A Cabala é o ensinamento místico do judaísmo. Em suas diversas fases através
dos séculos este movimento assumiu características um tanto variadas, de acordo com as ne- cessidades psicológicas e espirituais do povo Judeu em cada época no seu envolvimento his- tórico. A palavra Cabala significa recebimento, e é também denominada CHEN, que se traduz como “Graça”. A compreensão mística da Cabala exige do iniciado um certo equilíbrio emoci- onal, bem como um compromisso com a vida mundana, através do vinculo com a família e da responsabilidade com a ocupação regular, para que não ocorra desinteresse pelo mundo físico e perder-se nos atraentes caminhos do conhecimento oculto da criação. Isso quer dizer que uma pessoa desajustada não poderá empreender a jornada mística, para que não seja o mundo superior um refúgio do mundo físico, quando na realidade o objetivo é que seja o seu com- plemento, o seu adorno, o salão mais nobre e iluminado. O termo Cabala representa um pensamento e não uma pratica.
PARDES
No texto bíblico temos os quatro níveis de interpretação e compreensão sendo
eles do sentido exterior para o interior os seguintes. PSHAT REMEZ DRASH SOD Nota-se que as letras iniciais destes quatro termos formam a palavra PaRDeS (o hebraico não tem vogais) que significa Pomar Paraíso. PSHAT É o sentido literal, a compreensão superficial e externa do relato bí- blico, a ênfase recai sobre o enredo e os personagens. REMEZ significa insinuação. É o sentido alegórico do texto, quando o enredo não é mais o objetivo maior da leitura, mas o que ela revela, em um nível mais abstrato. DRASH É o ensinamento como no caso de Remez preserva-se a interpretação literal, mas o relato indica um procedimento, seja ele ético ou religioso. SOD significa segredo. O texto bíblico contem no seu relato, que é preservado mesmo no nível mais profundo de interpretação, a revelação de todos os segredos do univer- so, de toda a criação, visível e invisível. Essa revelação não é acessível a muitos.
GUEMATRIA
Utilizada como método para se penetrar no SOD serviu de Inspiração para a
numerologia moderna, a Guematria consiste na obtenção do valor numérico das palavras, considerando que cada letra do alfabeto hebraico (22 letras) corresponde a um numero. As primeiras nove letras associam-se as nove unidades, as segundas nove letras as noves dezenas e as quatros letras restantes as primeiras quatro centenas. Pelo método da conversão a guematria, evoluiu baseado na concepção judaica de que a palavra é dotada de um poder criador, e de que o hebraico foi o idioma utilizado pelo Divino no ato da criação. Portanto a linguagem não é um mero veículo de comunicação, mas a chave da compreensão dos segredos mais íntimos da Emanação Divina e de toda a Criação. Quando a linguagem assume tal importância as letras do alfabeto hebraico pas- sam a representar um princípio gerador de energia e perdem seu objetivo meramente lingüísti- co. O SEFER IETZIRÁ E O ZOHAR
A valorização da letra como fonte poderosa e criadora foi registrada a primeira
vez em um pequeno livro metafísico e antiquíssimo, na realidade o primeiro texto especulati- vo escrito no idioma hebraico, que se intitula SEFER IETZIRÁ contendo apenas seis capítu- los. O tema do Sefer Ietzirá são os “trinta e dois caminhos da Sabedoria’. Os trinta e dois caminhos são uma referência aos dez números primordiais e às vinte e duas letras do alfabeto hebraico. os dez números primordiais são aqui denominados pela primeira vez SEFI- ROT ( literalmente traduz-se contagem, mas com o tempo o termo adquiriu um sentido apro- ximado a “esferas” ou emanações. Ao contrario do Sefer Ietzirá, o ZOHAR, consiste numa literatura bastante extensa, em sua maior parte trata da interpretação do texto bíblico, revelan- do pôr seu intermédio suas concepções teosóficas, bem como os mistérios da alma e seu des- tino, da constituição do universo, da hierarquia dos mundos e de seus habitantes, da SEFI- ROT, que aqui adquirem um sentido da representação dos atributos divinos, entre muitos ou- tros temas, de natureza teosófica, filosófica e metafísica.
AS DEZ SEFIROT
O termo SEFIROT mencionado pela primeira vez no Sefer Ietzirá, designando
os dez números primordiais dos trinta e dois caminhos da sabedoria, evoluiu e ampliou lar- gamente o seu significado, e aproximadamente dez séculos mais tarde, no ZOHAR, assuma a designação dos dez atributos divinos extraídos do texto bíblico. Estes atributos nomeiam as dez SEFIROT. 1. KETER – COROA 2. CHOCHMA – SABEDORIA 3. BINÁ – COMPREENSÃO 4. CHESED – MISERICÓRDIA 5. GUEVURA – BRAVURA 6. TIFERET – BELEZA 7. HOD – INTELIGÊNCIA 8. NETZACH – VITÓRIA 9. IESOD – FUNDAMENTO 10. MALCHUT - REINO As dez SEFIROT são representadas pôr um diagrama denominado “A ARVO- RE DA VIDA”. Os traços de ligação entre as SEFIROT, em número de vinte e dois, de con- formidade com o número de letras do alfabeto hebraico, constituem as vias através das quais a luz infinita e a força criadora fluem. É possível interpretar o conteúdo da Arvore da vida sob vários critérios: o vertical, o horizontal, o descendente e o ascendente. Apenas citando um exemplo de interpretação, no sentido vertical as SEFIROT forma três pilares. Um central, do equilíbrio, de conciliação dos opostos, o da direita, da misericórdia (ativo, masculino, positi- vo) e o da esquerda, da severidade (passivo, feminino, negativo). Apesar de diferenciadas em suas características, as dez SEFIROT constituem uma unidade como dez matizes da mesma luz.
Oriente de Santo André, 13 de Setembro de 1994. E.V.
Antonio José Rodrigues, M∴ M ∴ - ARLS João Ramalho, 107 Bibliografia: A Maçonaria e o Livro Sagrado – Zilmar de P. Barros A Cadeia da União – Rizzardo da Camino Introdução á Maçonaria – Rizzardo da Camino A Cabala – Gérard Anaclet Vincent Encause (PAPUS)-