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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

ESCOLA DE MINAS
DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA

RELATÓRIO DE CAMPO
VISITA TÉCNICA EM BRUMADINHO – ESTUDO DAS ÁREAS
ATINGIDAS PELO ROMPIMENTO DA BARRAGEM CÓRREGO DO
FEIJÃO

Ariela Mazoz

Matheus Batista

Matheus Cagni

Natália Leal

Ouro Preto, 05 de Julho de 2019


INTRODUÇÃO
O Sistema Córrego do Feijão faz parte do Complexo Minerador Paraopebas, de
propriedade da Vale, sendo constituído pelas Barragens I e VI, que têm como finalidade conter os
rejeitos finos provenientes do tratamento do minério e reservar água para reaproveitamento no
processo industrial, respectivamente. A barragem de rejeitos, classificada como de baixo risco e
alto potencial de danos, estava localizada no ribeirão Ferro-Carvão, no município brasileiro
de Brumadinho, a 65 km de Belo Horizonte, em Minas Gerais.
No dia 25 de janeiro de 2019, a Barragem 1 da Mina Córrego do Feijão, rompeu-se,
desencadeando uma avalanche de lama, a qual destruiu a comunidade próxima e construções da
própria Vale. A lama não causou apenas prejuízos financeiros, mas responsável também pela
morte de dezenas de pessoas.
Este relatório tem por finalidade mostrar uma síntese do que foi analisado na atividade de
campo realizada no dia 08 de junho nas proximidades de Brumadinho.

A BARRAGEM
A barragem que se rompeu em Brumadinho tinha como finalidade, de acordo com a Vale,
a deposição de rejeitos. Ainda de acordo com a mineradora, a barragem, que foi construída em
1976, estava inativada e, no momento, não havia nenhuma atividade operacional em andamento.
As causas do rompimento da barragem ainda são desconhecidas. De acordo com a Vale, a
barragem possuía segurança física e hidráulica. A Polícia Federal e a Polícia Civil de Minas
Gerais investigam o caso para averiguar se houve alguma irregularidade na elaboração dos
documentos técnicos.
Na região da barragem, o maciço rochoso é representado por gnaisses bandados, sendo a
área do barramento capeada por horizonte de material terroso, constituído de saprolitos residuais
coluvionares. Esses solos apresentam boa capacidade de suporte e permeabilidade baixa.

HISTÓRICO DO ACIDENTE E IMPACTOS AMBIENTAIS


Segundo a Vale, em Brumadinho, rompeu-se apenas uma barragem, a qual apresentava
um volume de 11,7 milhões de metros cúbicos de rejeitos. A mineradora afirma ainda que a lama
que foi liberada não é tóxica. Entretanto, apesar de não ser assim considerada, ela pode
desencadear outros problemas ambientais. Ate o momento, este é considerado o maior desastre
ambiental da história da mineração no Brasil.
Em virtude da grande quantidade de rejeitos e da velocidade em que foram liberados, a
lama destruiu grande parte da vegetação local e causou a morte de diversas espécies de animais.
Além disso, a região abrigava uma grande área remanescente da Mata Atlântica, um bioma com
grande biodiversidade.
Os rejeitos da mineração atingiram ainda o rio Paraopeba, que é um dos afluentes do rio
São Francisco. A grande quantidade de lama torna a água imprópria para o consumo, além de
reduzir a quantidade de oxigênio disponível, o que desencadeia grande mortandade de animais e
plantas aquáticas.
Em razão da grande quantidade de lama que foi depositada na região, o solo terá sua
composição alterada, o que pode prejudicar o desenvolvimento de algumas espécies vegetais.
Além dessa alteração, quando a lama seca, forma uma camada dura e compacta, que também
afeta a fertilidade do solo.
DESCRIÇÃO DOS PONTOS
Ponto 1
Coordenadas: 588128 E, 777040 N, 664m
Este ponto foi realizado sobre a ponte onde passava o rio Paraopeba, localizado a montante do
Ribeirão Ferro Carvão. Nesta região está sendo tratado o Rio Paraopeba por meio de obras
realizadas pela Vale, principalmente no local onde o rejeito elevou o nível do rio e deixou um
grande acúmulo na região.

Figura 1: Montante do ribeirão Ferro Carvão, atingido pela lama. Fonte: Autor

Ponto 2
Coordenadas: 0587853 E, 7771257 N, 662m
Este ponto foi realizado no local do Ribeirão Ferro Carvão, em que a mina está logo acima do
Vale. Nessa região, a lama passou em cima da ponte, vindo da direção leste. A região observada
com a lama líquida está passando por um processo decantação e a parte que se encontra sólida
está sendo retirada. Para se realizar este processo, um muro de pedra (gabião) está sendo
construído para conter a água a ser tratada.

Figura 2: Muro de gabião para contenção da água. Fonte: Autor


Ponto 3
Coordenadas: 589317 E, 7771955 N, 709m
Área com elevado grau de destruição causada pela corrida da lama. Foram observadas ruínas das
casas, com móveis e outros bens materiais destruídos. Neste local, foram coletadas as amostras
de cada grupo para fazer um estudo da composição da lama do rejeito da barragem. Seguem as
coordenadas do local onde foi coletada a amostra:
-589355 E, 7771951 N, 753m
Descrição da amostra: o volume analisado do rejeito é de 5x4x3 cm, composto por pequenas
partículas de ferro de tamanho silte e partículas de argila, com um pouco de raiz de plantas.

Figura 3: Área atingida pela lama. Fonte: Autor

Ponto 4
Coordenadas: 583530 E, 7772755, 733m
Neste ponto observamos o rio Paraopeba, sujo de rejeito com um tom mais acastanhado
avermelhado. No outro lado da ponte, foi possível observar barras ferruginosas, em que são
provenientes do rejeito possivelmente. Não é possível afirmar com certeza, pois não foi feito um
estudo antes do rompimento pra ver a existência ou não das barras. Entretanto, foi possível
observar uma maior turbidez no rio, que comprometeu a vida fótica, além de um assoreamento
mais evidente.

Figura 4: Rio Paraopeba. Fonte: Autor


Ponto 5
Coordenadas: 583290 E, 7772775 N
Neste último ponto, foram coletadas amostras de sedimentos do rio para serem analisados os
multiparâmetros. Os dados coletados a partir da água do rio foram:
-Cond.: 98,94 microsiemens
-pH: 6,3
-Eh: 229 mV
-Temperatura: 20,6 ºC
-TDS (sólidos em suspensão): 63,57 ppm

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