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Prefácio
Sem qualquer concessão aos falsos profetas e mitos cloroquínicos e claramente genocidas.
Os modelos de gestão mostraram seu caráter tóxico para fundo publico e os conluios publico-
privados conspiraram para o subfaturamento de equipamentos e estruturas e para o não
pagamento de trabalhadores.
Se é possível afirmar que após 30 anos de implementação do SUS houve, muita luta, melhoria
nas condições de saúde das maiorias que dele dependem, é evidente que o SUS como direito
de todos e dever do Estado, numa perspectiva de assistência integral, eficiente, acessível,
publico e gratuito, permanece como PROJETO, já que seus princípios colidem com a
mercantilização da saúde e com a universalização excludente.
A diminuição do valor das parcelas do auxilio emergencial, colidiu com o aumento criminoso
dos preços da cesta básica e a equipe econômica ultraneoliberal se recusa a realizar o controle
dos preços (mas não tem qualquer constrangimento em controlar salários e precarizar
empregos), enquanto o “agro-pop” está exportando arroz para receber em dólares.
Esse Brasil dilacerado pelas perdas na pandemia, pelo desemprego, carestia, irracionalismo, e
pela lógica do lucro a qualquer custo ambiental e de pessoas, pelas ameaças diuturnas às mais
elementares liberdades democráticas.
Desconfiem da ciência que diz que não tem lado, pois, em geral, sobre seus argumentos há
certamente partes interessadas, e competitivas.
Esta coletânea tem lado: o dos trabalhadores e oprimidos. Ela se posiciona lançando mão das
armas da crítica, e construção de um outro Brasil, livre do neofascismo, do ultraliberalismo e
quiçá do capitalismo com sua expansão destrutiva.
Apresentação
- 3 textos: põem em xeque sensos comuns de grande utilidade para a reafirmação constante de
falsas verdades como:
a) medo social construído sobre a favela e seus moradores termina por esconder a miséria, a
discriminação e a violência de Estado que lá se impõe, bem como as potências de uma
resistência popular, organizada, aos mesmos males, inclusa também a necessidade de resistir à
Covid-19.
Educação: publica como política do Estado e alvo de interesses empresariais, instituição publica
e papel social, na relação contraditória com a dualidade estrutural que se mantém
aprofundada. Proposta de politecnia no ensino médio como proposta emancipatória em
tempos de aprofundamento da barbárie.
Reunindo as melhores armas da crítica para que a ciência cumpra seu papel emancipatório que
lhe pode caber, em tempos de irracionalismo, revisionismo e negacionismo.
Cap 1 – Crise econômica, crise sanitária: a Covid-19 como instrumento da acumulação?
A crise econômica e sanitária não foi causada pela Covid-19. O desemprego, a desigualdade
social, a concentração de renda e o sofrimento da classe trabalhadora mais pobre foram ainda
mais agravadas. Traz à tona reflexão que essa catástrofe atual expõe ainda mais as feridas que
não estavam sendo tratadas.
Vivemos portando, um aprofundamento de uma crise que se desenrola há vários anos. O feroz,
e desesperado impulso por resolver a colossal dissociação entre produção e apropriação do
mais-valor é a condição atual do capital. Mais destruição de vidas (aliás, supérfluas do ponto de
vista desumano da acumulação de capital), mais destruição ambiental, mais destruição de
direitos, mais conflitos... (cancelamento de CPFs).
Nunca como agora a ação econômica dos Estados foi tão central para que o satânico moinho
burguês triture a vida da classe trabalhadora.
Mas a erupção no momento econômico procedeu ao da crise sanitária – ela mesma também
um momento construtivo desse modo de produção cada vez mais devastador porque submete,
seres vivos e natureza, à lógica do lucro – sua manifestação como adoecimento e morte
aparece.
A pandemia não desencadeou a crise econômica, mas aprofundou. Ambas possuem o mesmo
código genético: foram gestadas pelo capitalismo num mesmo marco histórico e, por isso,
contraditoriamente, a pandemia possibilita a um só tempo o agravamento da crise econômica-
social e as oportunidades para que ocorra total equilíbrio posterior às crises – ainda que
sempre como soluções temporárias ao restabelecimento das condições gerais de acumulação
capitalista.
A evolução da política de saúde no combate a Covid-19 no Brasil autoriza reconhecer que está
em curso um genocídio cujas responsabilidades cabem aos governantes dos diversos
momentos do Estado brasileiro e à grande burguesia; uns e outra, não parecem se incomodar
com a letalidade da doença e de seu acelerado curso. Morrem mais pobres do que ricos;
morrem mais negros e negras do que brancos e brancas; morrem, regra geral, os
miserabilizados no interior da classe trabalhadora.
Cap 2 – Pandemia e Conservadorismo no Brasil: fundamentos e conjuntura recente
Samba Mangueira 2019 – “Desde 1500 tem mais invasão que descobrimento. Tem sangue
retinto pisado, atrás do herói emoldurado. Mulheres, tamoios, mulatos.” Ou seja, existe um
país que não está no retrato.
Esse embotamento das classes populares fez emergir radicais extremistas, terraplanistas,
negadores da ciência e apologistas abertos do racismo, da misoginia, homofobia e a aporofobia
(ódio e aversão aos pobres).
A favela não é uma escolha habitacional, mais uma necessidade e uma possibilidade de
moradia para as famílias. A favela significa resistência, mas também é um arquétipo da
desigualdade social brasileira. 15.5 milhões de pessoas vivem em aglomerados subnormais
(moradia precária e pequena localizada em áreas de carência de serviços básicos como
transporte, saúde, educação, com negação de acesso a creches, limitada e ausência
possibilidade de lazer). A maioria das pessoas que habitam esses territórios são pretos e
pardos. Construção sócio-histórica.
As chances de morte dessa população demonstram 3.8 vezes maior que pessoas brancas com
nível superior. A pandemia agudiza a desigualdade social, econômica, e a violência nesses
territórios com o recrudescimento das condições sociais.
Este é uma país que se torna politicamente emancipado tendo como base econômica a
escravidão e o latifúndio (prado júnior, 1933).
Cap 4 – SUS e pandemia nas páginas dos jornais: notas sobre comunicação e método.
A cobertura jornalística se deparou com o espaço e o protagonismo do SUS (que vaic além da
assistência) que se aproxima da constituição de 1988.
Com imposição da realidade concreta! Não seria possível a ação, o combate ou a informação
sobre a pandemia sem o SUS (tudo passa pela sua estrutura).
Outro fenômeno é a forma como algumas notícias foram divulgadas, de forma distorcida.
Compreender que o SUS significa na vida de cada um, superando o método fragmentado da
forma jornalística. “É possível contar uma ficção dizendo só verdades”.
Cap 5 – Coronavírus e crise sociossanitária: a radicalização da precarização do trabalho no
SUS
O fechamento das escolas em março de 2020 por questão sanitária no início da pandemia.
Abriu uma discussão sobre alternativas e entraves encontrados para o ensino remoto
emergencial.
Exame de documentos que são um consenso global sobre a retomada escolar, desenvolvida
por órgãos internacionais, banco mundial e a Unesco. No Brasil, o movimento “Todos pela
Educação” trata a pandemia como uma oportunidade de aprofundar processos de reforma
com a introdução de tecnologias educacionais e a configuração do trabalho do docente,
“processo progressivo de privatização”.
O novo normal, não tem nada de novo, nem de normal – O aprofundamento e a atualização
das desigualdades, dialogando com as perspectivas de que o mercado é mais importante que a
vida das pessoas.
Suspensão de aulas presenciais foi uma importante medida de proteção a vida humana. O
quanto o impacto dessa medida se traduz em contradições do sistema educacional. A
dualidade estrutural entre os sistemas públicos e privados, atualizam os mecanismos de
reprodução de diferenças de classes sociais desses estudantes.
Nas escolas privadas a reconversão das aulas do presencial para o remoto foi quase
imediata.
O direito a saúde é uma construção histórica das democracias de massa. Fruto da luta em
que as classes trabalhadoras empreenderam e conseguindo alcançar direitos e ampliação
de políticas sociais.
O SUS é resultado da luta dos trabalhadores e hoje há uma tentativa de demolição, atrofia
e diminuição da luta de classes protagonizada pelos trabalhadores.
Hoje há uma derrota dramática com a perda de direitos e recuo civilizatório com o
sofrimento de forma violenta e ainda mais intensa dos trabalhadores.
Ameaças recentes as APSs- Previne Brasil, Carteira de Serviços e Novos modelos de APSs
com novo modelo de financiamento que retira recursos do SUS. Pensando, dialogando e
discutindo as APSs inserida em uma totalidade. Hoje sendo comprometida pelo interesse
de classes, sofrendo crises econômicas.
Necessidade de defesas do SUS em todo planejamento que fomente uma análise crítica
das APS e da necessidade de defesa de um SUSU universal e uma sociedade igualitária.
Conta-se ainda com o ministério da Saúde na manipulação e obstrução dos dados oficiais.
Cap 12 – O complexo econômico industrial da saúde e a pandemia
Como devemos imaginar um SUS sem um, complexo industrial e nacional de tecnologias,
de vacinas, medicamentos e insumos, é possível?