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Resumo
Devido a longa data de exploração das jazidas de minério de ferro na região
brasileira do quadrilátero ferrífero, houve consequentemente mudanças nas
caraterísticas mineralógicas dos depósitos minerais nesta região ao passar dos
anos. Quando se iniciou a produção de minério de ferro no Brasil em grande volume,
por volta das primeiras décadas do século XX, os depósitos minerais continham alto
teor de ferro, necessitando apenas de etapas de fragmentação e classificação.
Todavia, com o passar dos anos, houve o empobrecimento destes depósitos,
havendo assim a necessidade da adoção de novos processos para garantir uma
produção em termos de qualidade. Atualmente, esta região se prepara para mais
uma mudança que irá ocorrer na caraterística de seus depósitos minerais, pois as
reservas com presença de rochas friáveis, estão cada vez mais próximas de se
esgotarem, passando a dar início a exploração de jazidas que contenham rochas
compactas, necessitando assim da readequação de seus processos para que a
continuidade da produção de minério de ferro seja viabilizada. Devido a essas
alterações mineralógicas, as empresas buscam cada vez mais pelo estudo de novas
rotas de processos, onde é possível a redução dos custos operacionais durante as
readequações. Portanto, a rota com a adoção da moagem AG/SAG para as etapas
de cominuição deste novo tipo de rocha presente nas próximas reservas que se
abeiram, demonstram grande potencial de viabilidade.
Palavras-chave: Moagem; Processos; Moagem AG; Moagem SAG.
* Contribuição técnica ao 22º Simpósio de Mineração, parte integrante da ABM Week 7ª edição,
realizada de 01 a 03 de agosto de 2023, São Paulo, SP, Brasil.
the adoption of AG/SAG milling for the comminution stages of this new type of rocks
present in the next nearby reserves, demonstrates great economic potential.
Keywords: Milling; Process; Milling AG; Milling SAG.
* Contribuição técnica ao 22º Simpósio de Mineração, parte integrante da ABM Week 7ª edição,
realizada de 01 a 03 de agosto de 2023, São Paulo, SP, Brasil.
1 INTRODUÇÃO
1.1 Contextualização
* Contribuição técnica ao 22º Simpósio de Mineração, parte integrante da ABM Week 7ª edição,
realizada de 01 a 03 de agosto de 2023, São Paulo, SP, Brasil.
responsável em realizar maior cominuição das partículas minerais). Devido a
característica desta etapa, vieram a surgir a partir de então rejeitos com
granulometria ainda mais finos, ocasionando também um aumento no teor de sílica,
e consequentemente maior produção de rejeitos devido ao baixo teor de ferro
presente nas rochas de Itabirito friável. Para os próximos anos que se aproximam, é
previsto uma nova mudança nas caraterísticas das reservas de minério de ferro dos
empreendimentos minerários que se encontram instalados na região do quadrilátero
ferrífero, pois as atuais reservas com rochas Itabiríticas friáveis se tornam cada vez
mais escassas, ocorrendo a origem da transição de reservas contendo rochas
itabiríticas compactas [figura 01], possuindo como principais diferenças em relação
as rochas friáveis, uma maior resistência a compressão durante as etapas de
fragmentação, alta abrasividade, maior quantidade de sílica presente nestas rochas,
e um menor teor de ferro (39%), necessitando assim de uma maior redução
granulométrica nas etapas de cominuição, para que possa ocorrer a liberação
mineral entre as partículas mistas, proporcionando assim maior recuperação dos
minerais que contenham ferro nas etapas de concentração.
Figura 01. Esquematização das mudanças dos tipos de reservas de minério de ferro
* Contribuição técnica ao 22º Simpósio de Mineração, parte integrante da ABM Week 7ª edição,
realizada de 01 a 03 de agosto de 2023, São Paulo, SP, Brasil.
De acordo com Luz¹, a moagem é uma operação de fragmentação fina obtendo-se
nesta um produto adequado a concentração ou a qualquer outro processo industrial
(pelotização, calcinação, lixiviação, combustão, entre outros).
Figura 02. Moinho SAG diâmetro 8,5 m X comprimento 4,0 m, em fase de comissionamento na
empresa Equinox Gold, município de Viana-MA, (Citic Heavy, 2022).
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surgimento de moinhos cada vez maiores, a ponto de em 1965, entrar em operação
na mesma empresa um moinho com 32 pés de diâmetro e motor de 6.000 HP, com
capacidade praticamente igual àquela dos doze moinhos instalados sete anos antes.
A atratividade de usinas com grandes moinhos estava baseada em menores
investimentos, especialmente se comparada à opção de circuitos com muitas linhas
paralelas de pares de moinhos de barras e de bolas. A economia com corpos
moedores era também favorável à alternativa de moinhos autógenos. Até 1973, as
usinas de minério de ferro receberam os maiores moinhos fabricados até então. Nos
anos 1970 surgiram os primeiros moinhos SAG, visto que a adição de bolas em até
12% do volume da câmara de moagem propiciou substancial elevação da
capacidade aos equipamentos. Moagem SAG também tornava o processo de
moagem menos suscetível a variações de características do minério processado.
Como a variabilidade das jazidas de minérios de cobre era, em geral, muito maior do
que as de minério de ferro, circuitos SAG tornaram-se mais populares. Nessa
mesma década, muitas minas de cobre foram expandidas ou entraram em operação,
Delboni³. Atualmente, o circuito AG/SAG encontra-se com muita resistência antes de
se tornar uma opção para um projeto de dimensionamento de uma usina de
tratamento mineral, segundo Yovanov4 esta proposta não se enquadra em um
avanço da tecnologia e sim um retrocesso, pois os primeiros moinhos instalados
eram do tipo SAG. Outro ponto é a resistência a mudanças pelo setor mineral,
mudanças que acarretam uma nova metodologia de produção, treinamento,
manutenção. Resistência que já foi vencida no beneficiamento de cobre e ouro, e
possui grande aceitação [figura 03].
Figura 03. Dados técnicos de moinho SAG utilizado para produção de Cobre na empresa Lundin
Ming, município de Alto Horizonte-GO, (Lundin Mining, 2022).
Nos dias atuais, um dos principais desafios das empresas que atuam no segmento
mineral, trata-se pela busca na redução dos altos custos operacionais de suas
instalações, pois devido ao empobrecimento de suas reservas, onde suas
explorações já se dão a uma longa data, se dá necessário cada vez mais a
readequação de seus processos no qual possibilite o beneficiamento de maneira em
que suas operações sejam viabilizadas. Através disto, a moagem AG/SAG, possui
como principal benefício em relação aos atuais circuitos tradicionais, a eliminação de
estágios de britagem e peneiramento [figura 04], possibilitando assim que seja
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acarretado possíveis ganhos econômicos, de maneira a reduzir os custos
operacionais, como também os custos de implantação.
Figura 04. Comparação de um circuito convencional X circuito SAG + Bolas para um projeto de 30
Mta, (Rodrigues, 2014).
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seguido de um moinho de bolas também em circuito fechado, mas por um
hidrociclone.
Figura 07. Circuito SAG + Britador de reciclo + Bolas (SABC), (Luz, 2010).
2 DESENVOLVIMENTO
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realizada de 01 a 03 de agosto de 2023, São Paulo, SP, Brasil.
aproximadamente 40 Mta de minério de ferro no estado de Minas Gerais, possuindo
a presença de diversas empresas, sendo estas de grande, médio e pequeno porte.
No ano de 2011, foram enviadas amostras de frente de lavra deste complexo, para
os laboratórios do CIMM [Centro de investigação mineral e metalúrgica] localizado
no Chile, sendo compostas por;
140 toneladas de Itabirito compacto.
90 toneladas de Itabirito friável.
A partir disto, foram realizados 7 testes piloto em moinho SAG/FAG, utilizando três
configurações de circuito (SABC-A, SABC-B e FAB), e com o moinho de bolas,
foram realizados 4 testes.
Durante realização destes testes, foram avaliadas as configurações dos circuitos,
granulometria e composição da alimentação, conforme descrito na tabela 01.
Com base nos testes realizados, foi possível obter os resultados presentes na tabela
02.
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realizado com a alimentação de um block size fino (SAG-5), proporcionou um menor
consumo de energia especifica por tonelada de material processado (6,30 kwh/t).
Na tabela 04, pode-se ver os diferentes testes realizados em moinhos de bolas com
os tipos de amostras que foram geradas, bem como os resultados na tabela 05.
Através dos dados gerados neste teste, pode-se notar que a adição de um britador
de pebbles no circuito SAG 3, gerou um menor consumo de energia específica em
relação aos circuitos SAG 1 e SAG 7 (tabela 02), bem como a contribuição para uma
redução do consumo de energia especifica no teste realizado com a alimentação de
material 100% compacto nos moinhos de bolas MB-2 e MB-3 (tabela 04 e 05).
Nos anos de 2006 e 2012, também foram realizado estudo piloto pela empresa Vale
S.A, onde encaminhou amostras de minérios de Itabirito das minas de Cauê e
Conceição para serem testados na planta piloto do CETEM [Centro de Tecnologia
Mineral], e outras amostras das minas de Jangada e Pico (Galinheiro e Sapecado)
para serem testadas na planta piloto do CIMM no Chile.
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Figura 08. Curva granulométrica dos testes, (Rodrigues, 2014).
Tabela 06. Resumo dos resultados dos testes piloto em circuito aberto (Rodrigues, 2014).
Ano Teste Mina Circuito Aberto kWh/t p/ P58 em 0,15mm
2006 Conceição SAG 2,8
2006 Conceição SAG + BRITADOR 2,4
2012 Pico SAG 1,3
2012 Pico AG 1,6
2012 Jangada SAG 8,9
2012 Jangada SAG + BRITADOR 8,9
Tabela 07. Resumo dos resultados dos testes piloto em circuito fechado (Rodrigues, 2014).
Ano Teste Mina Single Stage kWh/t p/ P80 em 0,15mm
1980 Cauê AG 7,0
2012 Cauê SAG 2,0
2012 Pico AG 1,8
Outra estimativa importante onde foi analisado durante os testes realizados pela
empresa Vale S.A, trata-se do consumo de revestimento do SAG. Sabe-se que o
consumo de revestimento é diretamente proporcional ao Ai (quanto maior, mais
abrasivo). Para estimativa deste consumo foi levantado dados de duas plantas
industriais, sendo que o Ai do Itabirito está entre os Ai’s destas duas plantas. A
figura 09 apresenta uma correlação entre abrasividade e vida útil de revestimento
para duas minas, uma de ouro localizada em Minas Gerais e outra de Cobre em
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Sossego. Vale ressaltar que foi traçado uma curva em função da equação de Bond,
na qual ele descreve que o Consumo Revestimento = 0,0118*(Ai – 0,015)^0,3.
Uma das principais empresas fabricantes de moinho SAG’s e AG’s, trata-se da empresa
Finlandesa Metso Outotec, possuindo norral na comercialização destes equipamentos.
Vale ressaltar, que apesar dos moinhos SAG’s e AG’s possuírem princípio de
funcionamento diferente em relação ao seu método de cominuição, ambos os
equipamentos são dimensionados com a mesma motorização. Na tabela 08, é possível
observar as especificações de alguns moinhos SAG’s e AG’s comercializados pela
empresa Metso Outotec.
Tabela 08. Especificação técnica de moinhos SAG’s e AG’s com potência acima de 5.000 hp.
Tamanho (Ft – m) Potência (HP – Kw)
28’ x 10’ (8,5 x 3,0) 3500-5500/2610-4100
28’ x 14’ (8,5 x 4,3) 5-8000/3730-5960
30’ x 12’ (9,1 x 3,7) 5-8000/3730-5960
32’ x 14’ (9,8 x 4,3) 7-11000/5-8200
32’ x 16’ (9,8 x 4,8) 8-12000/6-8950
34’ x 15’ (10,3 x 4,6) 8-13000/6-9700
34’ x 17’ (10,3 x 5,2) 10-15000/7-11190
34’ x 19’ (10,3 x 5,8) 11-17000/8-12680
36’ x 15’ (11,0 x 4,6) 10-16000/7-11930
36’ x 17’ (11,0 x 5,2) 11-18000/8-13420
36’ x 19’ (11,0 x 5,8) 12-20000/9-14900
38’ x 20’ (11,6 x 6,0) 15-24000/11-17800
40’ x 22’ (12,0 x 6,7) 19-30000/14-22370
42’ x 25’ (12,8 x 7,6) 23-36000/17-26850
* Contribuição técnica ao 22º Simpósio de Mineração, parte integrante da ABM Week 7ª edição,
realizada de 01 a 03 de agosto de 2023, São Paulo, SP, Brasil.
De acordo com os dados dos testes realizados com minério Itabirito compacto no
complexo de Serra Azul, um circuito com a adoção de moagem SAG ou AG, poderia
vir a ser dimensionado da seguinte forma. Considerando como caso base a tabela
03, onde o material que possui block size de tamanho médio (SAG-1), e uma
energia específica de 6,97 kwh/t para cominuição em um P80 de 6,03 mm. Uma
instalação com alimentação de ROM [Run of Mine] 1.800 t/h necessitaria de um
SAG com as seguintes especificações (1.800 x 6,97 = 12.546 kwh), presumindo-se
assim em um equipamento com o seguinte tamanho 36’ x 17’ (11,0 m x 5,2 m) ou
36’ x 19’ (11,0 m x 5,8 m).
3 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
1 Luz, A. B.; Alves, J. S.; Alves, S. C. “Tratamento de minérios. 5ª edição. Rio de Janeiro:
CETEM, 2010”.
2 Taggart, A. F. “Elements of ore dressing”. New York: Wiley, 1951.
3 Delboni, H.; Sampaio, J. A. “Tratamento de minérios 6º edição, capítulo 4, cominuição.
Rio de Janeiro: CETEM, 2018”.
4 Yovanovic, A. P. “ Moagem SAG: Acabou o mito?” Minérios e minerales,
Setembro/Outubro 2006.
5 Rodrigues, A. F. V. “Testes SAG/AG, em escala piloto e bancada, para cominuição de
Itabirito”. Contribuição técnica ao 44º Seminário de Redução de Minério de Ferro e
Matérias-primas, 15º Simpósio Brasileiro de Minério de Ferro e 2º Simpósio Brasileiro
de Aglomeração de Minério de Ferro, 15 a 18 de setembro de 2014, Belo Horizonte,
MG, Brasil.
* Contribuição técnica ao 22º Simpósio de Mineração, parte integrante da ABM Week 7ª edição,
realizada de 01 a 03 de agosto de 2023, São Paulo, SP, Brasil.