Departamento de Ciências Tecnológicas e Engenharias
Disciplina: Pedologia; 2 ano
Professor: Morais Satuda de Oliveira (Eng.)
Luanda, Dezembro 2023
o perfil do solo e suas camadas (horizontes) As características próprias de cada solo podem ser analisadas e descritas no perfil do solo, que é a seção vertical que se estende da superfície até o material que lhe deu origem e com dimensão lateral suficiente para observar a variação das características Os pedólogos costumam cavar um grande buraco, chamado de trincheira, geralmente até vários metros de profundidade e de cerca de um metro de largura, a fim de expor os horizontes do solo para estudo. Cortes de estradas e outras escavações já efetuadas podem expor os perfis de solo e servem como janelas para vermos a dimensão vertical do solo. Em uma escavação deixada aberta por algum tempo, os horizontes são muitas vezes obscurecidos pelo material do solo de horizontes superiores que foi transportado para baixo, cobrindo os horizontes inferiores do perfil que estava exposto. Por essa razão, os horizontes podem ser visualizados mais nitidamente se alguns centímetros desses cortes de estrada forem raspados, para melhor exposição dos horizontes do solo. No entanto verifica-se que ele apresenta uma sucessão de camadas mais ou menos paralelas à superfície, do terreno, diferenciadas entre si pela espessura, cor, distribuição e arranjo das partículas sólidas e poros, pela distribuição de raízes e por outras características identificadas mediante exames mais apurados. Estas camadas, diferenciadas por processos pedogenéticos, denominam-se horizontes do solo. Camadas que possam ocorrer no perfil de um solo e que não sejam produto de processos pedogenéticos não são consideradas como horizontes do solo. Esse alinhamento é esperado porque a diferenciação do regolito em horizontes bem definidos é em grande parte o resultado de interferências da interface solo-atmosfera, como a da água, do ar, da radiação solar e do material vegetal. Uma vez que o intemperismo do regolito ocorre primeiro na superfície e opera de cima para baixo, suas camadas superiores são mais diferentes, enquanto as mais profundas são mais semelhantes ao regolito original, também chamado de material de origem do solo. Horizontes - são volumes pedológicos mais ou menos paralelos à superfície, caracterizados pela presença de um ou mais tipos de constituintes e de suas relações. O desenvolvimento dos horizontes do solo é um processo dinâmico. Horizontes diagnósticos - caracterizam-se por determinado número de propriedades morfológicas, químicas, físicas e mineralógicas, que servem para identificar e distinguir classes de solos. Os horizontes diagnósticos podem ser divididos em: horizonte diagnóstico de superfície horizonte diagnóstico de subsuperfície horizonte diagnóstico de superfície Encontramos três horizontes que são Horizonte O, Horizonte A e Horizonte E. Horizonte O: Num primeiro estágio, pela alteração da rocha, forma-se uma camada de material mineral não consolidado (regolito), composta por partículas de diversos tamanhos, denominadas material de origem do solo. Sobre este material desenvolvem-se plantas e outros organismos vivos (bactérias, fungos, actinomicetos e animais superiores) que incorporam material orgânico ao mesmo. Este enriquecimento orgânico resulta na formação de um horizonte superficial mineral, escurecido. Horizonte A : são as camadas mais próximas da superfície onde dominam partículas minerais que foram escurecidas devido ao acúmulo de matéria orgânica. Os animais do solo e a água que nele se infiltra deslocam alguns desses materiais orgânicos para baixo para se misturarem às partículas minerais do regolito. Estes, por sua vez, juntam-se à decomposição de restos de raízes de plantas para formarem materiais orgânicos que escurecerem a camada mineral mais superior. Além disso, uma vez que o intemperismo tende a ser mais intenso perto da superfície, em muitos solos as camadas mais superiores perdem, por lixiviação, para os horizontes situados mais abaixo, parte de sua argila ou de outros produtos de intemperismo.
Horizonte A - São organo-minerais, ricos em matéria orgânica em comparação
aos horizontes subjacentes, apresentam cores mais escuras do que aquelas dos horizontes inferiores devido à presença da matéria orgânica. Horizónte E: alguns solos que são muito intemperizados e lixiviados, estão, geralmente logo abaixo do A, são horizonte que não tem acúmulo de matéria orgânica.
O horizonte A esta contituido pelos
seguintes horizonte:
Horizonte Hístico - É de constituição
orgânica, escuro, espessura > 20cm quando sobre material mineral, compreende materiais depositados sob condições de excesso de água por longos períodos ou todo o ano Horizonte Chernozêmico - Horizonte superficial apresentando-se espesso, de cor escura, alta saturação por bases, (V%) ≥ 65%, com predomínio de iões Cálcio ou Magnésio, Carbono orgânico 0,6% em todo o horizonte; a) espessura ≥ 10cm se o solo não tiver horizontes B e C ou b) espessura ≥ 18cm para solos com espessura < 75cm ou c) espessura ≥ 25cm para solos com espessura ≥ 75cm
Horizonte Proeminente - Semelhante ao
anterior, diferindo apenas no teor de saturação por bases (V% ) inferior a 65%. Horizonte Húmico - superficial com teor de saturação por bases ≥ 65%, com teor de Carbono menor que o limite mínimo que caracteriza o horizonte hístico: cor escura com valor e croma 4,0, espessura de ≥ 20cm, dependendo da espessura do solo
Horizonte Fraco - fracamente
desenvolvido pelo reduzido teor de colóides minerais ou orgânicos ou por condições externas de clima e vegetação. Apresenta teor de Carbono orgânico 0,6% ou espessura menor que 5cm, cor do solo seco ≥ 6 e ≥ 4, úmido.
Horizonte Antrópico - Formado ou modificado pela ação do uso contínuo do
solo pelo homem como lugar de residência ou de cultivo por períodos prolongados de tempo. Horizonte Moderado - Não se enquadram em nenhuma das categorias acima descritas. Em geral o horizonte A moderado difere dos horizontes A chernozêmico, proeminente e húmico pela espessura e/ou cor e do. A fraco pelo teor de carbono orgânico e estrutura. Não apresentando ainda os requisitos para caracterizar o horizonte hístico ou o A antrópico
Horizonte diagnóstico de subsuperfície É utilizado para classificar o solo
porque sofre pouca ou nenhuma influência do manejo, sendo que o horizonte B e C é considerado diagnóstico de subsuperfície porque apresenta o grau máximo de desenvolvimento de algumas características morfológicas. Horizonte B: desenvolvido imediatamente debaixo dos horizontes anteriores, tem espessura variável, até 1m e de cor mais clara, pardo-avermelhada ou amarelada, contêm relativamente menos materiais orgânicos doque os horizontes mais próximos da superfície. E presença de quantidades variáveis de argilas silicatadas, óxidos de ferro, de alumínio e gesso (ou carbonato de cálcio), que podem se acumular nesses horizontes subsuperficiais. Esses materiais que se acumulam podem ter sido levados para baixo dos horizontes que os sobrepõem, ou podem ter sido formados in situ por meio dos processos de intemperismo.
Este acúmulo de argila proveniente de horizontes superiores denomina-se iluviação. O conjunto
de horizontes A e B denomina-se solum, que pode ser definido como a parte do solo que sofre a influência das plantas e animais. Abaixo do horizonte B pode ocorrer uma camada de material mineral não consolidado, parcialmente alterado, onde as características dos horizontes A e B estão ausentes. Esta parte do perfil é denominada horizonte C, podendo ou não corresponder ao material de origem do solo. Horizonte C: é a parte do perfil do solo menos intemperizada. Ou seja é o mais profundo e constitui o trânsito ou a passagem à rocha mãe, estando formado por seixos soltos, numa matriz de argila e area, que vão sendo mais numerosos e de maior tamanho na zona profunda, passando insensivelmente à rocha mãe. O horizonte B é constituido por:
B latossólico (Bw) - Avançado estágio de
intemperização, constituído de óxidos de ferro e alumínio, minerais de argila 1:1, quartzo e outros minerais resistentes ao intemperismo. Aspectos diagnósticos: não pode apresentar mais que 4 a 6% de minerais primários alteráveis, espessura mínima de 50cm, textura fina e baixo teor de silte e transição difusa (diferenciação pouco nítida) e pouca mobilidade de argilas e alta resistência a dispersão B textural (Bt) - Horizonte iluvial com concentração de argila translocada do horizonte A (Mudança textural abrupta com aumento de argila do horizonte A para B) Se o teor de argila for relativamente uniforme entre os horizontes A e B, deve ocorrer cerosidade relativamente nítida nos agregados estruturais B incipiente (Bi) - Alterações físicas e químicas em grau não muito avançado, porém suficiente para o desenvolvimento de cor ou de unidades estruturais. Aspectos diagnósticos: espessura mínima de 10cm e não mais que 50cm, francoarenoso, predominância de cores brumadas, amareladas e avermelhadas, podendo conter cores acinzentadas com mosqueados, 4% ou mais de minerais primários alteráveis. B espódico (Bh, Bs, Bhs) - Horizonte mineral iluvial, com concentração de matéria orgânica e/ou ferro translocados do horizonte A B nítico - mineral subsuperficial, não hidromórfico, textura argilosa ou muito argilosa, sem incremento de argila do horizonte A para B ou com pequeno incremento, com relação textural (RT) menor ou igual a 1,5. A estrutura é em blocos subangulares, angulares ou prismática, com superfícies reluzentes descritas a campo como cerosidade no mínimo comum e moderada. Apresentam transição gradual ou difusa entre os suborizontes. B Glei - subsuperficial ou eventualmente superficial, caracterizado por redução de ferro e prevalência do estado reduzido, devido principalmente à água estagnada. Horizonte fortemente influenciado pelo lençol freático e regime de umidade redutor. Pode ter mosqueados proeminentes, mas usualmente há uma trama de lineamentos ou bandas de croma baixo contornando os mosqueados