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História

Urbanização e a questão da
“higienização" na Primeira República

1o bimestre – Aula 11
Ensino Fundamental: Anos Finais
● Políticas de “higienização" do ● Avaliar as contradições das
início do período políticas de "higienização" na
republicano; Primeira República;
● A Revolta da Vacina. ● Avaliar as implicações sociais
da Revolta da Vacina.
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Vamos assistir a um vídeo e analisar uma charge de 1907


para responder aos questionamentos propostos:

https://www.youtube.com/watch?v=wpgsx
BOPpLI
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https://oswaldocruz.fiocruz.br/jornal/

Observe a charge, a legenda e realize o que se pede:


a) Identifique e descreva quem é o personagem principal da charge.
b) Explique o que a charge quer representar.
c) Justifique a intenção do autor da charge.
d) Indique o momento histórico no qual a charge foi produzida.
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Correção
a) Identifique e descreva quem é o personagem principal da charge. Resposta
esperada: a charge intitulada "Uma limpeza indispensável" representa o
sanitarista Oswaldo Cruz usando um pente gigante da "Delegacia de
Higiene" para limpar o Morro da Favela. No alto da imagem, há a
informação de que pretendiam "limpar" o morro, intimando os moradores a
se mudarem em dez dias.
b) Explique o que a charge quer representar. Resposta esperada: a charge
mostra Oswaldo Cruz como uma figura central, representando os projetos
de higienização no Morro da Favela. Ele está simbolicamente "penteando"
o morro, se remetendo à ação de remoção dos moradores do local,
conforme se pode depreender do texto que acompanha a imagem.
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Correção
c) Justifique a intenção do autor da charge. Resposta esperada: a intenção
do autor era fazer uma crítica à abordagem de Oswaldo Cruz em suas
políticas higienistas. A charge critica a ideia de "limpeza" do morro,
humanizando os morros e sugerindo que a remoção dos moradores é uma
forma drástica de lidar com questões de saúde pública. A fala irônica dos
morros indica uma preocupação em relação às pessoas que lá habitavam.
d) Indique o momento histórico no qual a charge foi produzida. Resposta
esperada: a charge do ano de 1907 se remete a um contexto de combate a
epidemias e promoção da saúde pública. Nesse período ocorreu a
implementação de políticas de saneamento básico e a erradicação de
doenças como a febre amarela e a varíola.
Urbanização e higienização
● Assim como o Rio de Janeiro, São Paulo também se tornou uma
metrópole nos fins do século XIX. De província pacata, se transformou
em importante centro político e polo econômico, movido pela
industrialização. O café, seu principal produto, impulsionou as principais
transformações, atraindo milhares de trabalhadores, imigrantes e
nacionais.
● Para a construção de uma importante capital, os projetos de urbanização
buscavam mostrar, por meio de suas edificações, esses ideais de
progresso e modernidade.
● As novas construções, avenidas e bairros que foram surgindo entre o
final do século XIX e início do XX foram pensadas nos moldes de outras
grandes metrópoles estrangeiras.
● Foi nesse momento que foram criados novos bairros, como os Campos
Elíseos, Higienópolis e Bela Vista. Ao mesmo tempo que realizava a
urbanização desses bairros, a elite política paulista realizava obras para
esconder os rios (canalizando-os e encobrindo-os juntamente com o
esgoto) e aterrava também as áreas de várzea, alterando seus
contornos.
● Nesse mesmo contexto surgiram os cortiços. E passaram a bater à porta
das casas e cortiços homens que estavam à serviço dos chamados
“desinfetórios”. O argumento do governo era que essas vistorias iriam
melhorar as condições higiênicas das habitações. Alguns se indignaram
com a meticulosidade dessas visitas, por nem sempre serem pacíficos os
processos de observação das casas. Ressalte-se que, antes daquele
momento, não havia diálogo por parte do governo, muito menos
educação sobre prevenção às doenças.
● Entendia-se que esse processo de higienização, ao promover
transformações sociais e até mesmo raciais, transformaria a nação em
um corpo sadio e, na mentalidade de alguns cientistas do final do século
XIX e início do XX, apto ao progresso.
Considerando os questionamentos propostos, vire e converse com seu
colega:
a) Como surgiram os cortiços na cidade de São Paulo, quais eram seus
habitantes e qual era sua relação com a expansão da ocupação
territorial na cidade?
b) Quais novos bairros surgiram na cidade de São Paulo no processo de
crescimento urbano da cidade? Qual era o nome do bairro onde o
empreendimento veiculado no jornal O Estado de São Paulo seria
realizado? O que poderia ter motivado a escolha desses nomes?
c) Qual era a função dos desinfetórios?
Correção
a) Como surgiram os cortiços na cidade de São Paulo, quais eram
seus habitantes e qual era sua relação com a expansão da
ocupação territorial na cidade?
Resposta esperada: os cortiços surgiram devido à rápida urbanização e à
falta de habitações adequadas para a crescente população. Eles eram
ocupados por trabalhadores de baixa renda, muitos dos quais eram ex-
-escravizados e migrantes em busca de emprego na cidade. Eles eram
uma resposta à demanda habitacional, mas muitas vezes ofereciam
condições precárias de vida, contribuindo para a expansão desordenada
da ocupação territorial.
Correção
b) Quais novos bairros surgiram na cidade de São Paulo no processo de
crescimento urbano da cidade? Qual era o nome do bairro onde o
empreendimento veiculado no jornal O Estado de São Paulo seria realizado?
O que poderia ter motivado a escolha desses nomes?
Resposta esperada: novos bairros, como Campos Elíseos, Higienópolis e
Bela Vista, surgiram durante o crescimento urbano. O bairro mencionado
no jornal é o Jardim Europa. A escolha desses nomes muitas vezes
refletia ideais de progresso e inspiração em modelos urbanos
estrangeiros, buscando associar essas áreas a um estilo de vida mais
sofisticado e moderno.
Correção

c) Qual era a função dos desinfetórios?


Resposta esperada: os desinfetórios tinham como função realizar
vistorias nas casas e cortiços, aplicando medidas rigorosas de normas e
medidas sanitárias. O argumento do governo era de que essas vistorias
melhorariam as condições higiênicas das habitações. Essas medidas
eram parte dos esforços de higienização e saneamento, visando a
transformações sociais, segundo as concepções científicas da época.
A vacinação obrigatória
● No início do século XX, o crescimento das cidades demandou melhorias
na saúde pública, especialmente para as camadas mais marginalizadas.
As condições de vida da maior parte da população, e especialmente das
camadas mais marginalizadas, eram insalubres. Nesse contexto, São
Paulo e Rio de Janeiro enfrentavam desafios de saúde pública
significativos. Políticas governamentais passaram a ser implementadas
com a intenção de combater doenças e epidemias, fazendo com que as
pessoas passassem a ter acesso a condições de vida mais saudáveis.
● O estabelecimento de uma estrutura de saneamento básico, incluindo
a construção de redes de abastecimento de água, sistemas de
tratamento de esgoto e a coleta e o tratamento do lixo, tornou-se uma
preocupação das gestões públicas nessas cidades. Essas medidas não
apenas controlaram a disseminação de doenças e epidemias, mas
também melhoraram a qualidade de vida de parte significativa da
população.
● Sob a influência do diretor-geral de saúde pública, o médico
sanitarista Oswaldo Cruz, o Congresso aprovou, em 1904, a Lei da
Vacina Obrigatória contra a varíola, que levou à Revolta da Vacina,
transformando o centro da cidade do Rio de Janeiro em uma praça
de guerra.
“Mas o calor não era a única contradição à nossa ‘vocação europeia’, o
período da belle époque é repleto de incoerências e paradoxos. […]
As camadas mais pobres da população tiveram suas tradicionais festas,
fantasias, brincadeiras, determinados tipos de comércio e costumes
reprimidos, revoltaram-se contra a vacina obrigatória, criaram artifícios de
resistência e contestação aos novos tempos e costumes, buscaram novos
espaços, e insistiram em circular mesmo onde tinham seu acesso vetado ou
dificultado, como a principal avenida do centro da cidade.” (SOUZA, 2008,
p. 54 e 55)
“Anda o povo acelerado Bem no braço do Zé Povo
Com horror à palmatória Chega o tipo e logo vai
Por causa dessa lambança Enfiando aquele troço
Da vacina obrigatória A lanceta e tudo mais
Os manatas da sabença Mas a lei manda que o povo
Estão teimando dessa vez E o coitado do freguês
Querem meter o ferro a pulso Vá gemendo na vacina
Bem no braço do freguês […] Ou então vá pro xadrez […]”

A vacina obrigatória. Autor desconhecido, 1904


Para entender melhor as
motivações da Revolta da Vacina,
vamos assistir a um vídeo:

https://www.youtube.com/watch?v=
6i6v9f_aWjg
https://www.youtube.com/watch?v=kEIFyVxpRSQ
Organizadores de
conhecimento

A partir das informações que foram trabalhadas nas últimas aulas, construa
um mapa mental que explique:
a) o processo de modernização da cidade do Rio de Janeiro.
b) as contradições que ajudam na compreensão do levante popular
conhecido como Revolta da Vacina.
● Analisamos as políticas de "higienização" na Primeira
República no Brasil, destacando a Revolta da Vacina
como um momento de resistência popular;
● Exploramos as transformações urbanas em São Paulo
no final do século XIX, com a criação de novos bairros, o
que foi impulsionado pelo crescimento econômico;
● Entendemos que a Revolta da Vacina foi uma expressão
da insatisfação da população diante da vacinação
obrigatória e das práticas autoritárias associadas aos
projetos de modernização urbana da época.
Referências

CHALHOUB, S. Cidade febril: cortiços e epidemias na Corte Imperial. São Paulo: Companhia das Letras,
1996.
LEMOV, D. Aula nota 10 2.0: 62 técnicas para melhorar a gestão da sala de aula. Porto Alegre: Penso,
2018.
SÃO PAULO (Estado). Secretaria da Educação. Currículo Paulista: Etapas Educação
Infantil e Ensino Fundamental. São Paulo, 2019.
SÃO PAULO (Estado). Secretaria da Educação. Currículo em Ação. Coordenadoria Pedagógica –
COPED. São Paulo, 2023.
SCHWARCZ, L. M.; STARLING, H. M. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.
VALLADARES, L. P. A invenção da favela: do mito de origem à favela. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2005.
Lista de imagens e vídeos:
Slide 3 – Canal Futura. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=wpgsxBOPpLI. Acesso em:
11 dez. 2022.
Referências
Lista de imagens e vídeos
Slide 4 – O Malho, 1907. Hemeroteca Digital Brasileira. Disponível em:
https://memoria.bn.br/pdf/116300/per116300_1907_00247.pdf. Acesso em: 11 dez. 2022.
Slide 5 – Fundação Oswaldo Cruz. Disponível em: https://oswaldocruz.fiocruz.br/jornal/. Acesso em:
11 dez. 2022.
Slide 10 – Wikimedia Commons. Disponível em:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Jardim_Europa_(bairro_de_S%C3%A3o_Paulo)#/media/Ficheiro:Propagand
a_de_1928_-_Jardim_Europa.jpg. Acesso em: 15 dez. 2023.
Slide 19 – Fundação Oswaldo Cruz. Disponível em: https://oswaldocruz.fiocruz.br/musicas/. Acesso em:
11 dez. 2022.
Slide 20 – TV Senado. Histórias do Brasil. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=6i6v9f_aWjg. Acesso em: 11 dez. 2022.
Slide 21 – Canal da Lili. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=kEIFyVxpRSQ. Acesso em:
11 dez. 2022 e Wikimedia Commons.; Disponível em:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Oswaldo_Cruz#/media/Ficheiro:Charge_sobre_a_Vacina_Obrigat%C3%B3ri
a_contra_a_var%C3%ADola._Imprensa_Nacional,_Casa_de_Oswaldo_Cruz_(BR_RJCOC_02-10-20-15-
006-028).jpg. Acesso em: 11 dez. 2023.

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