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Minerais e Rochas Industriais

Magnesita
Shisley Barcelos

João Monlevade
Abril de 2012
Introdução
Magnesita
 MI que apresenta uma série de aplicações em diversos
segmentos da indústria

 Brasil não é um dos maiores em reserva e produção,


mas mostra uma posição importante em relação a
ambas

 Produção quase exclusiva de Brumado, Sul da Bahia (3%


da produção mundial em 2001)

 Maior parte da produção mundial (60% em 2001)


provém da China, Coréia do Norte, Rússia e Turquia

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Introdução
Magnésio
 8º elemento mais abundante
◦ constitui 2% da crosta

 3º elemento mais dissolvido na água do mar

 É encontrado em mais de 60 minerais porém, tem


importância comercial apenas:
◦ Dolomita, magnesita, brucita, periclásio, carnalita e olivina (fosterita)

 Mg e seus compostos são extraídos


◦ do mar, salmouras de poços e lagos e
◦ a partir da magnesita (mais econômica)

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Mineralogia
 Pertence à família dos carbonatos
◦ Grupo da calcita (MF 84,31 gramas)

 O nome é alusão à sua composição:


◦ 47,81% de MgO e 52,91% de CO2

 Em termos elementares:
◦ 28,83% de Mg; 14,25% de C e 56,93% de O

 O Fe pode substituir o Mg em grande extensão

 Pequenas quantidades de Ca e Mn também são encontradas


◦ porém a miscibilidade com CaCo3 e MnCO3 é limitada

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Dolomita em Magnesita

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Mineralogia
 Clivagem – perfeita

 Dureza – 4

 Densidade 3,0

 Incolor a branca

 Indice de refração varia de acordo com seu teor de Fe

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Geologia
 Ocorre em muitos ambientes geológicos
◦ Passados ou atuais

 Os depósitos se dividem em 4 tipos:


 Tipo Veitsch
◦ Depósito de magnesita macrocristalina

 Tipo Kraubath
◦ Depósito de magnesita macrocristalina

 Tipo Greiner

 Tipo Bela Stena


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Geologia
 Depósito Tipo Veitsch

 São formados por grandes lentes de magnesita


em sedimentos marinhos clásticos

 Consiste em dolomitos, calcários, arenitos e


conglomerados

 Caracterizado por elevado teor de Fe


◦ Mn na ordem de 1/10 do teor de Fe

 Baixa alumina

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Geologia
 Depósito Tipo Veitsch

 Sílica e Cal variáveis


◦ Em função do conteúdo de quartzo, talco e dolomita

 Textura tipicamente granuloblástica

 Podem ser levemente ou fortemente deformados, com grau de


metamorfismo variando de muito baixo, passando pelo fáceis
xisto-verde, até anfibólio alto

 As reservas podem ser da ordem de dezenas de milhões de ton


(Áustria) até a ordem de 1 bilhão de toneladas (China)

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Geologia
 Depósito Tipo Veitsch

 Ocorrem mundialmente
◦ relativamente escassos na América do Norte, na África e na
Austrália continental

 Maiores jazidas conhecidas


◦ Áustria, Espanha, Eslováquia, China, Coréia, Rússia e Brasil

 Muitos dos depósitos têm uma notável semelhança uns aos outros
◦ O que pode indicar um mecanismo comum de formação

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Geologia
 Depósito Tipo Veitsch

 Sinais de dolomitização progressiva e magnesitização são


observados no depósito Veitsch (Áustria)

 Nestes depósitos a Magnesita é intimamente associada com


atividade intrusiva de material magmático

 Sugere-se que atividade ígnea seja a fonte original de


soluções portadoras de CO2

 Alguns pesquisadores sugerem que a etapa principal de


mineralização dos depósitos na serra das éguas temp. de 200
a 300ºC ou mais altas

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Geologia
 Depósito Tipo Kraubath

 São frequentemente associadas com zonas de fraturas


afetando rochas ultramáficas que compreendem dunitos,
peridotitos e serpentinitos

 Pode conter pequenas concentrações de Ca e traços de Fe e


Mn substituindo o Mg

 O baixo teor em Fe contrasta com a magnesita do depósito


tipo Veitsch

 Principais ocorrências na Grécia, Turquia, Austrália e EU

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Geologia
 Depósito Tipo Greiner

 Resulta da alteração hidrotermal sobre rochas básicas e


ultrabásicas, devido a ação de soluções carbonatadas em
condições de baixo metamorfismo, que provoca
transformação dos silicatos magnesianos em MgCO3
com consequente liberação de Silica

 Caracterizado por concentrações relativamente altas de


Fe, pouco Ca e cerca de 25% de Silica

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Geologia
 Depósito Tipo Bela Santa

 Ocorre dentro de sedimentos lacustrinos clásticos de idade


terciária

 Proximidade de atividade vulcânica, atividade hidrotermal e


raramente, também evaporação se combinam para produzir
variações de fácies lateral e vertical

 Raramente esses depósitos alcançam a qualidade necessária

 Principais depósitos: Grécia, Sérvia e Turquia

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Geologia
 Outros tipos de depósitos

 Ocorrência em ambientes sedimentares recentes


também devem ser ressaltados
◦ Evaporitos marinhos
◦ Regiões áridas e semi-áridas

 Quantidade e qualidade subeconômicas

 Apesar da ampla variedade de ambientes geológicos


(citados anteriormente) apenas os depósitos do tipo
Veitsch e Kraubath são explotados atualmente

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Produtores e Reservas

 China, Coréia do Norte, Rússia e Turquia


◦ 67,12% da produção mundial em 2005

 Fontes, a partir da quais os compostos de Mg podem ser


recuperados, são distribuídos globalmente
◦ Identificadas totalizam 12 bilhões de ton

 Fontes de brucita, dolomita, forsterita e evaporitos

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Reservas Mundiais

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Reservas No Brasil

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As minas em Serra das Éguas

 Únicos depósitos conhecidos, atualmente, com minério


apropriado para a fabricação do sínter, baseado nas
exigências de mercado

◦ i) Conjunto Mineiro Pedra Preta-Jatobá-Pomba


◦ ii) Mina Pirajá
◦ iii) Mina Pedra de Ferro-Catiboaba

As demais minas (Boa Vista, covil das Onças etc.) apresentam


minério pobre, utilizado em mistura, com um dos tipos de
minérios da minas acima mencionadas

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As minas em Serra das Éguas

 Conjunto Mineiro Pedra Preta-Jatobá-Pomba


◦ 35, 9,5 e 23,5 milhões de ton respectivamente

 Formado por 3 minas que constituem um único


jazimento com 2440 m de extensão por cerca de 600 m
de largura, sendo a Pedra Preta a mais conhecida e
tradicional da Serra das Éguas

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Corte Geológico esquemático da mina
Pedra Preta

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As minas em Serra das Éguas
 O minério é de cor avermelhada, grã grossa, apresentando
nítidos sinais de recristalização.
 À medida que se caminha na direção SW, rumo a Jatobá, o
minério sofre branqueamento e a granulometria se torna mais
fina, culminando com minério rosa claro de alta pureza da minha
do Pomba

 Na mina Pedra Preta


◦ Faz-se uma seleção manual que tem por objetivo eliminar o
minério contaminado com Fe e talco
 Jatobá e Pomba
◦ A eliminação do talco é feita através de uma usina de
concentração por flotação

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As minas em Serra das Éguas
 Neste conjunto se produzem 3 principais tipos
de minério:

◦ (i) PP-01 – para produção do sínter M-10


 Pedra preta
◦ (ii) PP-02 - para produção do sínter M-20
 Pedra preta
◦ (iii) PP-03 - para produção do sínter M-30
 Pomba e Jatobá

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Característica químicas dos minérios e
estéreis

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Lavra e Processamento

 Extração pelo método clássico à céu aberto


◦ Bancadas múltiplas com plataformas de trabalho
dimensionadas em função da produção e conveniência
dos equipamentos

 Após desmonte, o “run-of-mine” alimenta uma


estação de britagem que fornece material em 3
granulometrias diferentes

◦ Acima de 70 mm – graúdo
◦ Entre 70 e 28,6 mm – cascalho
◦ Abaixo de 28,6 mm – fino (refugo)

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Lavra e Processamento
 Sinter M-10

 Os minérios cascalho e graúdo, passam por catação


manual
◦ Para separar fragmentos contaminados com talco e hematita

 Vão para uma pilha de homogeneização e daí para um


pilha “pulmão”, que alimenta diretamente os fornos
verticais de sinterização

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Lavra e Processamento
 Sinter M-20

 O minério é selecionado e levado para uma pilha

 Antes de alimentar os fornos é rebritado, seguindo para


uma pilha de material na faixa de 7-9mm, e daí para os
silos que alimentam correias que abastecem os fornos
de calcinação

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Lavra e Processamento

 Sinter M-30

 O minério após passar pela instalação de britagem na


mina, segue até a usina para concentração

 Este minério possui talco e hematita em abundância

◦ O que faz que seus teores de sílica e ferro estejam


acima dos limites definidos, mas podem ser utilizados
para mistura e/ou tratamento seletivo (flotação)

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Lavra e Processamento

 A magnesita submetida a tratamentos térmicos


entre 1800 e 2100ºC resulta no produto que
denomina comercialmente
◦ “magnesita calcinada à morte” (dead burned
magnesite) ou mais corretamente
◦ sínter magnesiano ou magnésia sinterizada

 Reação que ocorre nos fornos


◦ MgCO3 → MgO (periclástico) + CO2

 Material obtido:
◦ isento de CO2, não reativo

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Uso, Funções e Especificações

 A magnesita é considerada, em geral, de interesse


econômico quando:

 o teor mínimo de MgO a base calcinada atinge o


patamar de 85%,

 além, de outras exigências relativas a sílica, óxido de


Ferro, cal e alumina,
◦ cuja soma não deve exceder os 10% para os produtos
menos nobres

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Uso, Funções e Especificações
 Sua quase totalidade destina-se aos seguintes
produtos:

 Sínter magnesiano

 Magnésia eletrofundida

 Magnésia cáustica

 Magnésio metálico

 Compostos de magnésio

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Uso, Funções e Especificações
 Sínter Magnesiano

◦ Resulta do processo de calcinação e sinterização


da magnesita
 sob condições elevadas de temp. (1800 a 2000ºC)

◦ Trata-se de um produto de alta pureza


 Em geral acima de 90% de MgO

◦ Largamente utilizado para refratários na indústria


de aço, cimento e vidro
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Uso, Funções e Especificações
 Magnésia eletrofundida

◦ É obtida em fornos elétricos a arco voltáico


 temp. entre 2800 a 3000ºC

◦ Massa específica próxima à do periclásio

◦ Porosidade aparente próxima de zero

◦ Grau de pureza sempre acima de 95% de MgO


 Atingindo, às vezes 99%

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Uso, Funções e Especificações
 Magnésia Cáustica (reativa)

 Resulta do processo de calcinação e sinterização da magnesita em fornos


convencionais
 temp. de 800 a 1000ºC

 Teor de MgO variando de 85% a mais de 90%

 Tem sua maior aplicação:

 Na fabricação de cimento
 Como fertilizante (nutriente)
 Como isolante térmico
 Fabricação de borracha sintética
 Como agente vulcanizante e catalizador

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Especificação do Produto obtido a partir de
magnesita crua em função da sua aplicação

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Uso, Funções e Especificações
 Mg (metálico)

 Produto de grande importância na obtenção de ligas


aluminosas de magnésio,
◦ com vasto campo de aplicação na industria aeroespacial,
maquinaria e ferramentas em geral

 Compostos de Mg

 cloretos, iodetos, fosfatos, sulfatos, óxidos, carbonatos e etc


◦ têm uma vasta linha de aplicações nas industrias química,
textil, cerâmica, de cosméticos, farmacêutica e metalúrgica

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Características Típicas dos Sínteres
Produzidos pela Magnesita S.A

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Minerais e Materiais Alternativos
 Alimentação animal
◦ dolomita, calcário e talco

 Refratários
◦ andalusita, bauxita, cromita, cianita, dolomita,
grafita, olivina, pirofilita, areias refratárias, sílica,
silimanita e zircão.

 Reagentes de neutralização
◦ soda caustica, cal e barrila

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Considerações finais

 A magnesita é um mineral industrial típico, com


aplicações práticas bastante diversas.

 As reservas brasileiras são consideráveis e um


aumento significativo da produção é esperado,
caso as condições econômicas sejam favoráveis.

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Referência de Bibliografia

 LUZ, A. B.; LINS, F. A. F, Rochas e Minerais Industriais: Usos e


Especificações 2ª Edição CETEM RJ, 2008 pag 605 a 629

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