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Ele começa falando que foi convidado em 1977 para função de professor no

Mestrado em Educação do Instituto de Estudos Avançados em Educação, da


Fundação Getúlio Vargas. E ele estudava educação não formal e extra-escolar, e
ele percebe que não trabalha como todo tipo de pessoa e sim para um tipo de perfil,
que se conhece hoje "camadas populares" e até a forma de educação e voltada
para essa parte da sociedade. Em 1977-1978 dizia que a população favelada se
aproximava de 1.500.000 de habitantes ( equivalente a população da Guiné
Equatorial, Estónia, etc). População essa vista como fonte de doença, terreno de
propostas políticas, exóticas, perigosas, etc.

Projetos em favelas (Maré, rocinha, Macaco, etc)

A sociedade falha em vários pontos, isso é fato.

Começam falando sobre a educação popular, uma educação voltada para a classe
trabalhadora

Ele traz um ponto muito importante, sobre a questão da educação popular, dizendo
que ela traz sim transformação, mas não só apenas ela, precisa existir um conjunto
de fatores, como: conjuntura política e econômica, sensibilidade política e cultural
dos agentes. (Infraestrutura, verbas,...)

Status quo significa “o estado das coisas”, à situação existente ou ao estado de


coisas estabelecido. A expressão latina é usada para descrever a maneira como as
coisas são atualmente e como elas têm sido historicamente, indicando a ausência
de mudanças ou interrupções significativas nesse estado.

O autor faz uma assimilação entre o surgimento/interesse da educação, quando se inicia o


processo de industrialização/urbanização, pois nesse momento eles precisam de mão de
obra qualificada, logo eles começam a preparar essa pessoa que nunca tiveram um bom
estudo para que possam se tornar essa mão de obra. Formado por três eixos:
Alfabetização, treinamento da mão de obra e desenvolvimento comunitário.

No Brasil o aparecimento da educação popular é mais intensa no período da segunda


guerra mundial, momento em que a industrialização é implantada aqui, mas mais
fortemente depois da guerra mundial, com forte interesse dos EUA. E quem tem o poder de
formular as propostas educativas são os empresários e o governo.

1930 - a partir desse ano a industrialização ganhou força no Brasil, a taxa de alfabetização
cai 8,9
1939-1945 - Período da Segunda Guerra cai 5,5
1950- pós guerra cai 10,9
Esse tipo de formação, educação popular, só serve para formar cidadãos substituíveis, com
a falsa ilusão de oportunidades iguais, através de uma "educação quebra-galho". Ilusão de
que não há solução, mas que pelo menos as autoridades estão tentando, será?

O autor fala sobre pessoas que precisam trabalhar a noite ou nos finais de semanas,
momentos esses que deveriam ser de lazer. Que quando criança não tiveram oportunidade
e agora adultos precisam correr atrás do tempo perdido e muitas das vezes precisam pagar,
algo que é oferecido a eles de maneira gratuita.

A segunda guerra mundial traz grandes mudanças. Nos anos de 1940-1950 se acentua a
influência norte-americana no Brasil, seja no processo de industrialização, influência indireta
da ONU e suas propostas de alfabetização de adulto e desenvolvimento comunitário.

Desenvolvimento comunitário: lida com a questão do consumo dos serviços básicos,


saneamento básico, moradia. Surge numa época de "descolonização" e "guerra fria", época
de êxodo rural(1970-1980) e crescimento urbano. Fazendo com que os gastos do estado
com os serviços básicos aumentem.

Chegamos no ponto que o autor vai falar sobre a desvalorização da mão de obra, devido a
terceira fase da revolução industrial, as indústrias passam a substituir a mão de obra
humana pela mecanizada. Diminuindo assim o número de trabalhadores, e os que ficam
precisam se especializar cada vez mais. Surgem as pessoas autônomas (serviços de
reparação e manutenção, tarefas variadas). Filme do Charlie Chaplin. Toda hora somos
substituíveis.

Como "consequência, ocorre o aumento da demanda de serviços básicos (saúde,


educação, moradia, lazer, transporte). Fazendo o estado investir em serviços básicos,
industrialização (siderurgia, petróleo, construção naval) e infraestrutura ( estradas, pontes,
novas fontes de água, etc).

O surgimento das favelas embora tenha se verificado uma tendência histórica o crescimento
das favelas urbanas, seu ritmo, sua localização, sua composição social, têm variados
segundos diversos regimes políticos e políticas e governamentais relativas favelas de
diversa situação da economia brasileira, crises, períodos de crescimento e das respostas da
população e essas políticas. Morar na favela é uma forma de sobrevivência, a partir disso
as instituições elaboram seus projetos.

Texto sobre o histórico das favelas do Rio de janeiro

Dos cortiços às favelas, 1892-1938

Historicamente nesse período no Brasil estava recebendo grande influência do período


conhecido como Belle époque(ruas largas, prédio novos e bonitos, etc) influenciada por
Napoleão Bonaparte 3, e isso acaba promovendo uma grande reforma Urbana em Paris,
que se estendeu por 20 anos e milhares de prédios históricos foram demolidos, dando lugar
a 34 mil novas construções em estilo neoclássico. O Brasil faz o mesmo e vê os cortiços
como algo anti-higiênico e resolve destruir, e o prefeito do rio de janeiro pereira passos deu
início a política que ficou conhecido como o "bota-abaixo". Duas mil pessoas ficaram
desabrigadas, resultando na formação das primeiras favelas, processo de favelização.

https://vestibulares.estrategia.com/portal/materias/historia/belle-epoque-nos-tropicos-
cultura-e-sociedade/

Nesse período foi construído a Vila Rui Barbosa, pelos empresários, donos das indústrias, e
assim ficando bem próximos ao trabalho, exercendo controle sobre os operários.

Em 1918 teve uma epidemia de gripe, e usaram isso como desculpa para fazerem uma
"limpeza" de várias favelas. Durante a administração de Carlos Sampaio (1920-1922) foram
removidas favelas dos Morro da Providência, Santo Antônio e Gávea-Leblon.

Devido a crise que tivemos na guerra, nossas indústrias afetadas, pessoas desempregadas,
imigrantes estrangeiros chegando. Surge o Código de obras em 1938, reconhecendo pela
primeira vez a favela, tinha um porém, o código proibia construção de novas casas, não
podia melhorar a casa.

O autor nos mostra diversos discursos extremamente problemáticos como: chamando eles
de "grupos de barracos miseráveis". A assistente social Maria Hortênsia diz assim " em
nossa linda cidade, elas nascem e crescem como prodigiosa rapidez, à vista de todos, e, o
que é pior, nas melhores zonas, deixando flagrante aos olhos de qualquer turista o enorme
atraso urbanístico em que elas nos colocam".

Primeira solução do dr. Vitor Tavares de Moura, diretor do Albergue da boa vontade, para o
secretário geral é construir casas modestas e higiênicas.

Em 1941, a Comissão sugerida por Moura para estudar a solução das favelas, entrega o
seu relatório, contendo sugestões preventivas e realizadoras. A ação preventiva sugere: ") o
controle de entrada no Rio de indivíduos de baixa condição social; b) o recambio de
indivíduos de tal condição para os seus Estados de origem; c) a fiscalização severa quanto
às leis que proíbem a construção e reconstrução de casebres; d) a fiscalização dos
indivíduos acolhidos pelas instituições de amparo; e) promover forte campanha de
reeducação social entre os moradores das favelas, de modo a corrigir hábitos pessoais de
uns e incentivar a escolha de melhor moradia" .

Os moradores ocuparam as primeiras casas populares na rua Marquês de São Vicente no


dia 24 de maio. Pouco mais de 4.000 pessoas foram abrigadas. 2500 na Gávea , 720 no
Caju e 800 no Leblon. O parque da Gávea foi o mais visitado pois nesse modelo inicial (que
lembra a proposta do projeto Rio), foram construídos uma igreja, um posto médico, um
clube de malha, uma escola de educação física na creche, um lactário e um posto policial.
As pessoas eram de certa forma controladas, pois tinham que apresentar algum tipo de
identificação antes de entrar, os portões eram fechados às 22 hr. Toda noite, acontecia o
chá das nove, quando falava num microfone aos moradores sobre acontecimentos do dia e
aproveitava a oportunidade para as lições "morais".

Dois anos depois de lançado, os jornais começam a reclamar que as obras estão
paralisadas e revelam que casebres surgem não somente nos locais onde as favelas foram
removidas, mas também nos próprios parques proletários. Infraestrutura ruim, sem esgoto,
água, etc, "aspecto de favela".

A partir dos anos 40 é que começam a aparecer as primeiras indicações de uma forma de
controle sistemática, além daquela das proibições de reparos e construções. Como:

● Fiscalização de indivíduos acolhidos pelas instituições de amparo;


● Promoção de forte campanha de reeducação social;
● Correção de hábitos pessoais;
● Incentivo de escolha de melhor moradia;
● Apuração de conduta social;
● Visitas pela Sociedade de Puericultura do Brasil;
● Semana da Criança;
● Concerto do Canto Orfeônico;
● Missas públicas e solenidade dos Reis Magos;
● Escola de educação física;
● Seleção e divulgação por microfone de acontecimentos diários;
● Imposição de uma disciplina própria dos internatos escolares;
● Transmissão diária das lições morais necessárias

Dá a entender que a culpa desse processo de favelização é dos próprios moradores, mas
não é o que vemos quando lemos esse livro. E o estado não consegue resolver esse
problema criado por eles mesmo e excluem toda e qualquer participação desse grupo.

Infelizmente eles não resolveram a situação da forma correta, essas pessoas precisavam
de uma atenção, e eles pensavam que se houvesse mais autoridade e mais organização,
assim como um médico "soluciona" um tumor.

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