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FAU – UFRJ – DTC – TOPOGRAFIA APLICADA AO PLANEJAMENTO URBANO

SAMANTHA FROSSARD DE ALMEIDA – PERÍODO 2012-2

EXERCÍCIO 2 – AFLORAMENTOS ROCHOSOS.

Definição

Afloramento, s.m.(Geol.)- Toda massa rochosa ou mineral não coberta por solo ou qualquer
outro tipo de material que atue como cobertura superficial (depósitos eólicos, glaciais,
formações lateríticas e depósitos aluvionais).

Também denominado de "exposição" por alguns geólogos, os afloramentos são muito


importantes nos mapeamentos geológicos, pois são a janela através da qual os geólogos
enxergam o que está por baixo destas coberturas. Em países de clima tropical úmido, como o
Brasil, os afloramentos são mais difíceis, o que dificulta bastante o trabalho de Geologia. Em
países de clima frio ou mais temperados, os solos são menos desenvolvidos e mais rasos, o que
favorece a existência de afloramentos.

Afloramentos são muito importantes nos estudos geológicos, pois permitem a observação
direta das rochas. Além disto, possibilitam a coleta de amostras de rochas, que podem ser
analisadas em laboratórios quanto à sua composição mineralógica e química, idade, conteúdo
fossilífero (no caso de rocha sedimentares), e etc. Através dos afloramentos,
os geólogos podem fazer mapas geológicos de superfície e, assim, conhecer as características
das rochas em uma região e sua extensão em área, e auxiliar na pesquisa de recursos minerais,
petróleo, na geologia de engenharia e etc.

Os afloramentos são classificados em:

Naturais

São os que ocorrem naturalmente. Os locais mais propícios a apresentarem afloramentos de


rochas frescas são as escarpas e os leitos de rios.

Artificiais

São os produzidos pela ação do homem (antropomórfica), como: cortes de estrada,


trincheiras, pedreiras e minas a céu aberto.
Observação: Na carência de afloramentos o geólogo pode recorrer a outros procedimentos
para tentar identificar a litologia de uma área: tipo de solo, padrão e intensidade da drenagem.
Em última análise pode-se fazer trincheiras de inspeção e mesmo sondagens ou poços, estes
muito caros e só usados em casos de delimitação de massas minerais. Métodos geofísicos
(indiretos) também podem dar grande contribuição.
Exemplos de Afloramentos Rochosos

A Taça: Afloramento de arenito no Parque Estadual de Vila Velha, Ponta Grossa, Brasil.

Afloramento de granito no Parque Rocha Moutonnée, em Salto, Brasil.


Outras denominações importantes
Rocha matriz, descontinuidades e maciços rochosos

*Rocha matriz de material rochoso é livre de descontinuidades, ou blocos de rocha esquerda


"intacto" entre eles. Geralmente caracterizada pela sua gravidade específica de
deformabilidade, e resistência.

*Descontinuidade é qualquer plano de origem mecânica ou sedimentar em uma massa de


rocha, geralmente com uma resistência à tração muito baixa ou nula. A presença de
descontinuidades envolve contínuo comportamento do maciço rochoso

*Maciço rochoso é o conjunto de rocha matriz e descontinuidades. A presença de diferentes


tipos de descontinuidades confere ao caráter heterogêneo da massa de rocha e seu
comportamento não contínuo, condicionada pela natureza, a freqüência e a orientação dos
planos de descontinuidade, e as condições de seu comportamento geomecânico e hidráulico.

Como são identificados


Visão geral do afloramento e zoneamento

O primeiro passo para o estudo de uma grande quantidade de massa de afloramento de rocha
deve ser dirigida para a identificação e descrição geral da mesma, incluindo os seguintes
elementos:

- Nome (lilofogia).
- Idade,
- Características gerais estruturais (falhas estratificadas, fraturas, maciços, etc.)
- Localização,

Posteriormente são detidos ou zoneamento da setorização, diferenciar áreas homogêneas


como critérios litológicos, estruturais ou não, como a presença de água, zonas resistentes,
falhas ou zonas de brechas, etc. E proceder a uma descrição de cada um.

É útil tirar uma foto ou seqüência de fotos do afloramento e fazer um esboço do mesmo, que
indicam características básicas de cada zona. Recomenda-se a seguir a seguinte seqüência:

a) Identificação do afloramento

b) Fotografia e esquema do afloramento

Inclui descrição geral geográfica e geológica e as estruturas diferenciáveis em grande escala.

c) Descrição geral de cada área

Para cada área separada dá-se uma breve descrição, que inclui elementos da litologia, idade,
estado de intemperismo, fraturas.
Como identificar os afloramentos rochosos

A identificação pura e simples de um afloramento rochoso pode se dar de diversas formas, já


que alguns encontram-se expostos sendo de fácil identificação e estudo, sendo perceptíveis a
distância, ao alcance dos olhos, sem o uso de equipamentos, como há também o uso de
equipamentos de aerofotogrametria que vasculham grandes áreas e identificam grandes áreas
de afloramento rochoso sem cobertura vegetal.

Quando os afloramentos rochosos encontram-se com algum tipo de cobertura vegetal, sendo
essa geralmente uma fina camada de solo dita com pouco nutriente, há outras formas de
identificá-los. Através de sondagens geotécnicas, equipamentos de leitura 3D que vêm sendo
desenvolvidos nos últimos tempos conforme matéria anexa abaixo, além de dados da própria
cobertura vegetal. Os Afloramentos Rochosos possuem muitas espécies vegetais raras e
endêmicas próprias. “Acredita-se que os afloramentos sejam isolados do bioma em que estão
inseridos em termos dos organismos que neles ocorrem. Ou seja, acredita-se que eles sejam
como ilhas continentais”. Afloramentos rochosos suportam uma considerável diversidade de
pedo-ambientes e mosaicos de vegetação associados, muito determinada pela topografia local
e micro-ambientais aspectos. Estes solos rasos também variar de acordo com a rocha estão
associadas a, embora possa ser dito que elas são caracteristicamente pobre em nutrientes. É
ainda mais surpreendente que mesmo pequenas diferenças nas concentrações de nutrientes e
acidez pode ser suficiente para provocar diferenças florísticas. Portanto, através do tipo de
cobertura vegetal que se encontra em determinado local, também é possível identificar os
afloramentos rochosos.

Matéria sobre novos equipamentos de sondagem 3D

Estudo gaúcho auxilia projetos de exploração de petróleo

Laser Scanner 3D pode ser utilizado em pesquisas geológicas

Patricia Knebel

FERRARI SOLUTIONS/DIVULGAÇÃO/JC

Equipamento capta pontos de medição, transformando-os em imagens.

O projeto pioneiro de um gaúcho de Carlos Barbosa pode levar a melhorias na exploração


petrolífera no Brasil. Técnico agrícola, filósofo e geógrafo, Fabiano Ferrari pesquisou durante
dois anos e meio e descobriu como um aparelho chamado Laser Scanner 3D pode ser usado
para medir jazidas localizadas em afloramentos rochosos.
Até então, os geólogos faziam essa análise com base em fotografias, o que não permitia o nível
de detalhamento necessário para esse tipo de projeto. O trabalho de mestrado dele sobre esse
assunto teve apoio da Petrobras e foi desenvolvido sob orientação de professores da
Universidade do Vale do Rio do Sinos (Unisinos).

Os experimentos foram realizados em um afloramento rochoso chamado Pedra Pintada, na


cidade de Caçapava do Sul, Interior do Rio Grande do Sul. O Laser Scanner foi instalado em
sete pontos diferentes, ao redor da montanha. Durante essas pesquisas foram captados
aproximadamente 17 milhões de pontos de medição.

Depois disso, os pontos foram transformados em uma imagem da rocha. Os dados, por sua
vez, foram transpostos para um software que tem a função de calcular o tamanho de espaço
vazio dentro do afloramento.

"Através dessa manipulação realizada no software conseguimos transformar as imagens


captadas pelo equipamento em 3D e, assim, analisar as rochas sob três dimensões", explica o
geógrafo. Outra descoberta foi a possibilidade de fazer os mapeamentos mesmo em uma
distância de até um quilômetro da rocha.

Na prática, esse trabalho ajudou na compreensão de como o Laser Scanner pode medir
afloramentos rochosos e avaliar tamanho do reservatório de petróleo ou água no seu interior.
Dessa mesma forma também é possível identificar e medir fósseis ósseos, auxiliando o
trabalho de paleontólogos.

O trabalho realizado foi apresentado há cerca de três meses e já está sendo usado pelos
geólogos da Unisinos para esse tipo de interpretação.

Ferrari explica que, além dos dados referentes ao tamanho externo e interno da rocha, o
estudo para levantamento de informações sobre capacidade de armazenamento de petróleo
deve levar em consideração a formação geológica do solo. Uma rocha, por exemplo, é formada
a partir de grãos de areia que, com o tempo, vão se fundindo para formar uma estrutura
sólida. "Com o equipamento e o método de processamento adequados, é possível
compreender de que forma ocorreu esta formação", diz.

Esse trabalho com o Laser Scanner 3D é pioneiro no Brasil, segundo o geógrafo. "Existe uma
iniciativa de uma universidade do Nordeste, mas eles usaram outro tipo de equipamento para
tentar obter esse resultado", acrescenta. O pesquisador também é o proprietário da Ferrari
Solutions, empresa de tecnologia que trabalha com imagens de satélites e faz mapeamentos.

http://jcrs.uol.com.br/site/noticia.php?codn=64758
Características Morfológicas (Aparência)
As características morfológicas dos Afloramentos Rochosos dependem do material do qual ele
é formado (granito, gnaisse), bem como as condições climáticas e físicas sofridas até sua
exposição. Podem ter diversos tamanhos, desde os mais fracionados, até os mais
monumentais, e diversas características que dependem da sua resistência ao intemperismo,
suas fraturas, sua idade. Todos esses aspectos as fazem ter aparência arredondada,
pontiaguda, cheia de cantos, crista, cúpula, domo ou mesmo amorfa, sem um aspecto
definido.

Imagem da rocha metamórfica denominada de Clovis – em Marte – com aspecto arredondado.

Um Exemplo de tipo de Afloramento Rochoso é o Inselberg ou Monadnocks que uma forma


residual que apresenta feições variadas tais como crista, cúpula, e domo, cujas encostas
mostram declives acentuados, dominando uma superfície de aplanamento superior.

O termo inselberg, do alemão, "monte ilha", foi introduzido pelo geólogo alemão Friedrich
Wilhelm Conrad Eduard Bornhardt em 1900 para caracterizar montanhas pré-cambrianas,
geralmente monolíticas, de gnaisse e granito que emergem abruptamente do plano que as
cerca.

No Brasil, são comuns inselbergs graníticos ou granitóides, tendo então uma forma esferoidal e
de alta inclinação (cerca de 40º). É o caso do Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro. Além destes,
este relevo pode ser encontrado na região do Sertão nordestino, denominado "polígono das
secas". Este tipo de formação também é muito comum na província de Nampula em
Moçambique embora não muito exploradas pelo turismo no local.
Imagem de Inselberg na divisa entre o Espírito Santo e Minas Gerais – com aspecto
arredondado.

Imagem da Floresta de Pedra de Madagascar – com aspecto pontiagudo.

Milhares de picos de calcário foram cortados pela chuva ao longo de milhares de anos para
formar esta paisagem absolutamente incomum em Madagascar.
Sua Relação com a Arquitetura
A presença de Afloramentos Rochosos está intimamente ligada à Arquitetura, ao Urbanismo
ou qualquer tipo de intervenção humana no meio geomorfológico em que ele reside. Os
Afloramentos Rochosos podem ser de extremo auxílio à execução de uma obra, ou mesmo de
extremo perigo à ocupação em seus arredores. Dependendo da sua Natureza, tipo,
geomorfologia e estabilidade no terreno, bem como às condições climáticas do mesmo, e a
natureza da obra a ser erguida.

Quando representa um perigo ou incômodo

A ocupação próxima Afloramentos Rochosos pode desencadear alguns problemas relacionados


própria ação do tempo e dos eventos climáticos nos mesmos.

Queda de Blocos ou Lascas – O processo de queda de blocos ou lascas é constituído por


movimentos rápidos, predominantemente em queda livre, mobilizando um volume de rocha
relativamente pequeno, e estando associado a encostas rochosas abruptas ou taludes de
escavação, tais como em cortes de rochas, frentes de pedreiras, etc. As causas básicas deste
processo são as descontinuidades do maciço rochoso, que propiciam isolamento de blocos
unitários de rocha, subpressão através do acúmulo de água, descontinuidades ou penetração e
crescimento de raízes. Pode ser acelerado pelas ações antrópicas, como, por exemplo,
vibrações provenientes de pedreiras próximas. Também frentes rochosas de pedreiras
abandonadas podem resultar em áreas de instabilidade decorrentes da presença de blocos
instáveis remanescentes do processo de exploração.

SOLUÇÕES:

o Remoção manual e individual dos


blocos instáveis;

o Fixação dos blocos instáveis através


de chumbadores ou tirantes;

o Execução de obras de pequeno


porte para segurança da encosta
rochosa (cintas, grelhas, montantes,
etc.)
Rolamento de Matacões – O Rolamento de matacões é um processo comum em áreas
graníticas que originam matacões de rocha sã, isolados e expostas em superfície. Estes
ocorrem naturalmente quando processos erosivos removem o apoio de sua base,
condicionando um movimento de rolamento de matacão. A escavação e retirada do apoio,
decorrente da ocupação desordenada de uma encosta, é a ação antrópica mais comum no
seu desencadeamento.

SOLUÇÕES

*Proteção da área de apoio do matacão, com a execução de pequenas obras;

*Desmonte e remoção do matacão.

Visão sobre alguns aspectos da tragédia ocorrida na Região Serrana (Nova Friburgo)
e sua relação com afloramentos rochosos

Como moradora de Nova Friburgo, vi alguma relação sobre os perigos de construções


próximas aos afloramentos rochosos, e os danos que os mesmos podem causar.

O evento ocorrido em 11 de janeiro de 2011 foi algo fora do comum e com toda certeza
desencadeou um número maior de problemáticas ligadas à intensa movimentação dos solos,
mas é fato que apenas foi acelerado o processo erosivo que desencadearia tais deslocamentos
a um prazo maior. A cidade está localizada num terreno rico em Afloramentos Rochosos, sejam
eles expostos ou sob uma fina camada de solo, e por isso mesmo a maior parte da ocupação se
dá em torno dos mesmos. Um dos mais famosos, e que deu nome ao povoado “Morro
Queimado” que deu origem a cidade, é hoje conhecido como Duas Pedras, assim como o
bairro, um dos mais atingidos na tragédia. Trago abaixo algumas fotos que mostram o
rolamento de matacões, que gerou ainda mais danos às moradias em seu entorno.

Rolamento de Matacões em Residências localizadas abaixo das Duas Pedras.

Rolamento de Matacões ao lado de um importante hospital localizado sob as Duas Pedras.


Matacões espalhados pela estrada Friburgo-Teresópolis.

Antiga imagem da ocupação do bairro de Duas Pedras com vestígios de Matacões que devem
ter se desprendido do grande Afloramento há muito tempo, indicando ali a presença do
perigo.
Quando pode estar acoplada e ser benéfica ao projeto

Os Afloramentos Rochosos não são de todo um aspecto ruim às edificações e a qualquer


processo de ocupação ou engenharia. Pode-se ter uma associação benéfica com estudos de
estabilidade dos maciços e fazer uso não só a nível estrutural, mas até mesmo estético das
mesmas.

Abaixo, vê-se alguns exemplos de Arquitetura aliada a exploração de Afloramentos Rochosos:


Bibliografia
Scarano, Fabio Rubio. Vegetação sobre afloramentos rochosos no Brasil: um breve
panorama.Rev. bras. Bot. , São Paulo, v 30, n. 4, dezembro de 2007. Disponível a partir
do <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-
84042007000400002&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 08 de fevereiro de 2013.
http://dx.doi.org/10.1590/S0100-84042007000400002.

MANUAL de campo para la descripción de macizos rocosos em afloramientos/Luis I.


González de Vallejo, dir. téc., Ferrer Gijón, M., superv. Téc. – 2ª ed. – Madrid: Instituto
Geológico y Minero de España, 2007.

Consulta à definição de afloramentos rochosos: Acesso em 05 de fevereiro de 2013.


http://www.dicionario.pro.br/dicionario/index.php/Afloramento

MANUAL de Geotecnia: taludes de rodovias: orientação para diagnóstico e soluções de


seus problemas/Pedro Alexandre Sawaya de Carvalho (coordenador) – São Paulo:
Instituto de Pesquisas Tecnológicas, 1991 – (Publicação IPT; n 1843)

Ocupação de Encostas/ Márcio Angelieri Cunha (coordenador) – São Paulo: Instituto


de Pesquisas Tecnológicas, 1991 – (Publicação IPT; n 1831)

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