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CEFET

DIRETORIA DE ENSINO

GERÊNCIA EDUCACIONAL DE RECURSOS NATURAIS

CURSO DE SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM CONTROLE


AMBIENTAL

DISCIPLINA: POLUIÇÃO DO SOLO

PROFª. RÉGIA LÚCIA LOPES

Natal/ Maio/2006
POLUIÇÃO DO SOLO

1 – CARACTERÍSTICAS DO SOLO DE IMPORTÂNCIA AMBIENTAL

O solo atua freqüentemente como um “filtro”, tendo a capacidade de depuração e


imobilizando grande parte das impurezas nele depositadas. No entanto, essa capacidade é
limitada, podendo ocorrer alteração da qualidade do solo, devido ao efeito cumulativo da
deposição de poluentes atmosféricos, à aplicação de defensivos agrícolas e fertilizantes e à
disposição de resíduos sólidos industriais, urbanos, materiais tóxicos e radioativos (MOREIRA-
NODERMANN, 1987).
Em função das características do solo, a água se infiltra e atravessa os diversos
substratos horizontais, classificados de acordo com seu nível de saturação de água (YOSHINAGA,
1993), em zonas saturadas e zonas não saturadas. A água subterrânea propriamente dita
encontra-se nas zonas saturadas, onde os poros, fraturas ou espaços vazios da matriz sólida
estão completamente preenchidos por água.
Assim, como fazem parte do mesmo contexto, o que ocorrer com o solo repercutirá nas
águas subterrâneas podendo resultar em alterações de sua qualidade. Desta forma, a migração
dos poluentes através do solo, para as águas superficiais e subterrâneas, constitui uma ameaça
para a qualidade dos recursos hídricos utilizados em abastecimento público, industrial, agrícola,
comercial, lazer e serviços.

1.1. Composição do Solo


O solo pode ser conceituado de acordo com os interesses e objetivos de sua utilização,
mas de um modo geral, o solo pode ser conceituado como um manto superficial deformado por
rocha desagregada, eventualmente, cinzas vulcânicas, em mistura com matéria orgânica em
decomposição, contendo ainda água e ar em proporções variáveis.(BRAGA et al, 2002). A
composição pode variar de um lugar para outro e de acordo com mudanças de geologia, clima,
etc. Basicamente, em termo médios o solo é composto de:
• 45% de elementos minerais
• 25% de ar
• 25% de água
• 5% de matéria orgânica

Os elementos minerais são predominantemente provenientes das rochas desagregadas


no próprio local ou em locais distantes trazidas pela água ou pelo ar.
A parte líquida é fundamentalmente composta por água proveniente de precipitações tais
como chuva, sereno, neblina e degelo. A parte gasosa é proveniente do ar existente na superfície
e em proporções variáveis, dos gases de biodegradação de matéria orgânica nos quais predomina
o dióxido de carbono (biodegradação aeróbia) e outros como o metano (biodegradação
anaeróbia).
A parte orgânica é proveniente da queda de folhas, frutos e galhos e ramos, além de
restos de animais, excrementos e outros resíduos, em diferentes estágios ed decomposição. A
degradação dessa matéria orgânica é que resulta o húmus do solo, responsável em boa parte
pelas características agrícolas e várias propriedades físicas.

1.2 – Características físicas

As características físicas do solo dependem essencialmente do tamanho relativo dos


elementos (textura) e do arranjo dos mesmos (estrutura). Além dessas características destacam-
se ainda a permeabilidade e a capacidade de absorção do solo como características do ponto de
vista de poluição ambiental.

A análise textural dos solos tem a finalidade de se determinar as principais frações


granulométricas que compõe um tipo ou classe de solo e que são normalmente divididas em
Areia, Silte e Argilas. Há certas características do solo que podem ser vistas a olho nu ou
facilmente percebidas pelo tato que são freqüentemente utilizadas para descrição de sua
aparência no ambiente natural.
a) Textura: ou granulometria descreve a proporção de partículas de dimensões distintas
componentes do solo. Tecnicamente, podemos quantificar a granulometria passando o solo por
um conjunto padronizado de peneiras com malhas de diferentes dimensões e determinando o
peso da parcela retidas em cada uma delas. Esses pesos parciais, acumulados em percentagens
do total, são apresentados na forma de curvas granulométricas conforme mostrado na figura 1.

Fig. 1 – Curvas granulométricas

A partir da porcentagem de cada fração (argila, silte e areia), como apresentado na tabela
1, é possível definir se o solo é argiloso, arenoso ou siltoso, de acordo como diagrama triangular
usado para classificação granulométrica de solo apresentado na figura 2.

Tab. 01 – classificação de solo


Material Diâmetro da partícula
Argila abaixo de 0,002mm
Silte de 0,002 a 0,05mm
Areia fina de 0,05 a 0,2mm

grossa de 0,2 a 2,0mm

Cascalho de 2 a 20 mm

Pedregulho acima de 20 mm
%SILTE

Fig. 2 – Triângulo de classificação granulométrica

Definida a granulometria de um solo, ele pode ser classificado com base na figura 2 em
argiloso, quando possui mais que 35% de argila, arenoso quando possui mais que 65% de areia e
menos que 15% de argila, siltoso (ou limoso) quando possui mais de 60% de silte e menos que
20% de argila e barrento quando não estiver enquadrado em nenhum dos anteriores.
Essa determinação é a base da classificação mais conhecida dos solos e explica também
algumas propriedades físicas e químicas do solo. Assim, por exemplo, a drenabilidade, a
permeabilidade e a aeração de um solo serão mais acentuadas se as dimensões das partículas
que o compõem forem maiores. Já os solos com partículas menores favorecem a resistência a
erosão, a retenção de água e de nutrientes, pelas propriedades coloidais que lhes são associadas.

b) Estrutura: a estrutura é o modo como as partículas do solo se arranjam em agregados ou


torrões. Produtos da decomposição da matéria orgânica, juntamente com alguns componentes
minerais, como óxido de ferro e frações argilosas, promovem a agregação de partículas.
A presença de umidade e ressecamento, com conseqüentemente inchamento e
encolhimento, acaba por dar origem aos torrões do solo, com tamanho e formas variados e
característicos. A estrutura do solo explica em boa parte, seu comportamento mecânico
(capacidade de suporte de cargas, resistência ao cisalhamento ou escorregamento), conferindo-
lhe o que se denomina consistência, ou seja, a capacidade de resistir a um esforço destinado a
rompê-lo e que, podemos avaliar a consistência pressionando os torrões nos dedos.
Na composição do solo a argila é considerada a parcela “ativa” da fração mineral por
sediar os fenômenos de troca de íons determinantes da fertilidade do solo (existência de
nutrientes em quantidade adequada) e da boa nutrição vegetal (capacidade de ceder nutrientes à
planta). Por sua vez as frações minerais mais grossas presentes no solo são também essenciais
para assegurar a drenabilidade, a permeabilidade e a aeração indispensáveis para o equilíbrio
água-ar exigido para a realização da fotossíntese (captação dos nutrientes em solução por meio
de pressão osmótica nas raízes e da respiração dos organismos existentes no solo. A porção
orgânica e sua parcela em decomposição é importante por dar origem ao húmus. Ao este cabe
a função de agente granulador (formação de torrões) dos solos produtivos, além de ter
elevadíssima capacidade de reter nutrientes e água e atenuar a nocividade de alguns
elementos minerais sobre as plantas, como o alumínio e o manganês.

c) Cor: é muito utilizável popularmente para denominar e identificar os solos, sendo a terra roxa e
a terra preta os mais conhecidos. Em termos técnicos a cor é descrita por comparação com
escalas padronizadas. Podem-se associar algumas propriedades do solo à sua cloração. Os solos
escuros, tendendo para marrom, quase serpe são associados à presença de matéria orgânica em
decomposição em teor elevado; a cor vermelha é indicativa da presença de óxidos de ferro e de
solos bem drenados; as tonalidades acinzentadas, mais comumente encontradas junto às
baixadas, são indícios de solo freqüentemente encharcados.

d) permeabilidade: a permeabilidade do solo permite avaliar quantitativamente a percolação da


água no solo e é influenciada pela granulometria de seus constituintes, viscosidade da água,
índice de vazios, da forma e disposição dos poros e do grau de saturação do solo. De uma forma
geral, a água que percola no solo é somente uma parte da água intersticial. No entanto para fins
práticos, não há um interesse por como se processa o escoamento através dos poros, mas sim
pelo fluxo resultante do escoamento através do solo.
O grau de permeabilidade é numericamente expresso pelo “coeficiente de permeabilidade”
(kp) ou condutividade hidráulica (KLUTE & DIRSEN, citado por FRANCHI, 2002) e sua
determinação é feita tendo em vista a lei experimental de Darcy, estabelecida estatística que diz
que a velocidade de percolação é diretamente proporcional ao gradiente hidráulico como pode ser
visto na figura 3.
V = kp x i
Onde:
V = velocidade real e percolação da água
kp = coeficiente de percolação que é a velocidade real média de escoamento através dos vazios
do solo quando i =1
i = gradiente hidráulico (h/L)
h = diferença entre os níveis de água sobre cada um dos lados da camada de solo, ou em outras
palavras a perda de carga sobre a distância L
L = espessura da camada de solo medida na direção do escoamento
Fig. 3- esquema ilustrativo da Lei de Darcy (CURE, 1953)

A permeabilidade de um solo é influenciada pela granulometria de seus constituintes,


viscosidade da água (que por sua vez é função de sua temperatura, concentração de sais, etc), do
índice de vazios, da forma e disposição dos poros e do grau de saturação do solo (CURY, 1953)
Os valores de k podem ser medidos em campo ou laboratórios através de amostras
colhidas no solo. As ordens de magnitude da condutividade hidráulica ou coeficiente de
permeabilidade k para materiais granulares podem ser vistos na tabela 2.

Tab. 02 – coeficiente de permeabilidade


Solos argilosos superficiais 1 x 10 -5 a 2 x 10-4 cm/s
Solos argilosos profundos 1 x 10-8 a 1 x 10-5 cm/s
Areia fina 1 x 10-3 a 5 x 10-3 cm/s
Areia média 5 x 10-3 a 2 x 10-2 cm/s
Pedregulhos 1 x 10-1 a 1 cm/s
Mistura de areia, argila e pedregulho 1 x 10-6 a 1 x 10-4 cm/s

1.3 – Características químicas

As características químicas do solo estão relacionadas com a natureza dos minerais do


solo e a disponibilidade de nutrientes presentes no solo, subsídio esse fundamental para a
recomendação da dose de adubação, assim como as transformações a que os nutrientes
adicionados ao solo estarão sujeitos.

O solo é um sistema de natureza coloidal devido ao tamanho das partículas de argila. As


argilas são minerais que desenvolvem cargas na sua superfície, sendo estas cargas responsáveis
por reter os elementos nutrientes presos ao sistema. Dessa forma, pode-se considerar que cargas
negativas presentes nas argilas retêm elementos catiônicos, isto é, que possuem cargas positivas
como no caso do Cálcio, Magnésio , Potássio, Hidrogênio e Alumínio. Da mesma forma se dando
com cargas positivas que podem reter elementos aniônicos como o Fosfato, Sulfato, Boratos e
outros. As plantas no solo retiram para sua nutrição, os elementos trocáveis, isto é, aqueles que
se encontram presos às argilas através das cargas negativas ou positivas.

a) pH: O pH, que é um índice que indica o grau de acidez do solo, é de extrema importância, pois
determina a disponibilidade dos nutrientes contidos no solo ou a ele adicionados e também
assimilação dos nutrientes pelas plantas. A maior parte dos nutrientes (K, Ca, Mg, N, S, B e P)
estão menos disponíveis em valores baixos de pH e alguns, como Fe, Cu, Mn e Zn mostram
comportamento inverso.
O pH influência a atividade biológica de microrganismos livres ou que vivem em simbiose
com leguminosas, como também a oxidação da matéria orgânica por microrganismos hetetróficos.
A reação do solo pode ser ácida, básica ou neutra. Nos solos situados em regiões sob
clima tropical e subtropical predominam solos com reação ácida. Os nutrientes têm sua
disponibilidade determinada por vários fatores, entre eles o valor do pH, medida da concentração
(atividade) de íons hidrogênio na solução do solo.
Assim, em solos com pH excessivamente ácido ocorre diminuição na disponibilidade de
nutrientes como fósforo, cálcio, magnésio, potássio e molibdênio e aumento da solubilização de
íons como zinco, cobre, ferro, manganês e alumínio que, dependendo do manejo do solo e da
adubação utilizados, podem atingir níveis tóxicos às plantas.
A Fig. 4 ilustra a tendência da disponibilidade dos diversos elementos químicos às plantas
em função do pH do solo. A disponibilidade varia como conseqüência do aumento da
concentração e solubilidade dos diversos compostos na solução do solo. A mudança de pH é um
dos fatores que tem grande influência sobre a concentração e solubilidade destes compostos na
solução do solo.

Fig. 4 - Relação entre o pH e a disponibilidade dos elementos no solo.

b) acidez:: A acidez do solo é um processo inevitável, podendo ser causada principalmente pela
precipitação pluvial, adubação mineral (principalmente a nitrogenada), por lavagem de cálcio e
magnésio do solo e pelo próprio cultivo. A maioria dos solos brasileiros, em condições tropicais e
subtropicais úmidas, são ácidos (pH < 7). Isto se deve ao fato do intenso processo de
intemperização que ocorre nestes solos, levando a uma intensa lixiviação dos cátions básicos
(Ca+2, Mg+2, K+, Na+), e a concentração dos cátions ácidos (H+ e Al+3).

Para a acidez, adotam-se os seguintes limites da interpretação de classes:

Acidez pH em CaCI2

Muito alta Até 4,3


Alta 4,4-5,0
Média 5,1-5,5
Baixa 5,6-6,0
Muito baixa >6,0

c) salinidade: a classificação dos solos quanto à salinidade se dá em função da condutividade


elétrica (CE), da percentagem de sódio trocável (PTS) ou da relação de absorção de sódio (RAS)
e do pH.
A importância da salinidade é sua influência quanto ao potencial osmótico do solo, à
toxicidade iônica específica e à degradação das condições que podem ocorrer no solo.

Tipo de solo Condutividade RAS pH


Normal < 4 mS/cm <13 <8,5
Salino > 4 mS/cm <13 <8,5
Sódico < 4 mS/cm >13 ≥8,5
Salino/sódico >4 mS/cm > 13 < 8,5

Altas concentrações e sódio em solos argilosos, não acompanhados de concentrações


comparativamente elevadas de cálcio e magnésio, podem provocar seu inchamento e
conseqüentemente a sua impermeabilização, devido às partículas de argila estarem com íons de
sódio adsorvidos, obstruindo os poros. A razão de adsorção de sódio é calculada pela expressão,
onde as concentrações de íons são expressas em miliequivalentes/litro:

RAS = Na +/ [(Ca++ + Mg++)/2] 1/2

d) capacidade de troca catiônica (CTC) : índice que, em outras palavras, mede a capacidade de
fixação de substâncias nas partículas do solo / substrato. É uma propriedade afetada pela
condição de acidez, sendo fortemente dependente de pH. A magnitude da CTC de um solo resulta
da natureza dos colóides minerais e orgânicos e do pH do solo. A CTC, capacidade de troca de
cátions, é expressa pela soma dos cátions de reação básica (S) mais os cátions de reação ácida
(H + Al3), expresso em cmolc/dm3 de solo.

CTC = (S) + (H + Al3), cmolc/dm3 de solo;


Onde:
S = cátions de reação básica = Ca + Mg + K, cmolc/dm3 de solo;
(H + Al3) = cátions de reação ácida cmolc/dm3 de solo;

e) Matéria orgânica: a matéria orgânica no solo aumenta a porosidade de solos pesados e com
isso facilita a movimentação de ar e água nas zonas reticulares; em algumas situações contribui
eficazmente para reduzir as perdas por erosão; reduz a plasticidade, coesão e aderência do solo,
tornando-o mais fácil de ser trabalhado; aumenta a capacidade de troca de cátions; tem grande
poder tampão; aumenta a solubilidade e disponibilidade de nutrientes.
A determinação da matéria orgânica em solos geralmente é determinada em mufla até
ignição do material a 500ºC

2 - CONSERVAÇÃO DO SOLO

É a utilização de métodos adequados de manejo e uso do solo, que permitem mantê-lo


produtivo de geração a geração, por evitar o seu esgotamento ou deterioração, provocados por
fatores naturais e/ou introduzidos pelo próprio homem.
A conservação do solo visa, principalmente, ao controle de duas formas de degradação:
as alterações químicas representadas pela poluição devido a vários agentes externos tais como
agentes químicos, resíduos sólidos e efluentes líquidos e as alterações físicas, especialmente pelo
processo de erosão.
A adoção de medidas de conservação do meio ambiente considerada no processo de
planejamento do uso do solo urbano contribui para minimizar os efeitos da disposição de resíduos
no solo, bem como para atenuar a erosão, geralmente acentuadas nas áreas urbanas. Os
principais processos de degradação no meio rural são:

2.1 - Processos de salinização


A salinização é o termo usado para se designar o processo de acúmulo de sais na
camada superficial do solo, sendo estes prejudiciais às culturas que nele crescem. Ela ocorre, de
uma maneira geral, em solos situados em regiões de baixas precipitações pluviais, alto déficit
hídrico e que tenham deficiências naturais de drenagem interna.
Quanto menor as precipitações médias anuais numa região e maior a evapotranspiração
potencial, maior é a possibilidade de salinização de seus solos quando irrigados, tendo em vista
que o déficit hídrico é maior. Ao se irrigar um solo de drenabilidade deficiente nessas regiões este
se torna salino rapidamente porque as plantas removem basicamente H2O enquanto a maior parte
dos sais fica retida.

Os principais íons e radicais mais comumente encontrado no solo são Ca+2, Mg+2, Na+, K+,
Cl , SO4-2, CO3-2, HCO-3, NO-3 e NH4-2, sendo que em um solo normal o complexo do solo é
-

composto de 80% de íons de Ca+2 e em torno de 5% de Na+ determinando uma salinidade natural.

A classificação dos solos quanto à salinidade se dá em função da condutividade elétrica


(CE), da percentagem de sódio trocável (PTS) ou da relação de absorção de sódio (RAS) e do pH,
como vistos anteriormente.
A salinidade afeta as culturas de duas maneiras:
• Pelo aumento do potencial osmótico do solo – quanto mais salino for um solo, maior será
a energia gasta pela planta para absorver água e com ela os demais elementos vitais
• Pela toxidez de determinados elementos, principalmente o sódio, o boro, e os
bicarbonatos e cloretos, que em concentrações elevadas causam distúrbios fisiológicos
nas plantas;

Os fatores que contribuem para a salinização dos solos são:

• Clima: déficit hídrico climático acentuado;


• irrigação mal feita, efetuando-se irrigações em áreas maiores que a capacidade de
seus recursos hídricos e mecânicos;
• irrigação com água de má qualidade – altos teores de sais;
• destruição da vegetação nativa;
• ausência de drenagem adequada;
• formação de crostas ou compactações superficiais; ‘
• solo com sua bioestrutura decaída e manejo inadequado do solo e da água;

Todo solo situado em regiões climáticas caracterizadas por baixas precipitações e altos
déficits hídricos climáticos e que ao mesmo tempo possua má drenabilidade, tende a se tornar
salino, com a irrigação, mesmo que esta seja feita com água de boa qualidade.

Em solos salinos o princípio básico de dessalinização consiste em:

• Aumentar a permeabilidade do solo


• Somente irrigar terras de boa drenabilidade, ou seja, áreas selecionadas tendo como
base estudos de solos ou classificação de terras para irrigação que se baseie em
parâmetros adequados para a região, principalmente no que se refere à profundidade
do impermeável.
• Solos com menos de 1,0 m de profundidade não devem ser irrigados a não ser em
condições muito especiais e quando se tratar de região semi-arida, terão que contar
com a implantação de sistema de drenagem subterrânea
• A evolução do processo de salinização pode ser evitada, em caso mais favoráveis,
através de uma irrigação eficiente ou por meio da instalação de sistema de drenagem
subterrânea e coletores, para desta forma facilitar a percolação profunda de parte das
águas das chuvas ou excedentes de irrigação e assim promover a lavagem de sais do
solo.
• Fazer manutenção adequada do sistema de drenagem - coletores e subterrânea.
• Rotação de culturas (plantas com tolerância a salinidade alternando-se com plantas
que suportem inundação) e,
• Manter o solo sempre coberto fornecendo matéria orgânica;

2.2 – Acididificação

A acidez do solo é um fenômeno que diminui a fertilidade do solo sendo causada


basicamente por:

• erosão e adubações com fertilizantes nitrogenados;


• pela liberação de produtos ácidos produzidos pelas raízes das plantas
• as águas de chuvas com altos teores de ácido carbônico proveniente da dissolução do
gás carbônico em água;
• retirada de nutrientes pelas plantas;
• por lavagem de cálcio e magnésio do solo

Poluentes como o SO2 e os NOx são os principais responsáveis pelo problema da


acidificação. Em contacto com a água transformam-se em ácidos sulfúrico e nítrico, os quais
dissolvidos na chuva e na neve atingem o solos sob a forma de sulfatos (SO42-), nitratos (NO3-) e
íons de Hidrogénio (H+) - deposição úmida. No entanto o SO2 e os NOx também podem ser
depositados diretamente no solo ou nas folhas das plantas como gases ou associados a poeiras -
deposição seca. A acidez é dada pela concentração de (H+) libertados pelos ácidos e é
normalmente indicada pelos valores de pH.

O pH indica o grau de acidez do solo, é de extrema importância, pois determina a


disponibilidade dos nutrientes contidos no solo ou a ele adicionados e também assimilação dos
nutrientes pelas plantas.

Considerando-se que a maioria dos solos brasileiros apresentam acidez média a alta, a
sua correção, ou seja, a calagem é um fator decisivo na eficiência das adubações. É uma prática
de incorporar calcário ao solo. O calcário é o nome que normalmente se dá para o carbonato de
cálcio e/ou magnésio. A calagem proporciona vários benefícios:

• corrige a acidez do solo;


• fornece cálcio e magnésio, dois nutrientes muito importantes para as plantas; e
• neutraliza o efeito fitotóxico do alumínio e do manganês.

2.3 - Erosão: É o processo de desagregação e remoção de partículas do solo, podendo se dar por
arraste da água (erosão hídrica) e pelo vento (erosão eólica) dentre outras formas.

2.3.1 Fatores naturais que contribuem para maior ou menor ocorrência da erosão:

a) vegetação: a cobertura vegetal influencia nas taxas de escoamento superficial pois


as plantas amortecem a queda das gotas de água, diminuindo o impacto sobre o solo,
seguram a terra através da raízes, incorporam matéria orgânica e dão condições para
que o solo absorva melhor e retenha a água.
b) solo: a erosão é bastante influenciada pelo tipo de solo. Os mais arenosos sofrem
mais a ação das águas, pois possui pequena resistência a força de arraste. Os mais
argilosos, de textura fina, dificultam a infiltração acarretando grandes volumes de
enxurradas, porém com menor arrastamento de terra, pois o solo possui maior coesão
entre as partículas.
c) Clima: as chuvas de grande intensidade e pouca duração provocam um maior
escoamento das águas e conseqüentemente maior possibilidade de ocorrer erosão.
Quanto maior for a freqüência das chuvas mais encharcado ficará o solo, reduzindo a
capacidade de absorver a água e portanto, maior arraste de partículas poderá ocorrer.
d) topografia do terreno: em terrenos com inclinações muito grande a velocidade de
escoamento das águas é maior provocando erosão.
2.3.2 - Atividades antrópicas que influenciam no processo de erosão

A erosão ocorre de forma natural, lenta, sendo que nos últimos tempos vem sendo
intensificada pela ação do homem, principalmente com o crescimento e a urbanização. Os graves
problemas de erosão resultam da forma incorreta como o homem vem utilizando os recursos
naturais tais como:
a) desmatamento de áreas extensas, de encostas, da mata ciliar, de locais onde os solos
são erodíveis, queimadas e capinas.
b) práticas agrícolas: monocultura, culturas não perenes, plantios em encostas, cultivo
intensivo, uso de máquinas e implementos agrícolas.
c) Formação de pastos com alta densidade de animais.
d) Movimento de terras: escavações e aterros.
e) Alterações no escoamento natural das águas.
f) Impermeabilização dos solos: construção, pavimentação, compactação.
g) Atividades de mineração

2.3.2 Principais conseqüências da erosão no meio urbano:

Os efeitos da erosão variam no tempo e espaço, dependendo de tipo de solo, como ele é
usado, do clima e muitos outros fatores. As principais conseqüências da erosão no meio urbano
são:

a) Obstrução de cursos d’águas, aumentando as possibilidades da ocorrência de


inundações e causando prejuízos à navegação;
b) Redução da capacidade de armazenamento da água em reservatórios prejudicando o
abastecimento público e industrial, a prática da recreação e de outros usos;
c) Alteração na qualidade da água, influindo na elevação do custo do tratamento, quando a
mesma é utilizada para abastecimento público ou industrial;
d) Modificação na estrutura natural do solo, provocando deslizamentos, rachaduras,
fendas e outros efeitos que exigem obras de engenharia, às vezes onerosas.

2.3.4 - Medidas de controle da erosão urbana:

Para o controle da erosão, o planejamento do uso e da ocupação do solo tem papel


fundamental tais como a correta utilização do solo levando em considerações as características
topográficas e do solo, com drenagem das águas e preservação da vegetação.

a) Ocupação do solo em função da declividade: recomenda-se que a ocupação de


áreas urbanas leve em consideração a declividade do terreno. A figura 05 apresenta
uma proposta para a ocupação do solo em função da declividade (Mota, 1999).
b) Áreas em solos sujeitos à erosão: recomenda-se a preservação total dessa área ou
a fixação de pequena densidade ocupacional para a mesma. Estes locais devem ser
destinados para áreas de lazer, mantendo-se uma vegetação protetora.
c) Proteção de talvegues naturais: toda bacia tem um local para escoamento natural
(riachos, córregos, vales, etc.) para onde as águas se encaminham após uma
precipitação. As alterações no sistema natural de drenagem podem ocasionar
processos erosivos além de outras conseqüências indesejáveis tais como as
enchentes e inundações. As mudanças necessárias devem ser feitas após criteriosa
análise técnica. A figura 06 apresenta a ocupação de forma correta e de forma
desordenada em áreas com mesmas características (Mota, 1999).
d) Cobertura vegetal: a vegetação constitui um fator importante na proteção quanto a
erosão, pois constitui uma barreira física ao transporte de materiais, proporciona
estrutura mais sólida ao solo, amortece o impacto das chuvas e eleva a porosidade do
solo. As encostas são áreas críticas com relação a erosão e portanto devem ser
protegidas com vegetação adequada.
Fig. 05 – Ocupação do solo em função da declividade (MOTA, 1999)

Fig. 06 Ocupação do solo (mota, 1999)

2.3.5 – Proteção de encostas naturais

As encostas naturais são superfícies inclinadas de maciços terrosos, rochosos ou mistos.


O processo de urbanização provoca modificações nas encostas e a própria estrutura da rocha
pode conduzir a situações de instabilidade das encostas, em cidades gerando graves problemas
sociais e econômicos decorrentes dos deslizamentos.
Os principais condicionantes para os escorregamentos são:

a) Chuvas e regime de águas superficiais


b) Materiais componentes das encostas/taludes
c) Características geomorfológicas (inclinação, perfil das encostas)
d) Cobertura vegetal
e) Intervenções tais como cortes, aterros e concentração de águas de chuva e de águas
servidas
f) Impermeabilização e pavimentação com o aumento da águas escoadas

Um programa de controle de ocupação das encostas deve ser desenvolvido através de:
a) Proteção da cobertura vegetal
b) Proteção do sistema natural de drenagem
c) Controle da ocupação do solo: preservação total (Lei Federal 8.766 de 19/12/79 proíbe
o parcelamento em terrenos com declividade superior a 30% dentre outras
observações) e definições de taxas de ocupação que provoque menos alterações no
ambiente natural (Fig. 5)
d) Medidas de proteção dos taludes: realização de obras de combate à erosão para a
proteção de taludes e encostas utilizando muros de arrimo em pedra ou concreto,
diques, tirantes e outros dispositivos tais como muro gaiola.

taludes de concreto
Muro de Arrimo

Diques
Muro gaiola

2.3.6 - Práticas de conservação do solo agrícola: Para a adequada conservação da água e do


solo é fundamental que a ocupação do solo seja feita conforme sua capacidade de uso e manejo.
Como práticas conservacionistas de maior importância, podem-se citar as edáficas, vegetativas e
mecânicas. Convém ressaltar que cada uma dessas práticas resolve apenas parcialmente o
problema. Para que a solução seja mais eficiente, deverão ser utilizadas de forma associadas. Em
áreas agrícolas as principais são:

a) Práticas vegetativas: Nas práticas vegetativas, busca-se reduzir a ação da precipitação


sobre os agregados do solo, dificultando a sua desestruturação e a formação de
selamento superficial e, conseqüentemente, minimizando o escoamento superficial e o
transporte de sedimentos:
• associação de culturas: Em cultivos que deixam boa parte do solo exposto à erosão
(algodão, café, etc.), é comum plantar, entre uma fileira e outras espécies leguminosas
(feijão, por exemplo), que recobrem bem o terreno. Essa técnica, além de evitar a erosão
garante o equilíbrio orgânico do solo.
• renques de vegetação permanente ou barreira viva: são faixas de vegetação
permanente plantadas em curvas de nível, com largura de dois metros fracionando-se o
terreno em espaços menores, de acordo com a declividade do terreno e a textura do solo.
• plantio em faixas alternadas com a vegetação natural: reduzem a perda do solo e água
pela erosão, através da diminuição da velocidade da enxurrada. A largura das faixas
depende da topografia, clima classe do solo e densidade da vegetação.
• escolha de espécies: deve-se preferir espécies florestais com maior eficiência no uso de
nutrientes, menor exigência nutricional, rápida cobertura do solo e sistema radicular
profundo e abundante para segurar o solo.
• Cobertura morta: corresponde a uma camada grossa, com 15 cm de espessura
proximadamente, feita à base de vegetais, inclusive restos de culturas, com a finalidade
de proteger o solo contra a erosão e ervas daninhas, conservar sua umidade, melhorar a
umidade e mantê-lo a uma temperatura adequada. O uso da cobertura morta é uma
técnica relativamente simples e de baixo custo, sendo de fácil assimilação.
• Cobertura verde: A cobertura verde deve ser constituída por espécies que vegetem bem
nas condições locais de clima e solo; tenham sistema radicular eficiente na fixação do
solo; tenham sistema foliar suficientemente denso e porte baixo; não sejam competitivas
com a cultura principal; sejam, preferencialmente, aproveitáveis como adubo verde;

b) Práticas edáficas: procura-se ajustar o sistema de cultivo de forma a minimizar as perdas de


água e solo:
• Preparo do solo e plantio: a superfície do solo normalmente acumula maior parte da
reserva de nutrientes, portanto deve-se evitar a movimentação excessiva do solo durante
o preparo e evitar práticas de manejo do solo que aceleram a decomposição da matéria
orgânica, como a queima e o preparo excessivo. O fogo destrói a matéria orgânica e
permite a perda de nutrientes como o nitrogênio. O preparo excessivo causa a destruição
da estrutura natural do solo, favorecendo a erosão e a compactação, aumenta a
decomposição da matéria orgânica, aumenta os custos operacionais, diminui a vida útil
dos equipamentos de preparo do solo tais como os tratores e demanda maior frota.

c) Práticas mecânicas: Nas práticas de caráter mecânico, utilizam-se estruturas


artificiais para interceptar o escoamento superficial

• Terraceamento: Consiste em se fazer cortes formando degraus, os chamados terraços,


nas encostas das montanhas, o que, além de possibilitar a expansão das áreas agrícolas
em países montanhosos e populosos, dificulta ao quebrar a velocidade de escoamento da
água, o processo erosivo. Essa técnica é muito comum em países asiáticos, como a
China, o Japão, a Tailândia e o Nepal, entre outros.

• Curvas de Nível: A primeira prática ou tecnologia utilizada para controlar a erosão é a da


curva de nível. A curva de nível é uma linha traçada na superfície do solo, unindo os
pontos de mesma altura, seguindo-se o nível do terreno em sentido contrário ao caminho
das águas da chuva ou da irrigação. O plantio e todas as operações agrícolas devem ser
feitos seguindo-se o traçado das curvas de nível. Com esse método simples, a perda de
solo agricultável é sensivelmente reduzida. Cabe salientar que o cultivo seguindo as
curvas de nível é feito em terrenos com baixo declive, propício a mecanização.
2.4 Compactação do solo florestal

A compactação do solo é uma mudança no arranjo de partículas que reduz o volume total
do meio (NIMMO e AKSTIN, 1988). Portanto é uma deformação física do solo.
Fundamentalmente, o solo é compactado quando um sistema de forças aplicadas ao solo
ultrapassa sua resistência a tais forças. Isto significa, que cada solo possui uma determinada
resistência à compactação, que, se ultrapassada, provoca a compactação. Na atividade florestal, a
compactação pode ser causada por:
• atividades de preparo do solo;
• atividades de colheita;
• pressão das raízes das árvores;
• pressão dos animais em sistemas silvipastoris.

As conseqüências da compactação são:


• redução da taxa de infiltração de água no solo;
• redução da capacidade de condução de água do solo;
• acúmulo de água na superfície do solo e conseqüente aumento do escoamento
superficial;
• erosão;
• deficiência de oxigênio na zona radicular;
• redução da atividade biológica no solo;
• aumento da resistência à penetração das raízes.

Em estudos comparando a velocidade de infiltração de água, em um mesmo solo, em


mata nativa e após desmatamento com trator de esteira, percebe-se que após o desmatamento a
velocidade de infiltração é bem menor permanecendo em valores muito baixos, com maior
acúmulo de água e provavelmente erosão.
A compactação do solo depende:
• da compressibilidade inicial do solo;
• da carga aplicada sobre o solo (quanto maior a carga, maior o potencial de compactação);
• da umidade do solo (solo seco resiste melhor à compactação do que solos úmidos ou
molhados).
2.4.1 - Prevenção da compactação e melhoria dos solos compactados
• Técnicas biológicas: Envolvem o aumento da matéria orgânica do solo, aumento do
mulching (cobertura vegetal morta sobre o solo), aumento da fauna do solo, e utilizar
rotações florestais com espécies de ciclos mais longos.
• Práticas mecânicas e controle de trafego: O solo deve ser trafegado com umidade
adequada, sempre evitando manejá-lo quando estiver molhado ou encharcado. A melhor
distribuição do peso dos tratores florestais também é uma alternativa através de: uso de
pneumáticos maiores, duplagem de rodados, usar pressão de inflação mais baixa
possível, e preferir tratores de esteiras. Também deve-se concentrar o tráfego nos ramais,
trafegar sobre a galhada, otimizar a rede viária do povoamento florestal, e adotar
maquinário adequado à operação (evitar maquinário sub ou superestimado).

2.5 - Queimadas

2.5.1 - Efeitos da queima nas propriedades físicas do solo

• Temperatura do solo: A variação de temperatura no solo durante a queima é função da


condutividade termal do solo, da temperatura do fogo, e da duração do fogo. Há
referências de temperaturas de até 200 graus Celcius nos primeiros milímetros do solo,
sendo que 100 ºC não é comum abaixo de 10 cm, e 50ºC pode ocorrer até 30 cm ou mais.
• Umidade do solo: Após a queima há aumento na evaporação de água do solo, a
produção de cinzas e substâncias hidrofóbicas durante a queima, também podem reduzir
a infiltração da água no solo. Em função destes aspectos, há uma redução do estoque de
água no solo disponível para as raízes absorverem.
• Susceptibilidade à erosão: Após a queima, há maior exposição dos horizontes minerais
ao impacto da gota de chuva, menor porosidade do solo, menor taxa de infiltração de
água, maior densidade do solo, e menor atividade biológica no superficial no solo, fatores
estes que podem contribuir para o aumento da erosão. O efeito da queima na
susceptibilidade à erosão depende dos seguintes fatores: erodibilidade do solo mineral;
topografia; chuva; severidade do fogo; cobertura remanescente após o fogo.

2.5.2 - Efeitos da queima nas propriedades químicas do solo

• Matéria orgânica do solo: Em queimadas naturais, uma grande quantidade de matéria


orgânica é perdida. Em queimadas controladas, a quantidade de material
consumido depende do tipo de material, da quantidade de material, e das condições
climáticas no momento da queima. Existem até mesmo referências de aumento da matéria
orgânica no solo mineral em condição de climas temperados. Nos climas tropicais, no
entanto, há maior possibilidade da queima provocar a redução da matéria orgânica, por
favorecer a mineralização dos nutrientes.
• Nitrogênio total: O nitrogênio volatiliza a 200 ºC. Em função disto, há citações de perdas
de 75 a 900 kg N/ha durante a queima.
• pH do solo: As cinzas adicionadas pela queima (1500 a 3000 kg/ha) tendem a aumentar
o pH do solo por possuir óxidos e carbonatos, além de fornecer bases trocáveis (Ca, Mg,
Na, K). Além disto há redução na produção de ácidos orgânicos. Todavia este efeito de
aumento do pH pode ser revertido se estas bases trocáveis forem lixiviadas do solo, pois
estão muito disponíveis.
• Capacidade de troca de cátions (CTC): A CTC deve diminuir após a queima, devido à
redução do conteúdo de húmus do solo. O húmus é destruído em temperaturas entre 100
e 250 ºC . Estudos mostram que, durante uma queima severa, 20% ou mais da CTC do
solo pode ser perdida.
• Disponibilidade de nutrientes: Na queima há uma perda considerável de nitrogênio (N) e
enxofre (S) por volatilização, no entanto outros nutrientes podem ser rapidamente
mineralizados ficando disponíveis para os processos de absorção pela planta, adsorção
ou fixação pelos colóides do solo e lixiviação. Quando a mineralização da matéria
orgânica ocorre naturalmente, através da decomposição da matéria orgânica pelos
organismos do solo, esta liberação de nutrientes é mais lenta para as plantas, porém as
perdas por fixação nos colóides e por lixiviação também são menores. O fogo aumenta
drasticamente a oxidação da matéria orgânica do solo, promovendo a liberação imediata
de P, K, Ca, Mg, N (amoniacal), aumentando não só a possibilidade absorção destes
nutrientes pelas árvores, como, principalmente, aumentando o risco de perda destes
nutrientes por erosão, lixiviação e fixação.

2.4.3 - Efeitos da queima nos organismos do solo

• Redução de microorganismos: O fogo causa redução imediata na população de


microorganismos, dependendo de: intensidade e duração do fogo; umidade e textura do
solo; profundidade; e tipo de organismos.

3 – POLUIÇÃO DO SOLO

3.1 - Área contaminada

Existem diferentes conceitos para área contaminada de acordo com estudos em vários
países. Uma área contaminada pode ser definida como uma área, local ou terreno onde há
comprovadamente poluição ou contaminação, causada pela introdução de quaisquer substâncias
ou resíduos que nela tenham sido depositados, acumulados, armazenados, enterrados ou
infiltrados de forma planejada, acidental ou até mesmo natural. (CETESB, 2001)
Nessa área, os poluentes ou contaminantes podem concentrar-se em sub-superfície nos
diferentes compartimentos do ambiente, por exemplo, no solo, nos sedimentos, nas rochas, nos
materiais utilizados para aterrar os terrenos, nas águas subterrâneas ou, de uma forma geral, nas
zonas não saturada e saturada, além de poderem concentrar-se nas paredes, nos pisos e nas
estruturas de construções.
Os poluentes ou contaminantes podem ser transportados a partir desses meios,
propagando-se por diferentes vias, como, por exemplo, o ar, o próprio solo, as águas subterrâneas
e superficiais, alterando suas características naturais ou qualidades e determinando impactos
negativos e/ou riscos sobre os bens a proteger, localizados na própria área ou em seus arredores.
Outro termo normalmente encontrado na literatura especializada, principalmente quando
se trata de áreas mineradas e de grandes obras civis, é o termo “área degradada”. Segundo
SÁNCHEZ (1998), dando enfoque ao compartimento solo, o termo “degradação” é o termo mais
amplo e engloba o termo “poluição”. Esse autor considera, por exemplo, que o termo “degradação
do solo” significa a ocorrência de alterações negativas das suas propriedades físicas, tais como
sua estrutura ou grau de compacidade, a perda de matéria devido à erosão e a alteração de
características químicas devido a processos como a salinização, lixiviação, deposição ácida e a
introdução de poluentes.

3.2. Poluição e contaminação

Para a definição de “área contaminada” foram utilizados os termos poluição e


contaminação. No contexto de estudos de áreas contaminadas, esses termos são considerados
como sinônimos por serem utilizados amplamente na literatura especializada e nas legislações
ambientais.
Na legislação ambiental federal do Brasil e do Estado de São Paulo, o termo mais aplicado
e claramente definido é "poluição", enquanto o emprego do termo "contaminação" é limitado a
algumas citações.
A Lei 997/76, que dispõe sobre o controle da poluição ambiental no Estado de São Paulo,
apresenta a seguinte definição para o termo “poluição”:

“Considera-se poluição do meio ambiente a presença, o lançamento ou a liberação, nas


águas, no ar ou no solo, de toda e qualquer forma de matéria ou energia, com intensidade, em
quantidade, de concentração ou com características em desacordo com as que forem
estabelecidas em decorrência dessa lei, ou que tornem ou possam tornar as águas, o ar ou solo”:

• impróprios, nocivos ou ofensivos à saúde;


• inconvenientes ao bem-estar público;
• danosos aos materiais, à fauna e à flora;
• prejudiciais à segurança, ao uso e gozo da propriedade e às atividades normais da
comunidade.

Essa definição favorece assumir os dois termos como sinônimos, pois nela está incluído o
conceito de risco e/ou danos à saúde das pessoas e a outros bens a proteger.

3.3 Fontes de contaminação


O solo pode ser considerado uma mistura de fases sólidas, líquidas e gasosas e tem como
principal mecanismo físico a filtração, sendo capaz de depurar e reter grande parte das impurezas
nele depositadas.
Não existe no Brasil ainda uma legislação específica relacionada com padrões de
referências para qualidade dos solos, no entanto alguns órgãos já iniciaram inventários para o
estabelecimento destes padrões a partir de padrões internacionais.
Um solo pode ser considerado “limpo” quando a concentração de um elemento ou
substância de interesse ambiental é menor ou igual ao valor de ocorrência natural. Esta
concentração foi denominada como valor de referência de qualidade e estes números não estão
ainda fixados como padrões em legislação.
Segundo o Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas (CETESB, 1999), uma
área suspeita de contaminação é aquela na qual, após a realização de uma avaliação preliminar,
foram observadas indicações que induzem a suspeitar de contaminação. A contaminação do solo
tem-se tornado uma das preocupações ambientais, uma vez que, geralmente, a contaminação
interfere no ambiente global da área afetada (solo, águas superficiais e subterrâneas, ar, fauna e
vegetação), podendo mesmo estar na origem de problemas de saúde pública. A contaminação do
solo torna-se problema quando:
• há uma fonte de contaminação;
• há vias de transferência de poluentes que viabilizam o alargamento da área contaminada;
• há indivíduos e bens ameaçados por essa contaminação.
O problema pode ser resolvido por:
• remoção dos indivíduos e/ou bens ameaçados;
• remoção da fonte de poluição;
• bloqueamento das vias de transferência (isolamento da área).
As atividades desenvolvidas pelo homem sobre o solo, alteram as características naturais,
seja através de mudanças na estrutura física do solo (relevo, tipo de solo, recobrimento, etc.), por
processos naturais ou pelo lançamento de resíduos na superfície. A contaminação do solo pode
ser ocasionada por qualquer um dos inúmeros poluentes derivados da agricultura, da mineração,
das atividades urbanas e industriais, dos dejetos animais, do uso de herbicidas ou dos processos
de erosão.

3.3.1 – Principais fontes de contaminação


As principais fontes de poluição do solo estão mostrados na figura abaixo:
(CETESB, 1999)

a) Agentes químicos
O emprego de fertilizantes sintéticos e defensivos agrícolas é um fato relativamente novo
cujo uso cresceu e se estendeu praticamente a todas as terras cultiváveis. Os impactos
ambientais de seus usos podem ser conhecidos de imediatos, e outros, os relacionados
basicamente aos defensivos, dependem de anos e décadas para se manifestar e serem avaliados
em suas conseqüências totais.
Os inseticidas orgânicos sintéticos, fabricados industrialmente em grande escala e a baixo
custo, mais perigosos para o homem e o ambiente são os provenientes da família dos
organoclorados, com alta meia-vida no ambiente (dezenas de anos) e de ação bioacumulativa.
Este último fato é particularmente grave, pois estando os pesticidas e seus produtos de
degradação altamente dispersos, estes entra na cadeia alimentar que os potencializa, provocando
graves danos ao elemento final desta cadeia: o homem.
O movimento dos compostos organoclorados no ambiente pode ser explicado utilizando-
se os conceitos de bioacumulação e de biomagnificação. Biocumulação é a propriedade do
composto de acumular-se nos organismos vivos enquanto biomagnificação é a transferência do
composto através dos vários elos da cadeia alimentar.
Os pássaros se alimentam de vermes do solo, que por sua vez, servem de alimento de
mamíferos, que alimentam o homem. As aves migratórias levam veneno a milhares de quilômetros
de distância ou servem de alimento a outros animais ou morrem. No caso da contaminação por
organoclorados, nem seu estado de putrefação interrompe o processo de contaminação do meio,
uma vez que os compostos são moléculas extremamente estáveis.
Os pesticidas são usados nos combates a ervas daninhas e controle de vetores e pragas.
Muitos pesticidas químicos são tóxicos e não atinge apenas às pestes que pretendem combater,
mas também às pessoas e a vida selvagem. Eles contaminam alguns alimentos sobre os quais
são usados e tem poluído seriamente as reservas de água potável, em muitas áreas.
Os pesticidas estão relacionados a um grande número de efeitos negativos à saúde.
Muitos pesticidas que as nações industrializadas baniram ou restringiram ainda são usados
largamente nos países em desenvolvimento, e os pesticidas que são exportados aos países em
desenvolvimento são freqüentemente usados por produtores incapazes de ler as instruções nos
rótulos e avisos de precaução estando a exposição a pesticidas relacionada ao câncer e a outras
doenças.
A quantidade de pesticidas que realmente atingem as pestes equivale a uma porcentagem
muito pequena do total aplicado. Geralmente, menos de 0,1 % do pesticida usado nas plantações
alcança o alvo, e grande parte do restante pode contaminar o solo e as áreas de suprimento de
água.
Os pesticidas alcançam o homem diretamente ou através da cadeia alimentar. As
principais formas de poluição do solo por pesticidas são:
• volatilização por reação química;
• adsorção por húmus e argilas;
• migração líquida por escoamento ou por lixiviação do solo;
• transformação química;
• transformação química por microorganismos do solo e absorção pela planta e
conseqüentemente pelo homem.
Os fertilizantes são aplicados em áreas públicas, jardins e em culturas agrícolas. Em
muitas nações industrializadas, o uso de fertilizante alcançou um estágio no qual aplicações
adicionais não mais elevam as safras. Além disso, cerca de metade de todos os fertilizantes
aplicados são perdidos através da lixívia, escoamento e evaporação. Os fertilizantes contêm
fosfato e nitrogênio e podem elevar os níveis normais desses elementos encontrados nas águas
de superfície, em excesso, tais elementos são prejudiciais à saúde. Os produtos químicos de
fertilizantes alteram o equilíbrio natural do solo e poluem as fontes de água. Além disso, o óxido
nitroso dos fertilizantes é um poluente atmosférico e contribui para o efeito estufa. A seguir
relacionamos os principais grupos de defensivos agrícolas sintéticos:
Inseticidas:
• Organoclorados: DDT, Aldrin, Drieldin, Heptacloro, etc. De um modo geral são
extremamente persistentes. Alguns deles, como DDT, permanecem em percentuais de
mais de 40% decorridos cerca de 15 anos após sua aplicação. O Heptacloro, um dos
menos persistentes, após 15 anos apresenta ainda um percentual de 15% no solo. Sua
produção e consumo vêm sendo proibidos em um número cada vez maior de países.
• Organofosforados; Parathion, Malathion, Phospin, etc. Apresentam uma certa seletividade
em sua toxidez para os insetos. Em sua maioria, degradam-se mais rapidamente que os
organoclorados.
• Carbamatos: São específicos em sua toxidez para os insetos e de baixa toxidez para os
vertebrados de sangue quente.
Fungicidas:
• Sais de cobre: de uso mais antigo
• Organomercuriais: de uso restrito às sementes

Herbicidas:
• Derivados de arsênico: de uso decrescente e limitado
• Derivados de ácido fenoxiacético; 2,4D; 2,4,5T; Phichloram. Os dois primeiros foram
utilizados no Vietnãn rm dosagens dezenas de vezes superiores às máximas
recomendadas na agricultura e provocaram efeitos catastróficos sobre a fauna e a flora e
as populações (agente laranja).
No quadro abaixo se apresenta o tempo médio de desaparecimento dos agentes químicos
através de pesticidas no solo.
Inseticida Quantidade aplicada Tempo de desaparecimento de 95%
(kg/ha)
intervalos Valores médios
Aldrin 1-3 1 – 6 anos 3 anos
Clordana 1–2 3 – 5 anos 4 anos
DDT 1 - 2,5 4 – 30 anos 10 anos
Dieldrin 1–3 5 – 25 anos 8 anos
Heptacloro 1–3 3 – 5 anos 3,5 anos
Lindana 1 – 2,5 3 – 10 anos 6,5 anos
Telodrin ¼-1 2 – 7 anos 4 anos
Fonte: C.A EDWARDS – Residue Ver, nº 83, 1996

b) Dejetos animais
A poluição por dejetos animais tem maior incidência na zona rural através de estábulos,
pocilgas e granjas. Os detritos animais têm alta carga orgânica e em contato com a água de chuva
no solo pode ser levadas aos corpos d’água superficiais e subterrâneos ocasionado a
contaminação e degradação dos mesmos.

c) Lixões saturados e instalações abandonadas – ou disposição de resíduos no solo


Entende-se por lixões saturados “locais de deposição abandonados e interditados com
despejos municipais ou industriais, depósitos clandestinos, deposições com resíduos de produção
nocivos ao meio ambiente, materiais de minas e entulhos de construção, antigas indústrias,
materiais bélicos depositados, depósitos impróprios de substâncias nocivas às águas e canais
defeituosos de despejos”. Quando o lixo é depositado inadequadamente a poluição do solo pode
resultar em:
• Aspecto estético desagradável;
• Maus odores resultantes da decomposição;
• Proliferação e vetores transmissores de doenças;
• Poluição da água subterrânea;
• Possibilidade de queima e conseqüente poluição do ar;
• Desvalorização e áreas próximas aos depósitos de resíduos.

d) Despejos de resíduos líquidos domésticos e industriais


Os resíduos líquidos domésticos e industriais são lançados no solo nas seguintes
condições:
• quando não há sistema adequado de esgotamento sanitário, favorecendo à pratica
incorreta de dispor os dejetos humanos ou resíduos industriais diretamente sobre o solo;
• quando se utiliza a prática de irrigação ou infiltração no solo a partir de efluentes de
estações de tratamento, e
• quando ocorre derramamento de resíduos líquidos que de acordo com seu grau de
periculosidade ocasiona a poluição do solo.

3.4 – Atividades industriais e comerciais potencialmente contaminadoras do solo e das


águas subterrâneas
Para os órgãos ambientais é importante estar sempre atento quanto aos processos que
podem degradar /ou contaminar o meio ambiente, especificamente, o solo. A seguir vamos
apresentar as etapas de gerenciamento proposta pela CETESB com relação ao solo. A definição
sobre quais atividades podem ser classificadas como potencialmente contaminadoras do solo
deve se basear, principalmente, na natureza das substâncias que são empregadas na mesma.
Dessa forma, nem toda atividade industrial pode ser considerada como potencialmente
contaminadora, havendo necessidade de serem identificados os processos produtivos
empregados, as matérias-primas utilizadas, assim como os produtos e resíduos gerados, para
serem definidos quais ramos industriais podem ser enquadrados como fontes potenciais de
contaminação.
As atividades potencialmente contaminadoras (APCs) do solo e das águas subterrâneas
são aquelas onde ocorrem o manejo de substâncias, cujas características físico-químicas,
biológicas e toxicológicas podem ocasionar danos aos bens a proteger caso entre em contato com
os mesmos.
Para identificar áreas potencialmente contaminadas (APs) é necessário definir inicialmente
quais entre as atividades industriais e comerciais desenvolvidas na região de interesse, podem ser
consideradas APCs. A escolha das atividades industriais e comerciais, que podem ser definidas
como APCs, é feita quando as seguintes particularidades são observadas:
• Existência de processos produtivos que possam causar contaminação dos solos e águas
subterrâneas;
• Presença de substâncias que possuem potencial para causar danos aos bens a proteger
via solos e águas subterrâneas;
• Atividade industrial e comercial apresenta histórico indicando manuseio, armazenamento e
disposição inadequada de matéria-prima, produtos e resíduos;
• Atividade industrial e comercial apresenta histórico indicando a ocorrência de vazamentos
e acidentes;
A identificação de áreas potencialmente contaminadas pode se dá através de:
• Obtenção de dados cadastrais em órgãos fiscalizadores com levantamento de dados
existentes;
• Localização das áreas onde foram ou são desenvolvidas as atividades potencialmente
contaminadoras;
• Investigações em fotografias aéreas;
• Recebimento e atendimento de denúncias e/ou reclamações;
• Técnicas de investigação.

3.4.1 - Inspeção e reconhecimento da área


O objetivo da etapa de avaliação preliminar é a realização de um diagnóstico inicial das
áreas potencialmente contaminadas (APs), o que será possível realizando-se levantamento de
informações disponíveis sobre cada uma das áreas identificadas tais como:
• locais de disposição ou infiltração de resíduos;
• acidentes ocorridos;
• paralisação do funcionamento;
• índice de doenças nos funcionários, moradores, animais;
• manuseio das substâncias;
• reclamações da população;
• problemas com a qualidade do ar, água e solo;
• reformas realizadas na área.

Durante a inspeção deve ser realizada uma verificação sobre a necessidade da tomada de
medidas emergenciais, em função da possibilidade de existência de risco de incêndio e explosão,
ou de riscos iminentes aos bens a proteger.
3.4.2 - Investigação confirmatória
A etapa de investigação confirmatória encerra o processo de identificação de áreas
contaminadas, tendo como objetivo principal confirmar ou não a existência de contaminação e
verificar a necessidade da realização de uma investigação detalhada nas áreas suspeitas,
identificadas na etapa de avaliação preliminar.
Dessa forma, os resultados obtidos na etapa de investigação confirmatória são
importantes para subsidiar as ações do órgão gerenciador ou órgão de controle ambiental na
definição do responsável pela contaminação e dos trabalhos necessários para a solução do
problema.
A confirmação da contaminação em uma área dá-se basicamente pela tomada de
amostras e análises de solo e/ou água subterrânea, em pontos estrategicamente posicionados.
Em seguida, deve ser feita a interpretação dos resultados das análises realizadas nas amostras
coletadas, pela comparação dos valores de concentração obtidos com os valores de concentração
estabelecidos em listas de padrões, definidas pelo órgão responsável pelo gerenciamento de
áreas contaminadas.
Assim, caso uma área, após a execução da etapa de investigação confirmatória, seja
classificada como área contaminada (AC), haverá a necessidade da execução das etapas do
processo de recuperação. Caso contrário, ela permanecerá classificada como área potencialmente
contaminada (AP), devendo permanecer registrada (tanto no cadastro como na ficha cadastral)
aguardando novas informações ou ainda poderá ser excluída do cadastro, quando não for
detectada a contaminação e/ou quando não mais existir atividades potencialmente
contaminadoras em funcionamento no local.
A metodologia utilizada para realização da etapa de investigação confirmatória é
constituída basicamente pelas seguintes partes:
• plano de amostragem;
• coleta de amostras;
• realização de análises, e
• interpretação dos resultados

3.4.3 - Planos de amostragem


Em função da grande variabilidade de tipos de áreas suspeitas de contaminação que
necessitam ser investigadas (diferentes tipos de fontes de contaminação, contaminantes, vias de
transporte e receptores ou bens a proteger), não pode ser aplicada uma forma única para
definição do plano de amostragem. Entretanto, uma seqüência de procedimentos comuns pode
ser sugerida para a sua definição.
Na elaboração de um plano de amostragem na etapa de investigação confirmatória,
devem ser definidos basicamente:
• os meios a ser amostrados;
• número, profundidade e localização dos pontos de amostragem;
• os parâmetros a ser analisados;
• as técnicas e protocolos de amostragem, preparação de amostras e análises;
• número de campanhas de amostragem;
• os valores-limite das concentrações dos contaminantes a ser considerados;
• plano de infra-estrutura e segurança dos trabalhadores;
• a equipe de profissionais que participarão da execução dessa etapa.
a) Os meios a ser amostrado
Segundo BYRNES (1994), diversos compartimentos ambientais podem ser amostrados
na investigação de uma área, podendo ser citados: os solos, os sedimentos, as rochas, aterros,
águas subterrâneas, águas superficiais, águas da zona não saturada (solução do solo), gás do
solo, ar ambiente (interno e externo). Além destes, podem ser amostrados resíduos, efluentes,
partes das edificações (paredes, pisos, tintas), poeira, animais e vegetação.
Uma vez que o objetivo da etapa de investigação confirmatória é apenas a verificação da
existência de concentrações de contaminantes maiores que os limites estabelecidos para declarar
uma área como contaminada, dificilmente existirá a necessidade de amostrar todos estes meios,
concentrando-se a atenção naqueles onde os contaminantes apresentem maior possibilidade de
se concentrar e para os quais, preferencialmente, já tenham sido definidos valores-limite.
Na etapa de investigação confirmatória, a escolha do meio a ser amostrado recai,
normalmente, sobre os solos, sedimentos, aterros e águas subterrâneas. Por exemplo, no caso de
vazamentos em tanques subterrâneos de armazenamento de combustível em postos de serviço,
os hidrocarbonetos tendem a concentrar-se próximo à superfície potenciométrica do aqüífero livre,
podendo, inclusive, formar fase livre de combustível sobre a franja capilar. Neste caso, para
confirmar a presença de contaminação poderão ser retiradas amostras de águas subterrâneas e
de solo em profundidades próximas ao nível d’água ou no ponto do perfil do solo onde for
detectada a maior concentração de vapores orgânicos.
Considerando-se uma investigação em uma indústria metalúrgica, a suspeita de
contaminação recairia sobre os metais, que apresentam a tendência de se concentrarem na
superfície do solo devido às suas características físico-químicas, e também à origem da
contaminação. Nestes casos, o meio a ser amostrado na investigação confirmatória seria o solo
superficial. A USEPA (1987), citada em USEPA (1989), exemplifica os tipos de dados necessários
(análises), de acordo com as categorias definidas pelos objetivos da investigação. Um resumo
desses tipos de dados são apresentado no Quadro abaixo.

Análises de solo necessárias de acordo com o objetivo definido para a amostragem.

b) Número, profundidade e a localização dos pontos de amostragem

A localização dos pontos de amostragem é função do conhecimento existente sobre a


hipótese de distribuição dos contaminantes na área. De uma forma geral, a partir de fontes de
contaminação pontual, existe uma tendência de distribuição dos contaminantes pela área de
forma heterogênea, considerando-se o plano horizontal.
A partir de fontes de contaminação dispersa (emissão atmosférica, por exemplo), a
tendência é que os contaminantes se distribuam de forma homogênea na área, considerando-se o
mesmo plano.
Além da coleta nos pontos onde ocorre a maior probabilidade de existência de
contaminação, devem ser coletadas também amostras onde não ocorra a influência das fontes
suspeitas identificadas, ou seja, onde ocorram valores naturais, para comparação. Por exemplo,
para a coleta de águas subterrâneas recomenda-se no mínimo três pontos de amostragem nos
locais suspeitos de contaminação e um para determinação da qualidade natural dessas, conforme
descrito em ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT (1997a). Na etapa de
investigação confirmatória, em áreas suspeitas de contaminação, a distribuição das substâncias
contaminantes deve ser investigada tanto no plano horizontal quanto no vertical.
Considerando as estratégias estabelecidas em USEPA (1996b), SOCIEDAD PÚBLICA
GESTIÓN AMBIENTAL - IHOBE (1995), e na regulamentação da Lei Federal de Proteção do Solo
e de Áreas Contaminadas da Alemanha, são propostas as seguintes etapas para a elaboração de
planos de amostragem de solo e águas subterrâneas na etapa de investigação confirmatória:
• Distribuição dos pontos de amostragem em planta.
• Dividir a área suspeita em lotes de no máximo 500 m2.
• Número de pontos de amostragem: 15 por lote.
• Número de amostras: 1 amostra composta por lote.
• Profundidade de amostragem: de acordo com o bem a proteger e as características do
contaminante.
• Profundidade de amostragem
A profundidade de investigação ou de amostragem, da mesma forma como são definidos
os pontos de amostragem no sentido horizontal, também variará de acordo com as características
das fontes de contaminação, dos contaminantes e do meio físico. Dessa forma, devem ser
amostradas preferencialmente as profundidades onde os contaminantes apresentem a maior
probabilidade de estarem concentrados.
Durante a realização da amostragem, podem ser utilizados métodos de “screening”
(rastreamento, reconhecimento, varredura) que são métodos expeditos que tem como função
confirmar ou não a suspeita de contaminação numa determinada área e interesse, através de
técnicas que economizem tempo e investimento, e de métodos geofísicos que são técnicas
indiretas de investigação das estruturas de subsuperfície através da aquisição e interpretação de
dados instrumentais.
Em áreas suspeitas de contaminação ou contaminadas, distribuição das substâncias
contaminadoras deve ser investigada tanto no sentido horizontal (superfície do solo) quanto no
vertical (perfil do solo). Entretanto, a profundidade de amostragem do solo variará de acordo com
alguns fatores que influenciam a distribuição dos contaminantes nesse meio, tais como:
• natureza da contaminação (substância)
• tipo de solo
• condições do local (uso atual e passado)
Além do potencial de distribuição do contaminante ao longo do perfil do solo, devem ser
considerados, também, as vias de exposição consideradas no modelo conceitual elaborado para a
área.
Por exemplo, quando investiga-se a contaminação do solo superficial e considera-se como
vias de exposição principal a ingestão de solo e a inalação de vapores voláteis, a USEPA (1996)
considera os 2 cm superiores como a camada de solo a ser amostrada. O Quadro abaixo
apresenta a recomendação da norma ISO/DIS 10381-1 para a profundidade de amostragem, de
acordo com o uso do solo e as vias de exposição:
Profundidade de amostragem do solo, de acordo com o seu uso, população exposta e vias
de exposição.

Profundidades de amostragem do solo recomendadas na regulamentação da Lei Federal de


Proteção do Solo e de AC da Alemanha, de acordo com o uso do solo e vias de absorção do
contaminante
• Localização
A escolha da malha de amostragem mais apropriada estará associada a essa distribuição
dos contaminantes e a sua forma deve ser adaptada às condições locais. Áreas contaminadas que
possuem sérios impactos econômicos ou à saúde da população exposta requerem a seleção e
aplicação de malhas de amostragem mais detalhadas e precisas.
A escolha do esquema de amostragem estará condicionado às informações conseguidas
durante a investigação preliminar e pode ser de diversas formas tais como mostradas nas figuras
abaixo:

Esquema de distribuição direcionada dos Esquema de distribuição aleatória dos


pontos de amostragem. pontos de amostragem.

Esquema com distribuição sistemática dos Esquema de amostragem com malha de


pontos de amostragem utilizando-se uma amostragem circular (a área sombreada
malha quadrada. As áreas demarcadas são refere-se à fonte suspeita de contaminação)
aquelas consideradas suspeitas de serem
contaminadas.

De uma forma geral, a definição do número de pontos a ser amostrados dependerá dos
seguintes fatores, que são abordados de forma diferenciada de acordo com a metodologia
adotada:
• Tamanho da área investigada
• Qualidade das informações prévias disponíveis
• Hipótese de distribuição espacial da contaminação
• Grau de confiança requerido
A definição do número de pontos de amostragem baseada em um conceito probabilístico é
a técnica que melhor ajusta a investigação ao objetivo predefinido. Pesquisas originárias dos
Estados Unidos estimam a probabilidade de detecção de focos esféricos de substâncias poluentes
(hot spots), de acordo com a forma e espaçamento da malha de amostragem.

c) Quantidade de amostra necessária – tamanho da amostra


O volume de amostra coletado deve ser suficiente para ser considerado representativo do
local onde foi amostrado, sem impedir uma homogeneização satisfatória das subamostras que o
compõe e possuir material suficiente para execução das análises necessárias e replicatas se
necessário. De uma forma geral, considera-se que 500 g de amostra de solo fino (peneira 2 mm)
são o suficiente para realizar-se a sua caracterização química. Dessa forma, o ideal seria coletar-
se em torno de 2.000 g de solo, possibilitando, assim, além dos aspectos abordados
anteriormente, a criação de um banco de amostras de solo e material de referência.
A quantidade de solo necessária para a sua caracterização microbiológica dependerá do
objetivo pretendido. Da mesma forma, na caracterização das propriedades físicas do solo a
quantidade de solo amostrada é específica para o método adotado e parâmetro analisado.
A escolha das técnicas de investigação de uma área contaminada é realizada em função
das características específicas de cada área a ser estudada, entretanto, alguns procedimentos
gerais são aplicáveis.
Inicialmente, são levantados dados existentes sobre a geologia, pedologia, hidrogeologia e
outros, visando indicar as características do fluxo das águas nas zonas não saturada e saturada
na área a ser investigada, com o objetivo de definir os meios pelos quais os prováveis
contaminantes irão se propagar, além de se definir os métodos de perfuração e amostragem que
poderão ser utilizados para coleta de amostras de solo e/ou água (superficial ou subterrânea).
Em seguida, devem ser identificadas e determinadas as características dos contaminantes
presentes, ou provavelmente presentes na área. A identificação dos contaminantes pode ser
executada realizando-se, por exemplo, um levantamento histórico da área, utilizando-se várias
fontes de informação, tais como registros de matérias-primas e resíduos gerados, além da
interpretação de fotografias, para localizar as áreas onde estes eram manipulados, aplicados ou
dispostos (NICHOLSON; SMYTH, 1994).
Em função dos resultados obtidos nos levantamentos, são planejadas e executadas
investigações, utilizando-se de métodos indiretos e diretos para caracterização da contaminação
nos diferentes compartimentos, definindo-se, dessa forma, o seu posicionamento e taxa de
propagação e as concentrações que atingem os receptores ou bens a proteger (LAGREGA et al.,
1994).
Os métodos indiretos são utilizados para medir parâmetros, que estão relacionados com
as informações de interesse, enquanto os métodos diretos implicam na realização de sondagens,
amostragens e testes para coletar as informações de interesse.
d) Métodos de investigação

MÉTODOS INDIRETOS

Os métodos geofísicos são técnicas indiretas de investigação das estruturas de


subsuperfície através da aquisição e interpretação de dados instrumentais, caracterizando-se,
portanto, como métodos não invasivos ou não destrutivos.
Essa metodologia permite avaliar as condições geológicas locais através dos contrastes
das propriedades físicas dos materiais de subsuperfície, por exemplo condutividade ou
resistividade elétrica, permissividade dielétrica, magnetismo, densidade, etc., que podem ter como
origem as diferenciações litológicas e outras heterogeneidades naturais ou não.
Uma das principais vantagens da aplicação das técnicas geofísicas em relação aos
métodos tradicionais de investigação de subsuperfície, como, por exemplo, as sondagens, é a
rapidez na avaliação de grandes áreas com custo relativamente menor. Além disso, os
levantamentos geofísicos propiciam a execução de perfis contínuos, possibilitando a identificação
com maior precisão das variações laterais decorrentes das mudanças litológicas ou originadas
pela presença da contaminação subterrânea.
A interpretação dos dados geofísicos podem fornecer informações sobre a litologia,
estatigrafia, profundidade do embasamento, potenciometria, presença de aqüíferos importantes,
existência de falhas e fraturas, caminhos preferenciais de escoamento subterrâneo, delimitação da
contaminação do solo e das águas subterrâneas, área e volume do material depositado, presença
de tambores e tanques enterrados e possíveis vazamentos.
Na avaliação da presença da contaminação em profundidade, o emprego dos métodos
geofísicos está voltado, especificamente, à localização de valas contendo resíduos, investigação
da contaminação disseminada no solo e nas águas subterrâneas, detecção de tambores e
tanques enterrados e determinação de vazamentos em tanques ou dutos.
A aplicação de dois ou mais métodos geofísicos distintos aumenta a precisão das
interpretações, sendo que a natureza dos contaminantes e a geologia local são os fatores
decisivos na seleção das técnicas geofísicas a ser utilizadas.
Existe uma variedade de métodos geofísicos que podem ser utilizados nos estudos
ambientais, porém os principais e mais adequados métodos, que comumente são aplicados à
investigação da contaminação do solo e da água subterrânea, são o geo-radar (GPR), o
eletromagnético indutivo (EM), a eletrorresistividade (ER) e a magnetometria. Para a avaliação de
contaminação por hidrocarbonetos, dois métodos tem sido empregados com mais freqüência: o
geo-radar e os de eletrorresistividade.
A realização dos levantamentos geofísicos pode ser efetuada nas diferentes etapas de
atividades estabelecidas para o gerenciamento de áreas contaminadas:
• Na etapa de investigação confirmatória, as técnicas geofísicas são utilizadas para localizar
os pontos de amostragem mais adequados, através da determinação de anomalias que
representam os locais com maiores concentrações de contaminantes (hot spots);
• Quando da investigação detalhada e investigação para remediação, os métodos
geofísicos podem ser empregados para o mapeamento e monitoramento da propagação
da contaminação;
• Na fase de remediação de áreas contaminadas, estes métodos podem ser aplicados na
avaliação da eficiência dos trabalhos de recuperação pela confirmação das reduções das
concentrações dos contaminantes.
Geo-radar (Ground Penetrating Radar – GPR)
• propriedade física: permissividade dielétrica;
• princípio: onda eletromagnética refratada e refletida;
• aplicação: caracterização geológica e hidrogeológica, localização de resíduos enterrados,
localização de dutos e galerias subterrâneas, cubagem em aterros e lixões e detecção de
contaminação orgânica ou inorgânica.

Equipamento geo-radar
Seção de geo-radar indicando os limites da contaminação (atenuação do sinal) provocada
pela infiltração de resíduos industriais.
Eletromagnético indutivo (EM)
• propriedade física: condutividade elétrica;
• princípio: indução de campo eletromagnético no subsolo;
• aplicação: definição das condições hidrogeológicas naturais, localização de resíduos,
tambores e tanques enterrados, galerias subterrâneas e delimitação de plumas de
contaminação inorgânica.

Condutivímetro EM31 – prof. Investigação 3 Condutivímetro EM34 (prof. de investigação:


a6m 7.5, 15, 30 e 60m).
Mapa de isocondutividade apresentando os limites da pluma de contaminação proveniente
de aterro industrial desativado.
Eletrorresistividade (ER)
• propriedade física: resistividade elétrica;
• princípio: injeção de corrente no solo;
• aplicação: caracterização hidrogeológica, determinação dos estratos geológicos,
localização de resíduos enterrados e mapeamento de plumas de contaminantes
inorgânicos.

Resistivímetro de campo

Magnetometria (método magnético)


• propriedade física: suscetibilidade magnética;
• princípio: determinação de anomalias de materiais ferromagnéticos;
• aplicação: localização de tanques, tambores e de resíduos metálicos ferrosos enterrados.
utilização do magnetômetro

Resumo das principais aplicações de métodos geofísicos em áreas


contaminadas
Resumo das características principais dos métodos geofísicos

MÉTODOS DIRETOS
• Análise em solo
Os métodos diretos possuem uma boa acurácia, desde que realizados com os cuidados
especiais. A técnica de amostragem deve ser conduzida de forma a evitar a contaminação
cruzada entre furos ou dentro do próprio furo. Isso requer cuidados especiais, principalmente
quando se amostra abaixo do freático livre. Os trados convencionais não são adequados para isto,
uma vez que permitem a transferência das contaminações para o fundo do furo. Já os trados
helicoidais vazados (hollow steam auger) garantem uma melhor integridade das amostras de solo,
em função de disporem de dois helicóides: um externo com rosca direita para a perfuração e outro
interno com rosca esquerda para armazenamento da amostra (Quaresma, 1999).
Outra possibilidade de amostragem sem cruzamento de contaminantes consiste na
utilização de revestimentos com selos. Esses revestimentos são introduzidos por um processo de
cravação dinâmica ou estática, mas quando ultrapassam o nível freático são selados para evitar a
entrada de contaminantes para o fundo do furo. As amostras são retiradas com amostradores
dedicados (um por amostra) tipo pistão, ou em amostradores integrais (toda a extensão do furo)
como no sistema direct push.
Além dos cuidados com a integridade das amostras, o acondicionamento, transporte e
preparação da amostra para análise deve seguir uma rotina planejada por uma cadeia de
custódia, onde todos os procedimentos são registrados até o laudo final da análise. No que tange
às análises geoquímicas, o método mais empregado ainda é o de cromatografia gasosa (head
space). Por hora, ainda não são confiáveis as técnicas de avaliação in situ de compostos
voláteis (cromatógrafos de campo), de modo que as amostras ainda devem ser analisadas em
laboratório. Os parâmetros comumente utilizados para as análise são o TPH (hidrocarbonetos
totais de petróleo) e as colunas de BTXE (benzeno, tolueno, xileno e etilbenzeno), estes em
virtude da maior toxicidade. As análises devem ser calibradas por um branco de laboratório, uma
vez que os cromatógrafos podem apresentar ruídos no registro de dados. Essa preocupação com
a qualidade de amostras se justifica pelos limites que caracterizam a contaminação, da ordem de
mg/kg.
• Análise em água
A análise da presença de hidrocarbonetos nas águas freáticas é realizada, tipicamente,
através de poços de monitoramento, embora a participação de extratores pneumáticos adaptados
em piezômetros craváveis ou mesmo em sondas CPT esteja crescendo de participação. O uso de
cones equipados com bladder pump (Lunne et al, 1997), parece ser uma ferramenta de uso
potencial para avaliação de contaminantes no freático, mas ainda precisa ser amadurecida, em
especial devido à possibilidade de cruzamento de contaminações em estratos distinto durante a
cravação do cone. É necessário ter-se presente que o objetivo da análise em água é identificar a
fase dissolvida. Assim, a coleta de amostras deve evitar o contato com a fase livre que,
normalmente se manifesta como uma escuma no topo do nível d’água. O uso de bailers
(amostradores tipo caneca) é inviável, em função da mistura de fases durante a coleção.
A maioria das recomendações internacionais sugere a utilização de amostradores tipo
bexiga, denominados de bladder pumps. É importante destacar que a amostragem de água é mais
delicada do que em solo, pois mínimos descuidos com a limpeza dos equipamentos implica em
contaminação cruzada. Isso se deve ao fato de que os padrões de controle das contaminações
nos aqüíferos é da ordem de mg/litro.
Nenhum diagnóstico de pluma de contaminação pode ser realizado sem as amostragens
de solo e água. Apesar de imprescindíveis, elas precisam ser racionalizadas em virtude da sua
morosidade e, evidentemente, do seu custo. É neste ínterim que se inserem as técnicas de
sondagens indiretas, as quais permitem um delineamento estratigráfico, hidrogeológico e,
dependendo da situação, da própria pluma de contaminação. Se os métodos indiretos não são
suficientes para definir a exata geometria de uma pluma, por outro lado podem delinear o
problema, possibilitando racionalizar a campanha de sondagens diretas.

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