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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

ESCOLA DE ENGENHARIA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

GEOTECNIA AMBIENTAL
MÓDULO II: FORMAÇÃO, PROPRIEDADES E PROBLEMAS
AMBIENTAIS DOS SOLOS TROPICAIS

TURMA B
Adrielly de Carvalho Dimas
2018017173

Belo Horizonte
2022/2
1. Compare e mostre a diferença entre solos na Engenharia, Geologia de Engenharia e
Pedologia.

O conceito da palavra solo pode possuir significados diferentes dependendo da sua área
de estudo e/ou análise. No campo da engenharia, o solo é considerado como todo o material da
crosta terrestre que não oferecesse resistência intransponível à escavação mecânica e que
perdesse totalmente toda resistência, quando em contato prolongado com a água. Ou seja, solo
seriam materiais da crosta terrestre que servem de suporte, são arrimados, escavados ou
perfurados e utilizados nas obras da Engenharia Civil. Já no ramo geológico, o solo é o produto
do intemperismo físico e químico das rochas, situado na parte superficial do manto de
intemperismo. Constitui-se de material rochoso decomposto. E no âmbito da pedologia, que é
o estudo dos solos, o seu significado se assemelha ao da geologia, onde o mesmo é considerado
um corpo sintetizado pela natureza e sujeito a intemperismo, processos de decomposição que
alteram composições físicas e químicas dos elementos.

2. Ao receber um perfil de sondagem SPT qual relação você observaria entre o número
de golpes e os horizontes SE, SA, RAM, RAD e RS?

Há uma relação direta entre o número de golpes em uma sondagem SPT quanto ao tipo
de solo em que se é deparado. Esta relação define-se principalmente quanto a sua resistência à
penetração, e se apresenta de forma gradual quando partimos de um Solo Eluvial (SE), até
adentrarmos ao horizonte composto por Rocha Sã (RS). Assim sendo, havendo uma quantidade
de golpes consideravelmente alta para a sondagem, pode-se, com alta probabilidade, estarmos
lidando com um SE. Isto se dá principalmente pela presença de matéria orgânica neste
horizonte.
De forma semelhante, temos o Solo de Alteração (SA) que detém as mesmas
características do SE, uma vez que esse também apresenta baixa resistência à compressão.
Porém, o SA contém vestígios estruturais da rocha mãe por decorrência do intemperismo do
qual sofreu o solo originalmente presente no local.
Por conseguinte, o número de golpes na sondagem deste solo é aumentado.
Aprofundando e dando maior acesso aos próximos horizontes, temos a Rocha Alterada Mole
(RAM) com caracterização clássica devido sua condição de ser ainda mais próxima da rocha
mãe. Assim, sua estrutura e seus minerais estão presentes de forma mais sóbria, a fim de
apresentar alta resistência à penetração. Consequentemente, é devido que se faça a alteração
do tipo de ensaio, passando para uma sondagem SPT com lavagem por tempo.
No próximo horizonte, temos a Rocha Alterada Dura (RAD) com ainda maior
resistência à penetração. Portanto, a cravação da sonda para efeito do ensaio é feita de forma
rotativa, onde se deve vencer o atrito com maior sucesso.
Já a Rocha Sã é tida como o horizonte mais capaz de resistir à penetração neste caso de
estudo. Podendo, assim, ser descartado qualquer tipo de sondagem SPT. Isto se dá
necessariamente pela sua baixa ou ausente presença de processo de alteração, não havendo
algum tipo de interferência significativa da sua estrutura física.

3. Qual a tendência você observa nos valores de coesão, ângulo de atrito e os tipos de solo
coluvionar arenoso e coluvionar argiloso?

Os solos coluvionares são formados pela ação da gravidade que leva, desde grandes
pedaços de rocha, até pequenas partículas e, por isso, são bastante heterogêneos, variando suas
características de acordo com o agente de transporte.
O solo coluvionar arenoso, como o próprio nome já indica, é predominantemente
composto por grãos de areia, estes, que, em comparação a solos de partículas mais finas,
possuem menor superfície específica, gerando menor atração entre as partículas e,
consequentemente, um menor valor de coesão.
Em contrapartida, o solo argiloso, é constituído de partículas menores, com maior
superfície de contato, maior ângulo de atrito e, assim, maior valor de coesão. Assim sendo,
deve-se analisar o tipo de partícula predominante de cada solo: quanto mais finas, com maior
ângulo de atrito e maior superfície de contato, maior será o ângulo de coesão.

4. A água nos solos tem uma ação erosiva ou em termos químicos de dissolução. Um solo
rico em oxido de ferro em contato com a água produz a seguinte reação:

Qual informação ou teste de laboratório você solicitaria para constatar este efeito? Qual
consequência na resistência mecânica você esperaria em um solo com esta característica?

Para constatar este efeito eu inicialmente solicitaria ensaios para a caracterização do


solo, podendo assim confirmar se há óxidos solúveis na massa. Também, seria necessário
realizar o ensaio de erodibilidade (Ensaio de Inderbitzen), podendo assim verificar a percolação
da água no solo causando movimentos de materiais, analisando se há evidência ou não para
constatar o efeito apresentado.
No caso de um solo com essa característica, é esperado que a resistência mecânica seja
menor, já que a água gera uma força de empuxo, produzindo uma poropressão e assim
diminuindo a tensão efetiva do solo. Além disso, no processo de oxidação do solo, serão criados
depósitos insolúveis, o que prejudica o escoamento da água. Quanto mais água presente no
solo, menor será a resistência. Outro ponto característico é a menor interação entre as partículas,
uma vez que o fenômeno de erosão aumentará os espaços vazios, diminuindo ainda mais a
resistência mecânica do solo.
5. Por que a denominação solos tropicais? Existem diferenças entre os solos formados
fora da zona tropical e os solos formados dentro desta zona?

A denominação solos tropicais se deve ao local de sua formação: as zonas tropicais.


Sua diferenciação é importante, pois o clima interfere na formação dos solos e,
consequentemente, em suas propriedades.
Quando comparada com outras zonas mais frias, a zona tropical é caracterizada por
maiores índices pluviométricos / de umidade, temperaturas mais elevadas ao longo de todo o
ano e alta taxa de evaporação. Tais fatores contribuem para o intemperismo químico das rochas
e aceleram a formação dos solos. Devido à maior intensidade desse tipo de intemperismo, os
solos tropicais sofrem mais reações durante a sua formação, de modo que é possível encontrar
diversos minerais primários (da rocha mãe) e secundários em sua composição.
Além disso, é comum a presença de florestas tropicais nestas zonas, as quais promovem
a retenção e maior infiltração / percolação da água, o que dá continuidade ao processo de
formação do solo. As florestas também formam uma nova camada de solo a partir da grande
quantidade de matéria orgânica gerada, o chamado Horizonte O. Assim, é mais comum
encontrar solos profundos e com diversas camadas em zonas tropicais que fora delas.
Por fim, a forte presença da água na formação dos solos tropicais também propicia o
surgimento de solos transportados, uma vez que a água é um agente transportador que leva
materiais rochosos ou de outros solos para regiões diferentes de sua origem.

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