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Solos brasileiros

O que é solo?
O solo consiste na camada mais superficial da crosta terrestre. Sendo assim, é
composto por matéria viva, além de ser resultante da ação do clima e da biosfera
sobre a rocha, que é seu material de origem.

O solo é constituído por diferentes partículas. São elas:

Areia

A areia pode ser definida como o acúmulo de pequenos pedaços de rochas ou


minerais, sendo que seu diâmetro varia entre 0,05 a 2 milímetros (mm). É ela a
responsável pela sensação de aspereza (atrito) do solo.

O quartzo é o mineral predominante, porém outros como muscovita, turmatita,


feldspato, mica, magnetita também podem ser encontrado.

Silte

Já o silte é uma partícula do solo com um diâmetro que varia de 0,05 a 0,002 mm.
Formado por feldspato, piroxênio, anfibólio e biotita, promove a sensação de
sedosidade.

Argila

Por fim, a argila consiste em uma pequena partícula de solo que não pode ser vista a
olho nu, sendo que seu diâmetro é menor que 0,002 mm. No geral, é composta por
minerais secundários (ilita, montmorillonita e caulinita), que proporcionam a sensação
de plasticidade e pegajosidade.

Como os solos são classificados?

A classificação dos solos é geralmente realizada de acordo com sistemas de


classificação de solos reconhecidos internacionalmente, como o Sistema de
Classificação de Solos da USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) e
o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (SiBCS). Os principais critérios e níveis
de classificação dos solos:
Critérios de Classificação:
Textura do Solo: Refere-se à proporção relativa de areia, silte e argila no solo.
Perfil do Solo: Inclui a identificação e descrição dos horizontes do solo, como camadas
superficiais orgânicas (O), horizonte mineral (A, B, C) e horizontes de subsuperfície
com acúmulo de minerais (Bt, Bh, Bw, etc.).
Composição Mineral: Refere-se aos minerais presentes no solo, que podem ser
identificados através de análises químicas e mineralógicas.
Propriedades Químicas: Incluem características como pH, teor de nutrientes,
capacidade de troca de cátions, entre outros.
Origem e Formação: Considera os processos geológicos, climáticos, biológicos e
antrópicos que contribuem para a formação do solo.
Níveis de Classificação:
Ordem: Representa o nível mais geral de classificação e agrupa solos com
características semelhantes em termos de processos de formação e propriedades
gerais. Exemplos incluem Latossolos, Argissolos, Neossolos, entre outros.
Subordem: Refina a classificação, levando em consideração características mais
específicas dos solos dentro de uma ordem. Por exemplo, Argissolos Vermelhos,
Latossolos Vermelhos, Neossolos Quartzarênicos, etc.
Grande Grupo: Faz distinções adicionais dentro de uma subordem com base em
características específicas, como textura, mineralogia ou propriedades químicas.
Família: Considera características mais detalhadas dos solos dentro de um grande
grupo, incluindo variações regionais e locais.
Série: Representa o nível mais específico de classificação, identificando solos com
características quase idênticas em uma área geográfica limitada.

Como o solo é formado?

Esse processo envolve interações entre vários fatores, incluindo rochas mãe, clima,
relevo, organismos vivos e tempo. Aqui está uma explicação geral sobre como o solo é
formado:
Intemperismo: O processo começa com a fragmentação das rochas na superfície
terrestre através do intemperismo físico e químico. O intemperismo físico envolve a
ação de forças mecânicas, como o calor, a água, o gelo e as raízes das plantas, que
quebram as rochas em pedaços menores. O intemperismo químico envolve a
alteração química das rochas pela água, ácidos e substâncias orgânicas.
Erosão e Transporte: Após a fragmentação das rochas, os fragmentos resultantes
são transportados pela água, vento, gelo ou gravidade para outras áreas. Esse
transporte pode ocorrer em longas distâncias e é um processo importante para a
distribuição dos materiais intemperizados.
Deposição: Os fragmentos intemperizados são depositados em novos locais, onde
começam a se acumular em camadas sobrepostas, formando o solo. Isso pode
ocorrer em planícies aluviais, encostas de montanhas, leitos de lagos e outros locais
de deposição.
Decomposição Orgânica: A matéria orgânica, como restos de plantas e animais,
começa a se decompor sobre os fragmentos intemperizados. Isso contribui para a
formação de húmus, uma substância orgânica rica em nutrientes que é essencial para
a fertilidade do solo.
Atividade Biológica: Organismos vivos, como insetos, vermes, microrganismos e
raízes das plantas, desempenham um papel importante na formação do solo. Eles
ajudam a decompor a matéria orgânica, aerar o solo, reciclar nutrientes e promover a
formação de agregados do solo.
Transformações Químicas: Ao longo do tempo, ocorrem várias transformações
químicas no solo devido à interação entre a água, o ar e os minerais presentes. Isso
inclui processos como a lixiviação de nutrientes, a formação de argilas, a oxidação de
minerais metálicos e a precipitação de compostos químicos.
Sendo o solo é uma fonte vital de nutrientes, água e suporte físico para as plantas,
desempenhando um papel fundamental nos ecossistemas terrestres.

Degradação dos solos


Existem muitos fenômenos e atitudes que podem causar a degradação do solo. Esses
processos podem ocorrer de forma natural ou não. Os principais problemas
associados à degradação dos solos:
Erosão do Solo: A erosão é um dos problemas mais comuns e graves da degradação
do solo. Ela ocorre quando o solo é removido pela água, vento ou atividades humanas,
como o desmatamento e a agricultura inadequada. A erosão do solo reduz a
fertilidade, a capacidade de retenção de água e nutrientes, e pode levar à perda de
nutrientes essenciais para as plantas.
Compactação do Solo: A compactação do solo é causada pelo tráfego de máquinas
agrícolas, gado e atividades humanas. Isso reduz a porosidade do solo,
comprometendo a infiltração de água, aeração e a penetração das raízes das plantas,
resultando em baixa produtividade agrícola.
Salinização: A salinização ocorre quando os sais minerais se acumulam na superfície
do solo devido à evaporação da água de irrigação. Isso pode tornar o solo infértil para
muitas culturas e pode ser difícil de reverter.
Desertificação: A desertificação é a degradação das terras secas, que pode resultar
em perda de vegetação, solo exposto e aumento da erosão. Isso pode levar à
formação de áreas desérticas e à perda de habitat para a vida selvagem.

Tipos de solos brasileiros


Segundo o novo sistema de classificação de solos proposto pela Empresa Brasileira
de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o país possui atualmente 13 tipos de solos.
Só que apenas os Latossolos, Argissolos e Neossolos, que no conjunto se distribuem
em aproximadamente 70% do território nacional. Confira:

Argissolos

Mineralogia: Os Argissolos são compostos principalmente por argilominerais, como


caulinita, montmorilonita e gibbsita.
Características: Os Argissolos são solos caracterizados por uma camada superficial
rica em argila no Horizonte B, o que os torna mais férteis que os Latossolos. Eles
possuem boa capacidade de retenção de água e nutrientes, mas podem ser ácidos e
pobres em fósforo.
Distribuição: Os Argissolos são encontrados em várias regiões do Brasil,
especialmente na região Sul e Sudeste, abrangendo partes de estados como Paraná,
São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, sendo considerado um dos solos mais
encontrados no país. Também estão presentes em áreas do Cerrado e da Amazônia.
Textura: Os Argissolos têm textura variada, sendo comuns solos argilosos, mas
também são encontrados solos com textura média.
Fertilidade e Nutrientes: Comparados aos Latossolos, os Argissolos têm melhor
fertilidade natural devido à presença de argila e maior retenção de nutrientes, o que
lhes confere maior capacidade de retenção de nutrientes e pH mais neutros a
ligeiramente ácido.
Acidez: Embora menos ácidos que os Latossolos, muitos Argissolos ainda podem ser
ácidos, especialmente em áreas de uso agrícola intensivo.
Utilização: Os Argissolos são amplamente utilizados na agricultura, especialmente
para culturas de ciclo anual como a soja, milho, café, e também para culturas perenes
como a cana-de-açúcar e fruticultura. São considerados solos versáteis e produtivos
quando bem manejados.
Desafios de Erosão: Devido à sua textura argilosa, os Argissolos podem ser
suscetíveis à erosão hídrica, especialmente em áreas de relevo inclinado. Medidas de
conservação do solo, como terraços e plantio em curvas de nível, são frequentemente
necessárias.

Latossolos

Mineralogia: Os Latossolos são compostos principalmente por minerais


intemperizados, como caulinita, gibbsita e goethita. Esses minerais são formados por
processos de alteração química ao longo de milhões de anos.
Características: Os Latossolos são solos altamente intemperizados, com uma camada
superficial espessa, conhecida como horizonte A e rica em óxidos de ferro e alumínio,
seguido por um horizonte subsuperficial (B) onde ocorre o acúmulo desses óxidos e
argila. São solos muito ácidos e pobres em nutrientes, devido à intensa lixiviação
causada pelas fortes chuvas tropicais.
Distribuição: Os Latossolos são encontrados principalmente na região Centro-Oeste
do Brasil, abrangendo partes de estados como Mato Grosso, Goiás e parte de Minas
Gerais, sendo o tipo de solo mais abundante no país, recobrindo cerca de 50% de
toda a extensão territorial do Brasil. Também estão presentes em outras regiões do
país, como a Amazônia e o Cerrado.
Utilização: Apesar de sua baixa fertilidade natural, os Latossolos podem ser utilizados
para a agricultura com o uso de técnicas de correção de solo e adubação. Eles
também são utilizados para pastagem e, em alguns casos, para a extração de
minerais.
Profundidade: Os Latossolos podem ser muito profundos, chegando a dezenas de
metros, mas geralmente têm uma camada superficial espessa devido à intensa
lixiviação.
Cor: A cor típica dos Latossolos é vermelha ou amarela, devido à presença de óxidos
de ferro. Essa cor intensa é uma das características marcantes desses solos.
Ciclagem de Nutrientes: Devido à sua baixa fertilidade natural, os Latossolos
dependem muito da ciclagem de nutrientes para manter a fertilidade do solo. Os ciclos
de secas e chuvas no clima tropical influenciam a velocidade e eficiência dessa
ciclagem.
Fertilidade e Nutrientes: Os Latossolos são naturalmente pobres em nutrientes devido
à lixiviação, sendo comum a deficiência de fósforo e cálcio. No entanto, podem ser
férteis quando corrigidos com adubação e calagem (aplicação de cal no solo para
corrigir a acidez). Eles tendem a ter baixa capacidade de retenção de nutrientes e pH
ácido.
Conservação do Solo: Devido à sua suscetibilidade à erosão e baixa capacidade de
retenção de nutrientes, os Latossolos requerem práticas de conservação do solo,
como plantio em curvas de nível, terraceamento e uso de cobertura vegetal, para
minimizar a perda de solo e nutrientes.

Neossolos

Mineralogia: Os Neossolos podem conter uma variedade de minerais primários


derivados das rochas ou sedimentos adjacentes. Esses minerais podem incluir
quartzo, feldspato, mica e outros minerais comuns encontrados nas rochas que deram
origem ao solo. Com o tempo, os Neossolos podem passar por processos de alteração
química que resultam na formação de minerais secundários. Isso pode incluir a
formação de óxidos de ferro e alumínio, caulinita, e outros minerais de argila.
Características: Os Neossolos são solos pouco desenvolvidos, com pouca
diferenciação de horizontes. Eles podem apresentar uma variedade de características,
dependendo de sua origem e localização, podendo ser desde solos arenosos até solos
rochosos não intemperizadas.
Fertilidade e Nutrientes: Neossolos têm fertilidade variável e geralmente são menos
férteis que Latossolos e Argissolos devido à sua pouca profundidade e
desenvolvimento limitado.
Distribuição: Os Neossolos são encontrados em várias regiões do Brasil,
especialmente em áreas de relevo recentemente formado, como áreas costeiras,
dunas, encostas íngremes e áreas muito inclinadas do país.
Variedade: Os Neossolos apresentam uma grande variedade de características,
dependendo da origem e localização. Podem ser desde solos arenosos até solos
rochosos.
Profundidade: São solos pouco desenvolvidos, com pouca diferenciação de horizontes
e, portanto, geralmente têm pouca profundidade.
Utilização: Os Neossolos são menos adequados para a agricultura devido à sua baixa
fertilidade e profundidade limitada e a grande quantidade de cascalho. No entanto,
podem ser utilizados para pastagem extensiva, silvicultura em áreas de
reflorestamento e construção civil, especialmente em áreas urbanas.
Vulnerabilidade à Erosão: Os Neossolos podem ser suscetíveis à erosão hídrica e
eólica, especialmente em áreas de relevo íngreme. Medidas de conservação do solo
são essenciais para proteger esses solos.

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