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As
3
Dimensões
da Kabalá
Essência, Infinito e Alma
3
LA ESSENCIA, EL INFINITO Y EL ALMA
Copyright© 1997 by Chaim David Zukerwar
Publicado pela Fundación Kalnicki-Gross, Jerusalém As
Direitos exclusivos de edição desta obra Dimensões
em língua portuguesa adquiridos pela
da Kabalá
EDITORA E LIVRARIA SÊFER LTDA.
Alameda Barros, 735
Essência, Infinito e Alma
CEP 01232-010 São Paulo SP Brasil
Tel.: 3826-1366 Fax: 3826-4508 sefer@sefer.com.br
Livraria virtual: www.sefer.com.br
pensar igual, como conseguirá cada um chegar à “sua justiça” Está claro que tudo se encontra dentro da Torá, assim como
senão através da guerra e da imposição? está dito: “A Torá observarei e...criou o mundo”. O homem
Isso e muito mais ocorre já que, como é sabido, cada país transita através das letras da Torá pelo extraordinário mundo
e movimento levanta como bandeira o símbolo da bondade e do Cadósh Barúch Hú, repleto de luz e de plenitude. Porém esse
os mais elevados ideais que, a seu parecer, representam o bem é um mundo secreto, que se revelará somente no Sod/nível de
supremo. Se dividíssemos o mundo em direita e esquerda, seria entendimento interior da Torá.
subentendido que a direita pensaria e estaria segura de que ela é Isso faz com que o objetivo e todo o “projeto da Criação”
o melhor e o completo, enquanto a esquerda é o maior expoente em todos os níveis encontrem-se na Torá mais oculta, e se o
do mal. Portanto, deve-se lutar contra a esquerda até extirpá-la homem não se aprofundar em seu estudo, é evidente que não
da terra. Enquanto a esquerda pensa exatamente o oposto, que conseguirá entender a correlação entre causas e efeitos para
ela representa o bem e a direita é o maior expoente do mal e, chegar ao objetivo final.
portanto, há que destruí-la. Desse modo resulta que todos os
meios e energias humanas são mal- aplicadas em instrumentos 2. O homem é um ser social e deve transformar sua natureza,
de destruição. que é toda “desejo de receber” em seu extremo oposto, que é
somente o desejo de dar, por mais que pareça utópico atuar
Em resumo, sempre que a sociedade estiver edificada sobre
contra nossa própria natureza. De onde poderá o homem
interesses egoístas, não haverá possibilidade alguma de se
receber a motivação e a energia para atuar contra sua natureza
chegar a uma convivência saudável e feliz. A única solução é
básica? É claro que é na força espiritual da Torá que se encontra
o altruísmo e a entrega do homem à comunidade.
sobre toda a realidade do homem, e é a que lhe dá a força para
E além de tudo, o homem deve se colocar sobre todas as
obtê-la. Nesse sentido é preferível o Sod/nível de entendimento
criações e assemelhar-se ao Supremo, à essência do Criador, já
interior da Torá (a Kabalá) do que os outros níveis de expressão
que de outro modo não chegará a seu objetivo, e nem sequer
da Torá, por ser ele a completa espiritualidade e a pura Suprema
chegará ao nível de um anjo. A problemática aqui exposta tem
Luz que aparece em abundância na Torá, revelada ou de forma
solução já que “o Cadósh Barúch Hú não exige o impossível”,
oculta. E por isso, sua força é firme no objetivo de transformar
por mais que não haja possibilidade alguma de concretizá-la,
a natureza “de receber” do homem para a natureza “de dar”.
completamente, salvo através do trabalho na parte interior
3. Assemelhar-se ao Cadósh Barúch Hú: e como já foi dito,
da Torá (a Kabalá). Apresentá-la-emos através de 3 pontos e
o objetivo do homem deve ser dirigido a assemelhar-se ao
aprofundaremos neles segundo sua devida ordem:
Cadósh Barúch Hú, já que Sua Essência é impossível de ser
1. O homem atua de acordo com objetivos. E qual é o conhecida. Isso é alcançado ao imitar Seus atos, como está
objetivo? Seguindo a leitura do livro Messilat lesharim, ele escrito “através de Teus atos, Te conhecerei”. Dessa conclusão,
indica: O objetivo do homem é receber a plenitude que o o homem aprende que há uma grande necessidade do estudo
Cadósh Barúch Hú criou para ele. Onde está essa plenitude? da Kabalá, já que através dele nos são revelados, nitidamente,
10 AS 3 DIMENSÕES DA KABALÁ: ESSÊNCIA, INFINITO E ALMA APROVAÇÃO E INTRODUÇÃO 11
os caminhos do Conhecimento Superior, a causa da Criação de sua Neshamá, com seu amplo coração e com sua palavra
etc., até chegar a seu objetivo final. purificada, para abrir os caminhos dentro de um público
amplo e inteligente que procura o conhecimento verdadeiro
Em síntese, parte do Sod do Pardes é imprescindível para
em seu contato com o Infinito-Criador, aproximando-os da
se alcançar os objetivos do homem e para sua progressão no
luminosidade e da origem de suas almas.
trabalho espiritual. E já foi dito em muitas oportunidades
que a aproximação do homem ao Cadósh Barúch Hú, com E agora, tendo recebido esta compilação, fruto de seu
entrega e amor, só é alcançada com perfeição através de seu esforço, julgo-o merecedor de que o elevem à mesa de estudo
aprofundamento na sabedoria da Kabalá. E todos os grandes dos Reis da Torá. Apesar de suas palavras terem sido escritas em
Sábios do Zôhar e da Torá Interior – todos que a estudaram e língua estrangeira, escutei de forma oral a maioria do que está
aplicaram, e aqueles que estudam e compreendem a importância aqui escrito, enquanto os colegas estudiosos, que compreendem
do estudo da Kabalá em nossos dias – expressaram de forma esse idioma latino, estudaram-no e o revisaram, e enviaram
rigorosa e contundente que, pela falta de dedicação ao estudo da suas bênçãos. Ele já é conhecido como grande especialista na
Torá em seu nível mais interior, a Kabalá, acometem-se várias matéria, através de suas aulas, e pelo benefício que outorga
e duras desgraças para o povo de Israel e para o mundo inteiro. à nível coletivo; tudo isso de forma desinteressada, e pelo
caminho da Torá e da Halachá.
* * *
Que o Cadósh Barúch Hú lhe dê força e que Sua Presença
Nossa geração obteve o que não foi alcançado por muitas
o acompanhe sempre, e que triunfe em tudo o que faça,
das gerações que nos precederam, isto é, que haja uma enorme
engrandecendo infinitamente a Torá.
sede pelo conhecimento espiritual, “a palavra de haShém”, ou
seja, a Kabalá. Este fenômeno ocorre mais especificamente Com meu maior respeito ao Cadósh Barúch Hú, à Torá e a
entre os jovens, que sentem uma imperiosa necessidade pelo seus estudiosos, o abaixo assinado
verdadeiro conhecimento espiritual e, a partir dela, chegam à
Kabalá; e através dela, às suas raízes. Mordechai Schainberguer
Junto ao acima dito, devemos agradecer ao Cadósh Barúch
Hú por haver nos enviado fiéis emissários respeitosos de O Rabino e Sábio Kabalista Mordechai Schainberguer é um dos
maiores expoentes da Sabedoria da Kabalá na atualidade. Ensina em
haShém, a quem lhes deu o dom da compreensão, encontrando
cursos e seminários na cidade velha de Jerusalém e em diversas cidades de
assim uma linguagem clara e pura para ensinar aos jovens a Israel. Em Meron, estabeleceu e dirige a comunidade “Or HaGanuz”, cuja
estrutura desta sabedoria. particularidade e objetivo está em “Amarás a teu próximo como a ti mesmo”,
baseada em uma vida de Torá e mitsvót.
Um dos mais destacados guias nessa Sabedoria é o conhecido É continuador direto da interpretação do livro Ticunê Zôhar – as correções
Rabino Chaim Zukerwar – que o Cadósh Barúch Hú o fortaleça espirituais do Zôhar iniciadas por seu Mestre, o Rabino e Sábio Kabalista
e o proteja! – que foi dotado de compreensão na profundidade Iehudá Tsvi Brandwain, discípulo direto do grande Sábio Kabalista do século
XX, o Rabino Iehudá Leib Halevi Ashlag.
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ÍNDICE
' o homem e lhe traz a vontade e a força
' É isso que mede o nível espiritual do homem.
“RELIGIÃO”, “DEUS”
e “ALMA”
Baseados nisso, Sábios como o Rabino, Médico e Poeta Nossa tradição descreve que todos os aspectos da vida são
Iehudá Halevi (século X) em seu livro O Cuzari, e Maimônides diferentes graus de uma mesma e única realidade, o Infinito/
(século XIII), especificamente em seu Guia dos Perplexos, Ein-Sof. Esta realidade gerada pelo Cadósh Barúch Hú
encontraram-se forçados a declarar que a Torá de Israel é contém todos os estados possíveis, e é ilimitada e indivisível.
também uma “Religião”, organizada com bases lógicas e sobre
A palavra “Deus” deriva do latim Deus, que, por sua vez,
uma estrutura desenvolvida. Por isso recorreram ao vocábulo
provém de Zeus, divindade da mitologia grega, filho de Cronos,
Dat, que significa norma e iniciação.
“Deus” do tempo. Isto dificulta nossa compreensão e deforma
nosso conceito da realidade, já que pretende definir a base e
O judaísmo consiste na iniciação de um povo inteiro nas
objetivo da Torá de acordo com uma lógica humana limitada
normas/mitsvot* que os aproxima, gradativamente, ao Cadósh
pelo espaço e pelo tempo.
Barúch Hú.**
Nossa tradição nos transmite que “Antes da emanação
Essas normas constituem as leis objetivas a partir das quais das emanações e da criação dos mundos, a Luz do Infinito
o Cadósh Barúch Hú conforma Sua Criação, e que, codificadas, preenchia toda a realidade” (livro Ets Chaím – “A Árvore das
nos são transmitidas através da Torá. Vidas”), sendo a Criação uma projeção inferior de Sua mesma
Luz.
A palavra “Religião” não é aplicável ao judaísmo, uma vez
que confunde e faz com que este seja interpretado com base Na Torá, nos livros dos Profetas, Escritos etc. encontramos
em doutrinas estranhas. O conceito “religar” implica no ato dez nomes gerais que designam dez formas através das quais
de voltar a ligar duas ou mais coisas separadas. o homem pode perceber a plenitude da Luz Infinita que se
expande desde a Essência do Criador (consulte o vocábulo
A Criação está permanentemente unida ao Cadósh Barúch NOMES no capítulo “Conceitos Básicos”).
Hú – do contrário, não existiria. O dilema está na forma em que
Todos os nomes e denominações que a Torá emprega
o homem, síntese da Criação, se relaciona e percebe o Cadósh
não se referem à Essência do Criador, já que SUA Essência
Barúch Hú: com a consciência de que Ele e sua Criação são
encontra-se além de qualquer nome e denominação possível.
uma Unidade, ou fracionando a continuidade da realidade e
Os nomes mencionados na Torá em referência ao Criador
da vida.
indicam a percepção que o homem tem da plenitude da Luz
que se expande de SUA Essência, denominada na linguagem
da Kabalá, Atsmút.
* Mitsvót: Código que inclui 613 instruções contidas na Torá, para o trabalho A confusão e a falta de rigorosidade continuam quando
espiritual do povo de Israel. chegamos ao conceito “Alma”. Aqui, geralmente se multiplicam
** Cadósh Barúch Hú: Denominação hebraica empregada para designar, de as definições, ficando finalmente o conceito pendente em uma
forma geral, o Criador.
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Por isso, a tradição da Kabalá possui uma vasta e exata A Sabedoria de Israel está composta da tradição escrita/
nomenclatura, que indica os diferentes graus e formas através Torá shebichtáv e da tradição oral/Torá shebealpê que, em
das quais a “Alma” se manifesta. O estudo dessa nomenclatura conjunto, formam o conhecimento judaico.
(a qual desenvolveremos ao longo de nosso livro), tanto em sua A Torá de Israel, nossa Sabedoria e tradição, pode ser
forma teórica como na aplicação das Mitsvót, é a base do estudo comparada a um grande pomar com árvores frondosas, fortes
da Sabedoria da Kabalá. ramos e profundas raízes das quais extraem sua vitalidade. Para
que essas árvores deem frutos, é necessária uma elaboração da
qual participem todos os elementos de nosso pomar.
A semente colocada na terra deve receber luz e água para
finalmente dar seu fruto.
Nossa tradição nos relata que o homem é comparado a uma
árvore do campo. Para que o homem possa receber, é necessário
que transforme, através de seu trabalho, a matéria- prima do
mundo.
No mundo não há edifícios já construídos; devemos
construí-los. Para comer pão, devemos plantar, colher e depois
assar etc.
26 AS 3 DIMENSÕES DA KABALÁ: ESSÊNCIA, INFINITO E ALMA A LINGUAGEM DA SABEDORIA 27
O Cadósh Barúch Hú nos deu os elementos básicos para Esses dois caminhos de entendimento “cuidam” do interior
podermos completar a Criação. da Torá, já que ocultam mais do que revelam.
O Cadósh Barúch Hú nos deu a Torá, o plano – mas, para Ao entrar no laboratório de um grande cientista, sem o
extrair a Sabedoria contida na Torá, devemos nos esforçar e, conhecimento dos códigos de sua ciência, pouco ou nada
auxiliados por ela, extrair os frutos do nosso interior. entenderemos, apesar de termos tudo frente aos nossos olhos.
Quando a Torá não é trabalhada e estudada, é como ter-se A terceira letra (s) indica-nos o drash.
uma semente, terra e água, tudo potencialmente; mas, para Drash provém do verbo exigir (aursk). Esta leitura encerra
comer o pão, falta o trabalho do homem. E, por sua vez, para uma busca, pela qual o homem exige um significado mais
que todos possam comer, falta ensinar a arar, plantar, colher, profundo do texto do que nas perspectivas anteriores.
assar e saber dar.
A última letra do pardes (x) indica-nos o sod.
A palavra pomar, em hebraico pardes (x s r p), alude ao
pomar da Sabedoria, visto que as letras desta palavra formam Sod significa segredo. O Zôhar,* um dos livros mais
as quatro perspectivas através das quais entendemos a Torá. importantes da Sabedoria da Kabalá, define o sod como causa,
já que quem conhece a causa, conhece a consequência, ou seja,
A primeira letra (p) refere-se ao peshat. o “segredo”.
Peshat caracteriza o simples, é o relato literal da Torá. Enquanto o peshat e o rémez são, de certo modo, passivos
É exatamente o que lemos e escutamos, sem segundas para o principiante, o drash e o sod são decididamente ativos;
intenções. É a origem de todas as formas de percepção. provém de um imperativo totalmente consciente da vontade.
A segunda letra (r) alude ao rémez. Cada uma dessas perspectivas, através das quais a Torá se
expressa e se manifesta, não indicam uma mudança na essência
Rémez indica-nos uma insinuação. Não há uma diferença
interior da Torá, e sim na forma pela qual ela se apresenta perante
substancial com o Peshat, mas revela o interior dele.
nossa percepção e entendimento.
O rémez dá uma dimensão mais profunda ao relato, já que
O Rabino Ashlag nos explica que, do mesmo modo que uma
os personagens, as situações e todos os detalhes apresentados
pessoa se veste para apresentar-se frente ao público, a Torá se
pela Torá, inclusive as letras, nos transmitem uma lição sempre
atual.
No Peshat as ideias são expressas de forma direta, detalhada * O livro Zôhar recolhe a Sabedoria interior de Israel, a Kabalá, transmitida
e explicitamente, enquanto que no rémez são mencionadas pelo pelos Sábios da Mishná (copilação da tradição oral de Israel) até o tanaíta
Rabi Shimón Bar Iochai twwghz, século II. O termo zohar contém dois aspectos:
caminho invisível da insinuação e, para um bom entendedor, brilho e esplendor (da plenitude da Luz); e também cuidado e advertência
meias palavras bastam. (lehizahêr), já que para receber e transmitir Luz é necessário um cuidado
especial em nossos atos e intenções.
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Cada conceito da Linguagem das Ramificações/sfát Nos ensina o Rabino Ashlag que no espiritual, ao contrário
haAnafím desprende-se de um conceito prévio, encadeando do material, o ato de dar e receber não são simultâneos. Quando
assim causa e consequência, assim como uma árvore onde alguém me dá um objeto, eu o recebo imediatamente. No nível
cada ramo cresce de outro ramo. Quem seguir cuidadosamente espiritual, não é necessariamente igual. O dar e o receber não
o caminho dos ramos, chegará ao tronco e, depois, às raízes que são simultâneos. Quem ensina uma sabedoria não tem garantia
sustentam a árvore. nenhuma de que esta seja recebida, e sim que o “aluno” terá
que se esforçar para aprendê-la.
A Linguagem das Ramificações/sfát haAnafím não se
revela ao estudioso em sua aproximação exterior, uma vez A Torá nos foi entregue, Matán Torá, mas a recepção
que se dirige a causas interiores da Torá, para as quais é depende do nosso esforço. Cada geração, através de seus Sábios,
imprescindível o estudo dos códigos próprios da Kabalá. Estes deve revelar novos aspectos da Torá, já que a Torá é um projeto
códigos atuam em todas as perspectivas simultaneamente e, para todas as gerações.
quando conseguimos incorporá-los, adquirimos a sabedoria
para enxergar as causas e consequências interiores da realidade Avraham, Yits’chác, Iaacóv, nossos Patriarcas, como
e da vida. indivíduos, antes da consolidação do povo de Israel, chegaram a
entender os princípios gerais contidos na Torá mesmo antes do
Os primeiros livros mencionados por nossa tradição (de Matán Torá. Por outro lado, quando se pensa em todo um povo
acordo com o Midrash, o Talmud e todos os escritos Kabalísticos no decorrer de todas as gerações, necessitamos de um sistema
de todas as épocas), mesmo antes da entrega da Torá, são livros educativo integral, baseado em princípios e leis que atinjam a
puramente de Kabalá, como o livro Raziêl haMalách,* cuja todos os indivíduos, a recepção da Torá/cabalat haTorá.
existência supera 5000 anos, e também o Sêfer Ietsirá **/“Livro
da Formação”, escrito por Avraham Avinu. A Kabalá nos introduz ao conhecimento de como receber
todos os graus da Sabedoria, através da aplicação das leis e dos
A Torá escrita/Torá shebichtáv e a Torá oral /Torá shebealpê, códigos contidos na Torá, as Mitsvót.
formam as leis objetivas que regem a Criação, portanto elas já
existiam antes do mundo. Isso é similar às leis da física que o Quando entendemos e realizamos as Mitsvót de forma
homem não as inventa e sim as descobre. consciente, ou seja, não somente em sua manifestação exterior
e sim, também, modificamos nossa atitude interior, começa
a surgir a verdadeira harmonia entre as pessoas. Então
poderemos pensar na verdadeira espiritualidade e na fusão
* Vide “Midrash Shocher Tov Bereshit”, “Meám Loez Bereshit”, “Sêfer haIashar, do homem com o Cadósh Barúch Hú. Por outro lado, até
Nôach”.
chegarmos a este momento, ainda estaremos centralizados
** De acordo com os Kabalistas de todas as épocas e com os primeiros
em nós mesmos, ou seja, não estaremos prontos a dar. Apenas
intérpretes (“Sêfer Ietsirá”, Aryeh Kaplan, Introdução XII).