as correções foram devidamente efetuadas.

Figura 3. (a) Ensaio de compressão edométrica com inundação por estágio de carregamento, (b) ensaio duplo
de compressão edométrica (adaptado de Jennings e Knight, 1975).

A Figura 4, a, b e c ilustram respectivamente a amostra sendo coletada, a montagem do equipamento e


o ensaio em andamento.

(a) (b) (c)


Figura 4. (a) amostra sendo coletada, (b) montagem do equipamento e (c) ensaio em andamento.

Foram realizados no total 11 ensaios de compressão. Os resultados dos ensaios edométricos duplos, os
ensaios duplos com o estágio de 200 kPa, os ensaios simples para as tensões verticais de inundação de 3,125;
6,25; 12,5; 25; 50; 100; 200; 400 e 800 kPa, são apresentados a seguir nas Figuras 5a, 5b e 6 respectivamente.

1 10 100 1000 Tensão vertical efetiva (σ´v) (kPa)


-2,00
0,90
Deformação volumétrica (ε)

3,00
Índice de vazios (e)

0,80

0,70 8,00

Não inundado
Não inundado
0,60 Previamente inundado 13,00
Previamente inundado
Inundado em 200 kPa
0,50 18,00
Tensão vertical efetiva (σ´v) (kPa)
1 10 100 1000
(a) (b)
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Figura 5. (a) Curva de compressão, Tensão Vertical Efetiva x Índice de Vazios para edométrico duplo, (b)
Curva de compressão, Tensão Efetiva x Deformação Volumétrica para edométrico duplo e com inundação
em 200 kPa.
1 10 100 1000
1,00

Inundado em 3,125 kPa


0,90
Inundado em 6,25 kPa
Índice de vazios (e)

0,80 Inundado em 12,5 kPa


Inundado em 25 kPa
0,70 Inundado em 50 kPa
Inundado em 100 kPa
0,60 Inundado em 200 kPa
Inundado em 400 kPa
0,50
Inundado em 800 kPa

0,40
Tensão vertical efetiva (σ´v) (kPa)

Figura 6. Curva de compressão, Tensão Vertical Efetiva x Índice de Vazios, para edométrico simples.

A Figura 5a apresenta os resultados dos ensaios edométricos duplos realizados com amostras
indeformadas. Observa-se uma diferença das curvas de compressibilidade quando as amostras se encontram
na condição de umidade natural (não inundado) e quando está inundada (previamente inundada) que é a
situação mais crítica. Pode-se observar que a diferença de índice de vazios é inferior a 0,1 para todas as tensões
aplicadas. Verifica-se que o índice de vazios diminui com o aumento do nível de tensão aplicada, o que
significa dizer que o solo não apresenta características expansivas. Pode-se observar para o solo estudado que
o aumento de tensão provoca, de forma geral, o aumento da colapsibilidade do solo.
A Figura 5b ilustra o estágio de inundação para a tensão de 200 kPa em conjunto com os ensaios sem
inundação e inundados previamente. Pode-se observar que para esta tensão se o solo for inundado não há
colapsibilidade.
A Figura 6 apresenta esquematicamente o ensaio de compressão edométrica com inundação por estágio
de carregamento, no qual a inundação é feita após estabilizados os recalques devidos ao carregamento. O
potencial de colapso para o ensaio de compressão duplo, bem como para cada estágio de inundação foi
calculado e está reprentado da Tabela 2.

Tabela 2. Algumas características dos corpos de prova e o Potencial de Colapso (PC).


Estágio de  (kN/m3) e W (%) antes S (%) Ensaio de
carregamento do ensaio compressão
(kPa) (PC)
sem inundação 16,7 52,5
0,879 17,3 -
com inundação 16,4 46,7
inundado a 3,125 17,4 0,879 15,3 58,7 0,60
inundado a 6,25 17,0 0,819 18,0 51,9 -0,03
inundado a 12,5 16,8 0,829 16,1 47,7 0,05
inundado a 25 17,6 0,822 14,7 61,9 0,15
inundado a 50 17,6 0,803 18,6 64,0 0,02
inundado a 100 16,4 0,811 19,4 49,9 0,02
inundado a 200 17,7 0,908 16,9 65,5 0,33
inundado a 400 16,3 0,815 20,0 48,4 1,75
inundado a 800 16,9 0,903 16,4 53,9 2,81
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A classificação do potencial de colapso segundo Jennings e Knight (1975), para a tensão de 200kPa, é
representada na Figura 7. Pode-se observar que o solo foi classificado como “sem problema”, enquadrado na
faixa de coloração verde. Na mesma figura foram plotados os potenciais de colapsos para os estágios de
inundações realizados no presente trabalho entre a faixa de tensão de 3,125 kPa a 800 kPa.

Figura 7. Potencial de colapso, segundo Jennings e Knight (1975).

5 Conclusões e considerações adicionais

Os resultados do estudo constataram a relevância da análise de colapsibilidade em diferentes estágios


de carregamento e inundação no solo não saturado da Formação Barreiras estudado. Pode-se concluir, segundo
a classificação proposta por Vargas (1978), que o potencial de colapso para os estágios de 3,25 kPa até 400
kPa foi inferior a 2%, portanto, sendo considerado o solo não colapsível para essa faixa de tensões. Todavia,
no último estágio de carregamento de 800 kPa o potencial de colapso atingido foi de 2,81%, sendo um
indicador de solo colapsível. Segundo o método Jennings e Knight (1975), para uma inundação na tensão de
200 kPa o potencial de colapso de 0,33% situa-se no intervalo de 0 a 1% e, portanto, sendo indicador de um
comportamento não colapsível.
Ressalta-se nesta pesquisa a importância do estudo do potencial de colapso, visando o estudo das tensões
admissíveis a serem empregadas em fundações superficiais em obras de ampliação do campus Macaé da UFRJ.

Agradecimentos

Os autores agradecem especialmente à equipe técnica do Laboratório de Ensaios de Campo e


Instrumentação Prof. Márcio Miranda Soares, um dos Laboratórios de Geotecnia Prof. Jacques de Medina da
COPPE/UFRJ. Agradecem também ao apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico – CNPQ, PIBIC, pelas bolsas de IC às duas primeiras autoras.

Referências Bibliográficas

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