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Curso de Meteorologia: Licenciatura 2021

Docentes: Alberto Mavume, Esménio Macassa (DFUEM), Atanasio Manhique e Veronica Dove

AGROMET_TEO_2 (PARTE II)


ECOLOGIA, BIOLOGIA E AGRICULTURA
Formação, composição e classificação dos solos. Erosão dos solos;
Morfologia e fisiologia das plantas; Absorção e libertação da água pelas
plantas; Processos de fotossíntese; Crescimento e desenvolvimento das
plantas.

Notas de aula
3. Definições

3.1 Definições na literatura


Pedologia: do grego pedom (solo ou terreno) e logos (conhecimento) é a
ciência de da formação, composição e classificação dos tipos de solo. O
conhecimento dos princípios desse campo constitui o requisito primordial
para a compreensão da ecologia das plantas.

Solo: é o produto da transformação e da mistura de substâncias minerais e


orgânicas.

Planta: são organismos pluricelulares dotados de grande diversidade e


complexidade.

3.2 Formação, composição e classificação dos solos


Observando a secção vertical de um solo, numa barreira de estrada ou num
campo, verifica-se a presença de camadas horizontais mais ou menos
distintas. A secção do solo denomina-se perfil, e as camadas individualizadas
são denominadas horizontes.

Perfil dos solos


o O corte vertical constitui o perfil pedológico e as camadas são
os seus diferentes horizontes.
o Os horizontes, segundo a sua natureza, são simbolizados por
uma letra:
o O horizonte A designa a parte empobrecida do perfil: os
elementos solúveis e os elementos muito finos foram arrastados
o O horizonte B designa a zona de acumulação onde se
depositam os elementos arrancados de A
o O horizonte C designa a rocha-mãe

Um solo bem formado e não alterado pela atividade humana tem o seu
próprio e característico perfil. As características do perfil são a base da
classificação e estudo dos solos, mas a sua maior importância está na
possibilidade de informar como é que o solo pode ser usado da melhor
maneira.

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As camadas superiores ou horizontes do perfil do solo são geralmente de cor
mais escura que as camadas inferiores. Esta diferença de cor é devida à
acumulação de matéria orgânica resultante do apodrecimento das raízes e
outros resíduos orgânicos, que são incorporados nas camadas superiores do
solo.

A meteorização é, geralmente, mais intensa no horizonte superior do que nos


inferiores. Alguns produtos da meteorização são retirados, pela ação da água
de infiltração, das camadas superiores. As camadas inferiores contêm,
comparativamente, muito menos matéria orgânica do que as que se
encontram próximas da superfície. São, contudo, caracterizadas por uma
acumulação da várias substâncias, tais como silicatos argilosos e óxidos de
ferro e alumínio, sulfato de cálcio e carbonato de cálcio.

3.2.1 Formação dos solos


O solo forma-se a partir da rocha-mãe que é uma formação geológica antiga
(rocha primária: granito) ou recente (aluviões). Para passar desta formação
geológica ao solo móvel, mais ou menos espesso, numerosos fenómenos
intervêm:
o Desagregação
o Alteração química
o Processos biológicos
o Movimentos de elementos ou migrações

Os solos formam-se sob condições ambientais e estão sujeitos a contínuas


mudanças: os solos crescem, amadurecem e podem envelhecer e perecer.

Estes processos são influenciados por diferentes factores:


o Clima
o Rocha-mãe
o Vegetação
o Relevo
o Homem
o Tempo

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3.2.2 Composição do solo
Na maior parte dos casos o solo é constituído principalmente por matéria
mineral sólida, a qual, até profundidade variável, esta associada a matéria
orgânica ou, ao contrario, ser formado principalmente por esta, com muito
pouca matéria mineral.

O solo como meio heterogéneo é constituído por partículas sólidas de


dimensões diferentes, água e intervalos maiores ou menores, ocupados pelo
ar. A terra fina é formada por todas as partículas que passam através de
peneira de arame com uma malha redonda de cerca de 2mm.

A restante fracção constitui os elementos com dimensões maiores. Apenas a


terra fina desempenha um papel importante na alimentação da planta e
compreende cinco constituintes físicos: a areia, o limo, a argila, o calcário e a
matéria orgânica.

A matéria orgânica é definida pela sua origem viva, animal ou vegetal; passa
por diferentes estádios de decomposição da sua incorporação no solo ate a
formação de húmus estável.
Convencionalmente, as dimensões da argila e areias são classificadas como
se segue:
o Abaixo de 0,002 mm (2µm) - argila
o De 0,002 mm a 0,02 mm (2µm a 20µm) - limo
o De 0,02mm a 0,2mm – areia fina
o De 0,2mm a 2mm- areia grossa

Noção de textura: a textura do solo depende da proporção de areia, do silte


(ou limo), ou argila na sua composição. Isso influencia na:
o Taxa de infiltração da água
o Armazenamento da água
o Aeração
o Facilidade de mecanização
o Distribuição de determinados nutrientes (fertilidade do solo)

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As percentagens de argila, silte e areia mudam bastante ao longo da
extensão de um terreno. A maneira como esses diferentes tipos de grãos se
distribuem é de extrema importância na disseminação da água no solo. A
textura modifica o movimento da água

Noção de estrutura e porosidade

Estrutura: é a disposição dos constituintes do solo, uns em relação aos


outros

Porosidade: é o volume dos intervalos do solo expresso em percentagem do


volume e da terra no local. A porosidade pode ser calculada usando a
seguinte fórmula:

Onde, D = peso específico real do solo, isto é, das partículas sólidas (é da


ordem de 2,5 kg/dm3.
Dˈ= peso específico aparente do solo no local (muitas vezes próximo de 1,2
kg/dm3 a 1,3 kg/dm3).

Fertilidade dos solos


O solo serve de suporte às plantas terrestres que nele desenvolvem as suas
raízes e dele obtêm grande parte dos elementos nutritivos de que o carecem.
A planta, para o seu crescimento e o seu desenvolvimento, tem necessidade
de numerosos elementos químicos.

São considerados essenciais para o desenvolvimento das plantas verdes,


pelo menos os seguintes dezasseis elementos: Carbono (C), Oxigénio (O),
Hidrogénio (H), Azoto (N), Fósforo (P), Potássio (K), Cálcio (Ca), Magnésio
(Mg), Enxofre (S), Ferro (Fe), Manganês (Mn), Zinco (Zn), Cobre (Cu),
Molibdénio (Mo), Boro (B) e Cloro (Cl).

Consoante as proporções em que se encontram normalmente nas plantas,


distinguem-se entre Macro nutrientes (Carbono (C), Oxigénio (O), Hidrogénio
(H), Azoto (N), Fósforo (P), Potássio (K), Cálcio (Ca), Magnésio (Mg), Enxofre

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(S)) e Micronutrientes (Ferro (Fe), Manganês (Mn), Zinco (Zn), Cobre (Cu),
Molibdénio (Mo), Boro (B) e Cloro (Cl)).

Elementos extraídos do ar e da água:


o Carbono (C)
o Oxigénio (O)
o Hidrogénio (H)

Elementos fertilizantes: a planta utiliza-os muitas vezes em maior quantidade


do que o solo pode ceder-lhe, pelo que devem ser suplementados:
o Azoto (N)
o Fósforo (P)
o Potássio (K)

Elementos secundários, utilizados em quantidade mais fraca do que os


precedentes e muitas vezes presentes em quantidade suficiente no solo:

o Cálcio (Ca)

o Enxofre (S)

o Magnésio (Mg)

Outros elementos indispensáveis à planta:

o Ferro (Fe)

o Zinco (Zn)

o Cobre (Cu)

o Boro (B)

o Molibdénio (Mo)

Adubo - é uma substância destinada a fornecer um ou vários elementos


minerais indispensáveis às plantas, por intermédio do solo.

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3.2.3 Classificação dos solos

Uma das mais antigas formas de classificação dos solos são é o diagrama
triangular (Figura 3.2). Pelos lados de um triangulo equilátero
convenientemente dividido, encontram-se as percentagens de areia, silte e
argila do solo. Em função da região em que se encontra o ponto de
convergência dessas entradas, lê-se a denominação do solo.

Figura 3.2: Diagrama triangular

Os diagramas triangulares são muito usados na agricultura, porém têm uma


desvantagem pelo facto de não levarem em conta a forma granulométrica
(importante nos solos grossos) e a plasticidade (importante para os solos
finos). Uma classificação boa para a Mecânica dos Solos deve levar em
conta a granulometria e a plasticidade para se determinarem as proporções
dos diversos lotes que intervém.

3.3 Erosão dos solos

A erosão dos solos tem sido descrita como a remoção de material inorgânico
e orgânico da superfície do solo pelo vento e pela água. As equações de
perdas de solo têm sido desenvolvidas para compreender o processo de
erosão e prognosticar perdas de solo no campo.

A equação abaixo conhecida como “Equação Universal de Perda do Solo


(USLE) tem sido usada para prognosticar perdas de solo devidas à chuva:

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A=R*K*L*S*C*P

Onde,
A = perda de solo
R = erosividade da chuva
K = erodibilidade do solo
P = factor da prática de controlo da erosão
L = factor do comprimento da inclinação
C= factor de acentuação da inclinação

3.4 Morfologia e fisiologia das plantas


3.4.1 Morfologia das plantas
A morfologia das plantas, uma das bases da botânica, tem por objetivo
estudar e documentar formas e estruturas das plantas. Utilizada, dentre
outras coisas, no auxílio à classificação de plantas (também conhecido como
sistemáticas) e na fisiologia vegetal.

A morfologia é comparativa, o que significa que o morfologista examina


estruturas em diversas plantas da mesma ou de diferentes espécies e, em
seguida, faz comparações e formula ideias sobre semelhanças.

O morfologista observa também as estruturas vegetativas, bem como as


estruturas reprodutivas. As estruturas vegetativas das plantas vasculares
incluem o estudo do sistema de caulinar, composto de caules e folhas, bem
como o sistema radicular.

3.4.2 Fisiologia das plantas


A fisiologia das plantas é estudo das funções vitais das plantas, que vão
desde o metabolismo, desenvolvimento, movimento até à reprodução
vegetal.

Esta disciplina estuda vários processos e temas fundamentais tais como:


o Fotossíntese
o Respiração celular

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o Nutrição celular
o Hormónio vegetal
o Fotoperiodismo
o Fisiologia do stress
o Germinação de sementes
o Dormência
o Função dos estomas e transpiração (relações hídricas)

3.5 Relações hídricas e fotossíntese


3.5.1 Relações hídricas
As trocas de água entre a planta e a atmosfera ocorrem principalmente
através das folhas. Nas folhas estão localizados pequenos orifícios,
denominados estômatos ou estomas, que se abrem e se fecham em
resposta à quantidade de água existente nos mesmos. Os estômatos são
delimitados por algumas células, chamadas de células-guarda, que podem se
tornar túrgidas ou murchas. O turgor das células guarda que delimitam os
estômatos é que determinará se estes estarão abertos ou fechados. Na
maioria dos ambientes, a concentração da água externa a uma folha é menor
que a interna, gerando então perda de água pelos estômatos.

O tamanho da abertura dos estômatos é então regulado pelas células-


guarda. A parede das células guarda voltada para o interior do orifício é mais
espessa que o resto da parede da célula. Quando a célula guarda absorve
íons potássio, a água entra na célula tornando-a túrgida e como
conseqüência o estômato se abre. Quando os íons potássio saem da célula
guarda a água também sai, tornando a célula plasmolisada e, como
conseqüência, o estômato se fecha. Os estômatos ocupam em média 1% da
área de uma folha, mas são responsáveis por aproximadamente 90% da
perda de água na transpiração.

A libertação da água pela planta (transpiração) é a eliminação de água na


forma de vapor que ocorre nos vegetais por uma necessidade fisiológica,
sendo controlada por mecanismos físicos, morfológicos, anatómicos e

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fisiológicos. Nos vegetais a transpiração ocorre principalmente através das
folhas, que é a principal superfície de contacto do vegetal com o ambiente.

O fenómeno da transpiração é fundamental para a vida do vegetal, mas deve


ocorrer de modo a permitir a sobrevivência do mesmo, pois o excesso de
perda de água na forma de vapor pela transpiração pode levar à morte do
vegetal.

Os vegetais apresentam várias adaptações para evitar a transpiração


excessiva, de acordo com o ambiente onde vivem. A organização do corpo
do vegetal está relacionada directamente com o fenómeno da transpiração.

O número de folhas e a superfície foliar são factores que determinam maior


ou menor taxa de transpiração pelo vegetal. Numa primeira análise, a perda
de água na forma de vapor parece ser algo extremamente prejudicial aos
vegetais. A perda excessiva de água pode levar à desidratação e à morte do
vegetal. Pode-se dizer que a transpiração é um mal necessário para que
actividades fisiológicas vitais possam ocorrer no vegetal.

A transpiração evita o aquecimento exagerado, principalmente das folhas do


vegetal, através da eliminação do excesso de calor na forma de vapor
através dos estômatos. Um outro aspecto importante é a própria ascensão de
seiva bruta ou inorgânica (água e sais), desde as raízes até as folhas, que é
mantida graças à transpiração contínua através das folhas.

3.5.2 Fotossíntese
A fotossíntese (síntese pela luz) é o processo pelo qual as plantas absorvem
parte da energia solar para fixar o dióxido de carbono atmosférico. A equação
química da fotossíntese pode ser apresentada como se segue:

CO2  H 2O  energia  (CH 2O)  O2

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A fotossíntese pode ser considerada como um dos processos biológicos mais
importantes na Terra. Por liberar oxigénio e consumir dióxido de carbono, a
fotossíntese transformou o mundo no ambiente habitável que conhecemos
hoje.

De uma forma directa ou indirecta, a fotossíntese supre todas as nossas


necessidades alimentares e nos fornece um grande número de fibras e
outros materiais.

A energia armazenada no petróleo, gás natural, carvão e lenha, que são


utilizados como combustíveis em várias partes do mundo, vieram a partir do
sol através do processo de fotossíntese. Uma vez que a fotossíntese afecta a
composição atmosférica, o seu entendimento é essencial para
compreendermos como o ciclo do CO2 e outros gases, que causam o efeito
estufa, afectam o clima global do planeta.

3.6 Crescimento e desenvolvimento das plantas


Como os demais organismos pluricelulares, as plantas devem transportar
substâncias entre as suas diferentes partes de modo a garantir seu
crescimento e desenvolvimento.

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Em linhas gerais podemos dizer que o movimento da água nas plantas segue
os mesmos princípios físicos e químicos que veremos a seguir, embora os
aspectos regulatórios envolvidos na absorção e movimento da água possam
ser diferentes dependendo do ambiente a que estarão submetidas estas
plantas.

Ao considerarmos uma planta podemos imediatamente localizar:


o movimento da água e nutrientes do solo para as raízes.
o movimento da água e nutrientes das raízes para as folhas.
o movimento dos produtos da fotossíntese.

Para que tais movimentos ocorram, as plantas utilizam três níveis de


transporte, a saber:
o a passagem de água através das membranas celulares,
o a passagem célula a célula e
o o movimento entre as partes da planta.

As membranas presentes nas células têm a capacidade de controlar o tipo e


a direcção do movimento das substâncias que passam através delas.

(TPC: investigar os factores que controlam o crescimento e desenvolvimento


em plantas especificas ver artigo pdf)

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