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1 CARACTERÍSTICAS DOS SOLOS

Os solos são constituídos por um conjunto de partículas aglomeradas com espaços entre elas
que estão preenchidas com ar e água (ou outro líquido), sendo assim, podemos dizer que o
solo é um material que apresenta três fases: sólidos, ar e água. Os solos são aglomerados de
partículas não consolidadas com pouca ou nenhuma cimentação e essas partículas podem se
deslocar entre si, diferindo o seu comportamento de materiais sólidos, consolidados, como por
exemplo o concreto e as rochas. O comportamento dos solos depende do deslocamento das
partículas sólidas do solo e de sua interação com a fase líquida.

Os solos originados pelo intemperismo físico e químico das rochas, seja pela variação de
temperatura que provoca trincas, a água que ataca quimicamente os minerais, os processos
biológicos ou outros processos do intemperismo (desintegração ou decomposição das rochas),
formam os conjuntos de partículas que se diferenciam pelo tamanho e pela sua composição. A
maior ou menor concentração de determinadas partículas minerais depende da composição
das rochas que deram origem ao solo e destes processos transformadores, que são muito mais
intensos em algumas regiões devido ao clima.

1.1 TAMANHO DAS PARTÍCULAS (GRANULOMETRIA)

A primeira característica que diferencia os solos é o tamanho das partículas. São partículas de
vários tamanhos e que influenciam no seu comportamento, algumas partículas podem ser
facilmente visíveis e sentidas ao toque, enquanto outras são extremamente pequenas e
imperceptíveis ao tato. Como forma de diferenciar os solos e identificar os tamanhos de
partículas presentes, existe o ensaio de granulometria padronizado pela Associação Brasileira
de Normas Técnicas (ABNT) pela NBR 7181:2016 – Solo – Análise granulométrica. O
procedimento consiste em passar uma amostra do solo por um conjunto de peneiras e
determinar as porcentagens dos diferentes tamanhos de partículas presentes na amostra
ensaiada. O diâmetro (diâmetro equivalente) das partículas é determinado pela abertura das

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peneiras, que varia de 0,075 mm (peneira #200) até 50 mm de abertura. Partículas menores
que 0,075 mm são determinadas pela sedimentação do material, fazendo leituras sucessivas
para determinar o tempo que uma amostra de solo leva para sedimentar na água, as leituras
são feitas com o uso de um densímetro e os diâmetros equivalentes são determinados pela lei
de Stokes, que relaciona a velocidade de sedimentação com as dimensões das partículas,
quanto maiores as partículas, mais rápido elas irão sedimentar, chegar ao fundo do recipiente.

Figura 1: Peneiras utilizadas em ensaio de granulometria e processo de


sedimentação. (Fonte: https://www.guiadaengenharia.com/analise-granulometrica-
solo/)

Como resultado dos ensaios de granulometria é apresentada uma curva granulométrica, que
representa a variação das dimensões das partículas de uma amostra de solo. A Figura 2 mostra
um exemplo de resultado de ensaio de granulometria.

Figura 2: Exemplo de curva de granulometria do solo.

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Em função das dimensões das partículas, são utilizadas denominações para diferenciar as
amostras, essas denominações específicas variam de acordo com o sistema de classificação
empregado, como por exemplo, a ABNT utiliza as seguintes denominações apresentadas na
Tabela 1.

Tabela 1: Denominações pelo tamanho dos grãos. (PINTO, 2006)

Fração Limites definidos pela ABNT


Matacão de 25 cm a 1 m
Pedra de 7,6 cm a 25 cm
Pedregulho de 4,8 mm a 7,6 cm
Areia Grossa de 2,0 mm a 4,8 mm
Areia Média de 0,42 mm a 2,0 mm
Areia Fina de 0,05 mm a 0,42 mm
Silte de 0,005 mm a 0,05 mm
Argila inferior a 0,005 mm

A dimensão dos grãos do solo é uma das maneiras de diferenciar os solos, mas outros fatores
são importantes para diferenciar o comportamento tais como a composição mineralógica, a
forma das partículas, a estrutura dos solos e a interação das partículas com a água. Os solos
mais finos interagem de forma diferente com água, conferindo características específicas às
argilas. Para se determinar se um solo terá comportamento de solos finos, é necessário a
realização de outros ensaios, ensaios de plasticidade e consistência.

Figura 3: Exemplos de arranjos estruturais do solo. (Fonte:


https://www.ft.unicamp.br/~mantelli/ST409/6%20ST%20409%20%CDndices%20f
%EDsicos%202009.pdf)

Uma das características das argilas é a facilidade de ser moldada quando úmida, mas são bem
resistentes quando secas, por isso são muito utilizadas para fabricação de tijolos e peças de
artesanato. As areias, materiais mais grossos, que apresentam comportamento distinto dos

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solos finos (argilas), podem até ser moldados quando úmidos, mas perdem sua forma quando
secam. Estes materiais são mais indicados para drenagem por permitir a passagem de água
com maior facilidade que as argilas.

1.2 ÍNDICES FÍSICOS DOS SOLOS

Os solos são compostos por três fases: sólidos, ar e água, sendo o comportamento dependente
das quantidades relativas de cada uma delas. Podemos medir as grandezas físicas de cada uma
das três fases, o peso e o volume, da mesma forma, posso relacionar as três fases presentes.
Estas relações entre as fases constituintes de um solo, são os índices físicos. Os índices físicos
do solo são então as relações entre pesos, entre volumes ou entre pesos e volumes dos
componentes do solo. A Figura 4 mostra as fases presentes no solo e a representação dos
volumes e pesos de cada uma das fases.

Figura 4: As fases do solo: (a) estado natural; (b) volumes; (c) volumes com índice
de vazios. (PINTO, 2006)

1.2.1 Teor de Umidade (w)

O teor de umidade do solo, também chamado de umidade ou umidade natural do solo, é a


relação entre o peso de água (Pw) e o peso de partículas sólidas (Ps) de uma amostra de solo e
é expresso geralmente em porcentagem.

Pw
w (100%) Equação 1
Ps

onde:

Pw = peso de água;

Ps = peso de partículas sólidas.

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A umidade dos solos varia de 0 a 60 % na maioria dos casos, mas pode chegar a valores
bastante elevados em argilas orgânicas marinhas da ordem de 300 a 400 %. Estes valores são
influenciados pela localização da amostra, mais próximos da superfície, proximidade de
lagos, rios ou fontes de água, do período de coleta da amostra (dias chuvosos) e do
condicionamento das amostras antes do ensaio para determinar seus valores. A quantidade de
água presente em um solo depende da quantidade de vazios presentes na amostra, solos
aparentemente secos tem umidade na ordem de 2 a 3 % (FIORI, 2015).

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FIORI, A. P. Fundamentos de Mecânica dos Solos e das Rochas: aplicações na


estabilidade de taludes, 2015. São Paulo: Oficina de Textos.

PINTO, C. de SOUZA. Curso Básico de Mecânica dos Solos em 16 aulas, 2006. 3ª Edição.
São Paulo: Oficina de Textos, 355 p.

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