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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ (UNESPAR)

ESCOLA DE MÚSICA E BELAS ARTES (EMBAP)

TRABALHO FINAL DA DISCIPLINA EDUCAÇÃO EM MUSEUS

Análise do circuito educativo da 34ª Bienal de São Paulo: Faz escuro mas eu canto

Lucas Emanuel Pereira Lage


Sara da Silva Uliana

A Bienal de Arte de São Paulo, evento tradicionalismo e já aguardado na agenda do


paulistano, sempre procurou desde o momento de sua criação, provocar questionamentos e
rupturas, tentando levar novos conceitos aos museus e instituições locais, promovendo dessa
forma um enriquecimento da cena artística brasileira. Com a 34ª edição não foi diferente,
pensada para acontecer em diversos pontos da cidade simultaneamente e de forma
descentralizada, a Bienal buscou trazer neste ano artistas de fora do circuito tradicional,
abarcando dentre os seus selecionados produções indígenas e afro-diaspóricas.

Entretanto, houve um último imprevisto que não fazia parte do projeto original, esta edição
teve seu início em 2020 juntamente com a pandemia do coronavírus e o início do lockdown.
Tal acontecimento fez com que todo o projeto de divulgação, exposição e comunicação com
o público fosse reformulado, tornando essa bienal não apenas um evento descentralizado no
território da cidade, mas no território virtual também.

Num esforço para tentar promover os debates e os encontros previstos para acontecerem
presencialmente, de forma digital, a Bienal este ano apostou todas as suas forças em um
poderoso educativo, que coordenado pelo professor e artista Paulo Portella, estruturou uma
série de cursos e mediações digitais da mostra. Para este trabalho, tentaremos analisar os 4
mini cursos vinculados pela fundação bienal, e seu papel para a troca de informações
instituição-público.

Temática

Os minicursos promovidos pelo educativo, estruturaram-se da seguinte maneira:

MINICURSO #1: FAZ ESCURO MAS EU CANTO:

Promove uma série de debates entre arte, repressão e produção em períodos caóticos,
pautados pela canção tema da bienal este ano “Faz escuro mas eu canto”, composta por
(nome) e nos anos (x) e regravada anos mais tarde por (y) em (z), como cântico de resistência
frente ao governo militar. Ao apropriar-se dessa música como tema para a mostra, a 34ª
esforça-se para abarcar também todo o seu potencial simbólico, trazendo para a exibição um
caráter político e revolucionário.
Neste minicurso, demais relações de ressignificação e protesto são explicitadas utilizando-se
dos trabalhos dos artistas:Zina Saro-Wiwa, Manthia Diawara,Edurne Rubio e Carmela Gross

MINICURSO #2: MEMÓRIA E COLETIVIDADE:

Nesta edição a bienal busca promover a relação que se tem entre o indivíduo e sua
coletividade, seja este grupo unido por sangue, localização, língua etc. Partindo da filosofia
do antropólogo brasileiro Eduardo Viveiros de Castro e a construção de mundo que se dá a
partir dos cantos do povo Tikmũ’ũn, a bienal reflete sobre a natureza ética e estética que
existe nas relações de memória de um grupo social. Para tal, neste módulo serão utilizados os
trabalhos dos artistas:Sebastián Calfuqueo Aliste, Sung Tieu, Jaider Esbell e Jaune
Quick–to–See Smith

MINICURSO #3: REPETIÇÕES CONTRA A FLECHA DO TEMPO

O terceiro minicurso da mostra se embasa da teoria do tempo espiralar, contrapondo-se a


tradicional linearidade temporal advinda do pensamento colonial, desta forma, este minicurso
se propõe desvinculado desta construção de realidade, ao se aproximar do pensamento
diaspórico de Fanon, e procurando abranger conceitos de reprodutibilidade técnica, ao
defender a pluralidade da imagem como criadora de novas relações com tempo presente.
Serve de roteiro para esta série de palestras a obra dos artistas: Ana Adamovic, Jota
Mombaça, Nina Beier e Vincent Meessen.

MINICURSO #4: ECO MUNDOS - ENTRE IMAGENS, SONS E LETRAS

O último minicurso relaciona-se diretamente com a obra do artista e abolicionista Frederick


Douglass, o homem mais fotografado do mundo. Ao levantar questões sobre como é possível
confrontar um mundo que tenta a todo custo reduzir a diversidade, o minicurso lança mão das
obras de Bell Hooks e Glissant, ao tentar construir estratégias críticas para uma poética
visual, sonora e literária fora dos padrões. São utilizados neste módulo, além das fotografias
de Douglass, as obras de:Musa Michelle Mattiuzzi, Zózimo Bulbul e Alfredo Jaar

Objetivos

O objetivo desta ação educativa, além é claro de estabelecer uma comunicação com o publico
da bienal, é promover discussões em cima das obras expostas, e familiarizar as pessoas ao
complexo apanhado de ideias que cerca a curadoria da mostra.

Metodologia

Os minicursos aconteceram um após o outro, com 4 encontros semanais cada um, seguindo o
seguinte calendário:
Minicurso 1 - 29/10 - 19/11
Minicurso 2 - 01/12 - 10/12
Minicurso 3 - 04/03 - 25/03
Minicurso 4 - 18/05 - 27/05

As aulas foram ministradas pela plataforma Zoom, sempre das 19:30 as 21:30, sendo
necessário um cadastramento prévio no site da Bienal para receber o link de acesso. As
turmas contam com cerca de 80 estudantes, além de 3 mediadores e os artistas autores dos
trabalhos, que poderiam escolher participar ao vivo da reunião, ou enviar vídeos com falas
sobre seu trabalho.

Há ainda um material de apoio que é encaminhado por email, contendo os principais autores
e textos trabalhados em cada encontro, porém apesar das aulas serem gravadas, estas não
ficam disponibilizadas para os participantes dos encontros.

Público Alvo

Não há restrição com relação a idade do participante que se inscreve, entretanto o teor das
discussões e a metodologia do minicurso pode ser compreendida melhor pelo público adulto,
preferencialmente universitário ou com um grau avançado de escolaridade e raciocinio
critico, visto que o material de apoio é bem denso.

Divulgação

As chamadas para as inscrições do minicurso acontecem no instagram da Bienal, entretanto


tambem é possível adicioná-los no whatsapp através de seu número da conta comercial, para
receber notícias sobre os minicursos, as palestras com os artistas e o módulo chamado "ateliê
aberto”, onde os artistas são convidados a gravarem um pequeno video para o youtube
mostrando as minúcias de seu espaço de trabalho

Resultados

Como comentado em uma das aulas do minicurso, as mesmas são gravadas como uma forma
dos mediadores poderem assistir novamente e refletir sobre a sua propria mediação
posteriormente. Há também um questionário repassado aos participantes dos minicursos por
email, com perguntas sobre o formato das aulas, o conteúdo ministrado e a clareza das
informações

Referências

34ª BIENAL - FAZ ESCURO MAS EU CANTO.Bienal.org. São Paulo. Disponível em:
http://www.bienal.org.br/. Acessado em: 5 de Dezembro de 2021

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