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horizonte B incipiente diagnóstico e idade madura quando o horizonte B é espesso e
muito intemperizado. Solos profundos, maduros e muito intemperizados podem
apresentar limitações para o processo de intemperização e à medida que o
intemperismo avança com o tempo, os minerais apresentam mudança significativa na
composição e comportamento.
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eixos normal e paralelos ao plano de xistosidade. Também executaram-se ensaios
triaxiais na condição saturada e com o plano de xistosidade horizontal e a 45º, assim
como ensaios de permeabilidade. Os resultados dos ensaios oedométricos e de
permeabilidade não mostraram efeitos de anisotropia, e nos ensaios de cisalhamento
direto e triaxial foi obtida uma variação não significativa dos parâmetros de resistência,
coesão e ângulo de atrito. Assim sendo, os autores concluíram que a anisotropia
estrutural não é um fator predominante em solos com avançado estágio de
intemperismo (>50% de finos).
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Por exemplo, a sensitividade de uma argila pode ser correlacionada com o N60
a partir de sua resistência não confinada entre a pressão atmosférica, demonstrada na
figura seguinte. (Kulhawy e Mayne, 1990).
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deslocamento horizontal podem orientar para verificação do comportamento
destes solos.
A influência da macroestrutura do solo sobre a resistência, deformabilidade e
compressibilidade pode ser entendida como a conjunção de dois efeitos principais,
devidos à fábrica e à cimentação (Burland, 1990):
• Fábrica. Arranjo intrincado das partículas na massa residual numa organização
fechada que produz um maior atrito.
• Cimentação. Ligações entre os grãos que conferem ao solo uma rigidez adicional
contra as deformações.
Num sentido geral o conceito de estrutura está associado à variação observada
no comportamento de um material no seu estado natural, intacto, em comparação com
o mesmo material reconstituído, mantendo iguais os valores de porosidade, saturação
e estado de tensão. A presença de estrutura neste sentido tem sido identificada também
em solos transportados e rochas brandas, tratando-se sempre de processos naturais.
Maccarini (1980) e Sandroni & Maccarini (1981) apresentam resultados de
ensaios de cisalhamento direto e triaxiais convencionais em amostras indeformadas de
uma ocorrência de solo residual gnáissico jovem do campo experimental da PUC-Rio.
Blocos para a confecção das amostras foram retirados de cinco profundidades de um
poço e cinco níveis de um talude. A resposta dos ensaios triaxiais apresentou
basicamente dois tipos de comportamento, os quais são sumarizados na Figura 2 a
seguir.
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O comportamento mostrado na Figura 2 a) caracteriza-se por uma relação linear
entre tensão e deformação até atingir o pico de resistência para uma deformação axial
não superior ao 5%, ao qual se segue uma curva de amolecimento. As deformações
volumétricas variam de contrações moderadas até dilatações. Este tipo de
comportamento verificou-se nos solos jovens ou com baixo nível de confinamento. Já o
comportamento da Figura 2 b) caracteriza-se por uma relação não linear entre tensão e
deformação que atinge o seu valor máximo para deformações axiais maiores do que
10%. As deformações volumétricas são francamente contrativas. Este tipo de
comportamento verificou-se nos solos maduros ou com alto nível de confinamento.
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7. Devido à extensão do Brasil existem solos que apresentam certas
peculiaridades, por exemplo solos colapsíveis e expansíveis. Escolha dois
locais do Brasil e para cada local um tipo de solo, que apresente
particularidade e discuta as características e propriedades destes solos. Como
o processo de formação geológica influenciou nesses aspectos?
Caso 1
Ribeiro e Moura (2019) estudaram o município de Santa Maria da Boa Vista-PE,
localizado a 08º48'28" de latitude sul, 39º49'32" de longitude oeste e está a uma altitude
de 361 metros, limitando-se ao norte com Parnamirim, ao Sul com o estado da Bahia,
ao leste com Orocó e ao oeste com Lagoa Grande (Figura 4) . O local de estudo
encontra-se na bacia do rio São Francisco e do rio Pontal e possui clima semiárido. Os
verões são quentes e úmidos, os invernos são mornos e secos e as primaveras são
muito quentes e secas.
Figura 4 – Localização da cidade de Santa Maria da Boa Vista – PE. Fonte: Cunha et al
(2012).
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Em Santa Maria da Boa Vista, solos colapsíveis foram identificados no ano de
1987, na construção de 1856 unidades habitacionais (FERREIRA, 1988). Dois perfis de
solos foram analisados, cada um com três furos de sondagens. Foi verificado no perfil I
dois tipos de solos na superfície uma areia siltosa ou silte arenoso seguido de
pedregulho com silte arenoso. O impenetrável à percussão é atingido a 2,5 ou 3,0 m de
profundidade. Os índices de resistência à penetração na primeira camada de solo está
entre 5 e 10 golpes e na segunda camada corresponde a 10 golpes até atingir a camada
impenetrável.
Caso 2
Para um solo ser expansivo, depende, primariamente, do filossilicato existente
na fração argila, uma vez que nem todos experimentam modificações volumétricas, com
variação de umidade. A instabilidade pode ser especialmente importante nas
vermiculitas e esmectitas, em especial na montmorilonita e nos interestratificados
regulares ou irregulares onde estes minerais estão presentes. Dois requisitos básicos,
um intrínseco e outro extrínseco, são necessários para um solo exibir expansividade. O
intrínseco está relacionado com a composição mineralógica, textura e estrutura. Esses
parâmetros controlam, em nível microescalar, mecanismos que produzem a
instabilidade volumétrica do solo. O extrínseco está relacionado com a climatologia, a
hidrogeologia, a vegetação e a ocupação antrópica que são capazes de transferir a
umidade de um ponto a outro do terreno.
O programa de investigação geotécnica realizado para analisar o
comportamento de solo expansivo de Ipojuca - PE constou da coleta de amostras
deformadas e indeformadas do tipo bloco e realização de ensaios de laboratório no solo,
na cal e nas misturas solo-cal nas proporções em peso seco 1%, 3%, 5%, 7%, 9% e
11% (PAIVA et al, 2016).
As expansões livres calculadas e obtidas a partir de ensaios edométricos
convencionais com pequenas sobrecargas nas de tensões de 1 kPa e 10 kPa no solo
natural são, respectivamente, 14% e 12,00%. Pelo critério de inundação a 10 kPa, o
solo de Ipojuca-PE tem um grau de expansividade alto, de acordo com o critério de
Cuellar. Os valores da tensão de expansão do solo determinados com diferentes
trajetórias de tensões, que correspondem a diferentes métodos, são apresentados na
Figura 9. O valor médio obtido pelos três métodos foi 218 kPa, indicando que o solo
pode causar danos nas edificações, quando umedecido, principalmente em obras de
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pequeno porte, chegando à condição de demolição. A diferença fundamental entre os
métodos é a ordem seguida entre a aplicação de tensão e a inundação.
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10. Descreva a origem e evolução dos sedimentos da Baixada Santista. Apresente
as principais características geotécnicas dos solos da Baixada Santista, em
função de sua gênese.
Por volta do cretáceo e no decorrer do paleogeno, processaram -se falhas
importantes pari passu com o soerguimento epirogênico relativamente homogêneo, do
núcleo sul-oriental do Escudo Brasileiro”. Desse movimento epirogenético resultou, na
região de Santos, uma série de vales entre esporões da serra. Com a elevação do nível
do nível do mar, que estava cerca de 50 m abaixo do nível atual e ocorreu já no período
Quaternário, esses vales foram submersos, formando-se uma baía profunda e uma série
de ilhas. Essa ascensão do nível do mar, que é chamada pelos geomorfologistas de
“transgressão flandriana”, é a responsável pela extrema irregularidade da costa sudeste
do Brasil. Com os vales e baías submersos deu-se a sedimentação das argilas ou areias
finas argilosas que hoje formam as várzeas da Baixada Santista. São sedimentos de
águas calmas, eventualmente em contato com água salgada das marés. Entretanto, já
nessa época, percebeu-se que a camada de argila, supostamente de consistência
uniformemente mole, apresentava certa inexplicável anormalidade em camadas de
consistência maior, em discordância com as mais moles. Tal anomalia só foi esclarecida
com base em estudos geológicos que serão mencionados adiante.
Da erosão dos solos de alteração de rocha, os quais recobriam as encostas dos
espigões e paleo-ilhas, resultaram areias que vieram depositar-se, com transporte
líquido ou aéreo, em cordões de areia, a 10 ou 25 km de distância do pé da serra, em
praias e terraços. Há ainda um terceiro tipo de solo, constituído por pedregulho e blocos
de rocha, em mistura com solo areno-argiloso. Tais camadas encontram-se sempre em
contato com a rocha gnáissica-xistosa muitas vezes completamente alterada, sob os
sedimentos argilosos ou, então, como aluviões ou coluviões ao longo dos rios ao pé da
serra. Assim formou-se a configuração atual da Baixada, com suas várzeas e mangues,
geralmente localizados entre as encostas da serra e contornando morros
remanescentes das antigas ilhas da transgressão marítima, e a faixa litorânea,
constituída por praias e terraços de areia pura (Vargas, 1999).
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identificado uma espessura média superior a 16 m, com ocorrência de lentes
de areia.
Ensaios de Campo
• Ensaio CPT, para estabelecer a resistência da estratigrafia completa do perfil de
solo a afundar o aterro;
• Ensaio Pressurímetro, na perfuração ao nível da camada mole, para medir in-
situ a relação tensão – deformação da camada mole na umidade natural;
Ensaios de Laboratório
• Ensaio Oedométrico, para estabelecer o comportamento durante o
adensamento da camada mole, a tensão de pré adensamento, permeabilidade
e recalques esperados;
• Ensaio Triaxial CU, para estabelecer os parâmetros de resistência da camada
mole, e comparar eles com os obtidos em campo;
• Ensaios de Caracterização – granulometria, gravidade específica, limites de
atterberg, classificação do solo.
Instrumentos de monitoramento
• Perfilômetro de Recalques, para medir o perfil de recalques obtidos durante a
construção do aterro;
• Marcos Superficiais (Topografia), para monitorar os recalques desde um banco
topográfico.
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○ Translacional: superfície de ruptura plana. Normalmente associada a
planos de fraqueza, no caso de solos, estratificações e contato
solo/rocha;
○ Composta: associado a taludes naturais não homogêneos, a superfície
de ruptura é não linear.
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ultrapassava o trecho abrangido pela cortina atirantada. Apesar dos 20 anos de
operação da estrutura de contenção, o rompimento do colúvio não foi previsto pela falta
de manutenção e olhar geológico. Kanji (2005) destaca que a região é de simples
entendimento que se trata de um local de depósitos coluvionares conforme os preceitos
da geologia de engenharia, e assim, recomenda-se que deveria ter sido elaborado um
sistema de monitoramento in situ para avaliar as movimentações de maneira periódica.
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analisar de fato a condição real de campo, dados os agentes atuantes que podem
desencadear movimentações no maciço. No caso de um colúvio, por exemplo, o
monitoramento do parâmetro do ângulo de atrito ao longo do tempo indica a
movimentação da massa de solo e com isso a avaliação se é necessário a construção
de estruturas de contenção.
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● Solo eólico: transportado pelas ações do vento. Um exemplo no Brasil são as
dunas, a areia é transportada pela ação do vento. Apresentam granulometria em
geral uniforme, a ação do vento é limitada pelo peso da partícula. Sendo assim,
diâmetros maiores são mais difíceis de serem transportados;
● Solo glaciar: transportado por movimentações de geleiras com a ocorrência de
congelamento e degelo.
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Depósitos flúvio-marinhos são depósitos sedimentares originados pela ação
combinada de processos fluviais e marinhos. Em geral, são encontrados em planícies
costeiras e em deltas marinhos.
Os principais problemas geotécnicos envolvendo aluviões estão relacionados a
processos de erosão e o assoreamento das planícies litorâneas e dos deltas, uma vez
que modifica o carregamento imposto na área-destino. Essa problemática ocasiona
questões geotécnicas e ambientais tais como deslizamento de taludes e escavação de
encostas por desgaste dos sedimentos transportados (Infraestrutura e Meio Ambiente,
2021).
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associadas de instabilidade podem ocorrer em uma massa de solo coluvionar
dependendo de sua geometria. Colúvios espessos usualmente estão associados a
escorregamentos rotacionais lentos, que dificilmente se liquefazem ou se desagregam.
Já taludes de colúvios rasos apresentam um escorregamento translacional, seguido por
desagregação e fluidez (corridas de detritos).
As massas coluviais apresentam estabilidade precária, sendo que solos
residuais de origem granito-gnáissica tem ângulo de atrito próximo ao ângulo de pós-
pico. A instabilização ou o aumento dos movimentos de fluência de taludes coluvionares
pode ocorrer de acordo com as seguintes situações:
(a) espontaneamente: com lençol permanentemente elevado devido à precipitação
contínua – nesse caso as velocidades de fluência aumentam, mas não há ruptura súbita,
visto que o solo se deforma plasticamente;
(b) escavações: mesmo de pequena altura, feitas no pé do talude. Há um primeiro
escorregamento, que se propaga encosta acima até o início da língua coluvial;
(c) carregamento na crista do talude: quando a sobrecarga for pequena, a deformação
do colúvio pode provocar irregularidades em uma pista rodoviária, trincas em
construções, ou se a carga for maior, uma ruptura local. Em todos esses casos o que
acontece na realidade é a reativação do escorregamento preexistente, com a superfície
de escorregamento situada na fronteira entre o colúvio e o solo residual primitivo.
(d) impacto: blocos de rocha caindo de grande altura. A súbita elevação da poropressão
no colúvio pode levá-lo à liquefação, o que resulta em um movimento do tipo avalanche.
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● Inclinômetros: para avaliar os deslocamentos e a identificação de uma possível
zona de cisalhamento. É instalado em locais estratégicos onde espera-se que
haja movimentações.
O piezômetro e o medidor de água fornecem bons indicativos se o sistema de
drenagem, no qual pode ser composto por DHPs, está sendo efetivo para controlar o
nível de água da massa coluvionar. Além disso, o piezômetro possibilita uma análise de
uma possível reativação por pressões do aquífero (Lacerda, 2014). Ao acoplar os
resultados do piezômetro com as precipitações é possível identificar padrões e assim
elaborar planos de ataque em épocas mais agravantes.
Já os inclinômetros fornecem informações de movimentação, assim, os dados
podem ser utilizados para avaliar se a solução de engenharia realmente minimizou as
movimentações ou não. Se a solução é efetiva, observa-se uma redução das
movimentações no depósito coluvionar e uma tendência para a estabilização.
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monitoramento eficaz e com a instalação correta de DHPs são minimizadas, e
continuam a ocorrer em proporções pequenas.
O modelo de estabilidade aplicável em massas coluviais de grande extensão é
o de talude infinito. O fator de segurança (FS) pode ser calculado a partir da equação
segundo Skempton e DeLory (1957):
20. Como a pedologia pode contribuir para a geotecnia? Como utilizaria uma carta
de pedologia para a implantação de um empreendimento?
A pedologia é o ramo da ciência que estuda a formação dos solos. Estabelece
uma descrição completa do solo feita em campo, além da delimitação dos horizontes e
profundidade das camadas formadas. Justamente por estudar a diversidade dos solos
e seus comportamentos, a pedologia pode auxiliar no planejamento e investigação nas
obras de engenharia, obtendo parâmetros importantes de projeto como índice de
composição granulométrica e índices de consistência (Diniz, 2012).
Uma carta pedológica apresenta dados geológicos do meio físico
(relevo/material inconsolidado/rocha) e pode-se prever o comportamento deste meio
físico com devido à ação antrópica. Além disso, cartas pedológicas podem apoiar
decisões de implantação de empreendimentos de infraestrutura quanto a aptidão para
urbanização, suscetibilidade à erosão, perigo e riscos geológicos a processos do meio
físico e estudos de viabilidade.
21. Escolha uma ou mais carta topográfica do IBGE e identifique por meio de
delimitação de área (polígono fechado) 4 tipos de solos transportados e
possíveis locais de solos residuais e maciços rochosos (podendo ser
capeados por camadas pouco espessas de solo). Justifique as áreas
selecionadas. Associar a carta às imagens do Google Earth pode auxiliar
bastante.
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Como exemplo foi adotada a região Serra da Moeda em Minas Gerais (MG), Brasil. Por
meio do portal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a folha
topográfica da região foi obtida. A área foi escolhida por apresentar regiões de serra,
locais que favorecem a formação de depósitos coluvionares. Por efeitos da gravidade,
o material desloca-se até atingir a condição de equilíbrio. A área escolhida é
apresentada figura a seguir.
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Figura 6 – Mapa pedológico da região da Serra da Mesa. Fonte: FEAM (2010).
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23. Quais as diferenças entre meios porosos e fraturados em termos de
comportamentos hidro-mecânicos?
Segundo Paitan e Vargas Jr. (2013), o meio poroso é formado pela fase sólida
e pela fase de vazios, que podem ser preenchidos com ar quando não-saturados e por
água. Os vazios permitem a percolação de água e podem estar interconectados ou não,
o que forma tubos capilares que atravessam o meio poroso. O comportamento de fluidos
incompressíveis em meios porosos é regido pela lei de Darcy. A depender da
permeabilidade do solo e o diâmetro dos poros, o comportamento hidráulico do meio
poroso pode favorecer ou dificultar a percolação de água. Quanto ao comportamento
mecânico, a formação de canais interconectados entre os poros contribui para o
surgimento de planos de ruptura.
Rochas comumente apresentam descontinuidades por conta de feições
geológicas como, planos de acamamento, falhas, fissuras, fraturas, juntas e entre
outros. Essas feições estão relacionadas com o processo de formação da rocha e o
histórico geológico. Do ponto de vista mecânico, uma fratura pode ser definida como um
plano de ruptura da rocha, formado pela concentração de tensões ao redor de
descontinuidades. Do ponto de vista hidráulico, essas fraturas se comportam como
canais de fluxo de fluidos e comumente estão conectados entre si, originando caminhos
preferenciais.
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A presença de dobras em rochas metamórficas é caracterizada pela deformação
plástica (dúctil) desta. Em maciços rochosos com presença de dobras, ao ser submetido
a escavações, ocorre uma redistribuição de tensões. Existem tensões residuais
atuantes nessas falhas, nos pontos de dobra que ao sofrer uma redistribuição de
tensões devido a escavações, poderá vir a ocorrer tensões horizontais maiores que as
tensões verticais. Ao haver esse relaxamento de tensões, essas dobras vão se abrindo,
criando caminhos para percolação de água e a alteração dos materiais ocorrem de
forma muito rápida
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27. Quais são os principais parâmetros para caracterização de descontinuidades,
qual sua importância na engenharia e como podem ser obtidos?
A Tabela 1, relaciona os parâmetros de caracterização de descontinuidades, sua
importância na engenharia e como estes podem ser obtidos:
Importância na
Parâmetro Definição Forma de obtenção
engenharia
Indicam a possibilidade
de ocorrência de um
intemperismo diferencial,
É definido como a fragilidade mecânica e
distância entre duas saídas de água do maciço
descontinuidades rochoso. Condiciona o
Espaçamento adjacentes de uma tamanho dos blocos Paquímetro
mesma família, podendo individuais de rocha
este ser uniforme ou intacta e a partir disso, o
heterogêneo. tipo de ruptura. Tem
influência também na
percolação no maciço
rochoso.
Indicação de
Pode ser determinado
É determinado fazendo a intemperismo diferencial,
através de amostras
contagem de todas as fragilidade mecânica e
indeformadas de
Grau de Fraturamento fraturas ao longo de uma propriedades de
sondagem rotativas,
direção (número de percolação. Influência no
através da análise dos
fraturas por metro) modo de ruptura do
testemunhos.
maciço.
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Grande influência no
comportamento mecânico
Parâmetro representado e hidráulico do maciço. Obtido através de uma
pela extensão de uma Quanto ao trena, medindo em
Persistência
descontinuidade medida comportamento campo, no sentido do
num plano mecânico, a resistência mergulho e da direção.
ao cisalhamento do
maciço.
Distância perpendicular
Tem influência na
entre as paredes de uma
resistência ao
Abertura descontinuidade, onde o Paquímetro
cisalhamento e na
espaço é preenchido por
condutividade hidráulica.
ar ou água.
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Indica pontos de variação
Água aflorando pela de pressão de água ao
Surgência de água descontinuidade, podendo longo da fratura, podendo
ser sazonal ou constante, gerar instabilidade de
taludes.
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A Figura 8 abaixo representa a análise de estabilidade de um maciço rochoso.
Ao fazer o equilíbrio de forças desse caso, tem-se: a tensão normal é dada como
o peso do bloco deslizante relacionado com a descontinuidade através do ângulo desta
(W.cos ψp). A coesão c está relacionada com a persistência L, c.L. Com isso, tem-se:
𝜏 = 𝑐 + 𝜎. 𝑡𝑎𝑛 𝜑
A parcela que tende a resistir (segurar) o bloco deslizante pode ser dada por:
𝑐. 𝐿 + 𝑊. 𝑐𝑜𝑠 𝜓. 𝑡𝑎𝑛 𝜑
Onde: c é a coesão, L a persistência, W o peso do bloco deslizante, ψ o mergulho da
descontinuidade e φ o ângulo de atrito da descontinuidade.
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Em superfícies rugosas, o valor do ângulo de atrito da descontinuidade é
acrescido de um parâmetro i, que auxilia na resistência ao cisalhamento da
descontinuidade. A Figura 9 abaixo exemplifica envoltórias para ambos os casos:
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● Padrão das descontinuidades.
● Ação da água subterrânea.
● Orientação relativa das descontinuidades/escavação.
Categorizando cada um desses parâmetros, pesos são dados, com isso obtém-
se uma nota final que deve ser ajustada em relação ao tipo de obra e com a orientação
da descontinuidade. Levando todos esses aspectos em consideração, define a classe
do maciço e prevê o tempo de sustentação deste.
Sistema Q:
● Parametro RQD: representa a densidade de descontinuidades por volume
unitário de maciço.
● Índice Jn: obtido através do somatório do número de descontinuidades de um
único sistema interceptadas ao longo de uma direção ortogonal ao seu plano,
ponderada pelo comprimento individual das linhas de levantamento.
● Termo Jr/Ja, caracteriza as descontinuidades e/ou seu enchimento sob o
aspecto da rugosidade e do grau de alteração, onde Jr é o coeficiente de
rugosidade e Ja de alteração.
● SRF: é o parâmetro que leva em consideração o estado de tensão;
● Jw: representa a medida da pressão da água.
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31. Quais as principais diferenças geológico-geotécnicas entre maciços rochosos
compostos por granito e gnaisse?
Gnaisse é uma rocha metamórfica de alto grau. Por ser metamórfica, pode ser
que haja uma maior quantidade de descontinuidades devido ao fato de ter passado por
mais processos de alteração. Normalmente, o maciço formado por gnaisse vai ter
foliações que talvez o granito não tenha. Maciço rochoso composto por gnaisse
costumam ter mais quantidade de mica e feldspato, que são minerais de fácil
intemperização, o que pode ser prejudicial no aspecto geotécnico.
Granito é uma rocha ígnea, não tem muita descontinuidade, as falhas ou fraturas
vão surgir devido aos efeitos de descompressão (alívio de pressões). Maciços rochosos
formados por granito possuem a presença de plagioclásio, feldspato e quartzo e sua
proporção pode variar significativamente. Plagioclásio e feldspato se alteram com
facilidade. Então, na presença de água nas fraturas pode haver ação de intemperismo
significativo.
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determinação dos parâmetros das descontinuidades poderão auxiliar na determinação
de técnicas adequadas para estabilização deste maciço após a escavação.
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34. Descreva como se pode obter limiar pluviométrico para definir probabilidade
de ocorrência de deslizamentos. Na construção do gráfico, como são definidas
as chuvas e eventos? Como a geologia e geotecnia da área de estudo pode
impactar na definição dos limiares pluviométricos?
Para obter o limiar pluviométrico pode utilizar os piezômetros de corda vibrantes,
por exemplo, para levantar e monitorar o nível piezométrico, ou seja, acompanhar a
precipitação no terreno.
No episódios de chuvas com as maiores precipitações acumuladas podendo ser
em horas, dias, meses, por exemplo, e podem influenciar a aceleração da
movimentação, lembrando que, o tempo de resposta dos piezômetros não são de
imediato devido ao tempo de resposta entre a chuva e a variação piezométrica. Na
Figura 11 pode-se verificar como a precipitação está associada aos eventos de
aceleração de movimentação de massa.
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Em que a movimentação tem a ver com a variação do nível d’água e a variação
do nível de água tem relação com a pluviometria e geologia devido a variação, por
exemplo, do artesianismo tanto no pé como no topo da massa de modo simplificado.
• Método Geofísicos;
• Método Sísmicos;
• Método Geolétricos.
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Ao procurar entender os possíveis comportamentos e problemas geotécnicos,
com o auxílio da instrumentação é possível implementar ações para minimizar a
problemática da forma mais eficiente possível. Engenheiros geotécnicos que contam
com um monitoramento seguro podem tomar decisões determinantes mais rapidamente
e é a partir dos dados fornecidos pelo monitoramento geotécnico que há respaldo na
segurança de grande parte de projetos e construções.
37. Cite e descreva dois ensaios geofísicos, sendo um mais indicado para
definição do perfil do terreno e outro para previsão dos parâmetros elásticos.
Quais ensaios geotécnicos poderiam estar associados aos métodos
geofísicos?
Segundo a GEO-RIO (2014), os métodos geofísicos são utilizados para
compreender e determinar indiretamente a distribuição e o posicionamento das
camadas do subsolo e suas características físicas. Onde são utilizadas feições
topográficas, morfológicas e as propriedades físicas do local. No qual é medida, seja da
sua resistividade elétrica ou da velocidade de propagação de ondas elásticas.
Assim, realiza-se correlações com a natureza geológica dos diversos horizontes,
pode-se conhecer também as suas respectivas profundidades e espessuras. A seguir
apresentam-se dois métodos:
• Método Geoelétrico:
o O método realiza a detecção na superfície do terreno, dos efeitos
produzidos pelo fluxo de corrente elétrica em subsuperfície. Onde
a eletrorresistividade, que diz respeito à dificuldade encontrada
pela corrente elétrica para se propagar num meio qualquer.
o Assim, realiza-se a determinação da posição e geometria do topo
rochoso, realiza a caracterização dos estratos sedimentares,
identifica zonas de falhas e/ou alteradas, por exemplo.
o Os dados podem ser apresentados de várias formas, como perfis,
seções e plantas de isovalores de resistividade aparente.
• Método Sísmicos:
o Nesse método as amostras apresentam-se com volumes
representativos e não perturbados do maciço. Podendo realizar:
▪ Investigação terrestre, por exemplo, refração, reflexão e
ensaios entre furos (Crosshole);
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▪ Investigação de áreas submersas, por exemplo,
perfilagem sísmica, contínua e sonografia.
o Ao realizar o estudo sob o método sísmico é devido que o pode-
se realizar a partir de furos de sondagens, assim, utiliza-se a
investigação entre furos (Crosshole), pois viabiliza a identificação
de estruturas existentes no maciço, que poderiam ser ocultados
utilizando métodos sísmicos de superfície, restritos à identificação
de estruturas tubulares e homogêneas. Como também, é um
ensaio rápido e econômico e permite correlacionar a velocidade
das ondas às características de compacidade e fraturamento do
maciço.
38. Descreva uma forma prática e de baixo custo para se obter a permeabilidade
in situ de uma determinada camada de solo. Descreva um método para
obtenção de condutividade hidráulica de maciço rochoso.
O método é descrito a seguir:
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39. Quais informações considera mais importante de se obter nos testemunhos
de maciços rochosos de sondagens rotativas? Justifique.
Por meio das sondagens rotativas é possível identificar o grau de alteração da
rocha, o grau de fraturamento, a resistência da rocha, o parâmetro de qualidade da
rocha (Rock Quality Designation – RQD), a orientação e o mergulho da descontinuidade
do maciço rochoso, porém, tem-se que ter uma referência inicial. Além disso pode-se
verificar a possibilidade de a descontinuidade estar preenchida ou não, isto é, se tem
indicativo de intemperismo.
• Investigação de superfície:
o Aspectos regionais
▪ Tipo de ocupação, relevo
o Características locais:
▪ Tipo de talude;
▪ Espessura média;
▪ Drenagem;
▪ Condições de água subterrânea
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▪ Geometria do talude;
▪ Tipo do risco.
o Características da ocorrência:
▪ Situação;
▪ Volume estimado do material mobilizado;
▪ Tipo de movimento;
▪ Consequências.
• Investigação de subsuperfície;
o Métodos diretos:
▪ Poços, trincheiras, cachimbos;
▪ Sondagem a trado;
▪ Sondagem a percussão;
▪ Sondagem rotativa.
o Métodos indiretos:
▪ Por geofísica: sísmicos, Geoelétricos e radar de
Penetração no Solo – GPR;
▪ Sensoriamento remoto.
• Instrumentação;
• Ensaios de campo ou laboratório;
• Levantamento Geológico/Geotécnico;
• Levantamento topográfico e fotogramétrico.
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41. Como funciona a técnica da inclinometria? Como interpretar o perfil de
deslocamentos horizontais de uma vertical inclinométrica? Em qual tipo de
maciço e tipo de obra aplicaria esta técnica? Justifique.
O procedimento detalhado a seguir:
• É instalado um tubo ranhurado no terreno, em que se coloca um torpedo com
roldanas e elas irão correr nos trilhos do tubo. O torpedo possui acelerômetros
que irão auxiliar nas medidas das inclinações na outra direção, desse modo,
consegue-se medir os deslocamentos em X e Y ao mesmo tempo e de forma
vetorizada.
• Na execução do ensaio deve-se realizar as leituras de duas maneiras, a primeira
é, aponta a parte mais alta do inclinômetro na direção X+ e depois retira-se o
torpedo de dentro do tubo e gira-se 180° entorno do eixo z, isto é, aponta a parte
mais alta do inclinômetro na direção X-, ou seja, isto realiza as leituras ré e vante
dentro do tubo reduzindo os erros de leituras.
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A interpretação dos deslocamentos horizontais de uma vertical inclinométrica
pode ser realizada pelos seguintes procedimentos:
• Obtém os deslocamentos horizontais segundo a fórmula , onde δh é o
deslocamento horizontal, L é a distância entre rodinhas – correspondente à
distância entre duas leituras consecutivas e θ é o ângulo da distorção.
• Os deslocamentos horizontais irão definir uma superfície de ruptura e dizer onde
elas se encontram.
Pode ser utilizado em obras de rodovias, por exemplo, onde para realizar o
monitoramento da movimentação de taludes adjacente à rodovia em estudo. E se existir
a presença de lençol freático, o nível de água poderá intensificar ou acelerar essa
movimentação de massa.
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43. Para a execução de um projeto básico de um túnel em rocha, podendo
escolher 3 tipos de investigação geotécnica, quais recomendaria e como as
prescreveria? Quais resultados seriam gerados? Justifique a escolha.
Segundo Silva et al (2018), para a execução de um ensaio de sondagem, os
métodos mais utilizados na caracterização de maciços são a sondagem rotativa para
obtenção de testemunhos e execução de ensaios de resistência em rochas. Esses
ensaios visam a determinação do critério de ruptura e da qualidade do maciço,
fornecendo informações da qualidade da rocha (RQD) pelo seu grau de fraturamento e
das tensões máximas suportadas pela rocha.
Em laboratório, os ensaios de resistência à compressão uniaxial fornecem a
tensão máxima que a rocha pode suportar quando submetida à compressão em uma
amostra cilíndrica não confinada. Com isso determina-se a envoltória de resistência de
Mohr Coulomb, que é utilizada no cálculo do fator de segurança da obra. Além disso, o
método geofísico do tipo sísmico é uma boa alternativa para instrumentação em obras
de túnel em rochas, já que são métodos não destrutivos, de longo alcance e que
fornecem parâmetros elásticos, velocidades de onda e caracterizam o fraturamento e o
nível d’água na rocha, podendo ser associados aos métodos geoelétricos para traçar o
perfil do terreno e mapear toda a rocha onde estará localizado o túnel.
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Já a sondagem rotopercussiva é um tipo de investigação geotécnica que pode,
além de várias outras aplicações, fazer análises de controle ambiental. Ele é comumente
utilizado para formações geológicas cujo solo é duro e compacto. Além disso, entre as
principais vantagens deste tipo de sondagem citam-se como as mais importantes o
baixo custo, além do rápido e elevado avanço nos trabalhos (FX Sondagens e
Fundações, 2021).
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REFERÊNCIAS
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https://www.ibge.gov.br/geociencias/cartas-e-mapas/folhas-topograficas/15809-folhas-
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Revista Matéria, 21(2), 437–449. DOI: https://doi.org/10.1590/S1517-
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29/10/21: https://repositorio.ufpb.br/jspui/handle/123456789/17045.
Skempton, A.W. Delory, F.A. (1957). Stability of natural slopes in London Clay. Proc. 4th
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https://doi.org/10.11606/issn.2316-9036.v0i41p18-27.
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