Você está na página 1de 10

CONJUNTURA

A União Brasileira dos Estudantes Secundaristas realiza o seu 44º Congresso durante um momen-
to de profunda crise – econômica, social, política e sanitária – em nosso país, que é parte da crise
sistêmica global, agravada pela pandemia, com as singularidades e especificidades próprias de um
país periférico e com economia subordinada aos grandes centros do capitalismo internacional. Des-
de o começo dessa crise, tornou-se necessário, para que a burguesia brasileira revertesse a queda
das suas taxas de lucro, um conjunto de medidas econômicas, políticas e sociais que o governo de
conciliação de classes (representado pelo PT) não era capaz de aplicar na velocidade que as classes
dominantes necessitavam.

Assim, a burguesia brasileira, subordinada à burguesia imperialista internacional e sem nenhum hor-
izonte democrático ou de desenvolvimento nacional, rompeu com o “pacto de conciliação” e iniciou
uma guerra (utilizando-se de seu poderio econômico, político, midiático e jurídico) contra o governo de
coalizão, que terminou no golpe jurídico-parlamentar de 2016, retirando a presidenta Dilma Rousseff e
iniciando um período de governos “puro sangue” da burguesia, começando com Michel Temer.

Com isso, o projeto das classes dominantes avançou com maior agilidade e continuou, com ain-
da mais intensidade, no governo Bolsonaro – que é produto desse processo e do clima criado por
ele no país. Nesse pacote, além da privatização de empresas públicas, demissão em massa de tra-
balhadores, desmatamento de florestas e reduções salariais, incluem-se medidas como a Reforma da
Previdência (dificultando o acesso do povo à aposentadoria), a Reforma Trabalhista (precarizando as
relações de trabalho), o Teto de Gastos (congelando os investimentos sociais), dentre outras ações
que vão no caminho de colocar o peso da crise capitalista nas costas da classe trabalhadora, que é
desapropriada de todas as riquezas que ela própria produz e sem a qual nada funcionaria.

Essa agenda não poderia resultar em outra coisa senão calamidade. Em dezembro de 2020, segundo
a Rede PENSSAN, mais de 116 milhões de brasileiros estavam em situação de insegurança alimentar
(portanto, cerca de 55,2% da população do Brasil, um aumento de 54% desde 2018, em que o número
já alarmante era 36,7%). Desse montante, 19,1 milhões de pessoas (9% da população) estavam dire-
tamente passando fome. Esse dado incide especialmente nas regiões norte e nordeste e rebate prin-
cipalmente em casas lideradas por mulheres, pessoas pretas
e pessoas sem escolaridade.

Cerca de 27 milhões de trabalhadores/as estão desempre-


gados, desalentados ou trabalham poucas horas e queriam
trabalhar mais, situações ainda mais presentes na vida da
juventude. As dificuldades no acesso à educação, à saúde
pública e à segurança também são problemas latentes. As
políticas neoliberais estão ao lado dos que promovem a es-
poliação dos recursos naturais pela grilagem de terra e de-
struição ambiental, cujas consequências rebatem-se, dentre
outras barbaridades, na perseguição e assassinato dos povos
indígenas e quilombolas.

A pandemia veio escancarar outra face do atual governo: o


negacionismo científico, a campanha contra a vacina e o uso
de máscaras e a propaganda de medicamentos ineficazes
para o combate à Covid. Essas ações provocaram mais de
650 mil mortes entre os brasileiros, nos tornando o segundo
país com mais mortos por Covid no mundo. Esse período –
que ainda não se encerrou – do governo Bolsonaro revelou

DISPUTAR O PRESENTE, CONSTRUIR O FUTURO • MEP NO 44° CONUBES 2


CONJUNTURA
de maneira nítida mais uma vez que as classes dominantes brasileiras não têm escrúpulos, pois não
buscaram remover o governo, em protesto contra esses escândalos, nenhuma vez.

Esse contexto, por outro lado, tem acirrado e tornada aberta a luta das camadas populares no Brasil.
Trabalhadores e trabalhadoras, a juventude e a população pobre não deixaram de se manifestar contra
os últimos governos e seus ataques. A crise sanitária, porém, fez com que as manifestações de massa
fossem bruscamente interrompidas. Por mais de um ano, Bolsonaro chantageou o país com ameaças
de golpe, manifestações fascistas em vários Estados, elogiando torturadores e pedindo a intervenção
militar. Bolsonaro surfou nesse período na pandemia porque sabia que seus opositores estavam prat-
icando o distanciamento social e defendendo as vacinas.

No entanto, a rápida piora das condições – já dramáticas – da vida da população, o reconhecimento


mais generalizado da gravidade da pandemia e o avanço da vacinação permitiram que a população
voltasse às ruas principalmente a partir do final de maio de 2021. Essas manifestações vêm tendo
importância fundamental na conjuntura não só porque representaram a retomada da luta nas ruas,
mas principalmente porque incorporaram aos protestos centenas de milhares de lutadores e lutadoras
em cerca de 400 das maiores cidades do país, dirigidos sobretudo por forças populares e com ampla
presença do Movimento por uma Escola Popular. Elas contribuíram para diminuir a popularidade do
governo e ampliar a consciência da classe trabalhadora sobre seus verdadeiros interesses.

Porém, não se pode subestimar Bolsonaro e seus aliados. Seu governo ainda conta com apoio de vári-
os setores das classes dominantes, de contingentes expressivos das camadas médias e até mesmo
de setores populares incentivados sobretudo por alguns setores reacionários de igrejas neopente-
costais. Conta também com o apoio de segmentos das Forças Armadas e, em especial, de setores das
polícias militares e das milícias. Mesmo com o desgaste e a eventual retirada de Bolsonaro do poder
pela derrota nas eleições, o chamado “bolsonarismo” tende a se manter como uma aglutinação de
conservadores, negacionistas, obscurantistas, fascistas e outros grupos, com segmentos organizados
e desorganizados da população.

No passado, as classes dominantes apoiaram a ditadura e não têm nenhum problema em apoiar os
bandos fascistas do governo Bolsonaro, desde que estas forças sirvam aos seus interesses econômi-
cos e políticos. Mesmo que setores burgueses apresentem contradições pontuais com o governo,
pois Bolsonaro com suas fanfarronices está atrapalhando os negócios, todos estão de acordo com a
política neoliberal, as contrarreformas, o ataque aos direitos e salários de trabalhadores e trabalhado-
ras, a política de assalto ao patrimônio público e o saque ao fundo público, assim como não tiveram e
não têm interesse efetivo em derrubar a atual gestão, preferindo desgastá-la até as eleições, buscan-
do, nesse intervalo, encontrar um candidato com viabilidade eleitoral para representá-las, compondo
a chamada “terceira via” ou buscando domesticar as “vias” colocadas.

Determinadas forças políticas, incluindo-se algumas que se situam no campo da oposição pela es-
querda ao governo, parecem também apostar no desgaste de Bolsonaro para enfrentá-lo somente nas
eleições, deixando em segundo plano a mobilização. Talvez as eleições sejam eficazes em retirar Bol-
sonaro do poder (o que, sem dúvidas, já é uma grande vitória), mas certamente não serão o suficiente
para superar o bolsonarismo e sua agenda econômica que é responsável pela deterioração da vida da
maioria da população. A única arma que os brasileiros têm para superar esse quadro é a intervenção
política e organizada na conjuntura, buscando pautar a revogação da maior parte das medidas toma-
das de 2015 para cá e portando um programa de reconstrução do Brasil a partir de suas necessidades
atuais e históricas e que aponte para a perspectiva de construção de um novo modo de organizar a
produção e a distribuição das riquezas que esteja regrado pelos interesses da maioria.

DISPUTAR O PRESENTE, CONSTRUIR O FUTURO • MEP NO 44° CONUBES 3


CONJUNTURA
Quando, em outros momentos da história brasileira, o povo precisou ir às ruas, lá estava presente o
Movimento Estudantil. Na luta da campanha “Petróleo é Nosso!”, na resistência à ditadura empre-
sarial-militar, e nas ocupações de 2016, por exemplo, os estudantes secundaristas cumpriram papel
fundamental como mobilizadores dos demais setores da classe trabalhadora. Portanto, compreen-
demos que mais uma vez essa tarefa histórica está colocada para nós, estudantes filhos da classe
trabalhadora: participar, mobilizar e ampliar o levante do povo pela conquista de seus direitos no rumo
da construção de uma nova sociedade!

1. Unidade pela revogação das contrarreformas!


2. Contra os cortes e as privatizações!
3. Fortalecer o Fórum pelos Direitos e Liberdades Democráticas!
4. Construir o Encontro Nacional da Classe Trabalhadora e dos Movimentos
Sociais (ENCLAT)!
5. Recuperação do setor de petróleo e gás através da reestatização
completa da Petrobras e com controle popular!
6. Revogação da EC95 (congelamento de gastos)!
7. Por meios de transportes 100% estatais rumo ao passe livre!
8. Pela defesa de terras indígenas, quilombolas e ribeirinhas!
9. Pelo fim da guerra às drogas e ao genocídio do povo preto!
10. Pelo Poder Popular!

DISPUTAR O PRESENTE, CONSTRUIR O FUTURO • MEP NO 44° CONUBES 4


educação
Ao longo de quase quatro séculos, o acesso à escola no Brasil foi um direito restrito a pequenos
grupos. Foi somente a partir da década de 1930 que se deu um crescimento acelerado, emergindo a
escola de massa. Desde o início as classes dominantes buscaram adequar essas instituições para os
padrões de dominação de cada época e hoje em dia não é diferente.

A Educação no Brasil é um dos setores que mais sofreu ataques diretos e indiretos no último período,
seja por cortes orçamentários, perseguições ou políticas educacionais com objetivos antipopulares.
Infelizmente, a fragmentação e a desorganização do movimento sindical na área de educação e a
política descolada das bases do movimento secundarista em nível nacional deixaram fraca a capaci-
dade de continuar avançando para a construção de um projeto que não seja apenas de melhorias
pontuais no sistema e de resistência aos ataques colocados, mas de transformação radical do modelo
educacional no Brasil.

Alguns dados (dentre muitos outros), retirados da PNAD, são expressivos da situação preocupante
pela qual passa a educação básica brasileira. Em 2019, cerca de 10% dos jovens de 15 a 17 anos de
idade estavam fora da escola e aproximadamente 11 milhões de brasileiros se encontravam em situ-
ação de analfabetismo. No mesmo ano, 10 milhões de jovens, dentre os quais, 71,7% pretos ou par-
dos, não haviam completado o ensino médio, seja por terem abandonado a escola antes do término
desta etapa, seja por nunca tê-la frequentado.

O aprofundamento da crise capitalista com a pandemia intensificou esses velhos problemas ao mes-
mo tempo em que nos trouxe outros. O aumento nos níveis de evasão escolar, uma exclusão ainda
maior no processo de acesso ao ensino superior (que deveria ser universal), um déficit na qualidade do
ensino (em decorrência, por exemplo, do Ensino Remoto Emergencial – ERE) que marcará toda uma
geração, dentre outras coisas, são exemplos disso.

Além dos problemas pedagógicos, ao produzir uma nova dinâmica de estudo e privar uma relação de
troca entre os estudantes, a educação à distância nos trouxe graves dificuldades em torno de uma
identificação coletiva entre os estudantes, colocando debilidades desde as culturais e de lazer até
as políticas e de luta por seus direitos. A implementação do ERE também caiu como uma luva para
precarizar os contratos de trabalho dos profissionais da educação e buscar aumentar os lucros. Não
sendo o suficiente, esse contexto ainda escancarou uma realidade gritante de desigualdade em que
um a cada cinco brasileiros não têm acesso à internet, segundo o IBGE. Devemos lutar contra a gen-
eralização dessa modalidade de ensino.

Hoje, duas das formas principais dos ataques à educação básica vem com o Novo Ensino Médio e
as escolas “cívico-militares”. O primeiro busca ajustar a educação brasileira aos projetos do mercado
financeiro internacional e dos países imperialistas, de transformar o Brasil em um país de produção
no setor primário, com baixa qualificação da força de trabalho e com salários e condições de em-
prego completamente precárias; para isso, reduz o escopo da escola, transformando-a, na prática,
em um currículo apenas de português e matemática, cobrindo tudo isso com a máscara da “escolha
dos estudantes sobre seu currículo”. As escolas “cívico-militares”, por outro lado, são escolas, geral-
mente para setores vulneráveis da sociedade, que estão sendo administradas por militares, em geral
ligados às PMs/BM dos estados. Esse modelo, que “corta pela raiz” o aprendizado político que as
escolas oferecem por serem um espaço de mobilização e socialização juvenil, com rico histórico do
movimento estudantil, tem como objetivo enquadrar estudantes, professores e funcionários técnicos
em uma lógica de disciplina militar, obediência cega e, como os relatos têm apontado, assédio moral,
psicológico e sexual de professores e estudantes.

DISPUTAR O PRESENTE, CONSTRUIR O FUTURO • MEP NO 44° CONUBES 5


educação
Em meio a uma ofensiva burguesa sobre a educação, é necessário conquistar vitórias na defesa da ed-
ucação pública, mas largar as palavras de ordem genéricas, como “mais educação”, e partir para uma
contraofensiva renovada, com um programa concreto para a educação, que não tenha o mercado de
trabalho com fim, mas a construção da vida social sob a visão dos interesses da classe trabalhadora;
que rompa com a sociabilidade capitalista e que possa se tornar mais um ponto de fomento para a
revolução socialista!

A reforma do ensino médio surge como uma resposta da burguesia às crises do sistema capitalis-
ta, dentro de um contexto de necessidade de aumento dos lucros através da exploração dos tra-
balhadores. Apesar de ser apresentada sob o pretexto de diversidade e capacidade de escolha, essa
reforma, é na verdade, a legitimação da premissa burguesa de desinvestimento na educação pública.

Segundo essa medida, “O currículo do ensino médio será composto pela Base Nacional Comum Cur-
ricular (BNCC) e por itinerários formativos, que deverão ser organizados por meio da oferta de difer-
entes arranjos curriculares, conforme […] a possibilidade dos sistemas de ensino” e também a obrig-
atoriedade de somente dois itinerários formativos, leia-se em “Os sistemas de ensino devem garantir
a oferta de mais de um itinerário formativo em cada município, em áreas distintas”.

o que isso significa?


1. A possibilidade de privação do ensino de certas disciplinas pela escassez de professores e falta
de concursos.
2. Limitação àquilo que a escola pode oferecer em termos infraestruturais, quadro precário e agrava-
do pela EC 95 (teto dos gastos).
3. As escolas estaduais localizadas em um mesmo município só terão como obrigatoriedade de
oferecer apenas dois Itinerários Formativos. Podendo o estudante não ter o itinerário desejado em
sua escola, tendo que se deslocar para lugares distantes ou até outros municípios. As escolas não
terão mais que contratar professores e/ou adquirir recursos para o ensino das disciplinas, tendo o
currículo que se adaptar à realidade escolar.

e tem mais:
4. A abertura da possibilidade de parcerias público-privadas, devido à incapacidade infra-estrutural
de oferecimento de itinerários formativos, sendo as empresas uma forma de “corrigir” esse quadro.
5. A pedagogia das competências, a naturalização das condições exploratórias da classe trabalha-
dora e a promoção de individualismo exacerbado e ilusório, através de matérias como “Projeto de
Vida” e “Empreendedorismo”.
6. A possibilidade de cumprimento de 20% da carga horária à distância, reduzindo a permanência
dos estudantes, e, consequentemente, gerando a redução dos gastos com a infraestrutura, como
a contratação de servidores (ex: merendeiras, porteiros, inspetores).

DISPUTAR O PRESENTE, CONSTRUIR O FUTURO • MEP NO 44° CONUBES 6


educação
É com isso em mente que o MEP defende um projeto de escola popular, uma escola que não seja so-
mente pública e de qualidade, mas também promova educação completa e inclusiva, dando a devida
importância às matérias e campos tidos como secundários ou para poucos, como artes, esportes e a
área técnica, tão necessárias para o desenvolvimento humano pleno.

O projeto cívico-militar nas escolas atende aos interesses dos dois setores mais poderosos no Bra-
sil: as classes dominantes (o lado “cívico”) e os militares (o lado “militar”). Seguindo a linha da Lei da
Mordaça, é muito grave a alternativa de um militar “que coloque ordem” em sala de aula, coagindo
crianças e adolescentes através de uma disciplina bruta e irracional para um espaço de educação,
limitando as possibilidades de desenvolvimento de um pensamento minimamente crítico e capaz de
apreender a realidade em sua totalidade, preparando as pessoas para uma situação de alienação ain-
da mais preocupante que a já existente, fazendo-as naturalizar as barbaridades do atual tipo de socie-
dade. Funcionando de uma maneira mais cruel que o “Novo Ensino Médio”, esse é o projeto de escola
que as classes dominantes querem impor aos setores mais pauperizados da sociedade, sobretudo a
juventude negra e periférica.

É colocando-se contra o que está posto e portando um modelo de escola popular que apoiamos uma
nova concepção pedagógica, que venha a aplicar a educação libertadora, começada por Paulo Freire
e continuada por tantos professores e educadores populares depois dele. Uma educação que não
venha para adequar os alunos ao sistema capitalista, mas para prepará-los para derrubá-lo.

Defendemos, assim, que a UBES incorpore no seu programa de lutas:

1. Uma educação pública gratuita, crítica, de qualidade e verdadeiramente popular


2. Revogação do teto de gastos
3. 10% do PIB para educação pública
4. Ampliação da rede de escolas técnicas
5. Implantação e ampliação dos incentivos a arte e esportes nos colégios
6. O fim do vestibular e o acesso universal às universidades e institutos federais
7. A universalização de políticas de permanência estudantil nas escolas
8. Uma escola sem machismo, racismo e LGBTfobia
9. A revogação imediata da Reforma do Ensino Médio.
10. Passe livre intermodal e intermunicipal irrestrito.
11. Ensino em línguas indígenas aos povos originários.
12. O fim das escolas cívico-militares.
13. Uma escola omnilateral, dando condições para o estudante desenvolver as
mais variadas dimensões do ser humano: técnica, corporal, cultural e etc.
Ampliação das políticas de permanência.
14. Cotas para a população travesti e transsexual.
15. Por uma escola que entrelace o conhecimento com a prática!
16. Por uma reforma curricular, debatida e deliberada pelas comunidades escolares
(pais, estudantes, professores e comunidade), visando atender às demandas da
classe trabalhadora!
17. Lutar por métodos de ensino e avaliação onde o estudante tenha participação
ativa na construção do aprendizado. Contra o tecnicismo!

DISPUTAR O PRESENTE, CONSTRUIR O FUTURO • MEP NO 44° CONUBES 7


educação

18. Pela ampliação do ensino rural nas comunidades!


19. Pela construção de espaços de discussão so-
bre diversidade sexual e gênero nas escolas!

20. Pela capacitação de professores no ensino de história da África, relações étni-


co-raciais e história dos povos indígenas, no cumprimento das leis 10.639/03 e
11.645/08.
21. Pela ampliação de programas de alfabetização de adultos!
22. Pela permanência do ensino médio no período noturno!
23. Em defesa do voto direto à eleição direta de diretor escolar com voto universal!
24. Funcionamento e maior investimento nas Bibliotecas nas escolas.
25. Escolas abertas para a comunidade em finais de semana e feriados.
26. Pelo fim da taxa de inscrição no ENEM!
27. Em defesa da livre articulação dos estudantes em grêmios e coletivos!

DISPUTAR O PRESENTE, CONSTRUIR O FUTURO • MEP NO 44° CONUBES 8


movimento estudantil
Em um momento de acirramento da luta de classes e recrudescimento das condições de vida da
classe trabalhadora, fica clara a necessidade de auto-organização do proletariado. Desde seu nasci-
mento no calor das lutas do “Petróleo é nosso”, no final dos anos 40, a União Brasileira dos Estudantes
esteve ao lado dos estudantes e dos interesses da classe trabalhadora. No entanto, nos últimos anos,
a entidade - sob a direção de sua atual força majoritária - vem se distanciando cada vez mais das bas-
es de estudantes, trabalhando ativamente para um caminho de desmobilização e despolitização dos
estudantes no Brasil inteiro.

Esse caminho mais “institucional” e menos de construção do movimento social foi fruto de um vínculo
da UBES, no período dos governos do PT (2003-2016), à agenda e ao programa do governo, e não das
necessidades objetivas dos estudantes e da classe trabalhadora. Assim, vemos hoje, como exemplo,
a página da UBES fazendo propaganda de planos de saúde privados, em vez de amplas campanhas
em defesa do SUS. Para operar essa política, cada vez mais ela passou a agir como uma “correia de
transmissão” governamental, em vez de buscar as bases para construir um instrumento com inde-
pendência política e autonomia frente a qualquer governo de esfera nacional, estadual e municipal.

Tal desmobilização durante esses anos se enraizou de forma tão profunda que, em frente a uma con-
juntura tão acirrada quanto a que nos encontramos hoje, não conseguimos encontrar a capilarização
necessária para assegurar os direitos mais básicos dos estudantes. Podemos ver, por exemplo, que
medidas como a reforma do ensino médio passaram praticamente sem resistência por parte dos estu-
dantes nesse período mais recente.

Para combater essas posturas burocráticas e despolitizantes, é necessário trazer o movimento es-
tudantil secundarista para onde pertence: junto às bases e junto à classe trabalhadora. É necessário
romper com o engessamento da entidade, fazendo campanhas ativas e de mobilização permanente
pela construção e reconstrução das entidades representativas de base, como os grêmios estudantis e
as entidades municipais e estaduais. Para voltar a ter uma entidade nacional forte, ativa e combativa,
precisamos devolvê-la aos estudantes, aos filhos do povo!

E para devolver lugar de destaque a UBES, é preciso envolvê-la nas lutas e nos anseios da classe tra-
balhadora, rompendo com uma visão limitadora de movimento estudantil. É preciso entender que as
lutas do povo pertencem também aos estudantes, e que os destinos da sociedade devem também ser
disputados pelo movimento estudantil.

Para romper com o reformismo e a desmobilização, vincular as lutas estudantis com a luta pelo so-
cialismo, junto à classe trabalhadora e pela revolução! Por uma escola popular, por uma revolução
socialista!

1. Por uma UBES de volta às bases!


2. Fortalecimento das entidades estaduais, municipais e grêmios estudantis!
3. Mais diálogo e repasse financeiro para as entidades locais!
4. Por uma UBES com independência política frente aos governos e que represente os
interesses do conjunto dos estudantes!
5. Pela democratização das estruturas da UBES com participação das entidades locais
e de base!

DISPUTAR O PRESENTE, CONSTRUIR O FUTURO • MEP NO 44° CONUBES 9


IG @ MEP.NACIONAL
DISPUTAR O PRESENTE, CONSTRUIR O FUTURO • MEP NO 44° CONUBES 10

Você também pode gostar