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ESCOLA ESTADUAL “DR.

REYNALDO MARTINS MARQUES”


Rua: Ari Teixeira da Costa, 1500 - Santa Paula
Ribeirão das Neves – Tel: 3626-9108

As cidades brasileiras no início do século XX


No início do século XX, com o apoio das
elites urbanas, os governantes brasileiros
empreenderam uma série de reformas nas
maiores cidades do país. Esses
governantes pretendiam com isso
modernizar as cidades e “civilizar” a
população brasileira.
Para realizar tais reformas, o governo
brasileiro se inspirou na organização
urbana das principais cidades europeias.
Nessa época foram construídas largas
avenidas e instalados bondes elétricos que
permitiram às pessoas se deslocar de um
lugar para outro com maior rapidez. Além dos bondes, o uso da eletricidade permitiu a substituição
dos lampiões a gás por lâmpadas elétricas. Nas áreas mais ricas das cidades, foram instalados
encanamentos de água e de gás, além da rede de esgoto. Essas novidades transformaram a
paisagem de muitas cidades brasileiras.
Outras novidades
Nessa época, além dos aparelhos de telefone, chegaram ao Brasil
O automóvel no Brasil
Os primeiros automóveis circularam novos meios de comunicação, como o telégrafo. Esses meios de
pelas ruas brasileiras no início do comunicação possibilitaram que as pessoas trocassem informações
século XX. Em 1904, por exemplo, com maior rapidez.
havia cerca de 80 veículos na cidade
de São Paulo. Nessa época, surgiram Além dos meios de comunicação, novos eletrodomésticos chegaram
as primeiras leis de trânsito, que ao país, como ferros elétricos e máquinas de costura. Também
regulamentavam a velocidade máxima foram importados fogões a gás, geladeiras, máquinas fotográficas e
permitida e obrigava os motoristas a
fazer exames para tirar a carteira de cinematográficas. Esses produtos industrializados chegaram ao
habilitação. Brasil vindos principalmente da Inglaterra.

As reformas no Rio de Janeiro


Na passagem do século XIX para o XX, a cidade do Rio de Janeiro ainda tinha características
urbanas da época colonial, apesar da riqueza proporcionada pela cafeicultura e pelas fábricas.
A capital brasileira ficava localizada entre o litoral e a Serra do Mar, em um terreno cheio de morros
e lagoas. Além disso, sua geografia não favorecia o desenvolvimento do centro urbano. As ruas da
cidade eram sujas e estreitas, e quase não havia saneamento básico. Doenças como varíola,
malária, febre amarela e peste bubônica atingiam frequentemente a população.
Antigos edifícios, transformados em cortiços no centro da cidade, eram habitados por milhares de
famílias pobres, vivendo em situações precárias e sem condições mínimas de higiene. O porto da
cidade não tinha estrutura para receber navios de grande porte, prejudicando a circulação de
mercadorias entre a capital e outras regiões do Brasil e do mundo.
FERNANDES, Ana Claúdia, Araribá Mais História: 9º ano: ensino fundamental: anos finais.1. ed. — São Paulo: Editora Moderna,
2018.

O projeto de “regeneração”
As reformas no Rio de Janeiro faziam parte de um projeto de “regeneração” da cidade, que além de
reformas urbanas e sanitárias, buscava a mudança nos costumes das pessoas.
Além de uma capital “moderna”, as elites brasileiras desejavam que a população fosse “civilizada”,
comportando-se de acordo com padrões europeus.
Por isso, vários costumes e tradições considerados perturbadores da ordem, como a serenata e o
jogo de capoeira, foram duramente reprimidos durante a Primeira República.
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O Bota-abaixo
Durante as reformas urbanas comandadas pelo prefeito Pereira Passos, muitos prédios antigos
foram demolidos e milhares de pessoas ficaram desabrigadas. Esse período da história do Rio de
Janeiro ficou conhecido como Bota-abaixo.
Um exemplo foi a construção da avenida Central, iniciada em 1904. Ela foi projetada com o objetivo
de melhorar o tráfego de pessoas e veículos e de embelezar o centro da cidade. Toda a arquitetura
ao longo da avenida foi refeita. Cerca de 640 prédios com fachadas em estilo colonial foram
demolidos e substituídos por edifícios em estilo neoclássico, semelhantes aos de Paris.
As mudanças foram radicais e surpreenderam os cariocas. O escritor Lima Barreto, ao falar de um
país fictício chamado “República dos Estados Unidos da Bruzundanga”, fez uma sátira ao que
acontecia no Rio de Janeiro naquele momento:
[...] E eis a Bruzundanga, tomando dinheiro emprestado, para pôr as velhas casas de sua capital
abaixo. De uma hora para outra, a antiga cidade desapareceu e outra surgiu como se fosse obtida
por uma mutação de teatro. Havia mesmo na cousa muito de cenografia.
BARRETO, Lima. Os bruzundangas. São Paulo: Ática, 1985. p. 73.
A expulsão da população
Durante as reformas, muitos moradores pobres e pequenos comerciantes foram expulsos do centro
da cidade, sem nenhuma indenização ou novo local para se fixar.
As obras foram conduzidas de modo autoritário e com repressão policial, gerando grande
insatisfação popular.
Os pobres, afastados de suas residências, deslocaram-se até os morros vizinhos ou para os
subúrbios, construindo moradias improvisadas com material de demolição retirado do centro da
cidade. Essas moradias improvisadas deram origem às primeiras favelas da cidade do Rio de
Janeiro.
Questões do texto
Sobre as reformas urbanas e sanitárias na cidade do Rio de Janeiro, responda:
a ) Quais eram as características da cidade antes das reformas?
b ) Por que os governantes promoveram essas reformas?
c ) O que foi o Bota-abaixo?
d ) Como a população pobre carioca reagiu às medidas sanitárias do governo? Explique os motivos
dessa reação?

Imigração Importante aspecto das mudanças sociais ocorridas na República Velha


O Brasil foi um dos países receptores dos milhões de europeus e asiáticos que vieram para
as Américas, em busca de oportunidade de trabalho e ascensão social. Ao lado dele, figuram, entre
outros, os Estados Unidos, a Argentina e o Canadá.
Cerca de 3,8 milhões de estrangeiros entraram no Brasil entre 1887 e 1930. O período de 1887-
1914 concentrou o maior número, a cifra aproximada de 2,74 milhões, cerca de 72% do total. Essa
concentração se explica, entre outros fatores, pela forte demanda de força de trabalho para a
lavoura de café, naqueles anos.
Em termos de recepção de imigrantes, o estado de São Paulo se destacou no conjunto,
concentrando sozinho a maioria de todos os residentes estrangeiros no país (52,4%). Essa
preferência se explica pelas facilidades concedidas pelo Estado (passagens, alojamento) e pelas
oportunidades de trabalho abertas por uma economia em expansão.
Considerando-se o período 1887-1930, os italianos formaram o grupo mais numeroso, com 35% do
total, vindo a seguir os portugueses (29%) e os espanhóis (14,6%). Outros grupos relativamente
pouco numerosos, em termos globais, foram qualitativamente importantes. O caso mais expressivo é
dos japoneses os quais vieram sobretudo para o estado de São Paulo.
Os imigrante mudaram a paisagem social do Centro-Sul do país, com sua presença nas atividades
econômicas, seus costumes, seus hábitos alimentares, contribuindo também para valorizar uma
ética do trabalho.
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Os imigrantes, em sua grande maioria pobres, tiveram êxito na nova terra? Quando pensamos no
seu papel no desenvolvimento do comércio e da indústria, em estados como São Paulo, Rio Grande
do Sul, Santa Catarina e Paraná, a resposta afirmativa é quase espontânea. O caso do campo é
mais complicado. No estado de São Paulo, por exemplo, nos primeiros anos da imigração em
massa, os imigrantes foram da imigração em massa, os imigrantes foram submetidos a duras
condições de existência, resultantes das condições gerais de tratamento dos trabalhadores no país,
onde quase equivaliam aos escravos.
Se tomarmos porém a história da imigração em período mais longo de tempo, verificaremos que
também no campo muitos imigrantes subiram na escala social. Uns poucos tornaram-se grandes
fazendeiros. A maioria passou à condição de pequenos e médios proprietários, abrindo caminho
para que seus descendentes viessem a ser figuras centrais da agroindústria paulista.
FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo, Edusp, 1994. P. 275-6 e 281 (texto adaptado)
COTRIM, Gilberto, História e Reflexão, editora Saraiva, 10ª edição, 2000. Pág. 47
Agora responde de acordo com o texto acima.
1. O período de 1817-1914 concentrou a chegada de grande número de imigrantes no Brasil. O que
explica essas concentrações?
R:______________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
2. Que estado brasileiro recebeu o maior número de imigrantes? Como explicar esse fato?
R:______________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
3.Quais os principais grupos étnicos de imigrantes que chegaram ao Brasil no período de 1887

Revoltas na República Velha


República Velha ou Primeira República foi um período marcado por revoltas populares e militares
motivadas pela pobreza, desigualdade social, racismo, medo, violência etc.
A República Velha, período da história brasileira mais conhecido pelos historiadores como Primeira
República, estendeu-se de 1889 a 1930. Foi a primeira fase da República no Brasil e, como tal, foi
um período cheio de tensões, seja na economia, seja na política e também na sociedade como um
todo.
A desigualdade social, os aumentos nos impostos, as necessidades não atendidas, o racismo, o
medo, a insatisfação política etc., tudo isso foi raiz para revoltas na Primeira República. Ao longo dos
mais de quarenta anos dessa primeira fase, aconteceram diferentes revoltas no campo, na cidade e
até mesmo no meio militar.
O objetivo deste texto é listar as principais revoltas que aconteceram durante a Primeira República,
trazendo um pequeno resumo a respeito de cada uma delas.

Resumo
 As revoltas na Primeira República foram motivadas por inúmeros fatores, como desigualdade
social e pobreza, violência policial, medo, fanatismo religioso etc.
 As quatro principais revoltas do período, isto é, as mais estudadas são: Canudos, Contestado,
Revolta da Vacina e Revolta da Chibata.
 A Guerra de Canudos aconteceu entre 1896-97 e foi motivada pela insatisfação das elites
baianas com a formação do arraial que possuía um líder religioso desvinculado da Igreja e uma
experiência social com ares de igualitarismo.
 A Guerra do Contestado aconteceu em uma região disputada por Paraná e Santa Catarina e
envolvia a insatisfação dos sertanejos com a pobreza e o fervor religioso.
 A Revolta da Vacina foi motivada pela insatisfação da população com a violência do processo de
modernização do Rio de Janeiro aliada ao medo da campanha de vacinação forçada.
 A Revolta da Chibata teve como estopim a insatisfação dos marinheiros negros e mestiços com
os castigos físicos que sofriam na Marinha.
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Revoltas na República Velha: saiba quantas e quais foram - Brasil Escola (uol.com.br)

Leia o texto a seguir.


Pensamos no dia 15 de novembro. Acontece que caiu forte temporal sobre a parada militar e o
desfile naval. A marujada ficou cansada e muitos rapazes tiveram permissão para ir à terra. Ficou
combinado, então, que a revolta seria entre 24 e 25. Mas o castigo de 250 chibatadas no Marcelino
Rodrigues precipitou tudo. O Comitê Geral resolveu, por unanimidade, deflagrar o movimento no dia
22. O sinal seria a chamada da corneta das 22 horas. O Minas Gerais, por ser muito grande, tinha
todos os toques de comando repetidos na proa e popa. Naquela noite o clarim não pediria silêncio e
sim combate. Cada um assumiu o seu posto e os oficiais de há muito já estavam presos em seus
camarotes. Não houve afobação. Cada canhão ficou guarnecido por cinco marujos, com ordem de
atirar para matar contra todo aquele que tentasse impedir o levante. Às 22h50m, quando cessou a
luta no convés, mandei disparar um tiro de canhão, sinal combinado para chamar à fala os navios
comprometidos. Quem primeiro respondeu foi o São Paulo, seguido do Bahia. O Deodoro, a
princípio, ficou mudo. Ordenei que todos os holofotes iluminassem o Arsenal da Marinha, as praias e
as fortalezas. Expedi um rádio para o Catete, informando que a Esquadra estava levantada para
acabar com os castigos corporais. [...]
REVOLTA da Chibata. Projeto Memória. Disponível em: <http://www.projetomemoria.art.br/
RuiBarbosa/glossario/r/revolta-chibata.htm>. Acesso em: 24 jul. 2018.
a ) Com base no conteúdo estudado no capítulo, responda: a que levante esse texto faz referência?
R:_____________________________________________________________________________

b ) Que fato acabou antecipando o início do levante para o dia 22 de novembro?


R:_____________________________________________________________________________

A Revolta da Vacina
O médico sanitarista Oswaldo Cruz foi encarregado de
conduzir as reformas sanitárias no Rio de Janeiro. Com o
objetivo de sanear a cidade, dedicou-se, inicialmente, ao
combate de doenças como a febre amarela e a peste
bubônica, eliminando mosquitos e ratos.
Em seguida, comandou o processo de erradicação da
varíola, porém o único meio de combater essa doença era
vacinar a população.
Na época, membros da oposição ao governo propagaram
informações infundadas que questionavam a eficácia da vacina. Essas informações assustaram boa
parte da população, que se recusou a tomá-la. Por isso, o governo aprovou, em novembro de
1904,a Lei da VacinaObrigatória e passou a usar a força policial nos casos de
resistência à vacinação.
A população, que já estava cansada das medidas autoritárias do governo, iniciou então uma grande
revolta. Durante uma semana, a população levantou barricadas nas ruas, depredou edifícios e
saqueou lojas. Nos confrontos com a polícia, houve grande número de mortos e feridos. Após a
revolta, a vacinação deixou de ser obrigatória e tornou-se voluntária.

1. Quais foram as principais doenças combatidas pelo médico sanitarista Oswaldo Cruz durante as
reformas sanitárias no Rio de Janeiro?
2. Por que membros da oposição ao governo questionaram a eficácia da vacina contra a varíola?
3. Como o governo lidou com a resistência da população à vacinação obrigatória?
4. Quais foram as consequências da revolta da população contra as medidas autoritárias do governo
em relação à vacinação obrigatória?

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