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Processo de Tombamento de Bem Material

Imagem de São Benedito

Prefeitura Municipal de Machado – MG


Ano 2022 / Exercício 2024
Processo de Tombamento de bem material Município de Machado | MG
“Imagem de São Benedito” Ano 2022 | Exercício 2024

Município de Machado | Prefeito: Maycon Willian da Silva


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MUNICÍPIO DE MACHADO – MG

QUADRO Q II B – PROTEÇÃO
B) Processos de Tombamento de Bens Materiais

Bem móvel (BM)

“Imagem de São Benedito”

Casa da Cultura de Machado


Rua João Miguel da Silva, n. 64 - Machado, MG, 37750-000

Ano 2022 - Exercício 2024

Deliberação Normativa CONEP nº 01/2021 - 2021 Exercício 2023

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Sumário

1. Introdução ............................................................................................................................... 6
2. Caracterização do bem cultural .............................................................................................. 9
2.1. Histórico do bem cultural ................................................................................................ 9
Dos primeiros povoadores à emancipação ................................................................... 10
Economia, transporte e comunicação na trajetória machadense................................... 16
Suportes de memória .................................................................................................... 24
2.1 Os templos religiosos em Machado .................................................................................... 26
2.2 A lenda de Chico Rei e a devoção a Nossa Senhora do Rosário e os chamados “santos
pretos”....................................................................................................................................... 30
2.3 Iconografia de São Benedito............................................................................................... 35
2.4 A contextualização histórica da imagem de São Benedito ................................................. 40
3. Justificativas para o tombamento ......................................................................................... 49
4. Descrição do Bem Cultural................................................................................................... 50
4.1 Descrição detalhada do Bem Cultural ............................................................................ 50
4.2 Análise técnica e estilística ............................................................................................. 54
4.3 Condições de Segurança ................................................................................................. 55
4.4 Análise do estado de conservação................................................................................... 55
5. Documentação fotográfica .................................................................................................... 57
6. Notícias da Mídia e publicidade do bem .............................................................................. 70
7. Diretrizes Intervenção e Restauração no Bem Tombado ..................................................... 77
8. Documentação Cartográfica ................................................................................................. 81
9. Referências bibliográficas e fontes de pesquisa ................................................................... 84
10. Ficha Técnica do Processo de Tombamento de Bem Móvel “Imagem de São Benedito” . 86
11. Notificação do tombamento................................................................................................ 87
12. Cópia da ata do Conselho aprovando o tombamento definitivo ......................................... 89
13. Cópia da homologação do tombamento e declaração de publicidade ................................ 91
15. Cópia da inscrição do bem no livro de Registro Municipal .............................................. 92

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1. Introdução

São Benedito Ele é santo é


São Benedito é Santo
Da Nossa Senhora do Rosário

São Benedito

Escuta o que eu vou falar


A Senhora do Rosário
Quem mandou vir lhe buscar

São Benedito vamos embora


Lá no altar é que é seu lugar

(música cantada pelo congadeiro


Domingos Emiliano Bernardo, do Terno de São Benedito)

A imagem de São Benedito objeto desse Dossiê de Tombamento é também conhecida


em Machado, principalmente entre os congadeiros que se reúnem nos Ternos do município,
como São Benedito do Pau Oco, por ser de madeira e ter sua parte interna oca, onde os fiéis
depositam/depositavam pedidos de oração e também de agradecimentos por graças alcançadas.
No município de Machado as danças do congo surgiram no contexto rural das antigas
fazendas produtoras de café, entre os escravizados e colonos. Nos dias de festejos dos santos
era permitido aos colonos dançar e cantar em louvor aos seus santos de devoção. Segundo fontes
orais, os primeiros ternos do congo em Machado teriam surgido nas festas de São João.
Posteriormente, os congadeiros teriam passado a dançar em outros dias santos, como: Nossa
Senhora do Rosário, Santa Efigênia, São Benedito, Dia de Santa Cruz. Com o processo natural
do êxodo rural ao longo do século XX, os ternos que tinham nascido no interior das fazendas e
propriedades rurais, foram migrando para a área urbana.
Não se sabe ao certo a data em que surgiram as congadas e a Festa de São Benedito em
Machado. Todavia, há registros de que aconteceu em 13 de maio de 1914 uma festa em louvor
a São Benedito. Este registro refere-se a uma festa, e não à primeira festa, o que deixa margem
para se pensar que ela já ocorria há mais tempo, embora não se tenha encontrado registros
oficiais. Desde então, ela ocorre regularmente e é uma das mais importantes celebrações do
município de Machado, envolvendo mais de mil congadeiros e milhares de machadenses que

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residem no município e aqueles ausentes, que vem para o município especialmente para a
festividade de agosto. Segundo definição do site do Iphan, Congado ou Congada é uma
forma de celebração da devoção a Nossa Senhora do Rosário e/ou São Benedito, Santa Efigênia
e outros santos da devoção católica. Como em outras experiências religiosas no Brasil, o
Congado também guarda relações com as formas expressas na religiosidade africana. Muitos
congadeiros preferem dizer Reinado de Nossa Senhora do Rosário.
Certo é que a congada, os ternos de congo e a devoção a São Benedito são seculares
entre os católicos no município de Machado e, fundamentalmente, entre a comunidade negra.
A Festa de São Benedito de Machado é Registrada como Patrimônio Imaterial do município
desde 2012 e está em processo de revalidação em 2022.
A imagem de São Benedito em tombamento é considerada um Santo Relíquia entre os
devotos e pelos seus valores histórico, simbólico, artístico, estético, de afetividade e de
religiosidade está sendo tombada.
A metodologia aplicada para a elaboração desse dossiê se baseou em pesquisa história,
etnográfica, com entrevistas orais e pesquisa bibliográfica. Para tanto, um trabalho de campo
foi realizado pela equipe de pesquisa no município de Machado, entre janeiro a julho de 2022,
cujas atividades de pesquisa ocorreram em sua zona urbana. A pesquisa e redação desse
documento foi concluída em julho de 2022.
Adiciona-se à metodologia de trabalho, a conjugação entre pesquisa de campo e de
gabinete, com o cruzamento desses dados à pesquisa bibliográfica e documental, para a
construção da narrativa apresentada nesse dossiê. A elaboração desse estudo também se pautou
nos parâmetros técnicos exigidos pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de
Minas Gerais (IEPHA/MG), seguindo a Deliberação Normativa do Conselho Estadual do
Patrimônio Cultural (CONEP) em vigência.
Desse modo, são apresentadas nas páginas desse dossiê as informações concernentes
aos dados históricos tanto da região quanto do bem objeto de acautelamento, além da descrição
detalhada da imagem sacra, as diretrizes de tombamento e restauro, fotografias do bem,
documentação cartográfica e referências bibliográficas e documentais utilizadas, além da
documentação burocrática que efetivou o tombamento da imagem de São Benedito.

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Por todos esses motivos, o bem “Imagem de São Benedito” foi indicado para
tombamento e o pedido foi acolhido pelo Conselho do Patrimônio local. O seu tombamento
definitivo como “Imagem de São Benedito” foi aprovado pelo Conselho Municipal do
Patrimônio Cultural de Machado em sua 48ª. (quadragésima oitava) reunião, ocorrida no dia 1
de agosto de 2022, e homologada pelo Decreto Municipal n. 7.664, de 17 de agosto de 2022,
nos termos da Lei Municipal n. 2755/17. O bem foi inscrito no Livro de Tombo Municipal.

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2. Caracterização do bem cultural

2.1. Histórico do bem cultural

A Congada é uma das manifestações culturais mais significativas do município de


Machado. A imagem em tombamento está intimamente relacionada com as congadas e,
principalmente, com os congadeiros de Machado. Por este motivo, revisitar a história de
constituição do próprio município da qual a imagem é parte, é importante.
O território onde atualmente está localizado o município de Machado fazia parte, em
tese e comparativamente aos mapas das Capitanias Hereditárias, da Capitania de São Tomé.
Com o decorrer do período colonial, além da existência das capitanias hereditárias outras
capitanias foram criadas por meio de diversos meios: desmembramento das primeiras, compra,
confisco, entre outras. O sistema de capitanias hereditárias vigorou até meados do século XVIII,
sendo abolido sob atuação de Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marques de Pombal (1699-
1782).
Com a descoberta de ouro, várias expedições e bandeiras adentraram no território que
seria nomeado como Capitania das Minas Gerais. Todavia, seus primeiros exploradores não
atingiram a capitania pelo Sul; já no século XVII, várias expedições vindas de São Paulo
utilizaram essa rota, dentre elas, a de Fernão Dias “Caçador de Esmeraldas”. Segundo Ricardo
Rebello, essa expedição não passou pelas terras onde hoje se encontra Machado.
Diferentemente de locais como Ribeirão do Carmo e Vila Rica que tinham a sua economia
pautada na extração aurífera ou de metais preciosos, o Sul das Minas expandiu-se devido à
agricultura e ao pastoreio1. O território Sul-mineiro fazia parte da Comarca do Rio das Mortes,

1
Afirmar que Vila Rica, por exemplo, tinha como base econômica a extração aurífera não significa dizer que
na localidade não havia atividades agropastoris. Geralmente, as diferentes atividades acontecem
concomitantemente. Tanto que período de destaque do ouro se deu até a década de 30 do século XVIII, sofrendo
um ligeiro declínio na década de 40 que se intensificou, culminando em 63, data onde, pela primeira vez, o
quinto não atingiu a cota de 100 arrobas anuais (SOUZA, 1981, p. 75). Entretanto, é justamente a partir da
década de 40, em pleno declínio do ouro, que, segundo Adalgisa Arantes Campos (1996), surgiram nas
principais vilas da capitania mineira as Ordens Terceiras de São Francisco da Penitência e de Nossa Senhora
do Carmo. Foram essas ordens leigas que, durante a segunda metade do século XVIII, promoveram o mecenato
artístico nas Minas Gerais, através de seus próprios recursos financeiros. A partir disso é possível perceber que
nas áreas de mineração havia outras atividades econômicas que também sustentavam as vilas e arraiais.

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instituída em 1714, tendo como sede a Vila de São João Del Rey. Compreendia os termos de
Jacuí, Baependi, Campanha da Princesa, Barbacena, Queluz, Nossa Senhora de Oliveira, São
José do Rio das Mortes e Tamanduá.
Os colonizadores que adentraram o sul de Minas nas cercanias do município de
Machado ocuparam as faixas de terra banhadas pelo ribeirão “Jacutinga” e pelo Rio “Machado”.
Segundo João Rodrigues de Carvalho2, foi nesse local, devido às boas terras, que teve início a
colonização de toda região. Dessa forma, está presente nos discursos proferidos pelos
machadenses que pesquisam sobre sua história e seus fundadores que os primeiros registros
históricos relativos à Machado datam de 1750. Nesse período suas terras passaram ao domínio
definitivo da capitania de Minas Gerais, depois de inúmeros conflitos com os paulistas
motivados por demarcação das fronteiras. Durante o período relatado, Machado era apenas
ponto de parada de tropeiros e de boiadeiros que por aqui passavam com suas tropas de muares
ou de bois, seguindo para outras localidades.

Dos primeiros povoadores à emancipação

José Ferreira de Carvalho e sua esposa D. Miquelina Alexandre de Jesus foram os


primeiros colonos que se tem notícia que habitaram as terras do município de Machado. Muitas
outras famílias adentraram no território posteriormente, todavia, podemos destacar a presença
de Custódio José Dias, o Capitão-mor, que possuía grande propriedade de terra onde hoje é
denominada “Caiana”, tendo por sede a “Fazenda Cachoeira” e Dona Ana Margarida,
proprietária de grandes partes de terra que constituíam a “Zona do Jacutinga”.
As hipóteses a respeito do topônimo “Machado” são diversas. Embora não se tenha
chegado à confirmação é de grande importância conhecer os mitos de origem que perpassam as
gerações de machadenses sobre a construção da sua própria história. Nesse caso, por fazer parte
da tradição oral, as versões do fato são tão importantes quanto o fato em si. A primeira hipótese
faz referência a alguns viajantes que ao atravessarem o rio perderam um machado, nomeando-

2
CARVALHO, João Rodrigues. História de Machado. Belo Horizonte: Prefeitura Municipal de
Machado,1985.

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o, posteriormente, de “Rio Machado”. Assim, o território de sua cercania recebeu a mesma


nomeação quando povoado.
Na segunda hipótese muda-se apenas o protagonista em relação à primeira. O
protagonista da perda do machado teria sido um escravo que vivia em alguma fazenda ou sítio
próximo. Já a terceira hipótese seria que o topônimo deve-se ao nome de uma família
“Machado”, proprietária de terras às margens do rio que adquiriu esse nome em alusão à família.
A despeito das hipóteses que permeiam o imaginário machadense, uma das primeiras
referências ao território encontra-se no Arquivo Público Mineiro. Nos dias 8 de maio de 1787
foi assinada em Vila Rica a nomeação do primeiro guarda-mor dos rios Machado e Dourado.
Francisco Costa Santo, o referido guarda-mor, viveu na região até seu falecimento, em 1808.
Já a denominação “Campos de Machado” está presente na Carta Patente do Alferes João
Antônio Soares do ano de 1808. Entre 1810 e 1815 se iniciou o desenvolvimento da agricultura
e da pecuária nas fazendas pertencentes ao tenente Antônio Moreira de Souza Ribeiro e Joaquim
José dos Santos33.
A formação do arraial de Machado se deu com a cessão de terras por parte de Dona Ana
Margarida Josefa de Macedo para a construção de uma capela. A partir desse ocorrido é que se
atribui ao tenente Antônio Moreira, Joaquim dos Santos e Ana Margarida como fundadores do
povoado, embora o território já tivesse sido habitado por outros moradores:

Como tantas outras cidades, Machado não surgiu num momento exato,
predeterminado. Não é fruto da ação isolada de uma pessoa, mas resulta do
esforço contínuo e anônimo de muitas. Entretanto, quiçá pela capacidade
de liderança e empreendimento, o Tenente Antônio Moreira de Souza
Ribeiro e Joaquim José dos Santos são tradicionalmente considerados os
seus fundadores, ao lado de Ana Margarida Josefa de Macedo, doadora das
terras à capela4.

Embora Ana Margarida tivesse doado parte do seu patrimônio para a construção da
capela, foi necessária a licença do Bispo D. Mateus de Abreu Pereira, da diocese de São Paulo,

3
CARVALHO, João Rodrigues. História de Machado. Belo Horizonte: Prefeitura Municipal de Machado, 1985.
p. 23-24.
4
REBELLO, Ricardo Moreira. O município do Machado até a virada do milênio. Machado: 2006, p. 55.

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para que ela pudesse ser erguida. A licença foi concedida em entre 1816- 181855 e veio a
oficializar a fundação do arraial dentro das normativas eclesiásticas vigentes no período.
Segundo Rebello,

é certo que Machado cresceu em torno da Capela da Sacra Família. Discute-


se, porém, se surgiu antes ou depois de sua ereção. O tema parece insolúvel;
não se pode estabelecer a data precisa em que teve início o povoado.
Bernardo Saturnino da Veiga fixou-a no final de 1816, em seu segundo
Almanaque6.

A Capela foi edificada em devoção e sob proteção da Sagrada Família. Segundo


Carvalho, ela era simples e de taipa, localizada no lugar indicado pelo padre Inácio Ribeiro do
Prado Siqueira, da Freguesia de Cabo Verde. Sua escritura data de 1820, mas não menciona a
área; segundo a tradição, era de nove alqueires. Em respeito às leis da Igreja, além da construção
de templos os sacerdotes deviam constituir seu patrimônio.
Dessa forma, Padre Martins7 comprou de Ana Margarida terras, casa de morada e
benfeitorias pelo preço total de quatrocentos e cinco mil réis8.
Em 5 de agosto de 1852, a Capela da Sacra Família foi elevada a Curato9. Já em três de
julho1857, pela Lei Provincial nº 809, o Curato da Sacra Família do Machado passou a ser
Freguesia, elevando-se à categoria de Distrito e, consequentemente, de Paróquia. Com a Lei
Provincial 2.684, de 30 de novembro de 1880, a freguesia foi elevada a Vila. E, finalmente, em
13 de setembro de 1881, foi decretada a emancipação político administrativa de Machado, que
fazia, até então, parte do município vizinho de Alfenas.

Saúde e educação machadense

José Rodrigues de Carvalho aborda em seu livro a temática da saúde. Segundo o autor,

5
Existe uma imprecisão no que toca a data de fundação de Machado. Os dados presentes no site da Prefeitura e
nas obras de Carvalho (1985) e Rebello (2006) inserem a fundação entre os anos de 1816- 1818.
6
REBELLO, Ricardo Moreira. O município do Machado até a virada do milênio. Machado: 2006, p. 53.
7
Padre José Antônio Martins foi o primeiro capelão de Machado.
8
REBELLO, op. cit. p. 59.
9
Termo religioso, derivado de cura ou padre. Utilizado para designar aldeias e povoados com as condições
necessárias para se tornar uma freguesia - ou seja, tornar-se distrito de um município.

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o maior impacto na saúde de Machado se deu com a epidemia da gripe Espanhola – época da
Primeira Guerra - que afetou todo o país; depois, aconteceu um surto de varíola.
Na década de 1920, Machado já contava com melhores condições de higiene e com a
Santa Casa de Misericórdia fundada pelo Dr. Antônio Cândido Teixeira. Outro provedor da
instituição em 1925 foi o farmacêutico Francisco Elísio Ferreira Braga. No ano de 1936 foram
executadas 186 operações de pequeno e alto porte; 4468 consultas; 1269 exames de laboratório,
etc10. Embora a Santa Casa de Misericórdia tenha sido fundada em julho de 1920, data de 1911
o termo de compromisso da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia e Caridade de Santo
Antônio do Machado.

Imagem 01: Santa Casa de Misericórdia de Machado. Sem data. Acervo da Casa da Cultura.

Imagem 02: Santa Casa de Misericórdia de Machado. Sem data. Acervo da Casa da Cultura.

10
CARVALHO, João Rodrigues. História de Machado. Belo Horizonte: Prefeitura Municipal de Machado,
1985, p. 105.

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Imagem 03: Santa Casa de Misericórdia de Machado. Sem data. Acervo da Casa da Cultura.

Imagem 04: Imagens da antiga Santa Casa de Misericórdia de Machado – fachada e interior, atual Casa
da Cultura de Machado, onde a Imagem de São Benedito está guardada e exposta. Sem data. Acervo da Casa da
Cultura.

No que diz respeito à educação, Machado teve seus primeiros professores em 1870,
eram eles: Joaquim Martins de Souza, José de Araújo Brito e Mariano Severo Romano. A
chamada “Casa da Instrução” já existia no início da década de 1880 e era composta por duas
salas de aula, separadas por gênero. O professor dos “meninos” era o Carlos Alberto Ferreira
Lopes; e a professora das “meninas”, Dona Mariana Teófila de Oliveira. Anos mais tarde, em
1911, criou-se uma sala destinada a ensinar ambos os sexos. Primeiramente a cadeira foi
ocupada por Dona Hortência Bressane de Araújo, que lecionou apenas aquele ano.
Sobre o processo de instrução particular, foi instalado em 1882 o primeiro colégio:
Colégio Lustosa. Havia também um colégio para meninas na Rua da Mococa. Em 1884 foi
instalado por Francisco Rafael de Carvalho e Anastácio Vieira Machado um Externato e
Internato que aceitava meninos e meninas, situado na Rua Barão do Rio Branco. Entre os anos

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de 1901-1902 foi fundado um Externato na Rua Santos Silva.


Na história de Machado existiu também o Colégio Dias (1918 a 1923); Colégio
Imaculada Conceição dirigido pelas Irmãs Concepcionistas; o Curso Particular dirigido
inicialmente por José Augusto Vieira da Silva; o Ginásio Machadense; o Ateneu Machadense;
o Grupo Escolar D. Pedro I.

Imagem 05: Desfile cívico das alunas do Colégio Imaculada Conceição, 1957. Acervo da Casa da
Cultura.

Em 1925 o quadro da educação de Machado era assim11:

Estabelecimento Nº Matrículas

Grupo Escolar 1 645

Escolas Estaduais 3 155

Escolas Municipais 2 50

Particulares 3 124

Total 9 974

Entre as décadas de 1940 e 1950, Machado deu um grande salto no desenvolvimento


educacional com a criação de algumas instituições. Dente elas, a Escola Profissional La Salle,

11
Dados extraídos de: CARVALHO, João Rodrigues. História de Machado. Belo Horizonte: Prefeitura
Municipal de Machado, 1985, p. 67.

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onde havia seções de tipografia, sapataria e marcenaria; e a Escola Técnica de Comércio. Já na


década de 1960 há a fundação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras “Professor José
Augusto Vieira” que, posteriormente, foi reconhecido pelo Governo Federal, consolidando a
posição da faculdade em meio ao ensino superior brasileiro.
Atualmente o município conta com diversas escolas estaduais, municipais e particulares
de ensino fundamental e médio, três faculdades particulares e um Instituto Federal.

Economia, transporte e comunicação na trajetória machadense

No período de sua fundação, as atividades econômicas realizadas onde hoje se encontra


o município de Machado era de base agro-pastoril e de subsistência, sendo o excedente
comercializado. Por estar localizado em uma região propícia para a plantação, culturas
diversificadas eram produzidas na localidade. Até os dias de hoje a agricultura e a pecuária
prosperam em Machado. A cultura do café é uma das mais importantes em termos económicos
e sociais do município.
Em 1841 é possível identificar quais produtos eram produzidos no território de Machado
através dos escritos do juiz de paz João Ferreira Tolledo, de Douradinho – atual distrito de
Machado: “Abundoso de mattos de culturas, e campos de criar, produs fumos com abundancia,
Milho, e todas as qualidades de mantimento q. aly se plantão se colhe muito, e se vão vender s
Cid. Da Campª”12.
Na segunda metade do século XIX a pecuária se destacou em meio às outras atividades
realizadas concomitantemente. Foi organizada a Sociedade Machadense que tinha por intenção
o corte de boiada e a venda de carne verde no Rio de Janeiro. Essa sociedade foi constituída
com sócios de Machado e de outras localidades de Minas, como Caconde, Casa Branca, Jacuí,
entre outras. Segundo Rebello, as boiadas eram levadas à Corte por conta de cada remetente,
todavia, após balanço anual era feita a divisão proporcional dos lucros e perdas. O Monitor Sul-
Mineiro de 1872 refere-se ao empreendimento da Sociedade Machadense e os possíveis

12
TOLLEDO apud REBELLO, Ricardo Moreira. O município do Machado até a virada do milênio, Tomo 2.
Machado: 2006, p. 653.

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motivos de seu fim seis anos após a fundação:

Com vistas de emancipar-se dos marchantes e commissarios o Sr. Azarias


fundou a associação Machadense que durou por espaço de 6 annos, apezar
da opposição que soffreu de interesses contrariados e durante esse longo
período, sob sua direcção, entrava de 3 em 3 dias no matadouro do Rio de
Janeiro de 60 a 90 rezes; e se essa associação não teve maior existência, e
não auferio extraordinários lucros, é porque a inveja de uns, a ambição de
outros, e os esforços de muitos que se julgavão prejudicados, tendo a
concorrência dessa associação, contra Ella se erguerão pondo termo a sua
existência13.

Imagem 06: Atacadista de café, 1929. Acervo da Casa da Cultura.

O principal produto agrícola de Machado é o café. Devido ao seu destaque, deu origem
a inúmeros trabalhos, dentre eles dois realizados pela FUNDAMAR: “A História do Café em
Machado” (1994) e “A Cafeicultura Machadense: 1889-1912 – uma análise da Ação Econômica
e Política dos Principais Fazendeiros e dos Agentes de Café” (1997), ambos escritos por Maria
Lúcia Prado Costa. No ano de 1935 foi criado o Campo Experimental do Café e o Campo de
Monta – iniciativa da chefia do Serviço Técnico do Café do Estado de Minas Gerais. Nos
últimos anos o município tem produzido cafés orgânicos e especiais, exportados,
principalmente, para o Japão, Estados Unidos, Canadá e Inglaterra.
No que toca ao desenvolvimento de serviços, a primeira metade do século XX foi rica
na inauguração de estabelecimentos comerciais de atacado e varejo, casas de tecidos, ferragens,

13
MONITOR SUL MINEIRO apud REBELLO op. cit., p.649.

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joias, secos e molhados, hotel. O comércio seguia, principalmente, as bases tipo “armarinhos”.
Já na segunda metade desenvolveram-se inúmeras padarias, postos de gasolina, bares, boates,
restaurantes e lanchonetes.

Imagem 07: Hotel Central (atual Hotel Colinas), 1924. Na Praça Antônio Carlos. Acervo da Casa da
Cultura.

Sobre as vias de acesso do município, ainda enquanto arraial havia uma estrada que
atuava como via principal, de onde “nasciam” caminhos diversos para suprir as necessidades
da época. Havia a estrada boiadeira, que fazia ligação aos sertões de Goiás e Mato Grosso; a
estrada dos tropeiros, rumo à corte; a estrada de viajantes que dava acesso aos pontos comerciais
da província de Minas Gerais. O crescimento do povoado dava-se sempre em direção ao alto
da colina, o que fez surgir um novo caminho saindo da Rua da Máquina até encontrar a Rua da
Santa Cruz. Segundo a tradição, a Rua Santa Cruz, uma das principais da cidade, leva esse nome
por seus moradores terem carregado uma grande cruz em procissão inserindo-a,
aproximadamente, onde se encontra a Igreja de São Benedito. Carvalho, ao traçar uma análise
do surgimento das principais ruas e estradas de Machado verificou “encontrar-se na estrada, a
estrada real, a origem das primeiras ruas da cidade: Rua do Ramo, Rua da Máquina, Rua da
Mococa”14.
Os primeiros meios de transporte eram rudimentares; o transporte de mercadorias era
realizado por tropas de muares. Somente anos depois, com o desenvolvimento da região,

14
CARVALHO, João Rodrigues. História de Machado. Belo Horizonte: Prefeitura Municipal de Machado,
1985, p. 43.

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apareceram os carros de bois e as carroças. As viagens longas eram feitas à cavalo, assim como
as viagens locais necessárias à comunicação.
Há na segunda metade do século XVIII a abertura de importantes caminhos na região
que passava pelos arredores de Machado. Existiram três caminhos que, embora atravessassem
o Vale do Rio Machado, não cortavam as terras hoje pertencentes ao município. Dentre elas
temos a Estrada de Ouro Fino a Cabo Verde, a Estrada de Santana do Sapucaí a Cabo Verde, e
a Estrada de Santana do Sapucaí ao Registro de Caldas.
No século XIX foram inúmeras as trocas de carta falando sobre as péssimas estradas ou
sobre a necessidade de abertura de outras. A lei orçamentária 1009, de 02 de julho de 1859,
autorizou a abertura de estrada partindo da Freguesia de Santo Antônio do Machado e
atravessando a de São João Batista do Douradinho. Já em 1866 ocorreu a autorização para
iniciar a estrada de Conceição do Rio Verde, pela Campanha, à Machado e a Alfenas 15.

Imagem 08: Primeira mulher a dirigir um automóvel em Machado, 1927. Acervo da Casa da Cultura.

Em 1918 e 1920 passaram por Machado os primeiros automóveis: o primeiro vindo de


Paraguaçu e o segundo, da Fazenda da Pedra. O primeiro automóvel de Machado foi um Ford
comprado por Edvar Dias e Lázaro Magalhães no ano de 1920. Segundo o “Annuario
Estatístico” da Secretaria de Agricultura do ano de 1921, o meio de transporte mais utilizado
eram os carros-de-boi. Havia 290 deles, 69 carroças, 04 automóveis de carga, 22 carros de
passageiros, 07 automóveis de passageiros, 03 motocicletas, 08 bicicletas e 40 embarcações

15
REBELLO, Ricardo Moreira. O município do Machado até a virada do milênio. Machado: 2006.

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fluviais. Em 1923, a Lei n. 87 de 20 de julho, regulou o transito de carros-de-boi na cidade


devido ao seu número excessivo.

Imagem 09: Posto. Sem data. Acervo da Casa da Cultura.

Imagem 10: Posto Texaco – Avenida Santa Cruz, 1942. Acervo da Casa da Cultura.

No ano de 1931 aconteceu a inauguração da Empresa Autoviação de Machado,


Campestre e Poços de Caldas. Em 1933 havia uma linha que passava diariamente, ida e volta,
por Paraguaçu, Elói Mendes e Varginha, sob o nome de Empresa São Pedro. No início de 1952
surgiu em Machado o primeiro ônibus circular, pertencente e conduzido por Joaquim Caetano,
com o trajeto da Ponte “Governador Valadares” ao Cemitério. Na década de 1950 foi
inaugurado também o transporte aéreo para São Paulo e Belo Horizonte, tanto para carga quanto
para passageiros.
O transporte ferroviário foi um importante elemento de desenvolvimento em diversos

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municípios de Minas. Através dele se dava o deslocamento de passageiros de um local a outro,


assim como o transporte de mercadorias e informação. Ter ferrovia era sinal de progresso. Em
1908, Monteiro Lobato enviou ao juiz de Machado, Godofredo Rangel, as seguintes palavras:

Quanto a essa tua comarca do Machado, sei por informação que é um


seiozinho de Abraão, mas com um grave defeito: não se ouve aí apito de trem.
Eu divido o mundo em duas partes: a onde se ouve o apito de trem e a onde
não se ouve apito de trem. Uma é o inferno, a outra é o céu. Porque quando o
trem apita temos uma sensação de ave com asas; e se não há apito de trem, a
nossa sensação é de prego fincado na parede16.

A primeira estrada de ferro a cortar o município foi a Companhia Estrada de Ferro


Muzambinho, em terras que atualmente pertencem à Paraguaçu. A Estrada de Ferro
Machadense obteve a aprovação de seus estudos, plantas e projetos de obra para a construção
da estrada com o decreto 6228 de dezembro de 1922. A estrada teria extensão de 41.382,17
metros e bitola de um metro. Em agosto de 1925 foi inaugurado o primeiro trecho de Alfenas à
Caiana. O armazém pertencente a João Antonio da Costa foi a Estação provisória da cidade por
um tempo. A construção da estação definitiva iniciou-se em 1927 mediante contribuição
popular e empréstimo. Em 1928 a locomotiva chegou pela primeira vez à cidade e em 1930 a
Estrada de Ferro Machadense foi comprada pelo Estado de Minas.

Imagem 11: Locomotiva que transportou o material para a construção da estrada de ferro de Machado,
1923. Acervo da Casa da Cultura.

16
REBELLO, Ricardo Moreira. O município do Machado até a virada do milênio Tomo 2. Machado: 2006,
p. 538.

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Sobre os sistemas de comunicação, o serviço dos Correios em Minas Gerais teve seu
início em 1798 com agências nas comarcas de Sabará, São João del Rey, Serro e Vila Rica. Em
1869 foi notificado que as malas do correio em Santo Antônio do Machado chegariam às oito
horas da noite a cada três dias, e partiriam as seis horas da manhã a cada três dias, iniciando-se
pelo dia 2. Em 1886 a linha de Campanha a Machado possuía três empregados, que faziam
viagens de dois em dois dias. Estima-se que o custo mensal da linha era de 268$000.
O primeiro jornal da província de Minas Gerais surgiu em Ouro Preto em 1823.
Machado foi 39ª localidade mineira a publicar um periódico. O primeiro jornal foi o “Correio
de Machado”, de 1885, e teve a duração de cinco anos. Em 1886 surgiu o segundo Jornal,
intitulado “O Binóculo”. Existiram no município no século XIX vários outros jornais, semanais
ou quinzenais, como: “O Discípulo”, “O Patriota”, “O Novo Estado”, “Sexto Districto”, “O
Futuro”, “O Operário”.
Fora os periódicos de circulação ampla no município, havia jornais e boletins de
circulação restrita, pertencentes aos colégios. Em 1937 editou-se a “Gazeta Escolar” da Escola
Estadual Dom Pedro I. Também na década de 1930 surgiu “A Esmeralda”, do Colégio
Imaculada Conceição; “O Ginasiano”, do Ginásio São José; o “Agrovisão” da Escola
Agrotécnica Federal, entre muitos outros.
Machado também teve um considerável número de almanaques e revistas, além de
jornalistas machadenses atuando em outras localidades. “O Sul de Minas” foi um almanaque
fundado por Manoel Francisco Pinto Pereira, que residiu durante alguns anos em Machado.
Editado pelo Centro Sul Mineiro de Propaganda e Estatística, tinha sua sede na Vila de Silvestre
Ferraz. Seu segundo fascículo publicado em 1913 foi inteiramente dedicado à Machado,
contendo informações históricas, geográficas, políticos, culturais, administrativos. A Revista
do 1º Centenário de Machado17 estava relacionada à Comissão de Propaganda dos festejos do
1º centenário. Foi uma revista mensal como total de nove números produzidos, de fevereiro a
outubro.

17
Anteriormente, a emancipação da cidade de Machado era relacionada ao ano de 1857. Todavia, depois de
analisar outras documentações, o município alterou a data que passou a ser 1881. Por isso a Revista do Centenário
foi produzida no ano de 1957.

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Imagem 12: Revista do Centenário. Acervo da Casa da Cultura.

A primeira linha telefônica foi construída por Sylvio Monteiro dos Santos. A linha
ligava a Estação do Pontalete à Fazenda Pedra Grande, passando por Carmo da Escaramuça
(Paraguaçu) e Machado. Em 1905 foi concedido o auxílio de cinco contos de réis para a obra.
No ano de 1948 foi fundada a Empresa Telefônica Machadense Ltda. A sede foi construída na
Rua XV de Novembro, sendo transferida, posteriormente, para a Praça Antônio Carlos e para a
Rua Sete de Setembro. Em virtude da TELEMIG, no final de 1987 foram inauguradas três
cabines individuais no posto telefônico público construído entre a Prefeitura e o Fórum. Seu
funcionamento era das 7 às 22h, onde dois funcionários se revezavam.
Em 1999 ocorreu a privatização das telecomunicações do Brasil, e a TELEMAR
adquiriu o controle das operadoras de 16 estados, inclusive Minas. Assim, a partir de outubro
de 2000, o prefixo de todas as cidades mineiras obteve o acréscimo do algarismo 3.
Em 1921 Machado possuía dois cinemas, ambos pertencentes à empresa Dias &
Moreira. O Cinema Ideal oferecia quatro sessões por semana, contando com 350 lugares, além
de realizar bailes; e o Cinema Brasil comportava 500 pessoas e possuía duas sessões semanais.
Na década de 1970, o cinema recebeu o nome de Cine Vogue, todavia, apesar das reformas, a
frequência diminuiu, fechando suas portas em 1979.

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Pouco depois voltou à atividade de acordo com a Prefeitura, sofrendo nova paralisação
pouco tempo depois. Em 1984 houve a reabertura para a exibição de dois filmes por semana.
Depois disso, o cinema fechou e reabriu mais algumas vezes, voltando a funcionar no final do
século XX no Machado Shopping, localizado na Praça Antônio Carlos, em uma sala pequena.
Atualmente encontra-se fechado.

Imagem 13: Cine Limeira, 1944. Acervo da Casa da Cultura.

A primeira montagem de um aparelho radiofônico foi feita por Estevam Pereira dos
Santos. O aparelho foi apresentado ao público em 1937, em uma Exposição Regional. Em 1945
foi fundada a Rádio Difusora de Machado, ainda existente. Em 1991 entrou no ar a Rádio
Montanhesa que em 1999 teve um aumento da sua potência, permitindo que atingisse mais de
40 municípios. A primeira rádio comunitária surgiu em 1995, pertencente à Associação
Comunitária Bhetel. Entrou no ar sem autorização e foi fechada dias depois.

Suportes de memória

Machado possuía uma vida cultural intensa, com diversas bibliotecas pertencentes aos
centros educacionais do município e com clubes de leitura. É de conhecimento que a Sociedade
Amantes da Leitura já existia em 1874, com mais de mil volumes e vários sócios. Em 1875 foi
criado o Club Literário Bernardo Guimarães. Este clube tinha entre seus fundamentos instruir
seus membros e ensinar as classes menos abastadas em aulas noturnas, além de fundar um

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teatro.
A Biblioteca Municipal foi inaugurada em 1918, todavia, no mesmo período havia
outras bibliotecas no município, como a Biblioteca do Apostolado Coração e a Biblioteca do
Centro Machadense. Nos anos posteriores foram fundadas as bibliotecas dos principais centros
educacionais da cidade, como a da Escola Dom Pedro I, do Ginásio São José, do Colégio
Imaculada Conceição.
Na década de 1950 já existia o Museu do Ginásio São José. Rebello acredita que esse
tenha sido o primeiro museu da cidade. Seu acervo era pequeno, abordando a temática da
história natural.
Em 1981 foi inaugurado o Museu Histórico Municipal no porão do Colégio Municipal.
Em 1986 foi criada a Casa da Cultura e determinado que o Museu a integrasse. Houve também
a inauguração do Museu da Congada, pertencente e localizado na Associação de Congadeiros,
em 1988. Foi desativado depois que Maércio Caetano transferiu para o local seu forró, não
sendo reaberto posteriormente.
A Casa da Cultura, que incorporou o acervo do Museu Histórico Municipal, está
localizada no prédio da antiga Santa Casa. Está integrado a ela, também, o Arquivo Público
Machadense. Ela tem por finalidade “ser um espaço para o homem se expressar como elemento
de cultura através de atividades criadoras e recriadoras e de apoio às áreas culturais,
redimensionando sua atuação”20. Além de abrigar um interessante acervo a respeito da história
de Machado, a Casa da Cultura desenvolve, atualmente, exposições temporárias com artistas
locais, recitais, além de oferecer aulas de pintura e de música.

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2.1 Os templos religiosos em Machado

A capela primitiva de Machado foi edificada no início do século XIX, em terras doadas
por Ana Margarida. Essa capela era simples, pequena e de taipa. Localizava-se na parte superior
da atual Praça Antônio Carlos, situada onde depois se instalou a primeira fonte luminosa. Ou
seja, num dos pontos mais altos das terras, no topo de uma colina. Erigida em devoção à Sacra
Família adquiriu sua imagem apenas em 1833. Não se tem conhecimento sobre o tempo de
duração dessa edificação que se tornou matriz com a criação da Freguesia. Todavia, consta que
em 1874 essa capela não mais existia, pois no período a Igreja do Rosário servia como matriz
enquanto os alicerces da nova estrutura estavam sendo construídos.

Imagem 14: Jardim da Praça Antônio Carlos, 1908. Acervo da Casa da Cultura.

Não se sabe quanto tempo durou a construção da matriz que substituiu a capela
primitiva. Entretanto, sua demolição teve início em 02 de abril de 1917. Foram contratados para
a obra Jesualdo Rugani, pelo preço de 48:500$000, e seu construtor Valentim Romanelli. A
primeira missa foi celebrada em 02 de junho de 1918, quando o templo estava em período de
finalização. Os trabalhos religiosos se iniciaram em agosto de 1918.

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Imagem 15: Quermesse na Praça Antônio Carlos, 1917. Acervo da Casa da Cultura.

Em 1925 a Igreja Matriz passou por reforma de sua fachada, realizada pelo padre
Ricardo Franck. A torre foi levantada alguns metros. Em agosto de 1926 foi adicionado um
novo relógio, este reformado em 1933. Em dezembro de 1926 foram concluídas as obras na
fachada, a inserção de ladrilhos internos e o passeio ao redor. No ano de 1929 houve a
remodelação da torre e da sacristia. Ao longo da década de 1930 foram realizadas as seguintes
intervenções na matriz: adquiriram bancos e um harmônio; o pintor libanês Pedro Zogbi
realizou pinturas artísticas em seu interior. No início da década de 1960 foram substituídos seus
vitrais e portas, e em 1967 foi demolida.

Imagem 16: Praça Antônio Carlos e vista parcial da segunda Igreja Matriz. Sem data. Acervo da Casa
da Cultura.

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Imagem 17: A nova Igreja Matriz de Machado no centro da imagem, na década de 1980. Sem data.
Acervo da Casa da Cultura.

No ano de 1968 foram iniciados os trabalhos para a construção de um novo templo, do


qual participaram os construtores Waldemar Soares Camargo e Anacleto Romanelli. No intuito
de arrecadar fundos para a construção, Benedito Neves encarregou-se da venda de carnês de
rifa. Sua inauguração ocorreu em 30 de maio de 1971. A matriz possui 51 metros de
comprimento e 16 metros de largura. Contem pastilhas e elementos vazados de louça em sua
torre de 42 m. Nas laterais conta com 20 vitrais em vidro belga e alemão, seu piso é de mármore
cinza e do teto pendem 10 lustres. Em 1988 iniciou a restauração dos vitrais da Igreja.
Além de conter em seu acervo histórico-cultural inúmeras outras capelas e oratórios, um
elemento que se destaca no catolicismo machadense é a Festa de São Benedito que completou
em 2014 seus 100 anos de tradição. As danças do congo surgiram em Machado no interior das
fazendas. O congado constitui-se como um sistema baseado no sincretismo religioso - cristão e
africano -, onde a devoção a alguns santos católicos é realizada dentro de um quadro de
performances rituais de estilo africano18. Dentre os diversos ternos de congado ou Congada
existentes no município de Machado podemos citar o Terno do Rosário, 1º Terno de São
Benedito, 2º Terno de São Benedito, Terno do Joaquim Baiano, Terno do Deca, Terno de Sá
Lolota, Terno do Joaquim Santana, entre outros.

18
BRETTAS, Aline Pinheiro; FROTA, Maria Guiomar. O registro do Congado como instrumento de preservação
do patrimônio mineiro: novas possibilidades. Revista Eletrônica do Programa de Pós- Graduação em Museologia
e Patrimônio – PPG-PMUS Unirio | MAST - vol. 5 no 1 – 2012.

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Imagem 18: Festa de São Benedito, 2014 – 100 anos de tradição. Acervo pessoal de Gustavo Ambrósio.

Por volta das décadas de 1910 os grupos do congo dançavam sem muita regularidade
na Grama, atual Praça Rui Barbosa, ao redor de um cruzeiro. A Irmandade do Rosário, que
possuía os ternos mais antigos, chegou a construir ali uma capelinha para celebrar sua festa.
Algum tempo depois a festa foi transferida para o adro da Igreja Santa Cruz, na pracinha da
velha caixa d’água. No ano de 1923 trocou-se o nome de “Festa do Rosário” para “Festa de São
Benedito”, mudando-se para o ponto atual, a Praça de São Benedito onde foi edificação a Igreja
de São Benedito.
Segundo Rebello, “no primeiro livro de tombo da Paróquia da Sacra Família e Santo
Antônio encontra-se o registro da celebração de uma festa em louvor a São Benedito, no dia 13
de maio de 1914, “devido principalmente aos esforços da população de cor”19. Em 1948 Dom
Hugo havia interditado a capela de São Benedito sendo vedado qualquer ofício religioso. À
pedido do Vigário, a polícia proibiu a festa que voltou a ser realizada em 1952 quando acabaram
os processos judiciais.
Como pode ser observado por meio dos documentos das irmandades e ternos de devoção
à São Benedito, Nossa Senhora do Rosário e Santa Ifigênia, a cultura africana em Machado é
muito forte e se mostra nas práticas sincréticas dentro do catolicismo popular. Todavia, existe
no município outras devoções e doutrinas, como o protestantismo, o espiritismo, a umbanda e

19
REBELLO, Ricardo Moreira. O município do Machado até a virada do milênio, Tomo 2. Machado: 2006,
p.184.

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a quimbanda.
As tentativas de colonização protestante no Brasil datam de 1555, quando huguenotes
se instalaram no Rio de Janeiro com o intuito de fundarem a França Antártica. Em 1903,
inúmeros pastores e leigos abandonaram a Igreja Presbiteriana Unida e fundaram a Igreja
Protestante Independe que se caracterizou como o primeiro ramo protestante nacional. Machado
foi a terceira localidade de Minas Gerais a fundar um núcleo presbiteriano, em 1874.
Machado também possui igrejas evangélicas tais como a Assembleia de Deus, o
Ministério de Santos, o Ministério Visão Mundial, Ministério Jardim dos Ipês. Além dessas,
possui cerca de vinte outras igrejas e associações evangélicas como Sara Nossa Terra,
Adventista, Batista, Quadrangular, Universal do Reino de Deus, Testemunhas de Jeová e
diversas associações religiosas autônomas. No entanto, umas das mais fortes denominações do
protestantismo em Machado é a Igreja Presbiteriana, que possui número elevado de membros
no município.
Há poucas referências sobre a prática da doutrina espírita no município de Machado nos
séculos XIX e XX, possivelmente devido à intolerância e preconceito. Segundo Rebello (2006),
em 1881 o espírita Alferes Manoel Eloy da Silva Passos sofreu investidas, tendo sua casa
apedrejada, arrombada e invadida por aproximadamente duzentas pessoas. Os centros espíritas
que foram instalados posteriormente são o “Paz, União e Caridade”, “Segunda Casa de
Caridade”, “Humberto de Campos”, “Estrela do Oriente”, “Allan Kardec”, Grupo Espírita
Beneficente “Os Samaritanos” e Associação Espírita Beneficente “Allan Kardec”.
Os centros de umbandas atuais são o Centro Espírita “São Jorge”, “Pai Jacob”, Centro
Espírita de Umbanda “Ogum Yara”, Tenda Umbandista “Caboclo Lage Grande”, Tenda “São
Sebastião”, Grupo Ilê Axé Ogum e Oxum. Da Quimbanda existe a Tenda de Pai João.

2.2 A lenda de Chico Rei e a devoção a Nossa Senhora do Rosário e os chamados “santos
pretos”

A lenda de Chico-Rei está intimamente ligada às festas do Congado e à Igreja Nossa


Senhora do Rosário de Vila Rica. Segundo a lenda, Chico Rei nasceu na África e se chamava
Calanga, era rei do Congo. Foi capturado por portugueses para trabalhar como escravo nas

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minas da antiga Vila Rica, hoje Ouro Preto, chegando ali em 1740. No batismo cristão, recebeu
o nome de Francisco, e logo ficou conhecido como Chico Rei. Há versões sobre como ele teria
conquistado a alforria. Uma conta que ele e demais escravos escondiam nos cabelos ouro fino.
Dessa forma, teria conseguido ouro suficiente para comprar a sua própria alforria e a de seu
filho, tornando-se, posteriormente, dono de mina.
Outra versão conta que após se instalar em Vila Rica, com o passar do tempo, conseguiu
a alforria de seu filho. Posteriormente, comprou a sua e de outros escravos. Com o apoio de
outros, adquiriu uma riquíssima mina chamada Escandideira que teria sido comprada do Major
Augusto. Conta-se que a mina estava em decadência e com a compra de Chico Rei passou a
prosperar. Com o ouro extraído dessa mina obteve mais alforrias, ficando conhecido como rei
dos escravos.
Chico Rei junto dos escravos libertos teriam construído a Irmandade do Rosário e Santa
Efigênia. Nas datas de festas dos reis magos e Nossa Senhora do Rosário, havia grandes
solenidades que foram chamadas popularmente de “Reisados”. Nelas, Chico Rei ia de coroa e
cetro, e sua corte aparecia pouco antes da missa cantada. Havia rainha, príncipes, todos
ornamentados com mantos. Havia também a presença de músicos e dançarinos, tocando
pandeiros, caxambus, marimbas, canzás. Dessa forma vemos que as histórias de Chico Rei estão
intimamente ligadas ao que conhecemos por congado ou congada, que essa fé performática em
devoção a São Benedito, Nossa Senhora do Rosário e Santa Efigênia.
A congada é uma festa de devoção, um ritual. O registro mais antigo de sua ocorrência
em Minas Gerais é do padre João Antonil, durante a sua passagem pelo território de 1705 a
1706. Em sua obra de 1711, relatou o costume dos negros de criarem reis, juízes e juízas em
virtude das festas de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito. O padre Antônio Pires, em
1552, faz referência a participação de negros em Pernambuco em Confraria do Rosário. Conta-
se também que em visita de missionários em território africano, eles confundiram Nossa
Senhora do Rosário com Ifá, orixá da adivinhação. Sobre a devoção a Nossa Senhora do Rosário
e aos chamados santos preto, conta-se que:

A fraternidade de Nossa Senhora do Rosário e dos Santos Pretos, entre os


quais São Benedito e Santa Efigênia, é constituída em Minas, por oito guardas,
a saber: Candomblé, Moçambique, Congo, Vilão, Marujos, Catupés,

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Cavaleiros de São Jorge e Caboclinhos (em certos lugares, estes últimos são
denominados tapuios, caiapós, botocudos ou caboclos)(Revista Congadas,
2004).

Segundo a tradição, todas as guardas teriam surgido do Candomblé. O candomblé é uma


guarda fechada que só sai para cantar em casas de reis congos, durante uma ocasião
importante. Para compreender esta estrutura devocional, é importante definir o que é a guarda
e o que ela representa:

A guarda é uma unidade religiosa ou grupo autônomo com denominação


particular e estandarte, conforme modelo tradicional. Aspectos rítmicos,
plásticos e funcionais caracterizam aquelas oito diferentes unidades, com
maior ou menor número de representações em Minas (Revista Congadas, 2004).

Todas essas guardas citadas formam a Congada, que é “a denominação genérica da


grande família coreográfica em torno de Nossa Senhora do Rosário e dos Santos Pretos”
(Revista Congadas, 2004).
As manifestações de júbilo a São Benedito existem desde o período colonial. A sua
celebração no Brasil está profundamente relacionada a escravos negros e seus descendentes.
Segundo a biografia dos santos, São Benedito era filho de escravos africanos e nasceu por volta
de 1526, na Itália. Era analfabeto ainda em sua fase adulta e trabalhou como cozinheiro,
despenseiro e guardião do mosteiro franciscano de Santa Maria em Palermo. Há uma história
que envolve seus milagres sobre a transformação de pães em rosas. Certa vez, ao levar pães
escondidos para dar pessoas pobres e com fome, foi surpreendido por seu superior. Questionado
sobre o que havia nas vestes, São Benedito disse que eram flores. Quando destampou, eram
realmente flores que estavam lá.
Embora São Benedito tenha uma ligação muito forte, sendo considerado protetor dos
cozinheiros, e também muito relacionado ao milagre envolvendo as rosas, normalmente é
representado com o menino Jesus no colo ou apoiado em um braço e, no outro, segurando um
crucifixo. Esta representação está ligada à lenda de que São Benedito havia ajudado Maria a
cuidar do menino Jesus, embora este dado seja cronologicamente inviável. Em 1763, Clemente
XIII declarou Frei Benedito “bem aventurado”, já em 25 de maio de 1807 foi canonizado.
Em Machado as danças do congo surgiram nas antigas fazendas onde era permitido aos

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escravizados dançar e cantar em dias de festejos dos santos. Segundo fontes orais, os primeiros
ternos do congo em Machado teriam surgido nas festas de São João. Posteriormente, eles teriam
passado a dançar em outros dias santos, como: São Sebastião, Nossa Senhora do Rosário, Santa
Efigênia, São Benedito, Santa Cruz.
Não se sabe ao certo a data em que surgiram as congadas e a Festa de São Benedito em
Machado. Todavia, há registros de que aconteceu em 13 de maio de 1914 uma festa em louvor
a São Benedito. Este registro refere-se a uma festa, e não à primeira festa, o que deixa margem
para se pensar que ela já ocorria há mais tempo, embora não se tenha encontrado registros
oficiais (Revista Congadas, 2004). Em 1923, a festa do congado em Machado ocorreu no mês
de setembro; em 1930, em novembro; em 1938 e 1939, no mês de julho, voltando a ocorrer em
setembro em 1940. Como podemos perceber por meio dessas datas levantadas por Ricardo
Moreira Rebello (2006), a festividade não possuía uma data fixa no calendário, o que só veio a
ocorrer posteriormente, definindo o mês de agosto, devido ao término da colheita de café.

Festa de São Benedito na década de 1950, o Adro da antiga Igreja de São Benedito, ainda de terra batida. Acervo
de Edward Garcia.

Entre as décadas de 1910 e 1920, as congadas costumavam dançar na Grama, atual Praça
Rui Barbosa, em torno de um cruzeiro, todavia, dançavam sem uma regularidade definida. A
Irmandade do Rosário, inclusive, chegou a construir uma capelinha no local, junto da qual
realizava sua festa. Posteriormente, a festa foi transferida para o adro da Igreja de Santa Cruz
que estava localizada na pracinha da velha caixa dágua. Já em 1923, a festa foi transferida para
o local onde ocorre atualmente, trocando o nome de Festa do Rosário para Festa de São

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Benedito.
A Festa de São Benedito é marcada por dois importantes aspectos: o litúrgico, presente
na doutrina da Igreja Católica, e os rituais de comportamento popular. O segundo é variado e,
de alguma forma, se afasta das normatizações da Igreja, sendo conduzido pela tradição. O
catolicismo popular é considerado por alguns estudiosos como uma “religião prática”. Em
alguns locais, ela foi perdendo sua autonomia para a Igreja, que passou a caracterizar muitos
aspectos da prática religiosa popular como profana, levando a algumas proibições ou restrições.
Dentre as atividades rituais litúrgicas, pautadas na ação da Igreja Católica, está a novena
dedicada ao Santo de Devoção.
Embora São Benedito não seja o Santo Padroeiro de Machado, ele é um santo muito
cultuado e adorado pelos machadenses e a Festa de São Benedito é uma das mais importantes
celebrações do município, tanto que foi Registrada como Patrimônio Imaterial de Machado, em
2012.
Na Igreja de São Benedito, localizada Av. Santa Cruz, 592 - Vila Novo Horizonte,
Machado - MG, CEP: 37750-000, ocorre a celebração da novena, as missas e orações dos fiéis
e congadeiros. Já na Praça São Benedito, ligada à Igreja, são montadas estruturas de barracas
de alimentação, jogos bem como a Tenda do Congo. Na Rua Airton Rodrigues Leite, próxima
à Praça de São Benedito, são montadas barracas que, vistas em seu conjunto, formam uma feira
de produtos diversos. Como se pode notar, a Festa de São Benedito envolve diversas entidades
gestoras, atuando cada uma em aspectos diferenciados que compõe a festividade.
A imagem de São Benedito aqui em estudo, é levada anualmente para a Tenda do
Congo, desde sua criação, em 2002.
A Tenda do Congo é montada na Praça de São Benedito desde 2002. O seu objetivo é
resgatar e apresentar em imagens e texto a história da Congada em Machado. Para atingir esse
objetivo, a Associação de Congadeiros, responsável pela Tenda do Congo, coleta o material
produzido na Festa do ano anterior e expõe na Tenda. A Tenda do Congo sempre tem um tema
de reflexão que também fica presente no Cartaz do evento. Cada ano é um tema e eles buscam
trabalhar em consonância com o tema da Campanha da Fraternidade.

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Fotografia do interior da Tenda do Congo com a Imagem de São Benedito no centro, no altar. Acervo da
Prefeitura de Machado.

2.3 Iconografia de São Benedito

De acordo com dados levantados por Ivan Cavalcanti Filho, São Benedito teria nascido
por volta de 1524, era filho de escravizados negros de origem etíope, de propriedade dos
Manasseri, família siciliana que lhe deu a liberdade logo ao nascer, em consideração aos seus
genitores, honestos empregados e piedosos cristãos. Aos dezoito anos, deixou sua atividade de
lavrador, se recolhendo numa comunidade de franciscanos eremitas sob a tutela de frei
Jerônimo Lanza, em Santa Domênica, perto de S. Filadelfo, onde foi admitido como religioso
leigo. Vinte anos depois, com a dissolução da comunidade pelo Papa Paulo IV, ingressou no
convento franciscano de Santa Maria de Jesus, localizado a 6 km de Palermo, onde, também na
aludida condição canônica, exerceu diferentes ofícios: cozinheiro, porteiro, faxineiro e sacristão
(CAVALCANTI FILHO, 2020).
Ivan segue descrevendo que apesar da ascendência ‘impura’ de São Benedito, aos olhos
da Regra, e do seu analfabetismo, já que no modelo escravocrata em que vivera não lhe foram
permitidos os estudos, por meio de seu testemunho de caridade, humildade e fé, mesmo sendo
frade leigo, impedido de exercer o sacerdócio, foi eleito superior na assembleia trienal do
convento supracitado – o capítulo provincial realizado em Palermo em 1578. Faleceu onze anos
depois, fiel aos princípios cristãos e à normativa da Ordem que o acolhera. A partir do
testemunho exemplar e dos prodígios a ele atribuídos, foi beatificado em 1743 pelo Papa Bento

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14, e canonizado sessenta e quatro anos depois em 24 de maio de 1807, pelo Papa Pio VII,
consumando processo iniciado em 1780. A partir de 1807 passa a ser chamado de São
Benedito. Benedito tornou-se, então o primeiro africano negro reconhecido como santo
pela Igreja Católica Romana (CAVALCANTI FILHO, 2020).
Para Ivan Cavalcanti Filho, não obstante a santidade de São Benedito só ter sido
oficializada em 1807, sua fama de milagres se espraiara na Espanha e Portugal já no século
XVI. Afinal, a Sicília estava, desde o início da citada centúria, sob o domínio da Casa de
Aragão, sendo os espanhóis e os portugueses os principais fornecedores de escravos no mundo
cristão. Essa relação comercial teria, portanto, estreitado as redes de comunicação entre a Sicília
e as nações ibéricas, contribuindo para que, no capítulo provincial de 1581, realizado em
Agrigento, Sicília, houvesse um grande afluxo de lusitanos e espanhóis ávidos por conhecer
Benedito, pois como guardião de convento, ele não podia faltar à importante reunião trienal
(CAVALCANTI FILHO, 2020).
Desse modo, de acordo com Ivan Cavalcanti Filho, tais evidências explicam a
introdução do culto à figura de Benedito pelos portugueses no Brasil já no início do século
XVII, poucos anos após o seu falecimento, sem ter passado pelos processos de beatificação e
canonização. A literatura destaca a devoção ao africano já em 1613 no Rio de Janeiro, e dez
anos depois no convento franciscano de Salvador. São Benedito teve grande aceitação na
colônia brasileira, sobretudo no âmbito das comunidades de escravizados, que com ele se
identificavam, tanto pela cor da pele como pela condição de subalternidade que lhes era imposta
no sistema escravista (CAVALCANTI FILHO, 2020). Em Guaratinguetá, desde 1726, há
cavalaria em louvor a São Benedito, tradicionalmente no domingo de Páscoa. No final do século
XVIII em Pirenópolis, foi criada e estabelecida na Igreja do Rosário dos Pretos uma Irmandade
dedicada a São Benedito.
Ivan Cavalcanti Filho escreveu, ainda, sobre a devoção no Brasil a São Benedito:

Na América Portuguesa, a devoção a São Benedito estava usualmente


associada ao culto a Nossa Senhora do Rosário, que era venerada por escravos
procedentes de Angola e do Congo. Afinal, a Virgem sob tal invocação já era
conhecida na África desde 1526, quando dois pretos livres da Ilha de São
Tomé solicitaram ao Rei de Portugal licença para o seu culto, apesar da

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primazia da devoção ser dos dominicanos, que gozavam dos privilégios


canônicos para tal, atuando nos seus mosteiros de Portugal desde o século 15.
No Brasil, os jesuítas propagaram a devoção entre escravos vindos da Guiné
a partir de 1552, tanto no contexto dos pequenos povoados, como, trinta e sete
anos mais tarde, nas zonas rurais onde ficavam os engenhos de açúcar. Assim,
os templos dedicados à Nossa Senhora do Rosário que, via de regra,
entronavam sua imagem no nicho central da capela-mor, tinham o santo de
Palermo num de seus retábulos colaterais; e no outro, uma devoção também
de origem etíope – Santa Efigênia – que, por gozar de grande aceitação dos
negros africanos, formava com as outras invocações, notável tríade no
repertório devocional dos negros no período colonial.

Diversamente de São Benedito, Santa Efigênia, filha dos soberanos do


pequeno reino da Núbia, era nobre, se convertendo ao Cristianismo na época
que Mateus pregou o Evangelho na África. Após ser batizada junto com os
pais, a futura santa foi recrutada para a Igreja pelo apóstolo como exemplo de
pureza e castidade. A consolidação dessas invocações nos templos dedicados
a Nossa Senhora do Rosário, bem como a prática dos respectivos cultos seriam
finalmente oficializados através da criação de irmandades, sendo a do Rosário
dos Pretos a mais antiga do Brasil colonial).
Tais irmandades eram associações através das quais os negros se integravam
à Igreja Católica, garantindo-lhes a participação em atos litúrgicos e outros
direitos que lhes eram cerceados em igrejas de “brancos bons”. Tais grêmios
eram regidos por Compromissos aprovados pela Mesa de Consciência e
Ordens de Lisboa, a qual, ao mesmo tempo que conferia aos negros a sensação
de inclusão na sociedade, imprimia limitações de comportamento para
garantir a subserviência deles à ordem constituída.

Com efeito, os escravos, ao se associarem a tais entidades, tinham garantia de


assistência na doença, suporte religioso no evento da morte, e a efetiva
participação nas procissões e festividades em homenagem às invocações às
quais as confrarias eram dedicadas, sem contar as comemorações de caráter
profano, como a procissão e coroação do rei e da rainha do Congo na
Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, cujos primeiros registros
na colônia são de 1666. A filiação às irmandades ainda conferia aos seus
membros uma importante prerrogativa – a possibilidade de serem levantados
fundos para sua alforria. Ademais, essas associações ofereciam as condições
para que seus membros, usando o imaginário católico, traduzissem seus ideais
culturais e simbólicos através das devoções aos santos de cor citados, e a
outros também de origem africana (CAVALCANTI FILHO, Vitruvius, 2020).

Com relação à iconografia do santo, Ivan Cavalcanti Filho considerou que as principais
versões foram adotadas, a exemplo do modelo italiano, onde Benedito apresentava roupa
franciscana, segurando o menino Jesus nos braços, este, via de regra, com roupa clara em tecido
verdadeiro; e o modelo português, cuja imagem trazia flores na mão esquerda, fazendo alusão

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ao ‘milagre dos pães’ que foram transformados em flores – uma aproximação com o
hagiológico de Santa Isabel de Portugal, onde moedas foram transformadas em rosas. O atributo
de um coração ou um tecido manchado de sangue na mão direita do santo consistia a
contribuição espanhola à iconografia, alusiva à passagem do desperdício de pão, cujos restos
quando cingidos na esponja com a qual ele lavava os pratos no convento, se transformaram em
sangue – o sangue dos pobres que necessitavam do alimento (CAVALCANTI FILHO, 2020).
No Brasil, é mais comum encontrar São Benedito com uma criança no braço esquerdo,
simbolizando o menino Jesus. É o caso da imagem tombada em Machado, objeto desse Dossiê.
Ele é conhecido também como São Benedito, o Mouro; Benedito, o Africano; e
Benedito de Palermo.
Os dados a seguir, sobre a descrição dos elementos de sua iconografia foram retirados
do site Cruz Terra Santa, e estão disponíveis em: https://cruzterrasanta.com.br/significado-e-
simbolismo-de-sao-benedito/129/103/.

A tonsura de São Benedito


A tonsura era o corte de cabelo usado pelos religiosos para simbolizar a
consagração que tinham feito a Deus e o voto de castidade. Assim, a tonsura de
São Benedito nos revela que ele era um consagrado a Deus e tinha feito voto de
castidade.
O hábito marrom de São Benedito - 1
O hábito marrom de São Benedito conta-nos a história da vida religiosa deste
grande santo. Aos 19 anos, o jovem Benedito reagiu com paciência e
misericórdia a um insulto por causa da cor de sua pele. O ato foi visto e admirado
por um eremita franciscano, que o convidou para ser também eremita, vendo em
Benedito a vocação religiosa. Benedito aceitou e viveu alguns anos como
eremita franciscano, dedicando-se inteiramente à oração, à caridade e à
penitência. Depois, os eremitas foram anexados aos Franciscanos Capuchinhos.
Frei Benedito acompanhou, passando a ser o cozinheiro da congregação.
O hábito marrom de São Benedito - 2
O hábito marrom de São Benedito simboliza também a humildade e a
simplicidade deste grande santo. Marrom é a cor da terra, a cor do 'húmus', de
onde vem a palavra humildade. Marrom também é a cor da simplicidade. Essas
virtudes humildade e simplicidade foram as granes marcas da vida de São

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Benedito. Cozinheiro do convento durante a maior parte de sua vida, exerceu


este serviço considerado 'inferior' com grande alegria e gratidão a Deus. Por isso,
conquistou a todos os seus confrades. Vendo a santidade de Frei Benedito, seus
confrades elegeram-no superior do convento. Depois de muito relutar, aceitou a
missão e exerceu-a com grande competência, levando grandes benefícios para o
convento. Terminada sua missão como superior, voltou a ser o cozinheiro com
toda a alegria.
O Menino Jesus no colo de São Benedito
O Menino Jesus no colo de São Benedito tem dois significados. O primeiro é
uma referência à experiência sobrenatural que São Benedito viveu várias vezes
com Menino Jesus. Muitas testemunhas viram o santo em profunda oração, tendo
em seus braços o Menino Jesus. O segundo significado é a presença de Deus na
vida de São Benedito. Isso transpareceu através da humildade, da alegria, da
santidade e dos milagres operados através do santo. Dentre eles destacam-se
ressurreições de dois meninos, curas de cegos e surdos e a multiplicação de pães
e peixes. Por isso ele é o santo protetor dos cozinheiros.
O terço nas mãos de São Benedito
O terço nas mãos de São Benedito simboliza seu espírito de oração profunda e
sua devoção a Nossa Senhora. Como todo bom franciscano, São Benedito era
um homem de profundo amor e devoção à Virgem Maria, dedicando-se todos os
dias à oração do santo rosário.
Oração
“Glorioso São Benedito, grande confessor da fé, com toda a confiança venho
implorar a vossa valiosa proteção. Vós, a quem Deus enriqueceu com dons
celestes, consegui-me as graças que ardentemente desejo, para maior glória de
Deus. Confortai o meu coração nos desalentos. Fortificai minha vontade para
cumprir bem os meus deveres. Sede o meu companheiro nas horas de solidão e
desconforto. Assisti-me e guiai-me na vida e na hora da minha morte, para que
eu possa bendizer a Deus nesse mundo e gozá-lo na eternidade. Com Jesus
Cristo, a quem tanto amastes. Assim seja, amém”.

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2.4 A contextualização histórica da imagem de São Benedito

A imagem de São Benedito, objeto desse Dossiê de Tombamento, está intimamente


relacionada com a Congada e os Congadeiros em Machado. A imagem de madeira é
considerada um Santo relíquia pelas centenas de congadeiros que se reúnem em Ternos de
Congada do município. Por ter a cabeça que movimenta e pode ser retirada do corpo, ele é
chamado de “São Benedito”, porque internamente ele é oco. Conta-se que antes do restauro,
ocorrido no final dos anos 1990, a imagem tinha uma portinhola nas costas onde as pessoas
deixavam pedidos e agradecimentos por graças alcançadas. Essa portinhola não existe mais e
não conseguimos comprovar se de fato ela existia. É provável que não existisse, porque ainda
hoje há pedidos escritos em papeizinhos e deixados debaixo da cabeça da imagem. Talvez
venha daí a ideia de que a escultura sacra seja “oca”.
Ressalta-se que mesmo não tendo localizado a procedência e autoria da imagem,
sabemos que ela foi esculpida com grande acuro técnico, como as imagens a seguir atestam. Os
detalhes do cabelo, do rosto com destaque para a boca sorrindo, entreaberta, e com dentes,
assim como dos olhos expressivos, deixam-nos conhecer a habilidade técnica do seu escultor.
Não temos datação, mas é provável, pelas características iconográficas e técnicas, que ela tenha
sido esculpida no final do século XIX.

Imagem 19: A cabeça fora do corpo da Imagem 20: O local onde a cabeça encaixa, e são colocados
imagem. Fotografia de Luis P. Grande Sarto, pedidos de milagres. Ainda tem papeizinhos lá dentro, que
março de 2022. está há décadas. Fotografia de Luis P. Grande Sarto, março
de 2022.

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Imagem 21: Imagem de São Benedito, Imagem 22: Imagem de São Benedito com o menino Jesus.
mostrando os detalhes do entalhe no cabelo, Fotografia de Luis P. Grande Sarto, março de 2022.
no rosto, orelha, olho e boca. Fotografia de
Luis P. Grande Sarto, março de 2022.

A história da imagem tem algumas versões que vamos enfatizar aqui, não tomando
nenhuma delas como verdade absoluta, mas como narrativas e versões de uma mesma história.
A antiga Igreja de São Benedito foi construída no ano de 1930, quando era pároco o
holandês Padre Cristiano Pilzecker, e demolida em 1965, quando o Cônego Walter Maria
Pulcinelli (1928-2017) chegou a Machado. Em 1928, Irineu Machado de Andrade ofereceu à
Capela uma imagem de Nossa Senhora do Rosário. Em 1939, Oscar de Paiva Westin e esposa
doaram o altar. Luiz Sabóia e Maria Juntolli ofertaram, respectivamente, um turíbulo e uma
campainha. Oscarina Pereira Lima deu um cálice. Em abril de 1942, o Vigário pediu ao Bispo
licença para benzer a imagem de São Benedito, destinada ao Culto Público (SILVA, 2014, pp.
18-19).
Presume-se que a imagem benzida em 1942 tenha sido a de São Benedito de madeira.
No entanto, não temos qualquer registro da procedência, dados de doação ou de datação dessa
imagem aqui evidenciada. Também não sabemos se de fato a imagem benzida em 1942 é a que
está sendo tombada. O que se sabe é que ela integrava o acervo da antiga Capela de São
Benedito, junto com uma imagem de Nossa Senhora do Rosário.
Segundo relato do Cônego Walter, concedido em 2015 a Bárbara Mançanares, a antiga
igrejinha de São Benedito “cheirava a morcego”, por este motivo quando ele chegou a

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Machado, em 1965, demoliu o templo para construção de uma nova. Desde sua chegada à
cidade, Cônego Walter esteve envolvido nos festejos de São Benedito, santo do qual era devoto.

Imagem 23: Festa de São Benedito, na década de 1930, vendo-se a fachada da antiga Igreja de São Benedito.
Acervo de Edward Garcia.

A antiga capela é descrita como um templo simples, onde congregavam os congadeiros


de Machado e ali, no adro de chão de terra batida, acontecia a tradicional Festa de São Benedito
anualmente. De acordo com Cônego Walter, a igreja foi demolida e outra construída no local,
com aproveitamento apenas de parte do alicerce. Uma planta foi elaborada pelo Sr. Leonel
Camargo. A inauguração ocorreu no dia 02 de abril de 1967. Na ocasião, aconteceu uma missa
campal no centro da praça, celebrada pelo então bispo Diocesano, Dom José de Almeida
Batista, com a benção da nova Igreja.

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Imagem 24: Festa de São Benedito na Capela de São Benedito, década de 1930. Acervo de Edward Garcia.

Segundo Márcia de Paula Souza, atual Secretária de Educação de Machado, na ocasião


da demolição da antiga Igrejinha, a imagem de São Benedito, entre outras imagens que estavam
nela, foram dadas sob guarda para que algumas pessoas cuidassem delas em suas casas até que
o novo templo ficasse pronto. Desse modo, a imagem de São Benedito, ora em processo de
tombamento, foi entregue ao líder do Terno de São Benedito e Nossa Senhora do Rosário, e
Rei Perpétuo Joaquim Ricardo da Silva, conhecido como Joaquim Santana. Joaquim Santana
nasceu em 02/04/1894 e faleceu no dia 02/04/1984, aos 90 anos. Junto com a imagem de São
Benedito ele teria recebido, também, a de Nossa Senhora do Rosário. Joaquim Santana morava
na rua Coronel Azarias, conhecida como Rua da Máquina, em Machado.

Imagem 25: Imagem antiga do Terno de São Benedito e Nossa Senhora do Rosário. In: Imagem &
Conteúdo, 2014, p. 29.

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Joaquim Santana, que teve a guarda da imagem de 1965 até o seu falecimento, em 1984,
contou a Murilo Carvalho, autor do livro “Artistas e Festas Populares”, que era chamado assim,
de Joaquim Santana e não Joaquim Ricardo da Silva, por causa do pai e do avô, que tinha
Santana no sobrenome.

Eu sou o rei do meu povo preto. Aqui no Machado eu nasci nas bandas dos
Caixetas. A primeira vez que eu dancei era menino ainda e foi no largo do
Rosário, eu lembro que nem fosse hoje. Tudo dançando e cantando, uma festa
bonita que nunca mais É com o nome do padre, do Filho e do Espírito Santo
que eu, Rei Congo dessa cidade de Machado, conto que tenho seguido meu
caminho até essa idade em que estou, muito satisfeito e contente, sempre
desejando o bem do meu povo, andando com a verdade do lado direito,
arrenegando o injusto e a mentira. Nesses anos tudo eu só tive satisfação, até
mesmo nas minhas tristezas do meu povo, que sempre precisa muito da
proteção de São Benedito e de Nossa Senhora do Rosário que é um povo
sofredor, mas que um dia vai encontrar de novo seu verdadeiro e certo destino.
Ave Maria.

Murilo Carvalho relata em seu livro uma fábula ouvida do Rei Perpétuo Joaquim
Santana, sobre a origem do congado em Machado:

O congo teve um princípio muito bonito aqui no Machado. No tempo do


cativeiro tinha uns que gastavam de caçar de bodoque. Aconteceu que,
caçando, acharam um nhambu que aparecia e sumia, aparecia e sumia. Eles
foram indo atrás, aí deu num rochedo de pedra e o nhambu sumiu derradeiro
e eles viram ali uma Santa Preta, uma estátua, em cima da pedra, no lugar onde
o nhambu sumiu. Aí, eles eram três companheiros, levaram a mão na Santa,
mas ela não saiu do lugar, não puderam tirar. Foram embora pra casa,
chamaram outros cativos e voltaram, uma porção de homens, rezando,
rezando em redor dela. Ainda não puderam tirar a Santa, ela não saiu do lugar.
Voltaram para casa e inventaram outro modo, que nem na África, e voltaram.
Aí chegaram e tocaram e dançaram em redor da Santa Nossa Senhora do
Rosário e cantaram: Vamo vamo, Nossa Senhora. Vamo vamo Nossa Senhora.
E quando viu, a Santa deitou, eles puderam trazer. Puseram em riba de uma
mesa e foram rezando, dançando admirando ela, adorando de vela acesa. Eram
todos gente africana, cantavam enrolado numa língua velha que era a deles.
Daí nós continuamos todo o sempre com o nosso canto e a nossa dança, para
homenagear a Santa e ao São Benedito que ajudou Nossa Senhora criar o
Menino Jesus Argemiro e foi cozinheiro preto (Revista Congadas).

Joaquim Santana era uma liderança entre os congadeiros e muito respeitado entre os
congadeiros de Machado. Por este motivo, ele foi Rei Perpétuo por décadas. Após a morte de

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Joaquim, em 1984, quem assumiu a Coroa de Rei Perpétuo foi seu filho Paulino Ricardo, que
ficou com a coroa poucos meses, pois faleceu no mesmo ano que o seu pai. Depois desses
acontecimentos, ninguém da família quis ficar com a coroa e foi feita uma eleição entre os
capitães dos ternos em 15 de junho de 1985, promovida pela Associação de Congadeiros com
o apoio do Vigário.
Disputaram a Coroa Deca e Geraldo Pereira Domingues, o José Dico, ficando Deca com
29 votos e José Dico, com 30. José Dico, então, ficou por quatro anos como Rei Perpétuo,
quando renunciou em 1989. Em julho de 1989, a Associação de Congadeiros fez nova eleição.
Nesta ocasião, Vitor Ricardo da Silva, mais conhecido como Vitor Santana, foi eleito e é até
hoje o Rei Perpétuo. Sobre o papel do rei no Reinado, Vitor Santana afirmou que é “tradição,
coisa de raiz, que vem de pai para filho”. Vitor é filho de Joaquim Ricardo da Silva, o antigo
Rei Perpétuo, e se recorda da imagem que ficou sob a guarda do pai durante décadas.
O presidente da Associação de Congadeiros de Machado, Cláudio Aparecido de
Carvalho, se recorda que a avó, dona Benedita de Souza Carvalho, já falecida há mais de uma
década, contava que a imagem tinha sido esculpida por negros, mas não sabia contar quando e
por quem ela teria sido esculpida.
Márcia de Paula Souza se recorda que uma das tristezas do Cônego Walter era não ter
localizado a imagem de São Benedito quando a nova Igreja foi construída. Ele acreditava que
ela tinha se perdido. Segundo Márcia, começou-se, então, uma saga para tentar localizar a
imagem de São Benedito, nos anos 2000.
A história da redescoberta da imagem é inusitada. Conta-se que enquanto ela esteve sob
a guarda de Joaquim Santana, a imagem era usada com rituais de benzeção. Não era uma
imagem para contemplação, ao contrário. Nos rituais de benzer, Joaquim Santana e seus
familiares usavam a imagem e, com o tempo, ela foi se deteriorando. Quando Joaquim Santana
faleceu, em 1984, não se sabe ao certo se ela foi levada para o cemitério junto com o Joaquim
Santana e depositada em seu túmulo, como narram algumas versões, ou se ela foi jogada aos
pés de um Cruzeiro, chamado Cruzeiro das Almas.
O que se sabe é que as imagens danificadas, que foram quebradas ou perderam partes,
na tradição católica, são levadas para os pés de um cruzeiro. No caso de Machado, os fiéis

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levam as imagens danificadas para os pés de um Cruzeiro que existe dentro do Cemitério da
Saudade.
No Cemitério da Saudade, trabalhou uma senhora, durante décadas, de nome Maria
Aparecida dos Santos (1940-2017), conhecida como "Maria do Cemitério". Personagem popular
em Machado, Maria faleceu em 2017, aos 77 anos. Desde criança Maria acompanhava o pai,
coveiro, ao cemitério. Quando cresceu, ela própria se tornou coveira e foi morar dentro do
cemitério.
Maria tinha o hábito de enterrar as imagens que eram depositadas aos pés do Cruzeiro.
Ela contou para Márcia que encontrou aos pés do Cruzeiro uma imagem de madeira, sem
cabeça, não se sabe a época, talvez final dos anos 1980. Não se sabe também o porquê, ao invés
de enterrá-la, como as outras, Maria pegou a imagem e a guardou numa salinha onde as pessoas
iam rezar e deixar velas, e que tinham outras imagens. Em outra sala, em que ficavam muitas
imagens, Maria teria encontrado a cabeça da imagem ora em tombamento. Maria então juntou
corpo e cabeça e a deixou nessa salinha onde ficavam as velas e as pessoas iam rezar. Essa sala
não existe mais, no seu lugar foi construído um memorial onde estão depositados os restos
mortais do Cônego Walter. Maria teria dito a Márcia que a imagem era muito bonita e ela
mesma não sabia explicar o porquê, mas se sentiu tocada a guardar aquela imagem de madeira,
mesmo sem cabeça, num primeiro momento.
Segundo Márcia, esse fato teria se dado no final dos anos 1990 início dos anos 2000,
quando ela era professora e entrou para a Associação de Congadeiros. Naquele momento, ela e
outras professoras realizavam o projeto “Renascer a Congada”, que tinham três frentes: 1)
Resgatar a autoestima dos Congadeiros, com o Projeto dia do Congo; 2) Levar a Congada para
a Educação, criando o Prêmio Congadas, foi nessa época que foram criados os ternos mirins
das escolas de Machado; e 3) o Congadeiro retomar o espaço dele na Praça de São Benedito e
foi criada a Tenda do Congo durante a Festa de São Benedito.
Foi nessa época que começaram a procurar pelas imagens perdidas da antiga Igreja de
São Benedito e então chegaram à imagem que estava no cemitério. Maria teria então entregue
a imagem de São Benedito para a Prefeitura de Machado, que a enviou para restauro, dado o
seu estado de conservação precário. Segundo Rosa Signoretti, a imagem passou por restauro e

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limpeza por volta de meados da década de 1990, mas os dados do restaurador não foram
localizados e nem a data correta. É possível que ela tenha sido restaurada nos aos 2000.
As datas em que a imagem foi deixada e encontrada no cemitério, e depois enviada para
restauro e chegou à Casa da Cultura, são confusas. O que se sabe, é que ela foi deixada no
cemitério nos anos 1980, depois do falecimento de Joaquim Santana, e que desde que a Tenda
do Congo foi criada, nos anos 2000, ela é levada para culto nesse local, durante as edições
anuais da Festa de São Benedito.
Quando a imagem voltou do restauro, semelhante a como está agora, com a pintura
retocada, o douramento em destaque, entre outros, os Congadeiros a reconheceram e a
requisitaram para eles novamente, já que a imagem é considerada um santo relíquia e adorada
por eles. Foi feito então um acordo: que a imagem ficasse guardada na Casa da Cultura de
Machado e que todo ano, durante a Festa de São Benedito, ela fosse levada para a Tenda do
Congo para que os congadeiros pudessem reverenciá-la.
Desde então, a imagem permanece na Casa da Cultura de Machado, onde está guardada
em segurança e local apropriado, e anualmente é levada para a Tenda do Congo, durante a Festa
de São Benedito. Quando a Festa termina, ela é levada de volta para a Casa da Cultura.
A seguir inserimos imagens do Cemitério da Saudade, em Machado, com o túmulo de
Joaquim Santana e o Cruzeiro para onde são levadas imagens danificadas e onde foi localizada,
pela Maria do Cemitério, a imagem de São Benedito que está sendo tombada.

Imagem 26: Fotografia de Joaquim Santana, Imagem 27: Tumulo de Joaquim Santana no Cemitério da
como Rei Perpétuo da Festa de São Saudade, de Machado. Cristiane Magalhães, 27 jun. 2022.
Benedito de Machado. A fotografia está em

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seu túmulo no cemitério de Machado.


Cristiane Magalhães, 27 jun. 2022.

Imagem 28: Cruzeiro chamado de Cruz das Imagem 29: Cruzeiro chamado de Cruz das Almas, no
Almas, no Cemitério da Saudade, em Cemitério da Saudade, em Machado, onde a imagem foi
Machado, onde a imagem foi encontrada, encontrada, e onde são depositadas imagens quebradas.
sem a cabeça. Cristiane Magalhães, 27 jun. Cristiane Magalhães, 27 jun. 2022.
2022.

Imagem 30: Imagens danificadas aos pés do Imagem 31: Sala com velas e imagens no Cemitério. Foi numa
Cruzeiro do Cemitério da Saudade, em sala assim que a imagem foi colocada pela Maria do Cemitério
Machado. Cristiane Magalhães, 27 jun. durante vários anos. Cristiane Magalhães, 27 jun. 2022.
2022.

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3. Justificativas para o tombamento

Conforme referenciado ao longo do Dossiê de Tombamento, a imagem de São Benedito


em evidência está intimamente relacionada com a Congada e os Congadeiros em Machado. A
imagem de madeira é considerada um Santo relíquia pelas centenas de congadeiros que se
reúnem em Ternos de Congada e da Festa de São Benedito do município. Por ter a cabeça que
movimenta e pode ser retirada do corpo, ela também é conhecida como “São Benedito do Pau
Oco”, porque internamente ela é oca.
Confeccionada em madeira, a imagem apresenta características que remetem ao estilo
Barroco, pela dinâmica formal, pelos movimentos das vestes e reentrâncias, configurando uma
relação volumétrica bastante característica. Embora não tenhamos datação, é provável que
tenha sido entalhada no final do século XIX, por causa de suas características estilísticas.
Historicamente, a imagem integrava o acervo sacro da antiga Capela de São Benedito,
demolida em 1965. Depois dessa década, ela ficou guardada com a família do líder congadeiro
e Rei Perpétuo Joaquim Santana, que a utilizava, inclusive, em rituais de benzeção. Com o
falecimento de Joaquim Santana, em 1984, ela foi deixada no Cruzeiro do Cemitério da
Saudade, em Machado, sendo resgatada pela coveira à época, conhecida como Maria do
Cemitério. Depois de resgatada, ficou muitos anos sob o cuidado de Maria, no Cemitério da
Saudade, depois, foi localizada por professores e levada para a Casa da Cultura de Machado,
quando foi restaurada e permanece no acervo da Casa da Cultura até os dias atuais. Nessa
ocasião, os congadeiros de Machado requisitaram para si a propriedade da imagem.
Por ser uma imagem adorada pelos congadeiros e os devotos de São Benedito, ela é
exposta, anualmente, na Tenda do Congo, que é construída na Praça de São Benedito durante a
Celebração anual da Festa de São Benedito. Nessa ocasião, os devotos e congadeiros em geral
reverenciam a imagem em adoração, durante os 12 dias da Celebração religiosa.
Ressalta-se que para além do seu valor simbólico, afetivo e religioso, a imagem possui
alta qualidade técnica no panejamento, com ricos detalhes de entalhe na madeira e cuidadoso
trabalho de pintura e douramento. Assim explicitado, pelos seus valores histórico, simbólico,
artístico, estético, de afetividade e de religiosidade, a imagem conhecida como São Benedito
está sendo tombada.

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4. Descrição do Bem Cultural

4.1 Descrição detalhada do Bem Cultural

MUNICÍPIO Machado / MG
ACERVO
Casa da Cultura de Machado
(Acervo Cônego Walter Maria Pulcinelli)
DESIGNAÇÃO Imagem de São Benedito

TEMÁTICA Religiosa
FUNÇÃO Adoração e prece
PROPRIEDADE Privada; Associação de Congadeiros de
Machado
ENDEREÇO Rua João Miguel da Silva, n°64, centro
Machado/MG. Casa da Cultura de Machado.
LOC. ESP.Oratório de madeira, localizado na sala de
exposição principal da Casa da Cultura
ÉPOCA Primeiro quartel do século XX

ORIGEM Desconhecida
AUTORIA Desconhecida
MATERIAL/TÉCNICA Escultura em madeira, com talha e
policromia.
PROCEDÊNCIA Machado / MG

MARCAS/DESCRIÇÕES N.C.
CONDIÇÕES DE SEGURANÇA Boa

DIMENSÕES
Altura = 50cm
Largura = 21cm
Profundidade = 15cm
ESTADO DE CONSERVAÇÃO Regular

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Descrição da Imagem

A escultura de São Benedito, que está alocada em oratório de madeira e vidro, repousa
em pedestal de mármore, a aproximadamente 70 cm do piso. O oratório, localizado em sala de
exposição principal da Casa da Cultura de Machado, localizada no subsolo da edificação
,encontra-se em posição de destaque, de acesso direto para o observador que adentra o recinto.

Confeccionada em madeira, a imagem apresenta características que remetem ao estilo


Barroco, pela dinâmica formal, pelos movimentos das vestes e reentrâncias, configurando uma
relação volumétrica bastante característica.

Composição
EIXO Vertical;
VOLUME Volume distribuído de forma equitativa, de forma
equilibrada; Cabeça e Menino Jesus encaixados no eixo
principal;
LINHA Usada para definir feições, assim como o movimento das
vestes;
COR Policromia, com destaque para o preto, o marrom e o
dourado;
LUZ Jogos de luz e sombra evidenciados pelos sulcos e
reentrâncias.

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A imagem em posição frontal; representação de suas dimensões, ao centro; esquema de encaixe da cabeça,
separada do eixo principal. Adaptação e fotografia: Luís Sarto; maio/2022.

A figura, em posição frontal, com a cabeça levemente inclinada para a direita, mostra-
se plena, equilibrada, e serena, com vãos direcionados principalmente entre o volume das vestes
superiores – manto -, e da estrutura principal - corpo. De feição masculina, com carnação negra
levemente irregular, perceptível em toda a escultura, traz postura completamente ereta, com
leve movimento apenas nos pés e nos braços, que por sua vez, sugerindo leveza e precisão,
encontram-se flexionados à frente do corpo e destacam-se pela forma como as mãos se
comportam. A mão esquerda arqueada, segurando o menino Jesus (figura infantil, de carnação
bege clara e cabelos escuros, com precisão nos contornos dos olhos, nariz e boca); e a mão
direita livre, mostrando movimento principalmente nos dedos, que são longos e bem
demarcados, sugerindo proteção ao menino.

De feição leve e esboçando um sorriso sutil, com boca semiaberta, o rosto, de formato
arredondado, tem glabela larga, assim como o contorno nasal, proeminente na altura mediana
e raso na altura dos olhos que, por sua vez, em tons de preto, expressam-se arredondados,

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marcados nas pálpebras inferior e superior, sem cílios. As sobrancelhas seguem o contorno dos
olhos, pouco arqueadas, finalizadas nas têmporas. De boca pequena, com traço simples e lábios
levemente abertos, segue a coloração do restante da face. O rosto possui contorno bem
delineado, com bochechas e queixo levemente proeminentes, arredondados e seguindo a
harmonia do restante, com carnação lisa, uniforme, sem barba ou bigode. A testa, larga, com
boa parte exposta e descoberta, possui cabelos consideravelmente ondulados e na mesma
coloração do restante da cabeça, em tons de preto. O contorno dos cabelos, curtos, segue a talha
da madeira.

O busto é pouco proeminente, totalmente encoberto por um manto na mesma cor do


restante, com gola elevada de formato arredondado e com policromia em tons de dourado,
seguindo motivos fitomorfos e de arabescos. O manto se dá como cobertura superior à túnica e
vai até a altura mediana do eixo principal. A policromia em dourado está presente
principalmente na parte superior frontal do manto, na altura do busto, e segue delineando seu
contorno até a base. Na parte posterior, traz desenhos no que vem a ser um capuz, na altura do
pescoço, também na mesma cor do restante da imagem e com o mesmo trabalho em policromia.
O trabalho de ornamentação do manto segue por toda a sua borda, contornando-o, portanto, em
sua parte inferior, em tons de dourado.

Todo o corpo é encoberto por uma grossa túnica, claramente sobreposta pelo manto,
indo até a altura dos pés - que estão expostos, com dedos e sandália bem demarcados -,
encobrindo-os parcialmente. Por sua vez, tal panejamento, bastante característico e significativo
para a iconografia da imagem, tem sulcos e reentrâncias, sugerindo o movimento das vestes e
gerando drapeados nas ondulações. Os mesmos motivos presentes no manto se repetem na
túnica, em sua parte inferior, sugerindo um barrado decorado com motivos fitomorfos e
arabescos, também na cor dourada.

Todo o corpo encontra-se fixo à superfície hexagonal, seguindo o formato retangular,


também em madeira, e que serve de base ao eixo principal. Sem ornamentação, não possui
sulcos ou reentrâncias e se destaca por possuir coloração mais clara que o restante da imagem.

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De forma geral, toda a escultura possui policromia com destaque para os tons escuros,
do preto ao marrom, e detalhes de ornamentação em dourado. Pode-se dizer que sua
característica principal, no que tange à policromia, é que tanto o panejamento quanto a carnação
seguem com o mesmo tom escuro, estando os elementos na cor dourada, em destaque.

4.2 Análise técnica e estilística

Diversos materiais foram usados na produção escultórica no decorrer dos séculos. Desde
o mármore, o metal, a cerâmica, a madeira, até o gesso, estes materiais foram empregados na
produção da estatuária desde a Antiguidade até a idade contemporânea.

A madeira, em especial, destaca-se por ser um material com que muitos artistas, artífices
e artesãos, utilizam como suporte para a imaginária, utilizando-se da técnica do entalhe – ou
talha -, que tem como definição, de acordo com o dicionário Aurélio: “obra de arte feita a partir
de madeira, de pedra ou usando outros materiais; ação de entalhar, de recordar ou de esculpir
em madeira.”

Trata-se, portanto, de uma escultura que apresenta o entalhe em madeira como sua
principal característica. A técnica possibilita, através de sulcos, reentrâncias e volutas, a criação
de elementos e formas pelas quais a imagética se revela. Isso permitiu com que, historicamente,
as esculturas fossem disseminadas pelas igrejas, capelas e oratórios domésticos e, então,
perpetuadas não apenas o tradicionalismo de adoração e devoção, como também a imagética e
os diferentes elementos iconográficos constituintes das imagens.

Além da talha, como descrito, foi utilizada policromia para a ornamentação das vestes
e do manto, em tons de dourado, com desenhos de arabescos e com motivos fitomórficos,
simulando rendilhados e bordados. A baixa expressão volumétrica e de ornamentação na porção
posterior da imagem sugere uma escultura de nicho de altar, ou de oratório doméstico, com
caráter de adereço para devoção imediata dos religiosos.

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4.3 Condições de Segurança

A escultura encontra-se consideravelmente bem protegida no oratório confeccionado


em madeira. O oratório, por sua vez, possui base retangular e volume verticalizado, com as
laterais e a parte frontal em vidro, parte posterior e superior em madeira. A escultura está
abrigada da ação nociva dos ventos e das intempéries, coberta, portanto, longe da umidade e
dos raios solares de incidência direta.

O ambiente em que a imagem se encontra mostra-se seguro, no interior do edifício que


abriga a Casa da Cultura de Machado, juntamente com outros objetos de interesse cultural para
o município. O espaço conta com boa estrutura, revestimento no piso e nas alvenarias, assim
como iluminação e circulação de ar adequadas.

4.4 Análise do estado de conservação

Considera-se como regular seu estado de conservação. A peça apresenta-se com algum
desgaste, contando com pequenas abrasões e sujidades, porém, não há lacunas, partes faltantes
ou comprometimento de sua imagética. A escultura foi dividia em três partes, sendo elas:
cabeça, a estrutura com eixo principal e o menino Jesus. Nota-se que, tanto a cabeça quanto o
menino Jesus são separados do restante, não havendo ligação fixa, apenas encaixe. Tais partes
mostram-se com deterioração tal como as demais, com leves abrasões, descascamentos
pontuais, presença de sujidades aderidas e esbranquiçamento da policromia. Salienta-se, ainda,
a presença de ataque de insetos xilófagos na base do pescoço. Entretanto, não apresentam partes
faltantes ou desprendimentos.

Todo o eixo principal da imagem encontra-se em estado regular de conservação,


apresentando apenas esbranquiçamento da camada pictórica, perda da camada pictórica
policromada em alguns trechos, como na extremidade dos dedos das mãos e no manto,
principalmente em sua parte posterior. Na base, na altura dos pés, entretanto, não há perda de
partes constituintes, nem mesmo trincas ou maiores deteriorações.

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A presença de sujidades superficiais é considerada acentuada em toda a imagem


(poeira), principalmente nos sulcos das vestes e reentrâncias. A peanha, em madeira, por sua
vez, apresenta parafusamento feito por dois parafusos metálicos, posicionados no centro da
peça e que fazem a ligação com o eixo principal da escultura.

De forma geral, mostra-se afetada por patologias comuns à madeira, como danos
oriundos da ação de agentes bióticos, como insetos xilófagos, além de craquelês na policromia,
evidentes principalmente na ornamentação na cor dourada, entretanto, não há deteriorações que
interfiram no manuseio do bem, nem mesmo a perda de suporte ou instabilidade estrutural da
imagem.

Nota-se, ademais, a ausência de práticas de conservação e preservação do bem, o que


naturalmente faz com que possivelmente maiores danos possam ser causados à imagem, uma
vez que não há práticas corretas de manuseio ou higienização.

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5. Documentação fotográfica

Imagem 32: Perspectiva frontal da imagem. Imagem 33: Perspectiva posterior da imagem.
Fotografia: Luís P. Sarto; maio/22. Fotografia: Luís P. Sarto; maio/22.

Imagem 34: Perspectiva lateral direita da imagem. Imagem 35: Perspectiva lateral esquerda da
Fotografia: Luís P. Sarto; maio/22. imagem. Fotografia: Luís P. Sarto; maio/22.

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Imagem 36: Perspectiva posterior em detalhe. Fotografia: Luís P. Sarto; maio/22.

Imagem 37: Perspectiva frontal em detalhe. Fotografia: Luís P. Sarto; maio/22.

Imagem 38: Perspectiva do manto em detalhe. Fotografia: Luís P. Sarto; maio/22.

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Imagem 39: Detalhe lateral da imagem. Fotografia: Luís P. Sarto; maio/22.

Imagem 40: Detalhe lateral da imagem. Fotografia: Luís P. Sarto; maio/22.

Imagem 41: Detalhe superior da cabeça. Fotografia: Luís P. Sarto; maio/22.

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Imagem 42: Detalhe da peanha. Fotografia: Luís P. Sarto; maio/22.

Imagem 43: Detalhe das vestes. Fotografia: Luís P. Sarto; maio/22.

Imagem 44: Detalhe da peanha e dos pés. Fotografia: Luís P. Sarto; maio/22.

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Imagem 45: Detalhe da base da imagem. Fotografia: Luís P. Sarto; maio/22.

Imagem 46: Detalhe da base da imagem. Fotografia: Luís P. Sarto; maio/22.

Imagem 47: Detalhe das vestes. Fotografia: Luís P. Sarto; maio/22.

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Imagem 48: Perspectiva frontal com detalhe para as mãos e o menino Jesus. Fotografia: Luís P. Sarto;
maio/22.

Imagem 49: Perspectiva frontal da escultura com a cabeça encaixada. Fotografia: Luís P. Sarto;
maio/22.

Imagem 50: Perspectiva frontal da escultura sem a cabeça. Fotografia: Luís P. Sarto; maio/22.

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Imagem 51: Detalhe do encaixe da cabeça. Fotografia: Luís P. Sarto; maio/22.

Imagem 52: Detalhe da base da cabeça. Fotografia: Luís P. Sarto; maio/22.

Imagem 53: Detalhe da cabeça em perspectiva lateral. Fotografia: Luís P. Sarto; maio/22.

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Imagem 54: Perspectiva lateral da escultura sem a cabeça. Fotografia: Luís P. Sarto; maio/22.

Imagem 55: Detalhe do parafusamento na base. Fotografia: Luís P. Sarto; maio/22.

Imagem 56: Perspectiva da sala em que a escultura se encontra. Fotografia: Luís P. Sarto; maio/22.

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Imagem 57: Perspectiva da sala em que a escultura se encontra, com detalhe para o oratório em sua
base de mármore. Fotografia: Luís P. Sarto; maio/22.

Imagem 58: Corredor de acesso à sala em que a escultura se encontra. Fotografia: Luís P. Sarto;
maio/22.

Imagem 59: Detalhe da placa inserida na sala que contém o acervo da Casa da Cultura. Fotografia:
Luís P. Sarto; maio/22.

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Imagem 60: Detalhe da escultura no oratório de madeira. Fotografia: Luís P. Sarto; maio/22.

Imagem 61: Detalhe da parte superior do oratório de madeira. Fotografia: Luís P. Sarto; maio/22.

Imagem 62: Detalhe da parte lateral do oratório de madeira. Fotografia: Luís P. Sarto; maio/22.

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Imagem 63: Placa de identificação no oratório. Fotografia: Luís P. Sarto; maio/22.

Imagem 64: Perspectiva exterior do edifício da Casa da Cultura. Fotografia: Luís P. Sarto; maio/22.

Imagem 65: Prefeito de Machado, Maycon William, assina o Decreto de Tombamento da Imagem de
São Benedito. Agosto de 2022.

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Imagem 66: Prefeito de Machado, Maycon William e Secretário João Alexandre, com a Imagem de
São Benedito na abertura da Tenda do Congo. Agosto de 2022.

Imagem 67: A Imagem de São Benedito conduzida para a Tenda do Congo pelos Congadeiros, em
agosto de 2022. Acervo da Prefeitura de Machado.

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Imagem 68: A Imagem de São Benedito conduzida para a Tenda do Congo pelos Congadeiros, em
agosto de 2022. Acervo da Prefeitura de Machado.

Imagem 69: Os Ternos de Congo reverenciam as imagens na Tenda do Congo, em agosto de 2022.
Acervo da Prefeitura de Machado.

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6. Notícias da Mídia e publicidade do bem

A Casa da Cultura de Machado possui um acervo riquíssimo com notícias de jornal em


que a Festa de São Benedito aparece. Inserimos algumas matérias sobre a Tenda do Congo onde
a imagem fica exposta anualmente.

Abertura da Tenda do Congo em agosto de 2018. https://folhamachadense.com.br/abertura-tenda-do-congo/

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Abertura da Tenda do Congo em 2019. https://gazetamachadense.com.br/tenda-do-congo-e-inaugurada/

Abertura da Tenda do Congo em 2019. https://folhamachadense.com.br/consul-da-africa-do-sul-abre-tenda-do-


congo/

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Abertura da Tenda do Congo em 2005:


https://www.facebook.com/prefeiturademachado/posts/pfbid0xwPrTfksMK5bB3qtwg9iRBVtc9fBsPTWNA3Jp
WJwwGuJeHFq86NB1g7ZyvkZH4r8l

Tenda do Congo em 2015.


https://www.facebook.com/photo/?fbid=823690244412200&set=pcb.823691001078791

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Montagem da Tenda do Congo em 2015: Facebook da Prefeitura de Machado.


https://www.facebook.com/prefeiturademachado/posts/pfbid022WTUFvjZY7Z1F8jdjYxtL4ojA2u9t1YjGdjXa
Wad8uueC3XQA6dHYi5qirtyNo7Jl

Vídeo de divulgação da história da imagem e divulgação do seu tombamento


Disponível em: https://www.facebook.com/casadaculturademachado/videos/728252821608328/

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22 de agosto de 2022. Disponível em:


https://www.facebook.com/prefeiturademachado/posts/pfbid02MyHXS8nd1usXmmvy1x9W3qp92wY5ZmPfk
WJQ7ADLdkr2S7DwSpxYt9bzAXQ2ke5rl

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Imagem de São Benedito na Abertura da Tenda do Congo, em 2022, e assinatura do decreto do seu tombamento.
Disponível em: https://www.facebook.com/photo/?fbid=450194890484347&set=pcb.450210057149497

Imagem de São Benedito na Abertura da Tenda do Congo, em 2022, e assinatura do decreto do seu tombamento.
Disponível em: https://www.facebook.com/photo/?fbid=450196287150874&set=pcb.450210057149497

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Facebook da Casa da Cultura de Machado divulga o tombamento da imagem:


https://www.facebook.com/profile/100063756664970/search/?q=tombada

Matéria do Jornal Estado de Minas, de 23/08/2022. Disponível em:


https://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2022/08/23/interna_gerais,1388508/imagem-de-sao-benedito-e-
tombada-como-patrimonio-
cultural.shtml?utm_source=hardnews&utm_medium=hardnews&utm_campaign=score&utm_term=undefined&f
bclid=IwAR3nLVlkirlqTjEwDV4at0tqNC4nLn0hdTejPH-ZtwLL4jhjSbS5G3V3Sb4

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7. Diretrizes Intervenção e Restauração no Bem Tombado

Além dos objetivos gerais da conservação dos bens culturais, como os prescritos pelas
Cartas de Veneza (1964) e do Restauro (1972) que sustentam que os bens devem ser
conservados tendo em vista a sua transmissão às gerações futuras, o estabelecimento de
objetivos específicos para determinado objeto é de fundamental importância para a execução
das atividades de conservação.
Neste contexto, os objetivos são os resultados que se deseja obter através de uma ação,
ou de um conjunto de ações específicas. É importante destacar que estes objetivos estão tão
ligados aos valores e à significância atribuídos aos objetos, quanto à própria matéria ou processo
que os conformou. Assim, os objetivos de intervenção na estrutura física do objeto devem estar
ao lado com aquilo que se deseja que o objeto expresse ao fim da ação. Neste sentido, os valores
e a significância reconhecidos no objeto são de essencial importância para a determinação dos
objetivos das ações que incidirão sobre ele.
Como existe o imperativo legal de se estabelecer diretrizes para intervenção em bens
tombados, dado o interesse de sua preservação, um primeiro fator a considerar consiste em
respeitar todos os seus aspectos, decorativos e técnicos, e adotar procedimentos de acordo com
as diretrizes nacionais e internacionais de preservação. Não se deverá proceder a nenhuma
intervenção no Bem Cultural sem um detalhado levantamento e registro dos elementos
existentes no mesmo.

7.1 Este bem cultural deve ser respeitado em sua totalidade e, qualquer que seja o projeto de
intervenção e/ou restauração no bem, exige que o mesmo deverá ser analisado e aprovado,
previamente, pelo órgão competente;
7.2 Qualquer intervenção ou manutenção neste bem deverá ser previamente aprovada pelos
órgãos de preservação, Setor de Patrimônio do Município de Machado – MG. Além disso,
é essencial a participação de técnicos especializados na elaboração e execução de tais
projetos;

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7.3 Qualquer ambiguidade ou contradição existente na aplicação da legislação municipal e/ou


diretrizes de intervenção no bem tombado e seu entorno, será decidida soberanamente pelo
Setor de Patrimônio do Município de Machado – MG;
7.4 Toda e qualquer intervenção deverá ser documentada através de memorial descritivo e, no
curso das obras, de relatórios textuais e fotográficos, como um documento da memória da
intervenção;
7.5 Deverão ser consultados especialistas e os órgãos responsáveis pelo patrimônio, para buscar
orientação sobre projetos, autorizações, acompanhamento e fiscalização antes de iniciar
qualquer intervenção;
7.6 Qualquer intervenção deverá respeitar os valores estéticos, históricos e culturais do Bem e,
na medida do possível, pautar o projeto pelo princípio da mínima intervenção na
autenticidade do mesmo, seja ela artística, histórica, dos materiais ou dos processos de
execução;
7.7 A autenticidade corresponde ao respeito às ideias que orientaram a concepção do Bem
Cultural ao reconhecimento das alterações introduzidas ao longo de sua existência. Tão
importante quanto a manutenção dos materiais e dos aspectos estéticos é a garantia da
preservação da autenticidade dos processos de execução e suas peculiaridades, evitando o
uso de técnica e/ou materiais que sejam incompatíveis, descaracterizem ou que possam
gerar danos ao Bem. Esta premissa deverá permear todos os aspectos associados ao Bem,
não devendo a intervenção proposta alterar ou falsificar os valores contidos nos materiais,
técnicas construtivas e aspectos estéticos;
7.8 Sugere-se a inclusão do bem nos projetos de educação patrimonial desenvolvidos com a
comunidade local com o intuito de sensibilizá-la para a importância da preservação do
patrimônio cultural local;
7.9 Destaca-se que essas normas são passíveis de revisões periódicas visando à adequação e
atualização do município, desde que sejam previamente analisadas e aprovadas pelo Setor
de Patrimônio do Município de Machado – MG.

7.1.1 Diretrizes Específicas

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7.1.2 Deverão ser respeitados os atributos e especificações existentes na ornamentação e na


policromia da escultura. Os referidos elementos estão relacionados à iconografia
característica da imagem;
7.1.3 Na impossibilidade da manutenção dos materiais originais, deverão ser propostos
outros, desde que seja considerada a compatibilidade com os pré-existentes, em suas
características físicas, químicas e mecânicas e características visuais, atendendo ao
princípio da distinguibilidade, ou seja, as intervenções devem ter a marca do seu tempo
e as técnicas para alcançar tal resultado deverão ser justificadas teórica e tecnicamente,
e previamente acordadas com as partes envolvidas;
7.1.4 A adição de novos materiais deverá ser sempre comedida e, preferencialmente, será
recomendada a utilização de materiais e técnicas reversíveis, ou seja, que possam ser
removidos a qualquer momento, sem danos ao Bem Cultural. Na impossibilidade, haja
vista a diversidade de tipologias e situações, a proposição deverá ser justificada, técnica
e teoricamente;
7.1.5 Como parte dos condicionantes a serem observados nas decisões do restauro adotadas
no projeto, serão considerados os valores simbólicos e de uso do Bem Cultural e a
proposta de intervenção deve ser discutida previamente com a comunidade, sobretudo
com os grupos sociais para os quais ele constitui parte significativa de práticas culturais;
7.1.6 O deslocamento do Bem Cultural para receber a intervenção restaurativa em outro local
que não seja aquele no qual se encontra sob a guarda deve ser recomendada apenas em
casos excepcionais e com argumentação clara e precisa que o justifique;
7.1.7 A degradação da escultura, executada em madeira, poderá ter origem física, química e
biológica, as quais poderão estar associadas às condições ambientais existentes ou à
ação humana. Alguns destes problemas são decorrentes da má condição predial (local
de guarda do bem), muitas vezes ocasionada por goteiras ou umidade ascendente, ou da
fiação elétrica aparente e das intervenções inadequadas;
7.1.8 Deverá ser realizada a avaliação periódica da conservação da escultura, objetivando o
diagnóstico preciso do seu estado. O levantamento deverá ser detalhado e considerar,
além de suas condições físicas, o ambiente onde ela está inserida;

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7.1.9 Durante a inspeção, deverão ser verificados possíveis pontos de umidade, focos de
cupins ou brocas. Eles poderão ser detectados por meio de montículos e asas de insetos
ao redor do oratório de madeira, assim como no piso ou na própria escultura;
7.1.10 Também deverá ser verificado o perfeito estado das instalações elétricas da sala em que
o Bem está inserido, que deverão ser embutidas e não poderão estar apoiadas ou
próximas à imagem;
7.1.11 Deverão ser adotados cuidados para que objetos cortantes, velas, castiçais ou outros de
mesma natureza, que possam colocar sua segurança em risco, não sejam colocadas
próximo à escultura, evitando assim, possíveis danos à talha ou à policromia;
7.1.12 Tecidos húmidos, produtos químicos como detergentes ou abrasivos são prejudiciais à
escultura, por isso, a higienização da mesma deverá ser realizada a seco, por meio de
uma trincha e/ou escova de pelo macios. A referida ação objetiva reduzir a poeira,
incrustações, resíduos de excrementos de insetos ou outras sujidades de superfície;
7.1.13 Deverá ser observado se há incidência de luz solar direta sobre a imagem, assim como
a presença de infiltrações, vazamentos, goteiras e outras fontes de umidade no ambiente
em que está inserida;
7.1.14 O controle da temperatura e da umidade relativa do ar é de importância fundamental na
preservação dos bens móveis. Devem-se evitar as mudanças bruscas de temperatura e
umidade, uma vez que os materiais inseridos no ambiente já estão adaptados às
condições existentes no local. Assim, a manutenção de condições estáveis no ambiente
é de grande importância para a conservação da escultura e também dos demais objetos
do acervo da Casa da Cultura;
7.1.15 Em caso de identificação de pragas ou infestações no ambiente, ou no próprio oratório
que abriga a escultura, não utilizar fungicidas ou pesticidas para combater as pragas,
pois são nocivos à saúde e também causam danos à obra e aos usuários do espaço;
7.1.16 Em caso de detecção de sinais de infestação (fezes, resíduos, etc.), contratar
profissionais especializados para providenciar a desinfestação;
7.1.17 Manter sempre que possível uma rotina de imunização contra insetos xilófagos (brocas
e cupins) de três em três anos.

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8. Documentação Cartográfica

Localização de Machado no mapa do Estado de Minas Gerais e Brasil. Fonte: Wikipédia

Outro Mapa de Localização do município de Machado, no Sul Mineiro. Autores: Jhonatan Silva Corrêa e
Flamarion Dutra Alves. 2020.

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FERREIRA:09184591684
84 Dados: 2023.01.09 15:57:02 -03'00'

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Dados: 2023.01.09 15:57:17
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9. Referências bibliográficas e fontes de pesquisa

Acervo da Casa da Cultura de Machado.

Acervo da Prefeitura Municipal de Machado.

ARAUJO, Rosa Maria Signoretti. O Fermento Popular: Cem anos Festa de São Benedito -
Patrimônio Cultural, Imaterial do Povo de Machado, 2014

BARBOSA, Waldemar de Almeida. Dicionário Histórico-Geográfico de Minas Gerais. Belo


Horizonte: Editora Itatiaia Limitada, 1995. 382p.

BRANDI, C. Teoria da Restauração. Tradução de Beatriz Mugayar Kühl. Cotia - Ateliê


Editorial, Coleção Arte-s & Ofícios, 2008.

CARVALHO, João Rodrigues. História de Machado (1816-1974). Belo Horizonte:


Prefeitura Municipal de Machado, 1985.

CARVALHO, João Rodrigues. Machado Pitoresco e crônicas. Pouso Alegre, 1979.

CAVALCANTI FILHO, Ivan. São Benedito e sua devoção nos conventos franciscanos do
Nordeste colonial. Portal Vitruvius, 238.04 nordeste colonial ano 20, mar. 2020.Disponível
em: https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/20.238/7662. Acesso em julho de 2022.
CHING, Francis D. K. Dicionário visual de Arquitetura. [2. tiragem]. São Paulo: Martins
Fontes, 2000. ISBN: 85-336-1001-7.

Cruz Terra Santa. Santos e ícones católicos: significado e simbolismos de São Benedito.
Disponível em: https://cruzterrasanta.com.br/significado-e-simbolismo-de-sao-
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GONÇALVES, Ceila Caproni; REIS, Marilda Signoretti. A Festa de São Benedito em


Machado – MG. Machado, dez. 1979.

PORTAS, Nuno. Notas sobre a Intervenção na cidade existente. Espaço & Debates, ANO
VI, 1986, n. 17, p. 94-104.

PRADO, Maria Lúcia Souza. Fontes para a História Social do Sul de Minas. Os
trabalhadores de Paraguaçu e Machado (1850-1900). FUNDAMAR, Paraguaçu, 2002.

REBELLO, Ricardo Moreira. O município do Machado até a virada do milênio. Tomos I e


II. Machado: 2006.

REVISTA CONGADAS – Órgão de Divulgação da Associação dos Congadeiros

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de Machado. Gráfica Editora Folha Machadense, agosto de 2004.

REVISTA IMAGEM & CONTEÚDO, ago. set. 1996.

REVISTA IMAGEM & CONTEÚDO – Centenário da Festa de São Benedito, ago. set. 2014.

TEIXEIRA, Manuel C.; SILVA, Maria Manuela C. G. da. A construção da cidade brasileira.
Coleção Estudos de arte. São Paulo: Livros Horizonte, 2004.

TOMAZ, Paulo César. A Preservação do Patrimônio Cultural e sua Trajetória no Brasil.


São Paulo: Universidade Mackenzie, 2010.

Entrevistas
Entrevista com Arnaldo da Silva, ex-Presidente da Associação de Congadeiros, concedida a
Bárbara Pereira Mançanares em novembro de 2015.
Entrevista com Arnaldo da Silva, ex-Presidente da Associação de Congadeiros, concedida a
Cristiane Magalhães, em junho de 2022.
Entrevista com Carlinhos, atual coveiro responsável pelo Cemitério da Saudade em Machado,
concedida a Cristiane Magalhães, em junho de 2022.
Entrevista com Cláudio Aparecido de Carvalho, atual Presidente da Associação de
Congadeiros, concedida a Cristiane Magalhães, em junho de 2022..
Entrevista com Cônego Walter Pulcinelli concedida a Bárbara Pereira Mançanares em
novembro de 2015.
Entrevista com Gustavo Ambrósio concedida a Bárbara Pereira Mançanares, out. 2015.

Entrevista com Gustavo Ambrósio concedida a Cristiane Magalhães, em junho de 2022.


Entrevista com Marlene Pereira Caixeta, esposa do Rei Perpétuo Sr. Vitor, concedida a
Cristiane Magalhães, em junho de 2022.
Entrevista com Vitor Santana, atual Rei Perpétuo, concedida a Cristiane Magalhães, em junho
de 2022.
Entrevista realizada com Márcia de Paula Souza, atual Secretária de Educação de Machado,
por Cristiane Magalhães, junho de 2022.
Entrevista realizada com Rosa Signoretti, por Cristiane Magalhães, junho de 2022.
Entrevista realizada com Suzane de Souza Santos, por Cristiane Magalhães, maio 2022.

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10. Ficha Técnica do Processo de Tombamento de Bem Móvel “Imagem de São Benedito”

LUIS PHILLIPE Assinado de forma


digital por LUIS
LORRANA NEGRETTI Assinado de forma digital por GRANDE PHILLIPE GRANDE
LORRANA NEGRETTI SARTO:0992114 SARTO:09921143654
FERREIRA:09184591 FERREIRA:09184591684 Dados: 2023.01.09
3654
684 Dados: 2023.01.09 15:57:31 -03'00' 16:14:56 -03'00'

CRISTIANE MARIA Assinado de forma digital por


CRISTIANE MARIA
Assinado de forma digital
PLATINNY DIAS DE por PLATINNY DIAS DE
MAGALHAES:011 MAGALHAES:01182667643 PAIVA:039435486 PAIVA:03943548694
Dados: 2023.01.12 07:32:47 Dados: 2023.01.09
82667643 94 16:56:03 -03'00'
-03'00'

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11. Notificação do tombamento

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12. Cópia da ata do Conselho aprovando o tombamento definitivo

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13. Cópia da homologação do tombamento e declaração de publicidade

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15. Cópia da inscrição do bem no livro de Registro Municipal

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